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Clínica Psicanalítica:
                manejo e subjetivações na contemporaneidade




                                       Tema:
                  Histeria e psicose: as fronteiras da dissociação
ALEXANDRE
   SIMÕES
 ® Todos os
                                  Coordenação   Alexandre Simões
  direitos de
     autor
 reservados.
Desde os anos 1950, com a proposta da forclusão do Nome-
     do-Pai, elaborada por Jacques Lacan, apreendemos o que
            antes não tínhamos na clínica psicanalítica:




um nítido separador entre os mecanismos de subjetivação da neurose e
   da psicose, na medida em que uma das primeiras exigências da
demarcação da psicose é a manifestação da ausência radical do Nome-
                               do-Pai.
Todavia, é perfeitamente possível
                                    sem que haja nenhum traço da
    que nos deparemos com
                                      forclusão do Nome-do-pai.
   situações clínicas de nítido
enlouquecimento (com uma vasta
         sintomatologia)
Daí, podemos obter algumas diretrizes:



a) A forclusão do Nome-do-pai não é uma condição
   imprescindível para o enlouquecimento, ainda que o seja
   para a estruturação da psicose;




               b) Logo, enlouquecimento e
            psicose são circunstâncias clínicas
                  que não se recobrem;
Isto torna perfeitamente possível que as implicações da
 forclusão sejam ausentes em muitos pacientes que, a
             despeito disto, são delirantes
c) O neurótico usualmente queixa-se
do Pai, isto é, ele sempre denuncia
que o Pai nunca está muito bem
localizado, sempre tem alguma
deficiência ou porta a marca da
impostura;

d) Logo, a indicação do declínio (ou
até mesmo da falta) do Pai não é um
critério seguro para a localização da
ausência radical de inscrição da
operação paterna por meio dos
significantes;
Isto nos conduz a considerar, pois, a
presença da loucura histérica na clínica,
   distinta das psicoses dissociativas.
Fragmento Clínico:
 Uma jovem, com pouco mais de vinte anos de idade,
 chega ao meu consultório após ter permanecido por
    aproximadamente 40 dias em uma internação
                   psiquiátrica.

Foi o primeiro episódio deste tipo ocorrido em sua vida.

 O que a levou à internação teria sido, tal como ela me
descreveu, “algo bastante intenso”. Ocorrida a recente
alta, uma de suas principais preocupações referia-se a
        uma possível reincidência do episódio.
Duas semanas antes da internação, a paciente encontrava-se muito
   ansiosa. Afinal, a conclusão de seu curso universitário estava se
aproximando e ela se via cada vez mais envolvida com os preparativos.




          A atmosfera da inquietude estava se adensando.
Ao lado disso, a paciente já estava bem envolvida,
 há pelo menos 4 anos, com um uso intenso de
maconha (seu círculo de amizades e o namorado
      estavam muito associados a este uso).

Tal como a paciente veio a se dar conta mais tarde,
iniciava-se ali um itinerário frenético de festas, uso
de bebidas alcóolicas, experimentação eventual de
     algumas outras drogas, uso exacerbado da
  internet (principalmente portais e programas de
 comunicação: orkut, twitter, msn, facebook, etc.)
Esta presença do excesso e de sua continuidade
chegou ao ápice na proximidade de um evento
         preparatório para a formatura.

         Três dias antes, a paciente encontrava-se tomada por
          um taquipsiquismo, tendo chegado a intensificar o
               uso de maconha, os contatos e mensagens
           telefônicos com suas colegas e a sua presença nos
                            sites de interação.

          Segundo a paciente, ela ficou “ligada” por três dias e
           três noites consecutivos. Sono, alimentação, outros
         investimentos que não os relacionados à formatura e
         aos preparativos para este evento foram suspensos. A
                       paciente chegou à exaustão.
Esta experiência gozosa foi o suficiente para que
surgissem uma série de sintomas bem expressivos:




     Ideações delirantes (nas quais seus parentes eram
    associados à nova presidente do Brasil), vivências de
        estranheza, extrema angústia, aceleração do
    pensamento e logorréia foram alguns dos fenômenos
         que conduziram sua família a lhe internar.
A posição subjetiva do histérico
     comporta uma forma específica de
                  gozo;


Tal como já apontamos, o conceito de gozo nos remete
 para experiências nas quais há uma interação entre
     prazer e sofrimento e que assim nos expõem,
                      sobretudo,
             o modo de divisão do sujeito.
Gozo:


 aquilo que não se deixa
 apreender totalmente;
     ele está sempre
     transbordando,
extravasando, escapando
   como um tonel das
        Danaides
Em meio a sintomatologia apresentada pela
paciente, vale destacar a forte impressão que
  ela portava sobre a sua vulnerabilidade:




     ela não parava de sentir a proximidade de uma
                     iminente ruína.
Inclusive, quando a paciente chegou ao meu consultório (poucas horas
    depois de receber alta hospitalar), ela ainda apresentava alguns
  fenômenos bem curiosos, que persistiram durante as duas semanas
                              seguintes.

Por exemplo, ela tinha a forte impressão de já ter sido tratada por mim
  quando criança e que agora seria uma espécie de retorno. Em outra
sessão, realizando vários trocadilhos e com muito humor, disse-me que
                eu estava vestido igual ao Paulo Coelho.

     Eram os primeiros significantes envolvendo a transferência.
A paciente, durante a internação, foi medicada
        como psicótica. Após a alta - e ela ainda se
      encontra com o apoio psicofarmacológico - a
     medicação persistiu, com poucas alterações, até o
                   presente momento.




Passadas três semanas desde sua chegada ao analista, o quadro clínico
  da paciente estava totalmente limpo, em relação às manifestações
                    semiológicas de sua chegada.
O uso de maconha foi inteiramente suspenso. Isto se manteve até três
meses após a saída da internação. Depois, o uso se reinstalou, mas em
uma medida bem diferente da qual a paciente estava acostumada. O
              uso de álcool é praticamente inexistente.

 O curso superior, que não se completou no momento esperado; foi
             concluído somente no semestre seguinte.

     Passada a crise do enlouquecimento histérico, a paciente se
    encontra em um momento da análise no qual ela se interroga
      (como se houvesse aí um enigma, uma incógnita de difícil
            resolução) sobre o amor e sua própria falta:
         “por que eu não consigo arrumar um namorado?”
Prosseguiremos no próximo encontro com o tema:

    16/04: Histeria e atuação: corpo e gozo




                    Até lá!
            Acesso a este conteúdo:
          www.alexandresimoes.com.br


                                                 ALEXANDRE
                                                   SIMÕES
                                              ® Todos os direitos
                                              de autor reservados.

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CURSO CLÍNICA PSICANALÍTICA 2012 - Aula 3 - Histeria e psicose: as fronteiras da dissociação

  • 1. Clínica Psicanalítica: manejo e subjetivações na contemporaneidade Tema: Histeria e psicose: as fronteiras da dissociação ALEXANDRE SIMÕES ® Todos os Coordenação Alexandre Simões direitos de autor reservados.
  • 2. Desde os anos 1950, com a proposta da forclusão do Nome- do-Pai, elaborada por Jacques Lacan, apreendemos o que antes não tínhamos na clínica psicanalítica: um nítido separador entre os mecanismos de subjetivação da neurose e da psicose, na medida em que uma das primeiras exigências da demarcação da psicose é a manifestação da ausência radical do Nome- do-Pai.
  • 3. Todavia, é perfeitamente possível sem que haja nenhum traço da que nos deparemos com forclusão do Nome-do-pai. situações clínicas de nítido enlouquecimento (com uma vasta sintomatologia)
  • 4. Daí, podemos obter algumas diretrizes: a) A forclusão do Nome-do-pai não é uma condição imprescindível para o enlouquecimento, ainda que o seja para a estruturação da psicose; b) Logo, enlouquecimento e psicose são circunstâncias clínicas que não se recobrem;
  • 5. Isto torna perfeitamente possível que as implicações da forclusão sejam ausentes em muitos pacientes que, a despeito disto, são delirantes
  • 6. c) O neurótico usualmente queixa-se do Pai, isto é, ele sempre denuncia que o Pai nunca está muito bem localizado, sempre tem alguma deficiência ou porta a marca da impostura; d) Logo, a indicação do declínio (ou até mesmo da falta) do Pai não é um critério seguro para a localização da ausência radical de inscrição da operação paterna por meio dos significantes;
  • 7. Isto nos conduz a considerar, pois, a presença da loucura histérica na clínica, distinta das psicoses dissociativas.
  • 8. Fragmento Clínico: Uma jovem, com pouco mais de vinte anos de idade, chega ao meu consultório após ter permanecido por aproximadamente 40 dias em uma internação psiquiátrica. Foi o primeiro episódio deste tipo ocorrido em sua vida. O que a levou à internação teria sido, tal como ela me descreveu, “algo bastante intenso”. Ocorrida a recente alta, uma de suas principais preocupações referia-se a uma possível reincidência do episódio.
  • 9. Duas semanas antes da internação, a paciente encontrava-se muito ansiosa. Afinal, a conclusão de seu curso universitário estava se aproximando e ela se via cada vez mais envolvida com os preparativos. A atmosfera da inquietude estava se adensando.
  • 10. Ao lado disso, a paciente já estava bem envolvida, há pelo menos 4 anos, com um uso intenso de maconha (seu círculo de amizades e o namorado estavam muito associados a este uso). Tal como a paciente veio a se dar conta mais tarde, iniciava-se ali um itinerário frenético de festas, uso de bebidas alcóolicas, experimentação eventual de algumas outras drogas, uso exacerbado da internet (principalmente portais e programas de comunicação: orkut, twitter, msn, facebook, etc.)
  • 11. Esta presença do excesso e de sua continuidade chegou ao ápice na proximidade de um evento preparatório para a formatura. Três dias antes, a paciente encontrava-se tomada por um taquipsiquismo, tendo chegado a intensificar o uso de maconha, os contatos e mensagens telefônicos com suas colegas e a sua presença nos sites de interação. Segundo a paciente, ela ficou “ligada” por três dias e três noites consecutivos. Sono, alimentação, outros investimentos que não os relacionados à formatura e aos preparativos para este evento foram suspensos. A paciente chegou à exaustão.
  • 12. Esta experiência gozosa foi o suficiente para que surgissem uma série de sintomas bem expressivos: Ideações delirantes (nas quais seus parentes eram associados à nova presidente do Brasil), vivências de estranheza, extrema angústia, aceleração do pensamento e logorréia foram alguns dos fenômenos que conduziram sua família a lhe internar.
  • 13. A posição subjetiva do histérico comporta uma forma específica de gozo; Tal como já apontamos, o conceito de gozo nos remete para experiências nas quais há uma interação entre prazer e sofrimento e que assim nos expõem, sobretudo, o modo de divisão do sujeito.
  • 14. Gozo: aquilo que não se deixa apreender totalmente; ele está sempre transbordando, extravasando, escapando como um tonel das Danaides
  • 15. Em meio a sintomatologia apresentada pela paciente, vale destacar a forte impressão que ela portava sobre a sua vulnerabilidade: ela não parava de sentir a proximidade de uma iminente ruína.
  • 16. Inclusive, quando a paciente chegou ao meu consultório (poucas horas depois de receber alta hospitalar), ela ainda apresentava alguns fenômenos bem curiosos, que persistiram durante as duas semanas seguintes. Por exemplo, ela tinha a forte impressão de já ter sido tratada por mim quando criança e que agora seria uma espécie de retorno. Em outra sessão, realizando vários trocadilhos e com muito humor, disse-me que eu estava vestido igual ao Paulo Coelho. Eram os primeiros significantes envolvendo a transferência.
  • 17. A paciente, durante a internação, foi medicada como psicótica. Após a alta - e ela ainda se encontra com o apoio psicofarmacológico - a medicação persistiu, com poucas alterações, até o presente momento. Passadas três semanas desde sua chegada ao analista, o quadro clínico da paciente estava totalmente limpo, em relação às manifestações semiológicas de sua chegada.
  • 18. O uso de maconha foi inteiramente suspenso. Isto se manteve até três meses após a saída da internação. Depois, o uso se reinstalou, mas em uma medida bem diferente da qual a paciente estava acostumada. O uso de álcool é praticamente inexistente. O curso superior, que não se completou no momento esperado; foi concluído somente no semestre seguinte. Passada a crise do enlouquecimento histérico, a paciente se encontra em um momento da análise no qual ela se interroga (como se houvesse aí um enigma, uma incógnita de difícil resolução) sobre o amor e sua própria falta: “por que eu não consigo arrumar um namorado?”
  • 19. Prosseguiremos no próximo encontro com o tema: 16/04: Histeria e atuação: corpo e gozo Até lá! Acesso a este conteúdo: www.alexandresimoes.com.br ALEXANDRE SIMÕES ® Todos os direitos de autor reservados.