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Gaúchos (Arnaldo jabor)
A gente
gosta,
mas
estranha.
O Rio Grande
do Sul é como
aquele filho
que sai muito
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O Rio Grande do Sul entrou tarde no mapa do Brasil .
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conquistado à unha dos espanhóis.
Há quem interprete
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belicoso dos sulinos.
É uma teoria - mas
conta com o precioso
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Gaúcho que se preze já nasce montado no bagual (cavalo bravo).
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"E a cuia, seio moreno/que passa de mão em mão/traduz no
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(bem, tirando o machismo do seio moreno,
passando de mão em mão, até que é bonito).
Esse regionalismo
exacerbado costuma
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acusados de se sentir
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Macanudo, tchê.
Ou, como se diz em outra praças: "legal às pampas",
uma expressão que, por sinal, veio de lá.
Aos meus amigos gaúchos e não gaúchos,
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Amargo doce que eu sorvo
Num beijo em lábios de prata.
Tens o perfume da mata
Molhada pelo sereno.
E a cuia, seio moreno,
Que passa de mão em mão
Traduz, no meu chimarrão,
Em sua simplicidade,
A velha hospitalidade
Da gente do meu rincão.
Trazes à minha lembrança,
Neste teu sabor selvagem,
A mística beberagem,
Do feiticeiro charrua,
E o perfil da lança nua,
Encravada na coxilha,
Apontando firme a trilha,
Por onde rolou a história,
Empoeirada de glórias,
De tradição farroupilha.
Em teus últimos arrancos,
Ao ronco do teu findar,
Ouço um potro a corcovear,
Na imensidão deste pampa,
E em minha mente se estampa,
Reboando nos confins ,
A voz febril dos clarins,
Repinicando: "Avançar"!
E então eu fico a pensar,
Apertando o lábio, assim,
Que o amargo está no fim,
E a seiva forte que eu sinto,
É o sangue de trinta e cinco,
Que volta verde pra mim.
As imagens são de
VOLDINEI BURKERT LUCAS,
pintor gaúcho,
nascido em Pelotas
em 05/10/1952.
Reside e trabalha em Canoas /
RS, desde 1979.
Trabalha com desenho,
pintura e gravuras.
FORMATAÇÃO: Mima (Wilma) Badan
mimabadan@yahoo.com.br
MÚSICA: Chamarra para Santa Rosa
Execução: Renato Borghetti
(Repasse com os devidos créditos)
BLOGS:
www.mimabadan.blogspot.com
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  • 2. A gente gosta, mas estranha. O Rio Grande do Sul é como aquele filho que sai muito diferente do resto da família.
  • 3. O Rio Grande do Sul entrou tarde no mapa do Brasil . Até o começo do século XIX, espanhóis e portugueses ainda se esfolavam para saber quem era o dono da terra gaúcha. Talvez por ter chegado depois, o Estado ficou com um jeito diferente de ser.
  • 4. Começa que diverge no clima: um Brasil onde faz frio e venta, com pinheiros em vez de coqueiros, é tão fora do padrão quanto um Canadá que fosse à praia.
  • 5. Depois, tem a mania de tocar sanfona, que lá no RS chamam de gaita, e de tomar mate em vez de café.
  • 6. Mas o mais original de tudo é a personalidade forte do gaúcho. A gente rigorosa do sul não sabe nada do riso fácil e da fala mansa dos brasileiros do litoral, como cariocas e baianos.
  • 7. Em lugar do calorzinho da praia, o gaúcho tem o vazio e o silêncio do pampa, que precisou ser conquistado à unha dos espanhóis.
  • 8. Há quem interprete que foi o desamparo diante desses abismos horizontais de espaço que gerou, como reação, o famoso temperamento belicoso dos sulinos.
  • 9. É uma teoria - mas conta com o precioso aval de um certo Analista de Bagé, personagem de Luis Fernando Veríssimo que recebia seus pacientes de bombacha e esporas, berrando: "Mas que frescura é essa de neurose, tchê?"
  • 10. Todo gaúcho ama sua terra acima de tudo e está sempre a postos para defendê- la. Mesmo que tenha de pagar o preço em sangue e luta. Gaúcho que se preze já nasce montado no bagual (cavalo bravo). E, antes de trocar os dentes de leite, já é especialista em dar tiros de laço.
  • 11. Ou seja, saber laçar novilhos à moda gaúcha, que é diferente da jeito americano, porque laço é de couro trançado em vez de corda, e o tamanho da laçada, ou armada, é bem maior, com oito metros de diâmetro, em vez de dois ou três.
  • 12. Mas por baixo do poncho bate um coração capaz de se emocionar até as lágrimas em uma reunião de um Centro de Tradições Gaúchas, o CTG, criados para preservar os usos e costumes locais.
  • 13. Neles, os durões se derretem: cantam, dançam e até declamam versinhos em honra da garrucha, da erva-mate e outros gauchismos. Um dos poemas prediletos é "Chimarrão", do tradicionalista Glauco Saraiva, que tem estrofes como: "E a cuia, seio moreno/que passa de mão em mão/traduz no meu chimarrão/a velha hospitalidade da gente do meu rincão." (bem, tirando o machismo do seio moreno, passando de mão em mão, até que é bonito).
  • 14. Esse regionalismo exacerbado costuma criar problemas de imagem para os gaúchos, sempre acusados de se sentir superiores ao resto do País. Não é verdade - mas poderia ser, a julgar por alguns dados e estatísticas.
  • 15. O Rio Grande do Sul é possuidor do melhor índice de desenvolvimento humano do Brasil, de acordo com a ONU, do menor índice de analfabetismo do País, segundo o IBGE e o da população mais longeva da América Latina, (tendo Veranópolis a terceira cidade do mundo em longevidade), segundo a Organização Mundial da Saúde.
  • 16. E ainda tem as mulheres mais bonitas do País, segundo a Agência Ford Models. (eu já sabia!!! rss) Além do gaúcho, chamado de machista", qual outro povo que valoriza a mulher a ponto de chamá-la de prenda (que quer dizer algo de muito valor)?
  • 17. Macanudo, tchê. Ou, como se diz em outra praças: "legal às pampas", uma expressão que, por sinal, veio de lá.
  • 18. Aos meus amigos gaúchos e não gaúchos, um forte abraço!
  • 19. A seguir o poema CHIMARRÃO, de Glauco Saraiva, que é citado por Arnaldo Jabor no texto.
  • 20. Amargo doce que eu sorvo Num beijo em lábios de prata. Tens o perfume da mata Molhada pelo sereno. E a cuia, seio moreno, Que passa de mão em mão Traduz, no meu chimarrão, Em sua simplicidade, A velha hospitalidade Da gente do meu rincão. Trazes à minha lembrança, Neste teu sabor selvagem, A mística beberagem, Do feiticeiro charrua, E o perfil da lança nua, Encravada na coxilha, Apontando firme a trilha, Por onde rolou a história, Empoeirada de glórias, De tradição farroupilha.
  • 21. Em teus últimos arrancos, Ao ronco do teu findar, Ouço um potro a corcovear, Na imensidão deste pampa, E em minha mente se estampa, Reboando nos confins , A voz febril dos clarins, Repinicando: "Avançar"! E então eu fico a pensar, Apertando o lábio, assim, Que o amargo está no fim, E a seiva forte que eu sinto, É o sangue de trinta e cinco, Que volta verde pra mim.
  • 22. As imagens são de VOLDINEI BURKERT LUCAS, pintor gaúcho, nascido em Pelotas em 05/10/1952. Reside e trabalha em Canoas / RS, desde 1979. Trabalha com desenho, pintura e gravuras.
  • 23. FORMATAÇÃO: Mima (Wilma) Badan mimabadan@yahoo.com.br MÚSICA: Chamarra para Santa Rosa Execução: Renato Borghetti (Repasse com os devidos créditos) BLOGS: www.mimabadan.blogspot.com wwwrecantodepalavras.blogspot.com wwwrecantodasreceitas.blogspot.com wwwcasadavovomima.blogspot.com wwwpurezadoutrinaria.blogspot.com PPSs e ESTÓRIAS INFANTIS em: www.slideshare.net/mimabadan