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Coimbra, 4 de março de 1869 — 17 de agosto de 1944
Introdução
Eugênio de Castro e Almeida é considerado o introdutor do
Simbolismo em Portugal. Licenciou-se em Letras na
Universidade de Coimbra e após o término do curso
ocupou alguns cargos diplomáticos, como professor na
mesma universidade. Em Coimbra foi co-fundador da
revista internacional A Arte, onde foi diretor entre 1895 e
1896, e foi também colaborador do jornal O Dia.

Ele publicou os seus primeiros trabalhos de poesia, em
1884, aos 15 anos de idade, atingindo o momento mais alto
da sua obra em 1900 com o livro Constança.
Murmúrio de água na clepsidra gotejante,
Lentas gotas de som no relógio da torre,
Fio de areia na ampulheta vigilante,
Leve sombra azulando a pedra do quadrante,
Assim se escoa a hora, assim se vive e morre...

Homem, que fazes tu? Para quê tanta lida,
Tão doidas ambições, tanto ódio e tanta ameaça?
Procuremos somente a Beleza, que a vida
É um punhado infantil de areia ressequida,
Um som de água ou de bronze e uma sombra que passa...
Sua obra pode ser dividida em duas fases: na primeira fase
ou fase Simbolista, que corresponde a sua produção poética
até o final do século XIX, Eugênio de Castro definiu
algumas características da Escola Simbolista, como por
exemplo o uso de rimas novas e raras, novas métricas,
sinestesias, aliterações e vocabulário mais rico e musical.

Na segunda fase ou neoclássica, que corresponde aos
poemas escritos já no século XX, vemos um poeta voltado à
Antiguidade Clássica e ao passado português, revelando
um certo saudosismo, característico das primeiras décadas
do século XX em Portugal.
Coimbra, 7 de Setembro de 1867 — Macau, 1 de
                Março de 1926
Camilo de Almeida Pessanha nasceu no dia 7 de
setembro de 1867 na cidade de Coimbra em Portugal.
Após formar-se em Direito foi para Macau, na China,
onde exerceu a função de Professor.


Acometido de Tuberculose e viciado em ópio, retornou
várias vezes para a Portugal para tratar da sua saúde.
Essas viagens de pouco valeram, uma vez que o poeta
faleceu em 1º de março de 1926 em Macau.
Ele utiliza uma linguagem moderna, que passa ao largo dos simbolistas
convencionais, para discutir questões existenciais. A obra de Pessanha
apresenta um simbolismo arrebatado, considerado o verdadeiro sentimento
simbolista para muitos críticos.

Camilo Pessanha que é, sem sombra de dúvidas, o maior e mais autêntico
poeta Simbolista português foi fortemente influenciado pela poesia de do
poeta francês Verlaine.

Sua poesia, que influenciou vários poetas modernistas, como por exemplo
Fernando Pessoa, mostra o mundo sob a ótica da ilusão, da dor e do
pessimismo.

O exílio do mundo e a desilusão em relação à Pátria também estão presentes
em sua obra e passam a impressão de desintegração do seu ser.
Em 1920, é publicado ‘Clepsidra’, único livro de poesia de
Pessanha, que estava ainda na China. Foi lá onde o poeta
passou seus últimos dias de vida,

Os versos com que Camilo Pessanha abre ‘Clepsidra’ são
uma ilustração perfeita para a realidade que ele vivia: “Eu vi
a luz de um país perdido.
              /A minha alma é lânguida e inerme. /
             / Oh! Quem pudesse deslizar sem ruído! /
             / No chão sumir-se, como faz um verme…/ ”.
Nesse poema, “Inscrição”, vêem-se perdidos, um
país(Portugal) e o poeta (Camilo Pessanha) que canta a
decaída pátria’.
Clepsidra, 1920.


Fonte: www.atelie.com.br/shop/img/loja/492_01.jpg
http://www.infopedia.pt/$eugenio-de-castro

http://tertuliabibliofila.blogspot.com.br/2010/04/eugen
o-de-castro-oaristos-e-o.html

http://www.historianet.com.br/conteudo/default.aspx?
odigo=483

http://www.portalsaofrancisco.com.br/alfa/camilo
pessanha/camilo-pessanha.php

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Eugênio de castro

  • 1. Coimbra, 4 de março de 1869 — 17 de agosto de 1944
  • 2. Introdução Eugênio de Castro e Almeida é considerado o introdutor do Simbolismo em Portugal. Licenciou-se em Letras na Universidade de Coimbra e após o término do curso ocupou alguns cargos diplomáticos, como professor na mesma universidade. Em Coimbra foi co-fundador da revista internacional A Arte, onde foi diretor entre 1895 e 1896, e foi também colaborador do jornal O Dia. Ele publicou os seus primeiros trabalhos de poesia, em 1884, aos 15 anos de idade, atingindo o momento mais alto da sua obra em 1900 com o livro Constança.
  • 3. Murmúrio de água na clepsidra gotejante, Lentas gotas de som no relógio da torre, Fio de areia na ampulheta vigilante, Leve sombra azulando a pedra do quadrante, Assim se escoa a hora, assim se vive e morre... Homem, que fazes tu? Para quê tanta lida, Tão doidas ambições, tanto ódio e tanta ameaça? Procuremos somente a Beleza, que a vida É um punhado infantil de areia ressequida, Um som de água ou de bronze e uma sombra que passa...
  • 4. Sua obra pode ser dividida em duas fases: na primeira fase ou fase Simbolista, que corresponde a sua produção poética até o final do século XIX, Eugênio de Castro definiu algumas características da Escola Simbolista, como por exemplo o uso de rimas novas e raras, novas métricas, sinestesias, aliterações e vocabulário mais rico e musical. Na segunda fase ou neoclássica, que corresponde aos poemas escritos já no século XX, vemos um poeta voltado à Antiguidade Clássica e ao passado português, revelando um certo saudosismo, característico das primeiras décadas do século XX em Portugal.
  • 5. Coimbra, 7 de Setembro de 1867 — Macau, 1 de Março de 1926
  • 6. Camilo de Almeida Pessanha nasceu no dia 7 de setembro de 1867 na cidade de Coimbra em Portugal. Após formar-se em Direito foi para Macau, na China, onde exerceu a função de Professor. Acometido de Tuberculose e viciado em ópio, retornou várias vezes para a Portugal para tratar da sua saúde. Essas viagens de pouco valeram, uma vez que o poeta faleceu em 1º de março de 1926 em Macau.
  • 7. Ele utiliza uma linguagem moderna, que passa ao largo dos simbolistas convencionais, para discutir questões existenciais. A obra de Pessanha apresenta um simbolismo arrebatado, considerado o verdadeiro sentimento simbolista para muitos críticos. Camilo Pessanha que é, sem sombra de dúvidas, o maior e mais autêntico poeta Simbolista português foi fortemente influenciado pela poesia de do poeta francês Verlaine. Sua poesia, que influenciou vários poetas modernistas, como por exemplo Fernando Pessoa, mostra o mundo sob a ótica da ilusão, da dor e do pessimismo. O exílio do mundo e a desilusão em relação à Pátria também estão presentes em sua obra e passam a impressão de desintegração do seu ser.
  • 8. Em 1920, é publicado ‘Clepsidra’, único livro de poesia de Pessanha, que estava ainda na China. Foi lá onde o poeta passou seus últimos dias de vida, Os versos com que Camilo Pessanha abre ‘Clepsidra’ são uma ilustração perfeita para a realidade que ele vivia: “Eu vi a luz de um país perdido. /A minha alma é lânguida e inerme. / / Oh! Quem pudesse deslizar sem ruído! / / No chão sumir-se, como faz um verme…/ ”. Nesse poema, “Inscrição”, vêem-se perdidos, um país(Portugal) e o poeta (Camilo Pessanha) que canta a decaída pátria’.