Este documento fornece uma introdução aos transtornos ansiosos, definindo ansiedade e classificando os principais transtornos de acordo com a CID-10. Apresenta os critérios do DSM-IV para o transtorno de ansiedade generalizada e discute a epidemiologia, etiologia, avaliação, tratamento não farmacológico e farmacológico para os principais transtornos ansiosos como TAG, fobias específicas e sociais, e TEPT.
3. CLASSIFICAÇÃO CID 10
F40-F48 Transtornos neuróticos, transtornos relacionados com o “stress” e transtornos somatoformes
F40 Transtornos fóbico-ansiosos
F41 Outros transtornos ansiosos
F42 Transtorno obsessivo-compulsivo
F43 Reações ao “stress” grave e transtornos de adaptação
F44 Transtornos dissociativos [de conversão]
F45 Transtornos somatoformes
F48 Outros transtornos neuróticos
4. CRITÉRIOS DSM IV – transtorno da
ansiedade generalizado
Presença de ansiedade excessiva sobre eventos ou atividades que ocorrem na maioria dos dias
pelo menos 6 meses
Perder o controle sobre a intensidade de preocupação
Pelo menos três dos sintomas incluindo inquietação, fadiga, falta de concentração, irritabilidade e
problemas de tensão e repouso do músculo
Interferência significativa dos sintomas com a funcionalidade social e laboral levando a uma aflição
significativa
Nenhum outro transtorno de humor ou problema psiquiátrico
5. INTRODUÇÃO
• Ansiedade é um sentimento vago e desagradável de
medo, apreensão, caracterizado por tensão ou
desconforto derivado de antecipação de perigo, de algo
desconhecido ou estranho.
• Em crianças, o desenvolvimento emocional influi sobre as
causas e a maneira como se manifestam os medos e as
preocupações tanto normais quanto patológicos.
• Diferentemente dos adultos, crianças podem não
reconhecer seus medos como exagerados ou irracionais,
especialmente as menores.
6. A ansiedade e o medo passam a ser reconhecidos como
patológicos quando:
• são exagerados, desproporcionais em relação ao estímulo, ou
qualitativamente diversos do que se observa como norma naquela faixa
etária e interferem com a qualidade de vida, o conforto emocional ou o
desempenho diário do indivíduo.
• Tais reações exageradas ao estímulo ansiogênico se desenvolvem, mais
comumente, em indivíduos com uma predisposição neurobiológica
herdada.
7. INTRODUÇÃO
A maneira prática de se diferenciar ansiedade
normal de ansiedade patológica é
basicamente avaliar se a reação ansiosa é de
curta duração, autolimitada e relacionada ao
estímulo do momento ou não.
8. Diagnóstico dos Transtornos de
ansiedade
No TA os sintomas são primários, ou seja, não são derivados de outras
condições psiquiátricas.
Sintomas frequentes em outros transtornos psiquiátricos (diagnóstico
diferencial)
É uma ansiedade que se explica pelos sintomas do transtorno primário.
Pode ocorrer associado a outras condições psiquiátricas ou não
(comorbidades).
9. EPIDEMIOLOGIA
• Atualmente classificados em transtorno de ansiedade generalizada (TAG) e
fobia social.
• Prevalência estimada durante o período de vida de 9% e 15% respectivamente.
• Transtorno de ansiedade excessiva ou o atual TAG (2,7% a 4,6%) e as fobias
específicas (2,4% a 3,3%).
• A prevalência de fobia social fica em torno de 1% e a do transtorno de pânico
(TP) 0,6%.
• A distribuição entre os sexos é de modo geral equivalente, exceto fobias
específicas, transtorno de estresse pós-traumático e transtorno de pânico com
predominância do sexo feminino.
10. Etiologia
• Início na infância ou adolescências e apresentam um
curso crônico, embora flutuante ou episódico, se não
tratados.
• A causa dos transtornos ansiosos é muitas vezes
desconhecida e provavelmente multifatorial, incluindo
fatores hereditários e ambientais diversos.
• Entre os indivíduos com esses transtornos, o peso
relativo dos fatores causais pode variar.
11. Avaliação e planejamento terapêutico
• Início dos sintomas
• possíveis fatores desencadeantes (ex. crise conjugal, perda por morte ou
separação, doença na família e nascimento de irmãos).
• Desenvolvimento da criança.
Obter uma história
detalhada:
• Presença de comportamento inibido
• Tipo de apego que ela tem com seus pais e familiares (ex. seguro ou não)
• Estilo de cuidados paternos destes (ex. presença de superproteção), além
dos fatores implicados na etiologia dessas patologias.
Levar em conta o
temperamento do paciente:
• Presença de comorbidades.Importante
12. Bases do tratamento
De modo geral, o tratamento é constituído por
uma abordagem multimodal, que inclui orientação
aos familiares e ao paciente, terapia cognitivo-
comportamental, psicoterapia dinâmica, uso de
psicofármacos e intervenções familiares.
13. TAG – TRANSTORNO DE ANSIEDADE
GENERALIZADA
Além da ansiedade exige 3 ou mais dentre os seguintes sintomas para o diagnóstico em
adultos:
Inquietação ou sensação de estar com os
nervos à flor da pele;
Fadiga; Dificuldade em concentrar-se ou
sensações de "branco" na mente;
Irritabilidade; Tensão muscular; Perturbação
do sono (dificuldades em conciliar ou manter
o sono, ou sono insatisfatório e inquieto).
Caracteriza-se por um estado de ansiedade excessiva persistente que não depende do
contexto e é desproporcional aos fatos que ocorrem na maior parte dos dias por um período
de pelo menos 6 meses, causando disfuncionalidade social e laboral.
14. Terapia não farmacológica
Dependendo da situação particular do doente.
Psicoterapia e terapia cognitivo-comportamental (fortemente baseado em
evidências)
Fototerapia: (particularmente em países com baixa exposição solar)
Eletroconvulsoterapia (feita com o paciente anestesiado e inconsciente) –
pouco utilizado atualmente
15. Os fármacos de primeira linha no tratamento da TAG são os AD
(como os ISRS) e os benzodiazepínicos. Porém outros
medicamentos podem ser usados a critério do médico:
Terapia farmacológica
ISRS – flovoxetina, paroxetina, escitalopram
ISRSN – venlafaxina
AD tricíclicos: imipramina por ex.
Benzodiazepinicos: alprazolam, clonazepam
Β-bloqueadores: propranolol, atenolol.
Alguns anti-histamínicos.
Além dessas drogas clássicas no
tratamento do transtorno, o
psiquiatra pode se valer de outras
classes medicamentosas quando a
ansiedade é grave e insuportável
para o paciente. Exemplo são os
antipsicóticos atípicos que
diminuem os sintomas negativos
característicos dos transtornos de
humor e ansiedade.
16. Fobias especificas
• Medo excessivo e persistente relacionado a um determinado
objeto ou situação, que não seja situação de exposição pública ou
medo de ter um ataque de pânico.
Definição
• O paciente procura correr para perto de alguém que a faça se sentir protegido
• Pode apresentar reações de choro
• Desespero
• Imobilidade
• Agitação psicomotora ou até mesmo um ataque de pânico
Diante do estímulo fóbico:
• Pequenos animais
• Injeções
• Escuridão
• Altura
• Ruídos intensos
Os medos mais comuns são:
As fobias específicas são diferenciadas dos medos normais da infância por constituírem
uma reação excessiva e desadaptativa, que foge do controle do indivíduo, leva a
reações de fuga, é persistente e causa comprometimento no funcionamento da criança
17. Fobias especificas - tratamento
• ainda carecem de evidências baseadas em estudos clínicos com
amostras significativas.Terapia comportamental
• dessensibilização progressiva (programa de exposição gradual ao
estímulo), acompanhado de:
• Modelagem: técnica com demonstração prática pelo terapeuta e
imitação pelo paciente durante a sessão;
• manejo de contingências: identificação e modificação de situações
relacionadas ao estímulo fóbico, que não o próprio estímulo;
• procedimentos de autocontrole e relaxamento).
Técnicas:
Tratamento farmacológico: não tem sido utilizado na prática clínica e são
poucos os estudos sobre o uso de medicações nesses transtornos.
18. Fobias sociais
Medo persistente e intenso de situações onde a pessoa julga estar exposta à
avaliação de outros, ou se comportar de maneira humilhante ou vergonhosa,
Pode ser expressa por choro, "acessos de raiva" ou afastamento de situações
sociais nas quais haja pessoas não familiares.
Comumente acompanhado de presença de sintomas físicos como: palpitações,
tremores, calafrios e calores súbitos, sudorese e náusea.
A depressão é uma comorbidades frequente em portadores de fobia social.
19. Fobias sociais - tratamento
Uma série de procedimentos cognitivo-comportamentais têm sido descritos para o
tratamento de medo de situações sociais ou de isolamento social em crianças.
O tratamento cognitivo da ansiedade social foca inicialmente na modificação de pensamentos
mal adaptados que parecem contribuir para o comportamento de evitação social.
O tratamento comportamental baseia-se na exposição gradual à situação temida
Tratamento farmacológico: Benzodiazepínicos podem ser úteis na redução de evitações de
situações sociais.
20. Transtorno de estresse pós-traumático
(TEPT)
Definido por inibição excessiva ou desinibição, agitação e reatividade emocional aumentada, hipervigilância,
além de pensamentos obsessivos com conteúdo relacionado à vivência traumática em consequência à
exposição a um acontecimento que ameace a integridade ou a vida do indivíduo.
Comportamento de evitar estímulos associados ao evento traumático.
Tais sintomas devem durar mais de um mês e levar a comprometimento das atividades do paciente.
O paciente evita falar sobre o que aconteceu, pois isso lhe é muito doloroso, e essa atitude parece perpetuar
os sintomas como em geral acontece com todos os transtornos ansiosos.
21. TEPT - Tratamento
Abordagem cognitivo-comportamental e psicoterapia dinâmica breve no TEPT.
A abordagem cognitivo-comportamental tem sido focalizada sobre o(s) sintoma(s) alvo, com o
objetivo de reverter o condicionamento da reação ansiosa, pela habituação ao estímulo.
O terapeuta deve auxiliar o indivíduo a enfrentar o objeto temido, discursando sobre o evento
traumático, orientando o paciente a não evitar o tema ou os pensamentos relacionados.
O paciente pode se beneficiar do uso de ansiolíticos benzodiazepínicos e uso de ISRS.
22. Referencias
American Psychiatric Association (APA). DSM IV: Diagnostic and Statistical Manual for
Mental Disorders, 4th version. Washington (DC): American Psychiatric Press; 1994.
CASTILLO, Ana Regina GL et al . Transtornos de ansiedade. Rev. Bras. Psiquiatr., São
Paulo , v. 22, supl. 2, p. 20-23, Dec. 2000.
Organização Mundial da Saúde. CID-10 Classificação Estatística Internacional de
Doenças e Problemas Relacionados à Saúde. 10a rev. São Paulo: Universidade de São
Paulo; 1997. vol.1.