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AS PROFECIAS DO TEMPO DO FIM
                 [Clique na palavra CONTEÚDO]
               ENFOQUE CONTEXTUAL-BÍBLICO

                        Hans K. LaRondelle
                           Dr. em Teologia
                    Professor emérito de Teologia

       O SERMÃO PROFÉTICO DE JESUS: MATEUS 24
       A PROFECIA DE PAULO: 2 TESSALONICENSES 2
                O APOCALIPSE DE JOÃO

        Título do original em inglês (5ª edição inglesa, 1997)
   How to Understand The End-Time Prophecies of the Bible
                     FIRST IMPRESSIONS
                 Miami Beach, Florida, E.U.A., 1997

                      Tradução: Carlos Biagini

    [Contracapa]

     "O Dr. LaRondelle fez uma contribuição extremamente importante
para nossa compreensão da profecia bíblica".
             Dr. George R. Knight, professor de História Eclesiástica no
                        Seminário Teológico de Universidade Andrews.

     "Este livro faz uma contribuição fundamental a uma necessidade
absolutamente crucial em todas as igrejas cristãs: A necessidade de não
só interpretar a Bíblia, mas também a de entender corretamente sua
mensagem apocalíptica e escatológica. Este é um livro bem a tempo".
                           Wilmore D. Eva, diretor da revista Ministry.
As Profecias do Tempo do Fim                                           2
     "LaRondelle tira o apocalíptico do reino da fantasia e especulação
que caracteriza as apresentações de tantos que nos deslumbram mas que
não nos alimentam. O enfoque do LaRondelle leva a uma fé mais
amadurecida em Cristo. Isto é erudição cristã, responsável e equilibrada
da melhor classe".
                          Charles E. Bradford, presidente aposentado da
                          Divisão Norte-americana da igreja adventista.

     Hans K. LaRondelle é professor emérito de Teologia no
Seminário Teológico da Universidade Andrews, em Berrien
Springs, Michigan, Estados Unidos. Serve nos Países Baixos
como pastor evangelista e professor durante 14 anos, e na
Universidade Andrews como professor de teologia durante 25
anos. Recebeu seu título doutoral em Teologia Sistemática e
Ética do distinto teólogo holandês G. C. Berkouer na Reformed
Free University [Universidade Livre Reformada], em Amsterdã,
em 1971.
     É o autor dos livros Perfection and Perfectionism [Perfeição e
Perfeccionismo], Christ Our Salvation [Cristo nossa salvação],
Deliverance in the Psalms [Libertação nos Salmos], Chariots of
Salvation [Carruagens de Salvação], The Israel of God in
Prophecy [O Israel de Deus na profecia] e The Good News About
Armageddon [Boas Novas Sobre o Armagedom]. Também é co-
autor nos livros A Symposium on Biblical Hermeneutics [Um
Simpósio Sobre Hermenêutica Bíblica] (editado pelo G. M. Hyde),
Symposium on Revelation, Book II [Simpósio Sobre o Apocalipse,
Livro II] (editado por F. B. Holbrook) e The Sabbath in Scripture
and History [O Sábado na Escritura e na História] (editado por K.
A. Strand).
As Profecias do Tempo do Fim                                                                            3
                                       CONTEÚDO



    Prólogo . ...........................................................................................7
    Introdução geral.................................................................................9
    Chave de abreviaturas ....................................................................11
    Agradecimentos..............................................................................14


             PRIMEIRA PARTE: A PROFECIA BÍBLICA

    1. A esperança apocalíptica dos judeus do século I.........................15
    2. A distinção entre profecia clássica e profecia apocalíptica….....21
         Profecia clássica .....................................................................21
         Profecia apocalíptica ..............................................................25
         Resumo ...................................................................................28
    3. A aplicação que Cristo fez da Bíblia Hebraica............................30
         Jesus e a Palavra de Deus .......................................................30
         A nova revelação de Jesus o Messias......................................33
         Cristo, o representante do novo Israel.....................................34
    4. Como Cristo empregou os símbolos apocalípticos ....................38
    5. A interpretação que os apóstolos fizeram do
              cumprimento da profecia..................................................45
         A unidade orgânica dos cumprimentos cristológicos
              e eclesiológicos ................................................................47
         O princípio de universalização das promessas
              territoriais feitas a Israel....................................................49
         O inadequado da hermenêutica do literalismo........................51
As Profecias do Tempo do Fim                                                                      4
      SEGUNDA PARTE: MATEUS E TESSALONICENSES

   6. A compreensão de Cristo das profecias do Daniel......................54
        A estrutura cronológica do discurso profético de Jesus
            em Marcos 13....................................................................59
        A aplicação que Cristo fez da tipologia .................................61
        Cristo, a chave para entender a profecia ................................63
        O anticristo abominável..........................................................65
        O anticristo pós-apostólico .....................................................69
        O estilo apocalíptico de Mateus 24 ........................................70
        A ênfase de Lucas sobre o curso da história...........................71
        A teologia de Cristo sobre os sinais cósmicos........................74
        A universalização que Cristo fez das profecias
            do tempo do fim ...............................................................78
        Resumo ...................................................................................79
        FONTES BIBLIOGRÁFICAS DO CAPÍTULO 6.......................82
   7. A compreensão de Paulo das profecias de Daniel.......................85
        O enfoque contínuo-histórico em Daniel ...............................86
        Paralelos entre os esboços apocalípticos de Jesus e Paulo............88
        A ênfase de Paulo sobre a apostasia religiosa.........................90
        Como Paulo emprega a frase "o templo de Deus"..................92
        Como Paulo emprega os tipos de adoração falsa
            no Antigo Testamento.......................................................94
        A aplicação que Paulo faz do antimessias predito por Daniel....96
        O momento histórico exato do anticristo segundo Paulo........98
        O anticristo de Paulo como uma paródia de Cristo...............100
        O mistério da iniqüidade.......................................................102
        O ato que coroará o drama do engano...................................104
        Resumo..................................................................................105
        FONTES BIBLIOGRÁFICAS DO CAPÍTULO 7.....................107
As Profecias do Tempo do Fim                                                                       5
               TERCEIRA PARTE: O APOCALIPSE

   8. Introdução ao Apocalipse..........................................................109
   9. O propósito do Apocalipse........................................................114
  10. Chaves interpretativas dentro do Apocalipse............................120
  11. A composição literária do Apocalipse.......................................129
      FONTES BIBLIOGRÁFICAS DO CAPÍTULO 11................................140
  12. A visão do trono do Criador: Apoc. 4.......................................141
  13. A entronização do Cordeiro de Deus: Apoc. 5..........................147
      FONTES BIBLIOGRÁFICAS PARA APOCALIPSE 4 E 5......................153
  14. Compreendendo os sete selos: Apoc. 6.....................................153
      FONTES BIBLIOGRÁFICAS PARA APOCALIPSE 6..........................182
  15. Segurança de libertação no tempo do fim: Apoc. 7..................184
      FONTES BIBLIOGRÁFICAS PARA APOCALIPSE 7..........................202
  16. Compreendendo as trombetas em seus contextos:
      Apoc. 8 e 9................................................................................204
  17. Uma aplicação histórica das trombetas.....................................225
       FONTES BIBLIOGRÁFICAS PARA ENTENDER AS
       TROMBETAS EM SEUS CONTEXTOS............................................245
  18. O refletor profético sobre o povo de Deus do
      tempo do fim: Apoc. 10............................................................247
      FONTES BIBLIOGRÁFICAS PARA APOCALIPSE 10........................264
  19. A missão profética das testemunhas de Deus:
      Apoc. 11....................................................................................266
      FONTES BIBLIOGRÁFICAS PARA APOCALIPSE 11…......................296
  20. Compreendendo os "1.260 dias" em Apocalipse 11-13 ...........299
      FONTES BIBLIOGRÁFICAS PARA ENTENDER OS "1.260 DIAS"......326
  21. A mensagem do tempo do fim na perspectiva histórica:
      Apoc. 12-14...............................................................................331
  22. O conflito final de lealdade do tempo do fim: Apoc. 13...........366
  23. Identificando o anticristo...........................................................393
  24. Os últimos companheiros do Cordeiro: Apoc. 14:1-5...............403
As Profecias do Tempo do Fim                                                                         6
   25. A mensagem do primeiro anjo: Apoc. 14:6, 7..........................412
   26. A mensagem do segundo anjo: Apoc. 14:8...............................429
   27. A mensagem do terceiro anjo: Apoc. 14:9-12...........................437
   28. A dupla ceifa da terra: Apoc. 14:14-20.....................................450
       FONTES BIBLIOGRÁFICAS PARA APOCALIPSE 12-14....................458
   29. O significado das sete últimas pragas: Apoc. 15 e 16...............467
       FONTES BIBLIOGRÁFICAS PARA APOCALIPSE 15 E 16.................489
   30. A sétima praga: A retribuição de Babilônia: Apoc. 17.............492
   31. O significado do veredicto de Deus sobre Babilônia:
       Apoc. 18 ...................................................................................520
       FONTES BIBLIOGRÁFICAS PARA APOCALIPSE 17 E 18.................540
   32. Compreendendo o milênio: Apoc. 19 e 20................................544
       FONTES BIBLIOGRÁFICAS PARA ENTENDER O MILÊNIO.............576
   33. O significado da Nova Jerusalém: Apoc. 21 e 22 ....................581
       FONTES BIBLIOGRÁFICAS PARA APOCALIPSE 21 E 22.................603

     Epílogo…………………………………………….…………..….606

                                        APÊNDICES

      A. Relação do dom de profecia do tempo do fim
             com a Bíblia......................................................................609
      B. Alguns textos problemáticos com respeito à
             Nova Terra........................................................................618
As Profecias do Tempo do Fim                                            7
                              PRÓLOGO

     O propósito deste estudo da profecia bíblica é singelo: É meu
testemunho como professor de Teologia, alguém que ensinou
Escatologia Bíblica e Interpretação Apocalíptica por mais de 25 anos no
Seminário Teológico da Universidade Andrews (em Berrien Springs,
Michigan, Estados Unidos) e em seminários de extensão ao redor do
mundo.
     Este livro é o resultado de meus contínuos esforços por aprender
com o passar do tempo. O presente estudo não é um tratamento
exaustivo de cada profecia de longo alcance da Sagrada Escritura. Os
capítulos problemáticos do Daniel 8-12 constituem uma estudo à parte, e
estão além do alcance deste livro. Os eruditos bíblicos adventistas
estudaram recentemente estes capítulos apocalípticos no livro do Daniel.
Os resultados de seus estudos podem encontrar-se nos livros The
Sanctuary and the Atonement, Biblical Historical, and Theological
Studies [O Santuário e a Expiação: Estudos Bíblicos, Teológicos e
Históricos] (A. V. Wallenkampf e W. R. Lesher, eds., Biblical Research
Committee [Comissão de Investigação Bíblica]; Washington DC:
Review and Herald, 1981), Symposium on Daniel [Simpósio Sobre
Daniel] (Frank B. Holbrook, ed., Biblical Research Institute [Instituto de
Investigação Bíblica]; Hagerstown, Maryland: Review and Herald,
1986), e no número de "Daniel" da Journal of the Adventist Theological
Society [Revista da Sociedade Teológica Adventista] (T. 7, N.° 1, 1996).
     O tema central da presente obra é o discurso profético de Jesus em
Mateus 24 (e seus capítulos paralelos no Marcos e Lucas), o esboço
apocalíptico de Paulo em 2 Tessalonicenses 2, e Apocalipse de João.
     Estou convencido de que a interpretação contínuo-histórica das
grandes séries apocalípticas proporciona o método mais adequado para a
desafiante tarefa de compreender a perspectiva bíblica do tempo do fim.
Isto requer uma comprovação cuidadosa das tradicionais aplicações
historicistas à história da igreja, de modo que possamos aprender dos
As Profecias do Tempo do Fim                                             8
enganos do passado. Nosso enfoque é primariamente a exegese
contextual-bíblica de cada passagem apocalíptica antes que se possa
extrair qualquer aplicação histórica.
     Por um lado, a redação deste livro reflete o estilo de minhas classes
com os estudantes de Teologia, como também com o dos encontros com
pastores e leigos nos seminários bíblicos. E, por outro lado, tem a
intenção de beneficiar a todos os estudantes sinceros da Bíblia que
desejam investigar esta parte importante e desafiante das Escrituras,
As Profecias do Tempo do Fim                                          9
                     INTRODUÇÃO GERAL

     O propósito deste livro é ajudar ao leitor a compreender melhor o
plano de Deus para a redenção do planeta Terra. A Sagrada Escritura dá
a conhecer o significado do plano de Deus até que alcance sua revelação
total e completa no último livro da Bíblia, o Apocalipse, que é "a
revelação do Jesus Cristo" (Apoc. 1:1). O Apocalipse é reconhecido
como o mais destacado e um resumo de todas as profecias anteriores;
isto sugere sua profunda unidade espiritual com os outros livros da
Bíblia. Portanto, requer-se um conhecimento básico de toda a Escritura
antes de poder obter uma revelação mais profunda do Apocalipse.
     O Apocalipse adota seus símbolos, imagens e termos
principalmente do Antigo Testamento, por isso estes não podem ser
compreendidos se forem isolados de suas raízes hebraicas. Posto assim,
para ler o Apocalipse dentro de seu amplo contexto bíblico se requer que
nos familiarizemos com as Escrituras Hebraicas, com sua forma de falar
e com sua linguagem profética. Além disso, também é de proveito a
interpretação que fazem da profecia os rabinos do judaísmo posterior.
Este antecedente revela a surpreendente novidade da mensagem
evangélica, tal como a apresentaram Jesus e os escritores do Novo
Testamento.
     Nosso exemplo autoritativo para a aplicação cristã das profecias do
tempo do fim será a maneira como Cristo e o apóstolo Paulo usaram os
símbolos apocalípticos do livro do Daniel. O sermão profético do Jesus
em Mateus 24 (e paralelos) e o esboço profético de Paulo em 2
Tessalonicenses 2 constituem os dois elos indispensáveis entre os livros
do Daniel e Apocalipse. Tanto Jesus como Paulo aplicam as profecias do
Daniel 7-12 do ponto de vista de sua própria época. Assim sendo, como
crentes cristãos devemos derivar nossos princípios de interpretação
profética de suas aplicações históricas de Daniel. Estes princípios
hermenêuticos, ou de interpretação, são de uma importância decisiva
para nossa compreensão das profecias bíblicas do tempo do fim.
As Profecias do Tempo do Fim                                            10
      A primeira parte de nossa investigação se concentra em Mateus 24 e
em 2 Tessalonicenses 2. Em Apocalipse, o enfoque estará sobre a da
prova final de fé no grande conflito dos séculos. A profecia bíblica nunca
foi dada para satisfazer nossa curiosidade sobre o futuro. Mais bem, sua
finalidade divina é animar o povo de Deus para que persevere na sagrada
fé e revitalize sua bem-aventurada esperança na breve volta de Cristo
como o Rei-Salvador. Quando o Apocalipse, a revelação de Jesus Cristo,
fizer pleno impacto em nossas mentes e corações, experimentaremos
suas descrições poéticas e dramáticas como a mensagem mais sublime
da misericórdia e justiça divinas para a humanidade. A culminação da
profecia é a segurança celestial de que o Criador se importa conosco e
com nosso mundo, e de que Sua justiça prevalecerá durante toda a
eternidade sobre a terra assim como prevalece no céu.
      No final da maioria dos capítulos se sugere material bibliográfico
como uma guia para um estudo exaustivo. A menos que se indique outra
coisa, usa-se a versão Almeida Atualizada, revisão de 1997 (toda ênfase
na transcrição do texto dos versículos, em negrito ou em itálico, é do
autor).
As Profecias do Tempo do Fim                      11
                CHAVE DE ABREVIATURAS

    Bíblias (versões)
    BC Bover-Cantera
    BJ  Bíblia de Jerusalém
    CI   Cantera-Iglesias
    BLH Bíblia na Linguagem de Hoje
    JS   Juan Straubinger
    LXX Septuaginta, ou Versão dos Setenta
    NASB New American Standard Bible
    NBE Nova Bíblia espanhola
    NC    Nácar-Colunga
    NEB New English Bible [Nova Bíblia inglesa]
    NVI Nova Versão Internacional
    NKJV New King James Version
    RA   Revista e Atualizada
    TA   Torres-Amat

    Espírito de Profecia
    AA     Atos dos apóstolos
    CE     Colportor evangelista, O
    DTN    Desejado de Todas as Nações, O
    Ed     Educação
    Ev     Evangelismo
    FE      Fundamentos da Educação Cristã
    GC     Grande Conflito, O
    MS     Mensagens Escolhidas
    PE     Primeiros Escritos
    PP     Patriarcas e Profetas
    PR     Profetas e Reis
    TS     Testemunhos Seletos, vol. 1, 2, 3
As Profecias do Tempo do Fim                                       12
    Revistas teológicas

    AUSS Andrews University Seminary Studies [Estudos do
          Seminário da Universidade Andrews]
    CBQ Catholic Biblical Quarterly [Revista Trimestral Bíblica
          Católica]
    JATS Journal of the Adventist Theological Society [Revista da
          Sociedade Teológica Adventista]
    JBL Journal of Biblical Literature [Revista de Literatura Bíblica]
    JETS Journal of the Evangelical Theological Society [Revista da
          Sociedade Teológica Evangélica]
    JSNT Journal for the Study of The New Testament [Revista para
          o estudo do Novo Testamento]
    NTS New Testament Studies [Estudos do Novo Testamento]
    SBTh Studia Bíblica et Theologica [Estudos Bíblicos e Teológicos]
    SJT Scottish Journal of Theology [Revista Escocesa de Teologia]

    Miscelânea
    a.C.     antes de Cristo
    ANF      The Ante-Nicene Fathers [Os Pais antenicenos]
    cap.     Capítulo
    caps.    Capítulos
    CBA     Comentário bíblico adventista (espanhol)
    cf.     Compare-se com
    d.C.    depois de Cristo
    ed.     Editor / editado por / edição de
    eds.     Editores
    gr.     grego
    lit.    Literalmente
    p.      Página
    pp.     Páginas
    p.ex.    Por exemplo
As Profecias do Tempo do Fim        13
    QM Regra de guerra (Qumrán)
    trad. Tradutor/ Traduzido por
    vol. Volume
    v.     Versículo
    vs. Versículos
As Profecias do Tempo do Fim                                          14
                       AGRADECIMENTOS

     O material bibliográfico que se encontra no final da maioria dos
capítulos mostra a enorme dívida que tenho com os eruditos bíblicos que
procuraram descobrir o significado do Apocalipse, a revelação de Jesus
Cristo. Estou agradecido especialmente a meus colegas no campo da
teologia, e aos estudantes, que leram o manuscrito e estimularam a um
estudo renovado de certas passagens das Escrituras.
     De maneira especial desejo mencionar ao Dr. Peter M. van
Bemmelen, professor de Teologia Sistemática no Seminário Teológico
da Universidade Andrews, Berrien Springs, Michigan, Estados Unidos;
ao Dr. Ángel M. Rodríguez, do Instituto de Investigação Bíblica da
Associação Geral da Igreja Adventista, Silver Spring, Maryland; ao Dr.
Norman R. Gulley, professor de Teologia Sistemática no Southern
College, Collegedale, Tennessee; ao Dr. Roy C. Nadem, professor
aposentado de Educação Religiosa na Universidade Andrews; ao Dr.
George R. Knight, professor de História da Igreja no Seminário
Teológico da Universidade Andrews; ao Pr. Graeme S. Bradford,
secretário ministerial da União Trans-Tasmânia, Austrália; ao Pr. Jac
Colombo, secretário de campo da Associação de Washington, Bothell,
Washington; a todos eles por seu interesse especial no livro, por suas
conversações estimulantes, e por suas úteis sugestões para esclarecê-lo e
melhorá-lo.
     Estou agradecido à minha esposa Bárbara pela correção final das
provas, quem também me indicou a necessidade de simplificar porções
complicadas. A todos meus colegas, professores e estudantes da profecia
bíblica lhes expresso minha profunda gratidão. É obvio, sou o único
responsável pelas deficiências e enganos que possam encontrar-se. O
livro tão-só reflete minha percepção presente como teólogo experiente na
profética Palavra de Deus, mas em caminho para uma compreensão mais
completa da mensagem divina.
As Profecias do Tempo do Fim                                         15
     A ESPERANÇA APOCALÍPTICA DOS JUDEUS DO
                    SÉCULO I

     O Apocalipse de João está em marcado contraste com os vários
escritos apocalípticos judeus que estiveram em atualidade no primeiro
século de nossa era. Desde que o general romano Pompeu invadiu a
Palestina em 63 a.C. e sujeitou à nação judia ao governo romano,
intensificou-se a esperança judia em um Messias prometido. A maioria
dos judeus esperava a vinda de um Rei-Messias poderoso, da casa de
Davi, quem mataria ao dragão romano com seu poder militar ajudado
pelo poder divino. Então o Messias restauraria a nação do Israel à
suprema grandeza política como o reino messiânico sobre a terra.

     Esta esperança apocalíptica era vibrante entre os fariseus. Pode
demonstrar-se pelos denominados Salmos de Salomão, um documento
farisaico escrito pouco depois da morte do general Pompeu no 48 a.C.

       "Olha-o Senhor, e lhes suscite um rei
       o filho de Davi, no momento que tu escolhas, oh Deus,
       para que reine em Israel teu servo.
       Rodeia-o de força para quebrantar aos príncipes injustos,
       para purificar a Jerusalém dos gentios
       que a pisoteiam destruindo-a;
       expulsa em sabedoria e justiça
       aos pecadores da herança;
       para despedaçar a arrogância dos pecadores
       semelhante a um cântaro de oleiro;
       para quebrantar toda sua solidez com uma vara de ferro;
       para destruir as nações ilícitas com a palavra de tua boca;
       a sua advertência as nações fugirão de sua presença;
       e condenará aos pecadores pelos pensamentos de seus
       corações".1
As Profecias do Tempo do Fim                                      16
     O Testamento do Moisés, um hino escrito pelos essênios ou pelos
fariseus antes da queda de Jerusalém no 70 D.C., também expressava o
desejo premente do pronto advento do reino de Deus:
       "Pois o Altíssimo Deus eterno se elevará sozinho,
       aparecerá para tomar vingança das nações
       e destruirá todos os seus ídolos.
       Então, tu, Israel, serás feliz.
       Montarás sobre pescoço e asas de águia.
       Sim, todas as coisas se cumprirão".2
      No Quarto livro do Esdras, conhecido também como o Apocalipse
de Esdras, um documento escrito depois da queda de Jerusalém no 70
D.C., lemos que o Messias viria para liberar à remanescente do Israel da
tirania de Roma e para estabelecer o reino messiânico por 400 anos (cap.
12).3
      A esperança dominante no Israel era a da libertação política, similar
à forma como Deus os tinha libertado do Egito. Só que esta vez a
expectativa era por uma redenção permanente dos males da história. A
partida dos zelotes [fanáticos] tinha uma febre apocalíptica tal, que
apoiou uma guerra de guerrilhas contra Roma na segurança de que Deus
destruiria os opressores do Israel e criaria um mundo no qual Satanás e a
dor não existiriam mais.
      Josefo, o historiador judeu do primeiro século, ordem que um certo
Judas, galileo, originou um levantamento a princípios do século I. Sua
filosofia era que o povo de Deus devia reconhecer só a Deus como seu
soberano e Senhor, e recusar-se a pagar impostos a um amo pagão.4 O
Novo Testamento registra que essa rebelião chegou a um fim
desventurado (At. 5:37).
      Entre os rolos do Mar Morto, descobertos nas cavernas de Qumran,
encontrou-se um denominado Regra de guerra (QM), escrito a começos
da era cristã. Descreve um plano de batalha para que os pactuantes de
Qumran travem a última guerra santa contra Roma (Quitim) e Belial. A
esperança era de novo que Deus interviria com seu santos anjos e daria
As Profecias do Tempo do Fim                                           17
ao fiel remanescente de Israel uma vitória eterna por meio de um
desdobramento do poder do Miguel como o guerreiro divino. 5
     Esta esperança política de um futuro mais brilhante alcançou um
tom tão febril no século I, que conduziu ao levantamento judeu contra
Roma nos anos 66-72 e no 132. Em ambas as ocasiões os judeus
começaram uma guerra militar contra o Império Romano confiando em
que Deus os vindicaria com uma vitória sobrenatural.
     Salomão Schechter resume com quatro características os elementos
essenciais da esperança apocalíptica no primeiro século: (1) o Messias,
da casa de Davi, restaurará o reino do Israel e estenderá seu governo
sobre toda a terra; (2) os inimigos de Deus lançarão um ataque maciço
contra Israel, no qual o Messias destruirá a todos seus oponentes pagãos;
(3) todas as nações sobreviventes aceitarão o Deus de Israel,
reconhecerão seu reino e procurarão a instrução de seu Torah (lei); e (4)
a era do reinado messiânico será uma era de prosperidade material e
sorte espiritual; até a morte seria abolida por meio da ressurreição dos
justos mortos. Este reino do Messias era, de acordo com algumas fontes,
uma preparação para o tempo quando Deus mesmo reinaria.6
     Infelizmente, os judeus estavam tão dominados por seu ódio para
Roma que enfatizaram unilateralmente a missão da vinda do Messias
como o libertador do jugo romano e o restaurador do reino nacional a
Israel. Por esta razão, os rabinos estudaram as profecias messiânicas das
Escrituras Hebraicas com uma mente preconcebidas que lhes impediu de
ver a revelação da plenitude da missão do Messias para salvar do pecado
a todos os homens. Esperando um Messias político só para sua própria
nação, passaram por cima das profecias e dos tipos que prediziam a
morte expiatória do Messias em sua primeira vinda. Interpretando a
profecia para encontrar evidências com o fim de sustentar sua ambição
nacional, os judeus se prepararam para rechaçar o Salvador do mundo.
Quando Cristo veio em uma maneira contrária a suas expectativas,
ficaram completamente desapontados e não o receberam.
As Profecias do Tempo do Fim                                             18
     Cristo tratou de lhes mostrar que tinham interpretado mal a
promessa de Deus de conceder favor eterno a Israel. Tinham chegado a
considerar sua descendência natural de Abraão como uma pretensão para
essa promessa (João 8:33-40). Na verdade, em seu orgulho racial, os
dirigentes judeus passaram por cima das condições prévias que Deus
tinha especificado. O favor de Deus estava assegurado só a um Israel
espiritual e em cujos corações ele tinha escrito sua lei: "Darei minha lei
em sua mente, e a escreverei em seu coração; e eu serei a eles por Deus,
e eles me serão por povo... Porque todos me conhecerão, do mais
pequeno deles até o maior, diz o Senhor" (Jer. 31:31-34).
     As promessas divinas de salvação e bênção para o mundo estavam
asseguradas a um Israel regenerado como o verdadeiro povo do pacto. O
povo espiritual de Deus são constituídos pelos que estão "circuncidados"
em seus corações (ver Deut. 10:16; 30:6; Jer. 4:4). Um povo assim não
reclamará as promessas de Deus e renderá um serviço exterior a Deus
meramente pelo puro prazer de alcançar grandeza nacional. O essencial
da Bíblia Hebraica não é o Israel, e sim o Messias de Israel! As profecias
messiânicas constituem o coração tanto da Escritura como dos sagrados
serviços do santuário no Israel. Muitos rabinos e fariseus chegaram a
acreditar que por meio de um conhecimento da Escritura e uma
conformidade exterior a ela, possuíam vida eterna. A Mishná ensina:
"Grande é a lei, porque lhe dá vida aos que a praticam tanto neste mundo
como no vindouro".7 Mas Jesus assinalou uma falta fundamental de
visão: "Vós perscrutais as Escrituras, porque julgais ter nelas a vida
eterna; ora, são elas que dão testemunho de mim; vós, porém, não
quereis vir a mim para terdes a vida" (João 5:39, 40, BJ).
     A vida está centrada no Messias, o Filho de Deus, e não na
Escritura. Jesus afirmou: "As palavras que eu lhes falei são espírito e são
vida" (João 6:63). Ao perder de vista a Cristo como o coração vivente
das Escrituras, os judeus já não entenderam mais o significado espiritual
do serviço ritual em seu templo. Começaram a confiar nos mesmos
sacrifícios e cerimônias em vez de contemplá-lo a ele, a quem
As Profecias do Tempo do Fim                                            19
assinalavam os sacrifícios. De modo que perderam o significado
espiritual de sua adoração no templo. Aferrando-se a fórmulas mortas,
esses rituais chegaram a ser um mistério inexplicável.
     Até as restrições rabínicas quanto à observância do sábado revelam
que os judeus já não percebiam que no sábado havia uma promessa
divina do descanso messiânico. Os dirigentes judeus interpretaram mal o
ato do Jesus ao curar milagrosamente a um paralítico no sábado como a
evidência de uma atitude contra na sábado (João 5:16-18). Entretanto, o
oposto era verdade. Jesus ensinou que as obras de misericórdia não só
estavam permitidas, mas também eram obrigatórias no sábado para que
as fizesse o Messias, e em perfeita harmonia com a vontade do Pai
celestial. "Meu Pai, até o presente, continua trabalhando e eu também
trabalho" (João 5:17, NBE). O erudito evangélico Leão Morris o explica
desta maneira: "Ele [Jesus] não estava dizendo que não devia guardar-se
o sábado... Estava dizendo que seus críticos não entendiam o que
significava na sábado e por que tinha sido instituído".8
     Não surpreende que Jesus censurasse os judeus por sua falta de
percepção espiritual, por não discernir quem era ele, o Enviado ao Israel
pelo Pai. E desafiou-os perguntando: "Não vos deu Moisés a lei?
Contudo, ninguém dentre vós a observa. Por que procurais matar-me?...
Não julgueis segundo a aparência, e sim pela reta justiça" (João 7:19,
24). Enquanto desejavam a vinda do Messias, os judeus já não tinham o
verdadeiro conceito de sua missão divina como Redentor do pecado e de
Satanás.
     Cristo lhes disse: "Todo o que comete pecado é escravo do pecado...
Se, pois, o Filho vos libertar, verdadeiramente sereis livres" (João 8:34,
36), mas eles afirmaram que eram livres porque, disseram, "jamais
fomos escravos de ninguém" (v. 33). Não compreenderam o significado
espiritual do pecado ou o significado da natureza da dignidade real de
Cristo. O Messias devia vir como o verdadeiro intérprete dos profetas de
Israel. Devia definir os princípios do reino e o plano de redenção. Isso
foi o que fez Cristo, e seus ensinos estão registrados nos Evangelhos, os
As Profecias do Tempo do Fim                                          20
quais formam a chave essencial para entender corretamente o Antigo
Testamento. Também formam a ponte teológica entre as profecias do
Antigo Testamento e o livro do Apocalipse. Portanto, antes de podermos
entender corretamente o último livro da Bíblia, é indispensável descobrir
primeiro como Jesus interpretou a perspectiva profética dos profetas
clássicos e o livro do Daniel.

     Referências

     1. "Salmos de Salomão", 17:21-25, citado em J. H. Charlesworth,
        The Old Testament Pseudepigrapha, T. 2, p. 667.
     2. "Testamento de Moisés", 10:7, 8, chamado em G. Aranda Pérez,
        F. García Martínez e M. Pérez Fernández, Literatura judía
        intertestamentaria (Estella, Navarra: Verbo Divino, 1996), p.
        301.
     3. "O Messias que o Altíssimo reservou para o final dos tempos: Ele
        surgirá da estirpe de Davi " (Ibid., p. 329).
     4. Flavio Josefo, Obras completas de Flavio Josefo: Antigüedades
        judías (Buenos Aires: Acervo Cultural, 1961), XVIII, 1, 1-6 (t. 3,
        pp. 225-228); La guerra de los judíos, 11, 8 (t. 4, pp. 136-142).
     5. 1 QM 6; 12-14.
     6. Schechter, Salomão, Aspects of Rabbinic Theology (Nova York:
        Schocken Books, 1961), p. 102.
     7. Abot [Pais] 6: 7.
     8 Leão Morris, Reflections on the Gospel of John (Grand Rapids,
        Michigan: Baker Book House, 1987), T. 2, pp. 265, 266.
As Profecias do Tempo do Fim                                           21
       A DISTINÇÃO ENTRE PROFECIA CLÁSSICA E
               PROFECIA APOCALÍPTICA

      Os profetas do Antigo Testamento tais como Amós, Isaías,
Sofonías, Ezequiel e Jeremias são chamados profetas clássicos. Suas
mensagens foram em primeiro lugar pronunciados em voz alta, seja ao
reino rebelde do Israel no norte (as 10 tribos) ou à apóstata Jerusalém e
Judá (as 2 tribos). Com freqüência suas mensagens foram um clamor em
favor da justiça social, econômica e política para as classes oprimidas.
Os profetas convocaram Israel e Judá para que voltassem para a torah ou
lei do pacto do Moisés, e para que servissem a Deus com arrependimento
verdadeiro. Se os líderes políticos e religiosos do povo eleito originavam
justiça social e uma renovação da adoração, o reino de Deus viria sobre a
terra em sua história futura. Em realidade, o "dia do Senhor", ou o "dia
do Jeová", não viria como Israel o tinha antecipado popularmente.

                           Profecia Clássica

    Amós: Este profeta, como porta-voz de Deus, pronunciou em forma
fulminante estas horríveis palavras às 10 tribos:
     "Ai de vós que desejais o Dia do Senhor! Para que desejais vós o Dia
do Senhor? É dia de trevas e não de luz ...Não será, pois, o Dia do Senhor
trevas e não luz? Não será completa escuridão, sem nenhuma claridade?
     "Por isso, vos desterrarei para além de Damasco, diz o Senhor, cujo
nome é Deus dos Exércitos" (Amós 5:18, 20, 27).
     Amós deu a conhecer dois castigos sobre Israel: Em primeiro lugar,
a nação infiel seria levada cativa ao exílio em Assíria ("além de
Damasco") como resultado da maldição do pacto do Deus do Israel, em
harmonia com suas ameaças do pacto pronunciadas mediante Moisés
(Deut. 28; Lev. 26). Esta sentença teve lugar no ano 722 a.C., e se
conhece como o desterro assírio das dez tribos. Em segundo lugar, o
significado pleno deste juízo nacional chega a compreender-se só quando
As Profecias do Tempo do Fim                                           22
se vê este acontecimento como um tipo ou prefiguração do juízo cósmico
de Deus ao fim da história sobre todas as nações que se rebelem contra
Deus.
     Amós apontou ao juízo final de Deus quando se referiu aos sinais
cósmicos: "Farei que fique o sol ao meio dia, e cobrirei de trevas a terra
no dia claro" (Amós 8:9), e: "Não se estremecerá por isso a terra, e fará
luto tudo o que nela habita? (v. 8, BJ). Escuridão repentina ao meio-dia
ou um terremoto catastrófico podem ser mais que um desastre natural. O
fogo apocalíptico consumirá a terra e o mar (7:4) e levará a seu fim a
história de Israel!
     Na escatologia (a ordem dos acontecimentos finais) que apresenta
Amós, o dia do Senhor seria um juízo iminente sobre Israel a mãos de
seu inimigo nacional: Assíria (no 722 a.C.). Mas Amós anunciou uma
catástrofe ulterior, na qual Deus julgará a uma sociedade mundial
apóstata e libertará a seus fiéis em todas as nações. A esta relação do
juízo local iminente e do juízo mundial do tempo do fim chamamos
"conexão tipológica". Ambos os juízos procedem do mesmo Deus, mas
o juízo sobre a nação é um tipo ou modelo profético que garante que
Deus julgará finalmente a todo mundo pelos mesmos princípios morais.
Só mediante sua retribuição final se cumprirá completamente o propósito
redentor de Deus para esta terra. O tipo histórico pode ser local e
incompleto, mas o antitipo escatológico será universal e completo em
seus resultados.

     Sofonías: O duplo foco do juízo de Deus em Amós também o
descrevem graficamente os outros profetas. Em geral se considera que
Sofonías é o profeta mais grandioso que fala do juízo de Deus. Inclusive
começa seu pequeno livro com uma admoestação da destruição universal
vindoura:
    "De fato, consumirei todas as coisas sobre a face da terra, diz o
Senhor. Consumirei os homens e os animais, consumirei as aves do céu, e
As Profecias do Tempo do Fim                                             23
os peixes do mar, e as ofensas com os perversos; e exterminarei os homens
de sobre a face da terra, diz o Senhor" (Sof. 1:2, 3).
     Assim como Amós, Sofonías contempla o futuro histórico imediato
contra o fundo do juízo final, porque é o mesmo Deus o que visita Israel
e o mundo para juízo e salvação. A mensagem principal é que Deus atua,
não a duração do período de tempo entre os juízos.

     Joel: O profeta Joel estruturou sua perspectiva profética de forma
tal que uma praga histórica de lagostas (1:4-12) serve como um tipo
profético do juízo escatológico de todo o mundo, que é seu antitipo
(2:10, 11; 3:11-15). A história local e a escatologia do tempo do fim
estão tão mescladas entre si que não podem ser completamente separadas
na descrição profética. O presente corresponde ao futuro porque é o
mesmo Deus quem vem agora e no futuro. Este é a mensagem principal
do Antigo Testamento. O propósito moral de cada anúncio de um juízo
de Deus é levar a seu povo a caminhar em harmonia com sua vontade
redentora no presente. O objetivo final da profecia não é a catástrofe e a
destruição, a não ser uma nova criação e a restauração do paraíso perdido
na terra.

     Isaías: Um exemplo de como o juízo de Deus sobre um
arquiinimigo histórico do Israel e seu juízo final do mundo estão
intimamente misturas, como se ambos fossem um só dia do Senhor,
encontra-se no Isaías 13. Isaías anuncia a iminente queda do Império
Neobabilônico às mãos dos medos: " Uivai, pois está perto o Dia do
SENHOR; vem do Todo-Poderoso... Eis que eu despertarei contra eles
os medos" (Isa. 13:6, 17). Neste oráculo profético de guerra, Deus atuará
logo como o guerreiro divino para liberar a seu povo oprimido: "O
Senhor dos exércitos revista seu exército para o combate" (v. 4, NBE). O
resultado será a destruição: "Babilônia, a jóia dos reinos, glória e orgulho
dos caldeus, será como Sodoma e Gomorra, quando Deus as transtornou.
As Profecias do Tempo do Fim                                             24
Nunca jamais será habitada, ninguém morará nela de geração em
geração" (vs. 19, 20).
     Depois, o profeta acrescenta a dimensão cósmica do dia
apocalíptico do Senhor: "As estrelas dos céus e seus luzeiros não darão
sua luz; e o sol se obscurecerá ao nascer, e a lua não dará seu resplendor"
(V. 10). Deus castigará "ao mundo por sua maldade, e aos ímpios por sua
iniqüidade" (V. 11). Deus fará "estremecer os céus, e a terra se moverá
de seu lugar... no dia do ardor de sua ira" (V. 13).
     Esta é uma descrição de um juízo universal. Por isso, a profecia de
Isaías de condenação sobre Babilônia contém a estrutura de uma
perspectiva tipológica. É claro que o dia apocalíptico do Senhor, com
seus sinais cósmicos e seu terremoto universal, não ocorreu durante a
queda histórica de Babilônia ante os medo-persas no 539 a.C. Aquele
juízo sobre Babilônia serve só como um tipo ou símbolo do juízo final da
humanidade; por esta razão se descrevem os dois juízos como se fossem
um só dia de retribuição divina. A natureza tipológica da queda de
Babilônia da antiguidade não requer que cada rasgo da profecia se
cumpra no tipo. Antes, o cumprimento parcial das antigas profecias de
condenação e liberação indicam que ainda precisam encontrar sua
consumação definitiva. O livro do Apocalipse nos assegura que todas as
profecias antigas de condenação e liberação ocorrerão em escala mundial
por ocasião da segunda vinda de Cristo. Por definição, o antitipo sempre
é maior que o tipo. Por isso encontramos que a característica da profecia
clássica é seu duplo foco, sobre o próximo e o longínquo, sem nenhuma
diferenciação de tempo. Ensina-nos que o Deus do Israel é o Deus da
história. É o rei que vem na história e ao fim da história da humanidade.
Sua vinda traz o fim desta era maligna, para restaurar o reino de Deus
sobre nosso planeta por meio do Jesus Cristo.
     Outra característica vital da profecia clássica são suas preocupações
éticas, seu chamado ao arrependimento e a uma vida santificada. Os
profetas de Israel não fizeram predições incondicionais mas sim
desafiaram tanto ao Israel como aos gentios com a vontade imediata de
As Profecias do Tempo do Fim                                                25
Deus. De fato, as predições divinas satisfazem o propósito mais elevado
de chamar o povo ao arrependimento e a obedecer a vontade de Deus e
dessa forma, evitar o juízo vindouro. O resultado significativo desta
preocupação ética dos profetas do Israel é a segurança de que só um
remanescente do Israel, fiel e purificado, entrará no reino escatológico de
Deus.
     Os profetas anunciaram que só um fragmento ou remanescente da
nação como um tudo seria salva, assim como o "tronco" que fica de uma
árvore (Amós 3:12; 5:14, 15; Ouse. 5:15; 6:1-3; Isa. 4:2-4; 6:13; Jer. 23:3-6).
A razão é que só o remanescente restaurado se voltará para Senhor com
arrependimento verdadeiro (Isa. 10:20-23; Zac. 12:10-13); só um Israel
espiritual dentro do Israel nacional receberá um coração "circuncidado"
(Deut. 10:15, 16; 30:6; Jer. 4:4). A distinção no Antigo Testamento entre
um verdadeiro o Israel de Deus dentro da nação do Israel não se apóia na
relação de raça ou de sangre com Abraão, e sim na fé e na obediência a
Deus. O fator decisivo é possuir a relação espiritual de pacto com Deus.
De acordo com esta teologia do remanescente do Antigo Testamento, o
apóstolo Paulo chegou a esta conclusão: "Porque nem todos os que
descendem de Israel são israelitas" (Rom. 9:6). Seu ensino apostólico
enfatizou que só quando israelitas reconheçam que Jesus é o Messias da
profecia, são os portadores de luz das promessas do novo pacto de Deus.
E enquanto que os gentios são chamados para serem os herdeiros das
mesmas promessas, Paulo insistiu: "Só o remanescente será salvo" (v.
27).

                          Profecia Apocalíptica

     O livro do Daniel forma uma classe de profecia por si mesmo
dentro do Antigo Testamento. Aqui nos encontramos com um fenômeno:
Não se prediz um só evento ou juízo, e sim uma seqüência total de
acontecimentos que começam nos próprios dias do Daniel e se estendem
adiante sem interrupção até o estabelecimento do reino de glória de
As Profecias do Tempo do Fim                                            26
Deus. Um contínuo histórico ininterrupto em profecia, como apresenta
Daniel, não tem precedentes na profecia clássica. Alguns profetas, como
Joel e Ezequiel, revelaram o princípio de uma sucessão de dois períodos
em seus esboços proféticos (Joel 2:28; Ezeq. 36-39), mas nenhum havia
predito uma história contínua religiosa e política do povo do pacto de
Deus terminando com o juízo final do dia do Senhor. Um panorama tão
amplo da história da salvação adiantado é a característica específica da
profecia apocalíptica. Este contínuo apocalíptico na história está em um
marcado contraste com a profecia clássica, com seu dobro foco e sua
perspectiva tipológica futura.
      O segundo aspecto único no livro apocalíptico do Daniel é que
contém uma quantidade de esboços históricos e cada um culmina no
juízo universal do Deus de Israel. Podem distinguir-se 4 séries proféticas
principais (Dan. 2; 7; 8; 11). Cada uma reitera a mesma ordem básica de
acontecimentos, mas todas acrescentam detalhes com respeito ao conflito
do povo do pacto de Deus com as forças que se opõem a Deus.
      Estas visões paralelas mostram um interesse crescente em enfocar a
era do Messias e seu conflito com o antimessias ou o anticristo
(especialmente em Dan. 8 e 9). A idéia chave de cada série profética é o
triunfo do governo de Deus sobre o mal. Portanto, precisamos
compreender que a meta da apocalíptica bíblica não é predizer
acontecimentos específicos da história secular do mundo em si. A
apocalíptica bíblica não é um exibicionismo da presciência de Deus.
Antes, o seu interesse é inspirar esperança entre o oprimido povo de
Deus. Anima-os a perseverar até o fim, porque o Deus fiel do pacto
estabeleceu ao anticristo limite de tempo e poder. Deus vindicará a seus
fiéis na luta entre o bem e o mal. O foco definitivo da apocalíptica
bíblica não é o primeiro advento do Messias e sua morte violenta (Dan.
9:26, 27), e sim seu segundo advento quando voltar como o vitorioso
Miguel para resgatar o remanescente fiel (Dan. 12:1, 2).
      O que forma a culminação de toda a profecia apocalíptica do Antigo
Testamento é este evento final da história da humanidade. É este "fim" o
As Profecias do Tempo do Fim                                             27
que está em vista na singular frase do Daniel: "o tempo do fim" (5 vezes
em Dan. 8-12). Este foco notável do tempo do fim também é a razão de
por que a profecia apocalíptica enfatiza mais o aspecto incondicional do
plano determinado de Deus para a redenção da humanidade. Mas este
aspecto distintivo de determinismo não deve ver-se como um contraste
fundamental com as profecias clássicas do Israel com seu chamado ao
arrependimento.
      As profecias apocalípticas de Daniel se centram ao redor da
libertação final do fiel remanescente do Israel, o povo espiritual do pacto
de Deus, em quem se realizarão finalmente as preocupações éticas de
todos os profetas (Dan. 11:32-35; 12:3; Ezeq. 11:17-20; 18:23, 30-32;
33:11; Isa. 26:2, 3).
      Em Daniel, a preocupação fundamental, tanto dos capítulos
históricos (caps. 1-6) como dos proféticos (caps. 7-12), parece ser a
vindicação que Deus faz de seu santos acusados falsamente. Esta
soberania de Deus como Rei e Juiz está expressa pelo foco centralizado
no Messias que se apresenta em muitos capítulos (Dan. 2; 7; 8; 9; 10-12),
e em suas divisões predeterminadas de tempo da história da redenção
(Dan. 7:25 [3 ½ tempos]; 8:14, 17 [2.300 dias]; 9:24-27 [70 semanas de
anos]; 12:4, 7, 11, 12 ["o tempo do fim", 1.290 e 1.335 dias]).
      Em todos os tempos, Deus proporciona um povo remanescente fiel,
coloca os limites sobre a história pecaminosa deste mundo, permite
tempos especificamente atribuídos para a apostasia e a perseguição,
determina "o tempo do fim", ordena o mundo para a hora de seu juízo
final e levará a cabo a libertação dos santos na segunda vinda. Estes
característicos únicos pertencem à soberania de Deus e constituem a
pedra angular da profecia do Daniel.
      Pode fazer-se uma observação adicional a respeito da parte histórica
do livro de Daniel. Nos capítulos 3 (a liberação do forno de fogo) e 6 (a
liberação do fosso dos leões), os relatos da intervenção divina e o resgate
sobrenatural têm a finalidade de ser mais que simplesmente um pouco de
interesse histórico. O autor do livro chama a atenção a sua inerente
As Profecias do Tempo do Fim                                             28
perspectiva tipológica, em vista da libertação futura do povo
remanescente de Deus ao fim da história da redenção. Isto chega a ser
evidente a partir da repetição enfática do verbo chave "libertar" ou
"resgatar" que se encontra no Daniel 3:15 e 17 (e 5 vezes no capítulo 6),
e que volta a aplicar-se na seção apocalíptica do Daniel 12:1, quando
Miguel "libertará" o verdadeiro o Israel de Deus por meio de sua
intervenção pessoal.
      Além desta conexão literária entre a seção histórica e a apocalíptica
de Daniel, também existe uma correspondência temática fundamental
entre as duas seções do livro. As narrações que Daniel faz da lealdade
religiosa à sagrada lei de Deus por uns poucos fiéis, proporciona os tipos
ou as prefigurações essenciais da natureza da crise final para o povo de
Deus no tempo do fim. Estes acontecimentos históricos no livro de
Daniel servem como o pano de fundo para a crise vindoura do tempo do
fim e seu resultado providencial, tal como se descreve no livro de
Apocalipse (caps. 13 e 14).

                                Resumo

     O livro apocalíptico de Daniel revela ao menos quatro
características únicas:
     (1) Uma repetição dos esboços apocalípticos que mostram um
        contínuo da história da redenção. Cada esboço culmina no
        estabelecimento do reino de glória (Dan. 2:44, 45; 7:27; 8:25;
        12:1, 2);
     (2) O foco centrado no Messias de todos seus esboços (Dan. 2:44;
        7:13, 14; 8:11, 25; 9:25-27; 10:5, 6; 12:1);
     (3) As divisões predeterminadas de tempo, que servem como o
        calendário sagrado da história progressiva da redenção de Deus
        (Dan. 7-12). Estas profecias de tempo únicas determinam o
        começo do famoso "tempo do fim", particularmente a terminação
As Profecias do Tempo do Fim                                          29
       do período de tempo profético dos 2.300 "dias" na visão selada
       de Daniel 8 (vs. 14, 17, 19);
    (4) O aspecto incondicional da história da redenção, o qual recalca
       uma sessão predeterminada de juízo no céu e a vindicação dos
       santos fiéis por um Filho do Homem. Isto também está expresso
       pela imagem de um guerra santa final e o triunfo do Miguel
       como o guerreiro divino, e a ressurreição de todos os mortos para
       receber sua recompensa (Dan. 2:7-12).

     Em resumo, o livro apocalíptico de Daniel contém o fundamental da
profecia clássica (o duplo foco de uma perspectiva tipológica na seção
histórica do livro) e o esboço profético de um contínuo histórico em sua
seção apocalíptica.
     A unidade orgânica da profecia clássica e da apocalíptica pode
observar-se na harmoniosa combinação de sua perspectiva do tempo do
fim: O juízo universal com a libertação cósmica de um povo
remanescente fiel na última guerra entre o bem e o mal, e a restauração
do reino de Deus em paz e justiça eternas.
As Profecias do Tempo do Fim                                            30
A APLICAÇÃO QUE CRISTO FEZ DA BÍBLIA HEBRAICA

     O propósito deste livro é triplo: (1) Descobrir como entendeu Cristo
os livros de Moisés, os Profetas e os Salmos; (2) formular os princípios
hermenêuticos de Cristo para interpretar as profecias da Bíblia; (3)
aplicar esses princípios às profecias não cumpridas, especialmente às do
Apocalipse.
     Como cristãos que acreditam na verdade do evangelho, que Jesus é
o Messias prometido, precisamos saber como entendeu Cristo os livros
de Moisés, os Profetas e os Salmos. Jesus é o verdadeiro intérprete das
Santas Escrituras. Sua mensagem é nossa chave para descobrir o
significado correto do Antigo Testamento. Se queremos compreender o
Antigo Testamento, devemos compreendê-lo do ponto de vista de Deus.
Portanto, nosso ponto de partida é a forma como Jesus explica o Antigo
Testamento. A aplicação que Cristo fez das Escrituras de Israel é nosso
modelo de interpretação bíblica. Nosso princípio guiador está apoiado
sobre a convicção de que a atividade redentora de Deus na história do
Israel alcançou seu cumprimento em Cristo. Portanto, trataremos de
interpretar o Antigo Testamento à luz da vida e mensagem de Cristo
como a Palavra encarnada de Deus, pois só dele se escreveu o seguinte:
     "No princípio era o Verbo, e o Verbo era com Deus, e o Verbo era
Deus. Ele estava no princípio com Deus... E o Verbo foi feito carne, e
habitou entre nós" (João 1:1, 2, 14).

                      Jesus e a Palavra de Deus

     Deus enviou ao Jesus para revelar plenamente ao Deus do Israel em
sua vida e ensino. Cristo afirmou que foi enviado com uma mensagem de
Deus e que suas palavras procediam de Deus mesmo:
     "Porque eu não tenho falado por mim mesmo, mas o Pai, que me
enviou, esse me tem prescrito o que dizer e o que anunciar. E sei que o seu
As Profecias do Tempo do Fim                                             31
mandamento é a vida eterna. As coisas, pois, que eu falo, como o Pai mo
tem dito, assim falo" (João 12:49, 50).
     "Nada faço por mim mesmo; mas falo como o Pai me ensinou (João
8:28).
      Só Cristo pode revelar o significado e o sentido algumas vezes
oculto da Escritura e da história do Israel. Tanto os judeus como os
samaritanos esperavam que viesse o Messias, pois ele "nos explicará isso
tudo" (João 4:25, NBE). Sem vacilação, Jesus declarou: "Eu sou, o que
fala contigo" (v. 26). "Jesus lhes disse: De certo de certo lhes digo: Antes
que Abraão existisse, eu sou" (8:58).
      O testemunho da autoridade de Jesus como o Messias se repete
várias vezes no Novo Testamento (ver João 1; Col. 1 e 2; Heb. 1), e é de
crucial importância para compreender as visões simbólicas do
Apocalipse de João. No último livro da Bíblia, as imagens e os símbolos
hebreus se aplicam consistentemente a Cristo e a sua nova comunidade
do pacto como o novo Israel.
      É evidente a necessidade que existe de ter um enfoque correto do
Apocalipse. Primeiro devemos conhecer a verdade do evangelho de
Cristo como foi ensinada por Jesus antes que possamos compreender o
Apocalipse. Em interpretação profética, freqüentemente se descuidou o
método adequado. É indispensável reconhecer a natureza progressiva e
desdobrada da revelação divina dentro da Bíblia.
      Deve permitir-se que os livros do Antigo Testamento nos contem
sua própria mensagem, mas não como se fossem a última palavra de
Deus. As Escrituras Hebraicas não são um cânon fechado da Escritura.
Formam um registro incompleto da totalidade da revelação divina. Em
sua major parte apresentam as promessas de Deus de um Messias
vindouro como o maior dos profetas, o Rei supremo e o único Supremo
Sacerdote. O Antigo Testamento termina com a promessa do Elias
vindouro antes do dia de Jeová (Mal. 4:5, 6). Por outro lado, os escritos
inspirados do Novo Testamento registram o começo dos cumprimentos
das promessas messiânicas na vinda de Cristo (o Messias) Jesus, e em
As Profecias do Tempo do Fim                                            32
sua criação de uma nova comunidade messiânica: os cristãos (um nome
que significa "povo do Messias").
     O Apocalipse de João se concentra especialmente na gloriosa
consumação de todas as realizações. Para receber uma compreensão
mais profunda de Moisés, os Profetas e os Salmos, devemos aceitar o
ensino de Cristo e seus apóstolos como a verdadeira interpretação das
profecias e dos tipos hebraicos. O Novo Testamento funciona como a
revelação final da verdade de Deus tal como se ensina nestas palavras
apostólicas:
     "Deus, tendo falado muitas vezes e de muitas maneiras em outro
tempo aos pais pelos profetas, nestes últimos dias nos falou pelo Filho, a
quem constituiu herdeiro de tudo, e por quem deste modo fez o
universo" (Heb. 1:1, 2).
     Assim como o Filho de Deus é imensamente maior que qualquer
profeta de Israel, assim a palavra de Cristo é a norma para interpretar os
escritos do Antigo Testamento. Jesus ensinou que as Escrituras
Hebraicas estavam centradas na promessa messiânica. Sua especial
preocupação foi ensinar aos judeus que a Escritura não é um fim em si
mesma, que memorizar as palavras da Sagrada Escritura não produz
méritos. O propósito da Escritura é levar a Cristo! "Vós perscrutais as
Escrituras, porque julgais ter nelas a vida eterna; ora, são elas que dão
testemunho de mim; vós, porém, não quereis vir a mim para terdes a
vida" (João 5:39, 40, BJ).
     Segundo Jesus, a Bíblia Hebraica está centrada em Cristo. Portanto,
é essencial para um cristão descobrir o novo método com o qual Cristo
explicou o Antigo Testamento. Dois dos discípulos de Jesus foram
privilegiados para ouvir o Cristo ressuscitado explicar-lhes todas as
Escrituras que se referiam a ele (Luc. 24:25-27). Como resultado, seus
corações começaram a arder com um novo entusiasmo. Cristo "abriu-
lhes o entendimento para que compreendessem as Escrituras". Mostrou-
lhes como "era necessário que se cumprisse tudo o que está escrito de
mim, na lei de Moisés, nos profetas e nos salmos" (Luc. 24:44, 45).
As Profecias do Tempo do Fim                                       33
     A pergunta provocadora para nós é: Podemos chegar a saber como
interpretou Jesus o Antigo Testamento numa forma centrada em Cristo?
Podemos descobrir a hermenêutica de seu enfoque cristocêntrico? Se
podemos estabelecer os princípios hermenêuticos de Jesus para a
profecia cumprida, saberemos como entender a profecia não cumprida,
especificamente as profecias apocalípticas de Daniel e Apocalipse.

               A Nova Revelação de Jesus o Messias

      Para Jesus, as profecias messiânicas não eram predições isoladas,
senão uma parte do extenso plano de Deus para a redenção do homem.
Inclusive viu a história de Israel como uma série de eventos redentores
que prefiguravam a grande salvação operada pelo Messias. Portanto,
Cristo reconheceu que as promessas de Deus lhe foram dadas em dois
níveis a Israel: tanto mediante predições verbais como mediante tipos
históricos de libertação e juízo. Na Bíblia, um "tipo" é um acontecimento
histórico, ou uma pessoa ou uma instituição, ordenado por Deus para
prefigurar uma verdade redentora de Cristo. Jesus aplicou publicamente
à sua pessoa a missão de Isaías de pregar as boas novas de Deus, de sarar
as feridas de Israel e de pôr em liberdade aos oprimidos (Luc. 4:17-21 e
Isa. 61:1, 2).
      Entretanto, o que pôde ter deixado ainda mais pasmados os judeus
foi a surpreendente declaração de Jesus de que ele era o Antítipo
prometido ou a consumação de todos os profetas, dos reis e da mediação
sacerdotal de Israel:
      "E eis aqui está quem é maior do que Jonas" (Mat. 12:41).
      "E eis aqui está quem é maior do que Salomão" (Mat. 12:42).
      "Aqui está quem é maior que o templo" (Mat. 12:6).
      Jesus incluso declarou que sua morte abnegada proveria o "sangue
do novo pacto, que por muitos é derramado" (Mar. 14:24). Por todas
estas afirmações, Jesus introduziu no judaísmo a assombrosa idéia de
que tinha chegado o tempo dos antítipos. Apresentou-se a si mesmo
As Profecias do Tempo do Fim                                          34
como a realidade à qual apontavam todos os símbolos das instituições
redentoras do Israel. Por conseguinte, anunciou solenemente na sinagoga
que nele tinha começado a idade messiânica ou o ano do jubileu
(libertação). Tendo citado a promessa messiânica do Isaías 61:1, disse:
"Hoje se cumpriu esta Escritura diante de vós" (Luc. 4:21). Apontou seu
triunfo sobre os demônios como uma prova de que o governo de Deus
agora estava presente em Israel: "Mas se eu pelo Espírito de Deus
expulso os demônios, certamente chegou o reino de Deus" (Mat. 12:28).
      Onde se rechaça a Satanás, o reino de Deus se faz manifesto. Com
Jesus entrou em operação o princípio salvífico soberano de Deus. Em
outras palavras, com a primeira vinda de Cristo se inaugurou o tempo
escatológico. "O tempo está cumprido", disse Jesus, "e o reino de Deus
está próximo; arrependei-vos e crede no evangelho" (Mar. 1:15). Tinha
terminado o tempo de espera para o reino de Deus, e tinha começado o
tempo do reinado de Deus no ministério de Cristo. Jesus é o iniciador do
reino da graça de Deus. Como o Rei-Messias, representa o reino de
Deus; como o doador da misericórdia divina, é o Mediador sacerdotal do
reino de Deus. Em qualquer lugar que Cristo está presente, o reino de
Deus irradia seu poder.
      Jesus assegurou: "Eis que o reino de Deus está entre vós" (Luc.
17:21). A graça de Deus está dentro do alcance do homem onde quer que
Jesus é proclamado como o Messias. Esta é a essência do evangelho. A
verdade de que o Cristo ressuscitado é Senhor e está sentado à mão
direita do trono de Deus, foi respaldado no dia de Pentecostes pelo
derramamento do Espírito. O apóstolo Pedro anunciou então que os
"últimos dias" tinham chegado, que tinham começado os dias do reinado
espiritual de Cristo (At. 2:17; cf. Heb. 1:2).

              Cristo, o Representante do Novo Israel

     Que Jesus afirmasse ser o Messias da profecia não deve obscurecer
o fato de que o Messias também foi designado para ser o perfeito
As Profecias do Tempo do Fim                                          35
representante de Israel. O pacto de Deus com Israel tem que realizar-se
em obediência perfeita ao Messias. Como a personificação de Israel, o
profeta descreve a Cristo como "o servo do Senhor" assim como Israel
tinha sido designado o servo do Senhor (Isa. 42-53). Assim como Israel,
Cristo também foi chamado "Filho" de Deus (Êxo. 4:22; Isa. 42:1; Mat.
3:17). Jesus foi enviado para suportar a mesma enxurrada de provas que
teve Israel, para vencer onde Israel tinha fracassado. Depois de seu
batismo, esteve durante 40 dias no deserto para ser tentado pelo diabo e
assim igualar simbolicamente os 40 anos que Deus provou os israelitas
no deserto (Deut. 8:2; Mat. 4:1).
     A maioria dos eruditos do Novo Testamento reconhecem que Jesus
se viu a si mesmo, em um sentido tipológico, como o novo Israel. Este
tinha falhado, mas Jesus cumpriu o pacto de Deus em favor de Israel e da
humanidade. Desta forma, a história de Israel alcança um cumprimento
feliz em Cristo. Portanto, de decisiva importância para o correto
entendimento da profecia de Israel e do livro do Apocalipse é a verdade
do Novo Testamento de que Jesus Cristo incorpora Israel e dessa
maneira leva a missão de Israel a um fim em sua própria vida.
     O rechaço pela nação judaica dos sofrimentos, morte e ressurreição
de Cristo não foram tragédias inesperadas que frustrassem o plano de
salvação de Deus para a humanidade. Deus não depende dos judeus para
o cumprimento de suas promessas. Depende do Messias. O profeta tinha
assegurado: "A vontade do Senhor será em sua mão prosperada" (Isa.
53:10). Pedro disse que o que aconteceu com Jesus na cruz e em sua
ressurreição, ocorreu "por conselho e antecipado conhecimento de Deus"
(At. 2:23). Dois exemplos do livro de Salmos ilustram como Jesus soube
o que tinha que esperar na providência de Deus.
     Cristo percebeu nas experiências do rei Davi uma prefiguração de
suas próprias provas e rechaço por parte de Israel. Jesus recorreu
especificamente a Salmos 41:9 para revelar sua intuição de que a traição
de Davi por seu amigo em quem confiava era um tipo dos sofrimentos do
Messias, que era maior que Davi (ver João 13:18-27). No momento de
As Profecias do Tempo do Fim                                          36
sua agonia mais profunda na cruz, Cristo clamou a grande voz: "Meu
Deus, Meu deus, por que me desamparaste?" (Mat. 27:46; Mar. 15:34).
Estava citando Salmos 22:1, que Davi tinha clamado em seu próprio
desespero enquanto estava rodeado por seus inimigos sedentos de
sangue. Como o salmo é uma unidade que consiste de uma lamentação
prolongada sobre o sofrimento intenso (vs. 1-21), Cristo viu na
experiência do Davi um tipo de sua própria agonia. Muitos comentadores
não consideram a lamentação histórica de Davi no Salmo 22 como uma
profecia diretamente messiânica, não obstante, Cristo e os escritores do
Novo Testamento aplicam muitos aspectos do Salmo 22 à cruz e à glória
que seguiu.
     Este modelo surpreendente de tipologia no livro de Salmos, que foi
trazido à luz por Jesus Cristo, justifica que salmos como este se
classifiquem como profecias messiânicas.
     O propósito de tais entrevistas do Novo Testamento não é
simplesmente para mostrar de que maneira se cumpriram com toda
exatidão na vida de Jesus as predições messiânicas ocultas, mas sim para
proclamar a Jesus como a meta da história de Israel e como a realização
do pacto que Deus tinha feito com eles.
     Os escritores dos Evangelhos declaram com freqüência que os
eventos do passado de Israel se "cumpriram" na vida de Cristo. Mateus
cita o profeta Oséias, "do Egito chamei a meu filho" (Ouse. 11:1), o que
recordava a Israel seu êxodo histórico do Egito. Mateus aplica estas
palavras à fuga do José e Maria para o Egito até a morte de Herodes:
"Para que se cumprisse o que disse o Senhor por meio do profeta,
quando disse: Do Egito chamei o meu Filho" (Mat. 2:15). O aspecto da
entrevista de Mateus é que a Escritura de Oséias se "cumpriu" no menino
Jesus. Entretanto, as palavras de Oséias não foram uma profecia, a não
ser um recordativo significativo da experiência histórica de Israel como
"filho" de Deus (cf. Êxo. 4:22). Então, como pôde declarar Mateus que
Oséias 11:1 se "cumpriu" em Jesus? Pela mesma razão fundamental com
As Profecias do Tempo do Fim                                           37
que justificou a interpretação messiânica das experiências do Davi (ver
Sal. 41:9 e 22:1).
     Como o Filho de Deus, Cristo não só representa o Israel ante Deus,
mas também representa o destino de Israel em sua própria vida. Mateus
ensina que o significado da história de Israel se revela completamente na
vida de Jesus Cristo. Desta maneira, o Novo Testamento insinua com
força que os acontecimentos na vida de Jesus – como seu nascimento em
Belém, sua morte humilhante, sua ressurreição e exaltação à direita de
Deus – não foram eventos imprevistos ou acidentais. Todos formaram
parte do determinado conselho de Deus (ver At. 2:23; 4:28).
As Profecias do Tempo do Fim                                          38
         COMO CRISTO EMPREGOU OS SÍMBOLOS
                  APOCALÍPTICOS

     Como observamos no primeiro capítulo, Jesus viveu em um tempo
quando a esperança judia de uma pronta vinda de um Messias político se
intensificou grandemente. Uma quantidade de escritos apocalípticos, sob
nomes falsos ou pseudônimos, circulavam com grande profusão, e
mantinham a esperança messiânica candente aplicando a mensagem do
juízo de Daniel e de outras passagens proféticas a seu próprio tempo e
situação. Os títulos de algumas destas obras pseudoepigráficas são: 4
Esdras, 1 Enoc, Apocalipse de Baruque, Livro dos Jubileus.
     Os termos "apocalíptico" e "apocalipticismo" foram usados mais
tarde pelos eruditos para indicar as escatologias especulativas e
contraditórias contidas nesses escritos do judaísmo tardio. As três
características dominantes desse apocalipticismo judeu foram as
seguintes: (1) O juízo cósmico-universal em torno do Israel nacional ou a
um fiel remanescente judeu; (2) a substituição súbita da presente era
pecaminosa pela criação de um mundo sem pecado e um novo cosmos; e
(3) o fim predeterminado deste mundo pecaminoso e a vinda iminente do
Messias. Esta urgência freqüentemente estava apoiada por cálculos
contraditórios de períodos de tempo na história mundial.
     A maioria dos escritores apocalípticos acreditavam que o fim desta
era pecaminosa estava perto, e que ocorreria em sua geração. Também
acreditavam que eles eram os verdadeiros intérpretes dos profetas
canônicos de Israel com respeito à sua própria crise. Um exemplo
notável foi a comunidade de Qumran, cujo fundador e professor ensinou
que a predição de Habacuque de um remanescente do povo de Deus que
sobreviveria (Hab. 2:4) estava cumprindo-se em sua própria e única seita
nas cavernas do Mar Morto.
     Contra o fundo desta esperança iminente comum do judaísmo do
século I de nossa era, o emprego que Jesus fez de alguns símbolos
apocalípticos bem conhecidos chega a ser mais significativo. Mostra o
As Profecias do Tempo do Fim                                           39
enfoque inovador da mensagem do evangelho que proclamou Jesus.
Cristo deu novo significado a termos apocalípticos tão populares como:
"Filho do Homem", "juízo", "vida eterna e ressurreição", "reino de
Deus", "esta era e a era por vir". Todas estas expressões eram mais ou
menos termos técnicos nos esquemas apocalípticos do judaísmo tardio.
A mensagem de Jesus surpreendeu os judeus de seu tempo porque deu a
cada símbolo apocalíptico um novo significado messiânico ou
cristocêntrico que despedaçou seus sistemas escatológicos. Os odres
velhos não podiam conter o espumoso vinho novo de sua mensagem de
um cumprimento presente em si mesmo (ver Luc. 5:37, 38).
      A conexão mais dramática do Jesus com o livro do Daniel e os
escritos judeus tardios foi sua autodesignação explícita como "o Filho do
Homem" (65 vezes nos Evangelhos sinóticos e 12 vezes no quarto
Evangelho). Ele se aplicou este titulo em forma consistente. Era a forma
própria como Jesus se referia a si mesmo. O emprego extraordinário que
Jesus fez deste símbolo convenceu em forma geral à erudição bíblica de
nosso tempo de que Cristo adotou o termo apocalíptico "um como o filho
de homem", da visão do Daniel 7:13 e 14, e o elevou a um título
messiânico. As similitudes do livro 1 Enoc 37-71 e a sexta visão em 4
Esdras 13 (ambos os documentos pós-cristãos) refletem como alguns
círculos apocalípticos judeus interpretavam o personagem daniélico
"filho de homem": um Messias preexistente e celestial que viria à terra
como o Juiz de toda a humanidade e governaria sobre um novo reino
terrestre.
      A questão é: Como empregou Jesus o título e o que contido colocou
nesta expressão apocalíptica, o "Filho do Homem"? Jesus explicou que
seus milagres de cura ele os fez com um propósito mais elevado: "Para
que saibam que o Filho do Homem tem potestade na terra para perdoar
pecados" (Mar. 2:10). Mas, como pôde ser Jesus ao mesmo tempo o
humilde Filho do Homem e o glorioso ser preexistente da visão de
Daniel? O mistério se intensificou quando Jesus começou a dizer que o
As Profecias do Tempo do Fim                                             40
Filho do Homem celestial "devia" sofrer e ser morto, e que ressuscitaria
depois de três dias (Mar. 8:31; 9:31; 10:33, 34).
     Entretanto, sua declaração mais profunda foi: "Porque o Filho do
Homem não veio para ser servido, mas para servir, e para dar a sua vida
em resgate por muitos" (Mar. 10:45). Aqui Jesus se identificou com o
servo sofredor de Isaías 53, que morreria para o benefício de todos. Ao
fazê-lo, Jesus fundiu o servo sofredor da profecia de Isaías com o Filho
do Homem da visão do Daniel. Por assim dizê-lo, esvaziou o conteúdo
do servo sofredor no personagem apocalíptico do Filho do Homem. Tal
combinação de dois personagens messiânicos em profecia era
desconhecido. Aos judeus parecia algo completamente paradoxal. Foi a
idéia criadora de Jesus introduzir esta reinterpretação radical do Filho do
Homem daniélico. Cristo viu sua missão como Messias em forma
completamente diferente a todas as expectativas messiânicas no
judaísmo. Colocou sua missão de um Messias sofredor e moribundo
dentro da estrutura apocalíptica de Daniel. Entretanto, a maior surpresa
dos judeus foi o escutar que este humilde filho de um carpinteiro
afirmava ser o apocalíptico Filho do Homem, não só em seus dias, mas
também no juízo final. Considere estas afirmações de Jesus (as ênfases
são minhas):
      "Porque o que se envergonhar de mim e de minhas palavras nesta
geração adúltera e pecadora, o Filho do Homem se envergonhará também
dele, quando vier na glória de seu Pai com os santos anjos" (Mar. 8:38).
      "Então verão o Filho do Homem, vindo sobre as nuvens com grande
poder e glória" (13:26).
      "Tornou a interrogá-lo o sumo sacerdote e lhe disse: És tu o Cristo, o
Filho do Deus Bendito? Jesus respondeu: Eu sou, e vereis o Filho do
Homem assentado à direita do Todo-Poderoso e vindo com as nuvens do
céu" (14:61, 62).
     Nestas declarações dramáticas, Jesus afirmou que a profecia do
Daniel 7 até esperava seu cumprimento futuro e apocalíptico quando
Deus julgue a todos os homens, mas que o Filho do Homem daniélico já
tinha aparecido com outro propósito: trazer salvação da escravidão do
As Profecias do Tempo do Fim                                            41
pecado. Cristo declarou claramente que ele, como o Filho do Homem,
tinha descido "do céu" (João 3:13), e que "os anjos de Deus... sobem e
descem sobre o Filho do Homem" (1:51). Dessa maneira Cristo ensinou
que tinha estabelecido em Israel uma nova comunicação entre o céu e a
terra por sua autoridade divina (3:31; 6:62). Isto também envolve sua
missão para julgar ao Israel em nome de Deus: "E [Deus] também lhe
deu autoridade de fazer juízo, porquanto é o Filho do Homem" (5:27),
embora o propósito da primeira vinda do Jesus foi explicitamente
salvação e não juízo no sentido de condenação (3:17; 12:47).
     Não obstante, João pôde também informar que Jesus veio ao mundo
para um juízo presente: "Para juízo vim eu a este mundo; para que os que
não vêem, vejam, e os que vêem, sejam cegados" (João 9:39). Esta classe
de juízo ou processo de sacudidura era inerente ao oferecimento da
salvação de Cristo, oferecimento que implica necessariamente juízo. Os
que rechaçam o dom de Deus de Jesus o Messias, pronunciaram
indevidamente seu próprio juízo. Escolheram ser condenados. O
evangelho de Cristo separa aos que aceitam o oferecimento da graça
daqueles que o rechaçam (ver João 3:18-21; 5:24). A presença de Cristo
produz um tempo escatológico de decisão, e esse tempo é agora. Cada
pessoa está compelida a rechaçá-lo ou a reconhecê-lo, e assim determina
de antemão o veredicto do juízo final sobre si mesmo. Cristo considera
como de importância decisiva o que o confessemos como o Filho do
Homem. Por isso, ao cego a quem tinha sarado perguntou: "Crês tu no
Filho do Homem?" (João 9:35). Desse modo Jesus deu a tal pessoa uma
revelação mais elevada de si mesmo. Jesus revelou que era o Messias
celestial de que se falava no livro de Daniel, que viria nas nuvens do céu
ao "Ancião de dias" para receber a glória e o domínio e o reino sobre
todos os povos (Dan. 7:14). Este conhecimento conduz a uma fé mais
amadurecida em Jesus.
     O ponto importante nos quatro Evangelhos é a mensagem em que
Cristo se referiu à missão do Filho do Homem em uma forma dupla: com
respeito a um cumprimento presente e terreno, e também a uma
As Profecias do Tempo do Fim                                      42
consumação cósmica futura. Em outras palavras, Cristo explicou que o
apocalíptico Filho do Homem de Daniel teve um cumprimento histórico
em salvação e juízo desde seu humilde primeiro advento, enquanto que
também olhou para o futuro, à consumação em salvação e juízo em seu
segundo advento. Em resumo, o juízo de Deus, a vida eterna e a
ressurreição por meio do Filho do Homem são tanto presente como
futuras. Esta dupla aplicação está expressa no Evangelho de João por
meio desta frase peculiar:
      "Vem a hora, e agora é, quando os mortos ouvirão a voz do Filho de
Deus; e os que a ouvirem viverão. Porque como o Pai tem vida em si
mesmo, assim também deu ao Filho o ter vida em si mesmo" (João 5:25, 26;
ver também 4:23 e 16:32).
     Quão surpreendente é que Jesus ensinasse que não é suficiente crer
que haverá uma ressurreição no último dia, como se promete em Daniel
12:2. Sua nova mensagem foi: "Eu sou a ressurreição e a vida; quem crê
em mim, ainda que esteja morto, viverá. E todo o que vive e crê em mim,
não morrerá eternamente" (João 11:25, 26). Em outras palavras, a vida
futura no glorioso reino de Deus está à nossa disposição pela fé em
Cristo agora como uma qualidade espiritual de vida.
     Um emprego duplo similar da terminologia apocalíptica pode ver-se
na forma em que Jesus aplica os conceitos do reino de Deus e sua "era"
(aion) correspondente. Ambas idéias estão combinadas na proclamação
de Jesus: "O tempo está cumprido, e o reino de Deus está próximo;
arrependei-vos e crede no evangelho" (Mar. 1:15; cf. Mat. 3:2; 4:17;
5:17). O chamado de Cristo parece estar motivado por uma urgência
apocalíptica da vinda do reino de Deus, e muito bem pode estar inspirado
na profecia de tempo messiânico das 70 semanas do Daniel 9.
(Particularmente Daniel 2 e 7 prometem a vinda do reino de Deus; Dan.
2:44, 45; 7:27.)
     O conceito de Jesus do reino universal de Deus também era parte
das Escrituras. Estas ensinavam que Jeová, o Deus de Israel, é agora Rei
e chegará a ser Rei no futuro "sobre toda a terra" (Núm. 23:21; Deut.
As Profecias do Tempo do Fim                                            43
33:5; Sal. 103:19; Isa. 6:5; Dan. 2:44; 4:3; Isa. 24:23; Zac. 14:9). Além
disso, os profetas haviam predito que um filho de Davi chegaria a ser o
Rei de Israel e que, como o Messias do mundo, representaria o governo
régio de Jeová para sempre (2 Sam. 7:12-16; Sal. 2:7-9; 132:11-18; Isa.
9:7; 11 :1-5; Miq. 5:2; Dan. 7:14, 27).
     Como já indicamos no capítulo I, o judaísmo farisaico tinha
desenvolvido a esperança de que nos últimos dias o Messias viria no
tempo indicado por Deus, subiria ao trono de Israel e por seu poder
quebrantaria aos príncipes injustos, purificaria a Jerusalém de gentios,
quebrantaria toda sua solidez com vara de ferro e, por último, submeteria
todas as nações da terra a seu governo.
     Na pregação de Cristo, o reino de Deus foi o conceito principal. Seu
ensino do reino de Deus, sua proximidade, tal como está representada
por sua própria vida, seu ministério de cura e seu domínio sobre os
demônios, revolucionaram o apocalipticismo judeu que tinha perdido
toda esperança de que Deus reinasse no presente histórico. O primeiro
advento de Cristo não foi o fim do tempo a não ser o poder régio de
Deus que pôde "atar" a Satanás e liberar os homens do poder do mal (ver
Mat. 12:29). Jesus insistiu em afirmar que nele o reino dos céus se
aproximou como uma soberania espiritual de Deus que agora estava
ativa em seu oferecimento messiânico de graça e seu domínio sobre os
demônios; uma realidade totalmente diferente do que esperavam os
rabinos judeus e os escritores apocalípticos, pois seu reino não era deste
mundo (João 18:36).
     Em resumo, a mensagem de Jesus é que em sua própria pessoa
Deus invadiu a história humana e triunfou sobre o mal. Ao mesmo
tempo, Cristo ensinou que a liberação final viria no fim do tempo, em
sua segunda vinda (Mat. 6:10; 13:41-43; 16:27; 19:28; 25:31).

    A nova idéia que Jesus apresentou foi que tanto no presente como
no futuro reino de Deus ele intervém como Filho do Homem, e em
conexão com isto aplicou a terminologia apocalíptica de "as duas eras" à
As Profecias do Tempo do Fim                                           44
sua nova estrutura escatológica. Enquanto que os apocalipticistas
conceberam um dualismo claro de duas eras ou períodos nos quais a
futura era isenta de pecado substituiria por completo a esta era
pecaminosa, Cristo ensinou que com seu ministério tinha começado a era
messiânica e a salvação. Ao mesmo tempo reconheceu que "a era
vindoura" começaria só com a ressurreição dos mortos (Luc. 20:34-36).
     A identificação por parte do Jesus da era messiânica com "esta era"
(Mar. 10:29, 30) destruiu a idéia básica da doutrina das duas eras dos
apocalipticistas. A ênfase de Cristo em sua mensagem foi chamar o
arrependimento (metanoia) e aceitá-lo como Senhor e Messias (Mat.
4:17; 19:21), condição básica para entrar no reino de Deus no momento
presente. Desta forma, a paz e o gozo messiânicos serão experimentados
já agora na alma (João 15:11; 16:33). Esta tensão entre a escatologia
inaugurada e a escatologia apocalíptica, entre o reino da graça e o reino
da glória, entre o "já" e o "ainda não", é característica da mensagem do
evangelho do Novo Testamento em sua totalidade.
     O evangelho não é simplesmente as boas novas a respeito da obra
de Cristo no passado ou no futuro. Os poderes da era vindoura já
invadiram esta era em forma dramática desde o Pentecostes, e agora os
verdadeiros crentes "provam" dos poderes do século vindouro mediante
Cristo (Heb. 6:5). Esta verdade do evangelho dissipa o desespero do
apocalipticismo judeu. Os apóstolos afirmaram que a história da
salvação entrou agora na era messiânica, ou os "últimos dias", no qual o
poder libertador do Espírito de Deus está totalmente à disposição de
todos os que se encontram em Cristo Jesus (Heb. 1:1, 2; At. 2:17-39).
As Profecias do Tempo do Fim                                           45
A INTERPRETAÇÃO QUE OS APÓSTOLOS FIZERAM DO
          CUMPRIMENTO DA PROFECIA

      A aplicação que faz Pedro da profecia do Joel é altamente
instrutiva. O apóstolo aplica a promessa do Espírito de Deus profetizada
pelo Joel ao derramamento pentecostal do Espírito Santo sobre os judeus
cristãos reunidos em Jerusalém. Pedro cita a predição do Joel de um
futuro derramamento do Espírito (Joel 2:28) e ato seguido assinala a
experiência presente como o cumprimento "nos últimos dias",
declarando: "Isto é o dito pelo profeta Joel" (At. 2:16). Um olhar mais
detalhado aos assuntos mencionados no esboço profético do Joel expõe o
problema seguinte: por que anunciou Pedro o cumprimento histórico dos
"últimos dias" no dia de Pentecostes? Pedro citou Joel 2:28-32 embora
algumas dos sinais preditos ainda não se cumpriam visivelmente,
incluindo as seguintes: (1) "Toda carne" incluso no tinha recebido o
derramamento milagroso do Espírito, porque só 12 apóstolos, ou no
máximo 120 crentes, tinham-no recebido (At. 1:15); (2) os sinais
milagrosos de "sangre, fogo e colunas de fumaça" parecem incluir mais
que as "línguas de fogo" assentadas sobre cada um dos discípulos,
sacudidos por um vento robusto; e (3) os sinais cósmicos do sol e da lua,
no melhor dos casos só se cumpriram parcialmente, até se se aceita o
obscurecimento do sol por três horas durante a crucificação como um
dos sinais (Mat. 27:45).
      Isto nos leva a um princípio básico de interpretação apocalíptica na
mensagem apostólica: O cumprimento em Pentecostes constitui só uma
escatologia parcialmente realizada. Do ponto de vista apostólico, o
cumprimento dos "últimos dias" não requer um cumprimento imediato
de cada detalhe. O cumprimento se enfoca na realização messiânica da
promessa de Deus na história da salvação. O derramamento do Espírito
demonstrou ser a indicação nesta terra da coroação do Jesus ressuscitado
como o Rei-Sacerdote no céu (At. 2:33, 36). Em outras palavras, o
cumprimento não requer a verificação de cada detalhe da profecia na
As Profecias do Tempo do Fim                                          46
história presente. O cumprimento está determinado pelo progresso da
história da salvação no ministério de Cristo e seus apóstolos.
      Agora se tinha aberto um novo caminho de salvação para todo
aquele que invocar o nome do Senhor Jesus (At. 2:21; ver também Rom.
10:9-13; 1 Cor. 1:2). Era-a escatológica do Joel tinha sido inaugurada
pelo reinado do Jesus Cristo. O que podemos dizer das características
universais ("toda carne") e cósmicas ("sol" e "lua") da perspectiva do
futuro que anuncia Joel? Estas assinalam à consumação e ao fim da era
cristã, quando Cristo volte pela segunda vez. Estes aspectos
apocalípticos não se cumpriram nos dias do Pedro. Ao aplicar Joel 2,
Pedro ressaltou que o Cristo ressuscitado era a fonte do derramamento
do Espírito. Além disso assinalou que o Espírito é dado baixo a condição
de ter fé no Jesus como o Messias:
      "Respondeu-lhes Pedro: Arrependei-vos, e cada um de vós seja
batizado em nome de Jesus Cristo para remissão dos vossos pecados, e
recebereis o dom do Espírito Santo. Pois para vós outros é a promessa,
para vossos filhos e para todos os que ainda estão longe, isto é, para
quantos o Senhor, nosso Deus, chamar" (At. 2:38, 39).
      A distribuição do Espírito sobre o Israel crente em Cristo pelo
Senhor ressuscitado está no próprio coração da mensagem apostólica do
evangelho. Isto ensina que o primeiro princípio de interpretação
profética dos apóstolos está determinado por um cumprimento em Cristo
(o cumprimento cristológico), e por extensão, na igreja de Cristo (o
cumprimento eclesiológico). Isto nos leva a uma característica final da
aplicação que Pedro fez da profecia do Joel: O derramamento do Espírito
de Cristo sobre a terra iniciou os "últimos dias" (At. 2:16).
      O conceito de "os últimos (ou últimos) dias" é usado
freqüentemente pelos profetas do Antigo Testamento, mas no Novo
Testamento recebe uma qualidade messiânica ou cristológica, porque
agora Cristo veio na plenitude do tempo (Gál. 4:4). Seu Espírito doador
de vida começou a ser derramado sobre toda carne (ver João 7:37-39). A
idéia dos "últimos dias" não se refere a uma quantidade de tempo, a não
As Profecias do Tempo do Fim                                          47
ser a uma qualidade no tempo, ao começo da era messiânica em
contraste com o tempo dos profetas do Israel (cf Heb. l:1, 2).
      A verdade apostólica da chegada dos "últimos dias" implicava que
tinha chegado "a consumação dos séculos" da era do velho pacto (Heb.
9:26; 1 Ped. 1:20; 1 Cor. 10:11). Este anúncio do fim da velha dispensa e
do começo dos "últimos dias" messiânicos envolve um rechaço das
divisões de tempo do apocalipticismo judeu e uma volta ao conceito
profético que insígnia que Deus domina o tempo e a história.
      "Anjos, principados e autoridades", inclusive "todas as coisas",
estão submetidas a Cristo (F. 1:20-22; 1 Ped. 3:22). Até às autoridades
políticas as designa como servos de Deus para governar à humanidade
(Rom. 13:4; diákonos; 13:6, leitourgós; ver também João 19:11). Com
orações de petição, intercessão e agradecimento, a igreja está chamada a
submeter-se "por causa do Senhor" aos protetores políticos da lei e a
ordem na sociedade humana (Rom. 13:1; 1 Ped. 2:13-17; 1 Tim. 2:1-3).
Esta atitude positiva para a história por parte da igreja apostólica está
bem compendiada pelo R. Bauckham:
      "O significado da história presente foi garantido pelos escritores do
Novo Testamento por meio de sua crença de que na morte e a ressurreição
do Jesus, Deus já tinha atuado em uma forma escatológica; a nova era tinha
invadido a velha; a nova criação estava em marcha, e o período intermédio
da superposição das foi estava ocupado com a missão escatológica da
igreja".1

     A Unidade Orgânica dos Cumprimentos Cristológicos e
                       Eclesiológicos

     O sentido de missão dos apóstolos estava enraizado na convicção
incomovível de que Cristo os tinha designado como os líderes de um
novo o Israel para cumprir a vocação da nação judia: ser a luz da
salvação divina para todo mundo (Mat. 21:43; Luc. 12:32; 1 Ped. 2:9,
10). Para sua comissão de pregar o evangelho, Paulo e Barnabé apelaram
à profecia do Isaías, a qual comissionava ao Servo do Jeová: "Também
As Profecias do Tempo do Fim                                          48
te dava por luz das nações, para que seja minha salvação até o último da
terra" (Isa. 49:6). Paulo citou esta chamada divina e sua missão aos
judeus em seu sermão na sinagoga do Pisídia da Antioquia, e o aplicou
diretamente a sua missão apostólica: "Porque assim nos mandou o
Senhor" (At. 13:47; cf. 26:23).

     Isto significa que o cumprimento cristológico das profecias
messiânicas se estende à igreja de Cristo e inclui o cumprimento
eclesiológico. Isto é o que podemos chamar "a hermenêutica do
evangelho". A igreja cristã é essencialmente o povo do Messias, os que
se reúnem em seu nome e quem o segue como o Pastor messiânico (Mat.
18:30; João 10:14-16; 11:51, 52). Neste novo o Israel ficam eliminadas
as antigas restrições étnicas e geográficas do Israel. Se reúne pelo
evangelho do Cristo crucificado e ressuscitado. Cristo já o tinha
anunciado: "E eu, se for levantado da terra, a todos atrairei para mim
mesmo" (João 12:32).

     O livro de Atos descreve com mais detalhe a aplicação histórica
desta hermenêutica do evangelho à igreja apostólica. Um exemplo
revelador se encontra em Feitos 4, onde se aplica o Salmo 2 (com seu
centro messiânico e sua perspectiva de juízo) à conspiração dos gentis e
judeus contra Jesus e seus apóstolos (At. 4:18, 23-30). A interpretação
evangélica do Salmo 2 não é uma reinterpretação que introduza
elementos estranhos ao texto. Antes bem, o evangelho de Cristo expõe o
significado intencional da profecia a respeito do Israel à luz de seu
cumprimento em Cristo e em sua igreja. Por conseguinte, o Novo
Testamento reconhece esse cumprimento na era da igreja como uma
atividade atual do Espírito, que um dia chegará a sua consumação
universal (ver Apoc. 18:1).
     O Apocalipse de João é uma contraparte complementar dos quatro
Evangelhos, porque se concentra principalmente nos gozos e a herança
dos que são fiéis até o fim e vencem ao mau pelo sangue do Cordeiro e a
As Profecias do Tempo do Fim                                            49
palavra de seu testemunho (Apoc. 12:11). O livro do Apocalipse está
categoricamente centrado em Cristo e destinado para a igreja de todas as
idades, especialmente para prepará-la para a crise do tempo do fim.
     Toda a escatologia do Novo Testamento está regulada pela verdade
do evangelho. Este é o princípio apostólico de interpretação profética.

   O Princípio de Universalização das Promessas Territoriais
                        Feitas a Israel

      Os intérpretes cristãos da profecia algumas vezes estiveram
confundidos em sua aplicação das promessas territoriais feitas ao antigo
o Israel. Isto é especialmente verdade com as aplicações das profecias
não cumpridas do Daniel, Ezequiel, Joel, Zacarias e o Apocalipse.
      Alguns supõem que o território do Oriente Médio chegará a ser o
ponto focal dos cumprimentos das profecias do tempo do fim, o que
requer um esforço sério para determinar o princípio básico que segue o
Novo Testamento em sua aplicação das promessas territoriais feitas ao
Israel. Neste assunto, Cristo também estabeleceu a norma para nós.
Proclamou o princípio da ampliação mundial das promessas territoriais
locais; fê-lo assim quando disse que a promessa do pacto com respeito à
terra se cumpriria na terra feita nova.
      Isto pode ver-se ao observar como aplicou Jesus esta antiga
promessa territorial:

       SALMOS 37:11, 29                     Mateus 5:5
               Davi                           Jesus
"Mas os mansos herdarão a terra e "Bem-aventurados os mansos,
se deleitarão na abundância de porque herdarão a terra".
paz" (v.11).
"Os justos herdarão a terra e nela
habitarão para sempre" (v. 29).
As Profecias do Tempo do Fim                                            50
      Cristo aplicou claramente o Salmo 37 em uma forma inovadora: (1)
Esta "terra" seria maior do que pensou Davi; o cumprimento incluirá
toda a terra em sua formosura criada de novo (ver também Isa. 11:6-9 e
Apoc. 21 e 22); (2) a terra renovada será a herança de todos os mansos
de todas as nações que aceitem a Cristo como Salvador. Cristo não está
espiritualizando a promessa territorial feita a Israel. Pelo contrário,
amplia o alcance de seu território futuro para incluir toda a terra.
      De igual modo, o apóstolo Paulo entendeu a promessa territorial do
pacto assim como o entendeu Jesus, incluindo toda a terra: "Porque não
pela lei foi dada a Abraão ou a sua descendência a promessa de que seria
herdeiro do mundo, mas sim pela justiça da fé" (Rom. 4:13). Paulo
declara que esta promessa territorial mundial era a substância do pacto
abraâmico, a qual estaria garantida só pela justiça pela fé. A sugestão de
Deus a Abraão de que olhasse ao "norte e ao sul, ao oriente e ao
ocidente" (Gên. 13:14) na terra do Canaã não especificava limites:
      "Porque toda essa terra que vês, eu ta darei, a ti e à tua
descendência, para sempre. Farei a tua descendência como o pó da terra;
de maneira que, se alguém puder contar o pó da terra, então se contará
também a tua descendência" (Gên. 13:15,16).
      Para compreender o princípio do evangelho, deve-se contemplar a
terra da Palestina como uma antecipação ou uma garantia que assegurou
ao Israel um território muito mais extenso, necessário para acomodar às
inumeráveis multidões da descendência de Abraão. O pacto abraâmico
continha a promessa de uma descendência incontável e de uma terra sem
limites para dita descendência.
      Entretanto, Paulo considera Abraão como o pai de todos os crentes,
de todos os que são justificados por meio da fé em Cristo entre as nações
do mundo (Rom. 4:13, 16-24). Abraão "é pai de todos nós" (tão crentes
judeus como crentes gentis). O apóstolo declara: "Como diz a Escritura:
Constituí-te pai de muitas nações; nosso pai diante Daquele a quem
acreditou" (Rom. 4:17, BJ). Isso não está de acordo com a hermenêutica
do literalismo. É a exegese cristocêntrica do Paulo. A "terra" chega a ser
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o mundo; as "nações" chegam a ser quão crentes confiam no Deus do
Israel e som justificados pela fé em Cristo. Abraão chegaria a ser o pai
espiritual de uma multidão de gentis por meio de Cristo.

         O Inadequado da Hermenêutica do Literalismo

      A hermenêutica do literalismo étnico e geográfico em profecia se
apóia na hipótese de que a profecia não é mais que história antes dos
acontecimentos. Por conseguinte, atribui às descrições proféticas a
exatidão de um quadro fotográfico feito com antecipação. Esta hipótese
não deixa lugar para as coisas maiores e melhores que virão, coisas que
"nem homem algum imaginou" a não ser Deus sozinho (1 Cor. 2:9,
NBE; Isa. 64:4). O literalismo nega a estrutura bíblica inerente de uma
tipologia intensificada. Cristo veio em humilhação; contudo, foi mais
que Jonas, mais que Salomão, maior que o templo (Mat. 12:40, 42, 6).
Levantou a esperança judia muito por cima de quem esperava um
Messias que fora idêntico com um rei, um profeta ou um sacerdote no
Israel. Como o Messias divino, elevou-se imensamente por cima desses
protótipos antigos, tanto em sua humilde encarnação como em sua futura
glorificação. Não devia esperar uma reprodução exata dos reis
teocráticos do Israel. portanto, a gente também pode ver a terra
prometida (Palestina) como "um mundo em miniatura no qual Deus
ilustrou seu reino e sua forma de tratar com o pecado. A terra que Deus
prometeu a Abraão e a sua descendência... era um tipo do mundo (Rom.
4:13)".2 O alcance total do panorama profético do Israel não era
nacionalista a não ser universal, com uma dimensão acrescentada que
incluía tanto o céu como a terra (Isa. 65:17; 24:21-23).
      O princípio decisivo para a aplicação no tempo do fim da promessa
territorial feita ao Israel é a forma como Cristo e o Novo Testamento
como um tudo aplicam esta promessa do pacto. A passagem clássica que
insígnia a ampliação universal do território restringido do Israel,
encontra-se na conversação do Jesus com a mulher da Samaria. Quando
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  • 1. AS PROFECIAS DO TEMPO DO FIM [Clique na palavra CONTEÚDO] ENFOQUE CONTEXTUAL-BÍBLICO Hans K. LaRondelle Dr. em Teologia Professor emérito de Teologia O SERMÃO PROFÉTICO DE JESUS: MATEUS 24 A PROFECIA DE PAULO: 2 TESSALONICENSES 2 O APOCALIPSE DE JOÃO Título do original em inglês (5ª edição inglesa, 1997) How to Understand The End-Time Prophecies of the Bible FIRST IMPRESSIONS Miami Beach, Florida, E.U.A., 1997 Tradução: Carlos Biagini [Contracapa] "O Dr. LaRondelle fez uma contribuição extremamente importante para nossa compreensão da profecia bíblica". Dr. George R. Knight, professor de História Eclesiástica no Seminário Teológico de Universidade Andrews. "Este livro faz uma contribuição fundamental a uma necessidade absolutamente crucial em todas as igrejas cristãs: A necessidade de não só interpretar a Bíblia, mas também a de entender corretamente sua mensagem apocalíptica e escatológica. Este é um livro bem a tempo". Wilmore D. Eva, diretor da revista Ministry.
  • 2. As Profecias do Tempo do Fim 2 "LaRondelle tira o apocalíptico do reino da fantasia e especulação que caracteriza as apresentações de tantos que nos deslumbram mas que não nos alimentam. O enfoque do LaRondelle leva a uma fé mais amadurecida em Cristo. Isto é erudição cristã, responsável e equilibrada da melhor classe". Charles E. Bradford, presidente aposentado da Divisão Norte-americana da igreja adventista. Hans K. LaRondelle é professor emérito de Teologia no Seminário Teológico da Universidade Andrews, em Berrien Springs, Michigan, Estados Unidos. Serve nos Países Baixos como pastor evangelista e professor durante 14 anos, e na Universidade Andrews como professor de teologia durante 25 anos. Recebeu seu título doutoral em Teologia Sistemática e Ética do distinto teólogo holandês G. C. Berkouer na Reformed Free University [Universidade Livre Reformada], em Amsterdã, em 1971. É o autor dos livros Perfection and Perfectionism [Perfeição e Perfeccionismo], Christ Our Salvation [Cristo nossa salvação], Deliverance in the Psalms [Libertação nos Salmos], Chariots of Salvation [Carruagens de Salvação], The Israel of God in Prophecy [O Israel de Deus na profecia] e The Good News About Armageddon [Boas Novas Sobre o Armagedom]. Também é co- autor nos livros A Symposium on Biblical Hermeneutics [Um Simpósio Sobre Hermenêutica Bíblica] (editado pelo G. M. Hyde), Symposium on Revelation, Book II [Simpósio Sobre o Apocalipse, Livro II] (editado por F. B. Holbrook) e The Sabbath in Scripture and History [O Sábado na Escritura e na História] (editado por K. A. Strand).
  • 3. As Profecias do Tempo do Fim 3 CONTEÚDO Prólogo . ...........................................................................................7 Introdução geral.................................................................................9 Chave de abreviaturas ....................................................................11 Agradecimentos..............................................................................14 PRIMEIRA PARTE: A PROFECIA BÍBLICA 1. A esperança apocalíptica dos judeus do século I.........................15 2. A distinção entre profecia clássica e profecia apocalíptica….....21 Profecia clássica .....................................................................21 Profecia apocalíptica ..............................................................25 Resumo ...................................................................................28 3. A aplicação que Cristo fez da Bíblia Hebraica............................30 Jesus e a Palavra de Deus .......................................................30 A nova revelação de Jesus o Messias......................................33 Cristo, o representante do novo Israel.....................................34 4. Como Cristo empregou os símbolos apocalípticos ....................38 5. A interpretação que os apóstolos fizeram do cumprimento da profecia..................................................45 A unidade orgânica dos cumprimentos cristológicos e eclesiológicos ................................................................47 O princípio de universalização das promessas territoriais feitas a Israel....................................................49 O inadequado da hermenêutica do literalismo........................51
  • 4. As Profecias do Tempo do Fim 4 SEGUNDA PARTE: MATEUS E TESSALONICENSES 6. A compreensão de Cristo das profecias do Daniel......................54 A estrutura cronológica do discurso profético de Jesus em Marcos 13....................................................................59 A aplicação que Cristo fez da tipologia .................................61 Cristo, a chave para entender a profecia ................................63 O anticristo abominável..........................................................65 O anticristo pós-apostólico .....................................................69 O estilo apocalíptico de Mateus 24 ........................................70 A ênfase de Lucas sobre o curso da história...........................71 A teologia de Cristo sobre os sinais cósmicos........................74 A universalização que Cristo fez das profecias do tempo do fim ...............................................................78 Resumo ...................................................................................79 FONTES BIBLIOGRÁFICAS DO CAPÍTULO 6.......................82 7. A compreensão de Paulo das profecias de Daniel.......................85 O enfoque contínuo-histórico em Daniel ...............................86 Paralelos entre os esboços apocalípticos de Jesus e Paulo............88 A ênfase de Paulo sobre a apostasia religiosa.........................90 Como Paulo emprega a frase "o templo de Deus"..................92 Como Paulo emprega os tipos de adoração falsa no Antigo Testamento.......................................................94 A aplicação que Paulo faz do antimessias predito por Daniel....96 O momento histórico exato do anticristo segundo Paulo........98 O anticristo de Paulo como uma paródia de Cristo...............100 O mistério da iniqüidade.......................................................102 O ato que coroará o drama do engano...................................104 Resumo..................................................................................105 FONTES BIBLIOGRÁFICAS DO CAPÍTULO 7.....................107
  • 5. As Profecias do Tempo do Fim 5 TERCEIRA PARTE: O APOCALIPSE 8. Introdução ao Apocalipse..........................................................109 9. O propósito do Apocalipse........................................................114 10. Chaves interpretativas dentro do Apocalipse............................120 11. A composição literária do Apocalipse.......................................129 FONTES BIBLIOGRÁFICAS DO CAPÍTULO 11................................140 12. A visão do trono do Criador: Apoc. 4.......................................141 13. A entronização do Cordeiro de Deus: Apoc. 5..........................147 FONTES BIBLIOGRÁFICAS PARA APOCALIPSE 4 E 5......................153 14. Compreendendo os sete selos: Apoc. 6.....................................153 FONTES BIBLIOGRÁFICAS PARA APOCALIPSE 6..........................182 15. Segurança de libertação no tempo do fim: Apoc. 7..................184 FONTES BIBLIOGRÁFICAS PARA APOCALIPSE 7..........................202 16. Compreendendo as trombetas em seus contextos: Apoc. 8 e 9................................................................................204 17. Uma aplicação histórica das trombetas.....................................225 FONTES BIBLIOGRÁFICAS PARA ENTENDER AS TROMBETAS EM SEUS CONTEXTOS............................................245 18. O refletor profético sobre o povo de Deus do tempo do fim: Apoc. 10............................................................247 FONTES BIBLIOGRÁFICAS PARA APOCALIPSE 10........................264 19. A missão profética das testemunhas de Deus: Apoc. 11....................................................................................266 FONTES BIBLIOGRÁFICAS PARA APOCALIPSE 11…......................296 20. Compreendendo os "1.260 dias" em Apocalipse 11-13 ...........299 FONTES BIBLIOGRÁFICAS PARA ENTENDER OS "1.260 DIAS"......326 21. A mensagem do tempo do fim na perspectiva histórica: Apoc. 12-14...............................................................................331 22. O conflito final de lealdade do tempo do fim: Apoc. 13...........366 23. Identificando o anticristo...........................................................393 24. Os últimos companheiros do Cordeiro: Apoc. 14:1-5...............403
  • 6. As Profecias do Tempo do Fim 6 25. A mensagem do primeiro anjo: Apoc. 14:6, 7..........................412 26. A mensagem do segundo anjo: Apoc. 14:8...............................429 27. A mensagem do terceiro anjo: Apoc. 14:9-12...........................437 28. A dupla ceifa da terra: Apoc. 14:14-20.....................................450 FONTES BIBLIOGRÁFICAS PARA APOCALIPSE 12-14....................458 29. O significado das sete últimas pragas: Apoc. 15 e 16...............467 FONTES BIBLIOGRÁFICAS PARA APOCALIPSE 15 E 16.................489 30. A sétima praga: A retribuição de Babilônia: Apoc. 17.............492 31. O significado do veredicto de Deus sobre Babilônia: Apoc. 18 ...................................................................................520 FONTES BIBLIOGRÁFICAS PARA APOCALIPSE 17 E 18.................540 32. Compreendendo o milênio: Apoc. 19 e 20................................544 FONTES BIBLIOGRÁFICAS PARA ENTENDER O MILÊNIO.............576 33. O significado da Nova Jerusalém: Apoc. 21 e 22 ....................581 FONTES BIBLIOGRÁFICAS PARA APOCALIPSE 21 E 22.................603 Epílogo…………………………………………….…………..….606 APÊNDICES A. Relação do dom de profecia do tempo do fim com a Bíblia......................................................................609 B. Alguns textos problemáticos com respeito à Nova Terra........................................................................618
  • 7. As Profecias do Tempo do Fim 7 PRÓLOGO O propósito deste estudo da profecia bíblica é singelo: É meu testemunho como professor de Teologia, alguém que ensinou Escatologia Bíblica e Interpretação Apocalíptica por mais de 25 anos no Seminário Teológico da Universidade Andrews (em Berrien Springs, Michigan, Estados Unidos) e em seminários de extensão ao redor do mundo. Este livro é o resultado de meus contínuos esforços por aprender com o passar do tempo. O presente estudo não é um tratamento exaustivo de cada profecia de longo alcance da Sagrada Escritura. Os capítulos problemáticos do Daniel 8-12 constituem uma estudo à parte, e estão além do alcance deste livro. Os eruditos bíblicos adventistas estudaram recentemente estes capítulos apocalípticos no livro do Daniel. Os resultados de seus estudos podem encontrar-se nos livros The Sanctuary and the Atonement, Biblical Historical, and Theological Studies [O Santuário e a Expiação: Estudos Bíblicos, Teológicos e Históricos] (A. V. Wallenkampf e W. R. Lesher, eds., Biblical Research Committee [Comissão de Investigação Bíblica]; Washington DC: Review and Herald, 1981), Symposium on Daniel [Simpósio Sobre Daniel] (Frank B. Holbrook, ed., Biblical Research Institute [Instituto de Investigação Bíblica]; Hagerstown, Maryland: Review and Herald, 1986), e no número de "Daniel" da Journal of the Adventist Theological Society [Revista da Sociedade Teológica Adventista] (T. 7, N.° 1, 1996). O tema central da presente obra é o discurso profético de Jesus em Mateus 24 (e seus capítulos paralelos no Marcos e Lucas), o esboço apocalíptico de Paulo em 2 Tessalonicenses 2, e Apocalipse de João. Estou convencido de que a interpretação contínuo-histórica das grandes séries apocalípticas proporciona o método mais adequado para a desafiante tarefa de compreender a perspectiva bíblica do tempo do fim. Isto requer uma comprovação cuidadosa das tradicionais aplicações historicistas à história da igreja, de modo que possamos aprender dos
  • 8. As Profecias do Tempo do Fim 8 enganos do passado. Nosso enfoque é primariamente a exegese contextual-bíblica de cada passagem apocalíptica antes que se possa extrair qualquer aplicação histórica. Por um lado, a redação deste livro reflete o estilo de minhas classes com os estudantes de Teologia, como também com o dos encontros com pastores e leigos nos seminários bíblicos. E, por outro lado, tem a intenção de beneficiar a todos os estudantes sinceros da Bíblia que desejam investigar esta parte importante e desafiante das Escrituras,
  • 9. As Profecias do Tempo do Fim 9 INTRODUÇÃO GERAL O propósito deste livro é ajudar ao leitor a compreender melhor o plano de Deus para a redenção do planeta Terra. A Sagrada Escritura dá a conhecer o significado do plano de Deus até que alcance sua revelação total e completa no último livro da Bíblia, o Apocalipse, que é "a revelação do Jesus Cristo" (Apoc. 1:1). O Apocalipse é reconhecido como o mais destacado e um resumo de todas as profecias anteriores; isto sugere sua profunda unidade espiritual com os outros livros da Bíblia. Portanto, requer-se um conhecimento básico de toda a Escritura antes de poder obter uma revelação mais profunda do Apocalipse. O Apocalipse adota seus símbolos, imagens e termos principalmente do Antigo Testamento, por isso estes não podem ser compreendidos se forem isolados de suas raízes hebraicas. Posto assim, para ler o Apocalipse dentro de seu amplo contexto bíblico se requer que nos familiarizemos com as Escrituras Hebraicas, com sua forma de falar e com sua linguagem profética. Além disso, também é de proveito a interpretação que fazem da profecia os rabinos do judaísmo posterior. Este antecedente revela a surpreendente novidade da mensagem evangélica, tal como a apresentaram Jesus e os escritores do Novo Testamento. Nosso exemplo autoritativo para a aplicação cristã das profecias do tempo do fim será a maneira como Cristo e o apóstolo Paulo usaram os símbolos apocalípticos do livro do Daniel. O sermão profético do Jesus em Mateus 24 (e paralelos) e o esboço profético de Paulo em 2 Tessalonicenses 2 constituem os dois elos indispensáveis entre os livros do Daniel e Apocalipse. Tanto Jesus como Paulo aplicam as profecias do Daniel 7-12 do ponto de vista de sua própria época. Assim sendo, como crentes cristãos devemos derivar nossos princípios de interpretação profética de suas aplicações históricas de Daniel. Estes princípios hermenêuticos, ou de interpretação, são de uma importância decisiva para nossa compreensão das profecias bíblicas do tempo do fim.
  • 10. As Profecias do Tempo do Fim 10 A primeira parte de nossa investigação se concentra em Mateus 24 e em 2 Tessalonicenses 2. Em Apocalipse, o enfoque estará sobre a da prova final de fé no grande conflito dos séculos. A profecia bíblica nunca foi dada para satisfazer nossa curiosidade sobre o futuro. Mais bem, sua finalidade divina é animar o povo de Deus para que persevere na sagrada fé e revitalize sua bem-aventurada esperança na breve volta de Cristo como o Rei-Salvador. Quando o Apocalipse, a revelação de Jesus Cristo, fizer pleno impacto em nossas mentes e corações, experimentaremos suas descrições poéticas e dramáticas como a mensagem mais sublime da misericórdia e justiça divinas para a humanidade. A culminação da profecia é a segurança celestial de que o Criador se importa conosco e com nosso mundo, e de que Sua justiça prevalecerá durante toda a eternidade sobre a terra assim como prevalece no céu. No final da maioria dos capítulos se sugere material bibliográfico como uma guia para um estudo exaustivo. A menos que se indique outra coisa, usa-se a versão Almeida Atualizada, revisão de 1997 (toda ênfase na transcrição do texto dos versículos, em negrito ou em itálico, é do autor).
  • 11. As Profecias do Tempo do Fim 11 CHAVE DE ABREVIATURAS Bíblias (versões) BC Bover-Cantera BJ Bíblia de Jerusalém CI Cantera-Iglesias BLH Bíblia na Linguagem de Hoje JS Juan Straubinger LXX Septuaginta, ou Versão dos Setenta NASB New American Standard Bible NBE Nova Bíblia espanhola NC Nácar-Colunga NEB New English Bible [Nova Bíblia inglesa] NVI Nova Versão Internacional NKJV New King James Version RA Revista e Atualizada TA Torres-Amat Espírito de Profecia AA Atos dos apóstolos CE Colportor evangelista, O DTN Desejado de Todas as Nações, O Ed Educação Ev Evangelismo FE Fundamentos da Educação Cristã GC Grande Conflito, O MS Mensagens Escolhidas PE Primeiros Escritos PP Patriarcas e Profetas PR Profetas e Reis TS Testemunhos Seletos, vol. 1, 2, 3
  • 12. As Profecias do Tempo do Fim 12 Revistas teológicas AUSS Andrews University Seminary Studies [Estudos do Seminário da Universidade Andrews] CBQ Catholic Biblical Quarterly [Revista Trimestral Bíblica Católica] JATS Journal of the Adventist Theological Society [Revista da Sociedade Teológica Adventista] JBL Journal of Biblical Literature [Revista de Literatura Bíblica] JETS Journal of the Evangelical Theological Society [Revista da Sociedade Teológica Evangélica] JSNT Journal for the Study of The New Testament [Revista para o estudo do Novo Testamento] NTS New Testament Studies [Estudos do Novo Testamento] SBTh Studia Bíblica et Theologica [Estudos Bíblicos e Teológicos] SJT Scottish Journal of Theology [Revista Escocesa de Teologia] Miscelânea a.C. antes de Cristo ANF The Ante-Nicene Fathers [Os Pais antenicenos] cap. Capítulo caps. Capítulos CBA Comentário bíblico adventista (espanhol) cf. Compare-se com d.C. depois de Cristo ed. Editor / editado por / edição de eds. Editores gr. grego lit. Literalmente p. Página pp. Páginas p.ex. Por exemplo
  • 13. As Profecias do Tempo do Fim 13 QM Regra de guerra (Qumrán) trad. Tradutor/ Traduzido por vol. Volume v. Versículo vs. Versículos
  • 14. As Profecias do Tempo do Fim 14 AGRADECIMENTOS O material bibliográfico que se encontra no final da maioria dos capítulos mostra a enorme dívida que tenho com os eruditos bíblicos que procuraram descobrir o significado do Apocalipse, a revelação de Jesus Cristo. Estou agradecido especialmente a meus colegas no campo da teologia, e aos estudantes, que leram o manuscrito e estimularam a um estudo renovado de certas passagens das Escrituras. De maneira especial desejo mencionar ao Dr. Peter M. van Bemmelen, professor de Teologia Sistemática no Seminário Teológico da Universidade Andrews, Berrien Springs, Michigan, Estados Unidos; ao Dr. Ángel M. Rodríguez, do Instituto de Investigação Bíblica da Associação Geral da Igreja Adventista, Silver Spring, Maryland; ao Dr. Norman R. Gulley, professor de Teologia Sistemática no Southern College, Collegedale, Tennessee; ao Dr. Roy C. Nadem, professor aposentado de Educação Religiosa na Universidade Andrews; ao Dr. George R. Knight, professor de História da Igreja no Seminário Teológico da Universidade Andrews; ao Pr. Graeme S. Bradford, secretário ministerial da União Trans-Tasmânia, Austrália; ao Pr. Jac Colombo, secretário de campo da Associação de Washington, Bothell, Washington; a todos eles por seu interesse especial no livro, por suas conversações estimulantes, e por suas úteis sugestões para esclarecê-lo e melhorá-lo. Estou agradecido à minha esposa Bárbara pela correção final das provas, quem também me indicou a necessidade de simplificar porções complicadas. A todos meus colegas, professores e estudantes da profecia bíblica lhes expresso minha profunda gratidão. É obvio, sou o único responsável pelas deficiências e enganos que possam encontrar-se. O livro tão-só reflete minha percepção presente como teólogo experiente na profética Palavra de Deus, mas em caminho para uma compreensão mais completa da mensagem divina.
  • 15. As Profecias do Tempo do Fim 15 A ESPERANÇA APOCALÍPTICA DOS JUDEUS DO SÉCULO I O Apocalipse de João está em marcado contraste com os vários escritos apocalípticos judeus que estiveram em atualidade no primeiro século de nossa era. Desde que o general romano Pompeu invadiu a Palestina em 63 a.C. e sujeitou à nação judia ao governo romano, intensificou-se a esperança judia em um Messias prometido. A maioria dos judeus esperava a vinda de um Rei-Messias poderoso, da casa de Davi, quem mataria ao dragão romano com seu poder militar ajudado pelo poder divino. Então o Messias restauraria a nação do Israel à suprema grandeza política como o reino messiânico sobre a terra. Esta esperança apocalíptica era vibrante entre os fariseus. Pode demonstrar-se pelos denominados Salmos de Salomão, um documento farisaico escrito pouco depois da morte do general Pompeu no 48 a.C. "Olha-o Senhor, e lhes suscite um rei o filho de Davi, no momento que tu escolhas, oh Deus, para que reine em Israel teu servo. Rodeia-o de força para quebrantar aos príncipes injustos, para purificar a Jerusalém dos gentios que a pisoteiam destruindo-a; expulsa em sabedoria e justiça aos pecadores da herança; para despedaçar a arrogância dos pecadores semelhante a um cântaro de oleiro; para quebrantar toda sua solidez com uma vara de ferro; para destruir as nações ilícitas com a palavra de tua boca; a sua advertência as nações fugirão de sua presença; e condenará aos pecadores pelos pensamentos de seus corações".1
  • 16. As Profecias do Tempo do Fim 16 O Testamento do Moisés, um hino escrito pelos essênios ou pelos fariseus antes da queda de Jerusalém no 70 D.C., também expressava o desejo premente do pronto advento do reino de Deus: "Pois o Altíssimo Deus eterno se elevará sozinho, aparecerá para tomar vingança das nações e destruirá todos os seus ídolos. Então, tu, Israel, serás feliz. Montarás sobre pescoço e asas de águia. Sim, todas as coisas se cumprirão".2 No Quarto livro do Esdras, conhecido também como o Apocalipse de Esdras, um documento escrito depois da queda de Jerusalém no 70 D.C., lemos que o Messias viria para liberar à remanescente do Israel da tirania de Roma e para estabelecer o reino messiânico por 400 anos (cap. 12).3 A esperança dominante no Israel era a da libertação política, similar à forma como Deus os tinha libertado do Egito. Só que esta vez a expectativa era por uma redenção permanente dos males da história. A partida dos zelotes [fanáticos] tinha uma febre apocalíptica tal, que apoiou uma guerra de guerrilhas contra Roma na segurança de que Deus destruiria os opressores do Israel e criaria um mundo no qual Satanás e a dor não existiriam mais. Josefo, o historiador judeu do primeiro século, ordem que um certo Judas, galileo, originou um levantamento a princípios do século I. Sua filosofia era que o povo de Deus devia reconhecer só a Deus como seu soberano e Senhor, e recusar-se a pagar impostos a um amo pagão.4 O Novo Testamento registra que essa rebelião chegou a um fim desventurado (At. 5:37). Entre os rolos do Mar Morto, descobertos nas cavernas de Qumran, encontrou-se um denominado Regra de guerra (QM), escrito a começos da era cristã. Descreve um plano de batalha para que os pactuantes de Qumran travem a última guerra santa contra Roma (Quitim) e Belial. A esperança era de novo que Deus interviria com seu santos anjos e daria
  • 17. As Profecias do Tempo do Fim 17 ao fiel remanescente de Israel uma vitória eterna por meio de um desdobramento do poder do Miguel como o guerreiro divino. 5 Esta esperança política de um futuro mais brilhante alcançou um tom tão febril no século I, que conduziu ao levantamento judeu contra Roma nos anos 66-72 e no 132. Em ambas as ocasiões os judeus começaram uma guerra militar contra o Império Romano confiando em que Deus os vindicaria com uma vitória sobrenatural. Salomão Schechter resume com quatro características os elementos essenciais da esperança apocalíptica no primeiro século: (1) o Messias, da casa de Davi, restaurará o reino do Israel e estenderá seu governo sobre toda a terra; (2) os inimigos de Deus lançarão um ataque maciço contra Israel, no qual o Messias destruirá a todos seus oponentes pagãos; (3) todas as nações sobreviventes aceitarão o Deus de Israel, reconhecerão seu reino e procurarão a instrução de seu Torah (lei); e (4) a era do reinado messiânico será uma era de prosperidade material e sorte espiritual; até a morte seria abolida por meio da ressurreição dos justos mortos. Este reino do Messias era, de acordo com algumas fontes, uma preparação para o tempo quando Deus mesmo reinaria.6 Infelizmente, os judeus estavam tão dominados por seu ódio para Roma que enfatizaram unilateralmente a missão da vinda do Messias como o libertador do jugo romano e o restaurador do reino nacional a Israel. Por esta razão, os rabinos estudaram as profecias messiânicas das Escrituras Hebraicas com uma mente preconcebidas que lhes impediu de ver a revelação da plenitude da missão do Messias para salvar do pecado a todos os homens. Esperando um Messias político só para sua própria nação, passaram por cima das profecias e dos tipos que prediziam a morte expiatória do Messias em sua primeira vinda. Interpretando a profecia para encontrar evidências com o fim de sustentar sua ambição nacional, os judeus se prepararam para rechaçar o Salvador do mundo. Quando Cristo veio em uma maneira contrária a suas expectativas, ficaram completamente desapontados e não o receberam.
  • 18. As Profecias do Tempo do Fim 18 Cristo tratou de lhes mostrar que tinham interpretado mal a promessa de Deus de conceder favor eterno a Israel. Tinham chegado a considerar sua descendência natural de Abraão como uma pretensão para essa promessa (João 8:33-40). Na verdade, em seu orgulho racial, os dirigentes judeus passaram por cima das condições prévias que Deus tinha especificado. O favor de Deus estava assegurado só a um Israel espiritual e em cujos corações ele tinha escrito sua lei: "Darei minha lei em sua mente, e a escreverei em seu coração; e eu serei a eles por Deus, e eles me serão por povo... Porque todos me conhecerão, do mais pequeno deles até o maior, diz o Senhor" (Jer. 31:31-34). As promessas divinas de salvação e bênção para o mundo estavam asseguradas a um Israel regenerado como o verdadeiro povo do pacto. O povo espiritual de Deus são constituídos pelos que estão "circuncidados" em seus corações (ver Deut. 10:16; 30:6; Jer. 4:4). Um povo assim não reclamará as promessas de Deus e renderá um serviço exterior a Deus meramente pelo puro prazer de alcançar grandeza nacional. O essencial da Bíblia Hebraica não é o Israel, e sim o Messias de Israel! As profecias messiânicas constituem o coração tanto da Escritura como dos sagrados serviços do santuário no Israel. Muitos rabinos e fariseus chegaram a acreditar que por meio de um conhecimento da Escritura e uma conformidade exterior a ela, possuíam vida eterna. A Mishná ensina: "Grande é a lei, porque lhe dá vida aos que a praticam tanto neste mundo como no vindouro".7 Mas Jesus assinalou uma falta fundamental de visão: "Vós perscrutais as Escrituras, porque julgais ter nelas a vida eterna; ora, são elas que dão testemunho de mim; vós, porém, não quereis vir a mim para terdes a vida" (João 5:39, 40, BJ). A vida está centrada no Messias, o Filho de Deus, e não na Escritura. Jesus afirmou: "As palavras que eu lhes falei são espírito e são vida" (João 6:63). Ao perder de vista a Cristo como o coração vivente das Escrituras, os judeus já não entenderam mais o significado espiritual do serviço ritual em seu templo. Começaram a confiar nos mesmos sacrifícios e cerimônias em vez de contemplá-lo a ele, a quem
  • 19. As Profecias do Tempo do Fim 19 assinalavam os sacrifícios. De modo que perderam o significado espiritual de sua adoração no templo. Aferrando-se a fórmulas mortas, esses rituais chegaram a ser um mistério inexplicável. Até as restrições rabínicas quanto à observância do sábado revelam que os judeus já não percebiam que no sábado havia uma promessa divina do descanso messiânico. Os dirigentes judeus interpretaram mal o ato do Jesus ao curar milagrosamente a um paralítico no sábado como a evidência de uma atitude contra na sábado (João 5:16-18). Entretanto, o oposto era verdade. Jesus ensinou que as obras de misericórdia não só estavam permitidas, mas também eram obrigatórias no sábado para que as fizesse o Messias, e em perfeita harmonia com a vontade do Pai celestial. "Meu Pai, até o presente, continua trabalhando e eu também trabalho" (João 5:17, NBE). O erudito evangélico Leão Morris o explica desta maneira: "Ele [Jesus] não estava dizendo que não devia guardar-se o sábado... Estava dizendo que seus críticos não entendiam o que significava na sábado e por que tinha sido instituído".8 Não surpreende que Jesus censurasse os judeus por sua falta de percepção espiritual, por não discernir quem era ele, o Enviado ao Israel pelo Pai. E desafiou-os perguntando: "Não vos deu Moisés a lei? Contudo, ninguém dentre vós a observa. Por que procurais matar-me?... Não julgueis segundo a aparência, e sim pela reta justiça" (João 7:19, 24). Enquanto desejavam a vinda do Messias, os judeus já não tinham o verdadeiro conceito de sua missão divina como Redentor do pecado e de Satanás. Cristo lhes disse: "Todo o que comete pecado é escravo do pecado... Se, pois, o Filho vos libertar, verdadeiramente sereis livres" (João 8:34, 36), mas eles afirmaram que eram livres porque, disseram, "jamais fomos escravos de ninguém" (v. 33). Não compreenderam o significado espiritual do pecado ou o significado da natureza da dignidade real de Cristo. O Messias devia vir como o verdadeiro intérprete dos profetas de Israel. Devia definir os princípios do reino e o plano de redenção. Isso foi o que fez Cristo, e seus ensinos estão registrados nos Evangelhos, os
  • 20. As Profecias do Tempo do Fim 20 quais formam a chave essencial para entender corretamente o Antigo Testamento. Também formam a ponte teológica entre as profecias do Antigo Testamento e o livro do Apocalipse. Portanto, antes de podermos entender corretamente o último livro da Bíblia, é indispensável descobrir primeiro como Jesus interpretou a perspectiva profética dos profetas clássicos e o livro do Daniel. Referências 1. "Salmos de Salomão", 17:21-25, citado em J. H. Charlesworth, The Old Testament Pseudepigrapha, T. 2, p. 667. 2. "Testamento de Moisés", 10:7, 8, chamado em G. Aranda Pérez, F. García Martínez e M. Pérez Fernández, Literatura judía intertestamentaria (Estella, Navarra: Verbo Divino, 1996), p. 301. 3. "O Messias que o Altíssimo reservou para o final dos tempos: Ele surgirá da estirpe de Davi " (Ibid., p. 329). 4. Flavio Josefo, Obras completas de Flavio Josefo: Antigüedades judías (Buenos Aires: Acervo Cultural, 1961), XVIII, 1, 1-6 (t. 3, pp. 225-228); La guerra de los judíos, 11, 8 (t. 4, pp. 136-142). 5. 1 QM 6; 12-14. 6. Schechter, Salomão, Aspects of Rabbinic Theology (Nova York: Schocken Books, 1961), p. 102. 7. Abot [Pais] 6: 7. 8 Leão Morris, Reflections on the Gospel of John (Grand Rapids, Michigan: Baker Book House, 1987), T. 2, pp. 265, 266.
  • 21. As Profecias do Tempo do Fim 21 A DISTINÇÃO ENTRE PROFECIA CLÁSSICA E PROFECIA APOCALÍPTICA Os profetas do Antigo Testamento tais como Amós, Isaías, Sofonías, Ezequiel e Jeremias são chamados profetas clássicos. Suas mensagens foram em primeiro lugar pronunciados em voz alta, seja ao reino rebelde do Israel no norte (as 10 tribos) ou à apóstata Jerusalém e Judá (as 2 tribos). Com freqüência suas mensagens foram um clamor em favor da justiça social, econômica e política para as classes oprimidas. Os profetas convocaram Israel e Judá para que voltassem para a torah ou lei do pacto do Moisés, e para que servissem a Deus com arrependimento verdadeiro. Se os líderes políticos e religiosos do povo eleito originavam justiça social e uma renovação da adoração, o reino de Deus viria sobre a terra em sua história futura. Em realidade, o "dia do Senhor", ou o "dia do Jeová", não viria como Israel o tinha antecipado popularmente. Profecia Clássica Amós: Este profeta, como porta-voz de Deus, pronunciou em forma fulminante estas horríveis palavras às 10 tribos: "Ai de vós que desejais o Dia do Senhor! Para que desejais vós o Dia do Senhor? É dia de trevas e não de luz ...Não será, pois, o Dia do Senhor trevas e não luz? Não será completa escuridão, sem nenhuma claridade? "Por isso, vos desterrarei para além de Damasco, diz o Senhor, cujo nome é Deus dos Exércitos" (Amós 5:18, 20, 27). Amós deu a conhecer dois castigos sobre Israel: Em primeiro lugar, a nação infiel seria levada cativa ao exílio em Assíria ("além de Damasco") como resultado da maldição do pacto do Deus do Israel, em harmonia com suas ameaças do pacto pronunciadas mediante Moisés (Deut. 28; Lev. 26). Esta sentença teve lugar no ano 722 a.C., e se conhece como o desterro assírio das dez tribos. Em segundo lugar, o significado pleno deste juízo nacional chega a compreender-se só quando
  • 22. As Profecias do Tempo do Fim 22 se vê este acontecimento como um tipo ou prefiguração do juízo cósmico de Deus ao fim da história sobre todas as nações que se rebelem contra Deus. Amós apontou ao juízo final de Deus quando se referiu aos sinais cósmicos: "Farei que fique o sol ao meio dia, e cobrirei de trevas a terra no dia claro" (Amós 8:9), e: "Não se estremecerá por isso a terra, e fará luto tudo o que nela habita? (v. 8, BJ). Escuridão repentina ao meio-dia ou um terremoto catastrófico podem ser mais que um desastre natural. O fogo apocalíptico consumirá a terra e o mar (7:4) e levará a seu fim a história de Israel! Na escatologia (a ordem dos acontecimentos finais) que apresenta Amós, o dia do Senhor seria um juízo iminente sobre Israel a mãos de seu inimigo nacional: Assíria (no 722 a.C.). Mas Amós anunciou uma catástrofe ulterior, na qual Deus julgará a uma sociedade mundial apóstata e libertará a seus fiéis em todas as nações. A esta relação do juízo local iminente e do juízo mundial do tempo do fim chamamos "conexão tipológica". Ambos os juízos procedem do mesmo Deus, mas o juízo sobre a nação é um tipo ou modelo profético que garante que Deus julgará finalmente a todo mundo pelos mesmos princípios morais. Só mediante sua retribuição final se cumprirá completamente o propósito redentor de Deus para esta terra. O tipo histórico pode ser local e incompleto, mas o antitipo escatológico será universal e completo em seus resultados. Sofonías: O duplo foco do juízo de Deus em Amós também o descrevem graficamente os outros profetas. Em geral se considera que Sofonías é o profeta mais grandioso que fala do juízo de Deus. Inclusive começa seu pequeno livro com uma admoestação da destruição universal vindoura: "De fato, consumirei todas as coisas sobre a face da terra, diz o Senhor. Consumirei os homens e os animais, consumirei as aves do céu, e
  • 23. As Profecias do Tempo do Fim 23 os peixes do mar, e as ofensas com os perversos; e exterminarei os homens de sobre a face da terra, diz o Senhor" (Sof. 1:2, 3). Assim como Amós, Sofonías contempla o futuro histórico imediato contra o fundo do juízo final, porque é o mesmo Deus o que visita Israel e o mundo para juízo e salvação. A mensagem principal é que Deus atua, não a duração do período de tempo entre os juízos. Joel: O profeta Joel estruturou sua perspectiva profética de forma tal que uma praga histórica de lagostas (1:4-12) serve como um tipo profético do juízo escatológico de todo o mundo, que é seu antitipo (2:10, 11; 3:11-15). A história local e a escatologia do tempo do fim estão tão mescladas entre si que não podem ser completamente separadas na descrição profética. O presente corresponde ao futuro porque é o mesmo Deus quem vem agora e no futuro. Este é a mensagem principal do Antigo Testamento. O propósito moral de cada anúncio de um juízo de Deus é levar a seu povo a caminhar em harmonia com sua vontade redentora no presente. O objetivo final da profecia não é a catástrofe e a destruição, a não ser uma nova criação e a restauração do paraíso perdido na terra. Isaías: Um exemplo de como o juízo de Deus sobre um arquiinimigo histórico do Israel e seu juízo final do mundo estão intimamente misturas, como se ambos fossem um só dia do Senhor, encontra-se no Isaías 13. Isaías anuncia a iminente queda do Império Neobabilônico às mãos dos medos: " Uivai, pois está perto o Dia do SENHOR; vem do Todo-Poderoso... Eis que eu despertarei contra eles os medos" (Isa. 13:6, 17). Neste oráculo profético de guerra, Deus atuará logo como o guerreiro divino para liberar a seu povo oprimido: "O Senhor dos exércitos revista seu exército para o combate" (v. 4, NBE). O resultado será a destruição: "Babilônia, a jóia dos reinos, glória e orgulho dos caldeus, será como Sodoma e Gomorra, quando Deus as transtornou.
  • 24. As Profecias do Tempo do Fim 24 Nunca jamais será habitada, ninguém morará nela de geração em geração" (vs. 19, 20). Depois, o profeta acrescenta a dimensão cósmica do dia apocalíptico do Senhor: "As estrelas dos céus e seus luzeiros não darão sua luz; e o sol se obscurecerá ao nascer, e a lua não dará seu resplendor" (V. 10). Deus castigará "ao mundo por sua maldade, e aos ímpios por sua iniqüidade" (V. 11). Deus fará "estremecer os céus, e a terra se moverá de seu lugar... no dia do ardor de sua ira" (V. 13). Esta é uma descrição de um juízo universal. Por isso, a profecia de Isaías de condenação sobre Babilônia contém a estrutura de uma perspectiva tipológica. É claro que o dia apocalíptico do Senhor, com seus sinais cósmicos e seu terremoto universal, não ocorreu durante a queda histórica de Babilônia ante os medo-persas no 539 a.C. Aquele juízo sobre Babilônia serve só como um tipo ou símbolo do juízo final da humanidade; por esta razão se descrevem os dois juízos como se fossem um só dia de retribuição divina. A natureza tipológica da queda de Babilônia da antiguidade não requer que cada rasgo da profecia se cumpra no tipo. Antes, o cumprimento parcial das antigas profecias de condenação e liberação indicam que ainda precisam encontrar sua consumação definitiva. O livro do Apocalipse nos assegura que todas as profecias antigas de condenação e liberação ocorrerão em escala mundial por ocasião da segunda vinda de Cristo. Por definição, o antitipo sempre é maior que o tipo. Por isso encontramos que a característica da profecia clássica é seu duplo foco, sobre o próximo e o longínquo, sem nenhuma diferenciação de tempo. Ensina-nos que o Deus do Israel é o Deus da história. É o rei que vem na história e ao fim da história da humanidade. Sua vinda traz o fim desta era maligna, para restaurar o reino de Deus sobre nosso planeta por meio do Jesus Cristo. Outra característica vital da profecia clássica são suas preocupações éticas, seu chamado ao arrependimento e a uma vida santificada. Os profetas de Israel não fizeram predições incondicionais mas sim desafiaram tanto ao Israel como aos gentios com a vontade imediata de
  • 25. As Profecias do Tempo do Fim 25 Deus. De fato, as predições divinas satisfazem o propósito mais elevado de chamar o povo ao arrependimento e a obedecer a vontade de Deus e dessa forma, evitar o juízo vindouro. O resultado significativo desta preocupação ética dos profetas do Israel é a segurança de que só um remanescente do Israel, fiel e purificado, entrará no reino escatológico de Deus. Os profetas anunciaram que só um fragmento ou remanescente da nação como um tudo seria salva, assim como o "tronco" que fica de uma árvore (Amós 3:12; 5:14, 15; Ouse. 5:15; 6:1-3; Isa. 4:2-4; 6:13; Jer. 23:3-6). A razão é que só o remanescente restaurado se voltará para Senhor com arrependimento verdadeiro (Isa. 10:20-23; Zac. 12:10-13); só um Israel espiritual dentro do Israel nacional receberá um coração "circuncidado" (Deut. 10:15, 16; 30:6; Jer. 4:4). A distinção no Antigo Testamento entre um verdadeiro o Israel de Deus dentro da nação do Israel não se apóia na relação de raça ou de sangre com Abraão, e sim na fé e na obediência a Deus. O fator decisivo é possuir a relação espiritual de pacto com Deus. De acordo com esta teologia do remanescente do Antigo Testamento, o apóstolo Paulo chegou a esta conclusão: "Porque nem todos os que descendem de Israel são israelitas" (Rom. 9:6). Seu ensino apostólico enfatizou que só quando israelitas reconheçam que Jesus é o Messias da profecia, são os portadores de luz das promessas do novo pacto de Deus. E enquanto que os gentios são chamados para serem os herdeiros das mesmas promessas, Paulo insistiu: "Só o remanescente será salvo" (v. 27). Profecia Apocalíptica O livro do Daniel forma uma classe de profecia por si mesmo dentro do Antigo Testamento. Aqui nos encontramos com um fenômeno: Não se prediz um só evento ou juízo, e sim uma seqüência total de acontecimentos que começam nos próprios dias do Daniel e se estendem adiante sem interrupção até o estabelecimento do reino de glória de
  • 26. As Profecias do Tempo do Fim 26 Deus. Um contínuo histórico ininterrupto em profecia, como apresenta Daniel, não tem precedentes na profecia clássica. Alguns profetas, como Joel e Ezequiel, revelaram o princípio de uma sucessão de dois períodos em seus esboços proféticos (Joel 2:28; Ezeq. 36-39), mas nenhum havia predito uma história contínua religiosa e política do povo do pacto de Deus terminando com o juízo final do dia do Senhor. Um panorama tão amplo da história da salvação adiantado é a característica específica da profecia apocalíptica. Este contínuo apocalíptico na história está em um marcado contraste com a profecia clássica, com seu dobro foco e sua perspectiva tipológica futura. O segundo aspecto único no livro apocalíptico do Daniel é que contém uma quantidade de esboços históricos e cada um culmina no juízo universal do Deus de Israel. Podem distinguir-se 4 séries proféticas principais (Dan. 2; 7; 8; 11). Cada uma reitera a mesma ordem básica de acontecimentos, mas todas acrescentam detalhes com respeito ao conflito do povo do pacto de Deus com as forças que se opõem a Deus. Estas visões paralelas mostram um interesse crescente em enfocar a era do Messias e seu conflito com o antimessias ou o anticristo (especialmente em Dan. 8 e 9). A idéia chave de cada série profética é o triunfo do governo de Deus sobre o mal. Portanto, precisamos compreender que a meta da apocalíptica bíblica não é predizer acontecimentos específicos da história secular do mundo em si. A apocalíptica bíblica não é um exibicionismo da presciência de Deus. Antes, o seu interesse é inspirar esperança entre o oprimido povo de Deus. Anima-os a perseverar até o fim, porque o Deus fiel do pacto estabeleceu ao anticristo limite de tempo e poder. Deus vindicará a seus fiéis na luta entre o bem e o mal. O foco definitivo da apocalíptica bíblica não é o primeiro advento do Messias e sua morte violenta (Dan. 9:26, 27), e sim seu segundo advento quando voltar como o vitorioso Miguel para resgatar o remanescente fiel (Dan. 12:1, 2). O que forma a culminação de toda a profecia apocalíptica do Antigo Testamento é este evento final da história da humanidade. É este "fim" o
  • 27. As Profecias do Tempo do Fim 27 que está em vista na singular frase do Daniel: "o tempo do fim" (5 vezes em Dan. 8-12). Este foco notável do tempo do fim também é a razão de por que a profecia apocalíptica enfatiza mais o aspecto incondicional do plano determinado de Deus para a redenção da humanidade. Mas este aspecto distintivo de determinismo não deve ver-se como um contraste fundamental com as profecias clássicas do Israel com seu chamado ao arrependimento. As profecias apocalípticas de Daniel se centram ao redor da libertação final do fiel remanescente do Israel, o povo espiritual do pacto de Deus, em quem se realizarão finalmente as preocupações éticas de todos os profetas (Dan. 11:32-35; 12:3; Ezeq. 11:17-20; 18:23, 30-32; 33:11; Isa. 26:2, 3). Em Daniel, a preocupação fundamental, tanto dos capítulos históricos (caps. 1-6) como dos proféticos (caps. 7-12), parece ser a vindicação que Deus faz de seu santos acusados falsamente. Esta soberania de Deus como Rei e Juiz está expressa pelo foco centralizado no Messias que se apresenta em muitos capítulos (Dan. 2; 7; 8; 9; 10-12), e em suas divisões predeterminadas de tempo da história da redenção (Dan. 7:25 [3 ½ tempos]; 8:14, 17 [2.300 dias]; 9:24-27 [70 semanas de anos]; 12:4, 7, 11, 12 ["o tempo do fim", 1.290 e 1.335 dias]). Em todos os tempos, Deus proporciona um povo remanescente fiel, coloca os limites sobre a história pecaminosa deste mundo, permite tempos especificamente atribuídos para a apostasia e a perseguição, determina "o tempo do fim", ordena o mundo para a hora de seu juízo final e levará a cabo a libertação dos santos na segunda vinda. Estes característicos únicos pertencem à soberania de Deus e constituem a pedra angular da profecia do Daniel. Pode fazer-se uma observação adicional a respeito da parte histórica do livro de Daniel. Nos capítulos 3 (a liberação do forno de fogo) e 6 (a liberação do fosso dos leões), os relatos da intervenção divina e o resgate sobrenatural têm a finalidade de ser mais que simplesmente um pouco de interesse histórico. O autor do livro chama a atenção a sua inerente
  • 28. As Profecias do Tempo do Fim 28 perspectiva tipológica, em vista da libertação futura do povo remanescente de Deus ao fim da história da redenção. Isto chega a ser evidente a partir da repetição enfática do verbo chave "libertar" ou "resgatar" que se encontra no Daniel 3:15 e 17 (e 5 vezes no capítulo 6), e que volta a aplicar-se na seção apocalíptica do Daniel 12:1, quando Miguel "libertará" o verdadeiro o Israel de Deus por meio de sua intervenção pessoal. Além desta conexão literária entre a seção histórica e a apocalíptica de Daniel, também existe uma correspondência temática fundamental entre as duas seções do livro. As narrações que Daniel faz da lealdade religiosa à sagrada lei de Deus por uns poucos fiéis, proporciona os tipos ou as prefigurações essenciais da natureza da crise final para o povo de Deus no tempo do fim. Estes acontecimentos históricos no livro de Daniel servem como o pano de fundo para a crise vindoura do tempo do fim e seu resultado providencial, tal como se descreve no livro de Apocalipse (caps. 13 e 14). Resumo O livro apocalíptico de Daniel revela ao menos quatro características únicas: (1) Uma repetição dos esboços apocalípticos que mostram um contínuo da história da redenção. Cada esboço culmina no estabelecimento do reino de glória (Dan. 2:44, 45; 7:27; 8:25; 12:1, 2); (2) O foco centrado no Messias de todos seus esboços (Dan. 2:44; 7:13, 14; 8:11, 25; 9:25-27; 10:5, 6; 12:1); (3) As divisões predeterminadas de tempo, que servem como o calendário sagrado da história progressiva da redenção de Deus (Dan. 7-12). Estas profecias de tempo únicas determinam o começo do famoso "tempo do fim", particularmente a terminação
  • 29. As Profecias do Tempo do Fim 29 do período de tempo profético dos 2.300 "dias" na visão selada de Daniel 8 (vs. 14, 17, 19); (4) O aspecto incondicional da história da redenção, o qual recalca uma sessão predeterminada de juízo no céu e a vindicação dos santos fiéis por um Filho do Homem. Isto também está expresso pela imagem de um guerra santa final e o triunfo do Miguel como o guerreiro divino, e a ressurreição de todos os mortos para receber sua recompensa (Dan. 2:7-12). Em resumo, o livro apocalíptico de Daniel contém o fundamental da profecia clássica (o duplo foco de uma perspectiva tipológica na seção histórica do livro) e o esboço profético de um contínuo histórico em sua seção apocalíptica. A unidade orgânica da profecia clássica e da apocalíptica pode observar-se na harmoniosa combinação de sua perspectiva do tempo do fim: O juízo universal com a libertação cósmica de um povo remanescente fiel na última guerra entre o bem e o mal, e a restauração do reino de Deus em paz e justiça eternas.
  • 30. As Profecias do Tempo do Fim 30 A APLICAÇÃO QUE CRISTO FEZ DA BÍBLIA HEBRAICA O propósito deste livro é triplo: (1) Descobrir como entendeu Cristo os livros de Moisés, os Profetas e os Salmos; (2) formular os princípios hermenêuticos de Cristo para interpretar as profecias da Bíblia; (3) aplicar esses princípios às profecias não cumpridas, especialmente às do Apocalipse. Como cristãos que acreditam na verdade do evangelho, que Jesus é o Messias prometido, precisamos saber como entendeu Cristo os livros de Moisés, os Profetas e os Salmos. Jesus é o verdadeiro intérprete das Santas Escrituras. Sua mensagem é nossa chave para descobrir o significado correto do Antigo Testamento. Se queremos compreender o Antigo Testamento, devemos compreendê-lo do ponto de vista de Deus. Portanto, nosso ponto de partida é a forma como Jesus explica o Antigo Testamento. A aplicação que Cristo fez das Escrituras de Israel é nosso modelo de interpretação bíblica. Nosso princípio guiador está apoiado sobre a convicção de que a atividade redentora de Deus na história do Israel alcançou seu cumprimento em Cristo. Portanto, trataremos de interpretar o Antigo Testamento à luz da vida e mensagem de Cristo como a Palavra encarnada de Deus, pois só dele se escreveu o seguinte: "No princípio era o Verbo, e o Verbo era com Deus, e o Verbo era Deus. Ele estava no princípio com Deus... E o Verbo foi feito carne, e habitou entre nós" (João 1:1, 2, 14). Jesus e a Palavra de Deus Deus enviou ao Jesus para revelar plenamente ao Deus do Israel em sua vida e ensino. Cristo afirmou que foi enviado com uma mensagem de Deus e que suas palavras procediam de Deus mesmo: "Porque eu não tenho falado por mim mesmo, mas o Pai, que me enviou, esse me tem prescrito o que dizer e o que anunciar. E sei que o seu
  • 31. As Profecias do Tempo do Fim 31 mandamento é a vida eterna. As coisas, pois, que eu falo, como o Pai mo tem dito, assim falo" (João 12:49, 50). "Nada faço por mim mesmo; mas falo como o Pai me ensinou (João 8:28). Só Cristo pode revelar o significado e o sentido algumas vezes oculto da Escritura e da história do Israel. Tanto os judeus como os samaritanos esperavam que viesse o Messias, pois ele "nos explicará isso tudo" (João 4:25, NBE). Sem vacilação, Jesus declarou: "Eu sou, o que fala contigo" (v. 26). "Jesus lhes disse: De certo de certo lhes digo: Antes que Abraão existisse, eu sou" (8:58). O testemunho da autoridade de Jesus como o Messias se repete várias vezes no Novo Testamento (ver João 1; Col. 1 e 2; Heb. 1), e é de crucial importância para compreender as visões simbólicas do Apocalipse de João. No último livro da Bíblia, as imagens e os símbolos hebreus se aplicam consistentemente a Cristo e a sua nova comunidade do pacto como o novo Israel. É evidente a necessidade que existe de ter um enfoque correto do Apocalipse. Primeiro devemos conhecer a verdade do evangelho de Cristo como foi ensinada por Jesus antes que possamos compreender o Apocalipse. Em interpretação profética, freqüentemente se descuidou o método adequado. É indispensável reconhecer a natureza progressiva e desdobrada da revelação divina dentro da Bíblia. Deve permitir-se que os livros do Antigo Testamento nos contem sua própria mensagem, mas não como se fossem a última palavra de Deus. As Escrituras Hebraicas não são um cânon fechado da Escritura. Formam um registro incompleto da totalidade da revelação divina. Em sua major parte apresentam as promessas de Deus de um Messias vindouro como o maior dos profetas, o Rei supremo e o único Supremo Sacerdote. O Antigo Testamento termina com a promessa do Elias vindouro antes do dia de Jeová (Mal. 4:5, 6). Por outro lado, os escritos inspirados do Novo Testamento registram o começo dos cumprimentos das promessas messiânicas na vinda de Cristo (o Messias) Jesus, e em
  • 32. As Profecias do Tempo do Fim 32 sua criação de uma nova comunidade messiânica: os cristãos (um nome que significa "povo do Messias"). O Apocalipse de João se concentra especialmente na gloriosa consumação de todas as realizações. Para receber uma compreensão mais profunda de Moisés, os Profetas e os Salmos, devemos aceitar o ensino de Cristo e seus apóstolos como a verdadeira interpretação das profecias e dos tipos hebraicos. O Novo Testamento funciona como a revelação final da verdade de Deus tal como se ensina nestas palavras apostólicas: "Deus, tendo falado muitas vezes e de muitas maneiras em outro tempo aos pais pelos profetas, nestes últimos dias nos falou pelo Filho, a quem constituiu herdeiro de tudo, e por quem deste modo fez o universo" (Heb. 1:1, 2). Assim como o Filho de Deus é imensamente maior que qualquer profeta de Israel, assim a palavra de Cristo é a norma para interpretar os escritos do Antigo Testamento. Jesus ensinou que as Escrituras Hebraicas estavam centradas na promessa messiânica. Sua especial preocupação foi ensinar aos judeus que a Escritura não é um fim em si mesma, que memorizar as palavras da Sagrada Escritura não produz méritos. O propósito da Escritura é levar a Cristo! "Vós perscrutais as Escrituras, porque julgais ter nelas a vida eterna; ora, são elas que dão testemunho de mim; vós, porém, não quereis vir a mim para terdes a vida" (João 5:39, 40, BJ). Segundo Jesus, a Bíblia Hebraica está centrada em Cristo. Portanto, é essencial para um cristão descobrir o novo método com o qual Cristo explicou o Antigo Testamento. Dois dos discípulos de Jesus foram privilegiados para ouvir o Cristo ressuscitado explicar-lhes todas as Escrituras que se referiam a ele (Luc. 24:25-27). Como resultado, seus corações começaram a arder com um novo entusiasmo. Cristo "abriu- lhes o entendimento para que compreendessem as Escrituras". Mostrou- lhes como "era necessário que se cumprisse tudo o que está escrito de mim, na lei de Moisés, nos profetas e nos salmos" (Luc. 24:44, 45).
  • 33. As Profecias do Tempo do Fim 33 A pergunta provocadora para nós é: Podemos chegar a saber como interpretou Jesus o Antigo Testamento numa forma centrada em Cristo? Podemos descobrir a hermenêutica de seu enfoque cristocêntrico? Se podemos estabelecer os princípios hermenêuticos de Jesus para a profecia cumprida, saberemos como entender a profecia não cumprida, especificamente as profecias apocalípticas de Daniel e Apocalipse. A Nova Revelação de Jesus o Messias Para Jesus, as profecias messiânicas não eram predições isoladas, senão uma parte do extenso plano de Deus para a redenção do homem. Inclusive viu a história de Israel como uma série de eventos redentores que prefiguravam a grande salvação operada pelo Messias. Portanto, Cristo reconheceu que as promessas de Deus lhe foram dadas em dois níveis a Israel: tanto mediante predições verbais como mediante tipos históricos de libertação e juízo. Na Bíblia, um "tipo" é um acontecimento histórico, ou uma pessoa ou uma instituição, ordenado por Deus para prefigurar uma verdade redentora de Cristo. Jesus aplicou publicamente à sua pessoa a missão de Isaías de pregar as boas novas de Deus, de sarar as feridas de Israel e de pôr em liberdade aos oprimidos (Luc. 4:17-21 e Isa. 61:1, 2). Entretanto, o que pôde ter deixado ainda mais pasmados os judeus foi a surpreendente declaração de Jesus de que ele era o Antítipo prometido ou a consumação de todos os profetas, dos reis e da mediação sacerdotal de Israel: "E eis aqui está quem é maior do que Jonas" (Mat. 12:41). "E eis aqui está quem é maior do que Salomão" (Mat. 12:42). "Aqui está quem é maior que o templo" (Mat. 12:6). Jesus incluso declarou que sua morte abnegada proveria o "sangue do novo pacto, que por muitos é derramado" (Mar. 14:24). Por todas estas afirmações, Jesus introduziu no judaísmo a assombrosa idéia de que tinha chegado o tempo dos antítipos. Apresentou-se a si mesmo
  • 34. As Profecias do Tempo do Fim 34 como a realidade à qual apontavam todos os símbolos das instituições redentoras do Israel. Por conseguinte, anunciou solenemente na sinagoga que nele tinha começado a idade messiânica ou o ano do jubileu (libertação). Tendo citado a promessa messiânica do Isaías 61:1, disse: "Hoje se cumpriu esta Escritura diante de vós" (Luc. 4:21). Apontou seu triunfo sobre os demônios como uma prova de que o governo de Deus agora estava presente em Israel: "Mas se eu pelo Espírito de Deus expulso os demônios, certamente chegou o reino de Deus" (Mat. 12:28). Onde se rechaça a Satanás, o reino de Deus se faz manifesto. Com Jesus entrou em operação o princípio salvífico soberano de Deus. Em outras palavras, com a primeira vinda de Cristo se inaugurou o tempo escatológico. "O tempo está cumprido", disse Jesus, "e o reino de Deus está próximo; arrependei-vos e crede no evangelho" (Mar. 1:15). Tinha terminado o tempo de espera para o reino de Deus, e tinha começado o tempo do reinado de Deus no ministério de Cristo. Jesus é o iniciador do reino da graça de Deus. Como o Rei-Messias, representa o reino de Deus; como o doador da misericórdia divina, é o Mediador sacerdotal do reino de Deus. Em qualquer lugar que Cristo está presente, o reino de Deus irradia seu poder. Jesus assegurou: "Eis que o reino de Deus está entre vós" (Luc. 17:21). A graça de Deus está dentro do alcance do homem onde quer que Jesus é proclamado como o Messias. Esta é a essência do evangelho. A verdade de que o Cristo ressuscitado é Senhor e está sentado à mão direita do trono de Deus, foi respaldado no dia de Pentecostes pelo derramamento do Espírito. O apóstolo Pedro anunciou então que os "últimos dias" tinham chegado, que tinham começado os dias do reinado espiritual de Cristo (At. 2:17; cf. Heb. 1:2). Cristo, o Representante do Novo Israel Que Jesus afirmasse ser o Messias da profecia não deve obscurecer o fato de que o Messias também foi designado para ser o perfeito
  • 35. As Profecias do Tempo do Fim 35 representante de Israel. O pacto de Deus com Israel tem que realizar-se em obediência perfeita ao Messias. Como a personificação de Israel, o profeta descreve a Cristo como "o servo do Senhor" assim como Israel tinha sido designado o servo do Senhor (Isa. 42-53). Assim como Israel, Cristo também foi chamado "Filho" de Deus (Êxo. 4:22; Isa. 42:1; Mat. 3:17). Jesus foi enviado para suportar a mesma enxurrada de provas que teve Israel, para vencer onde Israel tinha fracassado. Depois de seu batismo, esteve durante 40 dias no deserto para ser tentado pelo diabo e assim igualar simbolicamente os 40 anos que Deus provou os israelitas no deserto (Deut. 8:2; Mat. 4:1). A maioria dos eruditos do Novo Testamento reconhecem que Jesus se viu a si mesmo, em um sentido tipológico, como o novo Israel. Este tinha falhado, mas Jesus cumpriu o pacto de Deus em favor de Israel e da humanidade. Desta forma, a história de Israel alcança um cumprimento feliz em Cristo. Portanto, de decisiva importância para o correto entendimento da profecia de Israel e do livro do Apocalipse é a verdade do Novo Testamento de que Jesus Cristo incorpora Israel e dessa maneira leva a missão de Israel a um fim em sua própria vida. O rechaço pela nação judaica dos sofrimentos, morte e ressurreição de Cristo não foram tragédias inesperadas que frustrassem o plano de salvação de Deus para a humanidade. Deus não depende dos judeus para o cumprimento de suas promessas. Depende do Messias. O profeta tinha assegurado: "A vontade do Senhor será em sua mão prosperada" (Isa. 53:10). Pedro disse que o que aconteceu com Jesus na cruz e em sua ressurreição, ocorreu "por conselho e antecipado conhecimento de Deus" (At. 2:23). Dois exemplos do livro de Salmos ilustram como Jesus soube o que tinha que esperar na providência de Deus. Cristo percebeu nas experiências do rei Davi uma prefiguração de suas próprias provas e rechaço por parte de Israel. Jesus recorreu especificamente a Salmos 41:9 para revelar sua intuição de que a traição de Davi por seu amigo em quem confiava era um tipo dos sofrimentos do Messias, que era maior que Davi (ver João 13:18-27). No momento de
  • 36. As Profecias do Tempo do Fim 36 sua agonia mais profunda na cruz, Cristo clamou a grande voz: "Meu Deus, Meu deus, por que me desamparaste?" (Mat. 27:46; Mar. 15:34). Estava citando Salmos 22:1, que Davi tinha clamado em seu próprio desespero enquanto estava rodeado por seus inimigos sedentos de sangue. Como o salmo é uma unidade que consiste de uma lamentação prolongada sobre o sofrimento intenso (vs. 1-21), Cristo viu na experiência do Davi um tipo de sua própria agonia. Muitos comentadores não consideram a lamentação histórica de Davi no Salmo 22 como uma profecia diretamente messiânica, não obstante, Cristo e os escritores do Novo Testamento aplicam muitos aspectos do Salmo 22 à cruz e à glória que seguiu. Este modelo surpreendente de tipologia no livro de Salmos, que foi trazido à luz por Jesus Cristo, justifica que salmos como este se classifiquem como profecias messiânicas. O propósito de tais entrevistas do Novo Testamento não é simplesmente para mostrar de que maneira se cumpriram com toda exatidão na vida de Jesus as predições messiânicas ocultas, mas sim para proclamar a Jesus como a meta da história de Israel e como a realização do pacto que Deus tinha feito com eles. Os escritores dos Evangelhos declaram com freqüência que os eventos do passado de Israel se "cumpriram" na vida de Cristo. Mateus cita o profeta Oséias, "do Egito chamei a meu filho" (Ouse. 11:1), o que recordava a Israel seu êxodo histórico do Egito. Mateus aplica estas palavras à fuga do José e Maria para o Egito até a morte de Herodes: "Para que se cumprisse o que disse o Senhor por meio do profeta, quando disse: Do Egito chamei o meu Filho" (Mat. 2:15). O aspecto da entrevista de Mateus é que a Escritura de Oséias se "cumpriu" no menino Jesus. Entretanto, as palavras de Oséias não foram uma profecia, a não ser um recordativo significativo da experiência histórica de Israel como "filho" de Deus (cf. Êxo. 4:22). Então, como pôde declarar Mateus que Oséias 11:1 se "cumpriu" em Jesus? Pela mesma razão fundamental com
  • 37. As Profecias do Tempo do Fim 37 que justificou a interpretação messiânica das experiências do Davi (ver Sal. 41:9 e 22:1). Como o Filho de Deus, Cristo não só representa o Israel ante Deus, mas também representa o destino de Israel em sua própria vida. Mateus ensina que o significado da história de Israel se revela completamente na vida de Jesus Cristo. Desta maneira, o Novo Testamento insinua com força que os acontecimentos na vida de Jesus – como seu nascimento em Belém, sua morte humilhante, sua ressurreição e exaltação à direita de Deus – não foram eventos imprevistos ou acidentais. Todos formaram parte do determinado conselho de Deus (ver At. 2:23; 4:28).
  • 38. As Profecias do Tempo do Fim 38 COMO CRISTO EMPREGOU OS SÍMBOLOS APOCALÍPTICOS Como observamos no primeiro capítulo, Jesus viveu em um tempo quando a esperança judia de uma pronta vinda de um Messias político se intensificou grandemente. Uma quantidade de escritos apocalípticos, sob nomes falsos ou pseudônimos, circulavam com grande profusão, e mantinham a esperança messiânica candente aplicando a mensagem do juízo de Daniel e de outras passagens proféticas a seu próprio tempo e situação. Os títulos de algumas destas obras pseudoepigráficas são: 4 Esdras, 1 Enoc, Apocalipse de Baruque, Livro dos Jubileus. Os termos "apocalíptico" e "apocalipticismo" foram usados mais tarde pelos eruditos para indicar as escatologias especulativas e contraditórias contidas nesses escritos do judaísmo tardio. As três características dominantes desse apocalipticismo judeu foram as seguintes: (1) O juízo cósmico-universal em torno do Israel nacional ou a um fiel remanescente judeu; (2) a substituição súbita da presente era pecaminosa pela criação de um mundo sem pecado e um novo cosmos; e (3) o fim predeterminado deste mundo pecaminoso e a vinda iminente do Messias. Esta urgência freqüentemente estava apoiada por cálculos contraditórios de períodos de tempo na história mundial. A maioria dos escritores apocalípticos acreditavam que o fim desta era pecaminosa estava perto, e que ocorreria em sua geração. Também acreditavam que eles eram os verdadeiros intérpretes dos profetas canônicos de Israel com respeito à sua própria crise. Um exemplo notável foi a comunidade de Qumran, cujo fundador e professor ensinou que a predição de Habacuque de um remanescente do povo de Deus que sobreviveria (Hab. 2:4) estava cumprindo-se em sua própria e única seita nas cavernas do Mar Morto. Contra o fundo desta esperança iminente comum do judaísmo do século I de nossa era, o emprego que Jesus fez de alguns símbolos apocalípticos bem conhecidos chega a ser mais significativo. Mostra o
  • 39. As Profecias do Tempo do Fim 39 enfoque inovador da mensagem do evangelho que proclamou Jesus. Cristo deu novo significado a termos apocalípticos tão populares como: "Filho do Homem", "juízo", "vida eterna e ressurreição", "reino de Deus", "esta era e a era por vir". Todas estas expressões eram mais ou menos termos técnicos nos esquemas apocalípticos do judaísmo tardio. A mensagem de Jesus surpreendeu os judeus de seu tempo porque deu a cada símbolo apocalíptico um novo significado messiânico ou cristocêntrico que despedaçou seus sistemas escatológicos. Os odres velhos não podiam conter o espumoso vinho novo de sua mensagem de um cumprimento presente em si mesmo (ver Luc. 5:37, 38). A conexão mais dramática do Jesus com o livro do Daniel e os escritos judeus tardios foi sua autodesignação explícita como "o Filho do Homem" (65 vezes nos Evangelhos sinóticos e 12 vezes no quarto Evangelho). Ele se aplicou este titulo em forma consistente. Era a forma própria como Jesus se referia a si mesmo. O emprego extraordinário que Jesus fez deste símbolo convenceu em forma geral à erudição bíblica de nosso tempo de que Cristo adotou o termo apocalíptico "um como o filho de homem", da visão do Daniel 7:13 e 14, e o elevou a um título messiânico. As similitudes do livro 1 Enoc 37-71 e a sexta visão em 4 Esdras 13 (ambos os documentos pós-cristãos) refletem como alguns círculos apocalípticos judeus interpretavam o personagem daniélico "filho de homem": um Messias preexistente e celestial que viria à terra como o Juiz de toda a humanidade e governaria sobre um novo reino terrestre. A questão é: Como empregou Jesus o título e o que contido colocou nesta expressão apocalíptica, o "Filho do Homem"? Jesus explicou que seus milagres de cura ele os fez com um propósito mais elevado: "Para que saibam que o Filho do Homem tem potestade na terra para perdoar pecados" (Mar. 2:10). Mas, como pôde ser Jesus ao mesmo tempo o humilde Filho do Homem e o glorioso ser preexistente da visão de Daniel? O mistério se intensificou quando Jesus começou a dizer que o
  • 40. As Profecias do Tempo do Fim 40 Filho do Homem celestial "devia" sofrer e ser morto, e que ressuscitaria depois de três dias (Mar. 8:31; 9:31; 10:33, 34). Entretanto, sua declaração mais profunda foi: "Porque o Filho do Homem não veio para ser servido, mas para servir, e para dar a sua vida em resgate por muitos" (Mar. 10:45). Aqui Jesus se identificou com o servo sofredor de Isaías 53, que morreria para o benefício de todos. Ao fazê-lo, Jesus fundiu o servo sofredor da profecia de Isaías com o Filho do Homem da visão do Daniel. Por assim dizê-lo, esvaziou o conteúdo do servo sofredor no personagem apocalíptico do Filho do Homem. Tal combinação de dois personagens messiânicos em profecia era desconhecido. Aos judeus parecia algo completamente paradoxal. Foi a idéia criadora de Jesus introduzir esta reinterpretação radical do Filho do Homem daniélico. Cristo viu sua missão como Messias em forma completamente diferente a todas as expectativas messiânicas no judaísmo. Colocou sua missão de um Messias sofredor e moribundo dentro da estrutura apocalíptica de Daniel. Entretanto, a maior surpresa dos judeus foi o escutar que este humilde filho de um carpinteiro afirmava ser o apocalíptico Filho do Homem, não só em seus dias, mas também no juízo final. Considere estas afirmações de Jesus (as ênfases são minhas): "Porque o que se envergonhar de mim e de minhas palavras nesta geração adúltera e pecadora, o Filho do Homem se envergonhará também dele, quando vier na glória de seu Pai com os santos anjos" (Mar. 8:38). "Então verão o Filho do Homem, vindo sobre as nuvens com grande poder e glória" (13:26). "Tornou a interrogá-lo o sumo sacerdote e lhe disse: És tu o Cristo, o Filho do Deus Bendito? Jesus respondeu: Eu sou, e vereis o Filho do Homem assentado à direita do Todo-Poderoso e vindo com as nuvens do céu" (14:61, 62). Nestas declarações dramáticas, Jesus afirmou que a profecia do Daniel 7 até esperava seu cumprimento futuro e apocalíptico quando Deus julgue a todos os homens, mas que o Filho do Homem daniélico já tinha aparecido com outro propósito: trazer salvação da escravidão do
  • 41. As Profecias do Tempo do Fim 41 pecado. Cristo declarou claramente que ele, como o Filho do Homem, tinha descido "do céu" (João 3:13), e que "os anjos de Deus... sobem e descem sobre o Filho do Homem" (1:51). Dessa maneira Cristo ensinou que tinha estabelecido em Israel uma nova comunicação entre o céu e a terra por sua autoridade divina (3:31; 6:62). Isto também envolve sua missão para julgar ao Israel em nome de Deus: "E [Deus] também lhe deu autoridade de fazer juízo, porquanto é o Filho do Homem" (5:27), embora o propósito da primeira vinda do Jesus foi explicitamente salvação e não juízo no sentido de condenação (3:17; 12:47). Não obstante, João pôde também informar que Jesus veio ao mundo para um juízo presente: "Para juízo vim eu a este mundo; para que os que não vêem, vejam, e os que vêem, sejam cegados" (João 9:39). Esta classe de juízo ou processo de sacudidura era inerente ao oferecimento da salvação de Cristo, oferecimento que implica necessariamente juízo. Os que rechaçam o dom de Deus de Jesus o Messias, pronunciaram indevidamente seu próprio juízo. Escolheram ser condenados. O evangelho de Cristo separa aos que aceitam o oferecimento da graça daqueles que o rechaçam (ver João 3:18-21; 5:24). A presença de Cristo produz um tempo escatológico de decisão, e esse tempo é agora. Cada pessoa está compelida a rechaçá-lo ou a reconhecê-lo, e assim determina de antemão o veredicto do juízo final sobre si mesmo. Cristo considera como de importância decisiva o que o confessemos como o Filho do Homem. Por isso, ao cego a quem tinha sarado perguntou: "Crês tu no Filho do Homem?" (João 9:35). Desse modo Jesus deu a tal pessoa uma revelação mais elevada de si mesmo. Jesus revelou que era o Messias celestial de que se falava no livro de Daniel, que viria nas nuvens do céu ao "Ancião de dias" para receber a glória e o domínio e o reino sobre todos os povos (Dan. 7:14). Este conhecimento conduz a uma fé mais amadurecida em Jesus. O ponto importante nos quatro Evangelhos é a mensagem em que Cristo se referiu à missão do Filho do Homem em uma forma dupla: com respeito a um cumprimento presente e terreno, e também a uma
  • 42. As Profecias do Tempo do Fim 42 consumação cósmica futura. Em outras palavras, Cristo explicou que o apocalíptico Filho do Homem de Daniel teve um cumprimento histórico em salvação e juízo desde seu humilde primeiro advento, enquanto que também olhou para o futuro, à consumação em salvação e juízo em seu segundo advento. Em resumo, o juízo de Deus, a vida eterna e a ressurreição por meio do Filho do Homem são tanto presente como futuras. Esta dupla aplicação está expressa no Evangelho de João por meio desta frase peculiar: "Vem a hora, e agora é, quando os mortos ouvirão a voz do Filho de Deus; e os que a ouvirem viverão. Porque como o Pai tem vida em si mesmo, assim também deu ao Filho o ter vida em si mesmo" (João 5:25, 26; ver também 4:23 e 16:32). Quão surpreendente é que Jesus ensinasse que não é suficiente crer que haverá uma ressurreição no último dia, como se promete em Daniel 12:2. Sua nova mensagem foi: "Eu sou a ressurreição e a vida; quem crê em mim, ainda que esteja morto, viverá. E todo o que vive e crê em mim, não morrerá eternamente" (João 11:25, 26). Em outras palavras, a vida futura no glorioso reino de Deus está à nossa disposição pela fé em Cristo agora como uma qualidade espiritual de vida. Um emprego duplo similar da terminologia apocalíptica pode ver-se na forma em que Jesus aplica os conceitos do reino de Deus e sua "era" (aion) correspondente. Ambas idéias estão combinadas na proclamação de Jesus: "O tempo está cumprido, e o reino de Deus está próximo; arrependei-vos e crede no evangelho" (Mar. 1:15; cf. Mat. 3:2; 4:17; 5:17). O chamado de Cristo parece estar motivado por uma urgência apocalíptica da vinda do reino de Deus, e muito bem pode estar inspirado na profecia de tempo messiânico das 70 semanas do Daniel 9. (Particularmente Daniel 2 e 7 prometem a vinda do reino de Deus; Dan. 2:44, 45; 7:27.) O conceito de Jesus do reino universal de Deus também era parte das Escrituras. Estas ensinavam que Jeová, o Deus de Israel, é agora Rei e chegará a ser Rei no futuro "sobre toda a terra" (Núm. 23:21; Deut.
  • 43. As Profecias do Tempo do Fim 43 33:5; Sal. 103:19; Isa. 6:5; Dan. 2:44; 4:3; Isa. 24:23; Zac. 14:9). Além disso, os profetas haviam predito que um filho de Davi chegaria a ser o Rei de Israel e que, como o Messias do mundo, representaria o governo régio de Jeová para sempre (2 Sam. 7:12-16; Sal. 2:7-9; 132:11-18; Isa. 9:7; 11 :1-5; Miq. 5:2; Dan. 7:14, 27). Como já indicamos no capítulo I, o judaísmo farisaico tinha desenvolvido a esperança de que nos últimos dias o Messias viria no tempo indicado por Deus, subiria ao trono de Israel e por seu poder quebrantaria aos príncipes injustos, purificaria a Jerusalém de gentios, quebrantaria toda sua solidez com vara de ferro e, por último, submeteria todas as nações da terra a seu governo. Na pregação de Cristo, o reino de Deus foi o conceito principal. Seu ensino do reino de Deus, sua proximidade, tal como está representada por sua própria vida, seu ministério de cura e seu domínio sobre os demônios, revolucionaram o apocalipticismo judeu que tinha perdido toda esperança de que Deus reinasse no presente histórico. O primeiro advento de Cristo não foi o fim do tempo a não ser o poder régio de Deus que pôde "atar" a Satanás e liberar os homens do poder do mal (ver Mat. 12:29). Jesus insistiu em afirmar que nele o reino dos céus se aproximou como uma soberania espiritual de Deus que agora estava ativa em seu oferecimento messiânico de graça e seu domínio sobre os demônios; uma realidade totalmente diferente do que esperavam os rabinos judeus e os escritores apocalípticos, pois seu reino não era deste mundo (João 18:36). Em resumo, a mensagem de Jesus é que em sua própria pessoa Deus invadiu a história humana e triunfou sobre o mal. Ao mesmo tempo, Cristo ensinou que a liberação final viria no fim do tempo, em sua segunda vinda (Mat. 6:10; 13:41-43; 16:27; 19:28; 25:31). A nova idéia que Jesus apresentou foi que tanto no presente como no futuro reino de Deus ele intervém como Filho do Homem, e em conexão com isto aplicou a terminologia apocalíptica de "as duas eras" à
  • 44. As Profecias do Tempo do Fim 44 sua nova estrutura escatológica. Enquanto que os apocalipticistas conceberam um dualismo claro de duas eras ou períodos nos quais a futura era isenta de pecado substituiria por completo a esta era pecaminosa, Cristo ensinou que com seu ministério tinha começado a era messiânica e a salvação. Ao mesmo tempo reconheceu que "a era vindoura" começaria só com a ressurreição dos mortos (Luc. 20:34-36). A identificação por parte do Jesus da era messiânica com "esta era" (Mar. 10:29, 30) destruiu a idéia básica da doutrina das duas eras dos apocalipticistas. A ênfase de Cristo em sua mensagem foi chamar o arrependimento (metanoia) e aceitá-lo como Senhor e Messias (Mat. 4:17; 19:21), condição básica para entrar no reino de Deus no momento presente. Desta forma, a paz e o gozo messiânicos serão experimentados já agora na alma (João 15:11; 16:33). Esta tensão entre a escatologia inaugurada e a escatologia apocalíptica, entre o reino da graça e o reino da glória, entre o "já" e o "ainda não", é característica da mensagem do evangelho do Novo Testamento em sua totalidade. O evangelho não é simplesmente as boas novas a respeito da obra de Cristo no passado ou no futuro. Os poderes da era vindoura já invadiram esta era em forma dramática desde o Pentecostes, e agora os verdadeiros crentes "provam" dos poderes do século vindouro mediante Cristo (Heb. 6:5). Esta verdade do evangelho dissipa o desespero do apocalipticismo judeu. Os apóstolos afirmaram que a história da salvação entrou agora na era messiânica, ou os "últimos dias", no qual o poder libertador do Espírito de Deus está totalmente à disposição de todos os que se encontram em Cristo Jesus (Heb. 1:1, 2; At. 2:17-39).
  • 45. As Profecias do Tempo do Fim 45 A INTERPRETAÇÃO QUE OS APÓSTOLOS FIZERAM DO CUMPRIMENTO DA PROFECIA A aplicação que faz Pedro da profecia do Joel é altamente instrutiva. O apóstolo aplica a promessa do Espírito de Deus profetizada pelo Joel ao derramamento pentecostal do Espírito Santo sobre os judeus cristãos reunidos em Jerusalém. Pedro cita a predição do Joel de um futuro derramamento do Espírito (Joel 2:28) e ato seguido assinala a experiência presente como o cumprimento "nos últimos dias", declarando: "Isto é o dito pelo profeta Joel" (At. 2:16). Um olhar mais detalhado aos assuntos mencionados no esboço profético do Joel expõe o problema seguinte: por que anunciou Pedro o cumprimento histórico dos "últimos dias" no dia de Pentecostes? Pedro citou Joel 2:28-32 embora algumas dos sinais preditos ainda não se cumpriam visivelmente, incluindo as seguintes: (1) "Toda carne" incluso no tinha recebido o derramamento milagroso do Espírito, porque só 12 apóstolos, ou no máximo 120 crentes, tinham-no recebido (At. 1:15); (2) os sinais milagrosos de "sangre, fogo e colunas de fumaça" parecem incluir mais que as "línguas de fogo" assentadas sobre cada um dos discípulos, sacudidos por um vento robusto; e (3) os sinais cósmicos do sol e da lua, no melhor dos casos só se cumpriram parcialmente, até se se aceita o obscurecimento do sol por três horas durante a crucificação como um dos sinais (Mat. 27:45). Isto nos leva a um princípio básico de interpretação apocalíptica na mensagem apostólica: O cumprimento em Pentecostes constitui só uma escatologia parcialmente realizada. Do ponto de vista apostólico, o cumprimento dos "últimos dias" não requer um cumprimento imediato de cada detalhe. O cumprimento se enfoca na realização messiânica da promessa de Deus na história da salvação. O derramamento do Espírito demonstrou ser a indicação nesta terra da coroação do Jesus ressuscitado como o Rei-Sacerdote no céu (At. 2:33, 36). Em outras palavras, o cumprimento não requer a verificação de cada detalhe da profecia na
  • 46. As Profecias do Tempo do Fim 46 história presente. O cumprimento está determinado pelo progresso da história da salvação no ministério de Cristo e seus apóstolos. Agora se tinha aberto um novo caminho de salvação para todo aquele que invocar o nome do Senhor Jesus (At. 2:21; ver também Rom. 10:9-13; 1 Cor. 1:2). Era-a escatológica do Joel tinha sido inaugurada pelo reinado do Jesus Cristo. O que podemos dizer das características universais ("toda carne") e cósmicas ("sol" e "lua") da perspectiva do futuro que anuncia Joel? Estas assinalam à consumação e ao fim da era cristã, quando Cristo volte pela segunda vez. Estes aspectos apocalípticos não se cumpriram nos dias do Pedro. Ao aplicar Joel 2, Pedro ressaltou que o Cristo ressuscitado era a fonte do derramamento do Espírito. Além disso assinalou que o Espírito é dado baixo a condição de ter fé no Jesus como o Messias: "Respondeu-lhes Pedro: Arrependei-vos, e cada um de vós seja batizado em nome de Jesus Cristo para remissão dos vossos pecados, e recebereis o dom do Espírito Santo. Pois para vós outros é a promessa, para vossos filhos e para todos os que ainda estão longe, isto é, para quantos o Senhor, nosso Deus, chamar" (At. 2:38, 39). A distribuição do Espírito sobre o Israel crente em Cristo pelo Senhor ressuscitado está no próprio coração da mensagem apostólica do evangelho. Isto ensina que o primeiro princípio de interpretação profética dos apóstolos está determinado por um cumprimento em Cristo (o cumprimento cristológico), e por extensão, na igreja de Cristo (o cumprimento eclesiológico). Isto nos leva a uma característica final da aplicação que Pedro fez da profecia do Joel: O derramamento do Espírito de Cristo sobre a terra iniciou os "últimos dias" (At. 2:16). O conceito de "os últimos (ou últimos) dias" é usado freqüentemente pelos profetas do Antigo Testamento, mas no Novo Testamento recebe uma qualidade messiânica ou cristológica, porque agora Cristo veio na plenitude do tempo (Gál. 4:4). Seu Espírito doador de vida começou a ser derramado sobre toda carne (ver João 7:37-39). A idéia dos "últimos dias" não se refere a uma quantidade de tempo, a não
  • 47. As Profecias do Tempo do Fim 47 ser a uma qualidade no tempo, ao começo da era messiânica em contraste com o tempo dos profetas do Israel (cf Heb. l:1, 2). A verdade apostólica da chegada dos "últimos dias" implicava que tinha chegado "a consumação dos séculos" da era do velho pacto (Heb. 9:26; 1 Ped. 1:20; 1 Cor. 10:11). Este anúncio do fim da velha dispensa e do começo dos "últimos dias" messiânicos envolve um rechaço das divisões de tempo do apocalipticismo judeu e uma volta ao conceito profético que insígnia que Deus domina o tempo e a história. "Anjos, principados e autoridades", inclusive "todas as coisas", estão submetidas a Cristo (F. 1:20-22; 1 Ped. 3:22). Até às autoridades políticas as designa como servos de Deus para governar à humanidade (Rom. 13:4; diákonos; 13:6, leitourgós; ver também João 19:11). Com orações de petição, intercessão e agradecimento, a igreja está chamada a submeter-se "por causa do Senhor" aos protetores políticos da lei e a ordem na sociedade humana (Rom. 13:1; 1 Ped. 2:13-17; 1 Tim. 2:1-3). Esta atitude positiva para a história por parte da igreja apostólica está bem compendiada pelo R. Bauckham: "O significado da história presente foi garantido pelos escritores do Novo Testamento por meio de sua crença de que na morte e a ressurreição do Jesus, Deus já tinha atuado em uma forma escatológica; a nova era tinha invadido a velha; a nova criação estava em marcha, e o período intermédio da superposição das foi estava ocupado com a missão escatológica da igreja".1 A Unidade Orgânica dos Cumprimentos Cristológicos e Eclesiológicos O sentido de missão dos apóstolos estava enraizado na convicção incomovível de que Cristo os tinha designado como os líderes de um novo o Israel para cumprir a vocação da nação judia: ser a luz da salvação divina para todo mundo (Mat. 21:43; Luc. 12:32; 1 Ped. 2:9, 10). Para sua comissão de pregar o evangelho, Paulo e Barnabé apelaram à profecia do Isaías, a qual comissionava ao Servo do Jeová: "Também
  • 48. As Profecias do Tempo do Fim 48 te dava por luz das nações, para que seja minha salvação até o último da terra" (Isa. 49:6). Paulo citou esta chamada divina e sua missão aos judeus em seu sermão na sinagoga do Pisídia da Antioquia, e o aplicou diretamente a sua missão apostólica: "Porque assim nos mandou o Senhor" (At. 13:47; cf. 26:23). Isto significa que o cumprimento cristológico das profecias messiânicas se estende à igreja de Cristo e inclui o cumprimento eclesiológico. Isto é o que podemos chamar "a hermenêutica do evangelho". A igreja cristã é essencialmente o povo do Messias, os que se reúnem em seu nome e quem o segue como o Pastor messiânico (Mat. 18:30; João 10:14-16; 11:51, 52). Neste novo o Israel ficam eliminadas as antigas restrições étnicas e geográficas do Israel. Se reúne pelo evangelho do Cristo crucificado e ressuscitado. Cristo já o tinha anunciado: "E eu, se for levantado da terra, a todos atrairei para mim mesmo" (João 12:32). O livro de Atos descreve com mais detalhe a aplicação histórica desta hermenêutica do evangelho à igreja apostólica. Um exemplo revelador se encontra em Feitos 4, onde se aplica o Salmo 2 (com seu centro messiânico e sua perspectiva de juízo) à conspiração dos gentis e judeus contra Jesus e seus apóstolos (At. 4:18, 23-30). A interpretação evangélica do Salmo 2 não é uma reinterpretação que introduza elementos estranhos ao texto. Antes bem, o evangelho de Cristo expõe o significado intencional da profecia a respeito do Israel à luz de seu cumprimento em Cristo e em sua igreja. Por conseguinte, o Novo Testamento reconhece esse cumprimento na era da igreja como uma atividade atual do Espírito, que um dia chegará a sua consumação universal (ver Apoc. 18:1). O Apocalipse de João é uma contraparte complementar dos quatro Evangelhos, porque se concentra principalmente nos gozos e a herança dos que são fiéis até o fim e vencem ao mau pelo sangue do Cordeiro e a
  • 49. As Profecias do Tempo do Fim 49 palavra de seu testemunho (Apoc. 12:11). O livro do Apocalipse está categoricamente centrado em Cristo e destinado para a igreja de todas as idades, especialmente para prepará-la para a crise do tempo do fim. Toda a escatologia do Novo Testamento está regulada pela verdade do evangelho. Este é o princípio apostólico de interpretação profética. O Princípio de Universalização das Promessas Territoriais Feitas a Israel Os intérpretes cristãos da profecia algumas vezes estiveram confundidos em sua aplicação das promessas territoriais feitas ao antigo o Israel. Isto é especialmente verdade com as aplicações das profecias não cumpridas do Daniel, Ezequiel, Joel, Zacarias e o Apocalipse. Alguns supõem que o território do Oriente Médio chegará a ser o ponto focal dos cumprimentos das profecias do tempo do fim, o que requer um esforço sério para determinar o princípio básico que segue o Novo Testamento em sua aplicação das promessas territoriais feitas ao Israel. Neste assunto, Cristo também estabeleceu a norma para nós. Proclamou o princípio da ampliação mundial das promessas territoriais locais; fê-lo assim quando disse que a promessa do pacto com respeito à terra se cumpriria na terra feita nova. Isto pode ver-se ao observar como aplicou Jesus esta antiga promessa territorial: SALMOS 37:11, 29 Mateus 5:5 Davi Jesus "Mas os mansos herdarão a terra e "Bem-aventurados os mansos, se deleitarão na abundância de porque herdarão a terra". paz" (v.11). "Os justos herdarão a terra e nela habitarão para sempre" (v. 29).
  • 50. As Profecias do Tempo do Fim 50 Cristo aplicou claramente o Salmo 37 em uma forma inovadora: (1) Esta "terra" seria maior do que pensou Davi; o cumprimento incluirá toda a terra em sua formosura criada de novo (ver também Isa. 11:6-9 e Apoc. 21 e 22); (2) a terra renovada será a herança de todos os mansos de todas as nações que aceitem a Cristo como Salvador. Cristo não está espiritualizando a promessa territorial feita a Israel. Pelo contrário, amplia o alcance de seu território futuro para incluir toda a terra. De igual modo, o apóstolo Paulo entendeu a promessa territorial do pacto assim como o entendeu Jesus, incluindo toda a terra: "Porque não pela lei foi dada a Abraão ou a sua descendência a promessa de que seria herdeiro do mundo, mas sim pela justiça da fé" (Rom. 4:13). Paulo declara que esta promessa territorial mundial era a substância do pacto abraâmico, a qual estaria garantida só pela justiça pela fé. A sugestão de Deus a Abraão de que olhasse ao "norte e ao sul, ao oriente e ao ocidente" (Gên. 13:14) na terra do Canaã não especificava limites: "Porque toda essa terra que vês, eu ta darei, a ti e à tua descendência, para sempre. Farei a tua descendência como o pó da terra; de maneira que, se alguém puder contar o pó da terra, então se contará também a tua descendência" (Gên. 13:15,16). Para compreender o princípio do evangelho, deve-se contemplar a terra da Palestina como uma antecipação ou uma garantia que assegurou ao Israel um território muito mais extenso, necessário para acomodar às inumeráveis multidões da descendência de Abraão. O pacto abraâmico continha a promessa de uma descendência incontável e de uma terra sem limites para dita descendência. Entretanto, Paulo considera Abraão como o pai de todos os crentes, de todos os que são justificados por meio da fé em Cristo entre as nações do mundo (Rom. 4:13, 16-24). Abraão "é pai de todos nós" (tão crentes judeus como crentes gentis). O apóstolo declara: "Como diz a Escritura: Constituí-te pai de muitas nações; nosso pai diante Daquele a quem acreditou" (Rom. 4:17, BJ). Isso não está de acordo com a hermenêutica do literalismo. É a exegese cristocêntrica do Paulo. A "terra" chega a ser
  • 51. As Profecias do Tempo do Fim 51 o mundo; as "nações" chegam a ser quão crentes confiam no Deus do Israel e som justificados pela fé em Cristo. Abraão chegaria a ser o pai espiritual de uma multidão de gentis por meio de Cristo. O Inadequado da Hermenêutica do Literalismo A hermenêutica do literalismo étnico e geográfico em profecia se apóia na hipótese de que a profecia não é mais que história antes dos acontecimentos. Por conseguinte, atribui às descrições proféticas a exatidão de um quadro fotográfico feito com antecipação. Esta hipótese não deixa lugar para as coisas maiores e melhores que virão, coisas que "nem homem algum imaginou" a não ser Deus sozinho (1 Cor. 2:9, NBE; Isa. 64:4). O literalismo nega a estrutura bíblica inerente de uma tipologia intensificada. Cristo veio em humilhação; contudo, foi mais que Jonas, mais que Salomão, maior que o templo (Mat. 12:40, 42, 6). Levantou a esperança judia muito por cima de quem esperava um Messias que fora idêntico com um rei, um profeta ou um sacerdote no Israel. Como o Messias divino, elevou-se imensamente por cima desses protótipos antigos, tanto em sua humilde encarnação como em sua futura glorificação. Não devia esperar uma reprodução exata dos reis teocráticos do Israel. portanto, a gente também pode ver a terra prometida (Palestina) como "um mundo em miniatura no qual Deus ilustrou seu reino e sua forma de tratar com o pecado. A terra que Deus prometeu a Abraão e a sua descendência... era um tipo do mundo (Rom. 4:13)".2 O alcance total do panorama profético do Israel não era nacionalista a não ser universal, com uma dimensão acrescentada que incluía tanto o céu como a terra (Isa. 65:17; 24:21-23). O princípio decisivo para a aplicação no tempo do fim da promessa territorial feita ao Israel é a forma como Cristo e o Novo Testamento como um tudo aplicam esta promessa do pacto. A passagem clássica que insígnia a ampliação universal do território restringido do Israel, encontra-se na conversação do Jesus com a mulher da Samaria. Quando