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Sociologia – Prof. José Amaral
ESTRATIFICAÇÃO SOCIAL
ORDENS SOCIAIS: MODERNA E TRADICIONAL
A ordem social moderna se pauta pelos ideais de justiça e igualdade, caudatários do Iluminismo e da
Revolução Francesa. Normalmente, as sociedades modernas garantem a igualdade entre todos os indivíduos
através do direito. Em tese, são condenados os privilégios a determinados grupos sociais e a marginalização de
indivíduos devido a características particulares (como cor, etnia, sexo etc.).
Ao contrário disso, a ordem tradicional apresenta hierarquias muito rígidas. O poder e a estima social
são conferidos de acordo com as características particulares de grupos e indivíduos. Isto quer dizer que os
direitos constituem-se, na verdade, em privilégios de determinados grupos; os direitos não são universalizados.
Assim, por exemplo, numa sociedade feudal, a aristocracia detém o monopólio do poder político, o qual não
pode ser exercido pelos servos e pelos camponeses.
AS FORMAS TRADICIONAIS DE ESTRATIFICAÇÃO
Sociedades feudais: composta por grupos sociais que se chamam estamentos, dentre os quais se destacavam a
aristocracia fundiária (que viria a ser a nobreza de corte), o clero e os servos (camponeses, artesãos etc.). Neste
sistema social, a nobreza possuía o monopólio de grandes extensões de terra, um meio de produção
indispensável na época. Mas quem trabalhava e produzia os itens de necessidade primária neste tipo de
sociedade?
Os proprietários da terra utilizavam-se desse monopólio para “conceder” aos servos o direito de
trabalhar. Em troca, estes concediam parte da riqueza que produziam (talha) para os senhores feudais. Além
disso, os servos tinham a obrigação de cuidar da integridade da propriedade em que trabalhavam (corvéia).
Cada estamento possuía obrigações e direitos. Na Europa, o estamento mais elevado era composto pela
aristocracia e pela pequena nobreza rural, as quais também tinham deveres para com os seus servos – dentre os
quais podemos destacar a proteção militar.
Sociedade de castas: caracteriza-se pela presença de uma rígida hierarquia de grupos (castas), os quais são
ordenados por pureza étnica e acesso a bens e serviços.
A separação entre os grupos é tão forte que há regras que interditam todas as formas de casamento e
mobilidade entre as castas. Sob certas circunstâncias, algumas castas conseguiram avançar na hierarquia de
status após conquistar poder político e econômico. Entretanto, vale ressaltar que tal ascensão só se tornou
possível depois que os grupos ascendentes passaram a imitar os comportamentos e os estilos de vida das castas
superiores.
Além disso, há um alto grau de segregação ocupacional (das profissões que cada grupo pode exercer) e
física (presença de rituais que impedem os membros de castas diferentes de se tocarem, de partilharem a mesma
mesa de alimentação etc.).
A religião hindu serve de ideologia justificativa deste sistema social. “Acredita-se que os indivíduos que
não pautam o seu viver pelos deveres e rituais da sua casta renascerão numa posição inferior na próxima
encarnação” (Giddens, 2004: 284).

FORMA MODERNA DE ESTRATIFICAÇÃO
Sociedade de classes: os grupos se formam a partir da posse de recursos econômicos comuns. Eles se
constituem devido a diferenças econômicas. Em outros sistemas, como vimos, os fatores não-econômicos
geralmente são mais importantes (no sistema feudal, a posição social de um indivíduo é definida pelo
nascimento e há um conjunto de direitos e deveres específicos a cada grupo social; na sociedade de castas, a
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posição social é definida segundo critérios étnico-religiosos).
Em tese, nas sociedades modernas (de classes), os critérios hereditários foram substituídos por processos
meritocráticos, isto é, pelo esforço individual.
Para ilustrar ainda mais o que seria a sociedade de classes, vejamos o que diz o teórico Anthony
Giddens sobre ela:
“As classes não são formadas por disposições legais ou religiosas; a posição de classe não assenta numa
posição herdada, determinada pela lei ou pelo costume. Os sistemas de classes são tipicamente mais fluidos do
que os outros tipos de estratificação e as fronteiras entre as classes nunca são precisas. Não existem restrições
formais ao casamento entre pessoas de classes diferentes (...) A posição de classe de um indivíduo é, pelo
menos em parte, alcançada e não simplesmente dada à nascença, como é comum em outros tipos de sistemas
de estratificação” (Giddens, 2004: 284).
Como afirmamos acima, as sociedades modernas ainda registram a presença de desigualdade sociais.
Como explicá-las? Segundo a ideologia do liberalismo (econômico) clássico, as desigualdades de classe são
representadas como o resultado natural da competição entre indivíduos com diferentes habilidades, motivações
etc. Esta explicação é individualista, pois as posições sociais consistiriam meramente em frutos das ações
individuais. De acordo com o liberalismo clássico, os indivíduos nas sociedades modernas dispõem de todo
tipo de oportunidade para ascender socialmente (isto é, mudar de posição social, “melhorar de vida”). Isto
aconteceria principalmente através do trabalho; quem não logrou a ascensão, seria fracassado.
Esta leitura liberal tem o defeito de individualizar e naturalizar a desigualdade. A sociologia vai se
contrapor a isso. A nossa disciplina apontará para a existência de barreiras que limitam as ações
humanas e impedem a construção da igualdade.

EXERCÍCIOS:
1) Diferencie a ordem social moderna da ordem social tradicional. Cite as formas de estratificação
correspondente a cada uma delas.
2) Leia a frase abaixo e responda a questão a seguir:
“Em tese, nas sociedades modernas (de classes), os critérios hereditários foram substituídos por processos
meritocráticos, isto é, pelo esforço individual”
A frase afirma aquilo que estudamos através deste material didático: que, nas sociedades modernas, é
possível que uma pessoa mude de posição social ao longo de sua vida. Porém, este processo nem sempre é o
mesmo para todos os grupos sociais – e por isso o autor começou a frase acima com o termo “em tese...”.
Com as suas próprias palavras, explique por que, na nossa sociedade, a possibilidade de mudar de
vida não é a mesma para todos os grupos sociais.

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  • 1. 1 Sociologia – Prof. José Amaral ESTRATIFICAÇÃO SOCIAL ORDENS SOCIAIS: MODERNA E TRADICIONAL A ordem social moderna se pauta pelos ideais de justiça e igualdade, caudatários do Iluminismo e da Revolução Francesa. Normalmente, as sociedades modernas garantem a igualdade entre todos os indivíduos através do direito. Em tese, são condenados os privilégios a determinados grupos sociais e a marginalização de indivíduos devido a características particulares (como cor, etnia, sexo etc.). Ao contrário disso, a ordem tradicional apresenta hierarquias muito rígidas. O poder e a estima social são conferidos de acordo com as características particulares de grupos e indivíduos. Isto quer dizer que os direitos constituem-se, na verdade, em privilégios de determinados grupos; os direitos não são universalizados. Assim, por exemplo, numa sociedade feudal, a aristocracia detém o monopólio do poder político, o qual não pode ser exercido pelos servos e pelos camponeses. AS FORMAS TRADICIONAIS DE ESTRATIFICAÇÃO Sociedades feudais: composta por grupos sociais que se chamam estamentos, dentre os quais se destacavam a aristocracia fundiária (que viria a ser a nobreza de corte), o clero e os servos (camponeses, artesãos etc.). Neste sistema social, a nobreza possuía o monopólio de grandes extensões de terra, um meio de produção indispensável na época. Mas quem trabalhava e produzia os itens de necessidade primária neste tipo de sociedade? Os proprietários da terra utilizavam-se desse monopólio para “conceder” aos servos o direito de trabalhar. Em troca, estes concediam parte da riqueza que produziam (talha) para os senhores feudais. Além disso, os servos tinham a obrigação de cuidar da integridade da propriedade em que trabalhavam (corvéia). Cada estamento possuía obrigações e direitos. Na Europa, o estamento mais elevado era composto pela aristocracia e pela pequena nobreza rural, as quais também tinham deveres para com os seus servos – dentre os quais podemos destacar a proteção militar. Sociedade de castas: caracteriza-se pela presença de uma rígida hierarquia de grupos (castas), os quais são ordenados por pureza étnica e acesso a bens e serviços. A separação entre os grupos é tão forte que há regras que interditam todas as formas de casamento e mobilidade entre as castas. Sob certas circunstâncias, algumas castas conseguiram avançar na hierarquia de status após conquistar poder político e econômico. Entretanto, vale ressaltar que tal ascensão só se tornou possível depois que os grupos ascendentes passaram a imitar os comportamentos e os estilos de vida das castas superiores. Além disso, há um alto grau de segregação ocupacional (das profissões que cada grupo pode exercer) e física (presença de rituais que impedem os membros de castas diferentes de se tocarem, de partilharem a mesma mesa de alimentação etc.). A religião hindu serve de ideologia justificativa deste sistema social. “Acredita-se que os indivíduos que não pautam o seu viver pelos deveres e rituais da sua casta renascerão numa posição inferior na próxima encarnação” (Giddens, 2004: 284). FORMA MODERNA DE ESTRATIFICAÇÃO Sociedade de classes: os grupos se formam a partir da posse de recursos econômicos comuns. Eles se constituem devido a diferenças econômicas. Em outros sistemas, como vimos, os fatores não-econômicos geralmente são mais importantes (no sistema feudal, a posição social de um indivíduo é definida pelo nascimento e há um conjunto de direitos e deveres específicos a cada grupo social; na sociedade de castas, a
  • 2. 2 posição social é definida segundo critérios étnico-religiosos). Em tese, nas sociedades modernas (de classes), os critérios hereditários foram substituídos por processos meritocráticos, isto é, pelo esforço individual. Para ilustrar ainda mais o que seria a sociedade de classes, vejamos o que diz o teórico Anthony Giddens sobre ela: “As classes não são formadas por disposições legais ou religiosas; a posição de classe não assenta numa posição herdada, determinada pela lei ou pelo costume. Os sistemas de classes são tipicamente mais fluidos do que os outros tipos de estratificação e as fronteiras entre as classes nunca são precisas. Não existem restrições formais ao casamento entre pessoas de classes diferentes (...) A posição de classe de um indivíduo é, pelo menos em parte, alcançada e não simplesmente dada à nascença, como é comum em outros tipos de sistemas de estratificação” (Giddens, 2004: 284). Como afirmamos acima, as sociedades modernas ainda registram a presença de desigualdade sociais. Como explicá-las? Segundo a ideologia do liberalismo (econômico) clássico, as desigualdades de classe são representadas como o resultado natural da competição entre indivíduos com diferentes habilidades, motivações etc. Esta explicação é individualista, pois as posições sociais consistiriam meramente em frutos das ações individuais. De acordo com o liberalismo clássico, os indivíduos nas sociedades modernas dispõem de todo tipo de oportunidade para ascender socialmente (isto é, mudar de posição social, “melhorar de vida”). Isto aconteceria principalmente através do trabalho; quem não logrou a ascensão, seria fracassado. Esta leitura liberal tem o defeito de individualizar e naturalizar a desigualdade. A sociologia vai se contrapor a isso. A nossa disciplina apontará para a existência de barreiras que limitam as ações humanas e impedem a construção da igualdade. EXERCÍCIOS: 1) Diferencie a ordem social moderna da ordem social tradicional. Cite as formas de estratificação correspondente a cada uma delas. 2) Leia a frase abaixo e responda a questão a seguir: “Em tese, nas sociedades modernas (de classes), os critérios hereditários foram substituídos por processos meritocráticos, isto é, pelo esforço individual” A frase afirma aquilo que estudamos através deste material didático: que, nas sociedades modernas, é possível que uma pessoa mude de posição social ao longo de sua vida. Porém, este processo nem sempre é o mesmo para todos os grupos sociais – e por isso o autor começou a frase acima com o termo “em tese...”. Com as suas próprias palavras, explique por que, na nossa sociedade, a possibilidade de mudar de vida não é a mesma para todos os grupos sociais.