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As potências envolvidas nos primeiros momentos da guerra
As rivalidades econômicas e nacionalistas
A corrida imperialista gerava rivalidades, que falsamente teriam sido resolvidas na Conferência de
Berlim (1885), quando houve a partilha da África. Mas cada vez mais havia a disputa por territórios menores e
estratégicos, o que acirrava o ânimo entre países. Vejamos algumas das principais disputas.
Inglaterra versus Alemanha – A Alemanha é, juntamente com a Itália, um dos “países de unificação
tardia”, se unificando apenas na Guerra Franco Prussiana (1871). A partir disso, teve um crescimento industrial
e naval muito grande, começando a rivalizar com a Inglaterra, até então a senhora de Europa e grande potência
mundial, que vivia a Pax Brittanica.
Paneslavismo Russo – os russos tinham pretensões sobre os estreitos de Bósforo e Dardanelos (ligação
entre a Europa e a Ásia na região balcânica), para poderem ter saída para o Mediterrâneo. Assim, a Rússia tinha
interesses na região balcânica, que havia se emancipado do decadente Império turco otomano. Os russos (que
são de origem eslava) apoiavam a Sérvia (também de origem eslava), que tinha pretensões de construir a
“Grande Sérvia” na região. Com o surgimento da “Grande Sérvia”, os russos pretendiam conquistar os estreitos.
Pangermanismo – A Alemanha, recém unificada, desejava construir a ferrovia Berlim-Bagdá, ligando a
capital alemã à capital do Império turco, seu parceiro comercial (que forneceria petróleo aos alemães). Para isso
precisaria conquistar os Bálcãs. A Alemanha então incentivava as pretensões do Império Austro-Húngaro sobre
a península balcânica. No início do século XX o Império Austro-Húngaro anexou a Bósnia Herzegovina, o que
gerou insatisfações por parte da Sérvia.
Revanchismo Francês – A França tinha sido prejudicada pela formação da Alemanha. Seu imperador
até 1871, Napoleão III (sobrinho de Napoleão Bonaparte) tentou impedir a unificação da Alemanha sob
comando da poderosa Prússia. Além de não ter evitado, Napoleão III foi derrubado do trono e a Alsácia Lorena,
região fronteiriça com a Alemanha, foi anexada pelos alemães durante a Guerra Franco Prussiana de 1871. Os
franceses queriam vingança, nascendo assim um forte sentimento revanchista naquele país.
Julho de 1914, o mês em que a Grande Guerra começou
A cegueira e os erros das potências europeias após o assassinato do arquiduque Francisco Ferdinando,
no dia 28 de junho de 1914 em Sarajevo, desencadearam uma guerra que varreu a velha ordem mundial. Os
líderes europeus pensaram até o último minuto que poderiam evitar um conflito generalizado, como já haviam
feito nos Bálcãs ou no Marrocos.
No entanto, mais ou menos de forma consciente, no verão de 1914 cada país temia uma agressão e
desconfiava mais do que nunca dos demais. A existência de um rígido sistema de alianças de blocos também
não ajudou.
Faltava apenas uma faísca para provocar o grande incêndio. Essa faísca aconteceu no dia 28 de junho
com o estudante nacionalista servo-bósnio Gavrilo Princip, autor dos disparos que acabaram com a vida do
herdeiro do Império Austro-Húngaro. A imprensa europeia divulgou amplamente o atentado, mas este novo
sobressalto balcânico não preocupou muito a opinião pública, sobretudo se for levado em conta que a primeira
reação de Viena (capital do Império Austro-Húngaro) parecia moderada.
Depois de vários dias de reflexão, a Áustria-Hungria, que acusava há tempos a Sérvia de apoiar os
nacionalistas eslavos do império, decidiu aproveitar o incidente para restabelecer sua autoridade na região e dar
uma lição no seu indisciplinado vizinho.
No dia 5 de julho, quando os aliados russo e francês da Sérvia, conscientes de uma possível escalada,
pediam prudência à Sérvia, a Alemanha deu em segredo seu apoio incondicional a um memorando que havia
sido apresentado por seu aliado austro-húngaro sobre a necessidade de eliminar o poderio sérvio nos Bálcãs.
Esse cheque em branco da Alemanha convenceu a Áustria-Hungria de que o melhor era a via militar
contra a Sérvia, apesar do risco de que a Rússia saísse em defesa de seu protegido eslavo. É "um salto no
desconhecido", declarou na época o chanceler alemão Bethmann-Hollweg a pessoas próximas.
Em uma tentativa de conter o conflito, a Alemanha convocou seu aliado austro-húngaro a agir
rapidamente, aproveitando-se da onda de críticas procedente de todas as capitais após o atentado.
Mas a Áustria-Hungria levaria dez dias para inventar uma estratégia, e depois ainda esperaria a
conclusão da visita do presidente francês, Raymond Poincaré, à Rússia, nos dias 21 e 22 de julho, com a ideia de
complicar um eventual acordo franco-russo antes de dar o passo seguinte.
Por isso, foi preciso esperar o dia 23 de junho, quase um mês após o atentado, para que a
Áustria-Hungria desse à Sérvia um ultimato. "Embora não tivessem esquecido o atentado de Sarajevo, muitos o
haviam arquivado", declarou o historiador Jean-Jacques Becker.
A Áustria-Hungria deu um ultimato difícil de aceitar, com o objetivo de ter um pretexto para uma ação
militar contra a Sérvia. Consciente do que estava em jogo e impelida à moderação pela França e pela Rússia, a
Sérvia aceitaria nove dos dez pontos no dia 25 de julho.
O próprio Guilherme II - imperador da Alemanha -, que defendia uma lição nos sérvios, considerou que
o Império Austro-Húngaro havia conseguido o que queria e que já não existiam razões para a guerra.
No entanto, por razões pouco claras, a opinião do imperador chegaria tarde à Áustria-Hungria e,
enquanto isso, o chefe do Estado-Maior alemão, Helmuth von Moltke, encorajou seu colega austríaco Franz
Conrad von Hötzendorf a agir, reiterando o apoio da Alemanha.
Muitos historiadores consideram crucial o papel de Moltke, partidário declarado de uma guerra
preventiva contra França e Rússia.
Os países europeus despertaram: a Inglaterra propôs no dia 26 de julho uma conferência internacional
com França, Itália e Alemanha. No mesmo dia, a Alemanha pediu à França - que mostrou uma passividade
surpreendente durante toda a crise de julho - que pressionasse a Rússia para que não interviesse. A França
aceitou desde que a Alemanha fizesse o mesmo com a Áustria, algo que a Alemanha rejeitou.
Uma fatalidade paira sobre a Europa
O chanceler Bethmann-Hollweg parecia resignado a uma guerra total: "Uma fatalidade mais forte que o
poder do homem paira sobre a Europa e sobre o povo alemão", escreveu no dia 27 de julho.
No dia 28, a Áustria declarou guerra à Sérvia e bombardeou Belgrado. Tudo se acelerou. No dia
seguinte, Guilherme II iniciou um diálogo direto com Nicolau II (imperador da Rússia). Ambos tentavam
convencer um ao outro de que desistissem de mobilizar suas forças para conter a escalada. Mas sua troca de
mensagens, às vezes fora da realidade, não deu resultado algum.
No dia 30, apesar da advertência dos alemães, a Rússia, que queria dissuadir a Áustria-Hungria de
prosseguir com seu ataque contra a Sérvia, decretou a mobilização geral sem se preocupar em consultar a
França, sua aliada militar.
Já a França, em um gesto destinado a tranquilizar a Alemanha, fez suas tropas retrocederem dez
quilômetros das fronteiras. Mas no dia seguinte, a Áustria-Hungria respondeu à mobilização geral russa com
uma ação similar. A Alemanha fez o mesmo no dia 1º de agosto e foi seguida pela França.
Poincaré, primeiro ministro francês, proclamou na época: a "mobilização não é a guerra". Mas a
Alemanha, obcecada pelo risco de que a aliança franco-russa a cercasse, e que havia considerado a mobilização
russa um motivo de guerra, decidiu provocar um conflito geral, seguindo um velho plano: lançar de início todas
as forças alemãs contra a França para esmagá-la em algumas semanas, antes de voltá-las para a Rússia.
Às 19h00 de 1º de agosto, a Alemanha declarou guerra à Rússia. No dia 3, entrou em guerra contra a
França, com as tropas alemãs invadindo a Bélgica. No dia seguinte, a Grã-Bretanha declarou guerra à Alemanha
por violação da neutralidade belga.
Havia começado a Primeira Guerra Mundial. Em quatro anos, deixaria dez milhões de mortos e 20
milhões de combatentes feridos, assim como dezenas de milhares de vítimas civis mortos, feridos ou deslocados
.
Texto adaptado a partir de:
MUNDO HISTÓRIA. ​Primeira Guerra Mundial​. Disponível em: <https://mundoedu.com.br/uploads/
pdf/5372ba4a7e68c.pdf>. Acesso em: 24 de abril de 2018.
ESTADO DE MINAS. ​Julho de 1914, o mês em que a Grande Guerra começou​. Disponível em:
<https://www.em.com.br/app/noticia/internacional/2014/06/28/interna_internacional,542146/julho-de-1914-o-m
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WW1 - Potências envolvidas (Texto 1)

  • 1. As potências envolvidas nos primeiros momentos da guerra As rivalidades econômicas e nacionalistas A corrida imperialista gerava rivalidades, que falsamente teriam sido resolvidas na Conferência de Berlim (1885), quando houve a partilha da África. Mas cada vez mais havia a disputa por territórios menores e estratégicos, o que acirrava o ânimo entre países. Vejamos algumas das principais disputas. Inglaterra versus Alemanha – A Alemanha é, juntamente com a Itália, um dos “países de unificação tardia”, se unificando apenas na Guerra Franco Prussiana (1871). A partir disso, teve um crescimento industrial e naval muito grande, começando a rivalizar com a Inglaterra, até então a senhora de Europa e grande potência mundial, que vivia a Pax Brittanica. Paneslavismo Russo – os russos tinham pretensões sobre os estreitos de Bósforo e Dardanelos (ligação entre a Europa e a Ásia na região balcânica), para poderem ter saída para o Mediterrâneo. Assim, a Rússia tinha interesses na região balcânica, que havia se emancipado do decadente Império turco otomano. Os russos (que são de origem eslava) apoiavam a Sérvia (também de origem eslava), que tinha pretensões de construir a “Grande Sérvia” na região. Com o surgimento da “Grande Sérvia”, os russos pretendiam conquistar os estreitos. Pangermanismo – A Alemanha, recém unificada, desejava construir a ferrovia Berlim-Bagdá, ligando a capital alemã à capital do Império turco, seu parceiro comercial (que forneceria petróleo aos alemães). Para isso precisaria conquistar os Bálcãs. A Alemanha então incentivava as pretensões do Império Austro-Húngaro sobre a península balcânica. No início do século XX o Império Austro-Húngaro anexou a Bósnia Herzegovina, o que gerou insatisfações por parte da Sérvia. Revanchismo Francês – A França tinha sido prejudicada pela formação da Alemanha. Seu imperador até 1871, Napoleão III (sobrinho de Napoleão Bonaparte) tentou impedir a unificação da Alemanha sob comando da poderosa Prússia. Além de não ter evitado, Napoleão III foi derrubado do trono e a Alsácia Lorena, região fronteiriça com a Alemanha, foi anexada pelos alemães durante a Guerra Franco Prussiana de 1871. Os franceses queriam vingança, nascendo assim um forte sentimento revanchista naquele país. Julho de 1914, o mês em que a Grande Guerra começou A cegueira e os erros das potências europeias após o assassinato do arquiduque Francisco Ferdinando, no dia 28 de junho de 1914 em Sarajevo, desencadearam uma guerra que varreu a velha ordem mundial. Os líderes europeus pensaram até o último minuto que poderiam evitar um conflito generalizado, como já haviam feito nos Bálcãs ou no Marrocos. No entanto, mais ou menos de forma consciente, no verão de 1914 cada país temia uma agressão e desconfiava mais do que nunca dos demais. A existência de um rígido sistema de alianças de blocos também não ajudou. Faltava apenas uma faísca para provocar o grande incêndio. Essa faísca aconteceu no dia 28 de junho com o estudante nacionalista servo-bósnio Gavrilo Princip, autor dos disparos que acabaram com a vida do herdeiro do Império Austro-Húngaro. A imprensa europeia divulgou amplamente o atentado, mas este novo sobressalto balcânico não preocupou muito a opinião pública, sobretudo se for levado em conta que a primeira reação de Viena (capital do Império Austro-Húngaro) parecia moderada. Depois de vários dias de reflexão, a Áustria-Hungria, que acusava há tempos a Sérvia de apoiar os nacionalistas eslavos do império, decidiu aproveitar o incidente para restabelecer sua autoridade na região e dar uma lição no seu indisciplinado vizinho. No dia 5 de julho, quando os aliados russo e francês da Sérvia, conscientes de uma possível escalada, pediam prudência à Sérvia, a Alemanha deu em segredo seu apoio incondicional a um memorando que havia sido apresentado por seu aliado austro-húngaro sobre a necessidade de eliminar o poderio sérvio nos Bálcãs. Esse cheque em branco da Alemanha convenceu a Áustria-Hungria de que o melhor era a via militar contra a Sérvia, apesar do risco de que a Rússia saísse em defesa de seu protegido eslavo. É "um salto no desconhecido", declarou na época o chanceler alemão Bethmann-Hollweg a pessoas próximas. Em uma tentativa de conter o conflito, a Alemanha convocou seu aliado austro-húngaro a agir rapidamente, aproveitando-se da onda de críticas procedente de todas as capitais após o atentado.
  • 2. Mas a Áustria-Hungria levaria dez dias para inventar uma estratégia, e depois ainda esperaria a conclusão da visita do presidente francês, Raymond Poincaré, à Rússia, nos dias 21 e 22 de julho, com a ideia de complicar um eventual acordo franco-russo antes de dar o passo seguinte. Por isso, foi preciso esperar o dia 23 de junho, quase um mês após o atentado, para que a Áustria-Hungria desse à Sérvia um ultimato. "Embora não tivessem esquecido o atentado de Sarajevo, muitos o haviam arquivado", declarou o historiador Jean-Jacques Becker. A Áustria-Hungria deu um ultimato difícil de aceitar, com o objetivo de ter um pretexto para uma ação militar contra a Sérvia. Consciente do que estava em jogo e impelida à moderação pela França e pela Rússia, a Sérvia aceitaria nove dos dez pontos no dia 25 de julho. O próprio Guilherme II - imperador da Alemanha -, que defendia uma lição nos sérvios, considerou que o Império Austro-Húngaro havia conseguido o que queria e que já não existiam razões para a guerra. No entanto, por razões pouco claras, a opinião do imperador chegaria tarde à Áustria-Hungria e, enquanto isso, o chefe do Estado-Maior alemão, Helmuth von Moltke, encorajou seu colega austríaco Franz Conrad von Hötzendorf a agir, reiterando o apoio da Alemanha. Muitos historiadores consideram crucial o papel de Moltke, partidário declarado de uma guerra preventiva contra França e Rússia. Os países europeus despertaram: a Inglaterra propôs no dia 26 de julho uma conferência internacional com França, Itália e Alemanha. No mesmo dia, a Alemanha pediu à França - que mostrou uma passividade surpreendente durante toda a crise de julho - que pressionasse a Rússia para que não interviesse. A França aceitou desde que a Alemanha fizesse o mesmo com a Áustria, algo que a Alemanha rejeitou. Uma fatalidade paira sobre a Europa O chanceler Bethmann-Hollweg parecia resignado a uma guerra total: "Uma fatalidade mais forte que o poder do homem paira sobre a Europa e sobre o povo alemão", escreveu no dia 27 de julho. No dia 28, a Áustria declarou guerra à Sérvia e bombardeou Belgrado. Tudo se acelerou. No dia seguinte, Guilherme II iniciou um diálogo direto com Nicolau II (imperador da Rússia). Ambos tentavam convencer um ao outro de que desistissem de mobilizar suas forças para conter a escalada. Mas sua troca de mensagens, às vezes fora da realidade, não deu resultado algum. No dia 30, apesar da advertência dos alemães, a Rússia, que queria dissuadir a Áustria-Hungria de prosseguir com seu ataque contra a Sérvia, decretou a mobilização geral sem se preocupar em consultar a França, sua aliada militar. Já a França, em um gesto destinado a tranquilizar a Alemanha, fez suas tropas retrocederem dez quilômetros das fronteiras. Mas no dia seguinte, a Áustria-Hungria respondeu à mobilização geral russa com uma ação similar. A Alemanha fez o mesmo no dia 1º de agosto e foi seguida pela França. Poincaré, primeiro ministro francês, proclamou na época: a "mobilização não é a guerra". Mas a Alemanha, obcecada pelo risco de que a aliança franco-russa a cercasse, e que havia considerado a mobilização russa um motivo de guerra, decidiu provocar um conflito geral, seguindo um velho plano: lançar de início todas as forças alemãs contra a França para esmagá-la em algumas semanas, antes de voltá-las para a Rússia. Às 19h00 de 1º de agosto, a Alemanha declarou guerra à Rússia. No dia 3, entrou em guerra contra a França, com as tropas alemãs invadindo a Bélgica. No dia seguinte, a Grã-Bretanha declarou guerra à Alemanha por violação da neutralidade belga. Havia começado a Primeira Guerra Mundial. Em quatro anos, deixaria dez milhões de mortos e 20 milhões de combatentes feridos, assim como dezenas de milhares de vítimas civis mortos, feridos ou deslocados . Texto adaptado a partir de: MUNDO HISTÓRIA. ​Primeira Guerra Mundial​. Disponível em: <https://mundoedu.com.br/uploads/ pdf/5372ba4a7e68c.pdf>. Acesso em: 24 de abril de 2018. ESTADO DE MINAS. ​Julho de 1914, o mês em que a Grande Guerra começou​. Disponível em: <https://www.em.com.br/app/noticia/internacional/2014/06/28/interna_internacional,542146/julho-de-1914-o-m es-em-que-a-grande-guerra-comecou.shtml>. Acesso em: 24 de abril de 2018.