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O Leitor, certamente, encontrará diversos motivos de interesse
garve, em janeiro de 2013, dedicado à temática das relações
(Professores, Investigadores, Artistas, etc.), cujos textos versam
sobre as múltiplas abordagens possíveis das relações entre as
artes e as ciências, em distintos momentos e contextos históricos, colocando em diálogo áreas tão diversas como a matemá-

tica, a física, a biologia, a literatura, o cinema, o teatro, a pintura,
a história da cultura, a história das ciências, a medicina, a arquitetura, a didática das ciências, a filosofia, etc. Claro que a natu-

reza de tais diálogos é muito diferenciada, consoante o tipo de

abordagem realizado por cada autor. O Leitor selecionará
aquele(s) com que mais se identifique, de acordo com os seus

E M D I Á LO G O

entre arte e ciência, reúne um considerável número de autores

A R T E E C I Ê N C I AS

realização de um Colóquio Internacional na Universidade do Al-

C O O R D E N A D O R J O Ã O C A R L O S C A R VA L H O

nesta obra polifónica. De facto, o presente livro, surgindo após a

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interesses científicos, culturais, artísticos, profissionais. A distri-

buição dos textos na obra procurou, intencionalmente, sugerir a
ideia de miscelânea de vários saberes, evitando-se a tradicional

e cómoda arrumação por áreas de especialidade, por temas ou

assuntos. A surpresa poderá incentivar o interesse e o espírito de

descoberta do Leitor que, assim, poderá usufruir deste livro coletivo em tempos e espaços de leitura por si próprio decididos.

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título:
arte e Ciências em Diálogo
Organização:
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Capa:
Frederico Silva | Grácio Editor
Design gráfico:
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1ª Edição: Outubro de 2013
iSBn: 978-989-8377-51-0

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4
ENCONTROS: ARTE COMO ARquEOLOGIA,
ARquEOLOGIA COMO ARTE
Sara navarro

CiaC - Centro de investigação em artes e Comunicação da Universidade de algarve

Resumo
a arte contemporânea tem vindo a transformar-se naquilo que podemos descrever
como um vasto programa de investigação que olha de forma crítica aquilo que somos
e, neste sentido, pode oferecer um recurso fundamental para quem queira refletir
sobre o mundo e perceber o processo que fez de nós o que somos hoje. a partir da
constatação de que artistas e arqueólogos prestam, atualmente, cada vez mais atenção ao respectivo trabalho de uns e de outros, proponho explorar a forma como a
arte contemporânea – e em particular o meu trabalho – se pode encaixar no projeto
arqueológico de estudo, compreensão e comunicação do passado humano.
Palavras Chave
arte; arqueologia; Criatividade; Objetividade;afetividade

O diálogo, histórico e permanente, entre artistas e arqueólogos e a, cada vez
mais comum, colaboração de artistas nos projetos de investigação arqueológica
leva-me a questionar a natureza desta relação, o status do artista para a arqueologia e o interesse dos arqueológos na prática artística.
ao longo da história, é comum encontrarmos artistas que se inspiraram na
arqueologia ou que encontraram afinidades entre os processos criativos e os processos de trabalho da arqueologia. nos últimos dez ou quinze anos, tornou-se frequente, especialmente no Reino Unido, encontrar arqueólogos que procuram no
trabalho de artistas contemporâneos fontes de informação interpretativa.
Colin Renfrew, professor de arqueologia na Universidade de Cambridge e
uma das figuras mais destacadas da arqueologia contemporânea, em Figuring it
Out – The Parallel Visions of Artists and Archaeologists (2006), propõe uma convergência entre arte e arqueologia, investigando de que forma podem as questões
levantadas pela prática artística contemporânea ter um contributo para a investigação arqueológica. O seu objectivo é tentar olhar para a arte como arqueologia
e para a arqueologia como arte, na procura de uma interação entre as duas onde,
numa criativa analogia, questiona a condição humana.
a condição humana, o tempo, o corpo, o lugar, a paisagem e a cultura material são algumas das grandes temáticas que desafiam tanto artistas como arqueólogos. ambos, artistas e arqueólogos, procuram encontrar respostas para as
grandes questões intemporais relativas ao ser humano e ao seu papel no mundo.
a arte caracteriza-se, hoje, pela sua natureza múltipla ou expandida, com
uma dimensão crítica e utópica, cuja prática se integra noutros domínios mais am355
SaRa naVaRRO

plos da vida, tornando-se cada vez mais cultural e socialmente relevante. a exploração das formas de ver, sentir, perceber, conhecer e finalmente, estar no mundo,
característica da arte contemporânea, expande e altera a noção de arte para lá
da representação visual e torna-a numa interessante ferramenta de pesquisa com
utilidade para as outras áreas do saber (Fernandes Dias, 2001: 104-106).
no meu trabalho, procuro fazer uma ponte entre os processos mais remotos
da produção cerâmica e a criação artística contemporânea, privilegiando a exploração da relação entre a mão e a matéria, no sentido do ‘saber fazer’ artesanal. Procuro entrar nos gestos dos produtores ancestrais, reproduzindo-os, sentindo-os
como meus. invoco, pelo poder do fogo, as práticas pré-históricas da produção
cerâmica, para transformar a maleável argila num duro e estável material. nesse
sentido, conoto a prática da escultura com um valor cultural primordial.
a terra(argila), pela sua maleabilidade, permite-me explorar o gesto que, associado a uma substancialidade terrestre, está na base da criação de esculturas
‘arqueologizantes’, gérmenes da época atual. as esculturas, (re)criadas pela arte
do fogo, transmitem algo de pré-histórico. algo que evoca a arte e a cultura de
outros tempos, de outros lugares, algo que nos desperta os ecos de uma terra antiga. Propondo um salto entre milénios, o meu trabalho responde a um fascínio
pelos fragmentos arqueológicos vindos de tempos antigos, de sociedades extintas
e enigmáticas. a dualidade de referências, entre um passado remoto e a contemporaneidade, funde-se num trabalho de síntese, em que as esculturas funcionam
como metáfora que opera no deslocamento entre o sentido histórico das referências e o meu imaginário.

Fig. 1 - Sara navarro, Modelando o Passado, 2011 - Fotografia R. Soares
356
EnCOntROS: aRtE COMO aRQUEOLOGia, aRQUEOLOGia COMO aRtE

Partindo de realidades perdidas, as formas que crio põem o tempo presente
em comunicação com passados remotos. Pela transfiguração surgem modelos primordiais, reconhecíveis, mas carregados de novas simbologias. artefactos com
significados sempre múltiplos, com sentidos construídos e reconstruídos...
Entre outras coisas, a interface entre arte contemporânea e arqueologia pode
gerar novas perspectivas sobre o estatuto do objecto, a partir de um novo olhar
sobre a cultura material. Um olhar estético que, ao contrário do tradicional e mais
científico olhar arqueológico, não está subjugado ao projeto de explicar o passado,
mas apenas de o interpretar.
Centrada no carácter reflexivo e subjetivo da cultura material, proponho o
desenvolvimento de novos métodos, menos positivistas e mais estéticos, em que
o olhar dos artistas pode ser integrado na metodologia arqueológica, com vista a
desenvolver novos modos de ver e registar, de pensar e representar.
Rompendo com a objectividade e a cientificidade, por vezes excessiva, de algumas correntes mais científicas do pensamento arqueológico, o diálogo entre as
práticas da arte e da arqueologia pode levar à introdução de métodos mais estéticos que afastem a arqueologia da convencional ideia de gerar uma clara representação do passado subjugada à científica proposta de verdades a partir de
factos.
a negociação entre a objetividade versus afetividade (emoção estética) é talvez aquela que ao mesmo tempo pode separar e unir arte e arqueologia num novo
paradigma. as questões de afeto estético e beleza, que estão na base da arte, são
frequentemente secundárias à objetividade do processo de escavação, documentação, pesquisa, registo, reconstrução e representação arqueológica. no entanto,
é compreensível que os arqueólogos, nas suas autorizadas auto-representações
de mundos materiais objectivos, achem atraente a relação entre artista e arqueológo, na medida em que ela permite estabelecer, em simultâneo, uma autoridade
crítica e objectiva, característica da arqueologia, e incluir a componente acrítica
do afeto, característica da arte, na perpetuação de uma aura no processo arqueológico contemporâneo (Russell, 2011: 174).
neste sentido, penso que ambas as disciplinas podem usar a interpretação
e o pensamento criativo, envolvendo-se em atos de intuição, reconhecendo padrões e relacionando observações e ideias previamente não associadas, incidindo
tanto na objetividade como na subjetividade, no materialismo como no idealismo
(Bonaventura e Jones, 2011: 3).
O não-explicativo, o não-representacional e o não-temporal, característicos da
arte contemporânea, podem proporcionar à arqueologia a libertação de excessivos
preconceitos teóricos rumo a uma observação do passado mais contemporânea. tal
como acontece com a prática artística contemporânea, a meu ver, é crucial que o
trabalho da arqueologia não se limite à analise hermética do passado e se envolva
na pluralidade e multivocalidade do pensamento contemporâneo (Bailey, 2008: 17).
357
SaRa naVaRRO

Fig. 2 – Sara navarro, Cozedura de Cerâmica em Fogueira, 2012 - Fotografia R. Soares

a linha não-temporal e a compreensão de que os objetos da cultura material
arqueológica, apesar de terem existido em diferentes tempos no passado, estão
hoje conectados, pode levar a potenciais benefícios resultantes da justaposição de
objetos, lugares, pessoas e eventos antes separados. Quer os objetos sejam ou não
evidências de um passado, a nossa ligação com eles é decididamente contemporânea, porque estamos hoje, aqui e agora, juntos, a olhar para eles (Bailey, 2008: 17).
O mundo é um palimpsesto de temporalidades em que passado e presente
se misturam na formulação de um futuro. a arqueologia não se centra num pas358
EnCOntROS: aRtE COMO aRQUEOLOGia, aRQUEOLOGia COMO aRtE

Fig. 3 - Sara navarro, Exposição Do Magma às Estrelas, villa romana de Milreu, 2012 Fotografia R. Soares

Fig. 4 – Sara navarro, Exposição Do Magma às Estrelas, villa romana de Milreu, 2012 Fotografia R. Soares
359
SaRa naVaRRO

sado objectivo, mas antes na ideia, ou no sonho, de um passado e, neste sentido,
a cientificidade excessiva tem levado muitos arqueólogos a contarem somente
metade da história. a narrativa arqueológica deve centrar-se tanto no fascínio de
encontrar como na mediação entre os objetos e o mundo atual (Russell, 2008: 2).
a interdisciplinaridade leva, geralmente, à criação de pensamento original.
Rumo a um novo território intelectual, a prática interdisciplinar implica assumir
riscos, criar rupturas, dar saltos, abdicar, quebrar convenções, renunciar à facilidade de continuar dentro do que é expectado e, claro, do que é aceite.
há muito que os artistas compreenderam a transgressão das fronteiras disciplinares e a resistência a categorizações leva a um desenvolvimento disciplinar,
visando o crescimento e possibilitando uma ontologia transversal. Penso que, tal
como a arte, a arqueologia pode beneficiar ao localizar-se num campo expandido,
num contexto mais alargado, que é simultaneamente arqueológico, histórico e artístico.
ainda que ciente das diferenças entre as disciplinas, acredito que as propostas culturais da arte contemporânea podem ser um instrumento valioso para a
análise arqueológica, assim como o conhecimento de trabalhos arqueológicos
sobre as culturas passadas se tem, ao longo da história, mostrado revelador para
a prática artística.
não espero que os artistas se tornem arqueólogos, nem que os arqueólogos
se tornem artistas, cada disciplina tem a sua própria agenda. não obstante, defendo que se podem aplicar os conhecimentos específicos de cada uma num trabalho comum, em que as duas disciplinas se justaponham na procura de um
espaço e de um diálogo coeso, num contínuo campo de interação simbiótica entre
práticas, numa experiência conjunta que ultrapasse a simples visita recíproca.
Embora esta seja, em grande parte, uma história ainda por escrever, espero
ter evidenciado a relevância do cruzamento entre o mundo da arte e da arqueologia, na formação, visão e concepção da cultura contemporânea.
Referências bibliográficas

BaiLEY, Douglas (2008) «art to archaeology to archaeology to art». in: Archaeologies of Art: Papers
from the Sixth World Archaeological Congress. Dublin: UCD scholarcast, pp. 2-18.
FERnanDES DiaS, José a. (2001) “arte e antropologia no século XX: modos de relação.” in Etnográfica,
5 (1), pp. 103-129.
BOnaVEntURa, Paul e JOnES, andrew (2011) Sculpture and Archaeology. London: the henry Moore
Foudation.
REnFREW, Colin (2006). Figuring it Out: The Parallel Visions of Artists and Arqueologists. London:
thames & hudson.
RUSSELL, ian a. (2008). «art, archaeology and the Contemporary». in: Archaeologies of Art: Papers
from the Sixth World Archaeological Congress. Dublin: UCD scholarcast, pp. 2-7.
RUSSELL, ian a. (2011). «art and archaeology. a modern allegory». in: Archaeological Dialogues. Cambridge: University Press, 18 (2), pp. 172-176.

360

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Encontros arte como arqueologia, arqueologia como arte (sara navarro, 2013)

  • 1. O Leitor, certamente, encontrará diversos motivos de interesse garve, em janeiro de 2013, dedicado à temática das relações (Professores, Investigadores, Artistas, etc.), cujos textos versam sobre as múltiplas abordagens possíveis das relações entre as artes e as ciências, em distintos momentos e contextos históricos, colocando em diálogo áreas tão diversas como a matemá- tica, a física, a biologia, a literatura, o cinema, o teatro, a pintura, a história da cultura, a história das ciências, a medicina, a arquitetura, a didática das ciências, a filosofia, etc. Claro que a natu- reza de tais diálogos é muito diferenciada, consoante o tipo de abordagem realizado por cada autor. O Leitor selecionará aquele(s) com que mais se identifique, de acordo com os seus E M D I Á LO G O entre arte e ciência, reúne um considerável número de autores A R T E E C I Ê N C I AS realização de um Colóquio Internacional na Universidade do Al- C O O R D E N A D O R J O Ã O C A R L O S C A R VA L H O nesta obra polifónica. De facto, o presente livro, surgindo após a A R T E E C I Ê N C I AS E M D I Á LO G O C O O R D E N A Ç Ã O : J O Ã O C A R L O S C A R VA L H O interesses científicos, culturais, artísticos, profissionais. A distri- buição dos textos na obra procurou, intencionalmente, sugerir a ideia de miscelânea de vários saberes, evitando-se a tradicional e cómoda arrumação por áreas de especialidade, por temas ou assuntos. A surpresa poderá incentivar o interesse e o espírito de descoberta do Leitor que, assim, poderá usufruir deste livro coletivo em tempos e espaços de leitura por si próprio decididos. www.ruigracio.com Grácio Editor Grácio Editor
  • 2. FiCha téCniCa título: arte e Ciências em Diálogo Organização: João Carlos Carvalho Capa: Frederico Silva | Grácio Editor Design gráfico: Grácio Editor 1ª Edição: Outubro de 2013 iSBn: 978-989-8377-51-0 © Grácio Editor avenida Emídio navarro, 93, 2.º, Sala E 3000-151 COiMBRa telef.: 239 091 658 e-mail: editor@ruigracio.com sítio: www.ruigracio.com Reservados todos os direitos 4
  • 3. ENCONTROS: ARTE COMO ARquEOLOGIA, ARquEOLOGIA COMO ARTE Sara navarro CiaC - Centro de investigação em artes e Comunicação da Universidade de algarve Resumo a arte contemporânea tem vindo a transformar-se naquilo que podemos descrever como um vasto programa de investigação que olha de forma crítica aquilo que somos e, neste sentido, pode oferecer um recurso fundamental para quem queira refletir sobre o mundo e perceber o processo que fez de nós o que somos hoje. a partir da constatação de que artistas e arqueólogos prestam, atualmente, cada vez mais atenção ao respectivo trabalho de uns e de outros, proponho explorar a forma como a arte contemporânea – e em particular o meu trabalho – se pode encaixar no projeto arqueológico de estudo, compreensão e comunicação do passado humano. Palavras Chave arte; arqueologia; Criatividade; Objetividade;afetividade O diálogo, histórico e permanente, entre artistas e arqueólogos e a, cada vez mais comum, colaboração de artistas nos projetos de investigação arqueológica leva-me a questionar a natureza desta relação, o status do artista para a arqueologia e o interesse dos arqueológos na prática artística. ao longo da história, é comum encontrarmos artistas que se inspiraram na arqueologia ou que encontraram afinidades entre os processos criativos e os processos de trabalho da arqueologia. nos últimos dez ou quinze anos, tornou-se frequente, especialmente no Reino Unido, encontrar arqueólogos que procuram no trabalho de artistas contemporâneos fontes de informação interpretativa. Colin Renfrew, professor de arqueologia na Universidade de Cambridge e uma das figuras mais destacadas da arqueologia contemporânea, em Figuring it Out – The Parallel Visions of Artists and Archaeologists (2006), propõe uma convergência entre arte e arqueologia, investigando de que forma podem as questões levantadas pela prática artística contemporânea ter um contributo para a investigação arqueológica. O seu objectivo é tentar olhar para a arte como arqueologia e para a arqueologia como arte, na procura de uma interação entre as duas onde, numa criativa analogia, questiona a condição humana. a condição humana, o tempo, o corpo, o lugar, a paisagem e a cultura material são algumas das grandes temáticas que desafiam tanto artistas como arqueólogos. ambos, artistas e arqueólogos, procuram encontrar respostas para as grandes questões intemporais relativas ao ser humano e ao seu papel no mundo. a arte caracteriza-se, hoje, pela sua natureza múltipla ou expandida, com uma dimensão crítica e utópica, cuja prática se integra noutros domínios mais am355
  • 4. SaRa naVaRRO plos da vida, tornando-se cada vez mais cultural e socialmente relevante. a exploração das formas de ver, sentir, perceber, conhecer e finalmente, estar no mundo, característica da arte contemporânea, expande e altera a noção de arte para lá da representação visual e torna-a numa interessante ferramenta de pesquisa com utilidade para as outras áreas do saber (Fernandes Dias, 2001: 104-106). no meu trabalho, procuro fazer uma ponte entre os processos mais remotos da produção cerâmica e a criação artística contemporânea, privilegiando a exploração da relação entre a mão e a matéria, no sentido do ‘saber fazer’ artesanal. Procuro entrar nos gestos dos produtores ancestrais, reproduzindo-os, sentindo-os como meus. invoco, pelo poder do fogo, as práticas pré-históricas da produção cerâmica, para transformar a maleável argila num duro e estável material. nesse sentido, conoto a prática da escultura com um valor cultural primordial. a terra(argila), pela sua maleabilidade, permite-me explorar o gesto que, associado a uma substancialidade terrestre, está na base da criação de esculturas ‘arqueologizantes’, gérmenes da época atual. as esculturas, (re)criadas pela arte do fogo, transmitem algo de pré-histórico. algo que evoca a arte e a cultura de outros tempos, de outros lugares, algo que nos desperta os ecos de uma terra antiga. Propondo um salto entre milénios, o meu trabalho responde a um fascínio pelos fragmentos arqueológicos vindos de tempos antigos, de sociedades extintas e enigmáticas. a dualidade de referências, entre um passado remoto e a contemporaneidade, funde-se num trabalho de síntese, em que as esculturas funcionam como metáfora que opera no deslocamento entre o sentido histórico das referências e o meu imaginário. Fig. 1 - Sara navarro, Modelando o Passado, 2011 - Fotografia R. Soares 356
  • 5. EnCOntROS: aRtE COMO aRQUEOLOGia, aRQUEOLOGia COMO aRtE Partindo de realidades perdidas, as formas que crio põem o tempo presente em comunicação com passados remotos. Pela transfiguração surgem modelos primordiais, reconhecíveis, mas carregados de novas simbologias. artefactos com significados sempre múltiplos, com sentidos construídos e reconstruídos... Entre outras coisas, a interface entre arte contemporânea e arqueologia pode gerar novas perspectivas sobre o estatuto do objecto, a partir de um novo olhar sobre a cultura material. Um olhar estético que, ao contrário do tradicional e mais científico olhar arqueológico, não está subjugado ao projeto de explicar o passado, mas apenas de o interpretar. Centrada no carácter reflexivo e subjetivo da cultura material, proponho o desenvolvimento de novos métodos, menos positivistas e mais estéticos, em que o olhar dos artistas pode ser integrado na metodologia arqueológica, com vista a desenvolver novos modos de ver e registar, de pensar e representar. Rompendo com a objectividade e a cientificidade, por vezes excessiva, de algumas correntes mais científicas do pensamento arqueológico, o diálogo entre as práticas da arte e da arqueologia pode levar à introdução de métodos mais estéticos que afastem a arqueologia da convencional ideia de gerar uma clara representação do passado subjugada à científica proposta de verdades a partir de factos. a negociação entre a objetividade versus afetividade (emoção estética) é talvez aquela que ao mesmo tempo pode separar e unir arte e arqueologia num novo paradigma. as questões de afeto estético e beleza, que estão na base da arte, são frequentemente secundárias à objetividade do processo de escavação, documentação, pesquisa, registo, reconstrução e representação arqueológica. no entanto, é compreensível que os arqueólogos, nas suas autorizadas auto-representações de mundos materiais objectivos, achem atraente a relação entre artista e arqueológo, na medida em que ela permite estabelecer, em simultâneo, uma autoridade crítica e objectiva, característica da arqueologia, e incluir a componente acrítica do afeto, característica da arte, na perpetuação de uma aura no processo arqueológico contemporâneo (Russell, 2011: 174). neste sentido, penso que ambas as disciplinas podem usar a interpretação e o pensamento criativo, envolvendo-se em atos de intuição, reconhecendo padrões e relacionando observações e ideias previamente não associadas, incidindo tanto na objetividade como na subjetividade, no materialismo como no idealismo (Bonaventura e Jones, 2011: 3). O não-explicativo, o não-representacional e o não-temporal, característicos da arte contemporânea, podem proporcionar à arqueologia a libertação de excessivos preconceitos teóricos rumo a uma observação do passado mais contemporânea. tal como acontece com a prática artística contemporânea, a meu ver, é crucial que o trabalho da arqueologia não se limite à analise hermética do passado e se envolva na pluralidade e multivocalidade do pensamento contemporâneo (Bailey, 2008: 17). 357
  • 6. SaRa naVaRRO Fig. 2 – Sara navarro, Cozedura de Cerâmica em Fogueira, 2012 - Fotografia R. Soares a linha não-temporal e a compreensão de que os objetos da cultura material arqueológica, apesar de terem existido em diferentes tempos no passado, estão hoje conectados, pode levar a potenciais benefícios resultantes da justaposição de objetos, lugares, pessoas e eventos antes separados. Quer os objetos sejam ou não evidências de um passado, a nossa ligação com eles é decididamente contemporânea, porque estamos hoje, aqui e agora, juntos, a olhar para eles (Bailey, 2008: 17). O mundo é um palimpsesto de temporalidades em que passado e presente se misturam na formulação de um futuro. a arqueologia não se centra num pas358
  • 7. EnCOntROS: aRtE COMO aRQUEOLOGia, aRQUEOLOGia COMO aRtE Fig. 3 - Sara navarro, Exposição Do Magma às Estrelas, villa romana de Milreu, 2012 Fotografia R. Soares Fig. 4 – Sara navarro, Exposição Do Magma às Estrelas, villa romana de Milreu, 2012 Fotografia R. Soares 359
  • 8. SaRa naVaRRO sado objectivo, mas antes na ideia, ou no sonho, de um passado e, neste sentido, a cientificidade excessiva tem levado muitos arqueólogos a contarem somente metade da história. a narrativa arqueológica deve centrar-se tanto no fascínio de encontrar como na mediação entre os objetos e o mundo atual (Russell, 2008: 2). a interdisciplinaridade leva, geralmente, à criação de pensamento original. Rumo a um novo território intelectual, a prática interdisciplinar implica assumir riscos, criar rupturas, dar saltos, abdicar, quebrar convenções, renunciar à facilidade de continuar dentro do que é expectado e, claro, do que é aceite. há muito que os artistas compreenderam a transgressão das fronteiras disciplinares e a resistência a categorizações leva a um desenvolvimento disciplinar, visando o crescimento e possibilitando uma ontologia transversal. Penso que, tal como a arte, a arqueologia pode beneficiar ao localizar-se num campo expandido, num contexto mais alargado, que é simultaneamente arqueológico, histórico e artístico. ainda que ciente das diferenças entre as disciplinas, acredito que as propostas culturais da arte contemporânea podem ser um instrumento valioso para a análise arqueológica, assim como o conhecimento de trabalhos arqueológicos sobre as culturas passadas se tem, ao longo da história, mostrado revelador para a prática artística. não espero que os artistas se tornem arqueólogos, nem que os arqueólogos se tornem artistas, cada disciplina tem a sua própria agenda. não obstante, defendo que se podem aplicar os conhecimentos específicos de cada uma num trabalho comum, em que as duas disciplinas se justaponham na procura de um espaço e de um diálogo coeso, num contínuo campo de interação simbiótica entre práticas, numa experiência conjunta que ultrapasse a simples visita recíproca. Embora esta seja, em grande parte, uma história ainda por escrever, espero ter evidenciado a relevância do cruzamento entre o mundo da arte e da arqueologia, na formação, visão e concepção da cultura contemporânea. Referências bibliográficas BaiLEY, Douglas (2008) «art to archaeology to archaeology to art». in: Archaeologies of Art: Papers from the Sixth World Archaeological Congress. Dublin: UCD scholarcast, pp. 2-18. FERnanDES DiaS, José a. (2001) “arte e antropologia no século XX: modos de relação.” in Etnográfica, 5 (1), pp. 103-129. BOnaVEntURa, Paul e JOnES, andrew (2011) Sculpture and Archaeology. London: the henry Moore Foudation. REnFREW, Colin (2006). Figuring it Out: The Parallel Visions of Artists and Arqueologists. London: thames & hudson. RUSSELL, ian a. (2008). «art, archaeology and the Contemporary». in: Archaeologies of Art: Papers from the Sixth World Archaeological Congress. Dublin: UCD scholarcast, pp. 2-7. RUSSELL, ian a. (2011). «art and archaeology. a modern allegory». in: Archaeological Dialogues. Cambridge: University Press, 18 (2), pp. 172-176. 360