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1
O poder do consumidor na cultura da convergência. A importância das interações
das empresas com o novo consumidor social1
Vera Lúcia Vieira 2
Resumo
Este artigo visa discutir o poder do consumidor na chamada “Cultura da Convergência”,
(Jenkins: 2008) refletindo sobre como a inteligência coletiva dos consumidores, expressão
colocada por Pierre Lévy, presente na sociedade em rede (Castells: 1999) propicia e facilita a
expansão de conteúdos colaborativos dos consumidores para as empresas dentro do conceito de
trabalho imaterial (Gorz: 2005). Estarão também presentes como base deste artigo os conceitos
teóricos da trilogia de Manuel Castells “A Era da Informação”, “Sociedade em Rede” (1996) e
“O Poder da Identidade” (1997) e a última pesquisa da ComScore sobre a evolução do
Facebook. Finalizaremos questionando os modelos de relacionamento e interações utilizadas
pelas empresas dentro da rede social Facebook.
Palavras-chave: consumidor; redes sociais; internet; informação; mídia.
1
Trabalho apresentado no I Simpósio Internacional de Gestão da Comunicação, Cultura e
Turismo (SINCULT 2015), realizado em Salvador, Bahia, Brasil, dias 24 e 25 de julho de 2015.
2
Vera Lúcia Vieira, é sócia-diretora da Customer Sat Consultoria, Pesquisa e Treinamento
(www.customersat.com.br). Formada em Comunicação e Marketing pela Escola Superior
Propaganda e Marketing de São Paulo. Mestra em comunicação pela Faculdade Cásper Líbero
SP. Este artigo foi produzido pela autora para conclusão da disciplina Comunicação e redes na
era digital: pensamento contemporâneo e tendências tecnológicas - Profª Drª Elizabeth Saad
Corrêa em Janeiro/2015.
2
O poder do consumidor na cultura da convergência. A importância das
interações das empresas com o novo consumidor social
Vera Lúcia Vieira
Vamos iniciar este artigo citando um trecho de Henry Jenkins em seu livro “A
Cultura da Convergência” (Jenkins: 2008) quando diz:
Bem-vindo à cultura da convergência, onde as velhas e as novas mídias
colidem, onde mídia corporativa e mídia alternativa se cruzam, onde o poder do
produtor de mídia e o poder do consumidor interagem de maneiras
imprevisíveis...Trata-se da relação entre três conceitos – convergência dos
meios de comunicação, cultura participativa e inteligência coletiva. Por
convergência, refiro-me ao fluxo de conteúdos através de múltiplos suportes
midiáticos, à cooperação entre múltiplos mercados midiáticos e ao
comportamento migratório dos públicos dos meios de comunicação, que vão a
quase qualquer parte em busca das experiências de entretenimento que desejam.
Convergência é uma palavra que consegue definir transformações
tecnológicas, mercadológicas, culturais e sociais, dependendo de quem está
falando e do que imaginam estar falando. (grifos nossos).
Estamos presenciando neste início de século XXI a uma série de transformações
que fazem com que grande parte dos consumidores e das audiências mundiais, ainda
que dividam seu tempo livre com várias mídias, acabam convergindo sempre para um
local denominado ciberespaço ou mundo digital. Somente a rede social Facebook
conta com mais de 1,432 bilhões de usuários no mundo todo, sendo que 700 milhões
deles fazem parte de algum grupo. Já o Whatsapp conta com 800 milhões de usuários e
o Instagram com 300 milhões (Base: Abril/2015). Ao todo, nestas três plataformas
pertencentes a Mark Zuckerberg, circulam 45 bilhões de mensagens por dia. Sabemos
também que mais da metade dos usuários (55%) acessam a internet por aparelhos
3
celulares e smartphones. Vemos, portanto, que é nesse novo mundo digital ou na world
wide web, onde as pessoas estão se encontrando, interagindo e gerando conteúdos de
todos os tipos, facilitados pela mobilidade como marco e divisor de águas deste novo
tempo. É quase como se tivesse sido criado um segundo universo dentro do universo
que conhecemos e com o qual estamos habituados a viver. Algo como uma segunda
vida ou second life, expressão que se refere a um mundo virtualmente criado que recria
realidades de nosso mundo atual. É nesse novo mundo, criado por Tim Berners Lee no
final do século XX, ou world wide web, onde as pessoas estão dividindo seu tempo de
entretenimento e, com isso, gerando conteúdos de todos os tipos que podem ou não
serem utilizados pelas empresas na busca contínua de rever os seus processos
produtivos ou de incrementar a comercialização dos seus produtos no mercado dentro
de um conceito de capitalismo moderno e menos selvagem.
Para as empresas, o mundo digital já se converteu em uma nova mídia pois é
para lá que têm migrado os seus consumidores ou audiências, não se restringindo mais
às mídias tradicionais (rádio, TV, jornal etc.). Por outro lado, passou a ser condição de
sobrevivência para as empresas acompanharem as manifestações dos seus consumidores
nas mídias sociais, que cada vez mais expressam livremente suas opiniões
compartilhando ideias e desejos sobre produtos e serviços, unindo-se em comunidades,
a favor (como fandom*) ou contra marcas que acabam repercutindo na imagem das
marcas e empresas no mercado (Castells: 1996). Vejamos alguns dados da Pesquisa
ComScore a respeito dos números e do crescimento da rede social Facebook:
A América Latina é a região com a maior média global de uso de redes sociais
em PCs e laptops, com 8,13 horas mensais por pessoa. O continente é seguido
pela Europa (7,41 horas), América do Norte (6,38 horas), África (4,96 horas) e
Ásia-Pacífico (2,49 horas). Isolando o Brasil, o número é ainda maior: são mais
de 12 horas mensais de engajamento. (Base:janeiro/2015)
*Fandom é um termo utilizado para se referir à subcultura dos fãs em geral,
caracterizada por um sentimento de camaradagem e solidariedade com outros que
compartilham os mesmos interesses. [n. do t.]
4
O Brasil também supera a média mundial do tempo médio em visita de redes
sociais, com sessões que duram uma média de 18,5 minutos. Globalmente, o
valor é de 12,5 minutos por acesso. Ao todo, o Brasil é responsável por 10% do
tempo total consumido globalmente nas redes sociais, ocupando o 2º lugar no
ranking – atrás apenas dos Estados Unidos.O país também é o maior da
América Latina em termos de visitantes diários às redes sociais.
"Os números para o Brasil são fantásticos, realmente a audiência e o
engajamento são assustadores às vezes", afirmou Alex Banks, vice
presidente da América Latina e Diretor da comScore no Brasil, na
apresentação dos dados. "Isso deixa muito claro para as marcas e para
os produtores de conteúdo como entender o melhor jeito de engajar os
públicos nas redes sociais".
Fonte:http://canaltech.com.br/noticia/redes-sociais/Pesquisa-comScore-
revela-participacao-de-brasileiros-nas-redes-sociais/#ixzz3QP9uXGik.
O conteúdo do Canaltech é protegido sob a licença Creative Commons
(CC BY-NC-ND). Pode-se reproduzi-lo, desde que insira créditos
COM O LINK para o conteúdo original e não faça uso comercial de
nossa produção. (Janeiro/2015)
A pesquisadora Amanda Luiza S. Pereira, doutoranda da Universidade
Metodista, colocou em seu artigo “Apontamentos sobre o imprescindível debate da
5
tecnologia para a comunicação social” na Revista Tecnologia, Comunicação e Ciência
Cognitiva, haver uma convergência importante entre comunicação e tecnologia que
vale à pena analisarmos, como forma de explicitar o quanto essas duas variáveis estão
intimamente interligadas, conforme segue:
No caso da Comunicação Social, a Teoria do Meio é identificada como
programa de investigação importante e adequado às prerrogativas
científicas apontadas e ao domínio da Comunicação em si (MARTINO,
2000). Tomando-a como subjacente, investe-se no exame da questão
tecnológica (....) A reflexão sobre o tecnológico se impõe ao exercício
científico da Comunicação Social, dada a imbricação da tecnologia com
os fenômenos contemporâneos e aos objetos de estudo. (Pereira: 2014)
Conforme se pode ver pela leitura deste texto, tudo converge. Comunicação e
tecnologia são temas muito interligados atualmente, visto que tudo acaba convergindo
para o mundo digital, instrumentalizado pela tecnologia. Aliado a isso temos também o
conceito de monocultura informática trazido por Edilson Cazeloto que também favorece
esta convergência de audiência para o meio digital. Vejamos:
A padronização das práticas sociais baseadas na disseminação das
técnicas digitais conduz a uma concepção de universalidade, implícita
na ampla aceitação do computador como ferramenta fundamental da
cultura humana. Essa universalidade é compreendida como parte da
hegemonia capitalista. (CAZELOTO, 2010, p.)
Vamos refletir um pouco sobre o porquê dessa convergência tão grande para o
meio digital. Fica muito claro que a produção de conteúdos variados está no cerne desta
hiperconvergência ou hiperconexão que temos presenciado. Levando a análise para o
lado das empresas, quais tipos de conteúdos interessam mais às empresas? Por que
atualmente elas estão tão preocupadas em acompanhar estas produções espontâneas dos
consumidores? É simples. Os consumidores estão mais empoderados pela hiperconexão
e trocas de conteúdos que ocorrem na internet e pelo poder de expressão livre que
passaram a ter podendo levar uma marca a destacar-se positiva ou negativamente de
maneira rápida e instantânea. É isso o que amedronta as empresas e faz com que elas
6
estejam acompanhando muito de perto esta nova mídia para onde tudo converge e mais
do que isso, estão passando a estar presentes de alguma forma nas mídias sociais, seja
com anúncios ou com perfis criados especialmente para interagir mais de perto com
esses novos “consumidores sociais”. Indo ao encontro desse pressuposto temos ainda a
colocação de Henry Jenkins, no livro citado acima que diz:
A circulação de conteúdos – por meio de diferentes sistemas midiáticos,
sistemas administrativos de mídias concorrentes e fronteiras nacionais –
depende fortemente da participação ativa dos consumidores.
(JENKINS: 2008)
Esta chamada “participação ativa dos consumidores” nada mais é do que o
conceito de trabalho imaterial trazido por André Gorz 1 (Gorz:2005) o qual é muito
importante para entendermos o forte interesse das empresas nessas produções. No
mundo digital e, particularmente nas redes sociais da internet, os consumidores quase
não se dão conta de estarem praticando ali o conceito de trabalho imaterial trazido por
André Gorz3
em seu livro “O imaterial: conhecimento, valor e capital” (GORZ, 2005).
Gorz coloca que na sociedade pós-industrial o trabalho se tornou predominante
imaterial, intelectual e do conhecimento (cognoscitivo). Em função dessas mudanças o
valor de troca das mercadorias passa a ter a inteligência, a criatividade e a imaginação
como fontes, seja para a criação ou para o aperfeiçoamento de produtos e serviços.4
Verificamos que o sucesso das Redes Sociais da Internet, para onde os
consumidores estão cada vez mais se dirigindo como audiência ativa, como vimos pela
pesquisa do comScore e outras amplamente divulgadas no mercado, está fortemente
3
André Gorz é austríaco e viveu na França. Alguns de seus livros tiveram repercussão no Brasil como o
aqui citado. Ele foi influenciado por Antonio Negri e ambos escreveram sobre o trabalho imaterial.
4
Gorz, André – O imaterial: conhecimento, valor e capital pág. 10 e 15, 2005
7
ligado ao prazer simples da comunicação e do compartilhar conteúdos e informações
dentro da chamada sociedade do conhecimento. Além disso, quando alguém está
conectado em uma rede social produzindo conhecimento, trocando informações, o
tempo é “líquido” como citado por Zygmunt Bauman. Ou seja, o tempo é percebido
como algo leve e prazeroso sendo a produção de conteúdos dentro dessas redes vasta e
intensa.
Numa sociedade de consumo como a em que vivemos, é necessário que as
empresas lancem sempre novos produtos para alimentação da cadeia produtiva e
geração de novas vendas, produção etc. Como é que as empresas irão balizar estes
lançamentos se não ouvirem seus consumidores? É absolutamente imperativa a
necessidade de interação e escuta ativa do que dizem e pensam os seus consumidores. É
exatamente aí a origem do poder atual que o consumidor passa a ter na sociedade de
consumo. Principalmente agora potencializado pela união de consumidores, formando a
chamada inteligência coletiva que aumenta ainda mais os poderes dos consumidores na
medida em que os conteúdos e ideias sobre os produtos e serviços vão sendo espalhados
pela rede, seja ou não de forma viral. As informações nesta era do conhecimento se
alastram em proporções geométricas, impulsionadas pelo poder dos algoritmos que
interpretam e redirecionam conteúdos de forma abundante e vão criando reverberações
em toda a sociedade em rede (Castells: 1996). Vejamos o que coloca Castells em seu
livro Redes de Indignação e Esperança sobre isso:
“Começou nas redes sociais da internet, já que estas são
espaços de autonomia, muito além do controle de governos e
empresas, que, ao longo da história, haviam monopolizado os
canais de comunicação como alicerces de seu poder.
8
Compartilhando dores e esperanças no livre espaço público da
internet, conectando-se entre si e concebendo projetos a partir
de múltiplas fontes do ser, indivíduos formaram redes, a
despeito de suas opiniões pessoais ou filiações organizacionais.
Uniram-se. E sua união os ajudou a superar o medo, essa
emoção paralisante em que os poderes constituídos se
sustentam para prosperar e se reproduzir, por intimidação ou
desestimulo – e quando necessário pela violência pura e
simples, seja ela disfarçada ou institucionalmente aplicada.”
Se até há alguns anos atrás, as empresas se utilizavam eminentemente de
pesquisas de mercado para sondar seu mercado e ouvir seu público consumidor,
atualmente as elas têm nas redes sociais da internet uma pesquisa espontânea realizada
pelos consumidores, em tempo real, que basta ser acompanhada ou monitorada para
trazer preciosos subsídios para dentro das empresas. Vejamos o que diz Antonio Negri a
esse respeito. Diz ele: “o intelecto geral é uma inteligência coletiva, social, criada por
conhecimentos, técnicas e know how acumulados.”5
Há uma vasta produção livre de informações que, se bem utilizadas
pelas empresas, podem se converter em verdadeiros radares para a sua
atuação de forma mais eficaz no mercado. (VIEIRA: 2014).
Temos ainda, segundo Jenkins, que:
A cultura da convergência ocorre dentro dos cérebros de consumidores
individuais e em suas interações sociais com outros. Cada um de nós constrói a
própria mitologia pessoal, a partir de pedaços e fragmentos de informações
extraídos do fluxo midiático e transformados em recursos através dos quais
compreendemos nossa vida cotidiana. Por haver mais informações sobre
determinado assunto do que alguém possa guardar na cabeça, há um incentivo
extra para que conversemos entre nós sobre a mídia que consumimos. Essas
conversas geram um burburinho cada vez mais valorizado pelo mercado das
mídias. O consumo tornou-se um processo coletivo, pautada pela inteligência
coletiva, expressão cunhada pelo ciberteórico francês Pierre Lévy. Novos
padrões de propriedade cruzada de meios de comunicação, que surgiram em
meados da década de 1980, durante o que agora podemos enxergar como a
primeira fase de um longo processo de concentração desses meios, estavam
5
Negri, A. Lazzaratto- Trabalho imaterial e subjetividade – in Trabalho Imaterial: formas de vida e
produção de subjetividade. Rio de Janeiro, DP&A, 2001 pág.28.
9
tornando mais desejável às empresas distribuir conteúdos através de vários
canais, em vez de um único suporte midiático. A digitalização estabeleceu as
condições para a convergência; os conglomerados corporativos criaram seu
imperativo. (JENKINS:2008)
Vejamos abaixo alguns exemplos de consumidores extraídos da rede
social Facebook, que vão ao encontro do que foi colocado por Jenkins. Nos
exemplos vemos reclamações, elogios e também algumas interações e opiniões
de outros usuários da rede social com relação ao assunto levantando pelos
usuários e os chamados “burburinhos”:
Walter Teixeira Lima Junior
A situação técnica da Locaweb é terrível. Não consigo acessar o
Painel de Controle dos meus sites. Ligo para o Helpdesk, que com
tranquilidade me informa que estão migrando o sistema. Assim,
não tenho como setapar um banco de dados para trabalhar, pois a
informação que obtive é que uma hora atualiza o sistema. Ou seja,
bolaram uma migração sem que o usuário possa acessar o sistema
antigo até que tudo esteja migrado. Talvez os engenheiros e
cientistas da computação da locaweb não saibam que é mirror,
backup, redundancia etc. Param um sistema para atualizá-lo, coisa
de amador. Além disso, há um problema de arquitetura de
informação no site da localweb, há agora três entradas para o
painel de controle... uma bem escondida... outra somente soube
pelo atendente, centraldocliente.locaweb.com.br... rs nenhuma me
dá acesso ao painel de controle.
Vou jantar que ganho mais...
Curtir · · há 23 horas próximo a São Paulo ·

 Diólia Graziano e Renato Frigo curtiram isso.
 Ver mais 2 comentários

Walter Teixeira Lima Junior O atendente demorou tanto a responder
que o chat caiu.. vou ter que entrar de novo.
há 22 horas · Curtir
10

Daniel Paiva ixi... estão com problemas por lá... e não é apenas
migração.há 22 horas · Curtir

Walter Teixeira Lima Junior eles sempre estão com problemas
há 22 horas · Curtir

Wilson Da Costa Bueno E a propaganda é enorme. Por fora bela viola,
por dentro pão bolorento.
há 13 horas · Curtir
Ou ainda outro exemplo da pesquisadora e especialista em Redes Sociais da
Internet, líder de opinião em seu grupo, elogiando e veja-se o número de usuários que
“curtiram” a sua opinião. Note que são exemplos distintos sobre a mesma empresa:
Locaweb.
Ana Brambilla
Assim como a gente critica marcas nas redes, é preciso também apontar quando
elas fazem coisas bacanas - e esse "bacana" começa por reconhecer erros, se
desculpar e corrigir. Essa é a melhor fórmula de uma marca agir numa rede
social. E foi assim que a Locaweb agiu hoje, através do social media marketer
da marca, Victor Hugo Alves.
Após ver a crítica q postei ontem aquo, ele me chamou pra um papo, que foi
muito bom, reflexivo, instrutivo pros dois, creio.
Com a gentileza, a humildade e o discernimento de poucos, o Victor acolheu
minhas críticas e agiu rápido.
Meia hora mais tarde, outra ação no estande da Locaweb na Campus Party
Brasil oferecia um kit de brindes em troca de um tweet. Na fila, 100 senhas
foras distribuídas organizadamente.
11
Mais: a moça q alcançava os kits *convidava* as pessoas a tirarem uma foto no
backdrop da empresa e *avisava* que ia direto pro Facebook. Tudo
educadamente e às claras, tal como deve ser.
Parabéns à Locaweb e, sobretudo, ao Victor, por darem um exemplo de como
reverter uma situação delicada da melhor maneira possível.
Curtir · · Compartilhar · há 3 horas em São Paulo . 22 pessoas curtiram isto.
Estes dois exemplos nos mostram que para uma empresa estar presente numa
rede social demanda mais que criar apenas uma perfil. Demanda contar com sistemas,
processos e pessoas preparados para dar conta de acompanhar e interagir nessas
manifestações sabendo quando e como realizar a comunicação de forma coerente
deixando uma imagem positiva sempre que possível mas sobretudo prevenindo
reverberações negativas.
Temos também um exemplo de outro usuário criticando de forma contumaz a
Nestlé que vale à pena ser visto dentro do espírito do que temos colocado até aqui:
01/02/2013
12
Pelo que constatamos na pesquisa realizada em 2013 junto aos usuários
das dez maiores empresas em número de fãs do Facebook com relação às
inteirações ocorridas diariamente nessa rede social, nem todas as empresas estão
usufruindo plenamente das possibilidades e conteúdos gerados pela cultura da
convergência e ainda insistem em atuar nas mídias sociais com comportamentos
da mídia tradicional. Ou seja, nessa pesquisa vimos que apenas uma minoria,
ou 0,7%, respondiam ou interagiam com este novo consumidor social, agora
com um poder especial conferido pela união em comunidades e criação da
chamada inteligência coletiva. Como consequência, ao invés de fortalecer a
identidade de suas marcas, acabam fragilizando-as pois estão vulneráveis às
trocas de opiniões e ideias que ocorrem vastamente entre os consumidores, à sua
revelia, como estes e inúmeros outros exemplos que temos acompanhado na
rede social Facebook ou em outras, de diversos casos de consumidores que
dizem claramente quando estão satisfeitos ou insatisfeitos com relação a
determinados produtos ou serviços influenciando muitos outros de seus círculos
de relacionamento com repercussões positivas ou negativas sobre as marcas.
Finalizando esta reflexão sabemos que, ao longo da história, o
nascimento de uma nova cultura acaba sempre convivendo com a cultura
anterior, caminhando ambas paralelamente ou interseccionando-se em alguns
pontos por um determinado tempo. No caso da cultura de convergência para as
mídias digitais, acreditamos que a velocidade dessas mídias digitais acabou
atropelando o andamento das mídias tradicionais demandando respostas mais
rápidas e eficazes por parte da comunicação empresarial. As consequências
desse momento histórico só poderemos avaliar um pouco mais no futuro. Temos
hoje uma única certeza: os empresários e executivos precisam rever urgente
suas formas de interagir e de se relacionar com este novo consumidor social.
Caso contrário, poderão ser atropelados pelas mudanças, com
consequências para a vida e saúde de suas empresas e dos próprios
profissionais no mercado. (grifos nossos)
Vera Lúcia Vieira. Junho/2015.
13
Referências:
CASTELLS, Manuel: Redes de Indignação e de Esperança: movimentos sociais na
internet. Rio de Janeiro: Zahar, 2013.
CASTELLS, Manuel: The Information Age: Economy, Society and Culture (trilogia):
(1996; 2000) - Cambridge, MA; Oxford, UK: Blackwell. Os livros a seguir fazem parte
desta trilogia:
CASTELLS, Manuel - O Poder da Identidade, 1997
CASTELLS, Manuel - Sociedade em Rede, 1996
CAZELOTO, Edilson. A monocultura informática. In: XVII Encontro Associação
Nacionaldos Programas de Pós-Graduação em Comunicação (COMPÓS). São Paulo:
Matrizes, vol. 3, núm. 2, enero-julio, 2010, pp. 187-200, USP
GORZ, André. O imaterial: conhecimento, valor e capital. São Paulo: Annablume,
2005.
JENKINS, HENRY. Cultura da Convergência, São Paulo: Aleph, 2008
LAZZARATO, M. Le concept de travail immatériel: la grande entreprise.
Futurantérieur. Paris, L’Harmattan, n.10, 1992.
LAZZARATO, M. Le cycle de la production immatérielle. Futur antérieur. Paris:
L’Harmattan, n. 16, 1993.
LEVY, Pierre. O que é virtual? São Paulo: Editora 34, 1996 e 2009.
LIMA JUNIOR, W. T. Mídia social conectada: produção colaborativa de informação de
relevância social em ambiente tecnológico digital. Líbero, São Paulo, v. XII, p. 95-106,
2009.
MARTINO, L. C. Panorama da pesquisa empírica em comunicação. In.: BRAGA, J. L.;
LOPES, M. I. V.; MARTINO, L. C. Pesquisa empírica em comunicação. São Paulo:
Paulus,2010. p.135-160
14
VIEIRA, V. L. As Empresas nas Mídias Sociais. Estudo de Caso de 10 Empresas
com os maiores números de seguidores no Facebook. São Paulo, All Print Editora.
Site: (acessado em 29/01/15 e 15/06/2015)
http://canaltech.com.br/noticia/redes-sociais/Pesquisa-comScore-revela-participacao-de-
brasileiros-nas-redes-sociais/#ixzz3QP9uXGik. O conteúdo do Canaltech é protegido
sob a licença Creative Commons (CC BY-NC-ND). Pode-se reproduzi-lo, desde que
insira créditos COM O LINK para o conteúdo original e não faça uso comercial de
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O poder do consumidor na era da convergência

  • 1. 1 O poder do consumidor na cultura da convergência. A importância das interações das empresas com o novo consumidor social1 Vera Lúcia Vieira 2 Resumo Este artigo visa discutir o poder do consumidor na chamada “Cultura da Convergência”, (Jenkins: 2008) refletindo sobre como a inteligência coletiva dos consumidores, expressão colocada por Pierre Lévy, presente na sociedade em rede (Castells: 1999) propicia e facilita a expansão de conteúdos colaborativos dos consumidores para as empresas dentro do conceito de trabalho imaterial (Gorz: 2005). Estarão também presentes como base deste artigo os conceitos teóricos da trilogia de Manuel Castells “A Era da Informação”, “Sociedade em Rede” (1996) e “O Poder da Identidade” (1997) e a última pesquisa da ComScore sobre a evolução do Facebook. Finalizaremos questionando os modelos de relacionamento e interações utilizadas pelas empresas dentro da rede social Facebook. Palavras-chave: consumidor; redes sociais; internet; informação; mídia. 1 Trabalho apresentado no I Simpósio Internacional de Gestão da Comunicação, Cultura e Turismo (SINCULT 2015), realizado em Salvador, Bahia, Brasil, dias 24 e 25 de julho de 2015. 2 Vera Lúcia Vieira, é sócia-diretora da Customer Sat Consultoria, Pesquisa e Treinamento (www.customersat.com.br). Formada em Comunicação e Marketing pela Escola Superior Propaganda e Marketing de São Paulo. Mestra em comunicação pela Faculdade Cásper Líbero SP. Este artigo foi produzido pela autora para conclusão da disciplina Comunicação e redes na era digital: pensamento contemporâneo e tendências tecnológicas - Profª Drª Elizabeth Saad Corrêa em Janeiro/2015.
  • 2. 2 O poder do consumidor na cultura da convergência. A importância das interações das empresas com o novo consumidor social Vera Lúcia Vieira Vamos iniciar este artigo citando um trecho de Henry Jenkins em seu livro “A Cultura da Convergência” (Jenkins: 2008) quando diz: Bem-vindo à cultura da convergência, onde as velhas e as novas mídias colidem, onde mídia corporativa e mídia alternativa se cruzam, onde o poder do produtor de mídia e o poder do consumidor interagem de maneiras imprevisíveis...Trata-se da relação entre três conceitos – convergência dos meios de comunicação, cultura participativa e inteligência coletiva. Por convergência, refiro-me ao fluxo de conteúdos através de múltiplos suportes midiáticos, à cooperação entre múltiplos mercados midiáticos e ao comportamento migratório dos públicos dos meios de comunicação, que vão a quase qualquer parte em busca das experiências de entretenimento que desejam. Convergência é uma palavra que consegue definir transformações tecnológicas, mercadológicas, culturais e sociais, dependendo de quem está falando e do que imaginam estar falando. (grifos nossos). Estamos presenciando neste início de século XXI a uma série de transformações que fazem com que grande parte dos consumidores e das audiências mundiais, ainda que dividam seu tempo livre com várias mídias, acabam convergindo sempre para um local denominado ciberespaço ou mundo digital. Somente a rede social Facebook conta com mais de 1,432 bilhões de usuários no mundo todo, sendo que 700 milhões deles fazem parte de algum grupo. Já o Whatsapp conta com 800 milhões de usuários e o Instagram com 300 milhões (Base: Abril/2015). Ao todo, nestas três plataformas pertencentes a Mark Zuckerberg, circulam 45 bilhões de mensagens por dia. Sabemos também que mais da metade dos usuários (55%) acessam a internet por aparelhos
  • 3. 3 celulares e smartphones. Vemos, portanto, que é nesse novo mundo digital ou na world wide web, onde as pessoas estão se encontrando, interagindo e gerando conteúdos de todos os tipos, facilitados pela mobilidade como marco e divisor de águas deste novo tempo. É quase como se tivesse sido criado um segundo universo dentro do universo que conhecemos e com o qual estamos habituados a viver. Algo como uma segunda vida ou second life, expressão que se refere a um mundo virtualmente criado que recria realidades de nosso mundo atual. É nesse novo mundo, criado por Tim Berners Lee no final do século XX, ou world wide web, onde as pessoas estão dividindo seu tempo de entretenimento e, com isso, gerando conteúdos de todos os tipos que podem ou não serem utilizados pelas empresas na busca contínua de rever os seus processos produtivos ou de incrementar a comercialização dos seus produtos no mercado dentro de um conceito de capitalismo moderno e menos selvagem. Para as empresas, o mundo digital já se converteu em uma nova mídia pois é para lá que têm migrado os seus consumidores ou audiências, não se restringindo mais às mídias tradicionais (rádio, TV, jornal etc.). Por outro lado, passou a ser condição de sobrevivência para as empresas acompanharem as manifestações dos seus consumidores nas mídias sociais, que cada vez mais expressam livremente suas opiniões compartilhando ideias e desejos sobre produtos e serviços, unindo-se em comunidades, a favor (como fandom*) ou contra marcas que acabam repercutindo na imagem das marcas e empresas no mercado (Castells: 1996). Vejamos alguns dados da Pesquisa ComScore a respeito dos números e do crescimento da rede social Facebook: A América Latina é a região com a maior média global de uso de redes sociais em PCs e laptops, com 8,13 horas mensais por pessoa. O continente é seguido pela Europa (7,41 horas), América do Norte (6,38 horas), África (4,96 horas) e Ásia-Pacífico (2,49 horas). Isolando o Brasil, o número é ainda maior: são mais de 12 horas mensais de engajamento. (Base:janeiro/2015) *Fandom é um termo utilizado para se referir à subcultura dos fãs em geral, caracterizada por um sentimento de camaradagem e solidariedade com outros que compartilham os mesmos interesses. [n. do t.]
  • 4. 4 O Brasil também supera a média mundial do tempo médio em visita de redes sociais, com sessões que duram uma média de 18,5 minutos. Globalmente, o valor é de 12,5 minutos por acesso. Ao todo, o Brasil é responsável por 10% do tempo total consumido globalmente nas redes sociais, ocupando o 2º lugar no ranking – atrás apenas dos Estados Unidos.O país também é o maior da América Latina em termos de visitantes diários às redes sociais. "Os números para o Brasil são fantásticos, realmente a audiência e o engajamento são assustadores às vezes", afirmou Alex Banks, vice presidente da América Latina e Diretor da comScore no Brasil, na apresentação dos dados. "Isso deixa muito claro para as marcas e para os produtores de conteúdo como entender o melhor jeito de engajar os públicos nas redes sociais". Fonte:http://canaltech.com.br/noticia/redes-sociais/Pesquisa-comScore- revela-participacao-de-brasileiros-nas-redes-sociais/#ixzz3QP9uXGik. O conteúdo do Canaltech é protegido sob a licença Creative Commons (CC BY-NC-ND). Pode-se reproduzi-lo, desde que insira créditos COM O LINK para o conteúdo original e não faça uso comercial de nossa produção. (Janeiro/2015) A pesquisadora Amanda Luiza S. Pereira, doutoranda da Universidade Metodista, colocou em seu artigo “Apontamentos sobre o imprescindível debate da
  • 5. 5 tecnologia para a comunicação social” na Revista Tecnologia, Comunicação e Ciência Cognitiva, haver uma convergência importante entre comunicação e tecnologia que vale à pena analisarmos, como forma de explicitar o quanto essas duas variáveis estão intimamente interligadas, conforme segue: No caso da Comunicação Social, a Teoria do Meio é identificada como programa de investigação importante e adequado às prerrogativas científicas apontadas e ao domínio da Comunicação em si (MARTINO, 2000). Tomando-a como subjacente, investe-se no exame da questão tecnológica (....) A reflexão sobre o tecnológico se impõe ao exercício científico da Comunicação Social, dada a imbricação da tecnologia com os fenômenos contemporâneos e aos objetos de estudo. (Pereira: 2014) Conforme se pode ver pela leitura deste texto, tudo converge. Comunicação e tecnologia são temas muito interligados atualmente, visto que tudo acaba convergindo para o mundo digital, instrumentalizado pela tecnologia. Aliado a isso temos também o conceito de monocultura informática trazido por Edilson Cazeloto que também favorece esta convergência de audiência para o meio digital. Vejamos: A padronização das práticas sociais baseadas na disseminação das técnicas digitais conduz a uma concepção de universalidade, implícita na ampla aceitação do computador como ferramenta fundamental da cultura humana. Essa universalidade é compreendida como parte da hegemonia capitalista. (CAZELOTO, 2010, p.) Vamos refletir um pouco sobre o porquê dessa convergência tão grande para o meio digital. Fica muito claro que a produção de conteúdos variados está no cerne desta hiperconvergência ou hiperconexão que temos presenciado. Levando a análise para o lado das empresas, quais tipos de conteúdos interessam mais às empresas? Por que atualmente elas estão tão preocupadas em acompanhar estas produções espontâneas dos consumidores? É simples. Os consumidores estão mais empoderados pela hiperconexão e trocas de conteúdos que ocorrem na internet e pelo poder de expressão livre que passaram a ter podendo levar uma marca a destacar-se positiva ou negativamente de maneira rápida e instantânea. É isso o que amedronta as empresas e faz com que elas
  • 6. 6 estejam acompanhando muito de perto esta nova mídia para onde tudo converge e mais do que isso, estão passando a estar presentes de alguma forma nas mídias sociais, seja com anúncios ou com perfis criados especialmente para interagir mais de perto com esses novos “consumidores sociais”. Indo ao encontro desse pressuposto temos ainda a colocação de Henry Jenkins, no livro citado acima que diz: A circulação de conteúdos – por meio de diferentes sistemas midiáticos, sistemas administrativos de mídias concorrentes e fronteiras nacionais – depende fortemente da participação ativa dos consumidores. (JENKINS: 2008) Esta chamada “participação ativa dos consumidores” nada mais é do que o conceito de trabalho imaterial trazido por André Gorz 1 (Gorz:2005) o qual é muito importante para entendermos o forte interesse das empresas nessas produções. No mundo digital e, particularmente nas redes sociais da internet, os consumidores quase não se dão conta de estarem praticando ali o conceito de trabalho imaterial trazido por André Gorz3 em seu livro “O imaterial: conhecimento, valor e capital” (GORZ, 2005). Gorz coloca que na sociedade pós-industrial o trabalho se tornou predominante imaterial, intelectual e do conhecimento (cognoscitivo). Em função dessas mudanças o valor de troca das mercadorias passa a ter a inteligência, a criatividade e a imaginação como fontes, seja para a criação ou para o aperfeiçoamento de produtos e serviços.4 Verificamos que o sucesso das Redes Sociais da Internet, para onde os consumidores estão cada vez mais se dirigindo como audiência ativa, como vimos pela pesquisa do comScore e outras amplamente divulgadas no mercado, está fortemente 3 André Gorz é austríaco e viveu na França. Alguns de seus livros tiveram repercussão no Brasil como o aqui citado. Ele foi influenciado por Antonio Negri e ambos escreveram sobre o trabalho imaterial. 4 Gorz, André – O imaterial: conhecimento, valor e capital pág. 10 e 15, 2005
  • 7. 7 ligado ao prazer simples da comunicação e do compartilhar conteúdos e informações dentro da chamada sociedade do conhecimento. Além disso, quando alguém está conectado em uma rede social produzindo conhecimento, trocando informações, o tempo é “líquido” como citado por Zygmunt Bauman. Ou seja, o tempo é percebido como algo leve e prazeroso sendo a produção de conteúdos dentro dessas redes vasta e intensa. Numa sociedade de consumo como a em que vivemos, é necessário que as empresas lancem sempre novos produtos para alimentação da cadeia produtiva e geração de novas vendas, produção etc. Como é que as empresas irão balizar estes lançamentos se não ouvirem seus consumidores? É absolutamente imperativa a necessidade de interação e escuta ativa do que dizem e pensam os seus consumidores. É exatamente aí a origem do poder atual que o consumidor passa a ter na sociedade de consumo. Principalmente agora potencializado pela união de consumidores, formando a chamada inteligência coletiva que aumenta ainda mais os poderes dos consumidores na medida em que os conteúdos e ideias sobre os produtos e serviços vão sendo espalhados pela rede, seja ou não de forma viral. As informações nesta era do conhecimento se alastram em proporções geométricas, impulsionadas pelo poder dos algoritmos que interpretam e redirecionam conteúdos de forma abundante e vão criando reverberações em toda a sociedade em rede (Castells: 1996). Vejamos o que coloca Castells em seu livro Redes de Indignação e Esperança sobre isso: “Começou nas redes sociais da internet, já que estas são espaços de autonomia, muito além do controle de governos e empresas, que, ao longo da história, haviam monopolizado os canais de comunicação como alicerces de seu poder.
  • 8. 8 Compartilhando dores e esperanças no livre espaço público da internet, conectando-se entre si e concebendo projetos a partir de múltiplas fontes do ser, indivíduos formaram redes, a despeito de suas opiniões pessoais ou filiações organizacionais. Uniram-se. E sua união os ajudou a superar o medo, essa emoção paralisante em que os poderes constituídos se sustentam para prosperar e se reproduzir, por intimidação ou desestimulo – e quando necessário pela violência pura e simples, seja ela disfarçada ou institucionalmente aplicada.” Se até há alguns anos atrás, as empresas se utilizavam eminentemente de pesquisas de mercado para sondar seu mercado e ouvir seu público consumidor, atualmente as elas têm nas redes sociais da internet uma pesquisa espontânea realizada pelos consumidores, em tempo real, que basta ser acompanhada ou monitorada para trazer preciosos subsídios para dentro das empresas. Vejamos o que diz Antonio Negri a esse respeito. Diz ele: “o intelecto geral é uma inteligência coletiva, social, criada por conhecimentos, técnicas e know how acumulados.”5 Há uma vasta produção livre de informações que, se bem utilizadas pelas empresas, podem se converter em verdadeiros radares para a sua atuação de forma mais eficaz no mercado. (VIEIRA: 2014). Temos ainda, segundo Jenkins, que: A cultura da convergência ocorre dentro dos cérebros de consumidores individuais e em suas interações sociais com outros. Cada um de nós constrói a própria mitologia pessoal, a partir de pedaços e fragmentos de informações extraídos do fluxo midiático e transformados em recursos através dos quais compreendemos nossa vida cotidiana. Por haver mais informações sobre determinado assunto do que alguém possa guardar na cabeça, há um incentivo extra para que conversemos entre nós sobre a mídia que consumimos. Essas conversas geram um burburinho cada vez mais valorizado pelo mercado das mídias. O consumo tornou-se um processo coletivo, pautada pela inteligência coletiva, expressão cunhada pelo ciberteórico francês Pierre Lévy. Novos padrões de propriedade cruzada de meios de comunicação, que surgiram em meados da década de 1980, durante o que agora podemos enxergar como a primeira fase de um longo processo de concentração desses meios, estavam 5 Negri, A. Lazzaratto- Trabalho imaterial e subjetividade – in Trabalho Imaterial: formas de vida e produção de subjetividade. Rio de Janeiro, DP&A, 2001 pág.28.
  • 9. 9 tornando mais desejável às empresas distribuir conteúdos através de vários canais, em vez de um único suporte midiático. A digitalização estabeleceu as condições para a convergência; os conglomerados corporativos criaram seu imperativo. (JENKINS:2008) Vejamos abaixo alguns exemplos de consumidores extraídos da rede social Facebook, que vão ao encontro do que foi colocado por Jenkins. Nos exemplos vemos reclamações, elogios e também algumas interações e opiniões de outros usuários da rede social com relação ao assunto levantando pelos usuários e os chamados “burburinhos”: Walter Teixeira Lima Junior A situação técnica da Locaweb é terrível. Não consigo acessar o Painel de Controle dos meus sites. Ligo para o Helpdesk, que com tranquilidade me informa que estão migrando o sistema. Assim, não tenho como setapar um banco de dados para trabalhar, pois a informação que obtive é que uma hora atualiza o sistema. Ou seja, bolaram uma migração sem que o usuário possa acessar o sistema antigo até que tudo esteja migrado. Talvez os engenheiros e cientistas da computação da locaweb não saibam que é mirror, backup, redundancia etc. Param um sistema para atualizá-lo, coisa de amador. Além disso, há um problema de arquitetura de informação no site da localweb, há agora três entradas para o painel de controle... uma bem escondida... outra somente soube pelo atendente, centraldocliente.locaweb.com.br... rs nenhuma me dá acesso ao painel de controle. Vou jantar que ganho mais... Curtir · · há 23 horas próximo a São Paulo ·   Diólia Graziano e Renato Frigo curtiram isso.  Ver mais 2 comentários  Walter Teixeira Lima Junior O atendente demorou tanto a responder que o chat caiu.. vou ter que entrar de novo. há 22 horas · Curtir
  • 10. 10  Daniel Paiva ixi... estão com problemas por lá... e não é apenas migração.há 22 horas · Curtir  Walter Teixeira Lima Junior eles sempre estão com problemas há 22 horas · Curtir  Wilson Da Costa Bueno E a propaganda é enorme. Por fora bela viola, por dentro pão bolorento. há 13 horas · Curtir Ou ainda outro exemplo da pesquisadora e especialista em Redes Sociais da Internet, líder de opinião em seu grupo, elogiando e veja-se o número de usuários que “curtiram” a sua opinião. Note que são exemplos distintos sobre a mesma empresa: Locaweb. Ana Brambilla Assim como a gente critica marcas nas redes, é preciso também apontar quando elas fazem coisas bacanas - e esse "bacana" começa por reconhecer erros, se desculpar e corrigir. Essa é a melhor fórmula de uma marca agir numa rede social. E foi assim que a Locaweb agiu hoje, através do social media marketer da marca, Victor Hugo Alves. Após ver a crítica q postei ontem aquo, ele me chamou pra um papo, que foi muito bom, reflexivo, instrutivo pros dois, creio. Com a gentileza, a humildade e o discernimento de poucos, o Victor acolheu minhas críticas e agiu rápido. Meia hora mais tarde, outra ação no estande da Locaweb na Campus Party Brasil oferecia um kit de brindes em troca de um tweet. Na fila, 100 senhas foras distribuídas organizadamente.
  • 11. 11 Mais: a moça q alcançava os kits *convidava* as pessoas a tirarem uma foto no backdrop da empresa e *avisava* que ia direto pro Facebook. Tudo educadamente e às claras, tal como deve ser. Parabéns à Locaweb e, sobretudo, ao Victor, por darem um exemplo de como reverter uma situação delicada da melhor maneira possível. Curtir · · Compartilhar · há 3 horas em São Paulo . 22 pessoas curtiram isto. Estes dois exemplos nos mostram que para uma empresa estar presente numa rede social demanda mais que criar apenas uma perfil. Demanda contar com sistemas, processos e pessoas preparados para dar conta de acompanhar e interagir nessas manifestações sabendo quando e como realizar a comunicação de forma coerente deixando uma imagem positiva sempre que possível mas sobretudo prevenindo reverberações negativas. Temos também um exemplo de outro usuário criticando de forma contumaz a Nestlé que vale à pena ser visto dentro do espírito do que temos colocado até aqui: 01/02/2013
  • 12. 12 Pelo que constatamos na pesquisa realizada em 2013 junto aos usuários das dez maiores empresas em número de fãs do Facebook com relação às inteirações ocorridas diariamente nessa rede social, nem todas as empresas estão usufruindo plenamente das possibilidades e conteúdos gerados pela cultura da convergência e ainda insistem em atuar nas mídias sociais com comportamentos da mídia tradicional. Ou seja, nessa pesquisa vimos que apenas uma minoria, ou 0,7%, respondiam ou interagiam com este novo consumidor social, agora com um poder especial conferido pela união em comunidades e criação da chamada inteligência coletiva. Como consequência, ao invés de fortalecer a identidade de suas marcas, acabam fragilizando-as pois estão vulneráveis às trocas de opiniões e ideias que ocorrem vastamente entre os consumidores, à sua revelia, como estes e inúmeros outros exemplos que temos acompanhado na rede social Facebook ou em outras, de diversos casos de consumidores que dizem claramente quando estão satisfeitos ou insatisfeitos com relação a determinados produtos ou serviços influenciando muitos outros de seus círculos de relacionamento com repercussões positivas ou negativas sobre as marcas. Finalizando esta reflexão sabemos que, ao longo da história, o nascimento de uma nova cultura acaba sempre convivendo com a cultura anterior, caminhando ambas paralelamente ou interseccionando-se em alguns pontos por um determinado tempo. No caso da cultura de convergência para as mídias digitais, acreditamos que a velocidade dessas mídias digitais acabou atropelando o andamento das mídias tradicionais demandando respostas mais rápidas e eficazes por parte da comunicação empresarial. As consequências desse momento histórico só poderemos avaliar um pouco mais no futuro. Temos hoje uma única certeza: os empresários e executivos precisam rever urgente suas formas de interagir e de se relacionar com este novo consumidor social. Caso contrário, poderão ser atropelados pelas mudanças, com consequências para a vida e saúde de suas empresas e dos próprios profissionais no mercado. (grifos nossos) Vera Lúcia Vieira. Junho/2015.
  • 13. 13 Referências: CASTELLS, Manuel: Redes de Indignação e de Esperança: movimentos sociais na internet. Rio de Janeiro: Zahar, 2013. CASTELLS, Manuel: The Information Age: Economy, Society and Culture (trilogia): (1996; 2000) - Cambridge, MA; Oxford, UK: Blackwell. Os livros a seguir fazem parte desta trilogia: CASTELLS, Manuel - O Poder da Identidade, 1997 CASTELLS, Manuel - Sociedade em Rede, 1996 CAZELOTO, Edilson. A monocultura informática. In: XVII Encontro Associação Nacionaldos Programas de Pós-Graduação em Comunicação (COMPÓS). São Paulo: Matrizes, vol. 3, núm. 2, enero-julio, 2010, pp. 187-200, USP GORZ, André. O imaterial: conhecimento, valor e capital. São Paulo: Annablume, 2005. JENKINS, HENRY. Cultura da Convergência, São Paulo: Aleph, 2008 LAZZARATO, M. Le concept de travail immatériel: la grande entreprise. Futurantérieur. Paris, L’Harmattan, n.10, 1992. LAZZARATO, M. Le cycle de la production immatérielle. Futur antérieur. Paris: L’Harmattan, n. 16, 1993. LEVY, Pierre. O que é virtual? São Paulo: Editora 34, 1996 e 2009. LIMA JUNIOR, W. T. Mídia social conectada: produção colaborativa de informação de relevância social em ambiente tecnológico digital. Líbero, São Paulo, v. XII, p. 95-106, 2009. MARTINO, L. C. Panorama da pesquisa empírica em comunicação. In.: BRAGA, J. L.; LOPES, M. I. V.; MARTINO, L. C. Pesquisa empírica em comunicação. São Paulo: Paulus,2010. p.135-160
  • 14. 14 VIEIRA, V. L. As Empresas nas Mídias Sociais. Estudo de Caso de 10 Empresas com os maiores números de seguidores no Facebook. São Paulo, All Print Editora. Site: (acessado em 29/01/15 e 15/06/2015) http://canaltech.com.br/noticia/redes-sociais/Pesquisa-comScore-revela-participacao-de- brasileiros-nas-redes-sociais/#ixzz3QP9uXGik. O conteúdo do Canaltech é protegido sob a licença Creative Commons (CC BY-NC-ND). Pode-se reproduzi-lo, desde que insira créditos COM O LINK para o conteúdo original e não faça uso comercial de nossa produção.