1. 100 ANOS DE LUIZ GONZAGA – O
REI DO BAIÃO
24062012
CRONOLOGIA DA VIDA DE LUIZ GONZAGA
1912
Dia 13 de dezembro, sexta-feira. Nasce LUIZ
GONZAGA DO NASCIMENTO, na Fazenda
Caiçara, em Exu, situada junto a Serra do
Araripe, Pernambuco. Segundo dos nove filhos
do casal Januário José dos Santos, o Mestre
Januário, sanfoneiro de 8 baixos afamado na
região, e Ana Batista de Jesus, conhecida por
Santana.
1920
O filho do Mestre Januário recebe seu primeiro
cachê ao tocar substituindo o sanfoneiro em
festa tradicional na fazenda: 20$000 (vinte mil
2. réis). Ainda adolescente, torna-se conhecido em
boa parte das regiões vizinhas.
1926
Aos treze anos, Luiz Gonzaga compra sua
primeira sanfona, na cidade de Ouricuri, graças
ao empréstimo concedido pelo coronel Manoel
Ayres de Alencar: um 8 Baixos, Koch, marca
veado, igual ao do Mestre Januário, ao preço de
120 mil réis. Quando saldou sua dívida,
anunciou ao coronel Ayres que não iria mais
trabalhar com ele, pois a partir de então, seria
sanfoneiro profissional.
1929
Participa de um grupo de escoteiros e conhece
Nazarena, por quem se apaixona e com quem
namora às escondidas. Rejeitado pelo pai da
moça, de família importante, aproveita o dia da
feira e vai tirar satisfações da desfeita armado
com uma faquinha, após uns goles de cana.
Leva uma surra de Santana e foge de casa para
o Crato, no Ceará, onde vende sua sanfoninha
de 8 baixos.
1930
Luiz Gonzaga aumenta sua idade para sentar
3. praça no Exército, na cidade de Fortaleza. Com
o advento da Revolução de 30 segue em missão
militar pelo Brasil como soldado Nascimento.
Mestre Januário consegue reaver a sanfona
vendida no Crato por 80 mil réis, através de um
amigo, o Sr. José Lindolfo.
1931
Após o término do tempo legal de serviço
militar, o soldado Nascimento escolhe continuar
servindo no Exército, instituição que
representou o papel de uma grande e
importante escola. Nas horas vagas
acompanhava, pelos programas de rádio, os
sucessos musicais da época.
1933
Por não conhecer a escala musical, é reprovado
num concurso para músico numa unidade do
exército, em Minas Gerais. Vira tambor-
corneteiro e ganha o apelido de “bico de aço”.
1936
Gonzaga aprende a tocar sanfona de 120 baixos
em Minas Gerais, com um soldado de polícia
chamado Domingos Ambrósio. Para treinar,
4. adquire uma sanfona de 48 baixos e aproveita
as folgas da caserna para tocar em festas.
1938
Gonzaga é ludibriado por um caixeiro-viajante,
a quem paga 500 mil réis em prestações
mensais para adquirir uma sanfona branca,
Honner, de 80 baixos. Foge do quartel, em Ouro
Fino (MG), para ir buscar a sanfona em São
Paulo. Lá chegando, descobre que não vendiam
sanfona no endereço que o caixeiro lhe dera. Ao
retornar ao hotel onde se hospedara, acaba
comprando uma sanfona igualzinha à que tinha
ido buscar, pelo valor das prestações que
faltavam pagar, 700 mil réis, e que ele havia
arrecadado com a venda da sanfona de 48
baixos.
1939
Luiz Gonzaga dá baixa das Forças Armadas,
impulsionado por um decreto que proibia para
os soldados um engajamento superior a dez
anos no Exército. Desembarca no Rio com
bilhetes comprados para Recife, de navio, e Exu,
de trem. Enquanto aguardava a chegada do
navio que o levaria ao Recife, resolve conhecer o
5. Mangue, o bairro boêmio vizinho. E lá, com sua
sanfona Honner branca, faz sucesso tocando
valsas, tangos, choros, foxtrotes e outros ritmos
da época. Através de um músico amigo, o
baiano Xavier Pinheiro, casado com uma
portuguesa, Gonzaga vai morar no morro de
São Carlos, à época tranqüilo reduto português
no Rio.
1940
Luiz Gonzaga modifica o seu repertório,
pressionado por estudantes cearenses, e
consegue tirar nota máxima no programa
Calouros em desfile, de Ary Barroso, na Rádio
Tupi, executando a música Vira e Mexe, um
“xamego” (chorinho) lá do seu pé-de-serra.
Pouco tempo depois vai trabalhar com Zé do
Norte no programa A hora sertaneja, na Rádio
Transmissora. Chega ao Rio seu irmão José
Januário Gonzaga, fugindo da seca devastadora
e trazendo um pedido de ajuda por parte de
Santana. Zé Gonzaga passa a morar com o
irmão.
1941
5 de março. Data da primeira participação de
6. Luiz Gonzaga numa gravação da Victor, atuando
como sanfoneiro da dupla Genésio Arruda e
Januário França, na “cena cômica” A viagem de
Genésio. Seu talento chama a atenção de
Ernesto Augusto Matos, chefe do setor de
vendas da Victor. E no dia 14 de março Luiz
Gonzaga grava, assinando pela primeira vez
como artista principal, e exclusivo da Victor,
quatro músicas que são lançadas em dois 78
rotações. É publicada a primeira reportagem
sobre Luiz Gonzaga na revista carioca Vitrine,
com o título Luiz Gonzaga, o virtuoso do
acordeom. Ainda em 41, Gonzaga grava mais
dois 78 rotações. O sucesso havia chegado, e
Gonzaga já era chamado como “o maior
sanfoneiro do nordeste, e até do Brasil”.
1944
O apelido “Lua”, invenção de Dino 7 Cordas pelo
rosto arredondado de Gonzaga, é divulgado
pelo radialista Paulo Gracindo na Rádio
Nacional.
1945
11 de abril. Luiz Gonzaga grava o 25º disco de
sua carreira como sanfoneiro, e o primeiro
7. como cantor, com as músicas Dança
Mariquinha, mazurca de sua autoria com letra
de Miguel Lima, e Impertinente, polca também
de sua autoria, instrumental. Mas a afirmação
como intérprete só chega com o 31º disco,
lançado em novembro, pelo sucesso estrondoso
da mazurca Cortando o pano, uma parceria com
Miguel Lima e Jeová Portella. Em 22 de
setembro nasce Luiz Gonzaga do Nascimento
Júnior, Gonzaguinha, fruto de um
relacionamento com a cantora Odaléia Guedes.
Desejoso de encontrar o parceiro certo para
expressar sua musicalidade sertaneja, Luiz
Gonzaga procura o cearense Lauro Maia. Este
apresenta-lhe o cunhado, também cearense,
advogado e poeta, Humberto Teixeira. Era o
mês de agosto. Esse primeiro encontro rendeu a
primeira parceria, No meu pé de serra, xote que
só seria gravado em novembro do ano seguinte.
1946
No mês de outubro o conjunto Quatro Ases e
um Coringa, da Odeon, acompanhado pela
sanfona de Luiz Gonzaga, grava a segunda
parceria de Gonzaga e Humberto Teixeira, a
8. música Baião, sucesso em todo país. Depois de
receber a visita de Santana, Gonzaga volta à sua
terra, Exu, após 16 anos ausente. No retorno
para o Rio, passa pela primeira vez no Recife,
participando de vários programas de rádio e
muitas festas. Nesse momento conhece Sivuca,
Nelson Ferreira, Capiba e Zédantas, estudante
de medicina, músico por vocação, apaixonado
pela cultura nordestina.
1947
Luiz Gonzaga grava em março o 78 rpm que se
tornaria um clássico da música brasileira: a
toada Asa Branca, sua terceira parceria com
Humberto Teixeira, inspirado no repertório de
tradição oral nordestino. A partir desse ano,
Luiz Gonzaga adota o chapéu de couro
semelhante ao usado por Lampião, a quem
tinha verdadeira admiração, à sua apresentação
artística, – embora a Rádio Nacional ainda não o
permitisse apresentar-se „como cangaceiro‟ nos
seus programas – assumindo, ao mesmo tempo
em que também plasmava, a identidade
nordestina no cenário nacional. Num domingo
de julho, Gonzaga conhece na Rádio Nacional, a
9. contadora Helena das Neves Cavalcanti, e a
contrata para ser sua secretária. Rapidamente o
namoro acontece, e Gonzaga pensa em casar.
1948
No dia 16 de junho Luiz Gonzaga e Helena
casam-se no Rio de Janeiro, e passam a morar,
juntamente com a mãe de Helena, dona Marieta,
no bairro de Cachambi.
1949
Aproveitando uma folga entre as gravações,
Luiz Gonzaga leva a esposa e sogra para
conhecerem o Araripe, e sua terra Exu. Porém,
interrompem a viagem quando estavam no
Crato, por causa das desavenças e mortes entre
os Sampaio e os Alencar. A grande violência que
marcava a disputa entre os clãs rivais ameaçava
sua família, ligada aos Alencar. Preocupado,
Gonzaga aluga uma casa no Crato, para onde
leva seus pais e irmãos, enquanto preparava a
mudança de sua família para o Rio de Janeiro, o
que ocorreu ainda em 49.
1950
Em janeiro, o médico formando Zédantas chega
ao Rio, a fim de prestar residência no Hospital
10. dos Servidores, para alegria de Gonzaga, que
vai esperá -lo na plataforma da estação de
trem. Nesse ano, Luiz Gonzaga lançou,
gravando ou cedendo para outros intérpretes,
mais de vinte músicas inéditas, a maioria
parcerias com Humberto Teixeira e Zédantas
que se tornariam clássicos da MPB. Em junho
lança a música A dança da moda, parceria com
Zédantas que retratava a febre nacional pelo
baião.
1951
Luiz Gonzaga já era o consagrado „Rei do
Baião‟, e o advogado Humberto Teixeira o
„Doutor do Baião‟! Em maio Luiz Gonzaga sofre
um grave acidente de carro, junto com seus
músicos: João André Gomes, apelidado
Catamilho, do zabumba, e Zequinha, do
triângulo. Humberto Teixeira candidata-se a
Deputado Federal, e recebe o apoio do parceiro.
Durante todo o ano de 51 Gonzaga foi
convidado permanente da série No Mundo do
Baião, produzido por Zédantas, parte das
atrações do Departamento de Música Brasileira
da Rádio Nacional, cuja direção era de
11. Humberto Teixeira. Gonzaga havia aproximado
os dois parceiros, mas essa convivência era
difícil e durou pouco tempo. Foi No Mundo do
Baião que Luiz Gonzaga coroou, com chapéu de
couro, Carmélia Alves como Rainha do Baião. Ela
interpretava o baião com acompanhamento de
orquestra, e levava a música do Rei para as
boates e ambientes da elite. Luiz Gonzaga e
Helena adotam uma menina: Rosa Maria.
1952
Outubro de 1952, data do 71º disco da carreira
de Gonzaga, o último 78 rpm com Humberto
Teixeira, músicas já lançadas em anos
anteriores. Hervê Cordovil é apresentado à
Gonzaga por Carmélia Alves, e tornam-se
parceiros.
1953
Catamilho é afastado por Gonzaga do seu
conjunto, e Zequinha o acompanha. Gonzaga
contrata Jurai Nunes, o Cacau, para tocar
zabumba, e Oswaldo Nunes Pereira, o Xaxado
para o triângulo. Mais tarde, por causa de sua
baixa estatura, Xaxado seria apelidado de
Salário Mínimo.
12. 1954
Luiz Gonzaga conhece Neném, mais tarde
Dominguinhos, aos 14 anos, na cidade de
Garanhuns. Nesse mesmo ano seu primo, o
vaqueiro Raimundo Jacó, é assassinado na
região do Araripe.
1955
1955 Luiz Gonzaga apresenta o trio formado
por Marinês, Abdias e Chiquinho, que ficou
conhecido como Patrulha de Choque Luiz
Gonzaga.
1956
Marinês é coroada Rainha do Xaxado na Rádio
Mayrink Veiga. A cantora japonesa Keiko Ikuta
grava as músicas Baião de Dois e Paraíba.
1960
11 de junho: morre Santana, vitimada pela
doença de Chagas, no Rio de Janeiro. 05 de
novembro: Januário, aos 71 anos, casa-se com
Maria Raimunda de Jesus, 32 anos, no Exu.
Gonzaga participa, gratuitamente, da campanha
de Jânio Quadros à Presidência da República.
13. 1961
Gonzaguinha vai morar com o pai em Cocotá,
Rio de Janeiro. Luiz Gonzaga torna-se maçom, e
sofre outro acidente de carro que lhe desfigura
o lado direito do rosto, ferindo gravemente o
seu olho.
1962
11 de março: morre Zédantas, aos 41 anos. Luiz
Gonzaga conhece João Silva.
1963
Luiz Gonzaga teve sua sanfona Universal, preta,
roubada. Antenógenes Silva, seu amigo e
afinador, lhe empresta uma sanfona branca. A
partir de então, adota a cor branca para suas
sanfonas, e a inscrição “É do povo” em todos os
seus instrumentos. Luiz Gonzaga conhece o
poeta cearense Patativa do Assaré.
1964
Gonzaga compra terrenos em Exu, onde irá
construir o Parque Aza Branca.
1968
Carlos Imperial, apresentador de programas de
rádio e televisão, espalha o boato de que The
14. Beatles gravara a toada Asa Branca. Luiz
Gonzaga conhece Edelzuíta Rabelo, advogada,
numa festa junina em Caruaru.
1971
A Missa do Vaqueiro é celebrada pela primeira
vez, em memória de Raimundo Jacó. Desde
então passa a ser anualmente celebrada,
tornando-se evento tradicional em Pernambuco.
1972
Gonzaga apresenta o espetáculo Luiz Gonzaga
volta para curtir, no Teatro Tereza Rachel, no
Rio, produzido por Capinam, para uma platéia
formada maciçamente por estudantes. Nesse
ano, rompe o contrato de 32 anos com a RCA.
1973
Gonzaga é levado para a EMI-Odeon por
Fernando Lobo, onde permanece por dois anos.
Recebe o título de Cidadão Paulista, e inicia a
reforma dos imóveis que havia comprado na
entrada da cidade de Exu.
1975
Luiz Gonzaga reencontra Edelzuíta, o grande
amor da fase final de sua vida.
15. 1976
Luiz Gonzaga assina novamente contrato com a
RCA Victor.
1978
11 de junho: morre o Mestre Januário.
1979
No mês de outubro morre Humberto Teixeira.
1980
Luiz Gonzaga canta para o Papa João Paulo II na
capital cearense. Inicia, em parceria com
Gonzaguinha, a turnê do show Vida do Viajante,
que percorre várias cidades brasileiras,
estendendo-se até o ano seguinte, quando é
lançado o álbum duplo da gravação do show, ao
vivo.
1982
Luiz Gonzaga viaja para Paris, onde se
apresenta na casa de espetáculos Bobino, na
noite de 16 de maio, a convite da cantora
amazonense Nazaré Pereira. A partir desse ano,
Luiz Gonzaga passa a assinar como Gonzagão
quase todos os seus disco, forma como havia
16. sido chamado por ocasião de sua turnê com
Gonzaguinha.
1984
Gonzaga recebe o primeiro disco de Ouro com o
LP Danado de Bom, no qual tinha João Silva por
principal parceiro, e que receberia um segundo
Disco de Ouro em seguida. João Silva seria seu
grande parceiro, a partir de então. Morre
Jackson do Pandeiro. Gonzaga recebe o Prêmio
Shell.
1985
Gonzaga recebe o prêmio Nipper de Ouro,
homenagem internacional da RCA a um artista
de seu quadro. Luiz Gonzaga recebe dois discos
de ouro para o LP Sanfoneiro Macho.
1986
Luiz Gonzaga participa do festival de música
brasileira na França, Couleurs Brésil, evento que
inaugura o programa dos anos Brasil-França
86-88. O Rei do Baião apresentou-se na Grande
Halle de La Villette no show de encerramento,
junto com outros artistas brasileiros, para um
público aproximado de 15 mil pessoas. O LP
17. Forró de Cabo a Rabo, deu a Luiz Gonzaga dois
discos de ouro e um de platina.
1988
Em junho pede o desquite, separa-se de Helena,
e assume o relacionamento com Edelzuíta
Rabelo. Neste ano também desliga-se
definitivamente da RCA.
1989
Luiz Gonzaga grava pela Copacabana Records
seus últimos discos. 21 de junho: é internado
no Hospital Santa Joana, no Recife. 02 de
agosto: morre Luiz Gonzaga, aos 76 anos de
idade.
Fonte: Memorial Luiz Gonzaga