Este documento discute a importância da gestão ambiental em instituições de ensino superior para o desenvolvimento sustentável. Ele apresenta um estudo de caso de uma faculdade que implementou iniciativas como cursos para funcionários sobre produção sustentável e coleta seletiva. O documento argumenta que a gestão ambiental nas organizações pode ser um diferencial competitivo e contribuir para a preservação do meio ambiente.
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Curso de Administração – FCN 1
A IMPORTÂNCIA DA GESTÃO AMBIENTAL EM UMA INSTITUIÇÃO PÚBLICA
DE ENSINO SUPERIOR PARA O DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL
Joel Quintanilha de Siqueira
Faculdade Canção Nova
jquinsiqueira@yahoo.com.br
Orientador Prof. MS. André Alves Pardo
Faculdade Canção Nova
pradousp@gmail.com
Resumo
A Gestão Ambiental é tema de grandes discussões mundiais envolvendo muitos
países. Esse fato e as tecnologias atuais disponíveis, a globalização, as normas
regulamentadoras e técnicas administrativas contribuem com o desenvolvimento
sustentável. Acredita-se que tudo isso tornou-se praticamente uma cartilha com a finalidade
de conscientizar a sociedade e direcionar as estratégias e planejamentos das organizações
para a sustentabilidade. Com o crescimento econômico impactando diretamente no meio
ambiente, principalmente no uso de recursos naturais para a produção, e com a sociedade
mais consciente e exigente, entende-se que as organizações chegaram a conclusão que
não basta somente a qualidade do produto, mas também precisavam melhorar os processos
de produção com menos impacto possível. O artigo é fruto de pesquisas bibliográficas,
consultas em revistas especializadas, em sites confiáveis da internet e um estudo de caso
em uma Instituição de Ensino Superior no Vale do Paraíba, estado de São Paulo,
destacando palestras e cursos destinados aos servidores, produção de bens duráveis,
recolhimento de reciclados, praticas corretas de descarte, destinação e tratamento correto
de resíduos. Desta forma conclui-se que a IES contribui com o meio ambiente que está cada
vez mais sendo destruído, podendo ser exemplo a ser seguido por outras organizações.
Palavras-chaves: gestão ambiental, desenvolvimento sustentável, conscientização.
Abstract
The environmental management has been topic of great discussions involving
many countries in the world. This fact and the available technology nowadays, the
globalization, the regulatory rules and management techniques contribute to the sustainable
development. It is believed that it was transformed in a booklet with the goal of aware the
society and direct the strategies and plans of organizations to the sustainability. With
economy grown affecting the environment, especially about the use of natural resources to
the production, and with society more conscious and critical, the organizations came to the
conclusion that is not important just the quality of the product, but it is still necessary to
improve the production processes with the minimum impact. This article is based on
literature searches, consultations in specialized magazines, in trusted sites on the internet
and a case study in a higher education institution on Vale do Paraíba, state of São Paulo,
highlighting lectures and courses for servers about durable goods production, collection of
recycled materials, correct disposal practices, destination and correct treatment of waste.
This way, it is shown that the higher education institution contributes with the environment,
which has increasingly been destroyed, and this can be a example for other organizations.
Key-words: environmental management, sustainable development, awareness.
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Curso de Administração – FCN 2
1 Introdução
Durante muito tempo a sociedade e principalmente as organizações culturalmente
viam os danos ambientais como processos naturais e necessários para o desenvolvimento
da economia e da sociedade. Mas a partir do século XX essa consciência veio se
desfazendo pelo fato do tema Gestão Ambiental fazer parte das discussões mundiais em
conferências, envolvendo muitos países desenvolvidos e outros em desenvolvimento. De
forma geral, os países e organizações começaram a entender que as medidas de proteção
ambiental não foram inventadas para impedir o desenvolvimento, mas sim para orientá-los,
e que em seus estudos de desenvolvimento tecnológico criaram modelos de avaliação do
impacto de custos e benefícios ambientais, e com isso tendo como ação novas diretrizes
estratégicas, baseando-se nas normas regulamentadoras e leis de política ambiental,
mantendo ou repondo os recursos naturais, buscando um modelo que atenda o
desenvolvimento sustentável para se manter-se competitivo no atual mercado globalizado.
Andrade; Tachizawa e Carvalho (2002, p. 2) comentam que:
A preservação do meio ambiente nos dias de hoje é considerada uma
das prioridades de qualquer organização, segundo a Carta
Empresarial para o Desenvolvimento Sustentável. Esse documento,
preparado por uma comissão de representantes de empresas, foi
desenvolvido no âmbito da Câmara de Comercio Internacional (1991),
entidade esta instituída com o objetivo de ajudar organizações em
todo o mundo a melhorar os resultados das suas ações sobre o
ambiente.
Entende-se que esse artigo possa contribuir com a conscientização da sociedade,
que hoje esta cada vez mais exigente, e que a preocupação ecológica tem ganhado um
destaque importante e significativo pela sua relevância na qualidade de vida da população
mundial atual e para as gerações futuras. Acredita-se que a contribuição pode se estender
para as organizações, por ter informações importantes e consideráveis para o planejamento
estratégico, levando em consideração o meio ambiente onde estão inseridas, sabendo que
essas, em seus processos produtivos, são as que mais degradam o meio ambiente, como
cita Dias (2011, p. 64),
As empresas que adotam estratégias proativas apresentam três
possibilidades de inserção competitiva: a adoção de procedimentos
além dos exigidos pela legislação; a busca pela excelência ambiental
como componente do foco principal na qualidade; e tornar-se
empresa líder no seu setor em termos ambientais, o que lhe garantirá
melhor posicionamento no mercado em relação aos concorrentes.
Nos dias atuais o governo e a sociedade estão cada vez mais sendo exigentes com
as organizações, para que atuem no meio ambiente promovendo o desenvolvimento
sustentável na sua finalidade de produção; por outro lado, as organizações têm consciência
que para manter-se no mercado precisam atender essas exigências, e que as técnicas de
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gestão ambiental e as normas regulamentadoras hoje se complementam formando uma
cartilha com direcionamentos para estar à frente de seus concorrentes.
Nesse cenário mercadológico mostra que o lucro ainda é o objetivo principal a ser
alcançado, e com a globalização exige-se ainda mais que a imagem da organização
apresente padrões éticos comportamentais, principalmente com relação à preservação do
meio ambiente.
Acredita-se que muitas organizações atuais sabem da importância da gestão
ambiental e do desenvolvimento sustentável, porque são temas que estão cada vez mais
sendo discutidos mundialmente, por esse fato elas se voltam a ter mais controle e ênfase
nas suas ações. Dias (2011) complementa dizendo que com a evidente evolução
tecnológica e os avanços da globalização, aumentaram a exigência do governo e também
da sociedade para que as empresas possam produzir com menos impacto possível.
O presente artigo tem como objetivo entender se a Gestão Ambiental nas
organizações, além de estar regularmente perante as normas e contribuindo com o
desenvolvimento sustentável, se faz parte do planejamento estratégico como um
investimento rentável com retorno á longo prazo.
Prado (2014, p. 53) relata que, “Cabe enfatizar que existe como manter o ciclo do
crescimento humano e econômico, mas deve haver sustentabilidade ambiental neste
processo”. Com base nessa citação, este estudo visa analisar a importância da gestão
ambiental em uma organização publica de ensino superior com foco no desenvolvimento
sustentável, entender como a mesma aplica esse conceito sabendo que o resultado pode
beneficiar a empresa, sociedade e o mundo.
A questão é, se a Responsabilidade Ambiental nas organizações além de
obrigatória, pode se tornar um diferencial competitivo quando bem desenvolvidas?
Acredita-se que o resultado possa contribuir com as organizações para terem uma
nova visão de utilização dos recursos naturais, e que as ações realizadas possam contribuir
com eficácia e eficiência nas suas atividades econômicas, mantendo a diversidade e
estabilidade no meio ambiente, contribuindo assim com o desenvolvimento sustentável,
tentando disponibilizar um melhor ambiente possível para essa e futuras gerações. Prado
(2014, p. 53) enfatiza também que “Para isto, ações de educação ambiental são
importantíssimas e vitais para que o crescimento ocorra de modo equilibrado e de forma
sustentável”.
A escolha do tema deu-se pelo fato da importância dele para a sociedade e
organizações para a preservação do meio ambiente, que está cada vez mais sendo
destruído, sendo que um dos principais motivos desta destruição são as produções em
massa das empresas para atender o consumo desenfreado da humanidade, ou seja, pela
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alta produção de produtos que de uma forma ou de outra poluem e prejudicam o meio
ambiente.
Esse artigo usou da metodologia um estudo de caso em uma Instituição pública de
Ensino Superior, destacando a aplicação da gestão ambiental visando minimizar os
impactos ambientais dentro da instituição e na sociedade em sua volta, tendo como principal
objetivo a participação e construção de novas políticas ambientais da unidade, além de
gerar sentimento de reflexão para possíveis mudanças de atitudes com relação a
sustentabilidade.
Segundo Silva e Menezes (2005) a revisão bibliográfica é resultado do processo de
levantamento e análise do que já foi publicado sobre o tema, e o problema de pesquisa
escolhido permitirá um mapeamento de quem já escreveu e o que já foi escrito sobre o
tema, e que metodologia pode envolver Pesquisas Bibliográficas, Exploratórias, Descritivas,
Explicativas, Documentais, Experimental, Estudo de caso, Pesquisas, etc.
Segundo Marconi e Lakatos (2011) afirmam que:
O estudo de caso refere-se ao levantamento com mais profundidade
de determinado caso ou grupo humano sob todos os seus aspectos.
Entretanto, é limitado, pois se restringe ao caso que estuda, ou seja,
um único caso, não podendo ser generalizado.
Por fim, como o tema atualmente esta em evidencia mundial, acredita-se que novas
ferramentas e tecnologias serão desenvolvidas para contribuir com o desenvolvimento
sustentável, com isso espera-se que o conteúdo desse artigo sirva de referência e contribua
para futuras pesquisas sobre o tema.
2 Referencial teórico
2.1 Gestão Ambiental
O conceito Gestão Ambiental é baseado na conscientização a partir da informação
que é influenciada nas atitudes tomadas de acordo com a necessidade do meio ambiente.
Dias (2001, p. 3) comenta que:
Durante milhares de anos, esse processo de intensificação da
capacidade humana de intervir no ambiente natural foi se
desenvolvendo de forma gradativa e cumulativa, mas durante muito
tempo as modificações provocadas, aparentemente, não foram
significativas se comparadas ás dos dias atuais.
Muito se fala que nos últimos dois séculos o desenvolvimento tecnológico da
humanidade foi inigualável, e que nenhum outro período foram feitas tantas descobertas,
com isso gerando uma capacidade incrível de produção e devastação do meio ambiente.
Silva e Lima (2013, p. 1) falam que:
Um dos maiores desafios da humanidade neste século XXI é o da
problemática ambiental. O quadro sócio ambiental atual demonstra
que , a cada dia, os impactos causados pela ação do homem no meio
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Curso de Administração – FCN 5
ambiente e na sociedade são cada vez mais objetos de atenção,
interesse e de cuidados.
Durante muito tempo a sociedade e principalmente as organizações viam os danos
ambientais como processos naturais e necessários para o desenvolvimento da economia e
sociedade.
Dias (2011) comenta que com o avanço da conscientização ecológica nos países do
norte nas décadas de 70 e 80, tecnologias foram desenvolvidas para possibilitarem um
melhor controle na degradação ambiental.
Acredita-se que as organizações no cenário comercial atual enxergam o custo na
gestão ambiental como investimento com retorno á longo prazo, a fim de evitar maiores
danos causado ao meio ambiente e se manter no mercado competitivo, que também por sua
vez, vem exigindo e selecionando cada vez mais empresas que se adéquam a essa
realidade.
Andrade; Tachizawa e Carvalho (2002) citam que, o Brasil a partir da segunda
metade do século XX, vem sofrendo grandes transformações em função do crescimento
demográfico, principalmente com o aumento da população em zonas urbanas, com a
modernização de suas bases de desenvolvimento, passando de um estagio de economia
predominante exportadora de produtos agrícolas para a industrialização considerável, e que
o agravamento da questão ambiental começou a ser sentido em áreas industrializadas como
Cubatão, Volta Redonda, ABC Paulista e nas grandes metrópoles.
O crescimento industrial contribuiu muito com o desenvolvimento do país e abriu
portas para grandes multinacionais se instalarem aqui, mas o reflexo desse crescimento
impactou tanto no meio ambiente como na sociedade como um todo.
Andrade; Tachizawa e Carvalho (2002) afirmam também que no principio as
organizações se preocupavam com apenas com a eficiência produtiva, e que essa foi umas
das mentalidades predominantes de administração nos anos 60, mas isso foi se desfazendo
quando se percebeu que as atuações das empresas tornava cada dia mais complexas e que
o processo decisório sofria restrições severas pelo fato do crescimento da consciência
ecológica, e que a questão ambiental veio ter um destaque maior com uma conferencia
sobre Biosfera realizada na França em 1968, que foi uma reunião de cientistas onde
despertou uma consciência ecológica mundial.
Albuquerque (2009) relata que em 1972, na Suécia, mais precisamente na cidade de
Estocolmo, aconteceu a Conferência das Nações Unidas para o Meio Ambiente, com
participação de 113 países, nesse evento, representantes de governos se uniram para
discutir a necessidade de tomar medidas efetivas de controles de fatores industriais que
causam degradação ambiental, buscando mudar a visão sobre os processos através de
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Curso de Administração – FCN 6
questionamentos sobre as tradicionais formas de produção, comportamento humano,
organização e o funcionamento das cidades.
Andrade; Tachizawa e Carvalho (2002) afirmam que foi nesse evento de 1972 que
ficou popular uma frase da primeira ministra da Índia, Indira Gandhi (1917-1984), ela citou
que: “A pobreza é a maior das poluições” e foi nesse contexto que os países sul-americanos
afirmaram que a solução da poluição não era brecar o desenvolvimento, mas sim orientar o
desenvolvimento para preservar o meio ambiente e os recursos não renováveis.
Após essa reunião o tema ganhou uma importância muito grande no cenário mundial
com importantes reuniões de líderes de estados em vários países.
No Brasil a Constituição Brasileira, de 1988, em Art. 225, no Capítulo VI - Do Meio
Ambiente, destaca que:
Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem
de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida,
impondo-se ao poder público e à coletividade o dever de defendê-lo e
preservá-lo para as presentes e futuras gerações.
As grandes organizações atuais têm como fator primordial atender as expectativas
de seus clientes, e de uma forma ecologicamente correta satisfazer suas necessidades com
agilidade nos processos, isso vem condizer com o que afirma Tachizawa (2007, p. 71) que:
Os novos tempos caracterizam-se por uma rígida postura dos
clientes, voltada a expectativa de interagir com as organizações que
sejam éticas, com boa imagem institucional no mercado, e que atuem
de forma ecologicamente responsável.
A industrialização agravou o problema, contribuiu de forma bastante acentuada para
a poluição do meio ambiente. Para controlar foram criadas normas regulamentadoras e
certificações, como por exemplo, a ISO 14000, entre outros, também um trabalho forte de
comunicação na conscientização das organizações e na sociedade como um todo.
Dias (2011, p. 105) afirma que: “As normas da família da ISO 14000 são um conjunto
de normas que buscam estabelecer ferramentas e sistemas que contribuem para
administração ambiental de uma organização”. A sociedade contribui adquirindo, por
exemplo, produtos que contém o selo ISO 14000, que atestam os cuidados com o meio
ambiente.
O quadro 1 apresenta as principais normas regulamentadoras ABNT da serie ISO
14000:
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Curso de Administração – FCN 7
Quadro 1- Família de normas NBR ISO 14000
ISO 14001*
Sistema de Gestão Ambiental (SGA) - Especificação para implantação e
guia
ISO 14004 Sistema de Gestão Ambiental - Diretrizes Gerais
ISO 14010 Guias para Auditoria Ambiental - Diretrizes Gerais
ISO 14011 Diretrizes para Auditoria Ambiental e Procedimentos para Auditorias
ISO 14012 Diretrizes para Auditoria Ambiental - Critérios de Qualificação
ISO 14020 Rotulagem Ambiental - Princípios Básicos
ISO 14021 Rotulagem Ambiental - Termos e Definições
ISO 14022 Rotulagem Ambiental - Simbologia para Rótulos
ISO 14023 Rotulagem Ambiental - Testes e Metodologias de Verificação
ISO 14024
Rotulagem Ambiental - Guia para Certificação com base em Análise
Multicriterial
ISO 14031 Avaliação da Performance Ambiental
ISO 14032 Avaliação da Performance Ambiental dos Sistemas de Operadores
ISO 14040* Análise do Ciclo de Vida - Princípios Gerais
ISO 14041 Análise do Ciclo de Vida – Inventário
ISO 14042 Análise do Ciclo de Vida - Análise dos Impactos
ISO 14043 Análise do Ciclo de Vida - Migração dos Impactos
Fonte: ABNT (apud DIAS 2011)
As normas no quadro acima que contém asterisco (*) são normas passíveis de certificação.
O SGA (Sistema de Gestão Ambiental) é um tema muito abordado nos dias atuais
nas organizações. Oliveira e Pinheiro (2010) afirmam que o SGA é um dos modelos de
gestão ambiental mais adotado em todo mundo, e pode ser personalizado para se adequar
ás necessidade da empresa, porém a empresa precisa obter a certificação da ISO 14001,
com ela é possível analisar os resultados com a implementação dos 4 Rs, que são, Reduzir,
Reutilizar, Reciclar e Recuperar.
Esse sistema, além de abordar os 4 Rs, pode envolver também técnicas inovadoras
no processo produtivo, tais como:
Desenvolvimento de produtos que possam ser reciclados;
Pensar o descarte do produto após seu consumo;
Separação e classificação do lixo;
Adoção de técnicas limpas;
Programa de reciclagem e reaproveitamento de resíduos;
Medidas de economia de energia, água, entre outros materiais de consumo.
Com essas ferramentas de gestão, as organizações buscam cada vez estar
regularizadas, não apenas para estar conforme as regras estabelecidas, mas também
preocupadas com sua reputação perante a sociedade e a concorrência.
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Curso de Administração – FCN 8
Donaire (1995) diz que o conceito de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável
tem três vertentes importantes e principais: crescimento econômico; equidade social e
equilíbrio ecológico, e que essas tem uma responsabilidade comum como processo de
mudança na exploração de recursos materiais, e que os investimentos financeiros e as rotas
dos desenvolvimentos tecnológicos devem ter sentido harmonioso, e nesse sentido o
desenvolvimento tecnológico deverá ser orientado para as metas de equilíbrio com a
natureza e de incremento da capacidade de inovação dos países em desenvolvimento, com
isso o progresso será entendido como fruto de maior riqueza, maior beneficio social e
equilíbrio ecológico.
Tudo isso vem complementar com a citação de Dias (2011, p. 64) afirmando que:
As empresas que adotam estratégias proativas apresentam três
possibilidades de inserção competitiva: a adoção de procedimentos
além dos exigidos pela legislação; a busca pela excelência ambiental
como componente do foco principal na qualidade; e tornar-se
empresa líder no seu setor em termos ambientais, o que lhe garantirá
melhor posicionamento no mercado em relação aos concorrentes.
Por isso gerenciar uma organização de modo ambientalmente correto pode resultar
em benefícios consideráveis, por exemplo: redução de custos, menor índice de refugos na
produção, incentivos para a inovação, oportunidades de novos negócios, melhorias na
qualidade do produto, diminuições de pressões de normas regulamentadoras, etc.
Andrade; Tachizawa e Carvalho (2002, p. 34) contextualizam que: “A Gestão
Ambiental visa integrar plenamente, em cada empresa, essas políticas, programas e
procedimentos como elemento essencial de gestão, em todos os seus domínios”.
Nesse cenário é claro que a boa qualidade ecológica contribui com o
desenvolvimento da sociedade e das organizações, e o que se realiza hoje é contribuir e se
solidarizar com as futuras gerações.
2.2 Desenvolvimento Sustentável
Segundo dados da Rio+20, em 1992 aconteceu a Conferencia das Nações Unidas
sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento, chamado de Rio-92, até então o maior evento
realizado das Nações Unidas sobre o tema, e contou com representantes de 172 países e
108 chefes de estado, além de 10 mil jornalistas e representantes de 1.400 ONGs.
Em seu contexto, estabeleceu a Convenção - Quadro das Nações Unidas sobre
mudança no clima, temas importantes foram discutidos, tais como:
Convenção sobre diversidade Biológica;
Declaração de princípios sobre florestas;
Declaração do Rio sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento;
Agenda 21.
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Curso de Administração – FCN 9
Segundo o Programa Nacional de Educação Ambiental – ProNEA. 3. Ed (2005),
antes, em 1991, foi criado duas instâncias no Poder Executivo, destinadas a lidar
exclusivamente com esse aspecto: o Grupo de Trabalho de Educação Ambiental do MEC,
que em 1993 se transformou na Coordenação Geral de Educação Ambiental (COEA/MEC),
e a Divisão de Educação Ambiental do Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e dos Recursos
Naturais Renováveis (IBAMA).
Andrade; Tachizawa e Carvalho (2002), explicam que Agenda 21 dedica-se aos
problemas da atualidade e almeja preparar o mundo para os desafios do próximo século,
reflete também o consenso global e compromisso político objetivando o desenvolvimento e
compromisso ambiental, e é constituída com um plano de ação, que tem por objetivo colocar
em prática os programas para frear o processo de degradação ambiental e transformar em
realidade os princípios da Declaração do Rio, e que os programas são divididos em grupos
e tratam de problemas como: atmosfera, recursos da terra, agricultura sustentável, florestas,
mudanças climáticas, água potável, resíduos sólidos e tóxicos, entre outros, e logo em
seguida, em 2002, as Nações Unidas decidiram realizar em Johanesburgo na África do Sul,
uma conferência para analisar os resultados da Rio-92, nesse evento teve presença de mais
de 100 chefes de estados, que reafirmaram metas relativas à erradicação da pobreza, a
promoção da saúde, á expansão dos serviços de água e saneamento, á defesa da
biodiversidade e á destinação de resíduos tóxicos e não tóxicos, relatam que na pauta
também foi discutido a inclusão de energias renováveis e responsabilidade ambiental das
empresas, intensificando a necessidade de todos para que somem esforços na promoção
do desenvolvimento sustentável, e por fim citam que a Conferência das Nações Unidas
sobre Desenvolvimento Sustentável, a Rio+20, que foi realizada em junho de 2012, na
cidade do Rio de Janeiro, um dos temas abordados foi “A economia verde no contexto do
desenvolvimento sustentável e da erradicação da pobreza”; esse tema abordou a
conscientização e a necessidade de mudança dos países para uma “economia verde”, que
prioriza o desenvolvimento econômico e social sem perda de serviços ecossistêmicos e com
baixa emissão de gases poluente para o meio ambiente.
Esse contexto afirma que economia verde pressupõe modos de produção com
menos emissão de gases poluentes, aumento da eficiência energética e prevenção de
perdas de biodiversidades e de serviços ecossistêmicos no meio ambiente.
Na figura 1 abaixo, o INFAP (Instituto de formação e ação em políticas sociais) relata
que o desenvolvimento sustentável pode ser dividido em três componentes:
a Sustentabilidade Ambiental, Sustentabilidade Econômica e Sustentabilidade Sociopolítica.
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Curso de Administração – FCN 10
Figura 1 – Componentes do desenvolvimento sustentável.
Fonte: INFAP.
Albuquerque (2009, p.15) enfatiza que:
O crescimento sem precedentes do consumo a que o
desenvolvimento econômico através da ideologia tecnológica
pretende satisfazer (e ao mesmo tempo instigar) vem submetendo o
meio ambiente e os ecossistemas a uma pressão incessante que está
provocando seu declínio, comprometendo a sustentabilidade da vida.
Com o crescimento populacional desenfreado, associado a um sistema que não visa
à manutenção e consumo de recursos naturais com controle, degradamos cada vez mais o
meio-ambiente e acabamos com os recursos naturais do planeta.
Dias (2011, p. 173) cita que:
Um dos aspectos mais visíveis do movimento gerado em torno da
questão ambiental nos últimos anos é a responsabilidade social tanto
indivíduos quanto de organizações, sejam elas do setor privado,
sejam do setor publico, sejam do terceiro setor. A responsabilidade
social em questões ambientais tem-se traduzido em adoção de
práticas que extrapolam os deveres básicos tanto do cidadão quanto
das organizações.
Com a necessidade de se adequar aos novos processos produtivos e à preservação
ambiental, as empresas estão sendo forçadas a procurarem utilizar-se de processos menos
impactantes sobre o meio ambiente, ou seja, que busquem a redução de resíduos emitidos
nos processos produtivos, passando a necessidade de produzir bem e melhor e se possível
renovando e reutilizando os resíduos que impactam no meio ambiente se exposto.
Dias (2011, p. 43) aponta que “Embora haja um crescimento perceptível da
mobilização em torno da sustentabilidade, ela ainda está focada no ambiente interno das
organizações, voltada prioritariamente para os processos e produtos”.
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Curso de Administração – FCN 11
Com a crise hídrica e energética que vivemos nos dias de hoje, se essas empresas
tiverem consciência do impacto que pode ter no ambiente externo onde estão inseridas e
que esse reflexo pode impactar também internamente, com certeza isso já será um grande
passo para que se tornem agentes de desenvolvimento sustentável, socialmente justo,
economicamente viável e ambientalmente correto. E isso vem ser complementado com
Prado (2014, p. 19) onde ele cita que, “A conservação de energia é extramente importante
para um crescimento e desenvolvimento sustentável”.
Albuquerque (2009, p. 18) afirma que:
A maioria dos impactos ambientais é decorrente da aceleração do
desenvolvimento com ênfase apenas no resultado econômico,
conforme defendem alguns ecologistas, sem o devido controle e
preocupação com a preservação dos recursos naturais. Em outras
palavras, sem os cuidados com a utilização responsável e sustentável
dos recursos da natureza. A consequência em geral é a poluição
ambiental abusivo e incontrolado de insumos como água, energia e
outros recursos renováveis e não renováveis.
Assume-se então que as reservas naturais são finitas, e que as soluções ocorrem
através de tecnologias mais adequadas ao meio ambiente, e que todos devem ter
consciência às necessidades básicas usando o princípio da reciclagem, e que investimentos
sejam realizados para manter esses recursos naturais instáveis, Prado (2014, p. 53) cita
que:
É necessário investir no desenvolvimento de novas tecnologias que
reduzam os impactos ambientais, minimizar o volume de emissões de
poluentes, bem como implantar estações de tratamento de efluentes
em organizações e municípios entre outros.
A Figura 2 abaixo relaciona as iniciativas com as etapas de implantação de um
sistema de gestão ambiental utilizando o ciclo PDCA:
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Curso de Administração – FCN 13
permanente pelo lucro, indissociável da lógica de funcionamento das
organizações em meio empresarial.
Com todas essas informações, fica claro que, para construção do amanhã vai exigir
novas atitudes de todo mundo, e que o desenvolvimento sustentável é um fator primordial
para mantermos um ambiente favorável à vida humana e seus descendentes.
3 Estudo de Caso (Análise e Discussões)
Criar meios de minimizar os impactos ambientais deve ser prioridade em toda
Organização. É muito importante que sejam criadas alternativas com esse objetivo. Seguem
algumas das iniciativas de uma Instituição de Ensino Superior (IES) da região do Vale do
Paraíba (Vale Histórico).
Uma das ações adotadas é o Programa de Formação Socioambiental de Servidores
da IES, articulando a temática da sustentabilidade com o compromisso de desenvolver
ações educadoras no âmbito da Universidade, através da formação dos PAP (Pessoas que
Aprendem Participando). Os objetivos deste projeto são:
Contribuir para a formação socioambiental da comunidade universitária em
busca da construção de uma universidade sustentável, de forma permanente,
articulada, continuada e emancipatória;
Internalizar a sustentabilidade na gestão universitária;
Contribuir para a mudança da cultura organizacional a partir de valores
socioambientais pactuados, que devam estar presentes em documentos
oficiais da Universidade;
Subsidiar os servidores da IES a ampliarem sua visão / percepção / análise e
possibilidades de atuação socioambiental em seus espaços de trabalho e
vivencia.
Dentro dos objetivos específicos, cita-se como o principal deles a participação e
construção de novas políticas ambientais da unidade, além claro de gerar o sentimento de
reflexão para possível mudança de valores e atitudes com relação a ações de
sustentabilidade.
Cursos são constantemente elaborados como a programação que é descrita no
Quadro 2:
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Curso de Administração – FCN 17
4 Considerações finais
Analisando todas as informações que contribuíram na elaboração desse artigo,
considera-se que o desenvolvimento sustentável é um importante conceito de sobrevivência
humana, e que o Sistema de Gestão Ambiental, alem de ser um dos pilares para a
sustentabilidade, é uma importante ferramenta de gestão que contribui no planejamento
estratégicos ecológicos das organizações com a finalidade de direcionar o uso correto dos
recursos naturais aumentado a qualidade dos processos, produtos e melhorando a imagem
da empresa perante a sociedade e concorrentes.
Acredita-se que o objetivo dessa pesquisa foi alcançado, pois os dados
apresentados no estudo de caso comprovam que a IES além estar regular perante as leis
ambientais contribuindo com o desenvolvimento sustentável, deixa claro que a gestão
ambiental faz parte do seu planejamento estratégico, tendo ciência que o investimento é
rentável com resultado á longo prazo, citando como exemplo, o desenvolvimento e uso das
canecas duráveis, que com essa ação, a instituição tem um custo inicial, mas
posteriormente não tem mais o custo adicional com as aquisições de milhares de copos
descartáveis.
Entende-se que a pergunta da pesquisa foi respondida com os resultados
alcançados, pois fica nítido que a gestão ambiental, além de contribuir com o meio
ambiente, torna-se um negocio rentável, e que a responsabilidade ambiental é sim um
diferencial competitivo perante aos concorrentes, pois os resultados beneficia a sociedade e
coloca em destaque a marca da organização, exemplo é esse estudo de caso, que
proporciona destacar ainda mais a IES na sociedade, tudo isso vem ser confirmado com a
citação de DIAS (2011), que a empresa que adota essas estratégias buscando a excelência
ambiental pode se tornar líder em termos ambientais, e isso lhe garantirá um melhor
posicionamento no mercado em relação aos concorrentes.
Com os resultados alcançados verifica-se que é muito importante a sociedade e
principalmente as organizações terem a consciência ecológica, as boas e as novas atitudes
para manter a sustentabilidade devem ser constantes, preservando os recursos naturais,
reciclando e reutilizando tudo que for possível extraído do meio ambiente, as organizações
entende-se que tem uma responsabilidade maior, pois são elas que degradam o meio
ambiente em grande escala e o resultado impacta diretamente na sociedade, são gestos
que podem manter o meio ambiente sustentável e favorável à vida para essa e futuras
gerações.
Como o tema é abrangente, as informações, as normas e técnicas são atualizadas
constantemente, espera-se que o resultado desse trabalho possa contribuir com novas e
futuras pesquisas ou que seja complementado com novas informações de acordo com a
atualidade.
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Curso de Administração – FCN 18
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