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20 | JULHO 2018
EFICIÊNCIA EXTRA
NA ADUBAÇÃO
Reportagem de Capa
Denise Saueressig
denise@agranja.com
A expressão do potencial produtivo das culturas depende, entre
muitos outros fatores, de uma nutrição equilibrada e adequada às
necessidades da planta. Nesse trabalho, realizado a cada nova safra,
o produtor pode contar com aliados importantes, além da adubação
tradicional. São técnicas e produtos diferenciados que acompanham a
evolução dos processos da agricultura moderna e que podem favorecer a
rentabilidade ao final da colheita
SérgioZacchi
A GRANJA | 21
A
s inovações que partem de demandas
do campo e dos laboratórios de insti-
tuições de pesquisa e de empresas são
aliadas do processo de desenvolvimento
constante da agricultura. Técni-
cas e produtos diferenciados são
complementos a práticas tradi-
cionais e fórmulas conhecidas
num cenário em que a prioridade
deve ser a rentabilidade e a sus-
tentabilidade da lavoura.
O mercado disponibiliza, de
forma cada vez mais frequente,
soluções em nutrição que vão além da
adubação convencional. É o caso, por
exemplo, dos chamados fertilizantes es-
peciais ou de eficiência aumentada. Por
definição, esses produtos apresentam, em
sua composição, tecnologias que visam
garantir melhor aproveitamento dos nu-
trientes, redução dos processos de perdas,
diminuição de doses utilizadas, aumento
da eficiência agronômica, otimização da
operacionalidade no sistema de produção
e incremento de produtividade, detalha o
pesquisador Rafael Gonçalves Vilela, da
Fundação deApoio à PesquisaAgropecuá-
ria de Chapadão (Fundação Chapadão), no
Mato Grosso do Sul.
O especialista recorda que, no passado,
o surgimento de formulações que apresen-
tavam mais de um nutriente em um único
grânulo representou um grande avanço
no mercado, diminuindo problemas com
segregação e garantindo maior uniformi-
dade na distribuição dos nutrientes. “Hoje,
as empresas fornecem não só formulações
personalizadas à necessidade do produtor,
levando em consideração a mistura de
macronutrientes em um único grânulo,
mas também a possibilidade de inserção de
micronutrientes impregnados nesses mes-
mos grânulos, recobrimento do fertilizante
com polímeros para liberação gradativa
de nutrientes, tratamento de adubos nitro-
genados com inibidores de nitrificação e
de urease, uso de substâncias húmicas em
fertilizantes fosfatados e potássicos, entre
outras, cujas características introduzidas,
por encapsulamento e recobertura dos
grânulos, caracterizam fertilizantes de
eficiência aumentada”, descreve.
Atenção para o desempenho — Os
fertilizantes de eficiência aumentada fa-
zem parte de um movimento de mercado
percebido, especialmente, nos últimos
dez anos, analisa o pesquisador Vinicius
Benites, chefe de Pesquisa e Desenvol-
vimento da Embrapa Solos. Esse tipo de
inovação, na opinião do especialista, é,
muitas vezes, motivada pelo marketing,
e não propriamente pelos resultados cien-
tíficos, gerando uma carteira de produtos
denominados premium. “O produtor deve
ter cuidado com a oferta existente. Em
muitos casos, o desempenho não é me-
lhor, e o custo é mais alto. É importante
trabalhar com um manejo adequado e
com bons profissionais, e atentar para os
produtos que tenham eficácia comprovada
cientificamente”, defende.
O pesquisador Heitor Cantarella, do
InstitutoAgronômico (IAC), da Secretaria
de Agricultura de São Paulo, concorda e
alerta que o aconselhável é prestar atenção
às práticas mais usuais da lavoura. “É
preciso avaliar o custo adicional com o
uso desses produtos e relacionar com os
benefícios. O ideal é que o produtor tenha
um registro da evolução da fertilidade do
solo ao longo do tempo para adotar medi-
das preventivas e guiar o manejo em longo
prazo”, afirma.
A análise do solo, princípio básico
e sempre recomendado, pode informar,
por exemplo, se determinado talhão está
acumulando nutrientes acima ou abaixo
da necessidade. “Assim, é viável fazer as
correções com precisão, pensando na fer-
tilização convencional ou até na utilização
de um insumo com alguma característica
especial”, menciona. Uma análise de solo
com macro e micronutrientes, prossegue o
pesquisador, tem custo acessível, em torno
de R$ 30,00 a R$ 50,00, e pode ser feita
por centenas de laboratórios habilitados.
O IAC mantém uma série de pesquisas
sobre os fertilizantes de eficiência aumen-
tada. Segundo Cantarella, os estudos in-
cluem os insumos de liberação controlada
e aqueles que contêm aditivos. “Além dos
aspectos produtivos, é importante focar
na questão ambiental. Fertilizantes com
inibidores de urease, que podem reduzir
as perdas de nitrogênio, consequentemente
ajudam a diminuir a emissão dos gases
causadores do efeito estufa. Esse fator é
estratégico para o Brasil, que assumiu, na
COP21, o compromisso de redução das
emissões”, frisa, referindo-se à Confe-
rência das Nações Unidas sobre Mudança
Climática, realizada em Paris, em 2015.
Fatores para tomada de decisão —
Considerando que insumos voltados à
correção e adubação do solo representam
mais de 35% do custo total de produção
na lavoura, antes da adoção de qualquer
tecnologia, o produtor precisa entender
quais são as limitações encontradas em seu
sistema e, principalmente, nas condições do
solo.Também é fundamental a percepção da
exigêncianutricionaldacultura,adisponibi-
lidade hídrica e o momento adequado para a
aplicação. “Da mesma forma, informações
sobreacomposiçãodessesprodutoseacesso
às curvas de liberação dos nutrientes em um
determinado espaço de tempo são neces-
sárias para a correta tomada de decisão e
posicionamentodessastecnologias”,orienta
o pesquisador Rafael Vilela.
AlexandreEsteves
ViniciusBenites,daEmbrapa
Solos:produtordeveadotar
manejoadequadoeatentarpara
osinsumosquetenhameficácia
comprovadacientificamente
22 | JULHO 2018
Reportagem de Capa
foliar com fertilizantes
líquidos. Entre os estudos
realizados pela Fundação
Chapadão, Vilela cita o
experimento feito com uso
de fertilizante fosfatado
revestido com polímeros
na cultura da soja. Mesmo
com a redução de 50%
na quantidade de P2
O5
, a proteção dos
grânulos garantiu a mesma produtividade
de grãos comparada ao uso de fertilizante
convencional em que houve o forneci-
mento de 100% de P2
O5
. Na área em que
foram aplicados 80 quilos por hectare do
fertilizante convencional, a produtividade
foi de 58 sacas por hectare, enquanto, no
talhão que recebeu o adubo revestido,
foram utilizados 40 quilos do insumo, e
o rendimento foi de 59 sacas por hectare.
Outro trabalho envolveu a adubação
nitrogenada na cultura do milho conside-
rando a demanda precoce da planta pelo
nutriente. Foi constatado um incremento
de 18 sacas por hectare com o fornecimen-
to incorporado no sulco de semeadura, uti-
lizando 60% do N com fonte convencional
em mistura com 40% com fonte protegida.
No manejo padrão, 100% de ureia conven-
cional foi aplicada em superfície quando
o milho encontrava-se nos estádios de
desenvolvimento V2 e V4.
Mercado em expansão — AAssocia-
ção Brasileira das Indústrias de Tecnologia
em Nutrição Vegetal (Abisolo) representa
parte desse setor, que, em 2017, faturou
R$ 6,36 bilhões e tem estimativa de cres-
cimento de 12% para este ano. Apesar de
um cenário no qual ainda predominam as
incertezas, é possível dizer que o segmento
O especialista observa que, dentro
da principal demanda de fertilizantes, o
fósforo é o elemento mais requisitado em
todo o manejo de adubação, fator que está
associado à predominância de solos ácidos
e à pouca disponibilidade desse nutriente
na maior parte das áreas agricultáveis. “Em
solos com essas características, a eficiência
dos fertilizantes convencionais é baixa,
com aproveitamento de 15% a 30% de todo
o fósforo aplicado. Essa situação sinaliza
a necessidade do emprego de práticas
eficazes para o melhor aproveitamento
do elemento, reduzindo a quantidade do
nutriente aplicado e gerando menor im-
pacto ambiental, como, por exemplo, o
uso do sistema plantio direto e a adoção
de fertilizantes com liberação lenta e/ou
controlada”, constata.
A liberação lenta, explica Vilela,
confere aos fertilizantes a possibilidade
de fornecer ao meio nutrientes de forma
gradativa, porém este é dependente de
fatores climáticos, não sendo possível a
determinação real da quantidade liberada
em um espaço de tempo. “No entanto, os
fertilizantes de liberação controlada apre-
sentam como vantagem a informação do
total de nutrientes liberados ao meio em
um intervalo de tempo conhecido”, diz.
Aimportância da pesquisa — Segun-
do o pesquisador da Fundação Chapadão,
ArquivosIAC
ainda existe, no setor, uma série de ques-
tionamentos a respeito da real eficiência
desses produtos com grânulos protegidos,
muito em decorrência da grande variabili-
dade de solo, clima, qualidade do revesti-
mento empregado, dose e época de aplica-
ção ideal para absorção das plantas. “Esses
fatores, somados à situação econômica
do País, dificultam a maior adoção dessas
tecnologias. No entanto, o surgimento de
novas indústrias e as pesquisas geradas
vêm movimentando o mercado especial-
mente nos maiores polos agrícolas, onde
o emprego desses produtos é gerenciado
de forma personalizada, conferindo maior
assertividade com adoção de práticas
da agricultura de
precisão”, com-
plementa.
Na opinião
do especialista,
as pesquisas com
fertilizantes es-
peciais serão in-
tensificadas, não
só contemplando
o uso de adubos
sólidos, mas tam-
bém tecnologias
para maximizar
o aproveitamento
dos nutrientes via
HeitorCantarella,doIAC:estudos
queenvolvemfertilizantes
especiaistambémconsideram
aspectosambientaisdevidoà
reduçãodasemissõesdegasesdo
efeitoestufa
Arte:MaiconSilveira
A GRANJA | 23
Anúncio
24 | JULHO 2018
Reportagem de Capa
em abril de 2019. A indústria defende a
continuidade do convênio para que não
haja impacto sobre o preço dos produtos.
Intercâmbio para inovação — A
Rede FertBrasil, iniciativa que envolve
estruturas de pesquisa, desenvolvimento
e transferência de tecnologias em fertili-
zantes, atua, desde 2009, sobre soluções
e processos que possam contribuir para
o aumento da eficiência e introdução de
novas fontes de nutrientes na agricultu-
ra. Participam do projeto cerca de 130
pesquisadores de mais de 20 unidades da
Embrapa em parceria com 73 instituições
de pesquisa e extensão, e 22 empresas
privadas do setor.
Uma das tecnologias mais recentes lan-
çadas no âmbito da Rede FertBrasil é um
fertilizante nitrogenado com aditivos inibi-
dores de urease incorporados aos grânulos,
processo que ajuda a reduzir as perdas
causadas por lixiviação e por volatização.
Estudos indicam que essa perda é de cerca
de 40% do total do fertilizante nitrogenado
aplicado no campo. Macronutriente primá-
rio, o nitrogênio é elemento fundamental
para a produtividade das plantas, e a ureia é
o fertilizante mais utilizado na agricultura
mundial como fonte de nitrogênio devido
ao seu menor preço por unidade e elevada
concentração do nutriente. O produto di-
ferenciado, que foi desenvolvido e testado
especialmente aqueles com impacto na
produtividade, na sanidade e na qualidade.
“Avançou bastante também nas questões
de compatibilidade em mistura nas cal-
das de pulverização e na concentração
de ingredientes ativos que viabilizam a
aplicação de menores doses por hectare,
com a mesma eficiência agronômica”,
acrescenta.
O setor tem conseguido avanços
importantes em relação aos marcos re-
gulatórios, mas há desafios, conforme
cita o presidente da Abisolo. Entre eles,
os temas relacionados à tributação, como
a renovação do Convênio nº 100/97, do
Confaz (Conselho Nacional de Política
Fazendária).Anormativa, que reduz a base
de cálculo do ICMS para o trânsito inte-
restadual de insumos agropecuários, vence
continuará em ascensão em 2019, consi-
dera o presidente da Abisolo,
Roberto Levrero. “Ainda é cedo
para fazer uma previsão mais es-
truturada, mas não seria impru-
dente prever um crescimento em
torno de 10%”, declara.Além da
maior adoção pelos produtores,
parte desse incremento se deve
ao investimento em pesquisa e
desenvolvimento realizado nos últimos
anos e que tem ficado, em média, entre 4%
e 6% do faturamento da indústria.
O crescimento do setor, segundo o
presidente da Abisolo, também pode ser
justificado pela relação custo-benefício
dos produtos. “Podemos citar como exem-
plo o investimento médio do produtor de
soja na aplicação dos produtos via folha,
que é de cerca de R$ 70,00 por hectare. Já
o ganho de produtividade pode ficar entre
três e cinco sacas adicionais por hectare”,
relata. “Já a utilização de um fertilizante
organomineral via solo pode representar
economia de até 20% no aporte de ma-
cronutrientes primários. E o investimento
médio por hectare em organominerais é
muito parecido com o do fertilizante tra-
dicional”, continua.
Soja na liderança — Como principal
cultura do País, a soja representa 44% das
vendas do mercado, que ainda tem o milho,
o café, as hortaliças, os citros e a cana-de-
-açúcar como destaques de consumo. Do
total da receita do segmento representado
pela Abisolo, os fertilizantes foliares cor-
respondem a 70,8%; os organominerais,
11,9%; os condicionadores de solo, 9,8%;
os fertilizantes orgânicos, 4,3%; e os subs-
tratos para plantas, 3,2%.
Aindústria de fertilizantes para aplica-
ção via folha, aponta Levrero, conseguiu
agregar muita tecnologia em seus insumos,
RafaelVilela,daFundação
Chapadão:fertilizantesdeliberação
controladatêmcomovantagem
ainformaçãosobreosnutrientes
liberadosaomeioemumintervalo
detempoconhecido
Divulgação
Arte:MaiconSilveira
A GRANJA | 25
AnaLúciaFerreira/Embrapa
pela Embrapa Solos e pela Escola
Superior de Agricultura “Luiz de
Queiroz”, da Universidade de São
Paulo (Esalq/USP), poderá ser
fabricado e comercializado por
meio de parceria com empresas
interessadas.
Alternativas estratégicas
— O Brasil é o quarto maior consumidor
de fertilizantes do mundo, mas depende
das importações para atender à deman-
da. Segundo dados da Associação dos
Misturadores de Adubos do Brasil (Ama
Brasil), em 2017, 88% das fontes nitroge-
nadas foram adquiridas de outros países.
“Também importamos mais de 50% do
fósforo e mais de 90% do potássio. Preci-
samos, cada vez mais, avaliar alternativas
que são estratégicas para o nosso sistema
produtivo. Isso inclui os orgânicos, os
organominerais, o reaproveitamento de
nutrientes secundários, a viabilização da
recuperação de resíduos, inclusive os urba-
nos e industriais, e a identificação de fontes
de materiais que existem aqui no Brasil”,
salienta o pesquisador Vinicius Benites.
O especialista cita outra tecnologia tam-
bém desenvolvida pela rede e que resultou
num fertilizante organomineral produzido
a partir de resíduos de cama de frango.
“Além de colaborar para a sustentabili-
dade da agricultura, reduzindo o uso de
químicos nas lavouras, esse tipo de produto
ainda colabora para ajudar a resolver uma
questão ambiental, que é a destinação
correta desses resíduos”, destaca.
Nitrogênio verde — Em mais um
trabalho voltado a produtos diferenciados,
pesquisadores da Embrapa Agrobiologia e
da Universidade Federal Rural do Rio de
Janeiro (UFRRJ) desenvolveram um fertili-
zanteorgânicoricoemnitrogênio.Chamado
deN-verde,oinsumoéproduzidoapartirda
gliricídia, leguminosa rústica e perene com
grandecapacidadedegeraçãodebiomassae
que permite poda até quatro vezes ao ano. O
projeto que resultou na fabricação do adubo
está em etapa de análise de custos de produ-
ção, e a expectativa é de que o insumo possa
chegar ao mercado, via cooperativas ou in-
dústrias, num prazo entre dois e cinco anos,
revelaopesquisadorEdnaldoAraújo,daEm-
brapaAgrobiologia. Segundo o especialista,
quecoordenaostrabalhossobreoN-verde,o
objetivo é tornar o produto compatível com
a realidade do campo. “Esperamos que seja
mais barato que a torta de mamona, que tem
valor cerca de 400% acima da ureia e é uma
das alternativas para fonte de nitrogênio em
sistemas de agricultura orgânica, nicho que
cresce 20% ao ano no Brasil e que merece
mais recursos para continuar em expansão”,
assinala.
DesenvolvidopelaEmbrapae
pelaUFRRJ,fertilizanteorgânico
N-verdeéproduzidoapartir
daleguminosagliricídiaeteve
eficiênciaatestadade10%
26 | JULHO 2018
Além da utilização em lavouras or-
gânicas e convencionais, o N-verde tem
potencial para uso em agricultura urba-
na e paisagismo, já que não emite odor,
caso da cama de aviário, por exemplo.
Para facilitar a aplicação e a adequação
a máquinas distribuidoras, o insumo foi
desenvolvido em forma de grânulos e
pellets. Estudos de campo indicaram re-
sultados positivos em hortaliças folho-
sas, milho e feijão. A eficiência atestada
foi de 10%, ou seja, de cada 100 quilos
aplicados na planta, a absorção é de
dez quilos no primeiro ciclo. Segundo
Reportagem de Capa
Um sistema planejado de forma
abrangente, com a adoção de práticas
e de insumos que se complementam,
direciona o trabalho do engenheiro-agrô-
nomo e produtor Rogério Vian (foto),
em Mineiros/GO. Há sete anos, depois
de conhecer experimentos, ele optou por
utilizar em suas áreas o pó de rocha, que
atua como um condicionador de solo.
O início foi num talhão de 52 hectares.
“No primeiro ano de observação na soja
e no milho, percebi uma melhoria na
sanidade das plantas e um custo menor
para garantir essa condição”, recorda.
Há três anos, o insumo foi integrado
aos 600 hectares da propriedade onde
Vian planta soja, milho e outras culturas,
como algodão, sorgo e feijão orgânico.
No ano passado, também uma parte da
soja produzida foi orgânica e comerciali-
zada com certificação. Da área total, 400
hectares foram cultivados com varie-
dades de soja convencionais, produção
que foi comercializada com bônus de
R$ 10,00 pela saca.
O produtor elogia as características
do pó de rocha, que, segundo ele, tem
em torno de 70 elementos químicos na
sua composição. “É quase uma tabela
periódica, um verdadeiro self service
para a planta se abastecer do que precisa.
O silício, por exemplo, é o que ajuda a
conferir mais resistência às plantas”,
detalha. “Além dos benefícios agronômi-
cos e ambientais, o uso da rochagem pri-
vilegia as matérias-primas e os recursos
que temos disponíveis
na região”, acrescen-
ta. Apesar da redução
significativa no uso da
adubação química, o
produtor ainda precisa
fazer complementações
ao sistema, como é o
caso do milho, que re-
cebe ureia para o aporte
de nitrogênio, elemento
que não é encontrado no
pó de rocha.
Vian faz questão de
frisar que a rochagem é
apenas parte de um sistema trabalhado
integralmente. Segundo ele, é preciso
estimular o ambiente para criar as con-
dições propícias para os efeitos positi-
vos dos nutrientes. Isso é conseguido
com práticas como o uso de bactérias
fixadoras de nitrogênio e de inseticidas
biológicos e o cultivo de um mix de
plantas de cobertura. “A monocultura
é insustentável. É necessário manter a
biodiversidade para imitar a natureza.
Chego a utilizar até nove espécies de
plantas de cobertura no mesmo sistema”,
assinala.
Rentabilidade é a palavra-chave
— O produtor conta que conseguiu
reduzir em 70% a utilização de de-
fensivos químicos em suas áreas. Já a
diminuição de custos é calculada em
50. Com uma produtividade média
de 60 sacas por hectare na soja, Vian
ressalta que não almeja recordes na
lavoura, mas sim resultados cada vez
mais positivos sobre a rentabilidade,
que aumentou 50% nos últimos cinco
anos.
Aos produtores que têm interesse
em utilizar o pó de rocha, o aconse-
lhável é analisar a formação do solo
e estudar, com o auxílio de profissio-
nais capacitados, o tipo de rocha que
poderá ser utilizada. Para trocar expe-
riências e conhecimento a respeito de
técnicas diferenciadas nas lavouras,
Vian, que também diretor regional da
Associação dos Produtores de Soja
e Milho de Goiás (Aprosoja-GO),
participa do Grupo de Agricultura
Sustentável (GAS), iniciativa que reú-
ne, em listas de discussão e eventos
específicos, em torno de mil partici-
pantes em diferentes regiões.
Araújo, existe a possibilidade de um
índice ainda maior nos ciclos seguintes
devido ao efeito residual.
Trabalho com precisão — Na
Fazenda Santa Rita, em Campinas do
Sul/RS, o produtor Araguen Antônio
Vansetto segue práticas criteriosas que
guiam o uso de insumos especiais nas
áreas cultivadas em 1.612 hectares. O
sistema é todo trabalhado com rotação
nas safras de verão e de inverno ocupa-
das com lavouras de soja, milho, feijão,
centeio, aveia preta e aveia branca. A
criação de gado de corte ocupa outros 80
hectares no verão. No inverno, parte das
áreas de lavoura é manejada em integra-
ção lavoura-pecuária. “As condições
da nossa região, que é um pouco mais
quente e não costuma ter incidência
de geadas precoces, permitem também
o cultivo da safrinha de soja. Assim,
conseguimos fazer 2,5 safras ao ano”,
enumera Vansetto.
Entender o solo e as plantas é o
grande desafio em um sistema em que
a busca pela rentabilidade sustentável
é incessante, considera o produtor, que
é técnico agrícola e administrador de
Ambiente em equilíbrio
LauradePalma/Aprosoja-GO
A GRANJA | 27
Divulgação
empresas. Entre as rotinas adotadas na
propriedade, ele cita, além da rotação
de culturas, a alternância também de
cultivares de ciclo adequado à janela
de plantio, o uso de sementes com
procedência e qualidade garantidas e
ferramentas da agricultura de precisão.
Um dos recursos utilizados é um
software que realiza a análise foliar
para determinar a quantidade e quais os
nutrientes necessários ao melhor desen-
volvimento das plantas. “Faço o diag-
nóstico da folha num ano para corrigir
no outro. Assim como a análise de solo,
que é georreferenciada e estratificada,
com amostras de 0 a 20 cm e de 20 a
40 cm em grid de um hectare”, indica.
Entre os insumos especiais aplica-
dos nas suas áreas, Vansetto menciona
o ácido L-glutâmico, aminoácido que,
segundo ele, colabora para diminuir
de maneira considerável o estresse das
plantas a fatores como altas ou baixas
temperaturas. A análise precisa das
folhas vem sendo adotada há cerca de
seis anos nas lavouras. Nesse período,
o produtor percebeu incremento de
30% no rendimento da soja. “Para cada
R$ 1,00 investido, tenho R$ 2,00 de
retorno”, calcula. Atualmente, as mé-
dias de produtividade ficam entre 70 e
80 sacas por hectare na safra de soja,
e entre 50 e 60 sacas por hectare no
período da safrinha. “O potencial ge-
nético das culturas está distante do que
conseguimos hoje. Para os próximos
dez anos, temos como meta produzir
18 toneladas de milho e seis toneladas
de soja por hectare”, revela.
AntônioGalvan,daAprosoja/MT:
atrasonaentregadeinsumose
indefiniçõesdomercado
dificultamprojetaraumentodo
plantiodasojanoestado
ProdutorAraguenVansetto,de
CampinasdoSul/RS:utilização
deaminoácidoajudaareduziro
estressedasplantasafatorescomo
altasoubaixastemperaturas

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A granja

  • 1. 20 | JULHO 2018 EFICIÊNCIA EXTRA NA ADUBAÇÃO Reportagem de Capa Denise Saueressig denise@agranja.com A expressão do potencial produtivo das culturas depende, entre muitos outros fatores, de uma nutrição equilibrada e adequada às necessidades da planta. Nesse trabalho, realizado a cada nova safra, o produtor pode contar com aliados importantes, além da adubação tradicional. São técnicas e produtos diferenciados que acompanham a evolução dos processos da agricultura moderna e que podem favorecer a rentabilidade ao final da colheita SérgioZacchi
  • 2. A GRANJA | 21 A s inovações que partem de demandas do campo e dos laboratórios de insti- tuições de pesquisa e de empresas são aliadas do processo de desenvolvimento constante da agricultura. Técni- cas e produtos diferenciados são complementos a práticas tradi- cionais e fórmulas conhecidas num cenário em que a prioridade deve ser a rentabilidade e a sus- tentabilidade da lavoura. O mercado disponibiliza, de forma cada vez mais frequente, soluções em nutrição que vão além da adubação convencional. É o caso, por exemplo, dos chamados fertilizantes es- peciais ou de eficiência aumentada. Por definição, esses produtos apresentam, em sua composição, tecnologias que visam garantir melhor aproveitamento dos nu- trientes, redução dos processos de perdas, diminuição de doses utilizadas, aumento da eficiência agronômica, otimização da operacionalidade no sistema de produção e incremento de produtividade, detalha o pesquisador Rafael Gonçalves Vilela, da Fundação deApoio à PesquisaAgropecuá- ria de Chapadão (Fundação Chapadão), no Mato Grosso do Sul. O especialista recorda que, no passado, o surgimento de formulações que apresen- tavam mais de um nutriente em um único grânulo representou um grande avanço no mercado, diminuindo problemas com segregação e garantindo maior uniformi- dade na distribuição dos nutrientes. “Hoje, as empresas fornecem não só formulações personalizadas à necessidade do produtor, levando em consideração a mistura de macronutrientes em um único grânulo, mas também a possibilidade de inserção de micronutrientes impregnados nesses mes- mos grânulos, recobrimento do fertilizante com polímeros para liberação gradativa de nutrientes, tratamento de adubos nitro- genados com inibidores de nitrificação e de urease, uso de substâncias húmicas em fertilizantes fosfatados e potássicos, entre outras, cujas características introduzidas, por encapsulamento e recobertura dos grânulos, caracterizam fertilizantes de eficiência aumentada”, descreve. Atenção para o desempenho — Os fertilizantes de eficiência aumentada fa- zem parte de um movimento de mercado percebido, especialmente, nos últimos dez anos, analisa o pesquisador Vinicius Benites, chefe de Pesquisa e Desenvol- vimento da Embrapa Solos. Esse tipo de inovação, na opinião do especialista, é, muitas vezes, motivada pelo marketing, e não propriamente pelos resultados cien- tíficos, gerando uma carteira de produtos denominados premium. “O produtor deve ter cuidado com a oferta existente. Em muitos casos, o desempenho não é me- lhor, e o custo é mais alto. É importante trabalhar com um manejo adequado e com bons profissionais, e atentar para os produtos que tenham eficácia comprovada cientificamente”, defende. O pesquisador Heitor Cantarella, do InstitutoAgronômico (IAC), da Secretaria de Agricultura de São Paulo, concorda e alerta que o aconselhável é prestar atenção às práticas mais usuais da lavoura. “É preciso avaliar o custo adicional com o uso desses produtos e relacionar com os benefícios. O ideal é que o produtor tenha um registro da evolução da fertilidade do solo ao longo do tempo para adotar medi- das preventivas e guiar o manejo em longo prazo”, afirma. A análise do solo, princípio básico e sempre recomendado, pode informar, por exemplo, se determinado talhão está acumulando nutrientes acima ou abaixo da necessidade. “Assim, é viável fazer as correções com precisão, pensando na fer- tilização convencional ou até na utilização de um insumo com alguma característica especial”, menciona. Uma análise de solo com macro e micronutrientes, prossegue o pesquisador, tem custo acessível, em torno de R$ 30,00 a R$ 50,00, e pode ser feita por centenas de laboratórios habilitados. O IAC mantém uma série de pesquisas sobre os fertilizantes de eficiência aumen- tada. Segundo Cantarella, os estudos in- cluem os insumos de liberação controlada e aqueles que contêm aditivos. “Além dos aspectos produtivos, é importante focar na questão ambiental. Fertilizantes com inibidores de urease, que podem reduzir as perdas de nitrogênio, consequentemente ajudam a diminuir a emissão dos gases causadores do efeito estufa. Esse fator é estratégico para o Brasil, que assumiu, na COP21, o compromisso de redução das emissões”, frisa, referindo-se à Confe- rência das Nações Unidas sobre Mudança Climática, realizada em Paris, em 2015. Fatores para tomada de decisão — Considerando que insumos voltados à correção e adubação do solo representam mais de 35% do custo total de produção na lavoura, antes da adoção de qualquer tecnologia, o produtor precisa entender quais são as limitações encontradas em seu sistema e, principalmente, nas condições do solo.Também é fundamental a percepção da exigêncianutricionaldacultura,adisponibi- lidade hídrica e o momento adequado para a aplicação. “Da mesma forma, informações sobreacomposiçãodessesprodutoseacesso às curvas de liberação dos nutrientes em um determinado espaço de tempo são neces- sárias para a correta tomada de decisão e posicionamentodessastecnologias”,orienta o pesquisador Rafael Vilela. AlexandreEsteves ViniciusBenites,daEmbrapa Solos:produtordeveadotar manejoadequadoeatentarpara osinsumosquetenhameficácia comprovadacientificamente
  • 3. 22 | JULHO 2018 Reportagem de Capa foliar com fertilizantes líquidos. Entre os estudos realizados pela Fundação Chapadão, Vilela cita o experimento feito com uso de fertilizante fosfatado revestido com polímeros na cultura da soja. Mesmo com a redução de 50% na quantidade de P2 O5 , a proteção dos grânulos garantiu a mesma produtividade de grãos comparada ao uso de fertilizante convencional em que houve o forneci- mento de 100% de P2 O5 . Na área em que foram aplicados 80 quilos por hectare do fertilizante convencional, a produtividade foi de 58 sacas por hectare, enquanto, no talhão que recebeu o adubo revestido, foram utilizados 40 quilos do insumo, e o rendimento foi de 59 sacas por hectare. Outro trabalho envolveu a adubação nitrogenada na cultura do milho conside- rando a demanda precoce da planta pelo nutriente. Foi constatado um incremento de 18 sacas por hectare com o fornecimen- to incorporado no sulco de semeadura, uti- lizando 60% do N com fonte convencional em mistura com 40% com fonte protegida. No manejo padrão, 100% de ureia conven- cional foi aplicada em superfície quando o milho encontrava-se nos estádios de desenvolvimento V2 e V4. Mercado em expansão — AAssocia- ção Brasileira das Indústrias de Tecnologia em Nutrição Vegetal (Abisolo) representa parte desse setor, que, em 2017, faturou R$ 6,36 bilhões e tem estimativa de cres- cimento de 12% para este ano. Apesar de um cenário no qual ainda predominam as incertezas, é possível dizer que o segmento O especialista observa que, dentro da principal demanda de fertilizantes, o fósforo é o elemento mais requisitado em todo o manejo de adubação, fator que está associado à predominância de solos ácidos e à pouca disponibilidade desse nutriente na maior parte das áreas agricultáveis. “Em solos com essas características, a eficiência dos fertilizantes convencionais é baixa, com aproveitamento de 15% a 30% de todo o fósforo aplicado. Essa situação sinaliza a necessidade do emprego de práticas eficazes para o melhor aproveitamento do elemento, reduzindo a quantidade do nutriente aplicado e gerando menor im- pacto ambiental, como, por exemplo, o uso do sistema plantio direto e a adoção de fertilizantes com liberação lenta e/ou controlada”, constata. A liberação lenta, explica Vilela, confere aos fertilizantes a possibilidade de fornecer ao meio nutrientes de forma gradativa, porém este é dependente de fatores climáticos, não sendo possível a determinação real da quantidade liberada em um espaço de tempo. “No entanto, os fertilizantes de liberação controlada apre- sentam como vantagem a informação do total de nutrientes liberados ao meio em um intervalo de tempo conhecido”, diz. Aimportância da pesquisa — Segun- do o pesquisador da Fundação Chapadão, ArquivosIAC ainda existe, no setor, uma série de ques- tionamentos a respeito da real eficiência desses produtos com grânulos protegidos, muito em decorrência da grande variabili- dade de solo, clima, qualidade do revesti- mento empregado, dose e época de aplica- ção ideal para absorção das plantas. “Esses fatores, somados à situação econômica do País, dificultam a maior adoção dessas tecnologias. No entanto, o surgimento de novas indústrias e as pesquisas geradas vêm movimentando o mercado especial- mente nos maiores polos agrícolas, onde o emprego desses produtos é gerenciado de forma personalizada, conferindo maior assertividade com adoção de práticas da agricultura de precisão”, com- plementa. Na opinião do especialista, as pesquisas com fertilizantes es- peciais serão in- tensificadas, não só contemplando o uso de adubos sólidos, mas tam- bém tecnologias para maximizar o aproveitamento dos nutrientes via HeitorCantarella,doIAC:estudos queenvolvemfertilizantes especiaistambémconsideram aspectosambientaisdevidoà reduçãodasemissõesdegasesdo efeitoestufa Arte:MaiconSilveira
  • 4. A GRANJA | 23 Anúncio
  • 5. 24 | JULHO 2018 Reportagem de Capa em abril de 2019. A indústria defende a continuidade do convênio para que não haja impacto sobre o preço dos produtos. Intercâmbio para inovação — A Rede FertBrasil, iniciativa que envolve estruturas de pesquisa, desenvolvimento e transferência de tecnologias em fertili- zantes, atua, desde 2009, sobre soluções e processos que possam contribuir para o aumento da eficiência e introdução de novas fontes de nutrientes na agricultu- ra. Participam do projeto cerca de 130 pesquisadores de mais de 20 unidades da Embrapa em parceria com 73 instituições de pesquisa e extensão, e 22 empresas privadas do setor. Uma das tecnologias mais recentes lan- çadas no âmbito da Rede FertBrasil é um fertilizante nitrogenado com aditivos inibi- dores de urease incorporados aos grânulos, processo que ajuda a reduzir as perdas causadas por lixiviação e por volatização. Estudos indicam que essa perda é de cerca de 40% do total do fertilizante nitrogenado aplicado no campo. Macronutriente primá- rio, o nitrogênio é elemento fundamental para a produtividade das plantas, e a ureia é o fertilizante mais utilizado na agricultura mundial como fonte de nitrogênio devido ao seu menor preço por unidade e elevada concentração do nutriente. O produto di- ferenciado, que foi desenvolvido e testado especialmente aqueles com impacto na produtividade, na sanidade e na qualidade. “Avançou bastante também nas questões de compatibilidade em mistura nas cal- das de pulverização e na concentração de ingredientes ativos que viabilizam a aplicação de menores doses por hectare, com a mesma eficiência agronômica”, acrescenta. O setor tem conseguido avanços importantes em relação aos marcos re- gulatórios, mas há desafios, conforme cita o presidente da Abisolo. Entre eles, os temas relacionados à tributação, como a renovação do Convênio nº 100/97, do Confaz (Conselho Nacional de Política Fazendária).Anormativa, que reduz a base de cálculo do ICMS para o trânsito inte- restadual de insumos agropecuários, vence continuará em ascensão em 2019, consi- dera o presidente da Abisolo, Roberto Levrero. “Ainda é cedo para fazer uma previsão mais es- truturada, mas não seria impru- dente prever um crescimento em torno de 10%”, declara.Além da maior adoção pelos produtores, parte desse incremento se deve ao investimento em pesquisa e desenvolvimento realizado nos últimos anos e que tem ficado, em média, entre 4% e 6% do faturamento da indústria. O crescimento do setor, segundo o presidente da Abisolo, também pode ser justificado pela relação custo-benefício dos produtos. “Podemos citar como exem- plo o investimento médio do produtor de soja na aplicação dos produtos via folha, que é de cerca de R$ 70,00 por hectare. Já o ganho de produtividade pode ficar entre três e cinco sacas adicionais por hectare”, relata. “Já a utilização de um fertilizante organomineral via solo pode representar economia de até 20% no aporte de ma- cronutrientes primários. E o investimento médio por hectare em organominerais é muito parecido com o do fertilizante tra- dicional”, continua. Soja na liderança — Como principal cultura do País, a soja representa 44% das vendas do mercado, que ainda tem o milho, o café, as hortaliças, os citros e a cana-de- -açúcar como destaques de consumo. Do total da receita do segmento representado pela Abisolo, os fertilizantes foliares cor- respondem a 70,8%; os organominerais, 11,9%; os condicionadores de solo, 9,8%; os fertilizantes orgânicos, 4,3%; e os subs- tratos para plantas, 3,2%. Aindústria de fertilizantes para aplica- ção via folha, aponta Levrero, conseguiu agregar muita tecnologia em seus insumos, RafaelVilela,daFundação Chapadão:fertilizantesdeliberação controladatêmcomovantagem ainformaçãosobreosnutrientes liberadosaomeioemumintervalo detempoconhecido Divulgação Arte:MaiconSilveira
  • 6. A GRANJA | 25 AnaLúciaFerreira/Embrapa pela Embrapa Solos e pela Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz”, da Universidade de São Paulo (Esalq/USP), poderá ser fabricado e comercializado por meio de parceria com empresas interessadas. Alternativas estratégicas — O Brasil é o quarto maior consumidor de fertilizantes do mundo, mas depende das importações para atender à deman- da. Segundo dados da Associação dos Misturadores de Adubos do Brasil (Ama Brasil), em 2017, 88% das fontes nitroge- nadas foram adquiridas de outros países. “Também importamos mais de 50% do fósforo e mais de 90% do potássio. Preci- samos, cada vez mais, avaliar alternativas que são estratégicas para o nosso sistema produtivo. Isso inclui os orgânicos, os organominerais, o reaproveitamento de nutrientes secundários, a viabilização da recuperação de resíduos, inclusive os urba- nos e industriais, e a identificação de fontes de materiais que existem aqui no Brasil”, salienta o pesquisador Vinicius Benites. O especialista cita outra tecnologia tam- bém desenvolvida pela rede e que resultou num fertilizante organomineral produzido a partir de resíduos de cama de frango. “Além de colaborar para a sustentabili- dade da agricultura, reduzindo o uso de químicos nas lavouras, esse tipo de produto ainda colabora para ajudar a resolver uma questão ambiental, que é a destinação correta desses resíduos”, destaca. Nitrogênio verde — Em mais um trabalho voltado a produtos diferenciados, pesquisadores da Embrapa Agrobiologia e da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ) desenvolveram um fertili- zanteorgânicoricoemnitrogênio.Chamado deN-verde,oinsumoéproduzidoapartirda gliricídia, leguminosa rústica e perene com grandecapacidadedegeraçãodebiomassae que permite poda até quatro vezes ao ano. O projeto que resultou na fabricação do adubo está em etapa de análise de custos de produ- ção, e a expectativa é de que o insumo possa chegar ao mercado, via cooperativas ou in- dústrias, num prazo entre dois e cinco anos, revelaopesquisadorEdnaldoAraújo,daEm- brapaAgrobiologia. Segundo o especialista, quecoordenaostrabalhossobreoN-verde,o objetivo é tornar o produto compatível com a realidade do campo. “Esperamos que seja mais barato que a torta de mamona, que tem valor cerca de 400% acima da ureia e é uma das alternativas para fonte de nitrogênio em sistemas de agricultura orgânica, nicho que cresce 20% ao ano no Brasil e que merece mais recursos para continuar em expansão”, assinala. DesenvolvidopelaEmbrapae pelaUFRRJ,fertilizanteorgânico N-verdeéproduzidoapartir daleguminosagliricídiaeteve eficiênciaatestadade10%
  • 7. 26 | JULHO 2018 Além da utilização em lavouras or- gânicas e convencionais, o N-verde tem potencial para uso em agricultura urba- na e paisagismo, já que não emite odor, caso da cama de aviário, por exemplo. Para facilitar a aplicação e a adequação a máquinas distribuidoras, o insumo foi desenvolvido em forma de grânulos e pellets. Estudos de campo indicaram re- sultados positivos em hortaliças folho- sas, milho e feijão. A eficiência atestada foi de 10%, ou seja, de cada 100 quilos aplicados na planta, a absorção é de dez quilos no primeiro ciclo. Segundo Reportagem de Capa Um sistema planejado de forma abrangente, com a adoção de práticas e de insumos que se complementam, direciona o trabalho do engenheiro-agrô- nomo e produtor Rogério Vian (foto), em Mineiros/GO. Há sete anos, depois de conhecer experimentos, ele optou por utilizar em suas áreas o pó de rocha, que atua como um condicionador de solo. O início foi num talhão de 52 hectares. “No primeiro ano de observação na soja e no milho, percebi uma melhoria na sanidade das plantas e um custo menor para garantir essa condição”, recorda. Há três anos, o insumo foi integrado aos 600 hectares da propriedade onde Vian planta soja, milho e outras culturas, como algodão, sorgo e feijão orgânico. No ano passado, também uma parte da soja produzida foi orgânica e comerciali- zada com certificação. Da área total, 400 hectares foram cultivados com varie- dades de soja convencionais, produção que foi comercializada com bônus de R$ 10,00 pela saca. O produtor elogia as características do pó de rocha, que, segundo ele, tem em torno de 70 elementos químicos na sua composição. “É quase uma tabela periódica, um verdadeiro self service para a planta se abastecer do que precisa. O silício, por exemplo, é o que ajuda a conferir mais resistência às plantas”, detalha. “Além dos benefícios agronômi- cos e ambientais, o uso da rochagem pri- vilegia as matérias-primas e os recursos que temos disponíveis na região”, acrescen- ta. Apesar da redução significativa no uso da adubação química, o produtor ainda precisa fazer complementações ao sistema, como é o caso do milho, que re- cebe ureia para o aporte de nitrogênio, elemento que não é encontrado no pó de rocha. Vian faz questão de frisar que a rochagem é apenas parte de um sistema trabalhado integralmente. Segundo ele, é preciso estimular o ambiente para criar as con- dições propícias para os efeitos positi- vos dos nutrientes. Isso é conseguido com práticas como o uso de bactérias fixadoras de nitrogênio e de inseticidas biológicos e o cultivo de um mix de plantas de cobertura. “A monocultura é insustentável. É necessário manter a biodiversidade para imitar a natureza. Chego a utilizar até nove espécies de plantas de cobertura no mesmo sistema”, assinala. Rentabilidade é a palavra-chave — O produtor conta que conseguiu reduzir em 70% a utilização de de- fensivos químicos em suas áreas. Já a diminuição de custos é calculada em 50. Com uma produtividade média de 60 sacas por hectare na soja, Vian ressalta que não almeja recordes na lavoura, mas sim resultados cada vez mais positivos sobre a rentabilidade, que aumentou 50% nos últimos cinco anos. Aos produtores que têm interesse em utilizar o pó de rocha, o aconse- lhável é analisar a formação do solo e estudar, com o auxílio de profissio- nais capacitados, o tipo de rocha que poderá ser utilizada. Para trocar expe- riências e conhecimento a respeito de técnicas diferenciadas nas lavouras, Vian, que também diretor regional da Associação dos Produtores de Soja e Milho de Goiás (Aprosoja-GO), participa do Grupo de Agricultura Sustentável (GAS), iniciativa que reú- ne, em listas de discussão e eventos específicos, em torno de mil partici- pantes em diferentes regiões. Araújo, existe a possibilidade de um índice ainda maior nos ciclos seguintes devido ao efeito residual. Trabalho com precisão — Na Fazenda Santa Rita, em Campinas do Sul/RS, o produtor Araguen Antônio Vansetto segue práticas criteriosas que guiam o uso de insumos especiais nas áreas cultivadas em 1.612 hectares. O sistema é todo trabalhado com rotação nas safras de verão e de inverno ocupa- das com lavouras de soja, milho, feijão, centeio, aveia preta e aveia branca. A criação de gado de corte ocupa outros 80 hectares no verão. No inverno, parte das áreas de lavoura é manejada em integra- ção lavoura-pecuária. “As condições da nossa região, que é um pouco mais quente e não costuma ter incidência de geadas precoces, permitem também o cultivo da safrinha de soja. Assim, conseguimos fazer 2,5 safras ao ano”, enumera Vansetto. Entender o solo e as plantas é o grande desafio em um sistema em que a busca pela rentabilidade sustentável é incessante, considera o produtor, que é técnico agrícola e administrador de Ambiente em equilíbrio LauradePalma/Aprosoja-GO
  • 8. A GRANJA | 27 Divulgação empresas. Entre as rotinas adotadas na propriedade, ele cita, além da rotação de culturas, a alternância também de cultivares de ciclo adequado à janela de plantio, o uso de sementes com procedência e qualidade garantidas e ferramentas da agricultura de precisão. Um dos recursos utilizados é um software que realiza a análise foliar para determinar a quantidade e quais os nutrientes necessários ao melhor desen- volvimento das plantas. “Faço o diag- nóstico da folha num ano para corrigir no outro. Assim como a análise de solo, que é georreferenciada e estratificada, com amostras de 0 a 20 cm e de 20 a 40 cm em grid de um hectare”, indica. Entre os insumos especiais aplica- dos nas suas áreas, Vansetto menciona o ácido L-glutâmico, aminoácido que, segundo ele, colabora para diminuir de maneira considerável o estresse das plantas a fatores como altas ou baixas temperaturas. A análise precisa das folhas vem sendo adotada há cerca de seis anos nas lavouras. Nesse período, o produtor percebeu incremento de 30% no rendimento da soja. “Para cada R$ 1,00 investido, tenho R$ 2,00 de retorno”, calcula. Atualmente, as mé- dias de produtividade ficam entre 70 e 80 sacas por hectare na safra de soja, e entre 50 e 60 sacas por hectare no período da safrinha. “O potencial ge- nético das culturas está distante do que conseguimos hoje. Para os próximos dez anos, temos como meta produzir 18 toneladas de milho e seis toneladas de soja por hectare”, revela. AntônioGalvan,daAprosoja/MT: atrasonaentregadeinsumose indefiniçõesdomercado dificultamprojetaraumentodo plantiodasojanoestado ProdutorAraguenVansetto,de CampinasdoSul/RS:utilização deaminoácidoajudaareduziro estressedasplantasafatorescomo altasoubaixastemperaturas