Bloco de português com artigo de opinião 8º A, B 3.docx
Qual é o papel dos idosos na nossa sociedade
1. Qual é o papel dos idosos na nossa sociedade?
Solidariedade entre as gerações para garantir trabalho e aposentadorias
ROMA, quarta-feira, 7 de março de 2012 (ZENIT.org) - Estamos diante de uma situação sem precedentes
na história humana, derivada do aumento na expectativa de vida. É uma vitória sobre a doença e sobre as
causas da morte, devida a uma dieta melhor, ao progresso da medicina, às medidas de segurança e de
solidariedade social.
Entretanto, todas as idades da vida em nosso mundo têm atividades peculiares e prevalentes: o estudo
na juventude, o trabalho na idade adulta... Falta um exame adequado da longevidade. Se Deus nos
permitiu prolongar a vida, certamente quis que as pessoas dessem frutos também na estação da velhice.
E qual seria o papel do idoso na nossa sociedade?
Não podemos evitar esta questão neste Ano Europeu do Envelhecimento Ativo e da Solidariedade entre
as Gerações.
Os idosos são, em nossa "sociedade de consumo", geradores reais de relações: pontes entre uma
geração e outra. E precisamos da solidariedade entre as gerações.
Os idosos são um grande trunfo para a sociedade. Seu conhecimento, sua experiência e sabedoria são
um legado para os jovens, agora mais do que nunca precisados de professores da vida.
O beato João Paulo II, em particular, sugere pistas úteis para a reflexão. Ele reservou aos idosos, com
quem dividiu a idade e a condição, um lugar de destaque no seu ministério pastoral. Através de uma série
de manifestações significativas, ele quis identificar e descrever o carisma específico e a vocação da
"terceira idade" no contexto da comunidade civil e eclesial.
Na "Carta aos Idosos", de 1º de outubro de 1999, às vésperas do ano jubilar, quando Karol Wojtyla
completava oitenta anos, ele sublinhou o importante testemunho da terceira idade como um período
marcado pelo despertar espiritual da pessoa, no contexto das indagações levantadas pela própria
experiência de vida.
A carta cita o Salmo 90: "Os anos de nossa vida são setenta, oitenta para os mais fortes; mas quase
todos são fadiga, sofrimento; passam depressa".
A Sagrada Escritura atesta numerosos exemplos de homens e mulheres chamados por Deus na vida
madura. Eles responderam a essa vocação e tal resposta lhes abriu horizontes inesperados de bênção e
de prosperidade, não só para eles, mas também para os seus descendentes, como no caso de Abraão e
de Sara, que se tornaram pais contra toda expectativa razoável, ou de Moisés, a quem Deus pediu que
conduzisse o povo eleito no êxodo rumo à Terra Prometida.
O poder de Deus supre a insuficiência humana, e a velhice, na sabedoria bíblica, não é apenas a fase
final da maturidade humana, mas também uma expressão da bênção de Deus.
João Paulo II declara enfaticamente que não existem vidas insignificantes ou inúteis, como às vezes
parece sentir-se no contexto sócio-cultural contemporâneo, caracterizado por uma mentalidade
produtivista.
"O idoso", diz o papa, e eu também encerro com as palavras dele, "ajudam a olhar para os assuntos
terrenos com mais sabedoria, porque as vicissitudes lhes trouxeram o conhecimento e a maturidade. Eles
são os guardiões da memória coletiva e, portanto, os intérpretes privilegiados daquele conjunto de ideais
e valores comuns que regem e guiam a vida em sociedade. Excluí-los é refutar o passado, em que está
enraizado o presente, em nome de uma modernidade sem memória. Os idosos, por causa da sua
experiência amadurecida, são capazes de oferecer aos jovens conselhos e ensinamentos
preciosos"(Carta aos Idosos, 10).
Enrico dal Covolo, reitor da Pontifícia Universidade Lateranense
Envie a um amigo | Imprima esta notícia
2. top
Padres no divã: sabores e dissabores da pastoral
Livro ajuda a reconhecer e lidar com os problemas da vida psico-afetiva dos padres
ROMA, quarta-feira, 7 de março de 2012 (ZENIT.org) – No próximo dia 12, a Universidade Pontifícia
Salesiana em Roma oferecerá um seminário de estudos sobre o livro Padres no Divã (Editora Giunti), de
Giuseppe Crea e Fabrizio Mastrofini, cuja proposta é detectar os problemas dos padres italianos de hoje e
entender como eles tentam resolver as suas dinâmicas pessoais e os pedidos de ajuda dos fiéis, além de
aumentar a sua segurança, empatia, resiliência e relacionamentos autênticos com a comunidade.
Giuseppe Crea, sacerdote missionário comboniano, é psicólogo e psicoterapeuta, com vários anos de
trabalho como professor em universidades pontifícias. Recebe numerosos sacerdotes que, vivendo
situações traumáticas, precisam enfrentar momentos de ansiedade, angústia , derrotismo e
ressentimento. Ele os ajuda a recuperar a sua identidade e a se posicionarem contra os
condicionamentos.
Mastrofini, jornalista, trabalha com informação religiosa e de comunicação, assunto sobre o qual publicou
vários volumes. Presta especial atenção às situações de crise em que muitos sacerdotes se acham e as
descreve com honestidade profissional, promovendo a consciência de que é oportuno consultar um
psicoterapeuta para recuperar o bem-estar interior, sem tapumes nem superestruturas ideológicas.
Participarão como palestrantes o profº Hans Zollner, vice-reitor da Pontifícia Universidade Gregoriana; a
profª Lucetta Scaraffia, da Universidade La Sapienza; o profº Zbigniew Formella, diretor do Instituto de
Psicologia da Universidade Salesiana. Suas palavras certamente ressaltarão que os sacerdotes são um
trunfo para toda a Igreja e que o seu ministério sacerdotal é um dom a acolher, mas também que é
necessário dar a esse dom uma resposta concreta todos os dias, através do testemunho sincero e
autêntico do evangelho, vivido e realizado num estilo de vida pastoral que mostre o amor de Deus nas
diferentes situações em que cada um trabalha.
É interessante notar que, nestes tempos de "emergêcia educacional", existe uma necessidade
generalizada de esperança, do sentido profundo da identidade do sacerdócio, porque o ser e o fazer
neste ministério são integrados, tal como indicado na exortação apostólica Pastores Dabo Vobis, “no
espírito e à maneira de Jesus, o Bom Pastor” (nº 73).
Aqueles que são chamados ao ministério pastoral, seja o diocesano ou o religioso, são chamados a
guardar com amor o dom da verdade que carregam dentro de si, e o fazem vivendo na caridade o serviço
que lhes foi confiado. O livro de Crea e Mastrofini, a partir da riqueza do dom sacerdotal, faz pensar nos
riscos e na fragilidade de quem é chamado, quando a sua lealdade vacila diante dos problemas
psicológicos individuais e da sobrecarga pastoral.
Como pastores, os padres respondem a um chamado em prol do bem dos outros, “num clima de
constante prontidão para atender as necessidades e exigências do rebanho" (ibid., nº 28. ), até serem
completamente absorvidos pela missão apostólica. Às vezes, eles se encerram numa visão privada e
redutiva da própria vocação com um enorme e problemático impacto no processo de crescimento
emocional e afetivo, que está sujeito a bloqueios significativos e perigosos.
Com base na experiência clínica, Giuseppe Crea confirma que os padres podem se sentir
sobrecarregados pelos muitos desafios pastorais, por condições de excesso de trabalho que,
eventualmente, são prejudiciais do ponto de vista psicológico. O decreto conciliar Presbyterorum ordinis
comenta: "Os sacerdotes, imersos e agitados por um grande número de compromissos decorrentes da
sua missão, podem se perguntar com ansiedade real como harmonizar a vida interior com as exigências
da ação externa" (cf. nº 14).
O livro se concentra com atenção nessa questão angustiante, que o autor não hesita em chamar de
existencial, porque ela afeta o significado da vida sacerdotal, ou seja, o de harmonizar a construção de
uma clara identidade pessoal com um ambiente que muitas vezes pressiona duramente as certezas e as
próprias fragilidades intrapsíquicas.
3. Se os sacerdotes não conseguem recuperar nas profundezas de si mesmos as energias necessárias,
ficam suscetíveis ao turbilhão de coisas a fazer até se sentirem estressados e emocionalmente
esgotados: é uma síndrome que vai além da fadiga ou do desconforto específico, e que pode se tornar
um neurose pastoral real.
Isto requer constante atenção sobre si mesmos, sobre as suas necessidades humanas e psicológicas,
mas também uma atenção constante para com Aquele que os chama a ser servidores, Jesus, o Bom
Pastor, que conhece a disponibilidade e os limites de cada um e sabe o momento adequado para
convidá-los, como no evangelho de Marcos: "Vamos para um lugar deserto e descansai um pouco" (Mc 6,
31).
É por isso que cada sacerdote deve ser capaz de controlar o modo de viver a caridade pastoral, para
integrar o chamado vocacional com as suas realidades humanas e psicológicas, participando ativamente,
assim, em seu próprio processo de conversão e de crescimento, que deve ser realizado na vida cotidiana.
Olhando para o futuro, é preciso integrar o entusiasmo pela vocação com um realismo saudável, que leve
em conta as muitas perguntas levantadas pelo trabalho de testemunhar o amor de Deus nos vários
areópagos da missão pastoral. Fica claro, a partir do livro de Crea e Mastrofini, que é necessário repensar
profundamente a formação permanente dos sacerdotes, libertando-a de um conceito superficial ou de
uma visão simplista que a relega a eventos extraordinários ou a miraculosos anos sabáticos. Devemos,
antes, redescobri-la como um verdadeiro método de vida, que ajuda as pessoas a integrar as diversas
dimensões humanas (incluindo a afetiva) com o caminho de conversão espiritual, porque, com esta
perspectiva de crescimento integral, as pessoas podem aprender a ser fiéis ao seu projeto vocacional.
Eugenio Fizzotti