2. ANTROPOLOGIA:
a ciência da alteridade.
A Antropologia é o estudo do homem
como ser biológico, social e cultural.
Sendo cada uma destas dimensões por si
só muito ampla, o conhecimento
antropológico geralmente é organizado
em áreas que indicam uma escolha
prévia de certos aspectos a serem
privilegiados como a “Antropologia Física
ou Biológica” (aspectos genéticos e
biológicos do homem), “Antropologia
Social” (organização social e política,
parentesco, instituições sociais),
“Antropologia Cultural” (sistemas
simbólicos, religião, comportamento) e
“Arqueologia” (condições de existência
dos grupos humanos desaparecidos).
Além disso podemos utilizar termos
como Antropologia, Etnologia e
Etnografia para distinguir diferentes
níveis de análise ou tradições
acadêmicas.
Qualquer que seja a definição
adotada é possível entender a
antropologia como uma forma de
conhecimento sobre a diversidade
cultural, isto é, a busca de
respostas para entendermos o
que somos a partir do espelho
fornecido pelo “Outro”; uma
maneira de se situar na fronteira
de vários mundos sociais e
culturais, abrindo janelas entre
eles, através das quais podemos
alargar nossas possibilidades de
sentir, agir e refletir sobre o que,
afinal de contas, nos torna seres
singulares, humanos.
3. Cultura
Antropologia é portanto a área da sociologia
responsável por estudar as diferentes culturas
do mundo. Mas o que é cultura?
Assim sendo, podemos dizer que, a cultura
corresponde ao conjunto de crenças,
visões de mundo, modos de fazer e bens
materiais de um povo durante um
determinado período histórico.
Exemplos:
O conceito de cultura que conhecemos hoje, foi
elaborado pelo antropólogo inglês Edward
Burnett Tylor (1832 – 1917) juntando dois
conceitos diferentes: KULTUR e CIVILIZATION;
Kultur, palavra de origem alemã que
designa os aspectos espirituais de uma
comunidade.
Civilization, palavra de origem francesa
que designa os feitos materiais
(tecnologia) de um povo.
4.
5. Cultura Valor: Corresponde a ideia
de que um indivíduo possa ter mais
cultura do que outro. Exemplo:
Cultura Alma-coletiva: Corresponde
a ideia de grupo, de pertencer a
algo “maior” que a soma dos
indivíduos, indica a existência de
uma identidade coletiva. Exemplo:
Cultura Mercadoria: Corresponde ao ato
de transformar a alma de um povo em
Félix Guattari, antropólogo Francês um objeto de consumo. Exemplo:
que divide a cultura de três formas
distintas.
6.
7. Pero Vaz de Caminha
Antropologia desenvolve-se por
volta dos séculos XVI-XIX , através
da analise de cartas e
questionários respondidos os
viajantes e analisadas por
especialistas europeus.
Nesse sentido destaca-se a carta
escrita por Pero Vaz de Caminha
sobre a descoberta do Brasil;
8. Trecho da Carta
"Ali veríeis galantes, pintados de preto e vermelho, e quartejados, assim pelos corpos como
pelas pernas, que, certo, assim pareciam bem. Também andavam entre eles quatro ou cinco
mulheres, novas, que assim nuas, não pareciam mal. Entre elas andava uma, com uma coxa, do
joelho até o quadril e a nádega, toda tingida daquela tintura preta; e todo o resto da sua cor
natural. Outra trazia ambos os joelhos com as curvas assim tintas, e também os colos dos pés; e
suas vergonhas tão nuas, e com tanta inocência assim descobertas, que não havia nisso
desvergonha nenhuma. Todos andam rapados até por cima das orelhas; assim mesmo de
sobrancelhas e pestanas. Trazem todos as testas, de fonte a fonte, tintas de tintura preta, que
parece uma fita preta da largura de dois dedos. Mostraram-lhes um papagaio pardo que o
Capitão traz consigo; tomaram-no logo na mão e acenaram para a terra, como se os houvesse
ali. Mostraram-lhes um carneiro; não fizeram caso dele. Mostraram-lhes uma galinha; quase
tiveram medo dela, e não lhe queriam pôr a mão. Depois lhe pegaram, mas como espantados.
Deram-lhes ali de comer: pão e peixe cozido, confeitos, fartéis, mel, figos passados. Não
quiseram comer daquilo quase nada; e se provavam alguma coisa, logo a lançavam fora.
Trouxeram-lhes vinho em uma taça; mal lhe puseram a boca; não gostaram dele nada, nem
quiseram mais. Trouxeram-lhes água em uma albarrada, provaram cada um o seu bochecho,
mas não beberam; apenas lavaram as bocas e lançaram-na fora. Viu um deles umas contas de
rosário, brancas; fez sinal que lhas dessem, e folgou muito com elas, e lançou-as ao pescoço; e
depois tirou-as e meteu-as em volta do braço, e acenava para a terra e novamente para as
contas e para 1ª Descriçãoo cdoal aCrudltouCraa p“iBtãroa,sicloemirao”.se dariam ouro por aquilo."
9.
10. Questão Importante: Podemos escolher a cultura a qual vamos pertencer?
Atualmente, sabe-se que a
incorporação de uma
cultura se faz por meio da
convivência com outros
membros de uma
comunidade, do
aprendizado de sua língua,
da participação em seus
ritos, suas festas etc...
NINGUÉM NASCE
SABENDO.
As pessoas fazem parte
desta ou daquela cultura
graças ao processo de
aprendizado. É o que
chamamos de
socialização. Não há
programação genética
nem capacidades
biológicas geneticamente
estabelecidas.
EX: UM CHINÊS DE OLHOS
AZUIS.
11. Um Chinês de olhos azuis
A que conclusão se pode chegar sobre os padrões
culturais demonstrados pelo jovem americano?
Há alguns anos, conheci em Nova York um jovem que não falava uma
palavra em inglês e estava evidentemente perplexo com os costumes
americanos. Pelo “sangue”, era tão americano como qualquer outro,
pois seus pais haviam nascido em Indiana e tinham ido para a China
como missionários.
Órfão desde a infância, o rapaz fora criado por uma família chinesa,
numa aldeia distante. Todos os que o conheceram o acharam mais
chinês do que americano. O fato de ter olhos azuis e cabelos claros
impressionava menos que o andar, os movimentos dos braços e das
mãos, a expressão facial e os modos de pensar que caracterizavam os
chineses.
A herança biológica era americana, mas a formação cultural fora
chinesa. Ele voltou para a China.
KLUCKHOHN, Clyde. Antropologia: um espelho para o homem. Belo
Horizonte: Itatiaia, 1963.p. 30.
12. Socio-biologia.
Vamos pensar:
“O que determina o comportamento de uma pessoa”?
“De onde vem as mais diferentes personalidades”?
“O que justifica a existência de tantos gostos diferentes”?
“As pessoas nascem com talento pra determinadas atividades,
ou aprendem isso”?
“ Por que algumas pessoas são carinhosas e atenciosas enquanto
outros explodem em violência por qualquer coisa”?
“A sexualidade de um individuo, é questão de escolha ou é
natural”? Muitas pessoas acreditam em equívocos
velhos e persistentes a respeito das origens
do comportamento humano:
13. Determinismos
Determinismo Geográfico:
A diversidade cultura é resultado das
variações do meio ambiente, do
clima, da vegetação (...)
Os diversos tipos de determinismos foram combatidos por inúmeros
antropólogos ao longo da história, em especial destacamos o trabalho de Franz
Boas (1858 – 1942) e Margareth Mead (1901 – 1978).
Boas demonstrou por meio de diversas pesquisas de campo, que existe uma
grande diversidade cultural em ambientes semelhantes.
Os povos latinos são mais sensuais
que os outros porque vivem nos
trópicos;
Povos de regiões frias são mais
trabalhadores;
Os nordestinos são preguiçosos
devido ao calor;
Determinismo Biológico:
A diversidade cultural é resultado da
biológica, está no DNA é inato aos
seres humanos (...)
Todos os índios não gostam de
trabalhar, são nômades e polígamos
por natureza;
As mulheres são dóceis e delicadas
por natureza enquanto os homens
são fortes e agressivos;
14. Sexo e temperamento
Entre os Arapesh não existe
diferença entre homens e
mulheres, ambos são
E na nossa sociedade, branca,
capitalista, cristã e monogâmica
Mead investigou o modo como os indivíduos
recebiam os elementos de sua cultura e a
maneira como isso formulava sua
personalidade. Sua pesquisa tinha como
objetivo as condições de socialização da
personalidade feminina e masculina. Ao analisar
os Arapesh, os Mundugomor e os Chambuli, três
povos da Nova Guiné, na Oceania, Mead
percebeu diferenças significativas:
educados para serem dóceis
e sensíveis, servir uns aos
outros.
Entre os Mundugumor
não existe diferença,
homens e mulheres são
educados para a
agressividade e para
homens e mulheres são
educados rivalidade.
da mesma forma, ou
de maneira diferente?
Entre os Chambuli, finalmente
encontrei diferença. As mulheres
são educadas para serem
extrovertidas, empreendedoras,
dinâmicas, enquanto os homens
são sensíveis, preocupados com a
aparência e muitas vezes
invejosos.
15.
16. Atividades
• Ler os textos “Compreensão sociológica” das
páginas 7 e 8 e responder as atividades.
17. Cultura Vs Natureza
Pensem comigo:
Qual a origem da cultura?
A teoria mais aceita até pouco tempo atrás dizia
que, ao longo da evolução da espécie, de um
momento para o outro, o ser humano desenvolveu
a capacidade biológica de desenvolver cultura.
Recentemente, a antropologia
tem mudado de ideia. Hoje
acreditasse que o processo de
formação da cultura acontece
O cérebro precisou evoluir, para simultaneamente produzirmos ao
e
utilizarmos a cultura.
desenvolvimento orgânico do
cérebro humano.
18. Etnocentrismo Vs Relativismo Cultural
O que é etnocentrismo?
Existe em nós seres humanos uma
tendência (natural ou cultural) de
avaliar nossas características
pessoais (coisas) como sendo melhor
do que a dos outros.
Quando o assunto é cultura, essa
tendência é ainda maior.
Colocamos a nossa cultura como
sendo superior a outras culturas,.
Exemplos: Religião, Moda, Política.
O que é relativismo cultural?
Etnocentrismo é uma forma de
preconceito cultural. Quando
julgamos uma cultura diferente da
nossa de acordo com nossos padrões
estamos sendo etnocêntricos.
O relativismo consiste em analisar
uma cultura de acordo com os
padrões da própria cultura, ou seja,
evitando comparações.
Relativizar é, compreender uma
cultura diferente de acordo com a
própria cultura.
19.
20.
21.
22. Cultura brasileira: diversidade e
conflitos.
A sociedade brasileira é considerada
simplex ou complexa?
Todas as sociedades possuem culturas, seja
sociedades consideradas simples ou as sociedades
consideradas complexas:
A produção cultural em uma sociedade
dividida em classes (complexa) é neutra ou
também é uma produção de classes?
Sociedade simples: Refere-se as sociedades onde
não existe divisão social do trabalho;
Para muitos antropólogos ( Marshall Sahlins) a produção
cultural e simbólica de uma sociedade capitalista está
relacionada as próprias relações capitalistas de produção.
Sociedades complexas: Refere-se as sociedades
onde existe uma forte divisão social do trabalaho.
Essa divisão gera consequentemente uma divisão
de classes;
23. A sociedade brasileira é multifacetada, ou seja,
composta por diferentes classes sociais, habito mais
urbanos ou mais rurais, diferenças culturais
regionais, diversas religiões, crenças, etnias.
Ou seja, a cultura é contraditória como a
sociedade é exemplo:
Candomblé e Umbanda, qual é a diferença?
Seria então, possível dizer que existe uma cultura
DOMINANTE no Brasil?
Da mesma forma que nossa sociedade é dividida em
classes e relativamente racista essas contradições
aparecem na religião:
Eduardo Viveiro de Castro e Gilberto velho afirmam
que a cultura é a produção simbólica de uma
sociedade e traz em sí todas as suas contradições.
Candomblé é um religião negra e pobre, enquanto a
Umbanda é uma religião branca e rica.
24. Vamos fazer?
1 – O que significa dizer que a cultura é uma
produção simbólica que traz em si todas as
contradições da sociedade?
2 - Segundo os antropólogos Gilberto Velho e Eduardo Viveiro
de Castro, podemos afirmar que existe uma cultura nacional
ou cultura brasileira?
3 – O que foi o processo de branqueamento? Qual era seu
objetivo e o contexto social em que esse projeto foi pensado?
4 – Quem foram os principais imigrantes a virem para o Brasil? Por
que vieram?
5 – Descreva as característica do projeto nacionalista de Getúlio
Vargas?
25. Diversidade e questão afro-brasileira
Quebrando o tabu:
Enquanto países como a África do Sul, e mesmo
regiões dos Estados Unidos apresentavam uma
política Vivemos de mesmo segregação uma democracia racial explicita, racial?
no Brasil
isso nunca Existe ocorreu racismo (no exceto Brasil?
escravidão). Mesmo
assim, o racismo Os brasileiros sempre são esteve racistas?
presente em
nossa história de maneira enrustida, disfarçada.
Existe um racismo à brasileira?
26. Racismo a Brasileira
Ler o texto página 19.
Ver os vídeos:
O que podemos concluir com a leitura do texto?
Onde se manifesta nossa racismo?
Que fatores sociais justificam nosso racismo?
27. Essas ideias estão justificando a violência
e a exploração dos europeus em suas
colônias, a confinação dos índios em
reservas, as leis da segregação racial na
África e nos EUA, o Nazismo na
Alemanha, e mais recente o genocídio
em Ruanda.
O Racismo na História
Só depois da 2º guerra mundial é que as
nações do mundo ocidental se
“O racismo é tão antigo quanto a própria humanidade”;
manifestaram de forma “direta” contra o
racismo quando a UNESCO – órgão ligado à
Não existe sociedade ou agrupamento humano que não reflita ou
emita juízos de valor sobre as diferenças humanas;
ONU redigiu o documento chamado:
Declaração das raças da UNESCO (1955).
No século XIX nasce a ideia de raças, e, a crença de que um é superior
a outra;
Nesse documento cientistas argumentavam
Essa crença (infundada) justificou, durante muito tempo, a escravidão,
o domínio de determinados povos sobre outros, todo tipo de
preconceito e genocídios;
que, não existia dados concretos que
comprovassem a superioridade da raça
Branca sobre as demais.
Essas ideias eram elaboradas por intelectuais e cientistas do século XIX
como o Conde de Gobineau (1816-1882) na obra, Ensaio sobre a
desigualdade das raças humanas, de 1855.
Atividade: ler o texto Raça e a Declaração das raças da UNESCO página 20
28. Enquanto isso no Brasil...
Conde Arthur de Gobineau
esteve no Brasil em 1869
analisando a questão das
raças e concluiu que a única
solução para o país era
incorporar pessoas de raça
superior (Brancos
europeus) como forma de
evitar os prejuízos
provocados pela mistura
das raças. (o que ele
chamou de degeneração).
O racismo adota roupagens diferentes, muda ao longo da
história e, muda de acordo com os lugares. Por isso o
racismo no Brasil sempre foi dissimulado, nunca oficial.
A solução
proposta por
Gobineau, de
certa forma foi
No século XIX, o brasil era descrito como um país Política mestiço
de
por viajantes, onde as raças se misturavam Branqueamento
de forma
perigosa;
aceita:
Dessa forma, o projeto de construção de uma nação
brasileira estaria fadado ao fracasso, ou seja, o país não
teria futuro.
29. Culturalismo brasileiro:
A partir da década de 30
do século passado, a
mistura de raças passou a
ser visto como algo
positivo, influenciando
uma rica produção
cultural em diversas áreas
como a música e a
literatura.
• Complete a coluna
apontando as principais
produções culturais
baseadas na temática
da miscigenação de
raças: