3. A produção romanesca foi resumida, destacando-se Mário de Andrade, Oswald de Andrade e Antônio Alcântara Machado.
4. Mário de Andrade produziu dois romances exemplares: Macunaíma e Amar, verbo intransitivo, além da narrativa curta: Contos novos e Contos de Belazarte.
5. Oswald de Andrade destacou-se com os romances Memórias sentimentais de João Miramar e Serafim Ponte Grande.
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7. Narrada em terceira pessoa, a obra procura sintetizar os elementos da cultura brasileira, apoiando-se, portanto, no índio, negro, mestiço e no branco.
8. Perpassa por toda a narrativa um tom de paródia, principalmente, no tocante ao índio, à cultura acadêmica e à visão idealizada da formação cultural e racial brasileira.
9. É uma narrativa mágica, sobrenatural, em que o narrador enfatiza o caráter primitivo e mítico da cultura indígena e negra.
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11. Percebe-se que a intenção de Mário foi refletir sarcasticamente sobre a cultura brasileira europeizada e sobre os valores culturais e sociais burgueses.
12. A trama gira em torno de uma relação afetivo-amorosa entre um rapaz de classe burguesa e uma governanta ariana, chamada Elza, denominada de Fraulein.
13. O romance coloca em choque elementos da cultura nacional e da cultura europeia, desmistificando o conceito de superioridade que se tem da cultura estrangeira.
14. Através da ironia e do humor, Mário reafirma, como já fez em Macunaíma, os valores da cultura e da sociabilidade brasileira.
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16. A obra foge completamente ao padrão tradicional de narrativa, não tendo propriamente um enredo, sendo formado de uma mistura de gêneros.
17. O enredo é centrado nas digressões do protagonista, João Miramar, um intelectual burguês que morou em Paris e no retorno ao Brasil procurar refletir sobre vários aspectos da cultura brasileira e europeia.
18. As digressões aparecem em formas diversas de linguagem não configurando, portanto, uma narrativa tradicional.
19. A obra é permeada de um tom irônico, humorístico, satírico e parodístico, em que o alvo é a cultura burguesa e acadêmica.
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21. Os contos que compõem a obra tematizam a vida do imigrante italiano na cidade de São Paulo.
22. São narrativas que destacam as relações sociais e culturais nos bairros Brás, Bexiga e Barra funda, envolvendo normalmente personagens italianos e brasileiros.
23. Os contos revelam como os italianos vão se adaptando à cultura brasileira e as influências da cultura italiana no Brasil.
24. Antônio Alcântara Machado é considerado autor de um “português macarrônico” porque em suas narrativas tematiza a mistura linguística entre italiano e português em função do encontro das culturas europeia e brasileira.
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27. De feição neorrealista, o romance de trinta aborda as questões sociais , econômicas e políticas que fazem do Brasil um país subdesenvolvido.
28. O manifesto regionalista do Recife, elaborado por intelectuais nordestinos, como Gilberto Freire e José Lins do Rego, foi o responsável pela solidificação uma literatura nordestina.
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31. Avultam, Nordeste, entretanto, os escritores mais importantes deste período: do Ceará à Bahia aparecem obras que deixarão para sempre uma visão de mundo marcada pela reflexão crítica sobre o subdesenvolvimento da região.
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33. Em Alagoas, o destaque fica por conta de Graciliano Ramos, escritor clássico, universal, mas dono de uma obra humanista sem precedentes, principalmente, pela abordagem que faz da relação entre o homem e o meio opressor.
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35. Jorge Amado será o responsável pela obra mais extensa e mais comprometida politicamente produzida no país a partir deste período.
36. Basicamente sua produção literária possui duas fases: a primeira, de 30 a 56, apresenta uma coloração política ideológica bem nítida, o que levou seus críticos a chamarem de panfletária.
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39. O romance de José Américo de Almeida aborda questões econômicas, sociais, culturais e políticas do Nordeste brasileiro, denunciando o subdesenvolvimento da região.
40. Basicamente a temática de A Bagaceira gira em torno das transformações que ocorrem no interior do mundo do engenho de cana de açúcar.
41. Avultam também questões relativas aos códigos morais, culturais e éticos do mundo patriarcal nordestino.
45. Nos romances inseridos no ciclo da cana de açúcar ocorre um resgate das relações sociais, econômicas e políticas através de um tom saudosista do autor.
46. A maior parte dos romances de José Lins do Rego possui um cunho memorialista e com fortes traços autobiográficos, já que o autor é oriundo da região.
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48. O Senhor de engenho aparece com elemento opressor, explorador das classes marginalizadas, no romance, simbolizadas pelo mestre José Amaro.
49. Surge então como elemento de resistência o cangaceiro que representa os pobres e oprimidos, respondendo com violência a opressão dos senhores de engenho.
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51. O romance, entretanto, não é apenas saudosista, porque à medida que o menino Carlos Melo vai relembrando o auge do engenho e seu declínio emana uma visão crítica de um mundo em derrocada.
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54. Vidas Secas, por exemplo, não aborda apenas a seca e o latifúndio como elementos de opressão ao sertanejo no Nordeste brasileiro, mas a relação direta do homem com uma sociedade ditatorial, adversa, que coisifica e reifica o ser humano.
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57. O narrador em discurso indireto e indireto livre perscruta a vida interior do vaqueiro Fabiano e de sua família num verdadeiro estudo da alma humana.
58. O romance, entretanto, não se resume à interrogação psicológica, mas a uma reflexão profunda sobre o embrutecimento do homem em sua relação com o meio social e o ambiente hostil.
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60. A cachorra baleia e um papagaio fazem parte da estrutura familiar em sua luta pela sobrevivência.
61. Aparecem ainda no romance Seu Tomaz da Bolandeira, o guarda livros da fazenda, e Sinhá Terta, a costureira.
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64. O romance possui uma estrutura cíclica, ou seja, inicia-se com os personagens fugindo de uma seca e termina com outra fuga, revelando, pois, uma situação que não apresenta saída.
65. A modernidade de Vidas Secas reside não só na estrutura cíclica, mas também na quebra da linearidade, já que os capítulos formam blocos, como se fossem pequenos contos.
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67. Uma linguagem sem adjetivação abundante, eivada de frases curtas, objetivas, através de um vocabulário seco e frases sintéticas, tudo devidamente adequado ao tema abordado.
68. Do ponto de vista sintático, Graciliano foi um escritor clássico, pautando sua escrita com uma linguagem correta, sem o coloquialismo que aparece exageradamente em escritores de sua época.
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71. O personagem é um ex-guia de cego obcecado por possuir a fazenda São Bernardo de seu ex-patrão e para tanto se acerca do herdeiro, um liberal chamado Padilha, emprestando-lhe dinheiro para depois arrematar a propriedade.
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73. Depois da morte de sua mulher, a professora Madalena, o personagem sente-se desanimado e solitário e, por isso, resolver escrever sobre sua vida.
74. A narrativa torna-se, portanto, um balanço de sua trajetória existencial e social em que, as poucos, ele vai revelando o processo de reificação e coisificação por que passou.
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77. O romance, contudo, extrapola a mera narrativa dos episódios autobiográficos, para se tornar uma reflexão sobre a relação homem X sociedade ditatorial.
78. O narrador, o próprio Graciliano Ramos, reflete também sobre o papel do intelectual, do escritor e da imprensa numa sociedade ditatorial.
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81. O Quinze é indiscutivelmente seu principal romance, ambientado no interior do Ceará, com temática centrada no impacto da seca de 1915 nos sertanejos nordestinos.
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83. Assim é o que acontece com Conceição, em O Quinze; Noemi, em Caminho de Pedra; Maria Moura, no Memorial; Maria Beata, em Maria Beata do Egito; Josefa, Marta e Cremilde, em As três Marias.
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86. Em Rua do Siriri, a temática da prostituição em Aracaju é vista pelo ângulo da opressão e exploração de classe.
88. Da formação do proletariado em Aracaju em que se colocam em posição antagônica os trabalhadores da indústria têxtil e a classe dominante.
89. Do drama da prostituição vista pelos aspectos sociais e econômicos, num nítido painel das relações sociais na Aracaju dos anos vinte.
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92. O Tempo e o vento é a sua obra principal, trilogia formada pelo O Continente, O Arquipélago e O Retrato.
93. Nesses três romances narra em tom épico a história do Rio Grande do Sul, desde o século XVIII até meados do século XX.
94. A narrativa privilegia momentos importantes do ponto de vista político, econômico e cultural da formação do estado a partir dos cruzamentos raciais e culturais.
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96. As tramas dos romances giram em torno dos conflitos psicológicos vividos pela classe média burguesa porto-alegrense numa sociedade que estava se tornando efetivamente capitalista.
97. Os romances se concentram na luta pela ascensão social, nas relações afetivas por interesse, enfim traçam um painel das relações sociais urbanas.
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100. Freyre discute a formação da sociedade brasileira a partir das contribuições das raças branca, índia e negra, imbricado aos conceitos de raça e cultura.
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103. A linguagem regionalista do Modernismo pde Guimarães Rosa é transfigurada por um processo de reinvenção.
104. São rupturas sintáticas, inversões violentas, neologismos, arcaísmos, hibridismos e expressões do falar sertanejo misturadas com a oralidade urbana.
105. Semanticamente opera uma simbiose de provérbios e ditos populares com cantigas, literatura de cordel e manifestações do folclore.
122. Normalmente, o narrador de Clarice é uma mulher, que reflete sobre uma situação existencial.
123. O universo ficcional de Clarice gira em torno da mulher pequeno-burguesa ou burguesa.
124. Clarice flagra seus personagens no momento da “descoberta”, da autodescoberta, da “Epifania”.
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126. A linguagem de Clarice é densamente simbólica, alegórica, metafórica.
127. A linguagem é intensamente introspectiva, visto que o que interessa em Clarice é a sondagem interior do Personagem.
128. Os personagens de primeira pessoa desnudam-se e os de terceira desnudam os protagonistas.
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131. Misturou manifestações tradicionais da cultura brasileira a inovações estéticas radicais, resgatando alguns pressupostos do Modernismo de 22.
132. Tinha objetivos comportamentais radicais, que encontraram eco em boa parte da sociedade, sob o regime militar que impunha severa censura.
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134. Em Rubem a “violência urbana” assume uma conotação sócio-política, em que os assuntos são abordados sociologicamente.
135. Há nele uma nítida preferência por personagens “marginalizados” e de nomes exóticos, esquisitos, quase todos denominados por uma falha física no corpo.
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137. Rubem Fonseca ficou conhecido por causa de Agosto, obra em que tematiza em tom policialesco os episódios que culminaram com a morte de Getúlio Vargas. Esta obra foi adaptada para uma série da televisão.
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139. Seus personagens vivem em torno dos desastres do amor, numa sucessão de desejos alucinados, taras, compulsões, traições cruéis, crimes do coração, paixões proibidas e infelizes.
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146. No meio do caminho, em virtude de uma mudança no panorama político, o sargento recebe a ordem para soltar o prisioneiro, mas devido a seu temperamento avesso às mudanças, ele decide terminar a missão que lhe foi confiada, mesmo que tenha de matar para completá-la.
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148. A metafísica, feita de reflexões filosóficas, na tradição de Machado e Drummond e também seguida por Paulo Mendes Campos.
149. A poema-em-prosa, de conteúdo lírico, mostrando o êxtase da alma humana diante de algo carregado de significado para o autor. Seus autores mais representativos são Rubem Braga, Lourenço Diaféria, Carlos Eduardo Novaes.