1. PELO DIREITO DO JOVEM À VIDA
José Aniervson Souza dos Santos1
"Agradeço pelo empenho de tantas vozes disperças até agora!
Vamos juntos/as gritar, girar o mundo.
Chega de violência e extermínio de Jovens!"
Pe. Gisley Azevedo
(in memorian)
Falamos tanto em igualdade social, liberdade de expressão, livre arbítrio e tantas
outras teorias que quando nos damos conta estamos sendo tolos em acreditar que
apenas as nossas palavras mudarão alguma coisa.
É cômodo demais fecharmo-nos em nossas casas, escolas, igrejas, rodas de
amigos, grupos de jovens e acharmos que estamos lutando por um mundo melhor,
onde reine a justiça e a paz, enquanto fora dessas paredes os nossos jovens estão
sendo violentados e tendo seus direitos violados... estão sendo mortos!
Precisamos urgentemente sair às gritas contra o extermínio da juventude, como
dizia o inesquecível Padre Gisley, que foi assassinado por defender a causa da
justiça e da igualdade no seio da juventude.
Enquanto estivermos de braços cruzados, isolados e protegidos por nossas
paredes nunca iremos conseguir enxergar, nem experimentar essa Paz e Justiça
tão sonhada.
Essa violência não está distante de nós, está em nossa cidade, talvez até dentro
de nossas casas. Recente exemplo dessa violência foi o assassinato da jovem e
mãe Raysha Reis, de apenas 22 anos de idade, que no auge de sua mocidade
teve sua vida interrompida pela falta de respeito e amor ao próximo. Raysha e
milhares de outros jovens são mortos brutalmente a cada dia em nosso País.
Não quero, nesse momento, culpar, nem tão pouco inocentar os autores desse
atrocinato; gostaria de, nessas palavras, dizer da necessidade de sairmos de
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Possui Graduação em Ciências Biológicas pela Universidade de Pernambuco – UPE e Pós-graduação em
Juventude no Mundo Contemporâneo pela FAJE. Atua na área de juventude há mais de 10 anos
acompanhando e assessorando grupos juvenis e instituições que trabalham com jovens. Desenvolve
acompanhamento a projetos governamentais que lidam com o público jovem. Já atuou na área social
em projetos do governo federal, lindando com famílias vulneráveis e em situação de risco, coordenando
atividades de aumento da autoestima, valorização pessoal, qualificação profissional e educacional,
reaproveitamento e tecnologia. Coordenou durante muitos anos a Pastoral da Juventude na Diocese de
Nazaré/PE,. Participou da comissão nacional de coordenação do Projeto da Pastoral da Juventude
intitulado “A Juventude quer Viver”, representando o Regional Nordeste 2 (CNBB). Foi Diretor
Presidente do Instituto de Protagonismo Juvenil – IPJ. Publicou 3 materiais de pesquisas desenvolvidos
pelo IPJ. Atuou na Fundação de Atendimento Socioeducativo (FUNASE) e no Programa ATITUDE do
Estado de Pernambuco. Foi Assessor Técnico do CMDCA e membro da Comissão Municipal Pró-Selo
Unicef em Surubim/PE. Atualmente é Development Instructor no Institute for Internacional Cooperation
and Development – IICD/Michigan/USA.
2. nossas casas e irmos às ruas, às favelas, aos guetos, às palafitas, às grandes
cidades, não gritando pela Paz, mas, construindo cidadãos de bem.
É um pesar ter que dizer que grande parte dessa culpa é nossa. Nossa, porque
não estamos exercendo o nosso papel de Cristão que é defender a vida em sua
plenitude. Nossa, porque estamos acomodados em nossos grupinhos de reza, de
partilha, de festa e não estamos sendo uma “gota no oceano” como Madre Tereza
de Calcutá. Nossa, porque não temos direito de concentrar todo o conhecimento e
segurança para nós mesmos e permitir que os outros pereçam. Nossa,
principalmente, porque não estamos fazendo nada para mudar essa realidade.
Infelizmente!
A violência está ai. Os nossos jovens estão ai. Nós estamos “nem ai”. Isso é uma
lástima! É frustrante! “Envergonhante”!
Onde estão os frutos de nossa fé? Quem é o alvo de nossas orações, senão estes
que estão “distantes de Deus”?
Nessa ocasião, convoco toda a juventude de nossa Diocese e, em especial, todos
os militantes da Pastoral da Juventude, a saírem de suas casas e se prontificarem
em posição de batalha para podermos sair em marcha contra o extermínio dos
nossos jovens, pois enquanto continuarmos trancados em nossos grupos mais
vidas estarão sendo mortas.
Nossas pastorais só servirão a Deus a medida que estiverem servindo aos
menores dos nossos irmãos.
Vamos todos juntos construir a Civilização do Amor!
Surubim, 09 de Novembro de 2009