O documento descreve o trabalho do Quarentenário do Instituto Agronômico de Campinas, que realiza observação de espécies vegetais importadas de outros países por até anos para evitar a entrada de pragas e doenças no Brasil. O local recebe amostras de 40 países para análise e destrói as plantas após verificação, permitindo proteger a agricultura brasileira. Em 2013, detectou uma praga não existente no país em uma carga de estévia.
Nematoides são responsaveis por perdas de até 30% dos canaviais
Quarentenário impede entrada de pragas e doenças vegetais no Brasil
1. Diário Oficial Poder Executivo - Seção Iquinta-feira, 7 de julho de 2016 São Paulo, 126 (125) – III
o receber espécies vegetais de
outros países é necessário que
o produto fique em observação
por algum tempo para evitar a
proliferação de pragas ou doen-
ças que, eventualmente, tenham
vindo com as amostras. Chamado
quarentena, o processo científico
pode durar menos de 40 dias ou,
então, meses ou até anos, depen-
dendo do tipo de vegetal e do local
de procedência.
Quarentenário impede entrada
de pragas e doenças vegetais no País
Trabalho de observação de
espécies exóticas executado
pelo Instituto Agronômico
de Campinas, da
Secretaria de Agricultura
e Abastecimento, é
fundamental para manter
a agricultura saudável
A
Esse é o trabalho realizado por
pesquisadores do Quarentenário
do Instituto Agronômico de Cam-
pinas (IAC), um dos dois únicos
do setor público no Brasil, creden-
ciado desde 1998 pelo Ministério
da Agricultura, Pecuária e Abaste-
cimento (Mapa) – que mantém o
outro órgão desse tipo.
Eventos em que há grande
movimentaçãodepessoasdevárias
nações, como Copa do Mundo e
Olimpíada, trazem a preocupa-
ção com a possível introdução de
pragas inexistentes em território
nacional. Podem passar pelas fron-
teiras e aeroportos insetos, ácaros,
fungos, bactérias, nematoides ou
vírus, que causam danos às plantas e prejuí-
zos aos agricultores e à economia brasileira.
Fiscalização – No prédio do quaren-
tenário, na Fazenda Experimental Santa
Elisa, do instituto, em Campinas, chegam
materiais de dezenas de países. A agrôno-
ma e pesquisadora, Christina Dudienas,
responsável pelo local, conta que os produ-
tos chegam em forma de sementes, estacas
(para enxerto), amostra de plantas in natu-
ra (mudas), borbulhas (brotos de vege-
tais) etc. “São compradas e enviadas ao
IAC, diretamente do aeroporto, por empre-
sas que atuam no setor do agronegócio,
com venda de sementes e espécies vege-
tais trabalhadas geneticamente”, explica
Christina. Todo o material que chega é
para fins científicos de estudos de genoma
e só vai virar planta na lavoura comercial
após melhoria e multiplicação.
Entre os usuários do quarentenário
do IAC, informa Christina, estão empre-
sas como Basf, Bayer, Ceres, Limagrain,
Monsanto, Monsoy, Nunhems e entidades
de ensino superior como Unesp e Unicamp.
A unidade já recebeu materiais de 40
países, incluindo Estados Unidos, Austrália,
Canadá, Espanha, França, Índia, Holanda,
África do Sul, Japão e China. “Estamos
aptos a manipular material vegetal originá-
rio de qualquer país, e qualquer instituição
brasileira de pesquisa pode solicitar nossos
trabalhos”, diz. Toda semana, um profissio-
nal do Mapa visita o local para fazer a fisca-
lização dos procedimentos adotados.
Manifestação – A agrônoma e coor-
denadora substituta do quarentenário do
IAC, Roberta Pierri Uzzo, observa que há
material que exige muitos meses de obser-
vação. “Existem doenças que demoram a
se manifestar”, alerta. Por isso, o primeiro
procedimento é recolher uma amostra de
cada embalagem recebida e enviar para
verificação de três especialistas: o entomo-
logista (presença de insetos), nematologis-
ta (vermes de solo na semente) e um pro-
fissional que detecta ervas daninhas mis-
turadas à amostra.
O material também é enviado a outro
recinto para virar planta, porque algumas
doenças e pragas somente aparecem no
momento em que a espécie brota e cresce.
O vegetal fica em vasos numa sala fecha-
da, para evitar entrada de ar ou de inse-
tos. Trabalhar com essas plantas exige do
técnico vestimentas especiais, com roupa
de segurança, e pés e mãos muito limpos.
“Nada pode contaminar a planta”, observa
Roberta. Depois de verificar que o material
não oferece perigo à agricultura brasileira, as
mudas dos vasos são destruídas e as amos-
tras, enviadas à empresa que as importou.
Descarte – No ano passado, o qua-
rentenário do IAC recebeu 209 tipos de
vegetais, totalizando 34,9 mil acessos (mate-
riais genéticos diferentes). “O nosso maior
número até o momento”, observa Christina.
No período anterior, foram 189 e 22.061
acessos. Até maio, houve 79 materiais e 18,7
mil acessos.
As agrônomas informam que poucas
amostras trazem pragas e doenças. No ano
passado, foi reprovado apenas um lote de
braquiária, leguminosa usada como adubo
verde, por hospedar sementes de uma erva
daninha inexistente no Brasil. Em 2014,
foram dois descartes: um de trigo, também
com planta daninha, e um lote de soja, por
alta concentração de fungos e bactérias. Em
2013, foram três eliminações por contami-
nação, em cana, estévia e soja, do total de
182 quarentenas.
Em 2013, o quarentenário do IAC
detectou uma praga (vírus) não existente
no País, em uma carga de estévia, usada em
adoçantes. O organismo já era registrado na
América do Norte, Europa e Ásia e provoca
doenças em amendoim, feijão, pimentão,
soja, tomate, etc. Outros exemplos de con-
taminação são traças e cupins, que causam
danos ao acervo de museus, igrejas e edi-
fícios tombados pelo patrimônio histórico.
Otávio Nunes
Imprensa Oficial – Conteúdo Editorial
O site da Coordenadoria de Desen-
volvimento dos Agronegócios (Codeagro)
mantém, por meio de seu Instituto de
Cooperativismo e Associativismo (ICA),
uma ferramenta simples (ver serviço) e
intuitiva que possibilita o monitoramento,
em tempo real, dos editais de compras
públicas, feitas por prefeituras e Estado.
A iniciativa facilita o acesso dos pe-
quenos produtores rurais ao Programa
Paulista da Agricultura de Interesse Social
(PPAIS), da secretaria, e ao Programa
Nacional de Alimentação Escolar (PNAE),
do governo federal. O poder público compra
esses alimentos para consumo em escolas,
hospitais, prisões etc.
O sistema encarrega-se ainda de
enviar as informações aos 40 escritó-
rios da Coordenadoria de Assistência
Técnica Integral (Cati) e às quase 600
Ferramenta permite monitorar editais de compras públicas
casas da agricultura, presentes na maio-
ria das cidades paulistas. Essas enti-
dades prestam auxílio direto a estes
produtores. Os dados, expedidos para
as regiões do Estado onde existem edi-
tais de compra, são úteis para associa-
ções e cooperativas cadastradas no ICA.
“Essa funcionalidade permite ganho
de tempo aos interessados em partici-
par dos programas”, explica o diretor
do ICA, Diógenes Kassaoca. Codeagro,
Cati, e casas da agricultura são vin-
culadas à Secretaria de Agricultura e
Abastecimento do Estado.
Kassaoka assegura que a interativi-
dade do sistema possibilita que o usuá-
rio acesse as informações mais impor-
tantes, bem como o edital completo,
“com apenas um clique, sem necessida-
de de download”, garante. A ferramenta
fornece ainda os preços praticados nas
compras públicas realizadas nos últimos
90 dias, organizadas por municípios e
regiões administrativas do Estado. Em
caso de dúvida, os agricultores solicitam
a presença de um técnico do ICA para
ensinar a utilizar o programa.
Imprensa Oficial – Conteúdo Editorial
Assessoria de Comunicação da Secretaria de
Agricultura e Abastecimento
Serviço
Codeagro
Praça Ramos de Azevedo, 254, 4° andar
Centro – São Paulo
Telefone: 11-5067-0000/0385
www.codeagro.sp.gov.br
Informações sobre compras
públicas pelo PPAIS e PNAE no link:
http://bit.ly/297NeNq
Serviço
Quarentenário do IAC
Fazenda Experimental Santa Elisa
Avenida Theodureto de Almeida
Camargo, 1.500 – Campinas – SP
Telefone (19) 2137-0600
www.iac.sp.gov.br
FOTOS:PAULOCESARDASILVA
Sistema facilita acesso dos pequenos produtores
AUGUSTOMELOFAJARDO
Pesquisadoras Roberta
e Christina em um dos
laboratórios de análise;
no detalhe, sementes
de milho em observação
Mudas de algodão em ambiente vedado
Vista da Fazenda Experimental Santa Elisa
A IMPRENSA OFICIAL DO ESTADO SA garante a autenticidade deste documento
quando visualizado diretamente no portal www.imprensaoficial.com.br
quinta-feira, 7 de julho de 2016 às 02:27:23.