3. HUMANISMO LITERÁRIO
Usado comumente para designar o estudo
das letras humanas em oposição à Teologia.
Na Idade Média, predomina a concepção
teocêntrica, em que tudo gira em torno dos
valores religiosos.
A partir do Humanismo, desenvolve-se uma
nova concepção de vida: os eruditos
defendem a reforma total do homem;
acentuam-se o valor do homem na terra, tudo
o que possa tornar conhecido o ser humano;
4. preocupam-se com o desenvolvimento da
personalidade humana, das suas faculdades
criadoras;
têm como objetivo atualizar, dinamizar e dar
uma nova vida aos estudos tradicionais;
empenham-se em fazer a reforma
educacional.
5. Portugal
Transição de um país caracterizado por valores
puramente medievais para uma nova realidade
mercantil, em que se percebe a ascensão dos ideais
burgueses.
A economia de subsistência feudal é substituída
pelas atividades comerciais; inicia-se uma retomada
da cultura clássica, esquecida durante a maior parte
da Idade Média; o pensamento teocêntrico é deixado
de lado em favor do antropocentrismo
6. Crise no sistema feudal
Peste Negra(1/3 da
população foi
eliminada)
Guerra dos Cem Anos:
Inglaterra e França –
(1346 a 1450)
envolvimento ambíguo
de Portugal
7. Terra X Dinheiro
Escassez de mão-de-obra
As mudanças nas relações
sociais
Igreja: crises: dois papas –
um em Roma e outro em
Avignon
Crise do sistema feudal-
poder centralizado nas mãos
do rei.
Nos primórdios do
feudalismo, a terra, sozinha,
constituía a medida da
riqueza do homem. Com a
expansão do comércio,
surgiu um novo tipo de
riqueza – a riqueza em
dinheiro.
8. Portugal:marco cronológico
Revolução de Avis (1383-85). O choque entre a nobreza
decadente e a nascente burguesia, contrária ao feudalismo,
verifica-se logo depois da morte do rei D. Fernando.
Com o perigo da aproximação de Portugal aos reinos
castelhanos, a burguesia busca apoio de povo e fortalece a
liderança de João, o Mestre de Avis.
Com a revolução e a Aclamação de João como rei de Portugal,
desenvolve-se uma política centralizada no poder nas mãos do
rei, compromissado com a burguesia mercantilista.
Desse compromisso, resulta a expansão ultramarina
portuguesa: a partir de 1415, com a tomada de Ceuta, primeira
conquista ultramarina, Portugal inicia uma longa caminhada de
um século até conhecer o apogeu.
Ao entrar no século XVI, Portugal possuía colônias na África,
América e Ásia e em ilhas espalhadas pelo Atlântico, Índico e
Pacífico.
9. Produção Literária
Autores gregos e latinos.
A estética medieval – rude e grosseira – é substituída pela grego-latina –
harmoniosa e culta.
O latim passa a ser a língua de muitos humanistas, que se deixam tomar de
grande entusiasmo pelo saber, pelas artes clássicas.
A produção literária portuguesa desse período pode ser subdividida em:
Prosa:
a) Crônicas de Fernão Lopes
b) Prosa doutrinária
c) Novela de cavalaria
Poesia: Poesia palaciana
Teatro: Obra de Gil Vicente
10. Fernão Lopes
Conhecido como o “Pai da Historiografia
portuguesa”, foi encarregado por D. Duarte de
guardar os arquivos da Torre do Tombo, onde
se achavam os principais documentos sobre
Portugal.
Incumbido de escrever relatos sobre os
acontecimentos de diversos períodos históricos
(as chamadas crônicas), destacou-se como um
prosador dono de um estilo rico e movimentado.
Não se limitando a tecer elogios a reis, como a
outros cronistas da época; fez descrições
detalhadas não só do ambiente da corte, mas
também das aldeias, das festas populares e,
principalmente, do papel do povo nas guerras e
rebeliões.
11. Obras
A Crônica de El-Rei D. Pedro I: narrativa dos principais
acontecimentos de seu reinado;
A Crônica de El-Rei D. Fernando: narrativa dos fatos que
ocorreram desde o casamento de D. Fernando com Leonor
Telles até o início da Revolução de Avis;
A Crônica de El-Rei D. João I: narrativa dos acontecimentos
relativos a seu reinado (1385-1411), quando é assinado a paz
com Castela.
12. Importância
É reconhecido como historiador de inegável méritos e
verdadeiro narrador-artista preocupado não apenas com a
verdade do conteúdo de suas narrativas, mas também com a
beleza da forma.
É reconhecido também pela sua capacidade de observar e
analisar personagens históricas.
Fernão Lopes analisou com objetividade e justiça os
documentos históricos: foi cauteloso em determinar a verdade
histórica, ao confrontar textos e versões sobre um mesmo
acontecimento.
13. Cronista-historiador
Ele redimensiona o gênero cronístico ao
limitar as narrativas tradicionais, abrindo
espaço de autonomia da narrativa histórica
através de uma metodologia em que pudesse
chegar a uma “verdade nua”.
14. Metodologia
Fernão Lopes ordena as os fatos
cronologicamente, buscando uma hierarquia
explicativa para os acontecimentos.
Enquanto cronista, assumia uma posição de
autoridade, de distanciamento e isenção,
atributos capazes de detectar e controlar os
subjetivismos dos discursos (mundanal
afeiçom) e, assim, chegar à “verdade nua”.
15. Estilo
Do ponto de vista da forma, o seu estilo representa
uma literatura de expressão oral e de raiz popular.
Ele próprio diz que nas suas páginas não se
encontra a formosura das palavras, mas a nudez da
verdade. Era um autodidata.
Foi um dos legítimos representantes do saber
popular, mas já no seu tempo um novo tipo de saber
começava a surgir: de cunho erudito-acadêmico,
humanista, clássico.
Para uma metodologia da escrita da história
comprometida com a “verdade nua”, a partir da
Crônica de D. João I: a mundanall afeiçom,
ordenação dos fatos, autoridade e concepção
temporal
16. Mundanall Afeiçom
Fernão Lopes entende que a afeição é inerente à
condição humana, que escapa ao controle racional.
Assim, considera que as paixões e certas influências
modificam a narrativa, o que implicaria em uma
dificuldade de se apreender a verdade.
Daí, a necessidade de o cronista-historiador em
controlar a mundanall afeiçom, a fim de garantir o
espaço de autonomia do discurso histórico,
separando os desejos e interesses.
Desta forma, compreende que os atributos do
cronista devem ser a isenção e a autoridade.
17. Mundanall afeiçom:a artifical e a
natural
Mesmo inferindo que a mundanall afeiçom
afeta a todos os homens, Fernão Lopes
entende que esta muda de acordo com os
grupos sociais em diferentes níveis de
subjetividade.
Assim, analisa a mundanall afeiçom em dois
grupos: os da ordem senhorial, mais
próximos ao rei; e os mais distantes da
ordem senhorial e do rei.
18. Primeiro grupo
Ela se caracterizaria pelos valores
tradicionais presos ao servilismo ao rei e ao
modelo panegírico, conferindo uma
parcialidade e um artificialismo que poderia
trazer um falseamento da realidade.
19. Segundo grupo (os mais afastados do
rei)
Seriam os portadores da “nua verdade”, pois
a mundanall afeiçom destes, corresponderia
aos laços de afeição e paixões naturais do
homem, portanto, desligada do artificialismo
e cerimônias do servilismo.
20. Equilíbrio
Fernão Lopes buscava certo equilíbrio entre
o discurso propriamente histórico e o
discurso panegírico (escrita elogiosa). Assim,
mesmo quando o cronista precisava se
utilizar do discurso panegírico, ele o fazia
apenas para cumprir uma necessidade
formal (decoro), mas optando por um
panegírico fraco e breve para não
comprometer seu compromisso em mostrar a
“verdade nua”.
21. Tempo
A concepção temporal ocorre de forma
bipartida, à medida que ele faz a distinção da
forma panegírica e do discurso propriamente
histórico, abrindo um espaço de autonomia
para a narrativa histórica, que possibilite a
produção de uma “verdade nua”.