PROJETO DE EXTENSÃO I - TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO Relatório Final de Atividade...
Bons leitores. Bons em todas as disciplinas
1. Bons leitores são bons alunos em
qualquer disciplina
Quando a garotada lê bem (e compreende o que lê),
tem mais chances de sucesso. Muitos professores já
descobriram isso. E você?
Márcio Ferrari (novaescola@atleitor.com.br)
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Trabalhar produção de textos e leitura é tarefa de todos os professores, não só dos que
lecionam Língua Portuguesa. A capacidade de entender e produzir textos é fundamental
em qualquer disciplina, de História até Matemática. Cada área tem textos com
características específicas e não dá para deixar tudo por conta do professor de Língua
Portuguesa. "Não é que agora todo mundo tem de ensinar português e cuidar da
correção ortográfica", diz a consultora Maria José Nóbrega, de São Paulo. "Só o
professor de cada área sabe se o texto que ele pediu está adequado em termos de
vocabulário ou clareza da argumentação, por exemplo."
É comum o professor de Matemática propor um problema às crianças e perceber que
muitas teriam conhecimento para solucioná-lo, mas não conseguem chegar lá porque
não entendem o enunciado. "Há alunos que sabem o raciocínio, mas têm dificuldade de
escrever e de ler corretamente", diz Kátia Smole, coordenadora do Mathema, empresa
de consultoria em educação matemática de São Paulo.
Textos científicos ensinam a comparar opiniões
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2. Tudo sobre
O estudo de texto nas aulas de Língua Portuguesa costuma se restringir a narrativas de
ficção, relatos pessoais (como cartas) ou notícias tiradas da imprensa. Para o estudante,
isso não é suficiente, porque há muitos outros tipos de texto que ele precisa
compreender. "Cada área deve investir nos gêneros que fazem parte do seu dia-a-dia",
diz Maria José. Foi por isso que Daniel Helene, professor de História da Escola da Vila,
de São Paulo, resolveu propor um trabalho de leitura e produção de texto técnico aos
alunos da 5ª série, um dos 12 projetos vencedores do Prêmio Victor Civita Professor
Nota 10 de 2004.
Com essa atividade, Daniel conseguiu o que queria: familiarizar a garotada com a
escrita científica, que exige planejamento prévio para organizar idéias e atenção à
clareza dos conceitos. A turma compreendeu que a linguagem formal facilita a
comunicação com o leitor que não se conhece. Por isso, ela é a mais eficiente quando se
escreve um texto para ser publicado, seja no jornal da escola ou em sua página na
internet.
Os textos de ciências humanas têm outras características peculiares, como revelar a
ideologia do autor e expor visões diferentes sobre um tema. Se os alunos forem
acostumados a ler vários modelos de texto (de documentos oficiais a ensaios
científicos), vão desenvolver espírito crítico para perceber essas nuances. Em pouco
tempo saberão expor as próprias idéias por escrito, com argumentos destinados a
convencer o leitor.
Na Matemática, o desafio é traduzir palavras em símbolos
A atividade com texto nas aulas de Matemática envolve outros desafios, como a relação
entre duas linguagens diferentes as palavras e os símbolos matemáticos. Só o professor
da área pode trabalhar satisfatoriamente a combinação de linguagens presente na
resolução de problemas. Para solucioná-los, pede-se ao aluno que traduza uma situação
inicialmente descrita em palavras para uma forma mais abstrata, composta de números e
sinais.
Isso leva a criança a desenvolver habilidades de raciocínio e representação, que ela
poderá usar em outras situações, cada vez mais complexas. Resolver uma questão
matemática com desenhos pode ser um bom começo para que a garotada das primeiras
séries se sinta à vontade no trânsito entre as duas linguagens. Por exemplo: peça que os
alunos, por meio de desenhos, distribuam nove lápis em três estojos ou 12 bolas entre
quatro crianças.
O trabalho com leitura e escrita em Matemática já pode ser proposto nas primeiras
séries. A atividade em grupo é muito produtiva nessa fase, tanto para desenvolver
habilidades de comunicação quanto para revelar ao professor e aos próprios alunos o
quanto aprenderam e quais dificuldade ainda têm.
A professora Mirela Landulfo, do Colégio Nossa Senhora Aparecida, em São Paulo,
utiliza textos nas aulas de Matemática desde a 2ª série. Para ela, essa é a melhor forma
de levar as crianças a refletir sobre o que aprendem. Para ensinar tabuada, por exemplo,
ela usa jogos e histórias em quadrinhos e depois pede que os alunos escrevam sobre a
3. experiência. Os relatos dos estudantes sobre o Bingo da Tabuada em que eles têm de
achar o resultado de uma multiplicação em suas cartelas de números mostraram a
Mirela que alguns ficavam atentos às peças do jogo, outros às regras e os demais ao
conteúdo matemático. Com base nisso, a professora concluiu que deveria continuar
investindo na atividade até que a maior parte da turma constatasse, sozinha, como
funciona a tabuada e também avaliasse o próprio aprendizado.
Para que a garotada da 7ª série conseguisse passar aos colegas os conceitos aprendidos,
a professora Neide Pessoa dos Santos, da Escola Municipal de Ensino Fundamental
Afrânio de Mello Franco, em São Paulo, realizou uma atividade que envolveu todas as
turmas. Primeiro, propôs um problema aos alunos de uma classe. Depois, cada um
escreveu uma carta, com indicações sobre a resolução, para um colega anônimo de outra
sala. O tal colega mais tarde enviou uma resposta, avaliando as dicas recebidas e
contando como solucionou o problema. "O exercício pedia um cuidado especial com o
texto e ampliou o vocabulário matemático dos meninos", diz Neide. O empenho das
turmas foi tão grande que os professores adaptaram a experiência, com sucesso, para o
laboratório de informática. Os alunos ensinaram uns aos outros, por escrito, como
desenvolver um software que constrói mosaicos.
O que todo professor pode fazer
• Estimular o gosto pela leitura.
• Fazer perguntas e discutir o que foi lido.
• Avaliar o aprendizado por escrito.
• Mostrar a importância do vocabulário específico.
• Incentivar a clareza ao escrever.
• Treinar a habilidade de organizar ideias.
Quer saber mais?
Colégio Nossa Senhora Aparecida, Al. Jauaperi, 416, 04523-903, São Paulo, SP, tel.
(11) 5054-4399
Escola da Vila, R. Alfredo Mendes da Silva, 55, 05525-000, São Paulo, SP, tel. (11)
3751-5255, www.escoladavila.com.br
Escola Municipal de Ensino Fundamental Afrânio de Mello Franco, R. Acambaro, 39,
04827-250, São Paulo, SP, tel. (11) 5667-0412
Bibliografia
Construir e Ensinar as Ciências Sociais e a História, Mario Carretero, 144 págs., Ed.
Artmed, tel. 0800-7033444, edição esgotada
Ler e Escrever: Compromisso de Todas as Áreas, Iara Conceição Bitencourt Neves e
outros, 232 págs., Ed. da Universidade, tel. (51) 3224-8821, 25 reais
4. Ler, Escrever e Resolver Problemas, Kátia Stocco Smole e Maria Ignez Diniz (orgs.),
204 págs., Ed. Artmed, 48 reais
Publicado em Março 2005.
http://revistaescola.abril.com.br/lingua-portuguesa/pratica-pedagogica/bons-leitores-bons-
alunos-423585.shtml