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Embora o conto popular seja hoje uma forma literária reconhecida e 
utilizada por inúmeros escritores, a sua origem é muito mais humilde. Na 
verdade,  nasceu  entre  o  povo  anónimo.  Começou  por  ser  um  relato 
simples e despretensioso de situações imaginárias, destinado a ocupar os 
momentos  de  lazer.  Um  contador  de  histórias  narra  a  um  auditório 
reduzido  e  familiar  um  episódio  considerado  interessante.  Os 
constrangimentos  de  tempo,  a  simplicidade  da  assembleia  e  as 
limitações  da  memória  impõem  que  a  "história"  seja  curta. 




            Dada a sua origem popular, o conto de que falamos aqui 
       não  tem  propriamente  um  autor,  entendido  como  um  ser 
       humano determinado, ainda que desconhecido. Na realidade 
       ele  constitui  uma  criação  colectiva,  dado  que  cada 
       "contador"  lhe  introduz  inevitavelmente  pequenas 
       alterações ("Quem conta um conto, acrescenta um ponto.").
Característica
s Narrativa curta
    Autor anónimo
    Narrador geralmente não participante
    Personagens geralmente planas e escassamente caracterizadas
     Espaço indefinido
    Tempo indeterminado
     Conteúdo  ficcional,  simbólico,  universal  e  intemporal,  portanto 
  é património de todos nós
    Registo  de  língua  popular  e  familiar,  com  marcas  de  oralidade 
  (ex: vai nisto..., nisto..., lá vinha ele..., botou a fugir...)
     função moralizadora e lúdica.
Estrutura
       Fruto  da  sua  origem  oral,  estes  contos  têm  quase  sempre  uma 
 estrutura  muito  simples  e  fixa.  A  própria  fórmula  inicial  ("Era  uma 
 vez...")  e  final  ("...e  foram  felizes  para  sempre.")  revelam  isso.  Essa 
 estrutura pode ser traduzida da seguinte forma:

Ordem existente            Ordem perturbada             Ordem restabelecida

 Situação inicial .         A situação de                      Desenlace 
 Nesta  parte               equilíbrio inicial                 evento ou 
 apresenta‐se o             é destruída, o                     conjunto de 
 futuro herói               que dá origem a                    acontecimentos 
 simplesmente               uma série de                       que encerram a 
 pela referência ao         peripécias que só                  história: uma 
 seu nome, ou pela          se interrompem                     morte, um 
 descrição do seu           com o                              casamento, uma 
 estado: podem              aparecimento de                    conquista, uma 
 também                     uma força                          vitória…
 enumerar‐se os             rectificadora. 
 membros da sua 
 família.
Personagens:

vítima (objecto da perturbação);


vilão (sujeito da perturbação);



herói (sujeito do restabelecimento da
ordem);


  adjuvantes (pers. secundárias que ajudam o herói);



 oponentes (pers. secundárias que ajudam o vilão ou fazem
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Simbologia

   Os  contos  tradicionais  estão 
carregados  de  simbologia: 
dizem  mais  do  que  parecem 
dizer.  A  manifestação  mais 
evidente  é a  referência 
sistemática  ao  número  três, 
símbolo  da  perfeição  desde 
tempos  imemoriais.  Mas  há
mais...  A  rosa  aparece  como 
símbolo  do  amor  puro  e  total. 
        O  beijo  desperta  e  faz  renascer.  A  heroína  é frequentemente  a 
    mais  nova  (e  por  isso  a  mais  pura  e  inocente)  e  afirma‐se  por 
    oposição  às  irmãs  mais  velhas  e  mesmo  aos  pais.  O  herói  quase 
    sempre tem que enfrentar uma série de provas antes de alcançar o 
    objecto  ‐ símbolo  do  amadurecimento  que  fará dele  um  homem. 
    Outras vezes sai da casa paterna em busca da autonomia.
Funções (importância) do conto
   Em  maior  ou  menor  grau,  o  conto 
popular tinha as seguintes funções: 

 preencher os tempos de lazer; 

  propor  aos  ouvintes        modelos      de 
comportamento; 

 transmitir  os  valores  e  concepções  do 
mundo próprios daquela sociedade. 

      Podemos  dizer  que  os  contos  tinham  (têm)  uma  função  de 
  entretenimento e uma função educativa. Por um lado, constituíam uma 
  das formas de ocupar os tempos livres, geralmente os serões, reforçando 
  os  laços  de  convivialidade entre  os  membros  da  comunidade  e 
  despertando  a  imaginação  dos  assistentes.  Por  outro,  concediam  aos 
  mais  velhos  um  instrumento  privilegiado  para  levarem  os  mais  novos  a 
  interiorizarem  valores  e  comportamentos  considerados  aceitáveis.
Classificação dos contos populares

    São  muitos  os  temas  tratados  nos  contos 
populares,  daí       que  sejam  possíveis  várias 
classificações.  Por  comodidade  podemos  reduzi‐
los a cinco tipos: 
  maravilhosos ou de encantamento; 
  jocosos e divertidos; 
  de fórmula; de exemplo; religiosos ou morais; 
  de animais; 
  etiológicos (relativos à fundação de um local). 

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  • 1.
  • 2. Embora o conto popular seja hoje uma forma literária reconhecida e  utilizada por inúmeros escritores, a sua origem é muito mais humilde. Na  verdade,  nasceu  entre  o  povo  anónimo.  Começou  por  ser  um  relato  simples e despretensioso de situações imaginárias, destinado a ocupar os  momentos  de  lazer.  Um  contador  de  histórias  narra  a  um  auditório  reduzido  e  familiar  um  episódio  considerado  interessante.  Os  constrangimentos  de  tempo,  a  simplicidade  da  assembleia  e  as  limitações  da  memória  impõem  que  a  "história"  seja  curta.  Dada a sua origem popular, o conto de que falamos aqui  não  tem  propriamente  um  autor,  entendido  como  um  ser  humano determinado, ainda que desconhecido. Na realidade  ele  constitui  uma  criação  colectiva,  dado  que  cada  "contador"  lhe  introduz  inevitavelmente  pequenas  alterações ("Quem conta um conto, acrescenta um ponto.").
  • 3. Característica s Narrativa curta Autor anónimo Narrador geralmente não participante Personagens geralmente planas e escassamente caracterizadas Espaço indefinido Tempo indeterminado Conteúdo  ficcional,  simbólico,  universal  e  intemporal,  portanto  é património de todos nós Registo  de  língua  popular  e  familiar,  com  marcas  de  oralidade  (ex: vai nisto..., nisto..., lá vinha ele..., botou a fugir...) função moralizadora e lúdica.
  • 4. Estrutura Fruto  da  sua  origem  oral,  estes  contos  têm  quase  sempre  uma  estrutura  muito  simples  e  fixa.  A  própria  fórmula  inicial  ("Era  uma  vez...")  e  final  ("...e  foram  felizes  para  sempre.")  revelam  isso.  Essa  estrutura pode ser traduzida da seguinte forma: Ordem existente  Ordem perturbada  Ordem restabelecida Situação inicial . A situação de  Desenlace  Nesta  parte  equilíbrio inicial  evento ou  apresenta‐se o  é destruída, o  conjunto de  futuro herói  que dá origem a  acontecimentos  simplesmente  uma série de  que encerram a  pela referência ao  peripécias que só história: uma  seu nome, ou pela  se interrompem  morte, um  descrição do seu  com o  casamento, uma  estado: podem  aparecimento de  conquista, uma  também  uma força  vitória… enumerar‐se os  rectificadora.  membros da sua  família.
  • 5. Personagens: vítima (objecto da perturbação); vilão (sujeito da perturbação); herói (sujeito do restabelecimento da ordem); adjuvantes (pers. secundárias que ajudam o herói); oponentes (pers. secundárias que ajudam o vilão ou fazem oposição ao herói)
  • 6. Simbologia Os  contos  tradicionais  estão  carregados  de  simbologia:  dizem  mais  do  que  parecem  dizer.  A  manifestação  mais  evidente  é a  referência  sistemática  ao  número  três,  símbolo  da  perfeição  desde  tempos  imemoriais.  Mas  há mais...  A  rosa  aparece  como  símbolo  do  amor  puro  e  total.  O  beijo  desperta  e  faz  renascer.  A  heroína  é frequentemente  a  mais  nova  (e  por  isso  a  mais  pura  e  inocente)  e  afirma‐se  por  oposição  às  irmãs  mais  velhas  e  mesmo  aos  pais.  O  herói  quase  sempre tem que enfrentar uma série de provas antes de alcançar o  objecto  ‐ símbolo  do  amadurecimento  que  fará dele  um  homem.  Outras vezes sai da casa paterna em busca da autonomia.
  • 7. Funções (importância) do conto Em  maior  ou  menor  grau,  o  conto  popular tinha as seguintes funções:  preencher os tempos de lazer;  propor  aos  ouvintes  modelos  de  comportamento;  transmitir  os  valores  e  concepções  do  mundo próprios daquela sociedade.  Podemos  dizer  que  os  contos  tinham  (têm)  uma  função  de  entretenimento e uma função educativa. Por um lado, constituíam uma  das formas de ocupar os tempos livres, geralmente os serões, reforçando  os  laços  de  convivialidade entre  os  membros  da  comunidade  e  despertando  a  imaginação  dos  assistentes.  Por  outro,  concediam  aos  mais  velhos  um  instrumento  privilegiado  para  levarem  os  mais  novos  a  interiorizarem  valores  e  comportamentos  considerados  aceitáveis.
  • 8. Classificação dos contos populares São  muitos  os  temas  tratados  nos  contos  populares,  daí que  sejam  possíveis  várias  classificações.  Por  comodidade  podemos  reduzi‐ los a cinco tipos:  maravilhosos ou de encantamento;  jocosos e divertidos;  de fórmula; de exemplo; religiosos ou morais;  de animais;  etiológicos (relativos à fundação de um local).