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BARROCO
Barroco
O período conhecido como Barroco, ou Seiscentismo, é constituído pelas primeiras
manifestações literárias genuinamente brasileiras ocorridas no Brasil Colônia, embora
diretamente influenciadas pelo barroco europeu, isto é, vindo das Metrópoles. O termo
denomina genericamente todas as manifestações artísticas dos anos 1600 e início dos
anos 1700. Além da literatura, estende-se à música, pintura, escultura e arquitetura da
época.
Contexto histórico
O Barroco foi um período do século XVI marcado pela crise dos valores
Renascentistas, gerando uma nova visão de mundo através de lutas religiosas e
dualismos entre espírito e razão. O movimento envolve novas formas de literatura, arte e
até filosofia. No campo religioso, a Reforma Protestante (1517) contestou as práticas da
Igreja Católica e propôs uma nova relação entre Deus e os homens.
Martinho Lutero
Contexto histórico
Uma das propostas desse movimento foi a tradução da
Bíblia para os idiomas nacionais, abrindo caminho para novas
interpretações das Escrituras, deixando a Igreja dividida e
enfraquecida. O poder central da Igreja teve que reagir
rapidamente. Em 1563 tem início a Contrarreforma, que tinha
como objetivo combater a expansão do protestantismo e
recuperar os domínios perdidos. Portanto, a Europa do século
XVII reflete a crise religiosa do século anterior. O homem
europeu se vê dividido entre duas forças opostas: o
antropocentrismo e o teocentrismo. O Barroco é a estética que
reflete essa tensão, ou seja, o embate entre a fé e a razão,
entre espiritualismo e materialismo.
Index Librorum Prohibitorum
Temas frequentes na Literatura Barroca
- fugacidade da vida e instabilidade das coisas;
- morte, expressão máxima da efemeridade das coisas;
- concepção do tempo como agente da morte e da dissolução das coisas;
- castigo, como decorrência do pecado;
- arrependimento;
- narração de cenas trágicas;
- erotismo;
- misticismo;
- apelo à religião.
Características do Barroco
Todo o rebuscamento presente na arte e literatura barroca é reflexo dos conflitos
dualistas entre o terreno e o celestial, o homem (antropocentrismo) e Deus
(teocentrismo), o pecado e o perdão, a religiosidade medieval e o paganismo presente
no período renascentista.
1) A arte da contrarreforma
A ideologia do Barroco é fornecida pela Contrarreforma. Em nenhuma outra época
se produziu tamanha quantidade de igrejas, capelas, estátuas de santos e monumentos
sepulcrais. As obras de arte deviam falar aos fiéis com a maior eficácia possível, mas em
momento algum descer até eles. A arte barroca tinha que convencer, conquistar e impor
admiração.
Características do Barroco
2) Conflito entre corpo e alma
O Renascimento definiu-se pela valorização do profano, pondo em voga
o gosto pelas satisfações mundanas. Os intelectuais barrocos, no
entanto, não alcançam tranquilidade agindo de acordo com essa
filosofia. A influência da Contrarreforma fez com que houvesse oposição
entre os ideais de vida eterna em contraposição com a vida terrena e
do espírito em contraposição à carne. Na visão barroca, não há
possibilidade de conciliar essas antíteses: ou se vive a vida
sensualmente, ou se foge dos gozos humanos e se alcança a
eternidade. A tensão de elementos contrários causa no artista uma
profunda angústia: após arrojar-se nos prazeres mais radicais, ele se
sente culpado e busca o perdão divino. Assim, ora ajoelha-se diante de
Deus, ora celebra as delícias da vida.
Características do Barroco
3) O tema da passagem do tempo
O homem barroco assume consciência integral no que se refere à fugacidade da vida
humana (efemeridade): o tempo, veloz e avassalador, tudo destrói em sua passagem.
Por outro lado, diante das coisas transitórias (instabilidade), surge a contradição: vivê-
las, antes que terminem, ou renunciar ao passageiro e entregar-se à eternidade?
4) Forma tumultuosa
O estilo barroco apresenta forma conturbada, decorrente da tensão causada pela
oposição entre os princípios renascentistas e a ética cristã. Daí a frequente utilização de
antíteses, paradoxos e inversões, estabelecendo uma forma contraditória, dilemática.
Além disso, a utilização de interrogações revela as incertezas do homem barroco frente
ao seu período e a inversão de frases a sua tentativa na conciliação dos elementos
opostos.
5) Cultismo e conceptismo
O cultismo caracteriza-se pelo uso de linguagem rebuscada, culta, extravagante, repleta de jogos de
palavras e do emprego abusivo de figuras de estilo, como a metáfora e a hipérbole. Veja um exemplo de
poesia cultista:
Ao braço do Menino Jesus de Nossa Senhora das Maravilhas, A quem infiéis despedaçaram
O todo sem a parte não é todo;
A parte sem o todo não é parte;
Mas se a parte o faz todo, sendo parte,
Não se diga que é parte, sendo o todo. (Gregório de Matos)
Já o conceptismo, que ocorre principalmente na prosa, é marcado pelo jogo de ideias, de conceitos,
seguindo um raciocínio lógico, nacionalista, que utiliza uma retórica aprimorada. A organização da frase
obedece a uma ordem rigorosa, com o intuito de convencer e ensinar. Veja um exemplo de prosa
conceptista:
Para um homem se ver a si mesmo são necessárias três coisas: olhos, espelho e luz. Se tem espelho e é
cego, não se pode ver por falta de olhos; se tem espelhos e olhos, e é de noite, não se pode ver por falta de
luz. Logo, há mister¹ luz, há mister espelho e há mister olhos. (Pe. Antônio Vieira)
¹mister: necessidade de, precisão.
Figuras de linguagem no Barroco
Metáfora: é uma comparação implícita.
Tem-se como exemplo o trecho a seguir,
escrito por Gregório de Matos:
Se és fogo, como passas brandamente?
Se és neve, como queimas com porfia?
Antítese: reflete a contradição do homem
barroco, seu dualismo. Revela o contraste
que o escritor vê em quase tudo. Observe a
seguir o trecho de Manuel Botelho de
Oliveira, no qual é descrita uma ilha,
salientando-se seus elementos
contrastantes:
Vista por fora é pouco apetecida
Porque aos olhos por feia é parecida;
Porém, dentro habitada
É muito bela, muito desejada,
É como a concha tosca e deslustrosa,
Que dentro cria a pérola formosa
Paradoxo: corresponde à união de duas ideias contrárias num só pensamento. Opõe-se ao
racionalismo da arte renascentista. Veja a estrofe a seguir, de Gregório de Matos:
Ardor em firme Coração nascido;
pranto por belos olhos derramado;
incêndio em mares de água disfarçado;
rio de neve em fogo convertido.
Hipérbole: traduz ideia de grandiosidade, pompa. Veja mais um exemplo de Gregório de Matos:
É a vaidade, Fábio, nesta vida,
Rosa, que da manhã lisonjeada,
Púrpuras mil, com ambição dourada,
Airosa rompe, arrasta presumida.
Prosopopeia: personificação de seres inanimados para dinamizar a realidade. Observe um trecho
escrito pelo Padre Antonio Vieira:
No diamante agradou-me o forte, no cedro o incorruptível, na águia o sublime, no Leão o generoso,
no Sol o excesso de Luz.
Barroco no Brasil
Nos séculos XVII e XVIII não havia ainda condições para a
formação de uma consciência literária brasileira. A vida social
no país era organizada em função de pequenos núcleos
econômicos, não existindo efetivamente um público leitor para
as obras literárias, o que só viria a ocorrer no século XIX. Por
esse motivo, fala-se apenas em autores brasileiros com
características barrocas, influenciados por fontes estrangeiras
(portuguesa e espanhola), mas que não chegaram a constituir
um movimento propriamente dito. Didaticamente, o Barroco
brasileiro tem seu marco inicial em 1601, com a publicação do
poema épico Prosopopeia, de Bento Teixeira.
Bento Teixeira
Prosopopeia
I
Cantem Poetas o Poder Romano,
Sobmetendo Nações ao jugo duro;
O Mantuano pinte o Rei Troiano,
Descendo à confusão do Reino escuro;
Que eu canto um Albuquerque soberano,
Da Fé, da cara Pátria firme muro,
Cujo valor e ser, que o Ceo lhe inspira,
Pode estancar a Lácia e Grega lira.
II
As Délficas irmãs chamar não quero,
que tal invocação é vão estudo;
Aquele chamo só, de quem espero
A vida que se espera em fim de tudo.
Ele fará meu Verso tão sincero,
Quanto fora sem ele tosco e rudo,
Que per rezão negar não deve o menos
Quem deu o mais a míseros terrenos.
Esse poema, além de traçar elogios aos primeiros donatários da capitania de Pernambuco, narra o naufrágio
sofrido por um deles, o donatário Jorge Albuquerque Coelho. Apesar de os críticos o considerarem de pouco valor
literário, o texto tem seu valor histórico pois foi a primeira obra do Barroco brasileiro e o marco inicial do primeiro
estilo de época a surgir no Brasil.
Padre Antônio Vieira
Padre Antônio Vieira nasceu em Lisboa, em 1608, e morreu na
Bahia, em 1697. Com sete anos de idade, veio para o Brasil e
entrou para a Companhia de Jesus. Por defender posições
favoráveis aos índios e aos judeus, foi condenado à prisão pela
Inquisição, onde ficou por dois anos.
Escreveu cerca de duzentos sermões em estilo conceptista, isto
é, que privilegia a retórica e o encadeamento lógico de ideias e
conceitos. Estão formalmente divididos em três partes:
Intróito ou Exórdio: a apresentação, introdução do assunto.
Desenvolvimento ou argumento: defesa de uma ideia com
base na argumentação.
Peroração: parte final, conclusão.
Sermão da Sexagésima (1655)
O sermão, dividido em dez partes, é conhecido por tratar da arte de pregar. Nele, Padre Antônio
Vieira condena aqueles que apenas pregam a palavra de Deus de maneira vazia. Para ele, a palavra de
Deus era como uma semente, que deveria ser semeada pelo pregador. Por fim, o padre chega à
conclusão de que, se a palavra de Deus não dá frutos no plano terrreno a culpa é única e
exclusivamente dos pregadores que não cumprem direito a sua função. Leia um trecho do sermão:
Ecce exiit qui seminat, seminare. Diz Cristo que "saiu o pregador evangélico a semear" a palavra divina.
Bem parece este texto dos livros de Deus ão só faz menção do semear, mas também faz caso do sair:
Exiit, porque no dia da messe hão-nos de medir a semeadura e hão-nos de contar os passos. (...) Entre
os semeadores do Evangelho há uns que saem a semear, há outros que semeiam sem sair. Os que
saem a semear são os que vão pregar à Índia, à China, ao Japão; os que semeiam sem sair, são os que
se contentam com pregar na Pátria. Todos terão sua razão, mas tudo tem sua conta. Aos que têm a
seara em casa, pagar-lhes-ão a semeadura; aos que vão buscar a seara tão longe, hão-lhes de medir a
semeadura e hão-lhes de contar os passos. Ah Dia do Juízo! Ah pregadores! Os de cá, achar-vos-eis
com mais paço; os de lá, com mais passos: Exiit seminare. (...) Ora, suposto que a conversão das
almas por meio da pregação depende destes três concursos: de Deus, do pregador e do ouvinte, por
qual deles devemos entender a falta? Por parte do ouvinte, ou por parte do pregador, ou por parte de
Deus? (...)
Sermão pelo bom sucesso das armas de
Portugal contra as de Holanda (1640)
Neste sermão, o padre incita os seguidores a reagir contra as invasões Holandesas,
alegando que a presença dos protestantes na colônia resultaria em uma série de depredações à
colônia. Leia um trecho do sermão:
Se acaso for assim — o que vós não permitais — e está determinado em vosso secreto juízo,
que entrem os hereges na Bahia, o que só vos represento humildemente, e muito deveras, é
que, antes da execução da sentença, repareis bem, Senhor, no que vos pode suceder depois, e
que o consulteis com vosso coração enquanto é tempo, porque melhor será arrepender agora,
que quando o mal passado não tenha remédio. Bem estais na intenção e alusão com que digo
isto, e na razão, fundada em vós mesmo, que tenho para o dizer. Também antes do dilúvio
estáveis vós mui colérico e irado contra os homens, e por mais que Noé orava em todos aqueles
cem anos, nunca houve remédio para que se aplacasse vossa ira. Romperam-se enfim as
cataratas do céu, cresceu o mar até os cumes dos montes, alagou-se o mundo todo: já estaria
satisfeita vossa justiça, senão quando ao terceiro dia começaram a boiar os corpos mortos, e a
surgir e aparecer em multidão infinita aquelas figuras pálidas, e então se representou sobre as
ondas a mais triste e funesta tragédia que nunca viram os anjos, que homens que a vissem,
não os havia.
Sermão de Santo Antônio (1654)
Também conhecido como "O Sermão dos Peixes", pois nele o padre usa a imagem dos
peixes como símbolo para fazer uma crítica aos vícios dos colonos portugueses que se
aproveitavam da condição dos índios para escravizá-los e sujeitá-los ao seu poder. Leia um
trecho do sermão:
Vós, diz Cristo, Senhor nosso, falando com os pregadores, sois o sal da terra: e chama-lhes sal
da terra, porque quer que façam na terra o que faz o sal. O efeito do sal é impedir a corrupção;
mas quando a terra se vê tão corrupta como está a nossa, havendo tantos nela que têm ofício
de sal, qual será, ou qual pode ser a causa desta corrupção? (...) Enfim, que havemos de
pregar hoje aos peixes? Nunca pior auditório. Ao menos têm os peixes duas boas qualidades de
ouvintes: ouvem e não falam. Uma só cousa pudera desconsolar o Pregador, que é serem gente
os peixes que se não há-de converter. Mas esta dor é tão ordinária, que já pelo costume quase
se não sente (...) Suposto isto, para que procedamos com clareza, dividirei, peixes, o vosso
sermão em dois pontos: no primeiro louvar-vos-ei as vossas atitudes, no segundo repreender-
vos-ei os vossos vícios. (...)
Gregório de Matos Guerra: o
Boca do Inferno
Gregório de Matos Guerra nasceu em Salvador (BA) e morreu em
Recife (PE). Estudou no colégio dos jesuítas e formou-se em Direito
em Coimbra (Portugal). Recebeu o apelido de Boca do Inferno, graças
a sua irreverente obra satírica.
A obra de Gregório de Matos foi publicada pela Academia
Brasileira de Letras cerca de 230 anos depois da sua morte. Por causa
disso, muitos de seus poemas se perderam e muitos textos que levam
o seu nome são de autoria duvidosa, já que Gregório de Matos teve
muito imitadores anônimos.
O poeta religioso
A preocupação religiosa do escritor revela-se no grande número de textos que tratam do tema da
salvação espiritual do homem. No soneto a seguir, o poeta ajoelha-se diante de Deus, com um forte
sentimento de culpa por haver pecado, e promete redimir-se. Observe:
Soneto a Nosso Senhor
Pequei, Senhor, mas não porque hei pecado,
Da vossa alta clemência me despido;
Porque quanto mais tenho delinquido
Vos tem a perdoar mais empenhado.
Se basta a voz irar tanto pecado,
A abrandar-vos sobeja um só gemido:
Que a mesma culpa que vos há ofendido,
Vos tem para o perdão lisonjeado.
Se uma ovelha perdida e já cobrada
Glória tal e prazer tão repentino
Vos deu, como afirmais na sacra história.
Eu sou, Senhor a ovelha desgarrada,
Recobrai-a; e não queirais, pastor divino,
Perder na vossa ovelha a vossa glória.
O poeta satírico
Gregório de Matos é amplamente conhecido por suas críticas à situação econômica da Bahia,
especialmente de Salvador, graças à expansão econômica chegando a fazer, inclusive, uma crítica ao
então governador da Bahia Antonio Luis da Camara Coutinho. Além disso, suas críticas à Igreja e a
religiosidade presente naquele momento. Essa atitude de subversão por meio das palavras rendeu-lhe o
apelido de "Boca do Inferno", por satirizar seus desafetos.
Triste Bahia
Triste Bahia!
ó quão dessemelhante
Estás e estou do nosso antigo estado!
Pobre te vejo a ti, tu a mi abundante.
A ti tricou-te a máquina mercante,
Que em tua larga barra tem entrado,
A mim foi-me trocando e, tem trocado,
Tanto negócio e tanto negociante.
O poeta erótico
Também alcunhado de profano, o poeta exalta a sensualidade e a volúpia das amantes que conquistou
na Bahia, além dos escândalos sexuais envolvendo os conventos da cidade.
“A uma que lhe chamou ‘Pica-flor’.” *
Se Pica-Flor me chamais,
Pica-Flor aceito ser,
Mas resta agora saber,
Se no nome que me dais,
Meteia a flor que guardais
No passarinho melhor!
Se me dais este favor,
Sendo só de mim o Pica,
E o mais vosso, claro fica,
Que fico então Pica-Flor.
*A uma freira que satirizando a delgada
fisionomia do poeta lhe chamou "Pica-Flor".
O poeta lírico
Em sua produção lírica, Gregório de Matos se mostra um poeta angustiado em face
à vida, à religião e ao amor. Na poesia lírico-amorosa, o poeta revela sua amada, uma
mulher bela que é constantemente comparada aos elementos da natureza. Além disso,
ao mesmo tempo que o amor desperta os desejos corporais, o poeta é assaltado pela
culpa e pela angústia do pecado.
A poesia lírica de Gregório de Matos pode ser dividida em:
- Poesia lírico-amorosa
- Poesia lírico-filosófica
- Poesia lírico-religiosa
Poesia lírico-amorosa
Características
- O amor é retratado como fonte de prazer e sofrimento
- A mulher é retratada como um anjo e fonte de perdição
(pois desperta o desejo carnal)
Rompe o Poeta com a Primeira Impaciência Querendo
Declarar-se e Temendo Perder Por Ousado
Anjo no nome, Angélica na cara,
Isso é ser flor, e Anjo juntamente,
Ser Angélica flor, e Anjo florente,
Em quem, se não em vós se uniformara?
Quem veria uma flor, que a não cortara
De verde pé, de rama florescente?
E quem um Anjo vira tão luzente,
Que por seu Deus, o não idolatrara?
Se como Anjo sois dos meus altares,
Fôreis o meu custódio, e minha guarda,
Livrara eu de diabólicos azares.
Mas vejo, que tão bela, e tão galharda,
Posto que os Anjos nunca dão pesares,
Sois Anjo, que me tenta, e não me guarda.
Vocabulário
Uniformar: tornar uniforme, com uma só forma
Galharda: elegante
Poesia lírico-religiosa
Características
- O autor está dividido entre pecado e virtude (sente
culpa por pecar e busca a salvação)
- O autor vê o pecado como um erro humano, mas
também, como a única forma de Deus cometer o ato do
perdão.
- O eu-lírico, muitas vezes, se comporta como advogado
que faz a própria defesa diante de Deus (para tal, usava,
até mesmo, trechos da Bíblia)
Ao mesmo assunto e na Mesma Ocasião
Pequei Senhor: mas não porque hei pecado,
Da vossa Alta Piedade me despido:
Antes, quanto mais tenho delinqüido,
Vos tenho a perdoar mais empenhado.
Se basta a vos irar tanto pecado,
A abrandar-vos sobeja um só gemido:
Que a mesma culpa, que vos há ofendido,
Vos tem para o perdão lisonjeado.
Se uma ovelha perdida, já cobrada,
Glória tal, e prazer tão repentino
Vos deu, como afirmais na Sacra História,
Eu sou, Senhor, ovelha desgarrada;
Cobrai-a; e não queirais, Pastor Divino,
Perder na vossa ovelha a vossa glória
Vocabulário
Despido: despeço
Sobeja: sobra
Cobrada: recuperada
Poesia lírico-filosófica
Características
-Pessimismo
-Angústia diante da vida
-Temas abordando o desconcerto do mundo e a
instabilidade dos bens materiais
Moraliza o Poeta nos Ocidentes do Sol a Inconstância
dos Bens do Mundo
Nasce o Sol, e não dura mais que um dia,
Depois da Luz se segue a noite escura,
Em tristes sombras morre a formosura,
Em contínuas tristezas a alegria.
Porém se acaba o Sol, por que nascia?
Se formosa a Luz é, por que não dura?
Como a beleza assim se transfigura?
Como o gosto da pena assim se fia?
Mas no Sol, e na Luz, falte a firmeza,
Na formosura não se dê constância,
E na alegria sinta-se tristeza.
Começa o mundo enfim pela ignorância,
E tem qualquer dos bens por natureza
A firmeza somente na inconstância.
Vocabulário:
Pena: dor, sofrimento
RESUMO
O Barroco: século XVII
CONTEXTO HISTÓRICO
- Contrarreforma;
- Renascimento.
CARACTERÍSTICAS
- Conflito entre corpo e alma;
- Passagem do tempo;
- Cultismo e conceptismo;
- Figuras de linguagem.
PRINCIPAIS AUTORES
- Bento Teixeira;
- Gregório de Matos Guerra;
- Padre Antonio Vieira.

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Barroco

  • 2. Barroco O período conhecido como Barroco, ou Seiscentismo, é constituído pelas primeiras manifestações literárias genuinamente brasileiras ocorridas no Brasil Colônia, embora diretamente influenciadas pelo barroco europeu, isto é, vindo das Metrópoles. O termo denomina genericamente todas as manifestações artísticas dos anos 1600 e início dos anos 1700. Além da literatura, estende-se à música, pintura, escultura e arquitetura da época.
  • 3. Contexto histórico O Barroco foi um período do século XVI marcado pela crise dos valores Renascentistas, gerando uma nova visão de mundo através de lutas religiosas e dualismos entre espírito e razão. O movimento envolve novas formas de literatura, arte e até filosofia. No campo religioso, a Reforma Protestante (1517) contestou as práticas da Igreja Católica e propôs uma nova relação entre Deus e os homens. Martinho Lutero
  • 4. Contexto histórico Uma das propostas desse movimento foi a tradução da Bíblia para os idiomas nacionais, abrindo caminho para novas interpretações das Escrituras, deixando a Igreja dividida e enfraquecida. O poder central da Igreja teve que reagir rapidamente. Em 1563 tem início a Contrarreforma, que tinha como objetivo combater a expansão do protestantismo e recuperar os domínios perdidos. Portanto, a Europa do século XVII reflete a crise religiosa do século anterior. O homem europeu se vê dividido entre duas forças opostas: o antropocentrismo e o teocentrismo. O Barroco é a estética que reflete essa tensão, ou seja, o embate entre a fé e a razão, entre espiritualismo e materialismo. Index Librorum Prohibitorum
  • 5. Temas frequentes na Literatura Barroca - fugacidade da vida e instabilidade das coisas; - morte, expressão máxima da efemeridade das coisas; - concepção do tempo como agente da morte e da dissolução das coisas; - castigo, como decorrência do pecado; - arrependimento; - narração de cenas trágicas; - erotismo; - misticismo; - apelo à religião.
  • 6. Características do Barroco Todo o rebuscamento presente na arte e literatura barroca é reflexo dos conflitos dualistas entre o terreno e o celestial, o homem (antropocentrismo) e Deus (teocentrismo), o pecado e o perdão, a religiosidade medieval e o paganismo presente no período renascentista. 1) A arte da contrarreforma A ideologia do Barroco é fornecida pela Contrarreforma. Em nenhuma outra época se produziu tamanha quantidade de igrejas, capelas, estátuas de santos e monumentos sepulcrais. As obras de arte deviam falar aos fiéis com a maior eficácia possível, mas em momento algum descer até eles. A arte barroca tinha que convencer, conquistar e impor admiração.
  • 7. Características do Barroco 2) Conflito entre corpo e alma O Renascimento definiu-se pela valorização do profano, pondo em voga o gosto pelas satisfações mundanas. Os intelectuais barrocos, no entanto, não alcançam tranquilidade agindo de acordo com essa filosofia. A influência da Contrarreforma fez com que houvesse oposição entre os ideais de vida eterna em contraposição com a vida terrena e do espírito em contraposição à carne. Na visão barroca, não há possibilidade de conciliar essas antíteses: ou se vive a vida sensualmente, ou se foge dos gozos humanos e se alcança a eternidade. A tensão de elementos contrários causa no artista uma profunda angústia: após arrojar-se nos prazeres mais radicais, ele se sente culpado e busca o perdão divino. Assim, ora ajoelha-se diante de Deus, ora celebra as delícias da vida.
  • 8. Características do Barroco 3) O tema da passagem do tempo O homem barroco assume consciência integral no que se refere à fugacidade da vida humana (efemeridade): o tempo, veloz e avassalador, tudo destrói em sua passagem. Por outro lado, diante das coisas transitórias (instabilidade), surge a contradição: vivê- las, antes que terminem, ou renunciar ao passageiro e entregar-se à eternidade? 4) Forma tumultuosa O estilo barroco apresenta forma conturbada, decorrente da tensão causada pela oposição entre os princípios renascentistas e a ética cristã. Daí a frequente utilização de antíteses, paradoxos e inversões, estabelecendo uma forma contraditória, dilemática. Além disso, a utilização de interrogações revela as incertezas do homem barroco frente ao seu período e a inversão de frases a sua tentativa na conciliação dos elementos opostos.
  • 9. 5) Cultismo e conceptismo O cultismo caracteriza-se pelo uso de linguagem rebuscada, culta, extravagante, repleta de jogos de palavras e do emprego abusivo de figuras de estilo, como a metáfora e a hipérbole. Veja um exemplo de poesia cultista: Ao braço do Menino Jesus de Nossa Senhora das Maravilhas, A quem infiéis despedaçaram O todo sem a parte não é todo; A parte sem o todo não é parte; Mas se a parte o faz todo, sendo parte, Não se diga que é parte, sendo o todo. (Gregório de Matos) Já o conceptismo, que ocorre principalmente na prosa, é marcado pelo jogo de ideias, de conceitos, seguindo um raciocínio lógico, nacionalista, que utiliza uma retórica aprimorada. A organização da frase obedece a uma ordem rigorosa, com o intuito de convencer e ensinar. Veja um exemplo de prosa conceptista: Para um homem se ver a si mesmo são necessárias três coisas: olhos, espelho e luz. Se tem espelho e é cego, não se pode ver por falta de olhos; se tem espelhos e olhos, e é de noite, não se pode ver por falta de luz. Logo, há mister¹ luz, há mister espelho e há mister olhos. (Pe. Antônio Vieira) ¹mister: necessidade de, precisão.
  • 10. Figuras de linguagem no Barroco Metáfora: é uma comparação implícita. Tem-se como exemplo o trecho a seguir, escrito por Gregório de Matos: Se és fogo, como passas brandamente? Se és neve, como queimas com porfia? Antítese: reflete a contradição do homem barroco, seu dualismo. Revela o contraste que o escritor vê em quase tudo. Observe a seguir o trecho de Manuel Botelho de Oliveira, no qual é descrita uma ilha, salientando-se seus elementos contrastantes: Vista por fora é pouco apetecida Porque aos olhos por feia é parecida; Porém, dentro habitada É muito bela, muito desejada, É como a concha tosca e deslustrosa, Que dentro cria a pérola formosa
  • 11. Paradoxo: corresponde à união de duas ideias contrárias num só pensamento. Opõe-se ao racionalismo da arte renascentista. Veja a estrofe a seguir, de Gregório de Matos: Ardor em firme Coração nascido; pranto por belos olhos derramado; incêndio em mares de água disfarçado; rio de neve em fogo convertido. Hipérbole: traduz ideia de grandiosidade, pompa. Veja mais um exemplo de Gregório de Matos: É a vaidade, Fábio, nesta vida, Rosa, que da manhã lisonjeada, Púrpuras mil, com ambição dourada, Airosa rompe, arrasta presumida. Prosopopeia: personificação de seres inanimados para dinamizar a realidade. Observe um trecho escrito pelo Padre Antonio Vieira: No diamante agradou-me o forte, no cedro o incorruptível, na águia o sublime, no Leão o generoso, no Sol o excesso de Luz.
  • 12. Barroco no Brasil Nos séculos XVII e XVIII não havia ainda condições para a formação de uma consciência literária brasileira. A vida social no país era organizada em função de pequenos núcleos econômicos, não existindo efetivamente um público leitor para as obras literárias, o que só viria a ocorrer no século XIX. Por esse motivo, fala-se apenas em autores brasileiros com características barrocas, influenciados por fontes estrangeiras (portuguesa e espanhola), mas que não chegaram a constituir um movimento propriamente dito. Didaticamente, o Barroco brasileiro tem seu marco inicial em 1601, com a publicação do poema épico Prosopopeia, de Bento Teixeira. Bento Teixeira
  • 13. Prosopopeia I Cantem Poetas o Poder Romano, Sobmetendo Nações ao jugo duro; O Mantuano pinte o Rei Troiano, Descendo à confusão do Reino escuro; Que eu canto um Albuquerque soberano, Da Fé, da cara Pátria firme muro, Cujo valor e ser, que o Ceo lhe inspira, Pode estancar a Lácia e Grega lira. II As Délficas irmãs chamar não quero, que tal invocação é vão estudo; Aquele chamo só, de quem espero A vida que se espera em fim de tudo. Ele fará meu Verso tão sincero, Quanto fora sem ele tosco e rudo, Que per rezão negar não deve o menos Quem deu o mais a míseros terrenos. Esse poema, além de traçar elogios aos primeiros donatários da capitania de Pernambuco, narra o naufrágio sofrido por um deles, o donatário Jorge Albuquerque Coelho. Apesar de os críticos o considerarem de pouco valor literário, o texto tem seu valor histórico pois foi a primeira obra do Barroco brasileiro e o marco inicial do primeiro estilo de época a surgir no Brasil.
  • 14. Padre Antônio Vieira Padre Antônio Vieira nasceu em Lisboa, em 1608, e morreu na Bahia, em 1697. Com sete anos de idade, veio para o Brasil e entrou para a Companhia de Jesus. Por defender posições favoráveis aos índios e aos judeus, foi condenado à prisão pela Inquisição, onde ficou por dois anos. Escreveu cerca de duzentos sermões em estilo conceptista, isto é, que privilegia a retórica e o encadeamento lógico de ideias e conceitos. Estão formalmente divididos em três partes: Intróito ou Exórdio: a apresentação, introdução do assunto. Desenvolvimento ou argumento: defesa de uma ideia com base na argumentação. Peroração: parte final, conclusão.
  • 15. Sermão da Sexagésima (1655) O sermão, dividido em dez partes, é conhecido por tratar da arte de pregar. Nele, Padre Antônio Vieira condena aqueles que apenas pregam a palavra de Deus de maneira vazia. Para ele, a palavra de Deus era como uma semente, que deveria ser semeada pelo pregador. Por fim, o padre chega à conclusão de que, se a palavra de Deus não dá frutos no plano terrreno a culpa é única e exclusivamente dos pregadores que não cumprem direito a sua função. Leia um trecho do sermão: Ecce exiit qui seminat, seminare. Diz Cristo que "saiu o pregador evangélico a semear" a palavra divina. Bem parece este texto dos livros de Deus ão só faz menção do semear, mas também faz caso do sair: Exiit, porque no dia da messe hão-nos de medir a semeadura e hão-nos de contar os passos. (...) Entre os semeadores do Evangelho há uns que saem a semear, há outros que semeiam sem sair. Os que saem a semear são os que vão pregar à Índia, à China, ao Japão; os que semeiam sem sair, são os que se contentam com pregar na Pátria. Todos terão sua razão, mas tudo tem sua conta. Aos que têm a seara em casa, pagar-lhes-ão a semeadura; aos que vão buscar a seara tão longe, hão-lhes de medir a semeadura e hão-lhes de contar os passos. Ah Dia do Juízo! Ah pregadores! Os de cá, achar-vos-eis com mais paço; os de lá, com mais passos: Exiit seminare. (...) Ora, suposto que a conversão das almas por meio da pregação depende destes três concursos: de Deus, do pregador e do ouvinte, por qual deles devemos entender a falta? Por parte do ouvinte, ou por parte do pregador, ou por parte de Deus? (...)
  • 16. Sermão pelo bom sucesso das armas de Portugal contra as de Holanda (1640) Neste sermão, o padre incita os seguidores a reagir contra as invasões Holandesas, alegando que a presença dos protestantes na colônia resultaria em uma série de depredações à colônia. Leia um trecho do sermão: Se acaso for assim — o que vós não permitais — e está determinado em vosso secreto juízo, que entrem os hereges na Bahia, o que só vos represento humildemente, e muito deveras, é que, antes da execução da sentença, repareis bem, Senhor, no que vos pode suceder depois, e que o consulteis com vosso coração enquanto é tempo, porque melhor será arrepender agora, que quando o mal passado não tenha remédio. Bem estais na intenção e alusão com que digo isto, e na razão, fundada em vós mesmo, que tenho para o dizer. Também antes do dilúvio estáveis vós mui colérico e irado contra os homens, e por mais que Noé orava em todos aqueles cem anos, nunca houve remédio para que se aplacasse vossa ira. Romperam-se enfim as cataratas do céu, cresceu o mar até os cumes dos montes, alagou-se o mundo todo: já estaria satisfeita vossa justiça, senão quando ao terceiro dia começaram a boiar os corpos mortos, e a surgir e aparecer em multidão infinita aquelas figuras pálidas, e então se representou sobre as ondas a mais triste e funesta tragédia que nunca viram os anjos, que homens que a vissem, não os havia.
  • 17. Sermão de Santo Antônio (1654) Também conhecido como "O Sermão dos Peixes", pois nele o padre usa a imagem dos peixes como símbolo para fazer uma crítica aos vícios dos colonos portugueses que se aproveitavam da condição dos índios para escravizá-los e sujeitá-los ao seu poder. Leia um trecho do sermão: Vós, diz Cristo, Senhor nosso, falando com os pregadores, sois o sal da terra: e chama-lhes sal da terra, porque quer que façam na terra o que faz o sal. O efeito do sal é impedir a corrupção; mas quando a terra se vê tão corrupta como está a nossa, havendo tantos nela que têm ofício de sal, qual será, ou qual pode ser a causa desta corrupção? (...) Enfim, que havemos de pregar hoje aos peixes? Nunca pior auditório. Ao menos têm os peixes duas boas qualidades de ouvintes: ouvem e não falam. Uma só cousa pudera desconsolar o Pregador, que é serem gente os peixes que se não há-de converter. Mas esta dor é tão ordinária, que já pelo costume quase se não sente (...) Suposto isto, para que procedamos com clareza, dividirei, peixes, o vosso sermão em dois pontos: no primeiro louvar-vos-ei as vossas atitudes, no segundo repreender- vos-ei os vossos vícios. (...)
  • 18. Gregório de Matos Guerra: o Boca do Inferno Gregório de Matos Guerra nasceu em Salvador (BA) e morreu em Recife (PE). Estudou no colégio dos jesuítas e formou-se em Direito em Coimbra (Portugal). Recebeu o apelido de Boca do Inferno, graças a sua irreverente obra satírica. A obra de Gregório de Matos foi publicada pela Academia Brasileira de Letras cerca de 230 anos depois da sua morte. Por causa disso, muitos de seus poemas se perderam e muitos textos que levam o seu nome são de autoria duvidosa, já que Gregório de Matos teve muito imitadores anônimos.
  • 19. O poeta religioso A preocupação religiosa do escritor revela-se no grande número de textos que tratam do tema da salvação espiritual do homem. No soneto a seguir, o poeta ajoelha-se diante de Deus, com um forte sentimento de culpa por haver pecado, e promete redimir-se. Observe: Soneto a Nosso Senhor Pequei, Senhor, mas não porque hei pecado, Da vossa alta clemência me despido; Porque quanto mais tenho delinquido Vos tem a perdoar mais empenhado. Se basta a voz irar tanto pecado, A abrandar-vos sobeja um só gemido: Que a mesma culpa que vos há ofendido, Vos tem para o perdão lisonjeado. Se uma ovelha perdida e já cobrada Glória tal e prazer tão repentino Vos deu, como afirmais na sacra história. Eu sou, Senhor a ovelha desgarrada, Recobrai-a; e não queirais, pastor divino, Perder na vossa ovelha a vossa glória.
  • 20. O poeta satírico Gregório de Matos é amplamente conhecido por suas críticas à situação econômica da Bahia, especialmente de Salvador, graças à expansão econômica chegando a fazer, inclusive, uma crítica ao então governador da Bahia Antonio Luis da Camara Coutinho. Além disso, suas críticas à Igreja e a religiosidade presente naquele momento. Essa atitude de subversão por meio das palavras rendeu-lhe o apelido de "Boca do Inferno", por satirizar seus desafetos. Triste Bahia Triste Bahia! ó quão dessemelhante Estás e estou do nosso antigo estado! Pobre te vejo a ti, tu a mi abundante. A ti tricou-te a máquina mercante, Que em tua larga barra tem entrado, A mim foi-me trocando e, tem trocado, Tanto negócio e tanto negociante.
  • 21. O poeta erótico Também alcunhado de profano, o poeta exalta a sensualidade e a volúpia das amantes que conquistou na Bahia, além dos escândalos sexuais envolvendo os conventos da cidade. “A uma que lhe chamou ‘Pica-flor’.” * Se Pica-Flor me chamais, Pica-Flor aceito ser, Mas resta agora saber, Se no nome que me dais, Meteia a flor que guardais No passarinho melhor! Se me dais este favor, Sendo só de mim o Pica, E o mais vosso, claro fica, Que fico então Pica-Flor. *A uma freira que satirizando a delgada fisionomia do poeta lhe chamou "Pica-Flor".
  • 22. O poeta lírico Em sua produção lírica, Gregório de Matos se mostra um poeta angustiado em face à vida, à religião e ao amor. Na poesia lírico-amorosa, o poeta revela sua amada, uma mulher bela que é constantemente comparada aos elementos da natureza. Além disso, ao mesmo tempo que o amor desperta os desejos corporais, o poeta é assaltado pela culpa e pela angústia do pecado. A poesia lírica de Gregório de Matos pode ser dividida em: - Poesia lírico-amorosa - Poesia lírico-filosófica - Poesia lírico-religiosa
  • 23. Poesia lírico-amorosa Características - O amor é retratado como fonte de prazer e sofrimento - A mulher é retratada como um anjo e fonte de perdição (pois desperta o desejo carnal) Rompe o Poeta com a Primeira Impaciência Querendo Declarar-se e Temendo Perder Por Ousado Anjo no nome, Angélica na cara, Isso é ser flor, e Anjo juntamente, Ser Angélica flor, e Anjo florente, Em quem, se não em vós se uniformara? Quem veria uma flor, que a não cortara De verde pé, de rama florescente? E quem um Anjo vira tão luzente, Que por seu Deus, o não idolatrara? Se como Anjo sois dos meus altares, Fôreis o meu custódio, e minha guarda, Livrara eu de diabólicos azares. Mas vejo, que tão bela, e tão galharda, Posto que os Anjos nunca dão pesares, Sois Anjo, que me tenta, e não me guarda. Vocabulário Uniformar: tornar uniforme, com uma só forma Galharda: elegante
  • 24. Poesia lírico-religiosa Características - O autor está dividido entre pecado e virtude (sente culpa por pecar e busca a salvação) - O autor vê o pecado como um erro humano, mas também, como a única forma de Deus cometer o ato do perdão. - O eu-lírico, muitas vezes, se comporta como advogado que faz a própria defesa diante de Deus (para tal, usava, até mesmo, trechos da Bíblia) Ao mesmo assunto e na Mesma Ocasião Pequei Senhor: mas não porque hei pecado, Da vossa Alta Piedade me despido: Antes, quanto mais tenho delinqüido, Vos tenho a perdoar mais empenhado. Se basta a vos irar tanto pecado, A abrandar-vos sobeja um só gemido: Que a mesma culpa, que vos há ofendido, Vos tem para o perdão lisonjeado. Se uma ovelha perdida, já cobrada, Glória tal, e prazer tão repentino Vos deu, como afirmais na Sacra História, Eu sou, Senhor, ovelha desgarrada; Cobrai-a; e não queirais, Pastor Divino, Perder na vossa ovelha a vossa glória Vocabulário Despido: despeço Sobeja: sobra Cobrada: recuperada
  • 25. Poesia lírico-filosófica Características -Pessimismo -Angústia diante da vida -Temas abordando o desconcerto do mundo e a instabilidade dos bens materiais Moraliza o Poeta nos Ocidentes do Sol a Inconstância dos Bens do Mundo Nasce o Sol, e não dura mais que um dia, Depois da Luz se segue a noite escura, Em tristes sombras morre a formosura, Em contínuas tristezas a alegria. Porém se acaba o Sol, por que nascia? Se formosa a Luz é, por que não dura? Como a beleza assim se transfigura? Como o gosto da pena assim se fia? Mas no Sol, e na Luz, falte a firmeza, Na formosura não se dê constância, E na alegria sinta-se tristeza. Começa o mundo enfim pela ignorância, E tem qualquer dos bens por natureza A firmeza somente na inconstância. Vocabulário: Pena: dor, sofrimento
  • 26. RESUMO O Barroco: século XVII CONTEXTO HISTÓRICO - Contrarreforma; - Renascimento. CARACTERÍSTICAS - Conflito entre corpo e alma; - Passagem do tempo; - Cultismo e conceptismo; - Figuras de linguagem. PRINCIPAIS AUTORES - Bento Teixeira; - Gregório de Matos Guerra; - Padre Antonio Vieira.