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O discurso jornalístico sobre meio ambiente no Jornal Nacional
1. CURSO DE COMUNICAÇÃO SOCIAL
Artigo científico produzido pelos alunos
do curso de Jornalismo - 1º semestre de 2010
UNIFOA - CENTRO UNIVERSITÁRIO DE VOLTA REDONDA
PROGRAMA DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA
O DISCURSO JORNALÍSTICO SOBRE MEIO AMBIENTE NO JORNAL
NACIONAL
Amanda Canuto
Ananda Valente
Thayra Azevedo
Volta Redonda
2010
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2. CURSO DE COMUNICAÇÃO SOCIAL
Artigo científico produzido pelos alunos
do curso de Jornalismo - 1º semestre de 2010
RESUMO: Esse artigo busca analisar superficialmente o discurso jornalístico
empregado no Jornal Nacional, da Rede Globo, sobre as questões de meio ambiente, se
limitando apenas a estudar o texto falado ou escrito do telejornal. O objetivo é traçar um
breve panorama de como o jornal em questão aborda a temática ambiental, não focando
nas matérias sobre “fenômenos naturais”, ou seja, ao relato de “acontecimentos da
natureza”, mas naquelas que englobam de modo mais significativo as ações do homem
na construção dos cenários de degradação ambiental, mesmo quando esse tema é
abordado de forma pouco transparente, sem mencionar os maiores responsáveis por
isso, atrás de um discurso aparentemente neutro, eximindo o jornalista de qualquer
envolvimento com o assunto mantendo sua objetividade e “imparcialidade”.
PALAVRAS-CHAVE: Jornal Nacional, discurso jornalístico, Meio Ambiente
1. Introdução
O jornalismo ambiental no Brasil está em alta, após 2008, considerado o ano do
planeta as reportagens com essa temática começaram a pipocar a mídia, fortalecendo, a
partir de então, o jornalismo especializado nesta área e a forte preocupação com a
natureza. Este artigo discute, a partir da análise de matérias veiculadas em algumas
edições do Jornal Nacional, o maior telejornal Brasileiro e referência para o público,
entre o período de outubro de 2008 e junho de 2009, a forma como o jornalismo vem
abordando temas relacionados ao meio ambiente.
Dentro deste contexto, analisamos como o Jornal Nacional aborda os temas
sobre meio ambiente, e procuramos demonstrar que em grande parte das matérias cujo
tema central é o meio ambiente pode-se identificar um jogo de interesses por trás dos
discursos, e, consequentemente, informações relevantes são omitidas para a opinião
pública. Acreditamos que este texto é capaz de despertar no telespectador uma visão
crítica do discurso jornalístico empregado nos telejornais ao abordar os mais diferentes
temas.
Visando traçar um breve panorama de como o Jornal Nacional aborda a temática
ambiental, o artigo está estruturado em quatro itens. No primeiro, apresenta-se uma
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breve contextualização da história da televisão no Brasil e consequentemente do
telejornalismo brasileiro. Em seguida falaremos sobre Jornalismo Ambiental. Como e
quando surgiu e como se estruturou ao longo dos anos em nosso país. No terceiro item,
apresentamos como esta nova “febre jornalística” é abordada dentro do JN. Para
fundamentar nossos argumentos, dedicamos o último item a analisar as matérias de
meio ambiente veiculadas no telejornal.
Vamos tentar descobrir com este artigo se as matérias de meio ambiente ou não
relevância no telejornalismo, e quem é apontado como culpado pelas catástrofes
relacionadas ao meio ambiente.
2. Telejornalismo brasileiro
Em abril de 1950, cidade de São Paulo, a Televisão
tem sua pré-estreia no Brasil com a apresentação do padre
cantor mexicano Frei José Mojica. As imagens são
transmitidas apenas no saguão dos Diários Associados, onde
estavam instalados alguns aparelhos de TV. Fundado em
1924, por Francisco de Assis Chateaubriand Bandeira de
Melo (foto ao lado), os Diários Associados era o maior
conglomerado de empresas de mídia da época, existente até
os dias de hoje.1
Em março de 1950, os transmissores e equipamentos
da RCA (Radio Corporation of América) comprados por
Chatô chegaram ao Brasil. Mas apenas em setembro acontece
pela TV Tupi a primeira transmissão de televisão no Brasil, ainda em fase experimental.
Os duzentos aparelhos de televisão importados por Chateaubriand foram espalhados
pela capital paulista. E somente um ano depois, os cariocas teriam acesso a essa nova
tecnologia. No início, como a TV era uma novidade no país, o veículo era dirigido por
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Informações sobre a história da TV retiradas dos sites: www.microfone.jor.br/historiadaTV.htm e
www.tudosobretv.com.br/histortv/historbr.htm#.
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pessoas vindas do teatro, jornal ou rádio. Técnicos e diretores assumiam seus cargos
sem formação ou conhecimento na área.
O primeiro telejornal do Brasil, veiculado pela TV Tupi se chamava “Imagens
do Dia”. Apresentado pelo radialista Ribeiro Filho, tinha texto e reportagem de Rui
Rezende, sem horário fixo para ser exibido. Dependendo da região do país onde as
reportagens eram feitas, elas costumavam chegar em cima da hora. Era preciso revelar o
filme e levá-lo de avião até São Paulo ou Rio de Janeiro, onde ficavam os estúdios. As
TVs não operavam em rede, e a grade da programação não era exata. Era uma previsão
que nem sempre podia se confirmar. Telejornais, novelas e propagandas: tudo era feito
ao vivo. Não era possível parar para se fazer uma edição: era preciso improvisar. Em
função da falta de programas, e do espaço entre eles, os comerciais tinham a duração de
cerca de 15 minutos. Não havia diálogo entre o telejornalista e o público, e era comum
programas levarem o nome dos patrocinadores, como, por exemplo, “Repórter Esso” e
“Gincana Kibom”.
Outro ponto marcante na história da TV foi a censura. A primeira legislação que
regulamentou essa prática no país foi em outubro de 1959, proibindo publicações que
tentassem transmitir algo inconveniente ao regime militar da época. Programas foram
refeitos, e a concessão da TV Excelsior foi cassada. Representantes militares
acompanhavam o dia a dia das emissoras para averiguarem a programação. Apesar
desse início complicado, hoje a televisão brasileira conseguiu se firmar; o direito de
expressão é protegido por lei, e a TV é vista pelo grande público como o maior veículo
através do qual se pode obter informação e entretenimento, e realizar denúncias.
Com o tempo, a linguagem do telejornalismo se modificou e se aproximou mais
do público. Passou a haver um diálogo entre telespectador e jornalista, visto como
alguém próximo e detentor da verdade. Segundo Bourdieu (1997, p.18), “com a
televisão, estamos diante de um instrumento que, teoricamente, possibilita atingir todo
mundo”, dando essa falsa ideia de democratização da comunicação, como se o que está
ao “alcance” de todo mundo fosse para todo mundo, quando de fato e ainda de acordo
com o mesmo autor (1997, p.19): “o assunto é imposto, as condições de comunicação
são impostas, e a limitação de tempo impõe ao discurso restrições tais que é pouco
provável que alguma coisa possa ser dita”.
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O Jornal Nacional, como todo e qualquer produto televisivo, consegue exercer
esse papel. Os assuntos são em grande parte pautados de acordo com os interesses da
emissora e chegam ao público sem essa “informação sobre a informação” (ou seja,
como ela foi escolhida, dentre outras, e elaborada). A imposição do assunto começa
antes mesmo de a matéria ir ao ar. De acordo com a cabeça lida e marcada pela opinião
dos apresentadores (embora não se deixe de lado o argumento da objetividade
jornalística, que valida o lugar de fala do jornalista), o público já é levado a formular
suas ideias sobre o tema que será apresentado pelo repórter de uma determinada forma.
3. Jornalismo Ambiental no Brasil
A temática ambiental está em alta. Matérias sobre questões climáticas,
aquecimento global, desastres naturais e desmatamento estão ganhando espaço nos
telejornais. No entanto, o jornalismo ambiental, que parece estar surgindo agora, na
realidade começou no Brasil no início da década de 90, com a realização da Rio 92, ou
Eco 922.
Em fevereiro de 1992, portanto a quatro meses do RIO 92, os meios
brasileiros começaram a dar cobertura diária ao evento e aos
preparativos. Os jornais das grandes imprensas criam editorias
específicas para privilegiar o meio ambiente (DENCKER &
KUNSCH, 1996, p. 64 e 65).
Contudo, passado algum tempo após a realização desta conferência, os espaços
dedicados à temática foram gradativamente sendo reduzidos.
Os meios esqueceram rapidamente a conferência do Rio. Os cadernos
de ecologia desapareceram, e – coincidência ou não – até mesmos as
editoria de ciência foram extintas ou relegadas a segundo plano
(DENCKER & KUNSCH, 1996, p. 64 e 65).
Somente nos últimos anos, após os alardes de ambientalistas em relação ao
futuro do planeta, é que a mídia voltou a destinar um espaço para esse tipo de assunto.
Mas quando essa temática é abordada pelos jornais, ela geralmente ocorre de forma
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Rio 92 ou Eco 92 foi a II Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento
Humano, realizada em 1992, no Rio de Janeiro. A conferência discutiu assuntos como desenvolvimento
sustentável e formas de reverter o processo de degradação ambiental.
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superficial. São apresentadas soluções meramente paliativas para “grandes” problemas
em vez de propostas que realmente contribuam para mudar esse cenário de degradação
ambiental. Como afirma Bueno (2007):
(...) O jornalista ambiental não admite a contradição insuperável,
sobretudo se aceito o modelo em vigor, entre o desenvolvimento
econômico e meio ambiente. Traduz um sentimento reformista,
advogado pelas grandes poluidoras, que, de maneira hipócrita, fazem
apologia de medidas meramente cosméticas porque não podem (e não
querem!) assumir uma proposta revolucionária.
4. Jornalismo ambiental no Jornal Nacional
O Jornal Nacional é o programa jornalístico de maior alcance no Brasil em
termos de público. Sua credibilidade conquistada ao longo de 40 anos, além da força da
emissora Globo como formadora de opinião, estende-se aos seus jornalistas.
Para muitas pessoas, o Jornal Nacional é uma das únicas fontes de informação
acessadas no dia a dia, o que o torna uma espécie de “deus da informação”. Por ser um
“grande formador de opinião, ele tem importância fundamental no processo de seleção,
edição e transmissão para milhares de brasileiros de notícias que julga relevantes”¹
(LESTINGE, 2008, p. 15).
Nosso país é o único que possui uma emissora líder em audiência, e que se
mantém em primeiro lugar desde sua criação, em 26 de abril de 1965. Sua capacidade
de “ditar leis” influência até as decisões do governo.
Deste modo, ainda em nossos dias, a imprensa e a televisão são a
principal fonte de informação para a expressiva camada da população.
O papel desses veículos revela-se decisivo nos processos de formação
de opinião sobre a problemática ambiental (FERNANDES, 2001, p.2).
Durante as análises, pôde-se observar que o telejornal em questão faz uma
limitada contextualização dos fatos que giram em torno da temática ambiental,
apresentando soluções pouco eficazes para responder aos problemas levantados nas
matérias. O JN tenta “maquiar” as reportagens para que se tornem atrativas e chamem a
atenção do público. As matérias ganham em superproduções e estética, entretanto,
perdem em informações. O telespectador é levado a acreditar que pequenas ações
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poderão solucionar os problemas ambientais. Não se está, com isso, afirmando que o
cidadão comum não possa contribuir para a preservação da natureza. Ele pode. Mas é de
se questionar o fato de um jornal apresentar como forma de economia de água e
preservação do meio ambiente a prática de fazer xixi no banho, como mostra a matéria
do dia 12 de maio de 20093.
A medida pode realmente contribuir para que cerca de 12 litros d’água, que
seriam desperdiçados na descarga, sejam “economizados” (em um banho rápido, pois,
banhos demorados gastam muito mais do que 12 litros de água contidos na caixa d’água
do vaso sanitário). Porém, a matéria sequer menciona, por exemplo, que a ureia pode
corroer alguns tipos de ralos, e que essa prática não contribui para a mudança consciente
de hábitos que degradam o meio ambiente.
Capitalismo e meio ambiente estão inegavelmente acoplados. O atual modelo de
desenvolvimento, que encoraja o consumo exacerbado e sem limites contribui de forma
avassaladora para a destruição ambiental. O jornalismo vem se posicionando como um
incentivador do modelo economicista, sem discutir realmente as implicações deste
posicionamento e as consequências para o meio, assumindo, como afirma, Bueno
(2007), um “conceito cosmético de sustentabilidade”.
Dentro de um mesmo telejornal, há discursos contraditórios. Enquanto
jornalistas vão ao ar “maquiadamente” com reportagens de educação ambiental, nos
intervalos comerciais, o marketing e a publicidade encorajam esse mesmo telespectador
a consumir exacerbadamente, comprometendo assim a qualidade da informação.
A imprensa está convicta de que sempre é possível compatibilizar o
crescimento econômico acelerado com a preservação do meio
ambiente, e como isso, contribui para desarmar os espíritos e as
mentes para visualização das ações predatórias das empresas
(BUENO, 2007, p 96-97).
A mídia, por estar diretamente atrelada a interesses político-econômicos, não tem
liberdade, coragem e interesse para “bater de frente” com os que “bancam” sua
transmissão e veiculação; no caso, os “patrocinadores” (empresas capitalistas e agências
publicitárias), promovendo, assim, uma falsa imagem das corporações. O jornalismo
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Ver anexo 7.1, página ,14
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acaba fazendo propaganda de empresas com discursos falsamente engajados. Mostra-se
o número de árvores que determinada corporação está plantando, ou quantos por cento
se doa às ONGs ambientais na venda de seus produtos. Mas o lixo depositado nos rios,
a poluição que assola o ar, o próprio desmatamento gerado por essas mesmas indústrias
são facilmente deixados de lado pelos profissionais da comunicação, e esquecidos pelo
grande público. Como confirma Bueno, (2007, p. 97): “A racionalidade empresarial,
apoiada em maior produtividade e eficiência, não poupa, necessariamente, como insinua
a mídia, os recursos naturais; pelo contrário, promove sua degradação em nome do
progresso”.
5. Análises
Durante os oito meses analisados do telejornal, notou-se em grande parte das
matérias uma postura isenta e positivista nos discursos dos jornalistas. Em vídeo, eles
mostram, ambiguamente, estarem a par do tema, expressando algumas das vezes
corporalmente sua opinião sobre ele. A ênfase dada em certas palavras e o semblante do
repórter permitem que o telespectador conheça a opinião do jornalista a respeito da
matéria, fato que pode ser observado antes mesmo de a reportagem ir ao ar. O jornalista
escolhe e enfatiza certas palavras, deixando transparecer sua opinião.
O Jornal Nacional tem como âncoras dois dos principais jornalistas do Brasil.
William Bonner e Fátima Bernardes como afirmar Hagen, et al (2003):
“Observando o Jornal Nacional (...) Fátima Bernardes e William
Bonner ocupam um lugar único no contexto da crescente
espetacularização dos programas jornalísticos da TV brasileira. (...) o
casal constrói uma imagem de credibilidade, profissionalismo e
isenção como sempre pregou a cartilha do fazer jornalístico”.
Somente a figura dos principais apresentadores do telejornal já é suficiente para
garantir a “aceitação” das matérias pelo público, pois eles simbolizam o jornalismo
nacional. A sociedade costuma ver no jornalista uma figura detentora da verdade. O que
se noticia é pouco ou quase nada contestado. O público tem um pacto de credibilidade
com o que é dito em um jornal. E após a leitura da cabeça, os telespectadores já têm
noção de como será matéria. Muito rapidamente, é possível perceber, por exemplo, se o
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foco da matéria é de denúncia ou se a reportagem é mais descontraída, não apenas pelo
texto falado, mas pelo contexto em que se fala. Os apresentadores deixam claro suas
opiniões. Bourdieu (1997, p. 44) afirma com relação ao papel do apresentador: “eles (os
espectadores) bem veem que o apresentador faz intervenções restritivas. É ele quem
impõe o assunto, quem impõe a problemática”.
As reportagens ganham um tom otimista, como se os desastres do meio ambiente
não fossem assim tão preocupantes. De fato, é preciso ter senso crítico a respeito das
afirmativas feitas por especialistas em meio ambiente. Muitas declarações dadas como
verdade absoluta são realizadas mediantes estimativas nem sempre confirmadas. Os
próprios ambientalistas, cientistas e pesquisadores discordam entre si com relação a
vários aspectos. Enquanto, por exemplo, alguns profissionais afirmam que o planeta vai
esquentar, existe uma corrente que defende o contrário. Argumentam que estamos
caminhando para uma nova era glacial, como diz Molion:
(...) discutiu-se criticamente a hipótese do aquecimento global
antropogênico, demonstrando que ela carece de bases científicas
sólidas, e que as projeções catastróficas elaboradas pelo IPCC foram
baseadas em resultados de modelos de clima (MCG), cujas equações
matemáticas não representam adequadamente os processos físicos que
ocorrem na atmosfera, particularmente a cobertura de nuvens e o ciclo
hidrológico. Ou seja, as projeções futuras dos MCG, resultantes de
cenários hipotéticos, são meros exercícios acadêmicos, não confiáveis
e, portanto, não utilizáveis para o planejamento das atividades
humanas e o bem-estar social. (...) Considerando o passado recente, é
muito provável que ocorra um resfriamento global nos próximos 20
anos ao invés de um aquecimento. (MOLION, s/ data, p.1)
Portanto, percebe-se que é preciso também desconfiar das afirmativas feitas
pelos detentores do saber, sejam eles especialistas ou profissionais da comunicação. O
jogo de interesses está presente em toda e qualquer área de trabalho. Os jornalistas
reproduzem notícias que condizem com o perfil e interesses de seus veículos de
trabalho, e os profissionais da ciência buscam comprovar e defender as teses em que
acreditam. Em entrevista à revista Web universitária Diversidade, Molion (2009) disse
que:
O AGA4 saiu da esfera acadêmica e passou a ser uma plataforma
política e econômica e, como tal, passou a receber mais recursos
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Aquecimento Global Antropogênico
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financeiros do que os estudos sobre o clima tinham recebido até então.
Com isso, alguns poucos cientistas passaram a apoiar o AGA por
interesse, para terem seus projetos aprovados. (...) A dificuldade maior
atualmente é que as agências financiadoras de projetos científicos, que
são controladas por políticos e administradores do dinheiro público
direta ou indiretamente, tendem a privilegiar os projetos que se
propõem a mostrar que o Planeta está se aquecendo e que o homem é
o culpado. Ou seja, é difícil alguém que defenda a hipótese contrária
ter seu projeto aprovado, mesmo porque os projetos passam pelo
processo de “avaliação por seus pares”, avaliação feitas por outros
cientistas da área, e boa parte desses está corrompida pelo AGA.
Também se podem perceber discursos “contaminados” por parte de especialistas
supostamente “isentos” na matéria veiculada no dia 3 de fevereiro de 2009, por
exemplo5. A reportagem traz a descoberta científica do papel de plástico como uma
solução para grande parte dos problemas ambientais. Nota-se um tom "miraculoso" no
discurso dos cientistas ao serem propostas soluções sustentáveis para o planeta, mas não
se pensam em formas de viabilizá-las. A reportagem mostra que o papel-plástico irá
modificar o comportamento da população e os jornalistas parecem esperar que grandes
empresas venham a se interessar pelo projeto. O jogo de interesses que move esse
debate fica evidente. Essa matéria, no entanto, “quebra o protocolo” e “dá voz” também
a fontes “alternativas” para fundamentar bem a ideia exposta.
Um dos assuntos mais recorrentes em matérias do Jornal Nacional sobre meio
ambiente é a água. Cerca de 20% das reportagens de meio ambiente abordam o tema, já
que este é o recurso natural que está mais próximo das pessoas, a que todos têm (ou
deveriam ter) acesso.
Pôde-se observar que a água é de fato tratada como um bem social e que há uma
preocupação em alertar os indivíduos com relação ao fato de que, atualmente, ela é um
recurso não renovável e em estado de escassez. Em sua maioria, as matérias provocam
comoção e o desejo instintivo e momentâneo de mudança de atitudes. Como afirma
Bourdieu (1997, p. 28): “A imagem tem a particularidade de poder produzir o que os
críticos literários chamam de o efeito de real, ela pode fazer ver e fazer crer no que faz
ver. Esse poder de evocação tem efeitos de mobilização”.
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Ver anexo 7.2, página 15
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Um exemplo desse potencial de mobilização foi a reportagem, citada
anteriormente, exibida no dia 12 de maio, que apresenta a prática de urinar no banho
como forma de preservar o meio ambiente. Após a veiculação da matéria,
telespectadores solicitaram que o JN realizasse outras reportagens abordando o
desperdício de água, o que foi feito. Logo na semana seguinte, dia 21 de maio6, o Jornal
Nacional exibia uma matéria dando ideias sobre como evitar o desperdício. Na cabeça
da reportagem, William Bonner, aparentemente satisfeito, informava a respeito da
participação do público. A matéria, ambientada em São Paulo, pôde dar dicas de como
cidadãos comuns conseguiram economizar água e diminuir gastos através de medidas
simples.
As matérias do JN raramente apontam o homem como culpado do atual cenário
de degradação ambiental. Nem mesmo quando o enfoque é de denúncia, como o
desmatamento da Amazônia, por exemplo, o ser humano é apontado como agente
causador da destruição ambiental. Uma das matérias que chamou atenção em especial
foi a de 21 de janeiro de 20097, que foi de encontro à habitual linha editorial do
programa e apontou o homem como o culpado pela poluição das praias do Nordeste. A
matéria tem um forte apelo emocional. Mostra o paradoxo que se instala nas praias. De
um lado, o cenário magnífico litoral; do outro, a calamidade provocada pela sujeira do
homem.
Percebeu-se que o JN busca sustentar uma postura de neutralidade, mantendo-se
isento ao abordar as matérias e praticando a objetividade jornalística a fim de não ser
questionado.
No relato “objetivo”, desaparece a personalidade do repórter à medida
que a atenção se volta para a (re)presentação dos fatos - “o que está
acontecendo realmente aqui”. Gaye Tuchman situa essa convenção na
“teia de facticidade”, a qual inclui, entre outros, a separação entre as
notícias hard e a opinião, o uso das aspas de citação, de sound bites e
de escolhas de palavras neutras, a apresentação de “ambos os lados”
de uma questão e o uso do ponto de vista distante da terceira pessoa.79
Porque é prática e eficiente, a “facticidade” ajuda a estabelecer o
jornalismo como uma instituição aparentemente neutra, legítima, com
o poder de enquadrar as ocorrências, identificar a realidade, vender
notícias e dar um senso comum a experiências largamente diversas
para o público (CAMPBELL, 1991, p. 1-24).
6
Ver anexo 7.3, página 16
7
Ver anexo7.4, página 17
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12. CURSO DE COMUNICAÇÃO SOCIAL
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Em grande parte das reportagens do JN, encontra-se um constante tom otimista, que
parece esconder a realidade atual do meio ambiente e sustentar a ideia de um possível
“controle” futuro da situação através, sobretudo, das “salvadoras tecnologias”.
6. Considerações Finais
A abordagem ambiental é importante ou não dentro do telejornalismo? As
matérias de meio ambiente são produzidas por caráter de relevância ou jogo de
interesses? Quem é colocado como culpado dos desastres ambientais?
Durante a pesquisa, observaram-se algumas práticas do JN ao abordarem suas
matérias. A temática ambiental dentro do telejornal é apresentada de forma fragmentada
e grande parte das reportagens vai ao ar em determinados períodos, como, por exemplo,
no dia do meio ambiente, em que o jornal faz uma série de matérias especiais para
abordar o tema. Essa prática também pode ser observada nas matérias que falam de
encontros e conferências. De acordo com Fernandes (2001): “a cobertura aparece na
mídia impressa e eletrônica de maneira fragmentada. Para algumas empresas de
comunicação, o interesse maior reside no fato de obter audiência”.
A forma de se manter isento e praticar a objetividade contribui para a construção
da credibilidade do programa, que é visto como referência no cenário jornalístico
nacional.
A televisão regida pelo índice de audiência contribui para exercer
sobre o consumidor supostamente livre e esclarecido as pressões do
mercado, que não têm nada da expressão democrática de uma opinião
coletiva esclarecida, racional, de uma razão pública, como querem
fazer crer os demagogos cínicos (BOURDIEU, 1997, p. 96-97).
Os âncoras do JN se destacam dentre os profissionais da imprensa. Cativam os
telespectadores por seu trabalho à frente do telejornal e pela vida pessoal. O formato do
Jornal Nacional, aliado às figuras de William Bonner e Fátima Bernardes, contribui para
a aceitação das matérias pelo público e para uma falta de questionamento com relação
ao que é abordado pelo telejornal.
Ao mesmo tempo em que buscam a imparcialidade e a credibilidade
frente à bancada do JN, Bernardes e Bonner têm a vida devassada por
revistas e jornais, criando uma sinergia entre esses dois campos.
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Conhecer as particularidades do casal conduz nossos olhos para uma
outra leitura da posição que eles ocupam como profissionais:
assumem um papel “humanizado” frente à frieza do cenário e da
tecnologia. Quebram o distanciamento e cativam ao mesmo tempo em
que se colocam em um papel quase inatingível para o telespectador
comum. São belos, charmosos, pais exemplares e bem-sucedidos
profissionalmente (HAGEN, et al 2003).
O telespectador tem como norte as informações veiculadas no Jornal Nacional.
Mas os conteúdos recebem um tratamento “superficial” por parte do telejornal.
Raramente o homem é apontado como agente causador dos problemas ambientais em
relação aos quais está diretamente implicado.
Os interesses da empresa parecem muitas vezes se sobreporem aos da sociedade.
As reportagens trabalham a temática ambiental como pano de fundo de outros assuntos.
Matérias de economia e saúde, por exemplo, adquirem um caráter ambiental, deixando
transparecer claramente que a motivação da reportagem não foi uma “questão
ambiental”. O jornalismo ambiental, no Jornal Nacional pelo menos, não passa de um
mero coadjuvante dentre tantas outras divisões de conteúdos jornalísticos. O
comprometimento com os princípios fundamentais de seleção da notícia (proximidade,
abrangência, relevância e originalidade), são inegavelmente deixados de lado,
prevalecendo o jogo de interesses.
REFERÊNCIAS:
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televisão brasileira. São Paulo: Annablume, 2003.
BOURDIEU, Pierre. Sobre a televisão. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1997.
BUENO, Wilson da Costa. Comunicação, jornalismo e meio ambiente. São Paulo:
Mojoara, 2007.
CAMPBELL, Richard. 60 minutes and the news: a mythology for Middle America.
Urbana & Chicago: Univ. of Illinois Press, 1991. 278p. Introd. p. xv-xxix; cap. I, p. 1-
24. Trad. para o português de M.T.G.F. de Albuquerque. Rev. técn. de A. de
Albuquerque.
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14. CURSO DE COMUNICAÇÃO SOCIAL
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MOLION, Luiz Carlos Baldicero. Aquecimento Global: Antropogênico Ou Natural?
Maceió, (SEM DATA). Artigo do Instituto de Ciências Atmosféricas, Universidade
Federal de Alagoas. Cidade Universitária.
RAMOS, Luís Fernando Angerami. Meio ambiente e meios de comunicação. São
Paulo: Annablume, 1996.
TRIGUEIRO, André. Mundo sustentável. São Paulo: Editora Globo, 2005.
VIZEU, Alfredo (org). A sociedade do telejornalismo. Rio de Janeiro: Vozes, 2008.
“História da Televisão Brasileira”. Disponível em
http://www.microfone.jor.br/historiadaTV.htm. Acessado em novembro de 2009.
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15. CURSO DE COMUNICAÇÃO SOCIAL
Artigo científico produzido pelos alunos
do curso de Jornalismo - 1º semestre de 2010
“História da Televisão Brasileira”. Disponível no site “Tudo Sobre TV”, em
http://www.tudosobretv.com.br/histortv/historbr.htm#. Acessado em novembro de 2009.
Revista WEB Diversidades (2009). Disponível em
http://www.unifoa.edu.br/portal_ensino/comunic_pp/revista/mat09/liquid-
green/index.html. Acessado em dezembro de 2009.
7. Anexos
7.1. Fazer xixi no banho ajuda a proteger a natureza
Matéria exibida no dia 12/05/09
Cabeça: Para descargas com caixa acoplada são pelo menos 12 litros por uso. E nos
vasos com válvulas, muito mais: 60 litros por vez. A ideia é economizar água e
dinheiro.
Um hábito muito comum entre as crianças passou a ser recomendado como forma de
proteger o meio ambiente e também o seu dinheiro: fazer xixi no banho! Veja na
reportagem de Monalisa Perrone.
Off 1: Num simples toque, muitos litros que poderiam ser economizados. Para
descargas com caixa acoplada são pelo menos 12. E nos vasos com válvulas muito
mais: 60 litros por vez.
Passagem: Com todos esses números, a ONG SOS Mata Atlântica quer incentivar um
hábito. Sempre quando há uma campanha para preservar o meio ambiente o "não"
aparece muito: não faça isso, não jogue aquilo. Mas desta vez a ideia é trabalhar o
"sim”: sim, faça xixi durante o banho.
Sonora: André Lomar, infectologista: “Fazer xixi no banho com água correndo não há
problema nenhum de pegar doença, não se pega doença dessa forma”.
Sonora: Mário Mantovani, diretor da Fundação SOS Mata Atlântica: “Se você não
faz nada pelo meio ambiente, faz xixi no banho. É um jeito divertido, uma forma boa de
você também participar. Atrás de fazer o xixi no banho, tem a proteção da água, tem a
proteção da floresta e do planeta”.
Off 2: Na casa de Ana Lúcia Silveira, o hábito veio antes da consciência. “Depois que a
gente começou a ter essa ideia da economia, a gente realmente está fazendo um bem e
está economizando com a água. Aqui todo mundo faz xixizinho no banho. A mãe às
vezes sim, está com vontade e não dá para sair, ir na privada e voltar“.
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Off 3: Para economizar o tempo todo há no mercado equipamentos específicos para
casa. Torneira com sensor e até descarga inteligente: de um lado três litros e do outro,
seis. O uso depende da necessidade.
Sonora: Hiroshi Shimuta, comerciante: “Antigamente, você soltava água à vontade.
Hoje, você consegue administrar o consumo de água da forma que você achar
interessante. Tudo isso aí é uma forma de economia de água”.
7.2. Cientistas brasileiros criam o papel de plástico
Matéria exibida no dia 03/02/09
Cabeça: São necessários 850 quilos de plástico reciclado para produzir uma tonelada de
papel sintético e, segundo os pesquisadores, a cada tonelada produzida, pelo menos 30
árvores deixam de ser cortadas.
Cientistas brasileiros conseguiram criar o que pode ser um grande passo para resolver
um problema ambiental gigantesco. Veja na reportagem de Helen Sacconi.
Off 1:Uma folha de papel é resultado de um estudo que durou seis anos, realizado por
pesquisadores da Universidade Federal de São Carlos. É o chamado papel sintético, que
usa o plástico como matéria-prima, em vez da celulose.
A fabricação consome menos água e menos energia do que a do papel tradicional e
praticamente qualquer embalagem plástica, jogada no lixo, pode ser aproveitada. O
plástico é triturado e misturado a uma série de substâncias e vai para uma máquina,
onde é submetido a altas temperaturas.
Depois de derretido, é resfriado e novamente picotado. O processo termina em outro
equipamento, que funde os grãos para produzir o papel sintético, que tem outras
vantagens.
Sonora: Cristiano de Santi, pesquisador: É resistente à água, resistente a intempéries
em geral, ventos, raios ultravioleta.
Off 2: A ideia já foi testada em larga escala e patenteada.
Sonora: Sati Manrich, coordenadora da pesquisa: Ele pode ser aplicado em outdoors,
manuais, cartilhas, rótulos, etiquetas, livros.
Off 3: Os pesquisadores aguardam o interesse da indústria para que a novidade chegue
ao consumidor. Mas essa pequena amostra foi levada a uma papelaria.
Sonora: Sem crédito: É bom para escrever, eu acho que vale a pena.
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Passagem: Oitocentos e cinquenta quilos de plástico reciclado são necessários para
produzir uma tonelada de papel sintético e, segundo os pesquisadores, a cada tonelada
produzida, pelo menos 30 árvores deixam de ser cortadas.
Sonora: Os estudos revelam que, se fosse aplicada em sala de aula, a novidade poderia
aumentar a vida útil de livros e de cadernos. "É essa a questão, a reposição do material,
a reconstrução, unir o que é dá para reutilizar", disse a professora Alessandra Lopes da
Fonseca.
Uma família, que compra livros usados para diminuir as despesas, gostou da ideia.
Sonora: Erika Signini, secretária: Acho que a durabilidade, a economia vai ser bem
maior. Vai ser bem melhor você tirar lixo do meio ambiente do que derrubar árvores.
7.3. Veja ideias para evitar o desperdício de água
Matéria exibida no dia 21/05/09
Cabeça: Uma campanha pela economia de água que a gente mostrou aqui no Jornal
Nacional há alguns dias levou muita gente a escrever pedindo outra reportagem sobre
esse assunto.
A campanha da fundação SOS Mata Atlântica sugere que as pessoas façam xixi debaixo
do chuveiro, na hora do banho. Mas o repórter Alan Severiano mostra, agora, outras
ideias para quem acha que não vai conseguir se acostumar com esse hábito novo.
Off 1: Uma reforma de R$ 5 mil e um prédio em São Paulo passou a aproveitar até a
água que não chega pelo cano. Reservatórios no subsolo guardam água da chuva que é
usada no jardim e para lavar o chão.
Sonora: Maria Cecilia Higuchi, síndica do prédio: Nós estamos economizando em
média R$ 1 mil por mês.
Off 2: A preocupação com o uso da água transformou uma casa num laboratório para
evitar o desperdício. O que começou como experiências de fundo de quintal virou uma
prova de que soluções caseiras também podem fazer milagre.
Com pequenas adaptações, a conta ficou 30% mais barata. A água da calha escorre para
um tambor e é usada para regar plantas. O dono inventou até vasos com um sistema de
irrigação mais eficiente.
Sonora: Edison Urbano, técnico em eletrônica: A planta vai na terra. Embaixo, eu
tenho um carpete. Esse carpete vai dentro de um tubo. Esse tubo, eu encho d’água.
Então a planta só vai puxar a água que ela precisa.
Off 3: A maior economia vem do chuveiro. O que escoa pelo ralo vai para uma caixa do
lado de fora. Depois de tratada com cloro de piscina, a água é usada na descarga.
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O tratamento é essencial, diz José Carlos Mierzwa, professor de engenharia da USP,
para eliminar bactérias e evitar que a água reaproveitada provoque mau cheiro e
manchas na louça sanitária.
Sonora: José Carlos Mierzwa, professor de engenharia da USP: O problema é que ela
tem na sua composição contaminantes, por exemplo xampu, sabonete, creme. Isso pode
trazer problemas durante o armazenamento. O ideal é tratar essa água.
Off 4: É isso que este condomínio faz em larga escala. O esgoto das casas passa por
uma estação de tratamento e perde mais de 90% da sujeira. Esta água não serve para
beber, mas é usada na descarga dos banheiros e no jardim. Tudo foi planejado antes da
construção.
Sonora: Anselmo Moraes Neto, consultor de administração: A gente tem uma
economia de 40% sobre o recurso natural e queremos chegar a 50%.
Off 5:O sistema custou R$ 1,5 mil para cada proprietário. As casas têm dois medidores
de consumo: um de água potável, outro de água reaproveitada. O cuidado é tanto que há
até limites para o consumo.
Sonora: Bruno de Santis, aposentado: Não é à vontade por ser de reuso. Se você
ultrapassar, tem multa. Isso para que não haja desperdício, porque hoje a água é um bem
necessário.
7.4. Natureza é tratada como lixeira no Nordeste
Matéria exibida no dia 21/01/09
Cabeça: Turistas deixam a areia cheia de lixo. O desafio é vencer a falta de educação de
alguns e conscientizá-los a deixar a praia como todos gostariam de encontrá-la.
Algumas das praias mais bonitas do Brasil ganham toneladas de sujeira nessa época do
ano. A invasão dos turistas tem deixado paraísos naturais do litoral nordestino parecidos
com lixões.
Off 1: Os turistas se encantam com o litoral de Pernambuco.
Sonora: Sem crédito: É maravilhoso, não tem igual.
Off 2: Mas, para chegar às praias, o cenário é decepcionante.
Sonora: Sem crédito: É uma vergonha mesmo. Não tenho outra definição para dizer,
anão ser a falta de educação e a vergonha.
Passagem: Não dá para esconder e não para de aumentar. Em algumas cidades do
litoral, a quantidade de lixo chega a triplicar com a invasão de turistas. Em menos de
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Artigo científico produzido pelos alunos
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10% dos municípios do estado têm local adequado para colocar o lixo. O resultado é a
natureza é tratada como se fosse uma lixeira.
Off 3: O lixo se acumula nos acostamentos das principais estradas que levam até o mar,
nas encostas dos morros, nos terrenos a perder de vista.
Sonora: Sem crédito: Sujo. Sem satisfação.
Off 4: Os lixões são a parte mais visível da ameaça ao meio ambiente. Mas outras
agressões são feitas a todo instante por quem deveria cuidar da praia: os próprios
freqüentadores.
Em Tamandaré, uma das praias mais visitadas de Pernambuco, a areia fica tomada pela
sujeira. O desafio é conscientizar turistas e moradores a deixar a praia como todos
gostariam de encontrá-la.
Sonora: Mariano Aragão, especialista em saneamento: O poder público tem que fazer
sua parte, mas a população tem o seu papel. Cada um de nos tem que contribuir de
forma que o lixo não fique no ambiente.
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