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UNIVERSIDADE ABERTA DO BRASIL
                UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA
                   INSTITUTO DE ARTES
             DEPARTAMENTO DE ARTES VISUAIS




                      Selma Cristina Daniel




 Alegorias carnavalescas: uma abordagem significativa sobre a
formação dos valores culturais em alunos do Ensino Fundamental
                               II.




                            Barretos

                       Novembro de 2011
Selma Cristina Daniel




 Contribuições das alegorias carnavalescas como elemento de
formação e desenvolvimento dos valores culturais dos alunos do
                    Ensino Fundamental II.




                       Trabalho de Conclusão do curso de Licenciatura,
                 habilitação em Artes Visuais, do Departamento de Artes
                Visuais do Instituto de Artes da Universidade de Brasília.
                              Orientadores: Christus Menezes Nóbrega .




                            Barretos
                        Novembro de 2011
Dedico este trabalho ao desfile das escolas de samba,
por sua contribuição na cultura brasileira e a mim pela
superação aos percalços emocionais acometidos ao
longo desta trajetória.
AGRADECIMENTOS




      Agradeço a execução deste trabalho, primeiramente a Deus, por ser a luz que
me ilumina e conduz o meu caminho.
      Os meus amigos e familiares pelo constante incentivo e compreensão pelas
minhas faltas para com eles.
      A todos os tutores, professores e autores das disciplinas cursadas, pela total
motivação e por acreditarem na minha capacidade, não esqueço de nenhum deles e
nem de suas palavras.
      A nossa ex-tutora presencial Ana Cláudia Neif Sanches por toda paciência
para comigo no inicio deste curso.
      Ao “anjo” que nos foi enviado, a tutora presencial Ângela, pois com sua
doçura sempre procurou me dizer algo para que eu acreditasse mais em mim.
      Em fim, agradeço o companheirismo de todos os colegas dessa jornada.
SUMÁRIO




INTRODUÇÃO

CAPÍTULO 1 - AS ALEGORIAS CARNAVALESCAS DAS ESCOLAS DE SAMBA

DO RIO DE JANEIRO

1.1 – O carnaval: aspectos sócio-culturais e estéticos

1.2 - O processo de criação das alegorias carnavalescas

1.2 - Processos Produtivos

CAPÍTULO 2 – CARNAVAL E ESCOLA

2.2 – O Carnaval e a escola: formação e desenvolvimento dos valores culturais

dos alunos do ensino fundamental II

2.3 - Uma proposta pedagógica de como trabalhar os processos criativos

carnavalescos das escolas de samba do Rio de Janeiro com alunos do ensino

fundamental II

CONCLUSÃO

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
INTRODUÇÃO




      A arte pode ser observada de diferentes formas, pois nem sempre ela se
apresenta no cotidiano como obra de arte (PCNs/artes,p.37). Uma das formas mais
comuns de apreciação artística encontra-se nas alegorias de carnaval. Estas
transformaram o desfile das escolas de samba num grande espetáculo visual.
      As alegorias funcionam como verdadeiros cenários ambulantes e na sua
maioria apresentam-se belas, suntuosas, trazendo consigo uma história.
      No contexto social, o carnaval sempre fez parte da minha vida. Na
adolescência, minha presença no desfile era como passista na escola de samba,
atualmente, trabalho na confecção de fantasias.
      O tema referente às alegorias carnavalescas se torna muito interessante e
importante, pois, a partir da pesquisa compreenderemos melhor seu valor no
contexto do carnaval do Rio de janeiro, o desfile.
      A pesquisa teórica investiga a criação das alegorias de carnaval das escolas
de samba do Rio de Janeiro e justifica-se o tema pela sua contribuição no
desenvolvimento da criatividade dos alunos. Além de auxiliar no processo de
desenvolvimento da criatividade, fará com que eles observem a produção na
representação de uma história e no contexto cultural. Como também, os levarão ao
reconhecimento, a observação e a experimentação das formas visuais. E, se


                      “Toda forma é forma de comunicação ao mesmo tempo que forma de
                     realização, assim : Ela corresponde ainda, a aspectos expressivos de um
                     desenvolvimento interior na pessoa, refletindo processos de crescimento e
                     de maturação cujos níveis integrativos consideramos indispensáveis para a
                     realização das potencialidades criativas”.(OSTROWER, 2006 ,p. 5 e 6).



      Dada à relevância do tema, o trabalho contribuirá para que o aluno perceba o
desenvolvimento da produção na prática de trabalho colaborativo, coletivo e
comunitário. E, mais, a partir das investigações, os alunos poderão reconhecer e
valorizar as festas populares do país, como também a nossa cultura popular.

                     “O incentivo à curiosidade pela manifestação artística de diferentes culturas,
                     [...] pode despertar no aluno o interesse por valores diferentes dos seus,
                     promovendo o respeito e o reconhecimento dessas distinções; [...]
possibilitando ao aluno reconhecer em si e valorizar no outro a capacidade
                      artística de manifestar-se na diversidade”. (PCNs/arte, 1997,p.37)


      Assim,     o   proposto    trabalho    visa   estimular     o   desenvolvimento        da
potencialidade criativa de cada aluno, sempre respeitando seu ritmo, pois cada um
tem seu ritmo de trabalho e de apreensão. Além da motivação, nós educadores
devemos propiciar que cada aluno se desenvolva como pessoa critica e criativa.
(Pulino, 2009)
CAPÍTULO 1 – AS ALEGORIAS CARNAVALESCAS DAS ESCOLAS DE SAMBA

DO RIO DE JANEIRO.



      O carnaval carioca é conhecido mundialmente. A televisão brasileira transmite
o desfile de carnaval das escolas de samba do Rio de Janeiro para toda parte do
mundo, mas quem tem oportunidade de apreciá-lo pessoalmente, certamente,
sentiram outra emoção.
      Os criadores e organizadores dessa festa de visual espetacular, a cada ano
nos surpreendem mais com novidades, conseguindo atrair milhares de espectadores
deslumbrados, por tanta beleza.
      As escolas adentram a passarela contando uma história conduzida pela letra
do samba-enredo. O tema, ou seja, o enredo é a base de orientação para o
desenrolar dessa história, e depois, transforma-la em linguagem plástica.
      De acordo com Cavalcanti (2006), os carros são alegorias do enredo
idealizado a partir de tópicos que orientam a narrativa. As alegorias falam em geral
por sua própria natureza de muito mais coisas que o samba. Estamos dentro da
primazia do visual.
      As alegorias devem adequar-se ao enredo e transmitir com clareza a sua
proposta dentro dele, mas algumas delas surgem tão carregadas de símbolos e de
elementos visuais exagerados, extrapolando seu significado, o que as torna
extremamente complexas para sua fruição.
      Mesmo previstas num projeto, afirma Cavalcanti (2006), as alegorias
terminam por falar mais, muito mais do que seu enunciado verbal poderia supor. O
conjunto de seus elementos visuais remete simultaneamente a tantos outros
sentidos possíveis que, vê-las em desfile é extasiar-se, encher os olhos e acolher a
perplexidade diante da impossibilidade de decifrá-las totalmente. Esse é o seu
poderoso encanto.
      Cavalcanti diz que, as alegorias primam pelo seu visual e toda a relação
desse visual está relacionada intimamente com o espetáculo, pois separa o “ator” do
“espectador”, transmitindo uma série de emoções e ainda retratando parte do
enredo.
O sentido de centralidade visual atribuído às alegorias, refere-se à idéia que
ela torna-se arte, com elementos que colaboram na transmissão de sensibilidade
que permeia a relação, alegoria e os seus espectadores.
      Ostrower diz:

                      Ainda que em diferentes graus, ou totalmente em áreas sensíveis
                      diferentes, todo ser humano, que nasce, nasce com um potencial de
                      sensibilidade. (OSTROWER, 2008, p. 12)


      Diferente do espectador, os jurados ao julgarem um carro alegórico, não se
preocupam apenas com o visual, ou com o grau de emoção que ela provoca no
público, mas sim com a representatividade dentro do enredo. Para conquistar as
maiores notas os jurados analisam a capacidade das escolas de criar alegorias que
explorem as potencialidades do enredo, pois de nada adianta um carro alegórico ser
fantástico, belo, suntuoso e não ter representatividade.
      Toda a comunidade carnavalesca é envolvida, num espírito de coletividade,
união e superação. A produção dessas alegorias é guardada meticulosamente, para
não ser revelado nenhum dos segredos da visualidade, mantendo uma magia
contagiante, na hora da entrada na avenida.
      São, aproximadamente, oitocentos mil metros de comprimento e treze de
largura disponíveis para sua apresentação, confirma Magalhães (1997) lá se
encontra milhares de pessoas ansiosas, a sua espera. Mesmo diante de toda essa
expectativa que a cerca, continua Cavalcanti (2006), como se fossem inacabáveis,
as alegorias aprontam-se apenas instantes antes de sua entrada em desfile. Deste
modo, quando a primeira entra, a última ainda está se aprontando.
      Além dos retoques finais, na concentração, são colocados os destaques,
pessoas que as incorporam como elementos de composição do enredo.
      Admiráveis, no desfile, elas passam deslumbrantes, majestosas, belas, sendo
insistentemente aclamadas pelo público, deixando-os completamente perplexos.
      Diante disso, Cavalcanti complementa:
      “É inútil querer detê-las, elas se sucedem impiedosamente. Se tivéssemos a
liberdade de movimento para acompanhar apenas uma delas, perderíamos todas as
demais e o conjunto do desfile” (CAVALCANTI-2006, p.178).
      Assim, a autora conclui: “Uma vez prontas para serem apreciadas, parecem
inesgotáveis e, no entanto, logo acabam” (CAVALCANTI, 2006, p.181)
1.1 - O Carnaval no Rio de Janeiro: aspectos sócio- culturais e estéticos



       As pessoas e as sociedades mudam. Como também, mudam as formas de
manifestação dessas culturas. O carnaval carioca é uma festa de características
popular e cultural.
       De acordo com Cavalcanti (2006) o aparecimento das escolas de samba no
rio de Janeiro ocorreu por volta de 1920. A partir daí, elas se desenvolveram em
vários aspectos.
       Dito isto, Cavalcanti (2006) descreve o processo de expansão dos desfiles de
carnaval, do passado, até a aparição da primeira escola de samba.
No século XIX, a grande elite desfilava com enredos de crítica social e política e ao
som de árias de ópera, apresentavam-se com luxuosas fantasias e carros
alegóricos, bem organizados pela camada mais rica da sociedade. No final do
século XIX surgiram os ranchos – organizados pela pequena burguesia urbana -
desfilavam com enredo, fantasias e carros alegóricos, só que ao som de sua marcha
característica. Os blocos, de modo bem menos estruturado, abrigavam grupos cujas
bases situavam nas áreas de morada das camadas mais pobres da população, nos
morros e subúrbios cariocas. Após o surgimento das escolas de samba, essa
distinção social se desfez. No bairro carioca, Estácio de Sá, no fim da década de
1920, surgiu a primeira escola de samba, a “Deixa Eu Falar” (CAVALCANTI, 2006).
       Daí em diante as escolas de samba do Rio de Janeiro obtiveram,
considerável ascensão, visual, social e cultural.
       Já para a carnavalesca Rosa Magalhães (1997), a escola é um modelo social
e, não possui padrões sociais hierárquicos. As pessoas, simplesmente, se
distinguem apenas por ter mais ou menos habilidades: cantar, dançar ou tocar
instrumentos. Pessoas de culturas e escolaridade distintas encontram com
empresários, artistas plásticos, escultores, médicos e tantos outros.
       O tipo brasileiro, de um modo geral, não define uma classe social ou étnica
específica, do mesmo modo, o freqüentador de uma escola de samba não pode ser
diferenciado. Contudo, esse grupo contempla a mais perfeita integração entre as
camadas sociais da população, buscando conquistar o titulo de campeã, afirma
Magalhães (1997).
       Diante disto, Barbosa diz que:
O que temos, entretanto é o Apartheid cultural. Para o povo, o candomblé, o
                     carnaval, o bumba meu boi e a sonegação de códigos eruditos de arte que
                     presidem o gosto de classe dominante que, por ser dominante tem
                     possibilidade de ser mais abrangente e também domina os códigos da
                     cultura popular. Basta ver o número de teses que se escrevem na
                     universidade sobre cultura e arte popular, e ainda a elite econômica e
                     cultural desfilando nas escolas de samba no Carnaval. As massas têm
                     direito a sua própria cultura e também a cultura da elite, da mesma maneira
                     que a elite já se apropriou da cultura de massa, [...]
                      (Barbosa, 2007, p. 33).


       Cavalcanti (2006, p.68) também concorda com a carnavalesca Rosa
Magalhães (1997) quando diz que “o surgimento das escolas de samba no cenário
carnavalesco, possibilitou uma vasta interação entre grupos e camadas sociais, num
processo que trouxe para as escolas de samba não só uma grande vitalidade, como
também, talvez por isso mesmo, uma forte tensão na divisão de alas”.
       Há um constante trânsito entre as diferenças socioculturais, e isso acontece
durante o desfile, permeado de diversos níveis simbólicos e sociais. Um exemplo
disto são os destaques que vem como elementos do desfile, em cima dos carros
alegóricos e o da rainha de bateria.
       Os destaques alegóricos, geralmente, são pessoas conhecidas, artistas de
constante aparição na mídia televisiva, jornais e revistas. A maior parte é constituída
por mulheres belíssimas, celebridades que primam pelo visual, portanto, aspiram
pelos lugares mais destacados, como os carros alegóricos. Além disso, a televisão
mostra suas imagens repetidamente e lentamente, focando no corpo quase nu, nas
curvas e nos movimentos bem sensuais.
       Outro exemplo díspar no conjunto do desfile é a ala das Baianas. A maioria
delas são mulheres idosas, que um dia brilharam como passistas da escola de
samba, e hoje, por encontrarem com suas formas mais arredondadas integram a
ala. Extremamente respeitadas e valorizadas, as baianas ocupam um lugar de suma
importância no contexto geral do desfile. ”A ala alude às origens afro-brasileiras do
samba”, pois suas fantasias consistem em saias bem rodadas, com anágua,
armação e um pano jogado nas costas, na cabeça turbante e chinelas nos pés.
Quanto aos acessórios, muitos colares e pulseiras. Apesar de não serem julgadas
no conjunto do desfile, a sua evolução e seu canto são um diferencial na hora do
desfile.
       Mais uma tensão também pode ser citada, segundo Cavalcanti, a relação,
carnavalesco - compositor é radicalmente distinta: o enredo a ser cantado em samba
é de autoria do carnavalesco e, muito frequentemente, o carnavalesco provém de
setores sociais distintos daqueles dos sambistas, de um meio cultural diverso.
       Laraia diz:
                     Os indivíduos participam diferentemente de sua cultura. Nenhuma pessoa é
                     capaz de participar de todos os elementos de sua cultura, não importando
                     se essa pessoa vive numa sociedade complexa com alto grau de
                     especialização ou na mais simples das sociedades (BURGOS-FRAGOSO
                     APUD LARAIA 2006).


      Assim, mesmo entre conflitos, as diferentes classes, todos os atores do
desfile se empenham, ao máximo, para a obtenção do título, ser campeão. Num
instante de magia e poesia, ali, na “passarela do samba”, todas as divergências são
superadas. De acordo com Rosa Magalhães (1997), a escola possui dois lugares
distintos: a quadra (sede) e o barracão. Na quadra acontecem às disputas para a
escolha do samba-enredo; e os ensaios. O barracão é o lugar onde se prepara o
desfile de carnaval. Com isso, compreendemos que a produção do desfile, transita
por estes dois setores principais, mas, não podemos esquecer das alas espalhadas
pelos diferentes bairros da cidade.
      Para Cavalcanti (2006), quadra, barracão e alas organizam redes sociais e
processos culturais específicos que se articulam na confecção de um desfile. A
quadra sintetiza a relação da escola com o mundo do samba, o barracão com o
“visual”; entre esses dois pólos, espalham-se as alas, com redes múltiplas de
sociabilidades particulares.
      Depois de um ano de intenso fazer artístico, a realização desse trabalho
transforma-se num evento de grandes proporções : o desfile das escolas de samba
do Rio de Janeiro - onde a qualidade estética do Sambódromo agrega os detalhes e
elementos visuais. Nele, as escolas passam sucessivamente, com o objetivo único,
o titulo de campeã. Nessa disputa, comumente, surgem divergências de múltiplos
sentidos e, mesmo diante do embate, da rivalidade, ainda prevalece o respeito às
regras de sociabilidade pré-estabelecidas no campo da competitividade.
       Maria Laura Cavalcanti diz que:

                     Ao permitir a combinação entre proximidade e hostilidade, entre as escolas
                     de samba e o interior de cada uma delas, o desfile permite a troca, a
                     comunicação e de forma notável, a articulação e o confronto dos diferentes
                     valores que atravessam as também tão diferentes camadas sociais de uma
                     grande cidade (CAVALCANTI, 2006, p. 34).
Seguindo essa linha de pensamento, vale ressaltar o que afirma Cavalcanti:
“Um carnaval começa discutido por alguns e se espraia em círculos concêntricos,
agregando em torno de si um número cada vez maior de pessoas até o momento
em que essa imensa rede aparece em desfile para toda a cidade. Cada pequeno
passo desse processo corresponde a uma mediação entre agentes heterogêneos”.
(CAVALCANTI, 2006, p. 87)
      Rosa Magalhães (1997) diz que acompanhou a evolução do carnaval carioca
por mais de vinte anos, por isso, afirma que as mudanças ocorridas foram somente
de ordem administrativa e estética, preservando sua essência.
      Na ânsia de consagrar sua escola campeã do carnaval, os integrantes, na
exatidão de suas apresentações, cada um cumpre seu papel no desfile, o de contar
da melhor forma possível - o enredo da escola na avenida.
1.1 - O processo de criação das alegorias carnavalescas


      O enredo indicado transforma-se na linguagem plástica e visual das fantasias,
adereços e alegorias. Os carnavalescos desenvolvem a concepção do carnaval:
além da elaboração do samba-enredo, desenham os figurinos das fantasias e os
projetos dos carros alegóricos (CAVALCANTI, 2006).
      Idealizar um tema-enredo para uma escola de samba é tarefa do
carnavalesco, pode ser também indicado por outra pessoa, de dentro da
agremiação, ou por integrantes da comissão de carnaval, até mesmo por
admiradores anônimos do carnaval.
       Elaborada a sinopse, esta é apresentada aos compositores para o
desenvolvimento do samba-enredo. A partir daí, o carnavalesco dá “asas a sua
imaginação”.
      O processo de criação do carnavalesco inicia-se, na imaginação, na idéia, “na
cabeça”. Existem duas partes que envolvem o processo de confecção do carnaval. A
primeira acontece na mente do carnavalesco, quando ele concebe a idéia, a
segunda quando essa idéia se configura, toma forma.
      Nesse caso, explica Cavalcanti (2006): Se, a concepção das alegorias é
atributo do carnavalesco, então podemos dizer que é ele quem concebe o carnaval.
      Conceber, segundo Cavalcanti (2006.p, 174) “é uma função primordial da
cabeça, é vista como tendo primazia sobre o executar, uma função de todo o corpo”.
Portanto, a criação das alegorias, primeiramente, se forma no campo da intuição e
de acordo com Ostrower(2006), os processos intuitivos se tornam conscientes na
medida em que os expressamos, que lhe damos forma.
      Podemos citar como exemplo, o carnavalesco Paulo Barros conhecido como
o Homem Criativo do carnaval carioca, atuando na escola de samba Unidos da
Tijuca. Barros em entrevista a uma revista, diz que o seu processo de criação se dá
“no levantar da cadeira”. Quando alguma coisa o incita a sua imaginação,
automaticamente, levanta-se da cadeira. ”Quando vejo alguma coisa e desloco da
cadeira é porque aquilo me incomodou. Se me incomodou, é bom” (Revista-Tijuca,
2011, p. 10). Segundo Briso(2011), o processo de criação de Paulo Barros é solitário e

secreto, ele jamais compartilha uma ideia antes de concretizá-la em um projeto
coletivo.Também se recusa a detalhar, explicar o que já fez. (Briso-2011).
Isso confere a importância do carnavalesco na criação de imagens
diretamente ligadas ao enredo de maneira criativa.
      No processo de criação de fantasias, adereços e alegorias, a primeira coisa
que acontece com a cabeça do carnavalesco é imaginar, querer descobrir o
desconhecido, é deixar fluir as idéias para depois configurá-las. O ato criador,
estrutura e organiza o mundo, respondendo aos desafios que dele emanam, num
constante processo de transformação do homem e da realidade circundante
(OSTROWER, 2006). O produto da ação criadora, a inovação, é resultante do
acréscimo de novos elementos estruturais ou da modificação de outros. Regido pela
necessidade básica de ordenação, o espírito humano cria, continuamente, sua
consciência de existir por meio de manifestações diversas (PCNs /arte, 1997,p.21).
      Após as ordenações ideológicas, o carnavalesco, as configura, passa a
formá-las, entrando nessa etapa, o desenho. E, caso não possua habilidades para o
desenho, recorre ao trabalho de um desenhista.
      Ostrower diz que:

                     O homem elabora seu potencial criador através do trabalho[...]. A criação
                     se desdobra no trabalho porquanto este traz em si a necessidade que gera
                     as possíveis soluções criativas.Nem na arte existiria criatividade se não
                     pudéssemos encarar o fazer artístico como trabalho, como um fazer
                     intencional produtivo e necessário que amplia em nós a capacidade de viver
                     (OSTROWER,2008, p.31).


      Na criação das alegorias, primeiramente, é feita uma planta baixa, ou seja ,
um desenho, conforme nos explica Magalhães (1977,p.78) “Uma planta baixa e uma
vista frontal, em escala, são suficientes para sua execução básica”. Já o desenho
das fantasias têm forma bidimensional e a partir deles é que são feitos os protótipos
para serem distribuidos entre as alas. O protótipo visa garantir o efeito visual das
fantasias, confirma Cavalcanti (2006,p.191).
      É nesse mundo interior, como diz Fayga (2008) onde a emoção permeia os
pensamentos e o criar, tido como um processo existencial,                      parece afluir
instantaneamente, e a intuição para a criação, adentra a mente criativa dos
carnavalescos.
1.2 – Processos Produtivos (Etapas de construção das alegorias)


                     Glória a quem trabalha o ano inteiro. Em mutirão São escultores, são
                     pintores, bordadeiras São carpinteiros, vidraceiros, costureiras Figurinista,
                     desenhista e artesão Gente empenhada em construir a ilusão...(Pra tudo se
                     acabar na Quarta-Feira, Martinho da Vila – GRES Unidos de Vila Isabel,
                     1984)



      O olhar do idealizador é observador, sensível, curioso, pois o que concebeu
começa a tomar forma. É com o olhar atento a todos os detalhes que o criador do
carnaval, acompanha o processo coletivo de produção das alegorias. No que se
refere aos aspectos artísticos das alegorias, diz Cavalcanti (2006), o carnavalesco é
autoridade máxima do barracão.
      A criatividade, estabelecida na produtividade coletiva das alegorias, segue
terminantemente, todas as etapas de sua produção.
      Em qualquer escola de samba do Rio de janeiro, as etapas são
rigorosamente, cumpridas, afinal, o processo de sua produção é minucioso.
      Antes de iniciarem a produção das alegorias, um grupo de pessoas
contratadas, desmonta aquelas do desfile do carnaval passado. Separam tudo que
puder ser reaproveitado para atual produção, caso contrário, o restante é descartado
e doado para escolas menores ou para a reciclagem. Geralmente, são estas
mesmas pessoas se encarregam da organização do barracão para o inicio da nova
produção.
      Apesar dos conflitos, há interatividade entre o pessoal na construção coletiva
das alegorias no interior do barracão, as quais examinaremos aqui:
      Com a planta em mãos começa o trabalho da ferragem. A ferragem é
montada sobre o chassi de um caminhão, um suporte, ou seja, uma base de
sustentação. Os ferros são moldados de acordo com o desenho, em seguida, o
ferreiro vai soldando-os e aos poucos começa a tomar forma, o processo é
demorado, precisa ser bem feito para poder sustentar tudo que será acrescentado
em cima dele. Isso requer dos ferreiros certa força, pois o ferro é um material
pesado, é preciso também ter muito cuidado para não se queimarem com a solda.
Em seguida, os carpinteiros, “dão forma ao carro”, serram a madeira e revestem a
estrutura de ferro, munidos dos projetos gráficos desenhados pelo carnavalesco,
aonde vem especificadas as dimensões dos carros (CAVALCANTI-2006). Deve ser
tudo bem pregado para garantir a segurança dos integrantes (destaques) que
desfilarão acima.
          Magalhães (1997, p.85) diz que “Os carpinteiros também fornecem as peças
de decoração dos carros [...] portas, colunas, tetos especiais, mobiliário, que depois
serão levados para a pintura e acabamento. Outro recurso para agilizar a confecção
dos carros, aponta Magalhães (1997, p.85), é o desenhista ampliar o desenho numa
escala de 1.1 e traduzir para a madeira o encaixe do que foi definido no projeto”.
          Finalizadas as etapas de ferragem e carpintaria, o mecânico posiciona as
rodas e o volante do carro, o correto mesmo, seria fazer o trabalho de mecanismo,
antes do revestimento, para não correr o risco de danificar a madeira. Outra pessoa
se encarrega de colocar os pneus.
          No barracão de uma escola de samba, a escultura recebe a denominação de
arte, correspondendo, assim, ao núcleo expressivo do carro alegórico, conta
Cavalcanti (2006). Elas dão uma vida toda especial aos carros, completa Magalhães
(1997).
                                                                             1
                            Antigamente, as esculturas eram em tabatinga .O trabalho era muito
                            delicado, sujeito a rachadura, necessitando de uma estrutura interna para
                            segurar o molde de barro, que depois era reproduzido em gesso para só
                            então ser feito de papier mâché2. Assim eram feitas as esculturas desse
                            universo mágico até o advento do isopor, o que não invalidou as técnicas
                            antigas. (MAGALHÃES, 1997, p. 59).



          Há algum tempo as escolas de samba, aderiram ao isopor, um material mais
leve, consistente e bem macio para ser esculpido. A modelagem das esculturas
depende muito do trabalho da moldagem, realizado anteriormente, pois se a forma
não for precisa pode dificultar e muito o trabalho do escultor (CAVALCANTI, 2006).
Uma das qualidades esperadas do escultor nesse processo é a paciência, nos conta
Cavalcanti (2006).
          Os blocos de isopor são riscados e aos poucos vão sendo desbastada, conta
Magalhães (1997), a modelagem é feita por partes e com muito cuidado para não
fazer cortes no isopor. Nesse processo, Magalhães (1997) observou o uso de
instrumentos como os facões e Cavalcanti, (2006) o serrote.

1
    tabatinga: argila de coloração variada.
2
    papier mâché: massa composta por uma mistura de cola com papel, água, uma pitada de formol ou
vinagre para sua conservação, e farinha de trigo. Essa massa é utilizada para modelar.
Depois de pronta, a escultura precisa ser lixada, e o instrumento mais
utilizado para esse processo e considerado incomum para quem não conhece o
trabalho no interior de um barracão, é o ralo de lata de sardinha, artesanalmente,
feito com furos de pregos, obtendo, assim, melhor acabamento e resultado
(CAVALCANTI, 2006; MAGALHÃES, 1997).
      No barracão, surgem outros instrumentos artesanalmente adaptados na
modelagem do isopor, como: serras retorcidas, facas afiadíssimas, giletes, estiletes,
arames em formato de ganchos, espetinhos para churrasco, copinho descartável
para misturar cola, varetas de tamanho e espessura variadas. As peças esculpidas
são coladas com cola a base de poliuretano, que ao entrar em contato com o ar se
expande, não é inflamável, ao contrário das colas comuns (CAVALCANTI, 2006).
      Continuando, conta Magalhães (1997) coladas essas partes, o molde de
isopor é revestido por uma camada de papel mâché, chamada de “empastelação”, é
necessário ficar bem lisa para receber a moldagem de uma mistura de gesso com
sisal que seca em vinte e quatro horas. Daí, então, retira-se o molde de isopor que,
frequentemente estraga, a salvo poucas partes são reaproveitadas.
      Cavalcanti nos atenta para uma curiosidade observada na escultura em
isopor:
                     Seu caráter oculto e efêmero. As formas esculturais em isopor são
                     raramente vistas. O escultor que trabalha com isopor é como que um artista
                     escondido: excetuando o caso de peças únicas, as peças em isopor não
                     fazem parte da composição do carro alegórico. Na maior parte das vezes
                     são simplesmente moldes. (CAVALCANTI, 2006, p.163)



      No barracão, a escultura em isopor é criação, afirma Cavalcanti (2006), por
isso a ideia que ela passa de “arte”, sua forma é idealizada pelo carnavalesco e
indicada no desenho. E, seu escultor um artista, pois, “ao transpor o desenho para a
forma e dar a peça seus limites e muitas vezes, até sua expressão, o escultor é
apreciado como artista”.
      O processo de “bater fibra de vidro”, na opinião dos profissionais dessa área
no barracão, é um trabalho árduo e perigoso. Primeiro, porque a fibra de vidro é um
material químico, a base de resina, catalisador e cobalto. Nos dias mais quentes,
essa mistura tem que ser mais fraca, se não endurece antes de lhe dar a forma.
Segundo, porque é inflamável, e é apagada com talco, conta Cavalcanti (2006).
O processo de bater fibra de vidro consiste em: abrir o molde de gesso já
seco e espalhar rapidamente no interior do gesso pedaços do manto de fibra,
pincelando por cima a mistura de cobalto, etileno e catalisador. Exemplificando, o
molde de gesso é aberto em duas partes e forrado com pedaços de trama de fibra
de vidro, pinceladas com duas camadas de resina, dissolvendo- a. A secagem é
rápida. Corta os excessos de material com tesoura, desprende a fibra do molde e
deixa-a repousar para endurecer bem. Depois é só costurar suas partes, uma na
outra, explica Cavalcanti (2006).
      A pintura é uma das fases finais da confecção de um carro alegórico, Rosa
Magalhães (1997) refere-se à fase como “pintura de arte”. Relacionados aos
aspectos específicos da decoração, Cavalcanti (2006) menciona a pintura, como o
ponto alto da decoração e destaca também a espelhação e o movimento dos carros
alegóricos.
      Na pintura, conta Magalhães (1997), normalmente, usam a tinta a base de
PVA, ela seca rapidamente e por ser diluída em água, não é muito tóxica. Algumas
cores são compradas prontas, outras são preparadas no barracão, mas dependendo
da tonalidade desejada recebem pigmentos industriais. Os pincéis por causa das
superfícies diferentes sofrem um tremendo desgaste. As características básicas do
pintor de alegorias exigem que ele seja, além da habilidade para a pintura, ser
observador e paciente.
      Na finalização, Magalhães (1997, p.99) diz que, um dos lugares mais
interessantes no barracão de uma escola de samba é a parte de adereços. “Adereço
abrange forração, decoração e acabamento”. Lá, todo tipo de material pode ser
aproveitado e reutilizado, como também transformado, como: saltos de tamancos,
rolhas de cortiça, coador de café e tantos outros mais.

                     Certa vez tivemos que consumir refrigerantes de dois litros, cujas garrafas
                     verdes transparentes iam sendo colecionadas, Quando já tínhamos uma
                     boa quantidade, disseram que as verdes eram suficientes; precisavam, a
                     partir dali, das de cor branca-[...] que acabaram se transformando em
                     mangas de lustres do século XIX(MAGALHÃES, 1997,p.99).


Diante da possibilidade de transformação de objetos insólitos, em material
decorativo, observamos o quanto à criatividade é estimulada no barracão de uma
escola de samba, assinalando assim as qualidades de um aderecista: habilidade
manual e criatividade para transformar. (MAGALHÃES, 1997)
Enriquecendo o visual, tecidos, lantejoulas, plumas, espelhos e outros,
completam o luxo dos carros e assim que terminam a decoração, a tecnologia entra
para dar os devidos movimentos às esculturas.
       Mesmo prontos, na concentração a equipe de decoração, ainda lhes dão
alguns retoques finais, antes de se apresentarem na passarela do samba.
CAPÍTULO 2 – CARNAVAL E ESCOLA



                     “O intercruzamento de padrões estéticos e o discernimento de valores devia
                     ser o princípio dialético a presidir os conteúdos dos currículos na escola,
                     através da magia do fazer, da leitura deste fazer e dos fazeres de artistas
                     populares e eruditos, e da contextualização destes artistas no seu tempo e
                     no seu espaço.” (Barbosa-2007.p, 34).



      Nos aspectos gerais, o carnaval do Brasil é reconhecido como uma das festas
mais populares da nossa cultura. E, essa manifestação da cultura popular brasileira
é comemorada de diferentes formas nas regiões do nosso país. No Rio de janeiro,
essa festividade representa-se na forma de desfile das escolas de samba, o que a
transformou numa grande atração, mundialmente conhecida.
      O carnaval e os desfiles das escolas de samba tornaram-se conteúdo de
aprendizagem do currículo escolar, contribuindo para a construção e divulgação de
imagens da nossa cultura. O conjunto do desfile traz elementos presentes nas
expressões artísticas, das artes visuais, dança, música e teatro.
      Segundo, Maciel e Pulino (2009, p.311), “ao se pensar sobre o ensino-
aprendizagem de artes, deve-se considerar a relação entre pessoas, envolvidas no
processo de conhecer, produzir e criar arte”. E, se “a escola é o lugar do encontro
entre pessoas que entram em contato com a produção popular e cultural construída
ao longo da história” (MACIEL-PULINO, 2009, p.311). Deste modo, ela deve
oportunizar   diversos   momentos      que potencializem o           desenvolvimento das
potencialidades criativas, como também a formação dos valores culturais de seus
alunos, e o carnaval, por ser uma manifestação cultural relevante em nosso país,
cumpre com esse objetivo.
2.2 – O Carnaval e a escola: formação e desenvolvimento dos valores culturais

dos alunos do ensino fundamental II



      A formação do indivíduo, da sua identidade, é um processo social, cultural e
histórico e se dá por meio das relações formais e informais na sociedade, pois na
medida em que age no mundo e relaciona-se com os outros, constitui-se, participa
da construção da sociedade e da cultura (MACIEL-PULINO, 2009, p.313).
      Os alunos em questão, especificamente, os do ensino do ensino fundamental
II atravessam uma fase de criação da própria poética, é nesse momento da vida que
passam a se aproximar mais das questões do mundo dos adultos, compreendendo-
as dentro das suas possibilidades (PCNs/artes,1997). Mudam também as formas de
expressão e o modo de representação, tornando-se mais analíticos e descritivos
(OSTROWER, 2006). O interesse por valores diferentes dos seus aumenta, de
acordo com as valorações da cultura em que vive. (OSTROWER, 2006).
      Ostrower (2006) fala que nessa fase o aluno fica exigente e muito crítico em
relação à própria produção, justamente porque nesse momento de seu
desenvolvimento já pode compará-la, de modo mais sistemático, às do círculo de
produção social ao qual tem acesso.
      Dada, essas características, consideremos então, que nesse período a
criança é menos espontânea e menos criativa nas atividades artísticas em relação
ao período anterior à escolaridade (PCNs/artes, 1997).
      Um dos papeis da escola é acolher a diversidade do repertorio cultural que o
aluno traz de casa e ensinar valores importantes para o convívio em sociedade.
(PCNs/artes, 1997). Assim ele saberá reconhecer e trabalhar, os aspectos do desfile
de carnaval, como “fenômeno artístico presente na mais distinta manifestação que
compõem os acervos da cultura popular” (PCN /artes, 1997, p.37). E, ainda,
reconhecerão nas relações estabelecidas e nas possíveis ordenações dos
fenômenos, nas opções, decisões, ações, que nos acompanham, nos conflitos que
possam causar ou nas alegrias, saberão que as coisas se definem para nós a partir
de avaliações internas e, assim, os valores participam do nosso diálogo com a vida
(OSTROWER, 2006, p.101).
No contexto escolar, tem se descoberto o carnaval como ferramenta
pedagógica de grande contribuição na formação dos valores culturais, no
desenvolvimento criativo e cultural dos alunos.
      No conjunto do desfile das escolas de samba, entram em cena todas as
expressões artísticas e suas formas de expressão, desde a elaboração do enredo
até a entrada da escola na avenida. Os sambas-enredo, por exemplo, geralmente,
falam sobre a história do Brasil e estes, se associados ao conteúdo escolar como
proposta de atividades culturais, poderá manter a “qualidade da ação pedagógica
que considera tanto as competências relativas à percepção estética, quanto àquelas
envolvidas no fazer artístico e podem contribuir para o fortalecimento da consciência
criadora do aluno” (PCNs/arte, 1997,p.36).
      Com suas valorações, o contexto cultural orienta os rumos da criação e esses
valores participam do nosso diálogo com a vida (OSTROWER, 2006, p.101).
2.3 - Uma proposta pedagógica de como trabalhar os processos criativos
carnavalescos das escolas de samba do Rio de Janeiro com alunos do ensino
fundamental II


Tema do projeto: Contribuições do Samba-enredo para a interpretação
histórica da abolição da escravidão no Brasil.


A letra de um samba-enredo, geralmente, está associada ao contexto histórico em
que foi produzida, contudo ela poderá tornar – se uma ótima ferramenta pedagógica
para ser trabalhada interdisciplinarmente em projetos escolares. O samba-enredo
escolhido tem conteúdo histórico, capaz de estabelecer relações existentes na
história do Brasil e nas Artes Visuais, abrangendo o campo da cultura popular
brasileira. O samba-enredo pode ser visto como meio de expressão artística e forma
de conhecimento.

                     Mais do que o ensino, a aplicação da pesquisa na escola conduz ao
                     domínio das habilidades didáticas renovadoras pela discussão, pela leitura,
                     pela observação, pela coleta de dados para comprovação de conjecturas
                     sobre os fatos, pela análise criativa das deduções, conclusões e, sobretudo,
                     pela reconstrução do conhecimento a partir daquilo que os alunos já sabem
                     (NININ-APUD-MARTINS, 2001).



      O proposto projeto aborda um acontecimento histórico do Brasil, através da
letra do Samba-enredo “Liberdade, Liberdade abre as asas sobre nós”. No contexto
geral o projeto reúne, pesquisa, arte, história do Brasil, música, dança, fotografia e
exposição. A proposta pedagógica de composição fotográfica sugere um visual de
cores e brilhos da história da nossa cultura popular.


Letra do Samba-enredo da escola de samba Imperatriz Leopondinense
Liberdade, Liberdade abra as asas sobre nós -1989.
Compositores: NiltinhoTristeza, Preto Jóia, Jurandir,Vicentinho
Intérprete: Dominguinhos da Estácio.


(Estrofes trabalhadas em negrito)
Vem, vem reviver comigo amor
O centenário em poesia
Nesta pátria-mãe querida
O império decadente, muito rico, incoerente
Era fidalguia e por isso que surgem
Surgem os tamborins, vem emoção
A bateria vem, no pique da canção
E a nobreza enfeita o luxo do salão
Vem viver o sonho que sonhei
Ao longe faz-se ouvir
Tem verde-e-branco por aí
Brilhando na Sapucaí
Da guerra nunca mais
Esqueceremos do patrono, o duque imortal
A imigração floriu, de cultura o Brasil
A música encanta, e o povo canta assim
Pra Isabel, a heroína, que assinou a lei divina
Negro dançou, comemorou, o fim da sina
Na noite quinze e reluzente
Com a bravura, finalmente
O marechal que proclamou foi presidente
Liberdade! liberdade!
Abra as asas sobre nós
E que a voz da igualdade
Seja sempre a nossa voz


       A proposta pedagógica, objetiva valorizar, incentivar e promover o contato
com as manifestações da nossa cultura. Como levar os alunos a reconhecer as
influências africanas e a origem da cultura afro-brasileira nas linguagens artísticas.
Promovendo atividades para o desenvolvimento das potencialidades dos estudantes
nas linguagens artísticas, Artes Visuais, Dança, Música, Artes Cênicas. A fim de,
ampliar e desenvolver o repertório da cultura popular através da pesquisa. Como
também proporcionar atividades diferenciadas utilizando os elementos das Artes
Visuais como recurso de exploração da criatividade dos alunos. Tendo como
conteúdo    específico    a   Interpretação   e   Composição   fotográfica   histórica.
       Essa proposta será trabalhada com alunos do Ensino Fundamental II, mais
precisamente com alunos do sétimo ano, e para bom aproveitamento das atividades,
estimamos um tempo de, aproximadamente, cinco a seis horas/aulas.
      Alguns materiais serão necessários nas aulas, então, utilizaremos nas
pesquisas o livro “Fazendo carnaval” de Rosa Magalhães e o computador/Internet.
Na TV e no aparelho de dvd, assistiremos ao vídeo da escola de samba referente ao
tema, já no aparelho de CD ouvirão os sambas da escola de samba e o Abre alas.
Os alunos se encarregarão de trazer para escola, roupas que possam representar a
época ou fantasias de carnaval que retratem o tema (as fantasias poderão ser
disponibilizadas pelas escolas de samba da cidade) e alguns acessórios para
compor o visual da época. Usarão caderno e caneta para o registro das informações
colhidas. Munidos de câmera fotográfica, os alunos farão o registro da composição.
      No desenvolvimento das aulas, primeiramente o professor compartilhará o
projeto samba-enredo com os alunos, propondo um debate para saber o que os
alunos sabem sobre o assunto, feito isto, explicará os alunos os procedimentos, a
metodologia adotada.
      No segundo momento, irá propor que os alunos pesquisem via internet e no
livro sobre a formação cultural do samba com roteiro sugerido, o enredo e o contexto
histórico em que foi produzido. Relacionar a origem do samba e comparar com o
surgimento do samba trabalhando o contexto histórico cultural brasileiro, registrando
no caderno. Os alunos farão analogias com os carnavais passados e os da
atualidade.
      No terceiro momento, o professor mostrará o vídeo da Escola de Samba
Imperatriz Leopoldinense em homenagem ao centenário da Proclamação da
República, cujo tema é “Liberdade, liberdade abre as asas sobre nós”. Após
assistirem ao vídeo realizaremos um debate para discutirmos sobre as impressões
audiovisuais: cores das escolas, seqüência dos carros alegóricos, fantasias, alas,
registrando tudo no caderno.
      Na quarta aula, o professor apresentará a letra do samba-enredo, propondo
que os alunos cantem junto com a gravação da escola de samba, farão também a
audição do primeiro samba–enredo: “Abre alas” de Chiquinha Gonzaga. Com isso,
estabelecerão relações entre os diferentes samba-enredos: a velocidade e o ritmo
mudaram. Atualmente é mais rápido e antes era uma marcha. Questionando as
diferenças, por exemplo, antes não tinha o sambódromo, os carnavais eram
comemorados pelas ruas da cidade. Coletivamente, os alunos realizarão atividades
rítmicas, cantando os dois sambas enredo e batendo com a mão na carteira
(pulsação), observando que a velocidade do samba enredo atual é mais rápido,
contextualizando a história.
      Na finalização das atividades, os alunos separarão as roupas adequadas e
farão a composição fotográfica, uns fotografando os outros. Depois de reveladas as
fotos, os alunos selecionarão as fotos e as colocarão em mural no pátio da escola
para apreciação da comunidade escolar.
      Para que a avaliação tenha sentido e seja útil para os alunos, o ideal é que se
faça uma análise coletiva das produções. Em seguida abrir comentários para que
eles mesmos possam observar o que está bom e o que poderia ser melhorado.
Lembrando de estabelecer critérios objetivos, como a compreensão do conteúdo
trabalhado no samba-enredo como fonte de informação cultural. Saber dos alunos o
que acharam relevante na proposta do projeto e o que poderia ser feito para
melhorar, propondo soluções para os problemas encontrados, esclarecendo as
possíveis dúvidas dos alunos.
      Numa proposta interdisciplinar, juntamente com a disciplina História do Brasil,
por exemplo, o professor de história, poderá trabalhar os conhecimentos relativos à
origem do samba, a passagem do enredo para samba-enredo, a escravidão no
Brasil e a consolidação da abolição promulgada a partir da assinatura da Lei Áurea
em 1888.
      Partindo da letra do samba de enredo proposto e, também outros sambas
enredo das escolas de samba do Rio de janeiro, cujas letras levantem a mesma
temática, os alunos realizarão atividades, partindo para pesquisa sobre o surgimento
do samba no Brasil e o significado do enredo no contexto carnavalesco.
      Num outro momento, os alunos farão à interpretação das letras e o professor
promoverá um debate entre os alunos para certificar se eles descobriram quais
estrofes na letra dos sambas referenciam a abolição da escravatura. Feito o
reconhecimento, eles apontarão se estas referências são alusivas ou diretas. Depois
discutirão   com    os   colegas   e   o    professor   o   que    fora   percebido.
      Tomando como base as referências, os alunos poderão fazer associações e
responder algumas questões no caderno, a fim de reconhecerem quem foi o
responsável pela abolição da escravatura no Brasil, justificando suas respostas
citando uma estrofe da música. Descobrirão, mesmo que de forma alusiva, a letra
dos sambas exalta outros mitos, outros heróis e a partir daí, os alunos descreverão
quem são eles, o período das suas ações, e a devida importância na História do
Brasil. Os alunos pesquisarão outros sambas-enredo que fazem interpretações
históricas sobre a abolição da escravidão e citarão dois ou três deles, respondendo
também, qual samba-enredo encontrado assemelha-se à História Oficial sobre a
abolição, fundamentando suas respostas.
      Registradas e socializadas, iniciaremos um debate das respostas, sob a
orientação do professor. Essas atividades poderão ter a duração de cinco
horas/aulas. Através da pesquisa, os alunos poderão aprender como se deu a
formação cultural do Brasil, a Abolição da Escravatura e os eventos da Proclamação
da República. Obterão conhecimentos sobre fatos sociais, culturais e históricos,
marcantes da nossa história.
CONCLUSÃO


      Com base no trabalho exposto, podemos reconhecer o valor cultural do
carnaval e sua contribuição na promulgação da cultura popular brasileira.
      Permeado por valores e contribuições, os desfiles de carnaval do Rio de
Janeiro, nos aspectos gerais, nos mostra a capacidade de expressão e criatividade
de um povo na produção artística, tanto que se tornou tema de muitas dissertações
acadêmicas.
      No contexto carnavalesco, os desfiles das escolas de samba do Rio de
Janeiro são valiosas referências para divulgação da nossa cultura, assim como os
elementos que compõem seu conjunto. Dos elementos dessa composição,
investigamos as contribuições das alegorias carnavalescas como elemento de
formação e desenvolvimento dos valores culturais dos alunos do Ensino
Fundamental II, tendo como objetivo principal, o desenvolvimento de suas
potencialidades criativas.
      Os processos criativos e produtivos das alegorias carnavalescas contribuem
para o desenvolvimento da criatividade dos alunos do Ensino Fundamental II pelo
estudo e reconhecimento dos elementos visuais que a compõem, como: linha, cor,
luz, volume, textura e espaço. E a análise do processo de produção coletivo,
corresponde ao desenvolvimento dos valores culturais dos alunos em questão.
      As alegorias para uma escola de samba são consideradas como arte popular,
produzida pelo povo e apreciada por todos os povos.
      Sendo assim, é necessário reconhecer a importância dos elementos que
compõem os desfiles das escolas de samba para serem trabalhados no cotidiano
escolar, como meio de valorização e promulgação da nossa cultura.
BIBLIOGRAFIA


ANTROPOLOGIA CULTURAL-Como opera a cultura. A PSICOLOGIA, O
DESENVOLVIEMENTO HUMANO E O ENSINO-APRENDIZAGEM DE ARTES-
Tornar-se ‘um de nós’: a identidade pessoal e social. O DESENVOLVIMENTO
PSICOLÓGICO NA PSICOGÊNESE DA PESSOA, HENRI WALLON-O ritmo de
cada um. ARTES VISUAIS, MUSICA E TEATRO. / Thérèse Gofmam;Flávia
Motoyama Narita;Ana Cristina Figueira Galvão(Organizadoras) – Brasília: UnB,
2009.


BARBOSA, Ana Mae Tavares. A imagem no ensino da arte: anos oitenta e novos
tempos. São Paulo: Perspectiva, 2008.
CAVALCANTI, Maria Laura Viveiros de Castro. Carnaval Carioca: dos bastidores
ao desfile. Rio de Janeiro: URFJ, 2006.


BRISO, Caio Barretto -Revista- Istoé –Independente:Comportamento - N° Edição:
2102 | 19. Fev.10 - 21:00 | Atualizado em 07.Nov.11 - 14:34. Disponível em:
<http://www.istoe.com.br/reportagens/51822_O+NOVO+MAGO+DA+SAPUCAI>
Acesso em 8 de novembro de 2001-10h: 45m.


CAVALCANTI, Maria Laura Viveiros de Castro. Carnaval carioca: dos bastidores ao
desfile. 3. ed.rev. ampl. Rio de Janeiro: EdUFRJ, 2006.


MAGALHÃES, Rosa. Fazendo carnaval = The Making of Carnival. Rio de Janeiro:
Nova Aguilar, 1997.


NINIM, Maria Otilia Guimarães. Pesquisa na escola: que espaço é esse? O do
conteúdo    ou     o   do    pensamento     crítico?Educ.rev. no.    48.   Belo
Horizonte Dec. 2008. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0102-
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OSTROWER, Fayga. Criatividade e processos de criação. Petrópolis: Vozes,
2008.


PARÂMETROS CURRICULARES NASCIONAIS: arte/Secretaria de Educação
Fundamental. – Brasília: MEC/SEF, 1997.130p.


Revista Tijuca >CARNAVAL - 2011. O medo está no ar! A Sessão vai começar...
Entrevista - Paulo Barros -O Ermitão Criativo, P.10.
VILA, Martinho. Pra tudo se acabar na Quarta-Feira. GRES Unidos de Vila Isabel,
1994. Colocações. LIESA-Liga Independente das Escolas de Samba do Rio de
Janeiro. Disponível em: <http://liesa.globo.com/>Acesso em 22 outubro de 20011.
 Alegorias carnavalescas: uma abordagem significativa sobre a formação dos valores culturais em alunos do Ensino Fundamental II.

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ARTE CONTEMPORÂNEA:UMA POSSIBILIDADE PARA ALFABETIZAÇÃO VISUAL.
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Alegorias carnavalescas: uma abordagem significativa sobre a formação dos valores culturais em alunos do Ensino Fundamental II.

  • 1. UNIVERSIDADE ABERTA DO BRASIL UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA INSTITUTO DE ARTES DEPARTAMENTO DE ARTES VISUAIS Selma Cristina Daniel Alegorias carnavalescas: uma abordagem significativa sobre a formação dos valores culturais em alunos do Ensino Fundamental II. Barretos Novembro de 2011
  • 2. Selma Cristina Daniel Contribuições das alegorias carnavalescas como elemento de formação e desenvolvimento dos valores culturais dos alunos do Ensino Fundamental II. Trabalho de Conclusão do curso de Licenciatura, habilitação em Artes Visuais, do Departamento de Artes Visuais do Instituto de Artes da Universidade de Brasília. Orientadores: Christus Menezes Nóbrega . Barretos Novembro de 2011
  • 3. Dedico este trabalho ao desfile das escolas de samba, por sua contribuição na cultura brasileira e a mim pela superação aos percalços emocionais acometidos ao longo desta trajetória.
  • 4. AGRADECIMENTOS Agradeço a execução deste trabalho, primeiramente a Deus, por ser a luz que me ilumina e conduz o meu caminho. Os meus amigos e familiares pelo constante incentivo e compreensão pelas minhas faltas para com eles. A todos os tutores, professores e autores das disciplinas cursadas, pela total motivação e por acreditarem na minha capacidade, não esqueço de nenhum deles e nem de suas palavras. A nossa ex-tutora presencial Ana Cláudia Neif Sanches por toda paciência para comigo no inicio deste curso. Ao “anjo” que nos foi enviado, a tutora presencial Ângela, pois com sua doçura sempre procurou me dizer algo para que eu acreditasse mais em mim. Em fim, agradeço o companheirismo de todos os colegas dessa jornada.
  • 5. SUMÁRIO INTRODUÇÃO CAPÍTULO 1 - AS ALEGORIAS CARNAVALESCAS DAS ESCOLAS DE SAMBA DO RIO DE JANEIRO 1.1 – O carnaval: aspectos sócio-culturais e estéticos 1.2 - O processo de criação das alegorias carnavalescas 1.2 - Processos Produtivos CAPÍTULO 2 – CARNAVAL E ESCOLA 2.2 – O Carnaval e a escola: formação e desenvolvimento dos valores culturais dos alunos do ensino fundamental II 2.3 - Uma proposta pedagógica de como trabalhar os processos criativos carnavalescos das escolas de samba do Rio de Janeiro com alunos do ensino fundamental II CONCLUSÃO REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
  • 6. INTRODUÇÃO A arte pode ser observada de diferentes formas, pois nem sempre ela se apresenta no cotidiano como obra de arte (PCNs/artes,p.37). Uma das formas mais comuns de apreciação artística encontra-se nas alegorias de carnaval. Estas transformaram o desfile das escolas de samba num grande espetáculo visual. As alegorias funcionam como verdadeiros cenários ambulantes e na sua maioria apresentam-se belas, suntuosas, trazendo consigo uma história. No contexto social, o carnaval sempre fez parte da minha vida. Na adolescência, minha presença no desfile era como passista na escola de samba, atualmente, trabalho na confecção de fantasias. O tema referente às alegorias carnavalescas se torna muito interessante e importante, pois, a partir da pesquisa compreenderemos melhor seu valor no contexto do carnaval do Rio de janeiro, o desfile. A pesquisa teórica investiga a criação das alegorias de carnaval das escolas de samba do Rio de Janeiro e justifica-se o tema pela sua contribuição no desenvolvimento da criatividade dos alunos. Além de auxiliar no processo de desenvolvimento da criatividade, fará com que eles observem a produção na representação de uma história e no contexto cultural. Como também, os levarão ao reconhecimento, a observação e a experimentação das formas visuais. E, se “Toda forma é forma de comunicação ao mesmo tempo que forma de realização, assim : Ela corresponde ainda, a aspectos expressivos de um desenvolvimento interior na pessoa, refletindo processos de crescimento e de maturação cujos níveis integrativos consideramos indispensáveis para a realização das potencialidades criativas”.(OSTROWER, 2006 ,p. 5 e 6). Dada à relevância do tema, o trabalho contribuirá para que o aluno perceba o desenvolvimento da produção na prática de trabalho colaborativo, coletivo e comunitário. E, mais, a partir das investigações, os alunos poderão reconhecer e valorizar as festas populares do país, como também a nossa cultura popular. “O incentivo à curiosidade pela manifestação artística de diferentes culturas, [...] pode despertar no aluno o interesse por valores diferentes dos seus, promovendo o respeito e o reconhecimento dessas distinções; [...]
  • 7. possibilitando ao aluno reconhecer em si e valorizar no outro a capacidade artística de manifestar-se na diversidade”. (PCNs/arte, 1997,p.37) Assim, o proposto trabalho visa estimular o desenvolvimento da potencialidade criativa de cada aluno, sempre respeitando seu ritmo, pois cada um tem seu ritmo de trabalho e de apreensão. Além da motivação, nós educadores devemos propiciar que cada aluno se desenvolva como pessoa critica e criativa. (Pulino, 2009)
  • 8. CAPÍTULO 1 – AS ALEGORIAS CARNAVALESCAS DAS ESCOLAS DE SAMBA DO RIO DE JANEIRO. O carnaval carioca é conhecido mundialmente. A televisão brasileira transmite o desfile de carnaval das escolas de samba do Rio de Janeiro para toda parte do mundo, mas quem tem oportunidade de apreciá-lo pessoalmente, certamente, sentiram outra emoção. Os criadores e organizadores dessa festa de visual espetacular, a cada ano nos surpreendem mais com novidades, conseguindo atrair milhares de espectadores deslumbrados, por tanta beleza. As escolas adentram a passarela contando uma história conduzida pela letra do samba-enredo. O tema, ou seja, o enredo é a base de orientação para o desenrolar dessa história, e depois, transforma-la em linguagem plástica. De acordo com Cavalcanti (2006), os carros são alegorias do enredo idealizado a partir de tópicos que orientam a narrativa. As alegorias falam em geral por sua própria natureza de muito mais coisas que o samba. Estamos dentro da primazia do visual. As alegorias devem adequar-se ao enredo e transmitir com clareza a sua proposta dentro dele, mas algumas delas surgem tão carregadas de símbolos e de elementos visuais exagerados, extrapolando seu significado, o que as torna extremamente complexas para sua fruição. Mesmo previstas num projeto, afirma Cavalcanti (2006), as alegorias terminam por falar mais, muito mais do que seu enunciado verbal poderia supor. O conjunto de seus elementos visuais remete simultaneamente a tantos outros sentidos possíveis que, vê-las em desfile é extasiar-se, encher os olhos e acolher a perplexidade diante da impossibilidade de decifrá-las totalmente. Esse é o seu poderoso encanto. Cavalcanti diz que, as alegorias primam pelo seu visual e toda a relação desse visual está relacionada intimamente com o espetáculo, pois separa o “ator” do “espectador”, transmitindo uma série de emoções e ainda retratando parte do enredo.
  • 9. O sentido de centralidade visual atribuído às alegorias, refere-se à idéia que ela torna-se arte, com elementos que colaboram na transmissão de sensibilidade que permeia a relação, alegoria e os seus espectadores. Ostrower diz: Ainda que em diferentes graus, ou totalmente em áreas sensíveis diferentes, todo ser humano, que nasce, nasce com um potencial de sensibilidade. (OSTROWER, 2008, p. 12) Diferente do espectador, os jurados ao julgarem um carro alegórico, não se preocupam apenas com o visual, ou com o grau de emoção que ela provoca no público, mas sim com a representatividade dentro do enredo. Para conquistar as maiores notas os jurados analisam a capacidade das escolas de criar alegorias que explorem as potencialidades do enredo, pois de nada adianta um carro alegórico ser fantástico, belo, suntuoso e não ter representatividade. Toda a comunidade carnavalesca é envolvida, num espírito de coletividade, união e superação. A produção dessas alegorias é guardada meticulosamente, para não ser revelado nenhum dos segredos da visualidade, mantendo uma magia contagiante, na hora da entrada na avenida. São, aproximadamente, oitocentos mil metros de comprimento e treze de largura disponíveis para sua apresentação, confirma Magalhães (1997) lá se encontra milhares de pessoas ansiosas, a sua espera. Mesmo diante de toda essa expectativa que a cerca, continua Cavalcanti (2006), como se fossem inacabáveis, as alegorias aprontam-se apenas instantes antes de sua entrada em desfile. Deste modo, quando a primeira entra, a última ainda está se aprontando. Além dos retoques finais, na concentração, são colocados os destaques, pessoas que as incorporam como elementos de composição do enredo. Admiráveis, no desfile, elas passam deslumbrantes, majestosas, belas, sendo insistentemente aclamadas pelo público, deixando-os completamente perplexos. Diante disso, Cavalcanti complementa: “É inútil querer detê-las, elas se sucedem impiedosamente. Se tivéssemos a liberdade de movimento para acompanhar apenas uma delas, perderíamos todas as demais e o conjunto do desfile” (CAVALCANTI-2006, p.178). Assim, a autora conclui: “Uma vez prontas para serem apreciadas, parecem inesgotáveis e, no entanto, logo acabam” (CAVALCANTI, 2006, p.181)
  • 10. 1.1 - O Carnaval no Rio de Janeiro: aspectos sócio- culturais e estéticos As pessoas e as sociedades mudam. Como também, mudam as formas de manifestação dessas culturas. O carnaval carioca é uma festa de características popular e cultural. De acordo com Cavalcanti (2006) o aparecimento das escolas de samba no rio de Janeiro ocorreu por volta de 1920. A partir daí, elas se desenvolveram em vários aspectos. Dito isto, Cavalcanti (2006) descreve o processo de expansão dos desfiles de carnaval, do passado, até a aparição da primeira escola de samba. No século XIX, a grande elite desfilava com enredos de crítica social e política e ao som de árias de ópera, apresentavam-se com luxuosas fantasias e carros alegóricos, bem organizados pela camada mais rica da sociedade. No final do século XIX surgiram os ranchos – organizados pela pequena burguesia urbana - desfilavam com enredo, fantasias e carros alegóricos, só que ao som de sua marcha característica. Os blocos, de modo bem menos estruturado, abrigavam grupos cujas bases situavam nas áreas de morada das camadas mais pobres da população, nos morros e subúrbios cariocas. Após o surgimento das escolas de samba, essa distinção social se desfez. No bairro carioca, Estácio de Sá, no fim da década de 1920, surgiu a primeira escola de samba, a “Deixa Eu Falar” (CAVALCANTI, 2006). Daí em diante as escolas de samba do Rio de Janeiro obtiveram, considerável ascensão, visual, social e cultural. Já para a carnavalesca Rosa Magalhães (1997), a escola é um modelo social e, não possui padrões sociais hierárquicos. As pessoas, simplesmente, se distinguem apenas por ter mais ou menos habilidades: cantar, dançar ou tocar instrumentos. Pessoas de culturas e escolaridade distintas encontram com empresários, artistas plásticos, escultores, médicos e tantos outros. O tipo brasileiro, de um modo geral, não define uma classe social ou étnica específica, do mesmo modo, o freqüentador de uma escola de samba não pode ser diferenciado. Contudo, esse grupo contempla a mais perfeita integração entre as camadas sociais da população, buscando conquistar o titulo de campeã, afirma Magalhães (1997). Diante disto, Barbosa diz que:
  • 11. O que temos, entretanto é o Apartheid cultural. Para o povo, o candomblé, o carnaval, o bumba meu boi e a sonegação de códigos eruditos de arte que presidem o gosto de classe dominante que, por ser dominante tem possibilidade de ser mais abrangente e também domina os códigos da cultura popular. Basta ver o número de teses que se escrevem na universidade sobre cultura e arte popular, e ainda a elite econômica e cultural desfilando nas escolas de samba no Carnaval. As massas têm direito a sua própria cultura e também a cultura da elite, da mesma maneira que a elite já se apropriou da cultura de massa, [...] (Barbosa, 2007, p. 33). Cavalcanti (2006, p.68) também concorda com a carnavalesca Rosa Magalhães (1997) quando diz que “o surgimento das escolas de samba no cenário carnavalesco, possibilitou uma vasta interação entre grupos e camadas sociais, num processo que trouxe para as escolas de samba não só uma grande vitalidade, como também, talvez por isso mesmo, uma forte tensão na divisão de alas”. Há um constante trânsito entre as diferenças socioculturais, e isso acontece durante o desfile, permeado de diversos níveis simbólicos e sociais. Um exemplo disto são os destaques que vem como elementos do desfile, em cima dos carros alegóricos e o da rainha de bateria. Os destaques alegóricos, geralmente, são pessoas conhecidas, artistas de constante aparição na mídia televisiva, jornais e revistas. A maior parte é constituída por mulheres belíssimas, celebridades que primam pelo visual, portanto, aspiram pelos lugares mais destacados, como os carros alegóricos. Além disso, a televisão mostra suas imagens repetidamente e lentamente, focando no corpo quase nu, nas curvas e nos movimentos bem sensuais. Outro exemplo díspar no conjunto do desfile é a ala das Baianas. A maioria delas são mulheres idosas, que um dia brilharam como passistas da escola de samba, e hoje, por encontrarem com suas formas mais arredondadas integram a ala. Extremamente respeitadas e valorizadas, as baianas ocupam um lugar de suma importância no contexto geral do desfile. ”A ala alude às origens afro-brasileiras do samba”, pois suas fantasias consistem em saias bem rodadas, com anágua, armação e um pano jogado nas costas, na cabeça turbante e chinelas nos pés. Quanto aos acessórios, muitos colares e pulseiras. Apesar de não serem julgadas no conjunto do desfile, a sua evolução e seu canto são um diferencial na hora do desfile. Mais uma tensão também pode ser citada, segundo Cavalcanti, a relação, carnavalesco - compositor é radicalmente distinta: o enredo a ser cantado em samba
  • 12. é de autoria do carnavalesco e, muito frequentemente, o carnavalesco provém de setores sociais distintos daqueles dos sambistas, de um meio cultural diverso. Laraia diz: Os indivíduos participam diferentemente de sua cultura. Nenhuma pessoa é capaz de participar de todos os elementos de sua cultura, não importando se essa pessoa vive numa sociedade complexa com alto grau de especialização ou na mais simples das sociedades (BURGOS-FRAGOSO APUD LARAIA 2006). Assim, mesmo entre conflitos, as diferentes classes, todos os atores do desfile se empenham, ao máximo, para a obtenção do título, ser campeão. Num instante de magia e poesia, ali, na “passarela do samba”, todas as divergências são superadas. De acordo com Rosa Magalhães (1997), a escola possui dois lugares distintos: a quadra (sede) e o barracão. Na quadra acontecem às disputas para a escolha do samba-enredo; e os ensaios. O barracão é o lugar onde se prepara o desfile de carnaval. Com isso, compreendemos que a produção do desfile, transita por estes dois setores principais, mas, não podemos esquecer das alas espalhadas pelos diferentes bairros da cidade. Para Cavalcanti (2006), quadra, barracão e alas organizam redes sociais e processos culturais específicos que se articulam na confecção de um desfile. A quadra sintetiza a relação da escola com o mundo do samba, o barracão com o “visual”; entre esses dois pólos, espalham-se as alas, com redes múltiplas de sociabilidades particulares. Depois de um ano de intenso fazer artístico, a realização desse trabalho transforma-se num evento de grandes proporções : o desfile das escolas de samba do Rio de Janeiro - onde a qualidade estética do Sambódromo agrega os detalhes e elementos visuais. Nele, as escolas passam sucessivamente, com o objetivo único, o titulo de campeã. Nessa disputa, comumente, surgem divergências de múltiplos sentidos e, mesmo diante do embate, da rivalidade, ainda prevalece o respeito às regras de sociabilidade pré-estabelecidas no campo da competitividade. Maria Laura Cavalcanti diz que: Ao permitir a combinação entre proximidade e hostilidade, entre as escolas de samba e o interior de cada uma delas, o desfile permite a troca, a comunicação e de forma notável, a articulação e o confronto dos diferentes valores que atravessam as também tão diferentes camadas sociais de uma grande cidade (CAVALCANTI, 2006, p. 34).
  • 13. Seguindo essa linha de pensamento, vale ressaltar o que afirma Cavalcanti: “Um carnaval começa discutido por alguns e se espraia em círculos concêntricos, agregando em torno de si um número cada vez maior de pessoas até o momento em que essa imensa rede aparece em desfile para toda a cidade. Cada pequeno passo desse processo corresponde a uma mediação entre agentes heterogêneos”. (CAVALCANTI, 2006, p. 87) Rosa Magalhães (1997) diz que acompanhou a evolução do carnaval carioca por mais de vinte anos, por isso, afirma que as mudanças ocorridas foram somente de ordem administrativa e estética, preservando sua essência. Na ânsia de consagrar sua escola campeã do carnaval, os integrantes, na exatidão de suas apresentações, cada um cumpre seu papel no desfile, o de contar da melhor forma possível - o enredo da escola na avenida.
  • 14. 1.1 - O processo de criação das alegorias carnavalescas O enredo indicado transforma-se na linguagem plástica e visual das fantasias, adereços e alegorias. Os carnavalescos desenvolvem a concepção do carnaval: além da elaboração do samba-enredo, desenham os figurinos das fantasias e os projetos dos carros alegóricos (CAVALCANTI, 2006). Idealizar um tema-enredo para uma escola de samba é tarefa do carnavalesco, pode ser também indicado por outra pessoa, de dentro da agremiação, ou por integrantes da comissão de carnaval, até mesmo por admiradores anônimos do carnaval. Elaborada a sinopse, esta é apresentada aos compositores para o desenvolvimento do samba-enredo. A partir daí, o carnavalesco dá “asas a sua imaginação”. O processo de criação do carnavalesco inicia-se, na imaginação, na idéia, “na cabeça”. Existem duas partes que envolvem o processo de confecção do carnaval. A primeira acontece na mente do carnavalesco, quando ele concebe a idéia, a segunda quando essa idéia se configura, toma forma. Nesse caso, explica Cavalcanti (2006): Se, a concepção das alegorias é atributo do carnavalesco, então podemos dizer que é ele quem concebe o carnaval. Conceber, segundo Cavalcanti (2006.p, 174) “é uma função primordial da cabeça, é vista como tendo primazia sobre o executar, uma função de todo o corpo”. Portanto, a criação das alegorias, primeiramente, se forma no campo da intuição e de acordo com Ostrower(2006), os processos intuitivos se tornam conscientes na medida em que os expressamos, que lhe damos forma. Podemos citar como exemplo, o carnavalesco Paulo Barros conhecido como o Homem Criativo do carnaval carioca, atuando na escola de samba Unidos da Tijuca. Barros em entrevista a uma revista, diz que o seu processo de criação se dá “no levantar da cadeira”. Quando alguma coisa o incita a sua imaginação, automaticamente, levanta-se da cadeira. ”Quando vejo alguma coisa e desloco da cadeira é porque aquilo me incomodou. Se me incomodou, é bom” (Revista-Tijuca, 2011, p. 10). Segundo Briso(2011), o processo de criação de Paulo Barros é solitário e secreto, ele jamais compartilha uma ideia antes de concretizá-la em um projeto coletivo.Também se recusa a detalhar, explicar o que já fez. (Briso-2011).
  • 15. Isso confere a importância do carnavalesco na criação de imagens diretamente ligadas ao enredo de maneira criativa. No processo de criação de fantasias, adereços e alegorias, a primeira coisa que acontece com a cabeça do carnavalesco é imaginar, querer descobrir o desconhecido, é deixar fluir as idéias para depois configurá-las. O ato criador, estrutura e organiza o mundo, respondendo aos desafios que dele emanam, num constante processo de transformação do homem e da realidade circundante (OSTROWER, 2006). O produto da ação criadora, a inovação, é resultante do acréscimo de novos elementos estruturais ou da modificação de outros. Regido pela necessidade básica de ordenação, o espírito humano cria, continuamente, sua consciência de existir por meio de manifestações diversas (PCNs /arte, 1997,p.21). Após as ordenações ideológicas, o carnavalesco, as configura, passa a formá-las, entrando nessa etapa, o desenho. E, caso não possua habilidades para o desenho, recorre ao trabalho de um desenhista. Ostrower diz que: O homem elabora seu potencial criador através do trabalho[...]. A criação se desdobra no trabalho porquanto este traz em si a necessidade que gera as possíveis soluções criativas.Nem na arte existiria criatividade se não pudéssemos encarar o fazer artístico como trabalho, como um fazer intencional produtivo e necessário que amplia em nós a capacidade de viver (OSTROWER,2008, p.31). Na criação das alegorias, primeiramente, é feita uma planta baixa, ou seja , um desenho, conforme nos explica Magalhães (1977,p.78) “Uma planta baixa e uma vista frontal, em escala, são suficientes para sua execução básica”. Já o desenho das fantasias têm forma bidimensional e a partir deles é que são feitos os protótipos para serem distribuidos entre as alas. O protótipo visa garantir o efeito visual das fantasias, confirma Cavalcanti (2006,p.191). É nesse mundo interior, como diz Fayga (2008) onde a emoção permeia os pensamentos e o criar, tido como um processo existencial, parece afluir instantaneamente, e a intuição para a criação, adentra a mente criativa dos carnavalescos.
  • 16. 1.2 – Processos Produtivos (Etapas de construção das alegorias) Glória a quem trabalha o ano inteiro. Em mutirão São escultores, são pintores, bordadeiras São carpinteiros, vidraceiros, costureiras Figurinista, desenhista e artesão Gente empenhada em construir a ilusão...(Pra tudo se acabar na Quarta-Feira, Martinho da Vila – GRES Unidos de Vila Isabel, 1984) O olhar do idealizador é observador, sensível, curioso, pois o que concebeu começa a tomar forma. É com o olhar atento a todos os detalhes que o criador do carnaval, acompanha o processo coletivo de produção das alegorias. No que se refere aos aspectos artísticos das alegorias, diz Cavalcanti (2006), o carnavalesco é autoridade máxima do barracão. A criatividade, estabelecida na produtividade coletiva das alegorias, segue terminantemente, todas as etapas de sua produção. Em qualquer escola de samba do Rio de janeiro, as etapas são rigorosamente, cumpridas, afinal, o processo de sua produção é minucioso. Antes de iniciarem a produção das alegorias, um grupo de pessoas contratadas, desmonta aquelas do desfile do carnaval passado. Separam tudo que puder ser reaproveitado para atual produção, caso contrário, o restante é descartado e doado para escolas menores ou para a reciclagem. Geralmente, são estas mesmas pessoas se encarregam da organização do barracão para o inicio da nova produção. Apesar dos conflitos, há interatividade entre o pessoal na construção coletiva das alegorias no interior do barracão, as quais examinaremos aqui: Com a planta em mãos começa o trabalho da ferragem. A ferragem é montada sobre o chassi de um caminhão, um suporte, ou seja, uma base de sustentação. Os ferros são moldados de acordo com o desenho, em seguida, o ferreiro vai soldando-os e aos poucos começa a tomar forma, o processo é demorado, precisa ser bem feito para poder sustentar tudo que será acrescentado em cima dele. Isso requer dos ferreiros certa força, pois o ferro é um material pesado, é preciso também ter muito cuidado para não se queimarem com a solda. Em seguida, os carpinteiros, “dão forma ao carro”, serram a madeira e revestem a estrutura de ferro, munidos dos projetos gráficos desenhados pelo carnavalesco, aonde vem especificadas as dimensões dos carros (CAVALCANTI-2006). Deve ser
  • 17. tudo bem pregado para garantir a segurança dos integrantes (destaques) que desfilarão acima. Magalhães (1997, p.85) diz que “Os carpinteiros também fornecem as peças de decoração dos carros [...] portas, colunas, tetos especiais, mobiliário, que depois serão levados para a pintura e acabamento. Outro recurso para agilizar a confecção dos carros, aponta Magalhães (1997, p.85), é o desenhista ampliar o desenho numa escala de 1.1 e traduzir para a madeira o encaixe do que foi definido no projeto”. Finalizadas as etapas de ferragem e carpintaria, o mecânico posiciona as rodas e o volante do carro, o correto mesmo, seria fazer o trabalho de mecanismo, antes do revestimento, para não correr o risco de danificar a madeira. Outra pessoa se encarrega de colocar os pneus. No barracão de uma escola de samba, a escultura recebe a denominação de arte, correspondendo, assim, ao núcleo expressivo do carro alegórico, conta Cavalcanti (2006). Elas dão uma vida toda especial aos carros, completa Magalhães (1997). 1 Antigamente, as esculturas eram em tabatinga .O trabalho era muito delicado, sujeito a rachadura, necessitando de uma estrutura interna para segurar o molde de barro, que depois era reproduzido em gesso para só então ser feito de papier mâché2. Assim eram feitas as esculturas desse universo mágico até o advento do isopor, o que não invalidou as técnicas antigas. (MAGALHÃES, 1997, p. 59). Há algum tempo as escolas de samba, aderiram ao isopor, um material mais leve, consistente e bem macio para ser esculpido. A modelagem das esculturas depende muito do trabalho da moldagem, realizado anteriormente, pois se a forma não for precisa pode dificultar e muito o trabalho do escultor (CAVALCANTI, 2006). Uma das qualidades esperadas do escultor nesse processo é a paciência, nos conta Cavalcanti (2006). Os blocos de isopor são riscados e aos poucos vão sendo desbastada, conta Magalhães (1997), a modelagem é feita por partes e com muito cuidado para não fazer cortes no isopor. Nesse processo, Magalhães (1997) observou o uso de instrumentos como os facões e Cavalcanti, (2006) o serrote. 1 tabatinga: argila de coloração variada. 2 papier mâché: massa composta por uma mistura de cola com papel, água, uma pitada de formol ou vinagre para sua conservação, e farinha de trigo. Essa massa é utilizada para modelar.
  • 18. Depois de pronta, a escultura precisa ser lixada, e o instrumento mais utilizado para esse processo e considerado incomum para quem não conhece o trabalho no interior de um barracão, é o ralo de lata de sardinha, artesanalmente, feito com furos de pregos, obtendo, assim, melhor acabamento e resultado (CAVALCANTI, 2006; MAGALHÃES, 1997). No barracão, surgem outros instrumentos artesanalmente adaptados na modelagem do isopor, como: serras retorcidas, facas afiadíssimas, giletes, estiletes, arames em formato de ganchos, espetinhos para churrasco, copinho descartável para misturar cola, varetas de tamanho e espessura variadas. As peças esculpidas são coladas com cola a base de poliuretano, que ao entrar em contato com o ar se expande, não é inflamável, ao contrário das colas comuns (CAVALCANTI, 2006). Continuando, conta Magalhães (1997) coladas essas partes, o molde de isopor é revestido por uma camada de papel mâché, chamada de “empastelação”, é necessário ficar bem lisa para receber a moldagem de uma mistura de gesso com sisal que seca em vinte e quatro horas. Daí, então, retira-se o molde de isopor que, frequentemente estraga, a salvo poucas partes são reaproveitadas. Cavalcanti nos atenta para uma curiosidade observada na escultura em isopor: Seu caráter oculto e efêmero. As formas esculturais em isopor são raramente vistas. O escultor que trabalha com isopor é como que um artista escondido: excetuando o caso de peças únicas, as peças em isopor não fazem parte da composição do carro alegórico. Na maior parte das vezes são simplesmente moldes. (CAVALCANTI, 2006, p.163) No barracão, a escultura em isopor é criação, afirma Cavalcanti (2006), por isso a ideia que ela passa de “arte”, sua forma é idealizada pelo carnavalesco e indicada no desenho. E, seu escultor um artista, pois, “ao transpor o desenho para a forma e dar a peça seus limites e muitas vezes, até sua expressão, o escultor é apreciado como artista”. O processo de “bater fibra de vidro”, na opinião dos profissionais dessa área no barracão, é um trabalho árduo e perigoso. Primeiro, porque a fibra de vidro é um material químico, a base de resina, catalisador e cobalto. Nos dias mais quentes, essa mistura tem que ser mais fraca, se não endurece antes de lhe dar a forma. Segundo, porque é inflamável, e é apagada com talco, conta Cavalcanti (2006).
  • 19. O processo de bater fibra de vidro consiste em: abrir o molde de gesso já seco e espalhar rapidamente no interior do gesso pedaços do manto de fibra, pincelando por cima a mistura de cobalto, etileno e catalisador. Exemplificando, o molde de gesso é aberto em duas partes e forrado com pedaços de trama de fibra de vidro, pinceladas com duas camadas de resina, dissolvendo- a. A secagem é rápida. Corta os excessos de material com tesoura, desprende a fibra do molde e deixa-a repousar para endurecer bem. Depois é só costurar suas partes, uma na outra, explica Cavalcanti (2006). A pintura é uma das fases finais da confecção de um carro alegórico, Rosa Magalhães (1997) refere-se à fase como “pintura de arte”. Relacionados aos aspectos específicos da decoração, Cavalcanti (2006) menciona a pintura, como o ponto alto da decoração e destaca também a espelhação e o movimento dos carros alegóricos. Na pintura, conta Magalhães (1997), normalmente, usam a tinta a base de PVA, ela seca rapidamente e por ser diluída em água, não é muito tóxica. Algumas cores são compradas prontas, outras são preparadas no barracão, mas dependendo da tonalidade desejada recebem pigmentos industriais. Os pincéis por causa das superfícies diferentes sofrem um tremendo desgaste. As características básicas do pintor de alegorias exigem que ele seja, além da habilidade para a pintura, ser observador e paciente. Na finalização, Magalhães (1997, p.99) diz que, um dos lugares mais interessantes no barracão de uma escola de samba é a parte de adereços. “Adereço abrange forração, decoração e acabamento”. Lá, todo tipo de material pode ser aproveitado e reutilizado, como também transformado, como: saltos de tamancos, rolhas de cortiça, coador de café e tantos outros mais. Certa vez tivemos que consumir refrigerantes de dois litros, cujas garrafas verdes transparentes iam sendo colecionadas, Quando já tínhamos uma boa quantidade, disseram que as verdes eram suficientes; precisavam, a partir dali, das de cor branca-[...] que acabaram se transformando em mangas de lustres do século XIX(MAGALHÃES, 1997,p.99). Diante da possibilidade de transformação de objetos insólitos, em material decorativo, observamos o quanto à criatividade é estimulada no barracão de uma escola de samba, assinalando assim as qualidades de um aderecista: habilidade manual e criatividade para transformar. (MAGALHÃES, 1997)
  • 20. Enriquecendo o visual, tecidos, lantejoulas, plumas, espelhos e outros, completam o luxo dos carros e assim que terminam a decoração, a tecnologia entra para dar os devidos movimentos às esculturas. Mesmo prontos, na concentração a equipe de decoração, ainda lhes dão alguns retoques finais, antes de se apresentarem na passarela do samba.
  • 21. CAPÍTULO 2 – CARNAVAL E ESCOLA “O intercruzamento de padrões estéticos e o discernimento de valores devia ser o princípio dialético a presidir os conteúdos dos currículos na escola, através da magia do fazer, da leitura deste fazer e dos fazeres de artistas populares e eruditos, e da contextualização destes artistas no seu tempo e no seu espaço.” (Barbosa-2007.p, 34). Nos aspectos gerais, o carnaval do Brasil é reconhecido como uma das festas mais populares da nossa cultura. E, essa manifestação da cultura popular brasileira é comemorada de diferentes formas nas regiões do nosso país. No Rio de janeiro, essa festividade representa-se na forma de desfile das escolas de samba, o que a transformou numa grande atração, mundialmente conhecida. O carnaval e os desfiles das escolas de samba tornaram-se conteúdo de aprendizagem do currículo escolar, contribuindo para a construção e divulgação de imagens da nossa cultura. O conjunto do desfile traz elementos presentes nas expressões artísticas, das artes visuais, dança, música e teatro. Segundo, Maciel e Pulino (2009, p.311), “ao se pensar sobre o ensino- aprendizagem de artes, deve-se considerar a relação entre pessoas, envolvidas no processo de conhecer, produzir e criar arte”. E, se “a escola é o lugar do encontro entre pessoas que entram em contato com a produção popular e cultural construída ao longo da história” (MACIEL-PULINO, 2009, p.311). Deste modo, ela deve oportunizar diversos momentos que potencializem o desenvolvimento das potencialidades criativas, como também a formação dos valores culturais de seus alunos, e o carnaval, por ser uma manifestação cultural relevante em nosso país, cumpre com esse objetivo.
  • 22. 2.2 – O Carnaval e a escola: formação e desenvolvimento dos valores culturais dos alunos do ensino fundamental II A formação do indivíduo, da sua identidade, é um processo social, cultural e histórico e se dá por meio das relações formais e informais na sociedade, pois na medida em que age no mundo e relaciona-se com os outros, constitui-se, participa da construção da sociedade e da cultura (MACIEL-PULINO, 2009, p.313). Os alunos em questão, especificamente, os do ensino do ensino fundamental II atravessam uma fase de criação da própria poética, é nesse momento da vida que passam a se aproximar mais das questões do mundo dos adultos, compreendendo- as dentro das suas possibilidades (PCNs/artes,1997). Mudam também as formas de expressão e o modo de representação, tornando-se mais analíticos e descritivos (OSTROWER, 2006). O interesse por valores diferentes dos seus aumenta, de acordo com as valorações da cultura em que vive. (OSTROWER, 2006). Ostrower (2006) fala que nessa fase o aluno fica exigente e muito crítico em relação à própria produção, justamente porque nesse momento de seu desenvolvimento já pode compará-la, de modo mais sistemático, às do círculo de produção social ao qual tem acesso. Dada, essas características, consideremos então, que nesse período a criança é menos espontânea e menos criativa nas atividades artísticas em relação ao período anterior à escolaridade (PCNs/artes, 1997). Um dos papeis da escola é acolher a diversidade do repertorio cultural que o aluno traz de casa e ensinar valores importantes para o convívio em sociedade. (PCNs/artes, 1997). Assim ele saberá reconhecer e trabalhar, os aspectos do desfile de carnaval, como “fenômeno artístico presente na mais distinta manifestação que compõem os acervos da cultura popular” (PCN /artes, 1997, p.37). E, ainda, reconhecerão nas relações estabelecidas e nas possíveis ordenações dos fenômenos, nas opções, decisões, ações, que nos acompanham, nos conflitos que possam causar ou nas alegrias, saberão que as coisas se definem para nós a partir de avaliações internas e, assim, os valores participam do nosso diálogo com a vida (OSTROWER, 2006, p.101).
  • 23. No contexto escolar, tem se descoberto o carnaval como ferramenta pedagógica de grande contribuição na formação dos valores culturais, no desenvolvimento criativo e cultural dos alunos. No conjunto do desfile das escolas de samba, entram em cena todas as expressões artísticas e suas formas de expressão, desde a elaboração do enredo até a entrada da escola na avenida. Os sambas-enredo, por exemplo, geralmente, falam sobre a história do Brasil e estes, se associados ao conteúdo escolar como proposta de atividades culturais, poderá manter a “qualidade da ação pedagógica que considera tanto as competências relativas à percepção estética, quanto àquelas envolvidas no fazer artístico e podem contribuir para o fortalecimento da consciência criadora do aluno” (PCNs/arte, 1997,p.36). Com suas valorações, o contexto cultural orienta os rumos da criação e esses valores participam do nosso diálogo com a vida (OSTROWER, 2006, p.101).
  • 24. 2.3 - Uma proposta pedagógica de como trabalhar os processos criativos carnavalescos das escolas de samba do Rio de Janeiro com alunos do ensino fundamental II Tema do projeto: Contribuições do Samba-enredo para a interpretação histórica da abolição da escravidão no Brasil. A letra de um samba-enredo, geralmente, está associada ao contexto histórico em que foi produzida, contudo ela poderá tornar – se uma ótima ferramenta pedagógica para ser trabalhada interdisciplinarmente em projetos escolares. O samba-enredo escolhido tem conteúdo histórico, capaz de estabelecer relações existentes na história do Brasil e nas Artes Visuais, abrangendo o campo da cultura popular brasileira. O samba-enredo pode ser visto como meio de expressão artística e forma de conhecimento. Mais do que o ensino, a aplicação da pesquisa na escola conduz ao domínio das habilidades didáticas renovadoras pela discussão, pela leitura, pela observação, pela coleta de dados para comprovação de conjecturas sobre os fatos, pela análise criativa das deduções, conclusões e, sobretudo, pela reconstrução do conhecimento a partir daquilo que os alunos já sabem (NININ-APUD-MARTINS, 2001). O proposto projeto aborda um acontecimento histórico do Brasil, através da letra do Samba-enredo “Liberdade, Liberdade abre as asas sobre nós”. No contexto geral o projeto reúne, pesquisa, arte, história do Brasil, música, dança, fotografia e exposição. A proposta pedagógica de composição fotográfica sugere um visual de cores e brilhos da história da nossa cultura popular. Letra do Samba-enredo da escola de samba Imperatriz Leopondinense Liberdade, Liberdade abra as asas sobre nós -1989. Compositores: NiltinhoTristeza, Preto Jóia, Jurandir,Vicentinho Intérprete: Dominguinhos da Estácio. (Estrofes trabalhadas em negrito) Vem, vem reviver comigo amor O centenário em poesia
  • 25. Nesta pátria-mãe querida O império decadente, muito rico, incoerente Era fidalguia e por isso que surgem Surgem os tamborins, vem emoção A bateria vem, no pique da canção E a nobreza enfeita o luxo do salão Vem viver o sonho que sonhei Ao longe faz-se ouvir Tem verde-e-branco por aí Brilhando na Sapucaí Da guerra nunca mais Esqueceremos do patrono, o duque imortal A imigração floriu, de cultura o Brasil A música encanta, e o povo canta assim Pra Isabel, a heroína, que assinou a lei divina Negro dançou, comemorou, o fim da sina Na noite quinze e reluzente Com a bravura, finalmente O marechal que proclamou foi presidente Liberdade! liberdade! Abra as asas sobre nós E que a voz da igualdade Seja sempre a nossa voz A proposta pedagógica, objetiva valorizar, incentivar e promover o contato com as manifestações da nossa cultura. Como levar os alunos a reconhecer as influências africanas e a origem da cultura afro-brasileira nas linguagens artísticas. Promovendo atividades para o desenvolvimento das potencialidades dos estudantes nas linguagens artísticas, Artes Visuais, Dança, Música, Artes Cênicas. A fim de, ampliar e desenvolver o repertório da cultura popular através da pesquisa. Como também proporcionar atividades diferenciadas utilizando os elementos das Artes Visuais como recurso de exploração da criatividade dos alunos. Tendo como conteúdo específico a Interpretação e Composição fotográfica histórica. Essa proposta será trabalhada com alunos do Ensino Fundamental II, mais
  • 26. precisamente com alunos do sétimo ano, e para bom aproveitamento das atividades, estimamos um tempo de, aproximadamente, cinco a seis horas/aulas. Alguns materiais serão necessários nas aulas, então, utilizaremos nas pesquisas o livro “Fazendo carnaval” de Rosa Magalhães e o computador/Internet. Na TV e no aparelho de dvd, assistiremos ao vídeo da escola de samba referente ao tema, já no aparelho de CD ouvirão os sambas da escola de samba e o Abre alas. Os alunos se encarregarão de trazer para escola, roupas que possam representar a época ou fantasias de carnaval que retratem o tema (as fantasias poderão ser disponibilizadas pelas escolas de samba da cidade) e alguns acessórios para compor o visual da época. Usarão caderno e caneta para o registro das informações colhidas. Munidos de câmera fotográfica, os alunos farão o registro da composição. No desenvolvimento das aulas, primeiramente o professor compartilhará o projeto samba-enredo com os alunos, propondo um debate para saber o que os alunos sabem sobre o assunto, feito isto, explicará os alunos os procedimentos, a metodologia adotada. No segundo momento, irá propor que os alunos pesquisem via internet e no livro sobre a formação cultural do samba com roteiro sugerido, o enredo e o contexto histórico em que foi produzido. Relacionar a origem do samba e comparar com o surgimento do samba trabalhando o contexto histórico cultural brasileiro, registrando no caderno. Os alunos farão analogias com os carnavais passados e os da atualidade. No terceiro momento, o professor mostrará o vídeo da Escola de Samba Imperatriz Leopoldinense em homenagem ao centenário da Proclamação da República, cujo tema é “Liberdade, liberdade abre as asas sobre nós”. Após assistirem ao vídeo realizaremos um debate para discutirmos sobre as impressões audiovisuais: cores das escolas, seqüência dos carros alegóricos, fantasias, alas, registrando tudo no caderno. Na quarta aula, o professor apresentará a letra do samba-enredo, propondo que os alunos cantem junto com a gravação da escola de samba, farão também a audição do primeiro samba–enredo: “Abre alas” de Chiquinha Gonzaga. Com isso, estabelecerão relações entre os diferentes samba-enredos: a velocidade e o ritmo mudaram. Atualmente é mais rápido e antes era uma marcha. Questionando as diferenças, por exemplo, antes não tinha o sambódromo, os carnavais eram comemorados pelas ruas da cidade. Coletivamente, os alunos realizarão atividades
  • 27. rítmicas, cantando os dois sambas enredo e batendo com a mão na carteira (pulsação), observando que a velocidade do samba enredo atual é mais rápido, contextualizando a história. Na finalização das atividades, os alunos separarão as roupas adequadas e farão a composição fotográfica, uns fotografando os outros. Depois de reveladas as fotos, os alunos selecionarão as fotos e as colocarão em mural no pátio da escola para apreciação da comunidade escolar. Para que a avaliação tenha sentido e seja útil para os alunos, o ideal é que se faça uma análise coletiva das produções. Em seguida abrir comentários para que eles mesmos possam observar o que está bom e o que poderia ser melhorado. Lembrando de estabelecer critérios objetivos, como a compreensão do conteúdo trabalhado no samba-enredo como fonte de informação cultural. Saber dos alunos o que acharam relevante na proposta do projeto e o que poderia ser feito para melhorar, propondo soluções para os problemas encontrados, esclarecendo as possíveis dúvidas dos alunos. Numa proposta interdisciplinar, juntamente com a disciplina História do Brasil, por exemplo, o professor de história, poderá trabalhar os conhecimentos relativos à origem do samba, a passagem do enredo para samba-enredo, a escravidão no Brasil e a consolidação da abolição promulgada a partir da assinatura da Lei Áurea em 1888. Partindo da letra do samba de enredo proposto e, também outros sambas enredo das escolas de samba do Rio de janeiro, cujas letras levantem a mesma temática, os alunos realizarão atividades, partindo para pesquisa sobre o surgimento do samba no Brasil e o significado do enredo no contexto carnavalesco. Num outro momento, os alunos farão à interpretação das letras e o professor promoverá um debate entre os alunos para certificar se eles descobriram quais estrofes na letra dos sambas referenciam a abolição da escravatura. Feito o reconhecimento, eles apontarão se estas referências são alusivas ou diretas. Depois discutirão com os colegas e o professor o que fora percebido. Tomando como base as referências, os alunos poderão fazer associações e responder algumas questões no caderno, a fim de reconhecerem quem foi o responsável pela abolição da escravatura no Brasil, justificando suas respostas citando uma estrofe da música. Descobrirão, mesmo que de forma alusiva, a letra dos sambas exalta outros mitos, outros heróis e a partir daí, os alunos descreverão
  • 28. quem são eles, o período das suas ações, e a devida importância na História do Brasil. Os alunos pesquisarão outros sambas-enredo que fazem interpretações históricas sobre a abolição da escravidão e citarão dois ou três deles, respondendo também, qual samba-enredo encontrado assemelha-se à História Oficial sobre a abolição, fundamentando suas respostas. Registradas e socializadas, iniciaremos um debate das respostas, sob a orientação do professor. Essas atividades poderão ter a duração de cinco horas/aulas. Através da pesquisa, os alunos poderão aprender como se deu a formação cultural do Brasil, a Abolição da Escravatura e os eventos da Proclamação da República. Obterão conhecimentos sobre fatos sociais, culturais e históricos, marcantes da nossa história.
  • 29. CONCLUSÃO Com base no trabalho exposto, podemos reconhecer o valor cultural do carnaval e sua contribuição na promulgação da cultura popular brasileira. Permeado por valores e contribuições, os desfiles de carnaval do Rio de Janeiro, nos aspectos gerais, nos mostra a capacidade de expressão e criatividade de um povo na produção artística, tanto que se tornou tema de muitas dissertações acadêmicas. No contexto carnavalesco, os desfiles das escolas de samba do Rio de Janeiro são valiosas referências para divulgação da nossa cultura, assim como os elementos que compõem seu conjunto. Dos elementos dessa composição, investigamos as contribuições das alegorias carnavalescas como elemento de formação e desenvolvimento dos valores culturais dos alunos do Ensino Fundamental II, tendo como objetivo principal, o desenvolvimento de suas potencialidades criativas. Os processos criativos e produtivos das alegorias carnavalescas contribuem para o desenvolvimento da criatividade dos alunos do Ensino Fundamental II pelo estudo e reconhecimento dos elementos visuais que a compõem, como: linha, cor, luz, volume, textura e espaço. E a análise do processo de produção coletivo, corresponde ao desenvolvimento dos valores culturais dos alunos em questão. As alegorias para uma escola de samba são consideradas como arte popular, produzida pelo povo e apreciada por todos os povos. Sendo assim, é necessário reconhecer a importância dos elementos que compõem os desfiles das escolas de samba para serem trabalhados no cotidiano escolar, como meio de valorização e promulgação da nossa cultura.
  • 30. BIBLIOGRAFIA ANTROPOLOGIA CULTURAL-Como opera a cultura. A PSICOLOGIA, O DESENVOLVIEMENTO HUMANO E O ENSINO-APRENDIZAGEM DE ARTES- Tornar-se ‘um de nós’: a identidade pessoal e social. O DESENVOLVIMENTO PSICOLÓGICO NA PSICOGÊNESE DA PESSOA, HENRI WALLON-O ritmo de cada um. ARTES VISUAIS, MUSICA E TEATRO. / Thérèse Gofmam;Flávia Motoyama Narita;Ana Cristina Figueira Galvão(Organizadoras) – Brasília: UnB, 2009. BARBOSA, Ana Mae Tavares. A imagem no ensino da arte: anos oitenta e novos tempos. São Paulo: Perspectiva, 2008. CAVALCANTI, Maria Laura Viveiros de Castro. Carnaval Carioca: dos bastidores ao desfile. Rio de Janeiro: URFJ, 2006. BRISO, Caio Barretto -Revista- Istoé –Independente:Comportamento - N° Edição: 2102 | 19. Fev.10 - 21:00 | Atualizado em 07.Nov.11 - 14:34. Disponível em: <http://www.istoe.com.br/reportagens/51822_O+NOVO+MAGO+DA+SAPUCAI> Acesso em 8 de novembro de 2001-10h: 45m. CAVALCANTI, Maria Laura Viveiros de Castro. Carnaval carioca: dos bastidores ao desfile. 3. ed.rev. ampl. Rio de Janeiro: EdUFRJ, 2006. MAGALHÃES, Rosa. Fazendo carnaval = The Making of Carnival. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1997. NINIM, Maria Otilia Guimarães. Pesquisa na escola: que espaço é esse? O do conteúdo ou o do pensamento crítico?Educ.rev. no. 48. Belo Horizonte Dec. 2008. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0102- 46982008000200002&script=sci_arttext>Acesso em 18 de setembro de2011. OSTROWER, Fayga. Criatividade e processos de criação. Petrópolis: Vozes, 2008. PARÂMETROS CURRICULARES NASCIONAIS: arte/Secretaria de Educação Fundamental. – Brasília: MEC/SEF, 1997.130p. Revista Tijuca >CARNAVAL - 2011. O medo está no ar! A Sessão vai começar... Entrevista - Paulo Barros -O Ermitão Criativo, P.10.
  • 31. VILA, Martinho. Pra tudo se acabar na Quarta-Feira. GRES Unidos de Vila Isabel, 1994. Colocações. LIESA-Liga Independente das Escolas de Samba do Rio de Janeiro. Disponível em: <http://liesa.globo.com/>Acesso em 22 outubro de 20011.