1. Universidade de São Paulo
Faculdade de Filosofia Ciências e Letras de Ribeirão Preto
Graduação em Ciências Biológicas
EDUCAÇÃO AMBIENTAL
2011
AQUÍFERO
Profª. Drª Fernanda da Rocha Brando Fernandez
GUARANI:
Envenenando
Fernanda Meneguzzo Beneduzi
a Fonte
Vanessa Elisa Pinheiro
2. Ribeirão Preto
Localiza-sena porção
nordeste do Estado de São
Paulo, possui
aproximadamente 612.339
habitantes e uma área
total de 651 km²
(IBGE, 2010)
3. Ribeirão Preto é tipicamente urbano e suas
principais atividades estão centradas no
comércio e na prestação de serviços, além de
importantes centros universitários e de pesquisa.
A agricultura ganha um papel de destaque na
região, sendo a principal cultura a da cana- de-
açúcar, que se constitui em, praticamente, uma
monocultura na região.
Vista aérea de Ribeirão Preto
4. O clima típico é tropical úmido, caracterizado pelo
verão chuvoso e pelo inverno seco, onde no
verão, a temperatura média mensal é de ~25°C e
umidade relativa do ar de ~80%. Já o inverno
apresenta uma temperatura média mensal de
~19°C e umidade relativa do ar de ~60%.
(DAEE, 2006)
5. O município está situado como um divisor de
águas de duas grandes bacias hidrográficas, a
Bacia do Rio Pardo ao norte e a Bacia do Rio
Mogi-Guaçu ao sul.
A Bacia do rio Pardo tem uma área de
afloramento de 1.327 km2, da qual 10% se localiza
no município de Ribeirão Preto
Bacias Hidrográficas do Estado de São Paulo
6. Consumo da água do Aquífero
Guaraní
O abastecimento público de água em
Ribeirão Preto é totalmente dependente
da exploração do Aquífero Guarani e
por este motivo, a proteção da água
subterrânea é muito importante.
A partir da década de 1960, o uso de
água se intensificou no município. O
número de poços saltou de 10 para 45
no ano de 1970, e, no início do século
XXI é de aproximadamente 400.
7. O consumo de
água em Ribeirão
está tão
exacerbado que
chega a ser 13
vezes maior que o
volume de água
de recarga.
8. DAERP
O responsável pelo
abastecimento público
em Ribeirão Preto é o
Departamento de Água
e Esgoto de Ribeirão
Preto-DAERP.
As águas subterrâneas
são a única fonte
utilizada para abastecer
a área urbana. DAERP
9. O aqüífero Guarani é o
responsável por fornecer
água de qualidade aos
habitantes e sustentar os
processos produtivos que
se desenvolvem no
município de Ribeirão.
10. Entre os vários usos das águas captadas desse aqüífero e as
possibilidades de incrementar outras modalidades que favoreçam a
implantação de empreendimentos na região, têm-se basicamente:
- abastecimento público,
- o desenvolvimento de atividades industriais e
- agroindustriais (climatização de ambientes;
secagem de madeira;
fermentação da cevada para a produção de cerveja;
culturas em estufas;
proteção contra geadas combinada com a irrigação;
armazenamento de grãos;
evisceração de aves;
aqüicultura; elaboração de produtos lácteos;
esterilização;
destilação;
operações intensas de descongelamento;
biodegradação,
- desenvolvimento do turismo com a instalação de estâncias hidrotermais
13. Ciclo Hidrológico
A água circula continuamente na Natureza, podendo passar pelos diferentes
estados – sólido, líquido e gasoso.
O ciclo da água ou ciclo hidrológico é explicado como o contínuo movimento
das águas ao redor do nosso Planeta.
O ciclo, não tem início nem fim. Acontece que as águas dos
oceanos, mares, rios, lagos, a umidade do solo e a transpiração das plantas
evaporam pela ação dos raios solares, formando, dessa maneira, as nuvens.
Em determinadas condições atmosféricas, as nuvens, por sua vez, tornam – se mais
densas e precipitam – se, isto é, caem na superfície terrestre em forma de
chuva, de orvalho, de neve ou granizo.
Quando a chuva atinge a superfície terrestre, uma parte escorre pela superfície do
terreno, alimentando rios, lagos e oceanos; outra parte volta para a atmosfera por
evaporação, formando nuvens. E há ainda uma outra parte que se infiltra pela
superfície da Terra e forma as águas subterrâneas e os aquíferos.
16. Abrangência do Aquífero
Guaraní
Maior reserva estratégica de água doce do
mundo, com uma área de quase 1,2 milhões de
km2
Estende-se pelo Brasil, Uruguai, Paraguai e
Argentina e seu nome é em homenagem à
nação Guarani que ocorria nos quatro países
17.
18. Aquífero Guaraní no Brasil
Área de aproximadamente 848.800 km2
Abrange os estados de :
Mato Grosso
Goiás
Minas Gerais
Mato Grosso do Sul
São Paulo
Paraná
Santa Catarina
Rio Grande do Sul
19. Aquífero Guaraní em São
Paulo
No Estado de São Paulo
o Aqüífero
alcança155.800 Km2
72% dos 645 municípios
são total ou
parcialmente
abastecidos por água
subterrânea
47% são inteiramente
abastecidos por água
subterrânea.
20. o Área de
confinamento: 90%
de sua superfície, a
infiltração é lenta e
se dá ao longo de
descontinuidades no
pacote basáltico.
o Área de recarga
direta:10% da
superfícia no
afloramento do
pacote arenoso em
suas bordas.
(Hamada et al., 2006)
21. Domínios Pedomorfoagroclimáticos das áreas de
recarga do Sistema Aquífero Guarani
Domínio Planalto Médio
Paulista: 16.000 km2, em uma
faixa de norte a sul do estado.
Faixa centro-norte.
Intervenção imediata nas
áreas identificadas como
“piores casos”:
Domínio “Nascentes do
Araguaia” - milho sorgo,
Domínio “Planalto Médio
Paulista” - cana-de-açúcar
Domínio “Campanha” -
arroz irrigado
(Gomes et al., 2006)
22. Uso do solo no Brasil Ambientes agrícolas pouco
ocorre em produtivos e desequilibrados.
desconformidade com
sua aptidão e
aspectos
agroclimáticos.
Ocupação de áreas
ambientalmente frágeis
(áreas de recarga do Aquífero
Guaraní).
(Gomes et al., 2006)
23. Poluição do Aquífero Guaraní
Expansão das
cidades Agricultura
Lixões Agrotóxicos
Aterrosindustriais Fertilizantes
Armazenamento, Formação de
manuseio e ravinas e
descarte voçorocas
inadequados de
produtos químicos
(Gomes et al., 2006)
24. Movimento de agroquímicos
no perfil do solo
Seu estudo envolve muitos fatores e isso tem
contribuído para que o fenômeno seja ainda pouco
conhecido no meio técnico-científico.
O movimento de agrotóxicos e nutrientes no solo
ocorre por meio de:
difusão e pelo fluxo de massa em água
associado às
transformações químicas e biológicas e
processos de adsorção e persistência do produto.
(Gomes et al., 2006)
26. Principais solos da microbacia
do Córrego do Espraiado
Predominam o Latossolo Vermelho
Eutroférrico e Distroférrico.
Na porção representativa da recarga do
Aqüífero Guarani, predominam solos
arenosos do tipo Latossolo Vermelho
Distrófico psamítico e Neossolo
Quartzarênico (EMBRAPA,1999).
(Gomes et al., 2002)
27. Vulnerabilidade das áreas de
recarga do Aqüífero Guaraní
Vulnerabilidade é a susceptibilidade de um
compartimento, solo ou água, por exemplo ser adversamente
afetado por uma carga contaminante qualquer.
(Gomes et al., 2002)
28. Classificação da vulnerabilidade
dos solos agricultáveis da
microbacia do C. E.
Classe do solo Condutividade Declividade Potencial Potencial de Profundidade Vulnerabilidade
hidráulica do terreno de escoamento do lençol
infiltração de água freático
de água
Latossolos
Vermelhos
Distróficos Alta Suave Média/ Médio/ Profundo Média/Alta
Psamíticos Alta Baixo
Neossolo
Quartzarênico Alta Suave Alta Baixo Profundo/ Alta
Muito
profundo
(Gomes et al., 2002)
29. Vulnerabilidade das áreas de recarga do
Aquífero Guarani Microbacia do C. E.
Vulnerabilidade alta do
solo: alto potencial de
infiltração de água no
solo – contaminação do
lençol freático.
Vulnerabilidade baixa do
solo: baixo potencial de
infiltação, mas grande
escoamento superficial –
contaminação dos
cursos d’água.
(Gomes et al., 2002)
30. Projeto “Ribeirão”
Estudos desenvolvidos durante os anos de 1995 a 1999.
Área de afloramento do A. G. Microbacia do C. E.
Poço semi-artesiano como ponto de amostragem.
Presença de agrotóxicos como tebutiuron, hexazinone e
ametrina (elementos de alta mobilidade)em níveis crescentes
de um ano para o outro na água subterrânea.
Aumento nos teores de nitrato nas águas subterrâneas.
(Gomes, et al – Embrapa Meio Ambiente)
31. Concentração atingiu o valor de 0,08 ug/L, próximo do
nível crítico para o padrão de potabilidade, adotado
pela Diretiva da Comunidade Econômica Européia
(DCEE) que é de 0,10 μg/L.
(Gomes, et al – Embrapa Meio Ambiente)
32. Processo de
realimentação do
aqüífero (alto índice de
precipitação no período).
Houve arraste das
moléculas de tebutiuron
em concentração
expressiva, neutralizando
o efeito diluidor da água
(agente condutor da
molécula até a zona
saturada do aqüífero).
O tebutiuron pode Porém concentra-se nos meses de outubro,
ser aplicado em novembro e dezembro (período chuvoso) na
qualquer época microbacia estudada.
do ano, tanto no
período chuvoso
como no seco.
(Gomes, et al – Embrapa Meio Ambiente)
33. Os maiores valores de concentração residual de tebutiuron na água subterrânea nos
meses chuvosos podem ser indicativos de que:
Lixiviação é muito A degradação diminui
intensa e imediata OU drasticamente em
profundidade no solo
Solo com grande O tebutiuron sofre
condutividade hidráulica. degradação microbiana e
química.
A profundidade do topo
do aquífero varia É persistente em solos, sendo
sazonalmente esperado que sua meia-vida
seja ainda mais longa em
(chuvas), alterando a regiões e/ou épocas secas
condutividade hidráulica
nas camadas profundas A capacidade de retenção
do solo, sendo maior em (sorção) do herbicida é
condições saturadas que baixa já nas camadas
em condições insaturadas. superficiais do solo na área
estudada devido ao baixo
teor de matéria orgânica,
característico nos Neossolos
Quartzarênicos.
(Gomes, et al – Embrapa Meio Ambiente)
35. Da aplicação até o consumo:
Seguindo o ciclo Hidrológico:
- água é contaminada pelos agrotóxicos utilizados na cada – de –
açúcar
- essa água contaminada se infiltra no solo
- se acumula no Aquífero Guarani
- com a abertura de poços, essa água do Aquífero é utilizada para o
abastecimento da cidade de Ribeirão Preto ( usos
industrial, doméstico, agrícola novamente...)
- o agrotóxico está na água, que para o consumo populacional
recebe apenas um tratamento com Flúor que não é suficiente para
purifica – la
- No organismo pode se acumular fazendo muito mal à saúde
36. Prejuízos á saúde causados
por agrotóxicos
As patologias decorrentes de
freqüentes exposições são:
• Inflamação do sistema nervoso
periférico;
• Irritações na mucosa e na pele;
• Distúrbios oftalmológicos;
• Distúrbios no aparelho reprodutivo e
hormonais;
• Intoxicações crônicas;
• Aparecimento de carcinogênese
(produção do câncer) e
teratogênese (alterações do
desenvolvimento embrionário e
fetal, incluindo alterações sutis como
as bioquímicas, comportamentais e
até monstruosidades). Irritações na pele
38. Acresce-se à fragilidade que a área de recarga apresenta,
o aumento na demanda por água e o alto custo de
tratamento das águas superficiais para consumo humano e
a tendência a se escassear.
40. Soluções: Plano diretor
Intervenção imediata do poder público
impedindo a aplicação de agrotóxicos e
adubos químicos nas áreas de recarga.
Formulação de leis que regulem a
ocupação agrícola dessas áreas (Plano
Diretor).
Implantação de um plano de manejo
para as áreas de recarga, considerando
a fragilidade do solo.
41. Soluções: Implantação de cana
de açúcar orgânica
Eliminação do uso
de agrotóxicos
Aumento da
matéria orgânica
no solo
(retenção do agrotóxico)
Aumento da
diversidade no solo
(degradação microbiana)
42. Exemplo de Usina de cana
orgânica: Usina São Francisco
Usina de cana Orgânica em Sertãozinho - SP
43. Iniciou em 1986 o “Projeto Cana Verde”
que diminuiu o uso de insumos
Em 1994 começou a produção orgânica de
cana de açúcar
Tem 13,5 mil hectares plantados de cana
orgânica
247 espécies de vertebrados como onça
parda, jacaré – coroa, lobos - guarás, falcões, jibóia.
De julho de 2006 a Janeiro de
2007 a cana representa 66,68%
das exportações orgânicas do
Brasil.
90% da produção brasileira é
exportada
44. Terras para a reforma
agrária
Incra: órgão executor da reforma
agrária.
Estratégiade planejamento: eleição de
áreas prioritárias de atuação
fundamentadas no diagnóstico regional.
Terras
improdutivas, proprietários com
dívidas com a união.
45. Soluções: Reforma Agrária nas
áreas de recarga
Capacitação de
famílias para o
trabalho com
produtos orgânicos
e/ou agroflorestais
Experiências
bem
sucedidas no
assentamento Mario
Lago e Sepé Tiaraju.
46. Soluções: Manejo Agroecológico
Aumento da
diversidade e matéria
orgânica no solo.
Eliminação dos
agrotóxicos e adubos
químicos.
Presença de árvores
que aumentarão a
permeabilidade do solo.
Solo rico e equilibrado.
47. Proposta de ação:
Divulgação do problema
ambiental para a sociedade
através de panfletos, sites e blogs
informativos e palestras a respeito
do assunto suscitando uma
campanha para pressionar o
poder público a:
Intervir imediatamente
proibindo o uso de agrotóxicos
nas áreas de recarga.
Regulamentar a ocupação
das áreas de recarga através
do Plano Diretor.
Elaborar um Plano de Manejo
das áreas de recarga.
Prefeitura de Ribeirão Preto
48. Referências Bibliográficas
Gomes, M. A. F.; Spadotto, C. A.; Filizola, H. F. Uso agrícolo das áreas de recarga do aqüífero Guarani
no Brasil e implicações na qualidade da água subterrânea. Projeto executado pela Embrapa Meio
Ambiente, Jaguariúna.
Gomes, M. A. F.; Spadotto, C. A.; Pessoa, M. C. P. Y. Avaliação da vulnerabilidade natural do solo em
áreas agrícolas: subsídio à avaliação do risco de contaminação do lençol freático por
agroquímicos. Pesticidas: R.Ecotoxicol. e Meio Ambiente, Curitiba, v. 12, p. 169-179, 2002.
Gomes, M. A. F.; Filizola, H. F.; Spadotto. Classificação das áreas de recarga do sistema Aqüífero
Guarani no Brasil em Domínios Pedomorfoagroclimáticos – Subsídio ao estudo de avaliação de risco
de contaminação das áreas subterrâneas. Revista do Departamento de Geografia, v. 18, p. 67 –
74, 2006.
Hamada, E.; Assad, M. L. L.; Pereira, D. A. Aptidão agrícola na área de recarga do Aqüífero Guaraní:
Caso da Microbacia do Córrego do Espraiado, Ribeirão Preto – SP. Engenharia Ambiental – Espírito
Santo do Pinhal, v. 3, n. 1, p. 62 - 71, 2006.
PERTICARRARI, C. Plano de bacia do Rio Pardo. In: DAEE/IG. (org.). Memória seminário aqüífero
Guarani. Anais. Ribeirão Preto: DAEE, 2003, p. 90-95.
Sinelli, O. Geologia e água subterrânea no município de Ribeirão Preto e adjacências. Ribeirão
Preto, 1970.116 p. Tese (Doutorado) – Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão
Preto, Universidade de São Paulo.
FARIA, C. O ciclo hidrológico - http://www.infoescola.com/geografia/ciclo-hidrologico-ciclo-da-
agua/
http://www.igeologico.sp.gov.br/ler_noticia.asp?id=109
http://www.bragancanet.pt/agua/ciclo.htm
http://www.ribeiraopreto.sp.gov.br/daerp/i04principal.php
http://www.scielo.cl/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0718-34022009000200003&lang=pt
http://www.sa.df.gov.br/sites/100/148/00002062.pdf