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Obras Completas de Rui Barbosa
Discursos Parlamentares
A Falta de Justiça, a fonte de todo o nosso descrédito
Os trechos a seguir apresentados, escolhidos aleatoriamente e sem se buscar apontar ou induzir a demandos
praticados por pessoas específicas e ou entes públicos ou políticos, trazem à luz a temática da corrupção e da
frouxidão dos controles necessários à preservação dos bens e direitos públicos, exercidos ou a exercer
servidores públicos, que assim o são porque representam o povo que os paga/remunera pelos serviços
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postos à prova à toda sorte, iniciando-se pela probidade administrativa. Nada se acrescentou aos trechos
extraídos dos discursos do Senador Rui Barbosa, que ao verificar os desmandos que ocorriam cerca de 100 anos
atrás, se insurgia, com provas, contra aqueles que por terem a obrigação de zelar pelo bem público não o
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busca paralelos com os regramentos apresentados pelo TCU. Por fim, este não é um artigo, mas sim um alerta
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conhecimentos anteriores. Na busca pelas origens segue-se a um passado longínquo, bem além do Império
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A FALTA DE JUSTIÇA, A FONTE DE TODO O NOSSO DESCRÉDITO
O SR. RUI BARBOSA — A falta de justiça, Srs. Senadores, é o grande mal da nossa terra, o mal dos males, a
origem de todas as nossas infelicidades, a fonte de todo nosso descrédito, é a miséria suprema desta pobre
nação. A sua grande vergonha diante do estrangeiro, é aquilo que nos afasta os homens, os auxílios, os capitais.
A injustiça, Senhores, desanima o trabalho, a honestidade, o bem; cresta em flor os espíritos dos moços,
semeia no coração das gerações que vêm nascendo a semente da podridão, habitua os homens a não acreditar
senão na estrela, na fortuna, no acaso, na loteria da sorte, promove a desonestidade, promove a venalidade,
promove a relaxação, insufla a cortesania, a baixeza, sob todas as suas formas.
De tanto ver triunfar as nulidades, de tanto ver prosperar a desonra, de tanto ver crescer a injustiça, de tanto
ver agigantarem-se os podêres nas mãos dos maus, o homem chega a desanimar da virtude, a rir-se da honra, a
ter vergonha de ser honesto. Essa foi a obra da República nos últimos anos.
No outro regimen, o homem que tinha certa nódoa em sua vida era um homem perdido para todo o sempre —
as carreiras políticas lhe estavam fechadas. Havia uma sentinela vigilante, de cuja severidade todos se temiam
e que, acesa no alto, guardava a redondeza, como um farol que não se apaga, em proveito da honra, da justiça
e da moralidade gerais.
Na República os tarados são os tarudos. Na República todos os grupos se alhearam do movimento dos partidos,
da ação dos Goveriios, da prática das instituições. Contentamo-nos hoje com as fórmulas e aparência, porque
estas mesmo vão se dissipando pouco a pouco, delas quase nada nos restando.
Apenas temos os nomes, apenas temos a reminiscência, apenas temos a fantasmagoria de uma coisa que
existiu, de uma coisa que se deseja ver reerguida, mas que, na realidade, se foi inteiramente.
E nessa destruição geral das nossas instituições, a maior de todas as ruínas, Senhores, é a ruína da justiça,
colaborada pela ação dos homens públicos, pelo interesse dos nossos partidos, pela influência constante dos
nossos Governos. E nesse esboroamento da justiça, a mais grave de todas as ruínas é a falta de penalidade aos
criminosos confessos, é a falta de punição quando se aponta um crime que envolva um nome poderoso,
apontado, indicado, que todos conhecem, mas que ninguém tem coragem de apontá-lo à opinião pública, de
modo que a justiça possa exercer a sua ação saneadora e benfazeja.
Mas, Sr. Presidente, nesta eliminação monstruosa do sentimento jurídico e da ação judicial, nesse
desenvolvimento, rapidamente crescente do princípio de irresponsabilidade, dominando o princípio da
responsabilidade — que é o princípio fundamental das instituições republicanas — porque a República é o
governo dos homens sujeitos à lei, debaixo de uma responsabilidade inevitável, por seus atos; nessa eliminação
da justiça pelos mais elementares de todos os princípios republicanos, o caso do Satélite avulta como o mais
grave de todos os casos, como aquele em que a nossa honra maior enxovalho recebeu, em que a nossa
dignidade se sentiu mais humilhada, em que os sentimentos de humanidade do país mais sofreram, em que a
nossa civilização, diante do estrangeiro, maior ultraje padeceu.
Que é o que vos peço, diante dessa infelicidade nacional. Srs. Senadores? Venho a esta tribuna trovejar contra
algum inocente? Pedir alguma cabeça à justiça? Venho pedir alguma vingança? Quero alguma desforra
afrontosa inspirada por sentimentos apaixonados? Absolutamente. Eu venho implorar a abertura dos tribunais
para o julgamento desse inqualificável atentado — e, antes de tudo, a abertura do grande tribunal da opinião
pública pelo conhecimento desses papéis, que ninguém, hoje pode ter interesse em esconder, senão os
culpados, ainda vivos, dessas atrocidades inomináveis.
O Capitão Melo quer ser processado, e o General Dantas Barreto pede a aprovação de meu requerimento; logo,
Sr. Presidente, não restam na liquidação deste caso senão duas individualidades políticas, que, em relação a êle
se acham comprometidas e que a respeito dele ainda não se pronunciaram.
Não quero falar no Sr. Marechal Hermes, no ex-Presidente da República; todos o indigitaram como o maior dos
responsáveis nesse fato; até onde podem chegar, nas suas averiguações, as diligências particulares, o que de
todos os fatos, apurados até hoje, parece decorrer inquestionavelmente, é que o fato do Satélite resultou das
instruções dadas pelo Presidente da República e o Ministro da Justiça ao oficial comandante do destacamento,
que acompanhou aquela expedição. Nessa afirmação concorrem todos os que sobre esses fatos se
pronunciaram. Poderia eu entrar em circunstâncias particulares, que alguma luz sobre este acontecimento
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O SR. VITORINO MONTEIRO — Para mim é uma verdadeira revelação.
O SR. RUI BARBOSA — Mas as minhas informações não vêm de amigos meus, vêm daqueles que trabalharam
em torno do Governo de então, seus amigos, oficiais de terra e mar, cujo testemunho tenho ouvido, cujo
testemunho ainda ontem ouvi em circunstância eloqüente e grave. Nem se concebe que, depois da indignação
com que V. Ex. Sr. Presidente do Senado, há quase quatro anos, há três e meio, nesta Casa, protestou pela
inocência do Presidente da República, assegurando que ela ia irradiar, deslumbrante, no processo que o
Governo não se demoraria instaurar; não se concebe que, depois dessa indignação, em que V. Ex. órgão fiador
do Chefe de Estado, aqui assim se pronunciou; não se apressasse em dar confirmação às palavras do nobre
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Justiça.

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Obras completas de Rui Barbosa - discursos parlamentares - a falta de justiça, a fonte de todo o nosso descrédito

  • 1. Obras Completas de Rui Barbosa Discursos Parlamentares A Falta de Justiça, a fonte de todo o nosso descrédito Os trechos a seguir apresentados, escolhidos aleatoriamente e sem se buscar apontar ou induzir a demandos praticados por pessoas específicas e ou entes públicos ou políticos, trazem à luz a temática da corrupção e da frouxidão dos controles necessários à preservação dos bens e direitos públicos, exercidos ou a exercer servidores públicos, que assim o são porque representam o povo que os paga/remunera pelos serviços prestados. E se o são servidores públicos mister é se esclarecer que servem ao povo e que por isso devem ser postos à prova à toda sorte, iniciando-se pela probidade administrativa. Nada se acrescentou aos trechos extraídos dos discursos do Senador Rui Barbosa, que ao verificar os desmandos que ocorriam cerca de 100 anos atrás, se insurgia, com provas, contra aqueles que por terem a obrigação de zelar pelo bem público não o faziam, ou se o faziam, não atendiam em sua totalidade os cuidados necessários. Em alguns trechos o Senador busca paralelos com os regramentos apresentados pelo TCU. Por fim, este não é um artigo, mas sim um alerta aos incautos que se males há na atualidade esses foram aprendidos e apreendidos de experiências ou conhecimentos anteriores. Na busca pelas origens segue-se a um passado longínquo, bem além do Império Romano, onde os punhais e venenos punham por terra aqueles que não compactuavam com os novos propósitos, o mesmo se dando no Império Pérsico, Macedônico entre muitos outros. As palavras servem para que reflitamos a respeito da questão, à luz de um momento observado, onde o Brasil tinha abandonado a Monarquia acreditando que a República traria melhores vantagens para o País. Será? Antonio Fernando Navarro Outubro de 2015 OBRAS COMPLETAS DE RUI BARBOSA - VOL. XLI. 1914 - TOMO III DISCURSOS PARLAMENTARES MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO E CULTURA - FUNDAÇÃO CASA DE RUI BARBOSA - RIO DE JANEIRO "PP.86 A FALTA DE JUSTIÇA, A FONTE DE TODO O NOSSO DESCRÉDITO O SR. RUI BARBOSA — A falta de justiça, Srs. Senadores, é o grande mal da nossa terra, o mal dos males, a origem de todas as nossas infelicidades, a fonte de todo nosso descrédito, é a miséria suprema desta pobre nação. A sua grande vergonha diante do estrangeiro, é aquilo que nos afasta os homens, os auxílios, os capitais. A injustiça, Senhores, desanima o trabalho, a honestidade, o bem; cresta em flor os espíritos dos moços, semeia no coração das gerações que vêm nascendo a semente da podridão, habitua os homens a não acreditar senão na estrela, na fortuna, no acaso, na loteria da sorte, promove a desonestidade, promove a venalidade, promove a relaxação, insufla a cortesania, a baixeza, sob todas as suas formas. De tanto ver triunfar as nulidades, de tanto ver prosperar a desonra, de tanto ver crescer a injustiça, de tanto ver agigantarem-se os podêres nas mãos dos maus, o homem chega a desanimar da virtude, a rir-se da honra, a ter vergonha de ser honesto. Essa foi a obra da República nos últimos anos.
  • 2. No outro regimen, o homem que tinha certa nódoa em sua vida era um homem perdido para todo o sempre — as carreiras políticas lhe estavam fechadas. Havia uma sentinela vigilante, de cuja severidade todos se temiam e que, acesa no alto, guardava a redondeza, como um farol que não se apaga, em proveito da honra, da justiça e da moralidade gerais. Na República os tarados são os tarudos. Na República todos os grupos se alhearam do movimento dos partidos, da ação dos Goveriios, da prática das instituições. Contentamo-nos hoje com as fórmulas e aparência, porque estas mesmo vão se dissipando pouco a pouco, delas quase nada nos restando. Apenas temos os nomes, apenas temos a reminiscência, apenas temos a fantasmagoria de uma coisa que existiu, de uma coisa que se deseja ver reerguida, mas que, na realidade, se foi inteiramente. E nessa destruição geral das nossas instituições, a maior de todas as ruínas, Senhores, é a ruína da justiça, colaborada pela ação dos homens públicos, pelo interesse dos nossos partidos, pela influência constante dos nossos Governos. E nesse esboroamento da justiça, a mais grave de todas as ruínas é a falta de penalidade aos criminosos confessos, é a falta de punição quando se aponta um crime que envolva um nome poderoso, apontado, indicado, que todos conhecem, mas que ninguém tem coragem de apontá-lo à opinião pública, de modo que a justiça possa exercer a sua ação saneadora e benfazeja. Mas, Sr. Presidente, nesta eliminação monstruosa do sentimento jurídico e da ação judicial, nesse desenvolvimento, rapidamente crescente do princípio de irresponsabilidade, dominando o princípio da responsabilidade — que é o princípio fundamental das instituições republicanas — porque a República é o governo dos homens sujeitos à lei, debaixo de uma responsabilidade inevitável, por seus atos; nessa eliminação da justiça pelos mais elementares de todos os princípios republicanos, o caso do Satélite avulta como o mais grave de todos os casos, como aquele em que a nossa honra maior enxovalho recebeu, em que a nossa dignidade se sentiu mais humilhada, em que os sentimentos de humanidade do país mais sofreram, em que a nossa civilização, diante do estrangeiro, maior ultraje padeceu. Que é o que vos peço, diante dessa infelicidade nacional. Srs. Senadores? Venho a esta tribuna trovejar contra algum inocente? Pedir alguma cabeça à justiça? Venho pedir alguma vingança? Quero alguma desforra afrontosa inspirada por sentimentos apaixonados? Absolutamente. Eu venho implorar a abertura dos tribunais para o julgamento desse inqualificável atentado — e, antes de tudo, a abertura do grande tribunal da opinião pública pelo conhecimento desses papéis, que ninguém, hoje pode ter interesse em esconder, senão os culpados, ainda vivos, dessas atrocidades inomináveis. O Capitão Melo quer ser processado, e o General Dantas Barreto pede a aprovação de meu requerimento; logo, Sr. Presidente, não restam na liquidação deste caso senão duas individualidades políticas, que, em relação a êle se acham comprometidas e que a respeito dele ainda não se pronunciaram. Não quero falar no Sr. Marechal Hermes, no ex-Presidente da República; todos o indigitaram como o maior dos responsáveis nesse fato; até onde podem chegar, nas suas averiguações, as diligências particulares, o que de todos os fatos, apurados até hoje, parece decorrer inquestionavelmente, é que o fato do Satélite resultou das instruções dadas pelo Presidente da República e o Ministro da Justiça ao oficial comandante do destacamento, que acompanhou aquela expedição. Nessa afirmação concorrem todos os que sobre esses fatos se pronunciaram. Poderia eu entrar em circunstâncias particulares, que alguma luz sobre este acontecimento ainda viria derramar, mas não o quero fazer, neste momento. O SR. VITORINO MONTEIRO — Para mim é uma verdadeira revelação.
  • 3. O SR. RUI BARBOSA — Mas as minhas informações não vêm de amigos meus, vêm daqueles que trabalharam em torno do Governo de então, seus amigos, oficiais de terra e mar, cujo testemunho tenho ouvido, cujo testemunho ainda ontem ouvi em circunstância eloqüente e grave. Nem se concebe que, depois da indignação com que V. Ex. Sr. Presidente do Senado, há quase quatro anos, há três e meio, nesta Casa, protestou pela inocência do Presidente da República, assegurando que ela ia irradiar, deslumbrante, no processo que o Governo não se demoraria instaurar; não se concebe que, depois dessa indignação, em que V. Ex. órgão fiador do Chefe de Estado, aqui assim se pronunciou; não se apressasse em dar confirmação às palavras do nobre Presidente do Senado, se essa confirmação pudesse resultar da averiguação dos fatos perante os tribunais de Justiça.