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prof. Eduardo Rocha
Dinâmica da oficina
Primeiro Dia
 Apresentação
 Apresentação da Teoria
 Leitura de Textos
 Apresentação das Técnicas Literárias
 Exercícios

Segundo Dia
 Exercício de observação
 Produção textual
 Sarau literário
 Publicação no Blog
O que é o jornalismo?
 “O jornalismo, independente de qualquer definição
 acadêmica, é uma fascinante batalha pela conquista
 das mentes e corações de seus alvos. A objetividade é o
 tempero desta batalha, e a neutralidade a posição
 ideal, porém se resume só aos editoriais dos
 jornais”.(Clóvis Rossi)
O que é a Literatura?
 A Literatura é como as demais formas de arte, tem a
 capacidade de provocar no leitor um estranhamento
 diante da realidade, como se a víssemos pela primeira
 vez, sob um prisma diferente. (Chklovski, escritor
 russo)

 A Literatura é a expressão da sociedade, como a
 palavra é a expressão do homem.(Louis de Bonald,
 crítico do Romantismo francês)
Por onde caminham o Jornalismo e a Literatura?

Ato                               Funções da
Comunicativo                      Linguagem
Emissor        Quem fala          Emotiva
Mensagem       O que se fala      Poética           Literatura
Receptor       Para quem se       Conativa          Publicidade
               fala
Canal          Por qual meio se   Fática
               fala
Código         Como se fala       Metalinguística
Contexto       Onde e quando      Referencial       Jornalismo
               se fala
Por onde caminham o Jornalismo e a Literatura?

 As funções não são exploradas isoladamente. Na
  prática, ocorre a superposição de cada uma delas,
  sendo que sempre uma se sobressai. Nesse caso, a que
  se sobressai é a que indica a finalidade principal do
  texto
E o Jornalismo Literário? Onde fica?


 É função poética ou função referencial?
Conceito de Jornalismo Literário
 Modalidade de prática da reportagem de profundidade
 e do ensaio jornalístico utilizando recursos de
 observação e redação originários da (ou inspirados
 pela) literatura.

 Traços básicos: imersão do repórter na realidade, voz
 autoral, estilo, precisão de dados e informações, uso de
 símbolos (inclusive metáforas), digressão e
 humanização.(Edvaldo Pereira Lima)
Onde surgiu?
Primórdios:
Séc. 18 – França e Inglaterra
Realismo na literatura divulgado nas páginas dos
  Folhetins

Precurssores: Balzac, Victor Hugo, Charles Dickens,
 Dostoievski, Flaubert etc.

No Brasil: Machado de Assis, Raul Pompéia, Aloísio
 Azevedo etc.
No Brasil
 Destaque para Euclides da Cunha
 “A linha férrea corre no lado oposto. Aquele liame do
  progresso passa, porém, por ali, inútil, sem atenuar sequer o
  caráter genuinamente roceiro do arraial. Salta-se do trem;
  transpõe-se poucas centenas de metros entre casas
  deprimidas; e topa-se para logo, à fímbria da praça – o
  sertão... Está-se no ponto de tangência de duas sociedades,
  de todo alheias uma à outra. O vaqueiro encourado emerge
  da caatinga, rompe entre a casaria desgraciosa, e estaca o
  campião junto aos trilhos, em que passam,
  vertiginosamente, os patrícios do litoral, que o não
  conhecem.”
New Journalism
Década de 1960 – EUA

Gay Talese, um dos representantes dessa especialização,
 definiu esse tipo de jornalismo como:
 “New journalism (ou narrative writing, que seja) quer
 dizer apenas escrever bem. É um texto literário que não
 é inventado, não é ficção, mas que é narrado como um
 conto, como uma sequência de filme. É como um
 enredo dramático digno de ser levado aos palcos e não
 apenas um amontoado de fatos, fácil de ser digerido.”
Representantes do New Journalism
 Tom Wolfe (Radical Chique e o New Journalism)
 Gay Talese (Fama e Anonimato; O Reino e o Poder)
 Norman Mailer (O super-homem vai ao
  supermercado)
 Truman Capote (A Sangue Frio)
 John Hersey (Hiroshima)
 Joseph Mitchell (O Segredo de Joe Gould)
Jornalismo Literário no mundo
 Revista The New Yorker
 Revista Esquire
Jornalismo Literário no Brasil
 Revista Realidade (considerada até hoje a Bíblia do
 Jornalismo Literário brasileiro)

(vídeo – Revista Realidade)
Jornalismo Literário no Brasil
Autores
 Caco Barcellos
 José Hamilton Ribeiro
 Eliane Brum
 Marcos Faerman
 Roberto Freire
Revistas
 Revista Piauí
 Revista Caros Amigos
Características do Jornalismo Literário
 Emprego de técnicas literárias;
 Profunda observação;
 Profunda pesquisa de campo;
 Criatividade;
 Grande caracterização dos personagens;
 Ambientação do fato narrado;
 Fuga das regras do texto jornalístico; convencional.
E qual é a do Jornalismo Literário?


                           •Ir além do factual
                           •Ir além da objetividade
                           •Ir além dos dados
                           estatísticos
                           •Ir além do lead
E qual é a do Jornalismo Literário?

                        O Jornalismo Literário:

                        •Humaniza o texto
                        •Aprofunda a reportagem
                        •Trabalha a linguagem
                        •Observa os detalhes
                        •Vai além do lead
Jornalismo Literário - Prática
 1. Abertura de textos
 2. Técnicas literárias
Técnicas Literárias
 1. Construção cena a cena
 2. Reprodução de diálogos
 3. Foco narrativo
 4. Fluxo de consciência
Exemplo de abertura:
  narração convencional

 A nave se prepara para pousar. Da escotilha enxerga-se o solo arenoso e
  acidentado da Lua. É dia. O Sol brilha, intenso e dourado, como você o
  vê aqui da Terra, só que cercado de estrelas, num céu completamente
  negro. É que na Lua não existe atmosfera e, sem atmosfera, não tem os
  gases que, espalhando a luz solar, nos dão a ilusão de que o céu é azul.
  Na Lua, o firmamento é sempre escuro. A nave se aproxima ainda
  mais. Dá para ver, lá em baixo, jipes e robôs que zanzam pelas colinas.
  Homens vestindo macacões super-refrigerados e capacetes com
  oxigênio caminham pela planície como que em câmera lenta. É que lá
  a gravidade é uma lei mais fraca, mal corresponde a um sexto da
  gravidade que nos prende à Terra. O foguete pousa suavemente. Os
  passageiros se preparam para desembarcar. Colocam suas roupas com
  proteção térmica. Fora da cúpula protetora da primeira colônia
  terráquea, a temperatura atinge esturricantes 123 gruas Celsius.
Narração cena a cena
 Construção cena a cena (cena presentificada) – é o
 relato detalhado do acontecimento à medida que ele se
 desenvolve, desdobrando-o como em uma projeção
 cinematográfica. Mas, como a vida do personagem não
 transcorre somente no universo de suas ações diretas,
 pode-se estabelecer relações com acontecimentos
 paralelos, que, de alguma forma, contribuíram para o
 destino do biografado
Construção cena a cena
Exemplo 1:
 Chegam à casa ao entardecer. São um pequeno grupo de
  policiais. Todos uniformizados. Passeiam pela sala e olham a
  biblioteca. Riem com sarcasmo. Pegam o livro História da
  Diplomacia. "Assim que os kosovares descendentes de
  albaneses também querem ser diplomatas?" Mudam o tom
  da conversa. Gritam. "Nos dê chaves", exigem. "Pegue uma
  mala", ordenam. "Deixa o resto. Tens 10 minutos. Logo irás
  para a Albânia e nunca mais voltarás. Nem sequer poderás
  voltar a sonhar com Kosovo", profetizam.
Construção cena a cena
Exemplo 2:
O texto de Gay Talese sobre o ex-campeão mundial Joe
 Louis começa descrevendo a cena do atleta chegando de
 viagem e termina com a cena da segunda ex-mulher de
 Louis, Rose Morgan, assistindo em casa,como amigos e o
 atual marido, a um tape de uma luta de Louis. O tom do
 texto é o da melancolia pelo envelhecimento do ex-
 campeão.
Construção cena a cena
CENA 1

“Oi, doçura!” Joe Louis chamou a esposa, localizando-a esperando por ele, no aeroporto
 de Los Angeles.

Ela sorriu, caminhou em sua direção e estava para espichar-se sobre os pés para beijá-lo
–mas parou, de repente.

“Joe”, disse ela, “Cadê sua gravata?”

 “Ah, docinho”, disse ele, dando de ombros, “passei a noite toda fora em Nova York e não
 tive tempo...”

 A noite toda!”, interrompeu ela. “Quando você está aqui, tudo o que faz é dormir,
 dormir, dormir”.

“Docinho”, disse Joe Louis com um sorriso cansado, “sou um véio”.

 “Sim”, concordou ela, “mas quando você vai para Nova York tenta ser jovem de novo”.
Construção cena a cena
 CENA 2


  Rose parecia entusiasmada em ver Joe no auge da forma e toda vez que um murro de Louis golpeava
   Conn, ela fazia “Pann!” (soco). “Pann” (soco). “Pann!” (soco).

  Billy Conn impressionava bem, na luta, mas, quando a tela anunciou o assalto 13, alguém disse:

  “É aqui que Conn vai cometer seu erro, vai querer sair na força bruta pra cima do Joe Louis”. O marido
   de Rose ficou quieto, saboreando seu scotch.

  Quando os golpes combinados de Joe começaram a encaixar, Rose começou, “Pann! Paann!”, e então
  o corpo pálido de Conn começou a cair no tablado.

  Billy Conn começou lentamente a se levantar. O juiz contava. Suspendeu uma perna, depois as duas,
   depois já estava de pé –mas o juiz o forçou de volta. Era tarde demais.

  E então, pela primeira vez, do fundo da sala, subindo, como em ondas crescentes, desde as felpudas
   almofadas do sofá, surge a voz do atual marido –esta droga de Joe Louis outra vez.

 “Acho que o Conn levantou a tempo”, disse, “mas o juiz não o deixou continuar”.

 Rose Morgan não disse nada –apenas tomou o resto de sua bebida.

 (apud. LIMA, 2009, p.202)
Reprodução de diálogos
 2) Reprodução do diálogo das personagens – segundo
 Tom Wolfe, os diálogos são um dos recursos que mais
 envolvem o leitores.
Reprodução de diálogos
   Exemplo:
 Um antigo balcão de metal – desses típicos de escritório – separa os fregueses da área
    onde estão Roque Mascarin, 71 anos, e Sebastião Peixe, 74 anos. O salão forma um “L” e
    não tem mais que 30 metros quadrados. Nas prateleiras, ao lado esquerdo e ao fundo,
    peças de tecidos. No centro, lado a lado, duas máquinas de costura. E outros dois
    balcões de madeira. São antigos, de imbuia. “Tem mais de cem anos”, diria mais tarde
    seu Mascarin. São usados para riscar moldes e cortar tecidos. Um velho rádio, da
    Motorádio, está sintonizado numa emissora AM que toca Nelson Gonçalves quando eu
    chego. O aparelho completa a decoração do ateliê. É como se eu abrisse uma porta para
    o passado.

    Seu Mascarin deixa a velha máquina PFAFF e vem em minha direção.

    - Você deve ser o repórter. “Sim, eu que liguei hoje de manhã.”
    - Eu só não sei o que você quer com dois velhos. Nós não temos muito para falar.
    Estamos no fim de carreira.
(continuação)
A carreira de Roque Mascarin tem mais de 60 anos. Aos 9, recém- chegado da roça, fez o
que faziam os meninos ao concluir o grupo escolar. Era hora de procurar emprego, um
ofício. Bateu na alfaiataria de Geraldo Adabo. Nessa época, por volta de1950, São Carlos
tinha talvez centenas de alfaiatarias.

- Eram umas 200 – puxa pela memória seu Mascarin.
- 280. A voz fraca de Sebastião Peixe quebra o silêncio pela primeira vez para corrigir o
colega. Foi na alfaiataria do Adabo que os dois se conheceram. Seu Peixe tinha 10 anos
de idade. Os cabelos estão brancos. É um homem esguio, alto mesmo, quase um metro
e noventa de altura. Mas o corpo arqueado denuncia os efeitos dos anos quando ele se
levanta, para os cumprimentos. É homem frágil.
- Eu que conversei com você no telefone. Eu estou muito doente.

Seu Peixe caminha lentamente e com dificuldade. De volta a maquina de costura, por
várias vezes interrompe o vai e vem dos pés no pedal. Para. O olhar se fixa e se perde em
algum ponto. Parece querer relembrar fatos, pessoas, lugares e histórias enquanto seu
Mascarin ativa na memória os tempos em que São Carlos era a capital dos alfaiates
brasileiros.
Foco narrativo
 Foco narrativo (ou ponto de vista) – é a perspectiva pela
  qual é contada a história. Pode ser:

 Narrador-observador (3ª. Pessoa) ou narrador-
  personagem (1ª. Pessoa).
 Narrador-personagem (1ª. Pessoa)
Foco narrativo
 Narrador-observador
Exemplo:
“Ali pelas onze horas da manhã o velho Joaquim Prestes
  chegou no pesqueiro. Embora fizesse força em se mostrar
  amável por causa da visita convidada para a pescaria,
  vinha mal-humorado daquelas cinco léguas cabritando na
  estrada péssima. Alias o fazendeiro era de pouco riso
  mesmo, já endurecido pelos setenta e cinco anos que o
  mumificavam naquele esqueleto agudo e taciturno.” - O
  poço, de Mário de Andrade.
Foco narrativo
 Narrador- personagem – quando o narrador participa da
  história

Exemplo
“Vai então, empacou o jumento em que eu vinha montado;
  fustiguei-o, ele deu dois corcovos, depois mais três, enfim
  mais um, que me sacudiu fora da sela,…” “mas um
  almocreve, que ali estava, acudiu a tempo de lhe pegar na
  rédea e detê-lo, não sem esforço nem perigo. Dominado o
  bruto, desvencilhei-me do estribo e pus-me de pé.” -
  Memórias Póstuma de Brás Cubas,de Machado de Assis.
Fluxo de consciência
 Fluxo de consciência – Escrever um fluxo de consciência
 é como instalar uma câmera na cabeça da personagem,
 retratando fielmente sua imaginação, seus pensamentos.
 Como o pensamento, a consciência não é ordenada.
 Presente e passado, realidade e desejos, falas e ações se
 misturam na narrativa.
Fluxo de consciência
 Exemplo
 Como a humanidade é louca, pensou ela ao atravessar Victoria
  Street. Porque só Deus sabe porque amamos tanto isto, o
  concebemos assim , elevando-o, construindo-o à nossa volta,
  derrubando-o, criando-o novamente a cada instante, mas até as
  próprias megeras, as mendigas mais repelentes sentadas às portas
  (a beberem a sua ruína) fazem o mesmo; não se podia resolver o seu
  caso, ela tinha a certeza, com leis parlamentares por esta simples
  razão: porque amam a vida.(Mrs. Dalloway, 1925, trad. port. Lisboa,
  Ulisseia, 1982, pp.5-6)
EXERCÍCIO 1 - FOCO NARRATIVO

 A partir do tema proposto, desenvolva um texto
 utilizando o foco narrativo em primeira pessoa, e depois o
 foco narrativo em terceira pessoa

 Tema: Dois amigos que se encontram depois de muito
 tempo numa padaria.
EXERCÍCIO 2 – FLUXO DE CONSCIÊNCIA

 Carlos Barrios Contreras, 27 anos e o 13º mineiro chileno
  a ser resgatado, ficou o tempo todo da clausura sem
  saber que seria pai pela segunda vez. Tem um filho de
  cinco anos e sua mulher soube que estava grávida uma
  semana depois do desmoronamento da mina San José.
  Sua esposa, no entanto, foi orientada a não contar a
  novidade até que ele fosse resgatado. (extraído e
  adaptado do portal G1)
 A partir do texto acima construa um texto utilizando o
  recurso do fluxo de consciência a partir do ponto de
  vista da mulher do mineiro.
BIBLIOGRAFIA
 JATOBÁ, JOÃO FELIPE BRANDÃO. Técnicas Literárias. Disponível em:
  http://migre.me/5KNuv . Acesso em 7.set.2011

 LIMA, Edvaldo Pereira. Páginas Ampliadas. São Paulo, Manole, 2004


 PRIOSTE, Roberto Nogueira. Os alfaiates de São carlos, Disponível em:
  http://migre.me/5KNkI . Acesso em 7.set.2011

 SCARTON, Gilberto. Guia de Produção Textual. Disponível em Fonte:
  http://www.pucrs.br/gpt/index.php. Acesso em 5.ago.2011

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Conteudo

  • 2. Dinâmica da oficina Primeiro Dia  Apresentação  Apresentação da Teoria  Leitura de Textos  Apresentação das Técnicas Literárias  Exercícios Segundo Dia  Exercício de observação  Produção textual  Sarau literário  Publicação no Blog
  • 3. O que é o jornalismo?  “O jornalismo, independente de qualquer definição acadêmica, é uma fascinante batalha pela conquista das mentes e corações de seus alvos. A objetividade é o tempero desta batalha, e a neutralidade a posição ideal, porém se resume só aos editoriais dos jornais”.(Clóvis Rossi)
  • 4. O que é a Literatura?  A Literatura é como as demais formas de arte, tem a capacidade de provocar no leitor um estranhamento diante da realidade, como se a víssemos pela primeira vez, sob um prisma diferente. (Chklovski, escritor russo)  A Literatura é a expressão da sociedade, como a palavra é a expressão do homem.(Louis de Bonald, crítico do Romantismo francês)
  • 5. Por onde caminham o Jornalismo e a Literatura? Ato Funções da Comunicativo Linguagem Emissor Quem fala Emotiva Mensagem O que se fala Poética Literatura Receptor Para quem se Conativa Publicidade fala Canal Por qual meio se Fática fala Código Como se fala Metalinguística Contexto Onde e quando Referencial Jornalismo se fala
  • 6. Por onde caminham o Jornalismo e a Literatura?  As funções não são exploradas isoladamente. Na prática, ocorre a superposição de cada uma delas, sendo que sempre uma se sobressai. Nesse caso, a que se sobressai é a que indica a finalidade principal do texto
  • 7. E o Jornalismo Literário? Onde fica?  É função poética ou função referencial?
  • 8. Conceito de Jornalismo Literário  Modalidade de prática da reportagem de profundidade e do ensaio jornalístico utilizando recursos de observação e redação originários da (ou inspirados pela) literatura.  Traços básicos: imersão do repórter na realidade, voz autoral, estilo, precisão de dados e informações, uso de símbolos (inclusive metáforas), digressão e humanização.(Edvaldo Pereira Lima)
  • 9. Onde surgiu? Primórdios: Séc. 18 – França e Inglaterra Realismo na literatura divulgado nas páginas dos Folhetins Precurssores: Balzac, Victor Hugo, Charles Dickens, Dostoievski, Flaubert etc. No Brasil: Machado de Assis, Raul Pompéia, Aloísio Azevedo etc.
  • 10. No Brasil  Destaque para Euclides da Cunha “A linha férrea corre no lado oposto. Aquele liame do progresso passa, porém, por ali, inútil, sem atenuar sequer o caráter genuinamente roceiro do arraial. Salta-se do trem; transpõe-se poucas centenas de metros entre casas deprimidas; e topa-se para logo, à fímbria da praça – o sertão... Está-se no ponto de tangência de duas sociedades, de todo alheias uma à outra. O vaqueiro encourado emerge da caatinga, rompe entre a casaria desgraciosa, e estaca o campião junto aos trilhos, em que passam, vertiginosamente, os patrícios do litoral, que o não conhecem.”
  • 11. New Journalism Década de 1960 – EUA Gay Talese, um dos representantes dessa especialização, definiu esse tipo de jornalismo como: “New journalism (ou narrative writing, que seja) quer dizer apenas escrever bem. É um texto literário que não é inventado, não é ficção, mas que é narrado como um conto, como uma sequência de filme. É como um enredo dramático digno de ser levado aos palcos e não apenas um amontoado de fatos, fácil de ser digerido.”
  • 12. Representantes do New Journalism  Tom Wolfe (Radical Chique e o New Journalism)  Gay Talese (Fama e Anonimato; O Reino e o Poder)  Norman Mailer (O super-homem vai ao supermercado)  Truman Capote (A Sangue Frio)  John Hersey (Hiroshima)  Joseph Mitchell (O Segredo de Joe Gould)
  • 13. Jornalismo Literário no mundo  Revista The New Yorker  Revista Esquire
  • 14. Jornalismo Literário no Brasil  Revista Realidade (considerada até hoje a Bíblia do Jornalismo Literário brasileiro) (vídeo – Revista Realidade)
  • 15. Jornalismo Literário no Brasil Autores  Caco Barcellos  José Hamilton Ribeiro  Eliane Brum  Marcos Faerman  Roberto Freire Revistas  Revista Piauí  Revista Caros Amigos
  • 16. Características do Jornalismo Literário  Emprego de técnicas literárias;  Profunda observação;  Profunda pesquisa de campo;  Criatividade;  Grande caracterização dos personagens;  Ambientação do fato narrado;  Fuga das regras do texto jornalístico; convencional.
  • 17. E qual é a do Jornalismo Literário? •Ir além do factual •Ir além da objetividade •Ir além dos dados estatísticos •Ir além do lead
  • 18. E qual é a do Jornalismo Literário? O Jornalismo Literário: •Humaniza o texto •Aprofunda a reportagem •Trabalha a linguagem •Observa os detalhes •Vai além do lead
  • 19. Jornalismo Literário - Prática  1. Abertura de textos  2. Técnicas literárias
  • 20. Técnicas Literárias  1. Construção cena a cena  2. Reprodução de diálogos  3. Foco narrativo  4. Fluxo de consciência
  • 21. Exemplo de abertura: narração convencional  A nave se prepara para pousar. Da escotilha enxerga-se o solo arenoso e acidentado da Lua. É dia. O Sol brilha, intenso e dourado, como você o vê aqui da Terra, só que cercado de estrelas, num céu completamente negro. É que na Lua não existe atmosfera e, sem atmosfera, não tem os gases que, espalhando a luz solar, nos dão a ilusão de que o céu é azul. Na Lua, o firmamento é sempre escuro. A nave se aproxima ainda mais. Dá para ver, lá em baixo, jipes e robôs que zanzam pelas colinas. Homens vestindo macacões super-refrigerados e capacetes com oxigênio caminham pela planície como que em câmera lenta. É que lá a gravidade é uma lei mais fraca, mal corresponde a um sexto da gravidade que nos prende à Terra. O foguete pousa suavemente. Os passageiros se preparam para desembarcar. Colocam suas roupas com proteção térmica. Fora da cúpula protetora da primeira colônia terráquea, a temperatura atinge esturricantes 123 gruas Celsius.
  • 22. Narração cena a cena  Construção cena a cena (cena presentificada) – é o relato detalhado do acontecimento à medida que ele se desenvolve, desdobrando-o como em uma projeção cinematográfica. Mas, como a vida do personagem não transcorre somente no universo de suas ações diretas, pode-se estabelecer relações com acontecimentos paralelos, que, de alguma forma, contribuíram para o destino do biografado
  • 23. Construção cena a cena Exemplo 1: Chegam à casa ao entardecer. São um pequeno grupo de policiais. Todos uniformizados. Passeiam pela sala e olham a biblioteca. Riem com sarcasmo. Pegam o livro História da Diplomacia. "Assim que os kosovares descendentes de albaneses também querem ser diplomatas?" Mudam o tom da conversa. Gritam. "Nos dê chaves", exigem. "Pegue uma mala", ordenam. "Deixa o resto. Tens 10 minutos. Logo irás para a Albânia e nunca mais voltarás. Nem sequer poderás voltar a sonhar com Kosovo", profetizam.
  • 24. Construção cena a cena Exemplo 2: O texto de Gay Talese sobre o ex-campeão mundial Joe Louis começa descrevendo a cena do atleta chegando de viagem e termina com a cena da segunda ex-mulher de Louis, Rose Morgan, assistindo em casa,como amigos e o atual marido, a um tape de uma luta de Louis. O tom do texto é o da melancolia pelo envelhecimento do ex- campeão.
  • 25. Construção cena a cena CENA 1 “Oi, doçura!” Joe Louis chamou a esposa, localizando-a esperando por ele, no aeroporto de Los Angeles. Ela sorriu, caminhou em sua direção e estava para espichar-se sobre os pés para beijá-lo –mas parou, de repente. “Joe”, disse ela, “Cadê sua gravata?” “Ah, docinho”, disse ele, dando de ombros, “passei a noite toda fora em Nova York e não tive tempo...” A noite toda!”, interrompeu ela. “Quando você está aqui, tudo o que faz é dormir, dormir, dormir”. “Docinho”, disse Joe Louis com um sorriso cansado, “sou um véio”. “Sim”, concordou ela, “mas quando você vai para Nova York tenta ser jovem de novo”.
  • 26. Construção cena a cena CENA 2 Rose parecia entusiasmada em ver Joe no auge da forma e toda vez que um murro de Louis golpeava Conn, ela fazia “Pann!” (soco). “Pann” (soco). “Pann!” (soco). Billy Conn impressionava bem, na luta, mas, quando a tela anunciou o assalto 13, alguém disse: “É aqui que Conn vai cometer seu erro, vai querer sair na força bruta pra cima do Joe Louis”. O marido de Rose ficou quieto, saboreando seu scotch. Quando os golpes combinados de Joe começaram a encaixar, Rose começou, “Pann! Paann!”, e então o corpo pálido de Conn começou a cair no tablado. Billy Conn começou lentamente a se levantar. O juiz contava. Suspendeu uma perna, depois as duas, depois já estava de pé –mas o juiz o forçou de volta. Era tarde demais. E então, pela primeira vez, do fundo da sala, subindo, como em ondas crescentes, desde as felpudas almofadas do sofá, surge a voz do atual marido –esta droga de Joe Louis outra vez. “Acho que o Conn levantou a tempo”, disse, “mas o juiz não o deixou continuar”. Rose Morgan não disse nada –apenas tomou o resto de sua bebida.  (apud. LIMA, 2009, p.202)
  • 27. Reprodução de diálogos  2) Reprodução do diálogo das personagens – segundo Tom Wolfe, os diálogos são um dos recursos que mais envolvem o leitores.
  • 28. Reprodução de diálogos  Exemplo:  Um antigo balcão de metal – desses típicos de escritório – separa os fregueses da área onde estão Roque Mascarin, 71 anos, e Sebastião Peixe, 74 anos. O salão forma um “L” e não tem mais que 30 metros quadrados. Nas prateleiras, ao lado esquerdo e ao fundo, peças de tecidos. No centro, lado a lado, duas máquinas de costura. E outros dois balcões de madeira. São antigos, de imbuia. “Tem mais de cem anos”, diria mais tarde seu Mascarin. São usados para riscar moldes e cortar tecidos. Um velho rádio, da Motorádio, está sintonizado numa emissora AM que toca Nelson Gonçalves quando eu chego. O aparelho completa a decoração do ateliê. É como se eu abrisse uma porta para o passado. Seu Mascarin deixa a velha máquina PFAFF e vem em minha direção. - Você deve ser o repórter. “Sim, eu que liguei hoje de manhã.” - Eu só não sei o que você quer com dois velhos. Nós não temos muito para falar. Estamos no fim de carreira.
  • 29. (continuação) A carreira de Roque Mascarin tem mais de 60 anos. Aos 9, recém- chegado da roça, fez o que faziam os meninos ao concluir o grupo escolar. Era hora de procurar emprego, um ofício. Bateu na alfaiataria de Geraldo Adabo. Nessa época, por volta de1950, São Carlos tinha talvez centenas de alfaiatarias. - Eram umas 200 – puxa pela memória seu Mascarin. - 280. A voz fraca de Sebastião Peixe quebra o silêncio pela primeira vez para corrigir o colega. Foi na alfaiataria do Adabo que os dois se conheceram. Seu Peixe tinha 10 anos de idade. Os cabelos estão brancos. É um homem esguio, alto mesmo, quase um metro e noventa de altura. Mas o corpo arqueado denuncia os efeitos dos anos quando ele se levanta, para os cumprimentos. É homem frágil. - Eu que conversei com você no telefone. Eu estou muito doente. Seu Peixe caminha lentamente e com dificuldade. De volta a maquina de costura, por várias vezes interrompe o vai e vem dos pés no pedal. Para. O olhar se fixa e se perde em algum ponto. Parece querer relembrar fatos, pessoas, lugares e histórias enquanto seu Mascarin ativa na memória os tempos em que São Carlos era a capital dos alfaiates brasileiros.
  • 30. Foco narrativo  Foco narrativo (ou ponto de vista) – é a perspectiva pela qual é contada a história. Pode ser:  Narrador-observador (3ª. Pessoa) ou narrador- personagem (1ª. Pessoa).  Narrador-personagem (1ª. Pessoa)
  • 31. Foco narrativo  Narrador-observador Exemplo: “Ali pelas onze horas da manhã o velho Joaquim Prestes chegou no pesqueiro. Embora fizesse força em se mostrar amável por causa da visita convidada para a pescaria, vinha mal-humorado daquelas cinco léguas cabritando na estrada péssima. Alias o fazendeiro era de pouco riso mesmo, já endurecido pelos setenta e cinco anos que o mumificavam naquele esqueleto agudo e taciturno.” - O poço, de Mário de Andrade.
  • 32. Foco narrativo  Narrador- personagem – quando o narrador participa da história Exemplo “Vai então, empacou o jumento em que eu vinha montado; fustiguei-o, ele deu dois corcovos, depois mais três, enfim mais um, que me sacudiu fora da sela,…” “mas um almocreve, que ali estava, acudiu a tempo de lhe pegar na rédea e detê-lo, não sem esforço nem perigo. Dominado o bruto, desvencilhei-me do estribo e pus-me de pé.” - Memórias Póstuma de Brás Cubas,de Machado de Assis.
  • 33. Fluxo de consciência  Fluxo de consciência – Escrever um fluxo de consciência é como instalar uma câmera na cabeça da personagem, retratando fielmente sua imaginação, seus pensamentos. Como o pensamento, a consciência não é ordenada. Presente e passado, realidade e desejos, falas e ações se misturam na narrativa.
  • 34. Fluxo de consciência  Exemplo  Como a humanidade é louca, pensou ela ao atravessar Victoria Street. Porque só Deus sabe porque amamos tanto isto, o concebemos assim , elevando-o, construindo-o à nossa volta, derrubando-o, criando-o novamente a cada instante, mas até as próprias megeras, as mendigas mais repelentes sentadas às portas (a beberem a sua ruína) fazem o mesmo; não se podia resolver o seu caso, ela tinha a certeza, com leis parlamentares por esta simples razão: porque amam a vida.(Mrs. Dalloway, 1925, trad. port. Lisboa, Ulisseia, 1982, pp.5-6)
  • 35. EXERCÍCIO 1 - FOCO NARRATIVO  A partir do tema proposto, desenvolva um texto utilizando o foco narrativo em primeira pessoa, e depois o foco narrativo em terceira pessoa  Tema: Dois amigos que se encontram depois de muito tempo numa padaria.
  • 36. EXERCÍCIO 2 – FLUXO DE CONSCIÊNCIA  Carlos Barrios Contreras, 27 anos e o 13º mineiro chileno a ser resgatado, ficou o tempo todo da clausura sem saber que seria pai pela segunda vez. Tem um filho de cinco anos e sua mulher soube que estava grávida uma semana depois do desmoronamento da mina San José. Sua esposa, no entanto, foi orientada a não contar a novidade até que ele fosse resgatado. (extraído e adaptado do portal G1)  A partir do texto acima construa um texto utilizando o recurso do fluxo de consciência a partir do ponto de vista da mulher do mineiro.
  • 37. BIBLIOGRAFIA  JATOBÁ, JOÃO FELIPE BRANDÃO. Técnicas Literárias. Disponível em: http://migre.me/5KNuv . Acesso em 7.set.2011  LIMA, Edvaldo Pereira. Páginas Ampliadas. São Paulo, Manole, 2004  PRIOSTE, Roberto Nogueira. Os alfaiates de São carlos, Disponível em: http://migre.me/5KNkI . Acesso em 7.set.2011  SCARTON, Gilberto. Guia de Produção Textual. Disponível em Fonte: http://www.pucrs.br/gpt/index.php. Acesso em 5.ago.2011