1) O documento descreve um estudo que avaliou o desenvolvimento do raciocínio formal em adolescentes por meio de um jogo.
2) Os resultados mostraram que 70% dos adolescentes atingiram níveis adequados de raciocínio formal, embora alguns ainda mostrassem traços de raciocínio concreto.
3) O estudo conclui que o desenvolvimento cognitivo depende mais do estímulo recebido do que apenas da idade, e que a educação brasileira ainda é muito concreta no ensino fundamental.
3. Período Operatório Concreto (07 aos 11 anos)
1. Ocorrem operações sobre os objetos concretos e não sobre hipóteses
expressadas verbalmente. Por exemplo, as operações de classificação,
ordenamento, a construção da idéia de número, operações espaciais e
temporais e todas as operações fundamentais da lógica elementar de
classes e relações, da matemática elementar, da geometria elementar e até
da física elementar" [10]
1. Correspondência: relação um a um.
2. Comparação: estabelecer diferenças ou semelhanças.
3. Classificação: separar em categorias de acordo com semelhanças ou diferenças.
4. Sequenciação: fazer suceder a cada elemento, outro sem considerar a ordem entre
eles.
5. Seriação: ordenar uma sequência segundo um critério.
6. Inclusão; fazer abranger um conjunto por outro.
7. Conservação: perceber que a quantidade não depende da arrumação, forma ou
4. Período Operatório Formal (12 anos em diante)
1. Cria-se a possibilidade de raciocinar com hip teses e n o s com objetos. Aó ã ó
crian a tem a capacidade de construir opera es de l gica proposicional, eç çõ ó
n o simplesmente as opera es de classes, rela es e n meros.ã çõ çõ ú
5. Metodologia
Tratou-se de um estudo comparativo entre adolescentes de diferentes
faixas etárias. Os adolescentes foram avaliados individualmente em
sessões que duravam em torno de 30 minutos. Nas respostas
emitidas procuramos analisar 1) a quantidade de acertos e erros no
jogo; 2) o nível de conservação e a 3) a descrição do raciocínio
lógico em cada adolescente.
11. Resultados
Nível de Desempenho.
1. O nível de acerto geral dos adolescentes foi de 70% no jogo. Houve
adolescentes que demoraram mais para responder; outros foram mais
rápidos. 03 alunos atingiram 80% de acertos. O nível mais baixo de
acerto foi de 55%.
2. Percebemos que o desempenho de alguns adolescentes foi
fortemente influenciado por uma tendência em responder rapidamente
ao jogo; isso gerou erros nas respostas; e,
3. Houve uma tendência de alguns adolescentes em responderam por
“tentativa e erro”, isto é, o “chute”, o que demonstra certa dificuldade
ou desinteresse em raciocinar logicamente.
12. Níveis de Conservação.
a) 100% dos sujeitos alcançaram o raciocínio operatório-formal;
b) Dos 10 adolescentes avaliados, 02 responderam mais de um
“level” utilizando-se o raciocínio concreto. Achavam que o tamanho ou
espessura dos objetos exibidos no jogo, caracterizavam o peso,
quando, na verdade, o peso era determinado pela posição do objeto
na balança.
c) Em 80% dos casos, os alunos Conservaram; e, em 20% dos casos,
os alunos Oscilaram, tendendo para a Conservação; isso mostra que
embora estes 20% (dois adolescentes) já estejam no nível das
operações formais, ainda há resquícios do raciocínio operatório
concreto.
13. Isso nos leva a concluir, que embora os adolescentes
psicogeneticamente já tenham a “capacidade abstrata”, podem não
conseguirem terem efetivo sucesso escolar, visto que podem não
terem sido estimulados em séries anteriores. Os dois alunos que
apresentaram respostas no nível concreto, ao invés do pensamento
abstrato, são oriundo do ensino fundamental I, e adentraram em 2015
no ensino médio. É bem provável que os mesmos tenham sido pouco
estimulados a raciocinarem, como nós, em geral, “desconfiamos” do
modelo de ensino trabalhado atualmente nas escolas públicas
brasileiras, principalmente no ensino fundamental.
14. Nível do Raciocínio Formal.
Dividimos as estratégias cognitivas do raciocínio formal em 3
noções:
a) classificação; b) noção de espaço e c) combinatória.
Classificação, dividiu-se em: 1) aditiva; 2) inclusão; 3)
multiplicação;
Noção de espaço, analisamos a noção de distância;
Combinatória, analisamos: 1) Implicação; 2) Exclusão e 3)
Probabilidade.
Todos os adolescentes utilizaram mais de uma estratégia do
raciocínio formal.
15. Na classificação, por exemplo, todos utilizaram os níveis aditivo, de
inclusão e multiplicativo. Todos os estudantes por terem alcançado
o nível da implicação, precisaram saber diferenciar os objetos em
suas diferentes propriedades. O nível da multiplicação – que é o
mais complexo – também foi alcançado, visto que o jogo exigia
uma diferenciação de: tamanho (exclusão), peso, igualdade de peso
(dois objetos do mesmo lado da balança), além da forma. Ou seja:
quatro propriedades eram exigidas para o raciocínio do aluno.
16. Na noção de espaço percebemos que todos tiveram êxito na
conservação de distância pois não houve confusão entre a
localização dos objetos exibidos no jogo. E, todos, em poucos
segundos, entenderam quais objetos (figuras geométricas) eram
exibidas no jogo.
17. Na combinatória analisamos a implicação, exclusão e probabilidade.
Em 100% dos casos, percebemos nos adolescentes a utilização
da implicação. Embora alguns adolescentes tenham errado
determinadas respostas, a estratégia utilizada baseou-se em
princípios de implicações, isto é, “se... então”. Do ponto de vista
do conteúdo do raciocínio do aluno percebemos a prevalência da
implicação sobre o raciocínio concreto, o que garante que todos os
indivíduos analisados alcançaram o nível das operações formais. O
raciocínio baseado na exclusão foi percebido em determinados
momentos no jogo. Em algumas situações o adolescente utilizava a
exclusão e implicação. Em outros momentos, utilizava a exclusão e
probabilidade.
18. Conclusões
1. Embora os alunos tenham a mesma idade, seus níveis cognitivos
podem ser diferentes. Isso contraria a ideia estabelecida
equivocadamente de que basta o aluno alcançar determinada idade
que ele já está “num determinado nível piagetiano”.
2. “Aptidão” não é resultado de uma genética, mas de um esforço e
construção do raciocínio baseado na resolução de problemas,
conforme afirmado por Piaget.
3. Dois alunos utilizaram o raciocínio concreto provando-se que
ensino fundamental II ainda prevalece aulas menos lógicas e mais
concretas.
19. Referências
BARRA, A. S. B. Educação tradicional: reflexão a partir do filme O Clube do Imperador. Londrina, (PR). Revista
Urutágua, nª 30, 2014a;
CARRAHER, Terezinha Nunes. O método clínico usando os exames de Piaget. São Paulo: Cortez, 1994;
CARRAHER, David Willian. Educação tradicional e educação moderna. Petrópolis, RJ: Vozes, 1990;
DEMO, Pedro. Pesquisa: princípio científico e educativo. São Paulo: Cortez, 1990.
______. Conhecer e aprender. Porto Alegre: Artes Médicas, 2000.
LIBÂNEO, José Carlos. Democratização da escola pública. 20º ed. São Paulo: Cortez, 1998.
MIZUKAMI, Maria da Graça Nicoletti. Ensino: as abordagens do processo. 16º reimpressão. São Paulo: EPU, 2007;
MOREIRA, João Manuel; CANAIPA, Rita. A psicogénese dos argumentos operatórios: identidade, compensação e
reversibilidade em provas piagetianas de conservação. Psicologia, Educação e Cultura, Vol. XII, p.27-40, 2008;
GOULART, Iris Barbosa. Piaget: experiências básicas para utilização pelo professor. Petrópolis, RJ: Vozes: 1987;
PIAGET, Jean. Seis estudos de psicologia. 9ª ed. Rio de Janeiro: Forense, 1978;
_______. Psicogênese e história das ciências. Lisboa: Publicações Dom Quixote, 1987;
SAVIANI, Dermeval. Escola e Democracia. 36. ed. São Paulo: Autores Associados, 2003.
VASCONCELOS, Marcelo Camargo. Um estudo sobre o incentivo e desenvolvimento do raciocínio lógico dos alunos,
através da estratégia de resolução de problemas. Dissertação de Mestrado, Engenharia da Produção, UFSC, 2002;
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