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UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA
            FACULDADE DE COMUNICAÇÃO



                     JOÃO ARAÚJO
                    JOÃO GALDEA
                       LAIS VITA
                    MARCEL AYRES
                    MARCELO LIMA




                 PRA CÁ DE TEERÃ:
  QUESTÕES DE SUBJETIVIDADE NO CICLO AUTORAL DE
                 MARJANE SATRAPI




DISCIPLINA: COMUNICAÇÃO E CULTURA CONTEMPORÂNEA
PROFESSORA: ITANIA MARIA MOTA GOMES




                     Salvador, Bahia
                         2010.1




                                                  0
Introdução
           O presente artigo analisa a constituição das questões de subjetividade nos álbuns
de quadrinhos do ciclo autoral da novelista gráfica iraniana Marjane Satrapi, a primeira
autora de HQs de seu país a ser distribuída comercialmente. Composto por três obras:
Persépolis, publicada em quatro volumes entre 2000 e 2003; Bordados (Broderies,
2003) e Frango com Ameixas (Poulet aux prunes, 2004), elas foram lançadas pela
editora francesa L’Association. Persépolis, primeiro trabalho de Marjane, ganhou em
2001 e 2003 prêmios no Festival de Angoulême, na França. Frango com Ameixas, em
2005, também recebeu este prêmio, na categoria melhor álbum de quadrinhos do ano.
           Persépolis foi eleita em 2004 a melhor HQ da Feira do Livro de Frankfurt e com
o sucesso (só na França foram comprados mais de 400.000 exemplares1) os direitos de
publicação foram revendidos para mais de 20 países. No Brasil, o álbum foi publicado
pela Cia. das Letras entre 2004 e 2007, ano em que foi adaptado para o cinema,
vencendo o Festival de Cannes e sendo indicado ao Oscar de Melhor Animação em
2008. Na esteira do êxito do longa e da tradução, a Cia. das Letras traduziu, em 2008,
Frango com Ameixas e – em 2010 – Bordados. A distribuição recente de Bordados em
português renova o interesse no trabalho da autora, tornando este um momento propício
para as análises. É importante mencionar que Marjane também publicou obras infantis,
por outras editoras, não incluídas no corpus por não pertencerem ao seu ciclo autoral.
           As obras aqui analisadas adquiriram notoriedade – perceptível pelas premiações
e tiragens. Consideramos, porém, que o sucesso de Satrapi na França não pode ser
entendido isoladamente. Para compreendê-lo, é necessário situar a autora no contexto
do desenvolvimento do mercado de quadrinhos francês. Até os anos sessenta marcado
pelo pouco prestígio entre os críticos culturais do país, o campo dos quadrinhos não
levava em conta noções como a de autoria (a maioria dos trabalhos nem trazia os
créditos de produção). A partir daí, as bandas desenhadas começaram a estruturar um
mercado cada vez mais forte e ainda nos anos 70 a crítica cultural passa a tratar os
quadrinhos como objetos de interesse (ANDRADE, MARIA, NEVES, REIS, 1990). Hoje,
os álbuns franceses são consumidos por todas as camadas sociais e geracionais do país,
chegando a tiragens de três milhões de exemplares e ao lançamento anual de mais de
três mil títulos, muitos em acabamento de luxo2, priorizando produções autorais.



1
    http://www.companhiadasletras.com.br/detalhe.php?codigo=12593, acessado a 13/06/2010
2
     http://omelete.com.br/quadrinhos/industria-de-quadrinhos-francesa-bate-recordes/, acessado a 13/06/10

                                                                                                         1
O interesse francês pela obra de Marjane também se justifica pela força que o
pensamento orientalista teve na França, mas embora defendamos que ela tenha uma
visão em muitos aspectos ocidentalizada, justificada em parte pela vivência que teve no
Ocidente, não negamos a importância da experiência de desenvolvimento cultural,
pessoal, político, religioso, ético e estético que Marjane teve no Irã. Acreditamos que tal
vivência a ajude a se diferenciar do escopo de autores orientalistas tão trabalhados por
Said (1996). Isso porque, parafraseando a introdução de Cultura e Imperialismo (SAID,
1999, p. 23), “Não creio que os escritores sejam mecanicamente determinados pela
ideologia, pela classe ou pela história econômica, mas acho que estão profundamente
ligados à história de suas sociedades, moldando e moldados por essa história”.
       Resumo dos enredos
       Persépolis trata da história de vida e do desenvolvimento pessoal de Marjane
Satrapi. A narrativa faz uso de descrições das conjunturas dos meios familiar e social da
protagonista em vários momentos históricos para revelar ao leitor os modos como
situações externas a afetaram e acabaram por construí-la, formando a sua personalidade.
Nascida no Irã e criada por uma família liberal, a personagem relata como a mudança
para um país europeu mudou a forma como julgava a si mesma e à situação política e
cultural do seu país, e – por outro lado – como a volta para o Irã a desterritorializou.
       .Frango com Ameixas nos conta de Nasser Ali, tio-avô da autora, que decide
morrer após sua esposa quebrar seu tar (instrumento musical persa) durante uma briga.
O objeto tem valor inestimável para ele, famoso em seu país pelo virtuosismo artístico.
A busca malsucedida pelo novo tar o leva a conflitos com a família e amigos. Apesar de
narrar os últimos dias do protagonista, entrecortados por lembranças, diálogos, desejos e
arrependimentos, a história é apresentada com traços de humor e ironia.
       Bordados, no Irã, é um termo tanto relacionado com a gíria brasileira “tricotar”
como trocar fofocas, como à cirurgia de reconstituição do hímen, procedimento adotado
por várias iranianas por pressão para casar virgens. O quadrinho narra uma tarde de
conversas entre um grupo de mulheres que se encontram depois do almoço para tomar o
samovar – chá típico – e compartilhar experiências, em grande parte sobre homens.
       Questões de Subjetividade
       Aqui, entendemos que “o indivíduo é uma construção, e não um dado inerente
ao humano” (LOPES, 2002, p. 89), ou, dito de outro modo, “a identidade é uma
construção que se narra” (CANCLINI, 2005, p. 163). Isto não equivale a afirmar que as
identidades sejam mentiras, e se na vida cotidiana o “eu” só chega a outrem através de

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representações que fazemos de nós mesmos (GOFFMAN, 1995), nos produtos culturais
é ainda mais evidente que as identidades só nos chegam através de representações.
       Consideramos a noção de autor empírico (BUESCU, s/d) como sujeito portador
de uma identidade biográfica e psicológica reconhecível extratextualmente, mas sem
deixar de considerar que somente a narrativa nos informa sobre aquilo que relata
(GENETTE, s/d, p. 26). Não pensamos, portanto, as histórias das HQs como reais.
Trata-se de verossimilhança. Em termos metodológicos, isso implica, para nós (SAID,
1996, p. 31-32) que “o que se deve procurar são os estilos, figuras de linguagem, os
cenários, mecanismos narrativos, as circunstâncias históricas e sociais, e não a correção
da representação, nem a sua fidelidade a um grande original” (grifo do autor). Isso não
significa dizer que desconsideramos os posicionamentos de Marjane enquanto autora,
mas que esses foram avaliados a partir de marcas de autoria (composição, traço,
narrativa, construção de personagens) e não pelas ações da Marjane personagem, ou ao
menos não como se estas indicassem uma verdade fiel à vida da autora.
       Hall (1997, p. 17-19) discorre acerca de dois sistemas de representação, um
deles relativo à apreensão do mundo em conceitos, que leva à criação de mapas de
significado e o segundo, ao qual as próprias histórias em quadrinhos pertencem,
compreende a representação como concebida em sua dimensão significante, isto é como
um sistema sígnico. Consideramos, seguindo Foucault, que esses sistemas estão sempre
ligados a regimes foucaultianos de verdade (RABINOW, 1999) e pertencem a
formações discursivas de emergência histórica.
       Óbvio que seja, as concepções de subjetividade com as quais dialogamos
rejeitam noções de indivíduos atomizados com identidades imutáveis. Entendemos os
sujeitos como fragmentários e suas identidades como transversais – gênero, classe,
geração, etnia, religiosidade, posição política, etc. se amalgamando como numa
“alquimia” (CASTRO, s/d, p. 8) multiforme, contraditória e polifônica. Condições
nunca idiossincráticas, mas sempre coletivas e relacionais, são consideradas como
constituintes das subjetividades, na medida em que interpelam os sujeitos como se lhe
falassem e que a própria identidade é ela mesma construída de modo relacional, o “eu”
definindo-se sempre em oposição a um “outro” que não sou (SILVA, 2000).
        Este artigo não analisa apenas os modos como Marjane representa a si própria,
mas também aos outros personagens. Contudo, uma das razões para a escolha das HQs
do ciclo autoral da novelista gráfica como corpus deste exame é o aparecimento nas


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obras em questão – não verificado nos seus trabalhos infantis como um todo – dela
como personagem. Todas as HQs analisadas possuem caráter biográfico, apresentando
                          Primeiro, os “aspectos sociológicos do ser humano” – as relações com
                          outras pessoas, o padrão da vida cotidiana e a relação com o mundo
                          em que vive. Segundo, a psicologia: a natureza do desenvolvimento e
                          a estrutura da personalidade. Terceiro, a história: o encontro com o
                          mundo, o “objeto-mundo” compreendido ou incompreendido. Quarto,
                          a evolução dos três âmbitos anteriores (VILAS BOAS, 2002, p. 40).

        Apesar de tradicionalmente serem classificados como gêneros literários,
compreendemos que biografias e autobiografias são gêneros híbridos que reúnem
elementos próprios de campos diferentes como literatura, história e do jornalismo,
sendo híbridas por natureza (VILAS BOAS, 2002, p.15).
        Tomando Persépolis, podemos considerá-la uma autobiografia, definida por
Lejeune (2008, p. 14) como “narrativa retrospectiva em prosa3 que uma pessoa real faz
de sua própria existência, quando focaliza sua história individual”, embora a história
social ou política possam também ocupar espaço (p. 15). O que define uma
autobiografia é que a necessária identidade entre autor, narrador e protagonista – mesmo
que assumam diferentes nomes. Isto pode ser verificado no uso da primeira pessoa
(realizado por Marjane nas três obras). Segundo os autores Correia e Silva (s/d, p. 7),
“Persépolis também pode ser considerado um romance gráfico de aprendizagem,
embora com diferentes níveis de conhecimento. Familiar, sim; político, também”.
        Embora Frango com Ameixas e Bordados não sejam romances gráficos de
formação, fica claro o caráter autobiográfico que assumem em alguns momentos. Em
Frango com Ameixas isso ocorre de modo peculiar, uma vez que a narração permanece
com as marcas características de onisciência e terceira pessoa até certo ponto da trama,
quando abruptamente assume a primeira pessoa e revela ser a autora. Percebemos aqui o
que Groensteen (1999, p. 136) chama de redundância icônica, repetição de ícones
idênticos ao longo da narrativa (nesse caso, das narrativas). A aparição repetida de
Marjane servindo para identificá-la enquanto mediadora da narração.
        Análise
        O orientalismo é “um modo de escrita, visão e estudo regularizado (ou
orientalizado), dominado por imperativos, perspectivas e preconceitos ideológicos,
ostensivamente adequados ao Oriente” (SAID, 1996, p. 209). “O oriente que aparece no
orientalismo, portanto, é um sistema de representações enquadrado por todo um

3
  Atualizando o autor, por estarmos trabalhando com quadrinhos, entendemos aqui narrativa em prosa
como quaisquer obras que recorram a uma narração.

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conjunto de forças que introduziram o Oriente na cultura ocidental” (idem). Seria
errôneo, porém, pensar o orientalismo como dogmático e normativo. Ao contrário, “o
orientalismo é melhor entendido como um conjunto de coações e limitações ao
pensamento que como simplesmente uma doutrina positiva” (p. 52). Por analogia, o
conceito pode ser associado àquele de determinação apresentado por Williams (1979, p.
87 a 92) como limites e pressões (p. 91) sobre aqueles que escrevem sobre o Oriente.
           Analiticamente, são essenciais os dispositivos metodológicos apresentados por
Said (1996, p. 31) de localização estratégica como posição em que se coloca o autor em
relação ao material sobre o qual escreve e formação estratégica como relação entre um
grupo de textos e o modo como ganham densidade e poder referencial.
           A respeito da localização estratégica em que se coloca Marjane, uma fala sua
em Persépolis é exemplar: “Minha calamidade se resumia numa frase: eu não era nada.
Era uma ocidental no Irã, uma iraniana no Ocidente, não tinha identidade alguma. Não
via nem mesmo porque estava viva” (2007, p. 274). Aqui, Marjane esclarece seu
deslocamento identitário e torna patente a sensação angustiante em que se encontrava.
Essa posição e a tensão entre a cultura iraniana e ocidental atravessam todas as obras.
           O estilo adotado pelos trabalhos pertence ao que se entende como tradição
franco-belga de quadrinhos: quadros retangulares (a exceção a isso é Bordados, onde os
limites dos quadros não são evidenciados, embora sejam percebidos), imagens que
respeitam as bordas, narrativas lineares4 etc. Este dado, que diz respeito à formação
estratégica composta pelas obras, nos diz da localização estratégica da autora, uma vez
que Marjane assume assim uma ocidentalidade no próprio modo de compor, embora
não se negue iraniana, por exemplo, no que diz respeito à escolha de referências à
iconografia persa. Mais uma vez, fica claro o tensionamento das posições da autora.
           Aproximação aos personagens, humor e ironia conotam uma posição estratégica
declaradamente parcial em relação aos episódios que relata nos livros. Livros que se
diferenciam entre si quanto ao grau de contundência com que abordam as questões que
lhes são pertinentes. Bordados é marcado por uma simplicidade – o que não significa
que não trate de questões sérias ou importantes – enquanto um pesar toma conta de
Frango com Ameixas e em Persépolis a densidade, tensão e angústia chegam a limites.
Apesar disso, mesmo nas duas últimas há espaço para o humor, e situações extremas
(como cenas de tortura) são atenuadas pela iconicidade dos traços.


4
    O recurso a fatos do “passado da narrativa” não interrompe a linearidade do discurso narrativo.

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Outra questão a se reparar é o modo como as obras representam aquilo que foi
chamado por Hall (2008) de tradição e tradução. Tradição entendida no sentido de
Williams como “uma força ativamente modeladora, (...) sempre mais do que um
seguimento inerte e historicizado” (1979, p. 118) e tradução como incorporação pelos
sujeitos de elementos de culturas diferentes daquelas nas quais foram criados, mas não
só, como também modos que os sujeitos adquirem, quando imersos em outras culturas,
de viver as próprias tradições da sua cultura de origem – mantendo a analogia com
Williams (1979), poderíamos entender a tradução como o agregar, por comunidades
migratórias de certos grupos étnicos, elementos culturais emergentes (de aparição
relativamente recente) ou mesmo o surgir de estruturas de sentimento (sensibilidades
coletivas não cristalizadas em formas sociais) no seio dessas comunidades migratórias.
       Os costumes cotidianos são os preferidos por Satrapi ao lidar com questões de
tradição. O tar, em Frango com Ameixas; o samovar, em Bordados; o véu, em
Persépolis. Esses elementos são compreendidos pela autora de modo plural: enquanto
emostra carinho pelo hábito de tomar samovar (chega a nos explicar que não se trata de
uma infusão, mas de um chá cozido) e compara a qualidade de um tar com
correspondentes ocidentais (violino stradivarius), ela se sente reprimida pelo véu,
apresentando essa coerção de formas múltiplas – de discursos articulados ao sarcasmo
da imagem de crianças brincando com véus, sem entender a razão de usá-los.
       As traduções apresentadas pela autora são também diversas, a mais patente delas
sendo a representação icônica de uma espécie de Disneylândia com motivos persas em
Persépolis. Uma coleção de exemplos pode ser tirada das relações das personagens de
Bordados com o Ocidente, como a da vizinha Azzi, que se via como dançarina da MTV.
       O importante a se notar é que para Marjane, os elementos de tradução são
incorporados aos poucos. Isto fica claro em Persépolis, quando a personagem primeiro
apenas finge que se droga para se dar bem com seu grupo de amigos e mais tarde se
torna uma quase viciada. O modo como ela enxerga a tradução é sofisticado, em
consonância com as descrições de Williams. Por exemplo, quando criança, em
Persépolis, a protagonista se pensa como uma profeta e conversa com Deus, apresentado
iconicamente, e não como uma voz etérea, usualmente associada à divindade.
       Em Frango com Ameixas, algo semelhante ocorre quando Nasser conversa com
Azrael, curiosamente anjo da morte nas tradições judeu-cristã e islâmica. Outro aspecto
revelador do modo com Marjane encara a religião, em Frango com Ameixas, é a fala de
Nasser, na página 13, que diz “Caro amigo, a vida passa. Com Deus ou sem ele”. Aqui,

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é importante mencionar que ao contrário de Marjane, ele não tem na obra contato com o
Ocidente, o que contrapõe a visão orientalista do mulçumano como fanático religioso. O
próprio misticismo, aliás, elemento comumente associado ao Oriente exótico, é tratado
nas obras de modo semelhante aos misticismos ocidentais: Em Persépolis, há uma
comunidade de místicos anarquistas que muito lembra uma aldeia hippie. Hippies, aliás,
também parecem os místicos de Frango com Ameixas. Em Bordados, uma praticante de
“magia branca” aparece em uma das subtramas, associada aos charlatanismos das
representações ocidentais (falsa adivinhação, simpatias, figurino berrante etc.).
       As concepções de família apresentadas por Marjane são construídas de maneiras
variadas. Em Persépolis, verifica-se entre a figura de Marjane e a de outros membros de
sua família nuclear o que Groensteen chama de solidariedade icônica (1999, p. 21-24), a
repetição de elementos imagéticos em ícones diferentes, a exemplo de personagens
diversos com semelhantes formas do rosto, indumentárias e marcas corporais (cabelo,
postura etc.). É importante notar que a relação de Marjane com seus pais, avó e poucos
tios é retratada com idílio; a ancestralidade sendo valorizada – a exemplo do falecido
avô, um príncipe no governo anterior ao do Xá, que teve bens confiscados depois da
ascensão daquele ao poder. Aqui se verifica um forte vínculo familiar, sendo a família
da personagem um elemento libertador dentro de uma cultura opressora, valorizados o
respeito aos mais velhos e o heroísmo de certos membros, como o tio revolucionário.
       Em Frango com Ameixas, onde curiosamente não se verifica a mesma
solidariedade icônica, a família do tio-avô de Marjane é apresentada como sem
estruturas sólidas. A família é co-responsável pela ruína do protagonista. Aqui, percebe-
se que a concepção de família é construída em contraposição a tensão com aquela de
Persépolis. Em Bordados, a concepção de família já é menos nuclear e mais alargada,
contemplando vizinhos mais próximos e amigos.
       Quanto às famílias ocidentais, Marjane as representa em Persépolis de dois
modos definidos: um, modelo tradicional, permite embate entre pessoas de diferentes
gerações, caracterizado pela colega de classe de Marjane, Julie, e sua mãe, a quem Julie
não respeita. A narradora crê inconcebível essa falta de respeito pelos mais velhos, o
que considera um valor fundamental. O outro, um modelo alternativo, é apresentado na
comunidade anarquista da qual fazem parte amigos do primeiro namorado de Marjane.
       Há tensão também nos modos de representar indivíduos de diferentes gerações:
as posições políticas compreendidas como “de resistência”, ligadas a manifestações de
agenciamento – “capacidade mediada socioculturalmente de agir de modo propositado

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(e, por vezes, criativo) diante de imposições coercivas e estados de dominação,
impedindo, fornecendo ou catalisando mudanças em normas, sanções e hierarquias
sociais e culturais” (FREIRE FILHO, 2007, p. 13) – são, nos personagens mais velhos,
assumidas através de uma sintonia com o comunismo e nos mais jovens apresentam
formas mais variadas, desde a adesão a um visual punk à formação de comunidades
alternativas e grupos de universitários. Em ambos os casos, a resistência é representada
por vezes como prioritariamente simbólica, o que é ironizado por Marjane, ou fruto de
um ativismo político engajado tradicional, valorizado pela autora. Exemplos:
       a) Esquerdistas mais velhos que apresentam resistência meramente simbólica:
Huchang, em Bordados, mulherengo que foge para a Europa quando o Xá retoma o
poder em 1953 e trai a esposa e Abdi, em Frango com Ameixas, irmão comunista de
Nasser cuja família teve que dilapidar a fortuna para que ele pudesse “brincar de herói”.
       b) Esquerdistas mais velhos que apresentam um ativismo político realmente
engajado: os amigos do pai de Marjane que foram presos e torturados e Anuch, tio herói
da protagonista em Persépolis que ajudou a proclamar uma republica na província
iraniana do Azerbaijão ainda no regime do Xá.
       c) Esquerdistas jovens que apresentam resistência meramente simbólica: os
amigos punks da Áustria – para quem tudo o que importa é ler, esquiar ou fazer sexo – e
o grupo anarquista que não faz muito mais do que brincar de esconde-esconde que ela
conhece Enrique, ambos os exemplos tirados de Persépolis.
       d) Esquerdistas jovens com um ativismo político engajado: amigos estudantes
politizados que faz ainda na Áustria e que freqüentam passeatas.
       As representações do modo como os posicionamentos políticos são defendidos
pelos personagens são mais plurais em Persépolis do que nas outras obras. Acreditamos
que a centralidade da guerra (Revolução Iraniana, Guerra Irã-Iraque) na narrativa desse
livro e o seu caráter de formação são de salutar relevância para isso. Verifica-se que,
apesar da pluralidade das representações de personagens politicamente ativos, a autora
valoriza mais as concepções tradicionais de ativismo político (como a organização de
passeatas), do que formas mais contemporâneas, embora estas apareçam na narrativa.
       A apresentação de sequências de quadros retratando aspectos do consumo
cultural é recorrente nas três obras. Em geral, nestas cenas mais do que mercadorias se
mostra o consumo de bens simbólicos, em sintonia com o modo como Canclini (1997)
compreende o ato de consumir. Isso é perceptível uma vez que as situações onde o
consumo entra como destaque são indicativas da tensão entre o Irã e o Ocidente,

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especialmente em Persépolis e Bordados. No primeiro, são comuns imagens de Marjane
jovem usando ao mesmo tempo véu e maquiagem, havendo mesmo quadros em que é
desenhada com um broche do Michael Jackson, jaqueta jeans e tênis Nike. Peripécias
relacionadas a contrabandear pôsteres do Iron Maiden e da Kim Wilde da Turquia para
o Irã também têm vez na narrativa. Em Bordados, outras formas de consumo cultural
(aulas de dança, cirurgias plásticas etc.) ganham relevo. Já em Frango com Ameixas, os
filmes de Sophia Loren são temas de conversa entre Nasser e o irmão.
       Acerca de Frango com Ameixas, é preciso mencionar, entretanto, que o
consumo de elementos próprios da cultura persa – em geral de fácil correspondência
com elementos culturais ocidentais –, como o ópio, o tar e pratos saborosos, são
destacados. Merece particular atenção o ópio, que em um momento da narrativa Nasser
chega a misturar ao leite do filho para diminuir sua agitação durante uma viagem e em
Bordados a avó de Marjane mistura um pouco ao seu samovar para melhorar seu humor
de manhã cedo. A naturalidade com que se consome o ópio nessas duas obras só é
contraposta em Persépolis pelo uso recreativo, mais associado ao prazer, que se faz de
maconha no Ocidente. Destaca-se, porém, que nos dois contextos o consumo de drogas
não é marcado enquanto “combate contra si mesmo como ascese, abstinência e auto-
vigilância” (CARNEIRO, 2008, p. 66) e, ao contrário, positivado.
       Falta-nos abordar as questões de gênero5 imbricadas nas obras. Vale mencionar
que esta análise tem por base uma teoria performativa do gênero, o que significa dizer
que nos filiamos à noção de que ele só é constituído através da evocação reiterativa de
normas que materializam o próprio sexo biológico (BUTLER, 2001). Em Persépolis,
percebemos tanto a apropriação de certas normas de gênero por parte da protagonista,
mesmo quando não evocadas por outras personagens: sonho de encontrar um amor
romântico, preocupação com a aparência conotada no uso de maquiagem, recato com
relação ao sexo etc. e o questionamento de outras normas: a noção de que só homens
podem ser profetas, o uso do véu, o silêncio sobre o desejo feminino no Irã – ela faz
isso através de uma lógica de inversão: não negando que as mulheres não provoquem
desejo nos homens, mas argumentando que os homens também lhe provocam desejo.
Ela até mesmo questiona, com humor, as próprias críticas feministas a normas cujo
efeito material, caso fossem mudadas, seria fraco ou nulo, como o ato de urinar sentada.



5
  A partir daqui, lido como “identidade de gênero”, e não no que diz respeito a estratégias de
comunicabilidade dos produtos culturais.

                                                                                            9
Em Bordados, as normas que cada personagem evoca ou rejeita são numerosas,
sempre ligadas a questões de classe, geração, etnia etc. De forma mais ampla, o que
podem ser notadas é uma ideia de solidariedade de gênero: as mulheres se entendem e
se aconselham, embora haja discordância de posições; e uma tensão entre submissão e
empoderamento nas esferas pública e privada. Acreditamos que, a despeito das
clivagens entre as personagens, a solidariedade entre elas é o ponto de maior relevância
na obra. Frango com Ameixas, cujo protagonista pertence ao sexo masculino, apresenta
concepções de gênero mais hegemônicas: os arquétipos normativos da musa, da mulher
amada inatingível e da esposa-bruxa são evidenciados. Nas três publicações, a questão
de classe marca fortemente o gênero: em Persépolis, Mehri, empregada da casa de
Marjane, é impedida por sua condição social de casar com o vizinho a quem ama; em
Frango com Ameixas, Nasser não pode casar com o grande amor porque o futuro sogro
rejeita-o devido a ser músico, profissão via de regra pouco lucrativa, e em Bordados sua
tia Parvin enriquece ao enviuvar de um velho de quem fugiu na noite de núpcias.
       Conclusão
       A nossa pretensão não foi fazer uma enciclopédia de identidades representadas
no ciclo autoral de Marjane Satrapi. Se o fôssemos, diversas outras questões deveriam
ser postas em relevo (homossexualidade, desenvolvimento corporal, posicionamento
intelectual etc.). O que se deseja é apontar caminhos para prolongamentos analíticos.
Dito isso, compreendemos que de forma geral o modo como Marjane apreende as
questões de subjetividade nesses álbuns é caracterizado por tensionamentos, assunção
de posições por parte da autora – ela apresenta, por exemplo, juízos de valor acerca dos
grupos demagogos de identidade política contra-hegemônica e subversões em relação às
representações tradicionais: ela usa o termo Ocidente para se referir a algo monolítico
no curso de todas as edições, mas nunca usa Oriente, sempre especificando quando fala
do Irã, do Iraque, da Pérsia, da Arábia etc. Além disso, Marjane aponta falhas na
personagem que identifica como ela mesma, como quando mente sobre sua
nacionalidade iraniana, da qual depois afirma ter orgulho, ou quando aponta um homem
como tarado na rua sem este lhe ter feito nada, por medo dos guardiões da revolução a
perceberem de batom.
       Por fim, vale dizer que também notamos uma pluralidade de representações das
categorias contra-hegemônicas às quais pertence (grupos políticos minoritários, gênero,
etnia) e representações menos matizadas, embora não hegemônicas, das categorias nas
quais ocupa posições privilegiadas: classe, orientação sexual etc.

                                                                                     10
Referências Bibliográficas

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cultura de massa e a de elites? In: Sociologia - Problemas e Práticas, Nº8, pp.129-137.
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Lisboa, s/d. Disponível em: http://www2.fcsh.unl.pt/edtl/verbetes/A/autor.htm.
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novembro de 2008.


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global nos romances gráficos Maus e Persepolis. In: VI Congresso Nacional Associação
Portuguesa de Literatura Comparada / X Colóquio de Outono Comemorativo das
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http://ceh.ilch.uminho.pt/pub_isabel_peixoto_sandra_silva.pdf. Acessado em 10 de abril
de 2010.


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micropolíticas do cotidiano. Rio de Janeiro: Ed. Mauad X, 2007. Introdução
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                                                                                    11
GENETTE, Gerard. Discurso da Narrativa. Lisboa: Ed. Vega, s/d.


GOFFMAN, Erving. A representação do eu na vida cotidiana. Petropolis: Vozes,
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LEJEUNE, P. O pacto autobiográfico: de Rousseau à Internet. Belo Horizonte:
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                                                                               12
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VILAS BOAS, Sergio. Biografias & Biógrafos: jornalismo sobre personagens. São
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WILLIAMS, Raymond. Marxismo e Literatura. Rio de Janeiro: Jorge Zahar,
[1971]1979.




                                                                                13
MEMORIAL – Artigo da disciplina
                  Comunicação e Culturas Contemporâneas 2010.1


Equipe: João Araújo, João Gabriel Galdea, Laís Vita, Marcel Ayres, Marlo Lima.
Artigo: Pra cá de Teerã: questões de subjetividade no ciclo autoral de Marjane Satrapi


Encontro do dia 12/05 (Presentes: Todos)
      O grupo elaborou um cronograma interno com datas de reunião e metas de trabalho e
       foi feita uma discussão preliminar sobre os possíveis pontos a serem abordados na
       análise. Todos os membros já haviam lido pelo menos uma obra da autora para esta
       reunião.
      Ao longo da conversa, foi notado que a despeito de dúvidas individuais, o maior
       desconhecimento coletivo era, de um lado, relacionado às identidades em jogo no Irã,
       sobretudo ao que pensam feministas do país. Aqui, foi reconhecido também o
       desconhecimento a respeito da relação Oriente/Ocidente, bem como sobre qual é a
       situação do Irã nessa conjunção relacional. De outro lado, os alunos estavam também
       cercados de dúvidas acerca do contexto de publicação das obras na França. E não só,
       mas também sua repercussão nos outros países em que foram publicadas, incluindo no
       Brasil; o modo como a própria autora encarava sua obra e seu público; a conjuntura
       social da Áustria quando Marjane morou lá; a reação das críticas francesa e brasileira
       de quadrinhos a cada uma das obras e à própria história política do Irã.
      Decidiu-se, para próxima reunião, que todos teriam de ter lido as obras de Satrapi para
       discussão mais acurada.


Encontro do dia 26/05 (Presentes: Todos)
      A reunião foi iniciada com uma discussão sobre as obras da autora e listagem de
       impressões obtidas durante a leitura dos livros;
      Terminado o debate sobre a obra, partiu-se para uma conversa sobre metodologia de
       trabalho e divisão de tarefas;
      O grupo foi dividido da seguinte forma para pesquisa: 1) Linguagem de quadrinhos,
       gênero autobiográfico e narrativa: Marcelo Lima; 2) Feminismo e islamismo: Lais Vita;
       3) Oriente/Ocidente, questões geracionais, religiosas e políticas: Marcel Ayres e João
       Edurado; 4) Dados histórico-geográfico-políticas acerca do Irá: João Galdea.
      Seguem pontos considerados essenciais para pesquisar:


                                                                                           14
Questões (internas à obra) relativas a:
1. História do Irã, sobretudo a Revolução Iraniana;
2. Grupos não-islâmicos opostos ao regime do Xá, como os comunistas: sua história, se
sequer se ouve falar deles etc.;
3. Manifestações pró e contra a obrigatoriedade do uso do véu nesse contexto;
4. Questões relacionadas aos mártires. Sua importância na história política do Irã,
inclusive;
5. O contexto político e social da Áustria nos anos 80


Questões (externas à obra) relativas a:
1. Contexto de publicação: Todos os dados possíveis sobre as edições originais na
França e as ao redor do mundo, sobretudo as edições brasileiras (nome da obra em
português, nome original, ano de publicação original, ano de publicação no Brasil,
editora original e editoras pelas quais foi traduzida mundo afora, línguas para as quais
foi traduzida [no caso brasileiro, tradutor, com um pouco de história de vida dele],
tiragens da primeira impressão de cada uma delas na França e no Brasil, dados de venda
na França e no Brasil, recepção das críticas francesa e brasileira, prêmios mundo afora,
preço de cada uma delas no Brasil no site da editora);
2. História de vida dela: inclusive o que ela faz hoje; coletar (se houver) dados sobre as
negociações com as editoras, entrevistas dela, sobretudo se houver alguma em que ela
descreva como concebe seu público.


Encontro do dia 09/06 (Presentes: Todos)
      A equipe voltou a se reunir na quarta-feira, 09 de junho, para discutir a realização do
       trabalho. Neste encontro, o grupo abordou diversos pontos da análise das obras e
       propôs direcionamentos.
      Foi redigido um esboço da introdução do artigo a partir das leituras prévias e grifos
       trazidos pelos membros da equipe, conforme combinado via correio eletrônico.
      A equipe chegou a um consenso sobre os autores e textos que deveriam ter maior
       destaque na construção da base teórica e no processo de análise dos objetos
       pesquisados.
      Por fim, ficou decidido que três dos cinco membros teriam a incumbência da defesa
       oral do trabalho.

                                                                                           15
Encontro do dia 13/06 (Presentes: Todos)
      A equipe se reuniu presencialmente para discutir e concluir o referencial teórico do
       trabalho.
      Com o referencial pronto, iniciou-se o processo de elaboração da análise. Os membros
       do grupo elencaram diversos pontos em cada uma das obras analisadas e discutiram a
       pertinência das observações em relação aos conceitos apresentados no referencial.
       Neste dia, foi elaborado um esboço dos slides que seriam apresentados em sala de
       aula.


Encontro do dia 16/06 (Presentes: Todos)
      Neste dia os membros da equipe se reuniram presencialmente durante mais de oito
       horas para finalizar o artigo e preparar o material da apresentação;
      Todos compararam as leituras realizadas individualmente sobre os temas pertinentes à
       análise e levantaram as questões a serem trabalhadas;
      De começo, os alunos partiram do referencial teórico que já havia sido construído e
       escreveram sobre os pontos levantados para análise sem se preocupar com o tamanho
       do texto e formatação recomendada para entrega do artigo;
      Em seguida, o texto foi editado e revisado e se passou à montagem de slides para
       apresentação;
      Após finalização do artigo e dos slides de apresentação, os alunos responsáveis pela
       defesa do artigo conversaram entre si, decidindo-se por uma apresentação sem
       divisões de fala, num formato de conversa e debate.
      Todos os integrantes estiveram presentes.


Encontro do dia 30/06 (Presentes: Todos)
      Neste encontro, dia anterior à entrega do artigo, os alunos se reuniram virtualmente
       para alterações propostas pela professora Itania Gomes durante apresentação do
       trabalho;
      Este último ponto do memorial foi escrito e unido aos textos já compostos
       anteriormente, a cada fim de reunião;
      O artigo recebeu última impressão e, assim, finalizou-se os trabalhos da equipe.


                                                                                           16

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Questões de subjetividade na obra de Marjane Satrapi

  • 1. UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA FACULDADE DE COMUNICAÇÃO JOÃO ARAÚJO JOÃO GALDEA LAIS VITA MARCEL AYRES MARCELO LIMA PRA CÁ DE TEERÃ: QUESTÕES DE SUBJETIVIDADE NO CICLO AUTORAL DE MARJANE SATRAPI DISCIPLINA: COMUNICAÇÃO E CULTURA CONTEMPORÂNEA PROFESSORA: ITANIA MARIA MOTA GOMES Salvador, Bahia 2010.1 0
  • 2. Introdução O presente artigo analisa a constituição das questões de subjetividade nos álbuns de quadrinhos do ciclo autoral da novelista gráfica iraniana Marjane Satrapi, a primeira autora de HQs de seu país a ser distribuída comercialmente. Composto por três obras: Persépolis, publicada em quatro volumes entre 2000 e 2003; Bordados (Broderies, 2003) e Frango com Ameixas (Poulet aux prunes, 2004), elas foram lançadas pela editora francesa L’Association. Persépolis, primeiro trabalho de Marjane, ganhou em 2001 e 2003 prêmios no Festival de Angoulême, na França. Frango com Ameixas, em 2005, também recebeu este prêmio, na categoria melhor álbum de quadrinhos do ano. Persépolis foi eleita em 2004 a melhor HQ da Feira do Livro de Frankfurt e com o sucesso (só na França foram comprados mais de 400.000 exemplares1) os direitos de publicação foram revendidos para mais de 20 países. No Brasil, o álbum foi publicado pela Cia. das Letras entre 2004 e 2007, ano em que foi adaptado para o cinema, vencendo o Festival de Cannes e sendo indicado ao Oscar de Melhor Animação em 2008. Na esteira do êxito do longa e da tradução, a Cia. das Letras traduziu, em 2008, Frango com Ameixas e – em 2010 – Bordados. A distribuição recente de Bordados em português renova o interesse no trabalho da autora, tornando este um momento propício para as análises. É importante mencionar que Marjane também publicou obras infantis, por outras editoras, não incluídas no corpus por não pertencerem ao seu ciclo autoral. As obras aqui analisadas adquiriram notoriedade – perceptível pelas premiações e tiragens. Consideramos, porém, que o sucesso de Satrapi na França não pode ser entendido isoladamente. Para compreendê-lo, é necessário situar a autora no contexto do desenvolvimento do mercado de quadrinhos francês. Até os anos sessenta marcado pelo pouco prestígio entre os críticos culturais do país, o campo dos quadrinhos não levava em conta noções como a de autoria (a maioria dos trabalhos nem trazia os créditos de produção). A partir daí, as bandas desenhadas começaram a estruturar um mercado cada vez mais forte e ainda nos anos 70 a crítica cultural passa a tratar os quadrinhos como objetos de interesse (ANDRADE, MARIA, NEVES, REIS, 1990). Hoje, os álbuns franceses são consumidos por todas as camadas sociais e geracionais do país, chegando a tiragens de três milhões de exemplares e ao lançamento anual de mais de três mil títulos, muitos em acabamento de luxo2, priorizando produções autorais. 1 http://www.companhiadasletras.com.br/detalhe.php?codigo=12593, acessado a 13/06/2010 2 http://omelete.com.br/quadrinhos/industria-de-quadrinhos-francesa-bate-recordes/, acessado a 13/06/10 1
  • 3. O interesse francês pela obra de Marjane também se justifica pela força que o pensamento orientalista teve na França, mas embora defendamos que ela tenha uma visão em muitos aspectos ocidentalizada, justificada em parte pela vivência que teve no Ocidente, não negamos a importância da experiência de desenvolvimento cultural, pessoal, político, religioso, ético e estético que Marjane teve no Irã. Acreditamos que tal vivência a ajude a se diferenciar do escopo de autores orientalistas tão trabalhados por Said (1996). Isso porque, parafraseando a introdução de Cultura e Imperialismo (SAID, 1999, p. 23), “Não creio que os escritores sejam mecanicamente determinados pela ideologia, pela classe ou pela história econômica, mas acho que estão profundamente ligados à história de suas sociedades, moldando e moldados por essa história”. Resumo dos enredos Persépolis trata da história de vida e do desenvolvimento pessoal de Marjane Satrapi. A narrativa faz uso de descrições das conjunturas dos meios familiar e social da protagonista em vários momentos históricos para revelar ao leitor os modos como situações externas a afetaram e acabaram por construí-la, formando a sua personalidade. Nascida no Irã e criada por uma família liberal, a personagem relata como a mudança para um país europeu mudou a forma como julgava a si mesma e à situação política e cultural do seu país, e – por outro lado – como a volta para o Irã a desterritorializou. .Frango com Ameixas nos conta de Nasser Ali, tio-avô da autora, que decide morrer após sua esposa quebrar seu tar (instrumento musical persa) durante uma briga. O objeto tem valor inestimável para ele, famoso em seu país pelo virtuosismo artístico. A busca malsucedida pelo novo tar o leva a conflitos com a família e amigos. Apesar de narrar os últimos dias do protagonista, entrecortados por lembranças, diálogos, desejos e arrependimentos, a história é apresentada com traços de humor e ironia. Bordados, no Irã, é um termo tanto relacionado com a gíria brasileira “tricotar” como trocar fofocas, como à cirurgia de reconstituição do hímen, procedimento adotado por várias iranianas por pressão para casar virgens. O quadrinho narra uma tarde de conversas entre um grupo de mulheres que se encontram depois do almoço para tomar o samovar – chá típico – e compartilhar experiências, em grande parte sobre homens. Questões de Subjetividade Aqui, entendemos que “o indivíduo é uma construção, e não um dado inerente ao humano” (LOPES, 2002, p. 89), ou, dito de outro modo, “a identidade é uma construção que se narra” (CANCLINI, 2005, p. 163). Isto não equivale a afirmar que as identidades sejam mentiras, e se na vida cotidiana o “eu” só chega a outrem através de 2
  • 4. representações que fazemos de nós mesmos (GOFFMAN, 1995), nos produtos culturais é ainda mais evidente que as identidades só nos chegam através de representações. Consideramos a noção de autor empírico (BUESCU, s/d) como sujeito portador de uma identidade biográfica e psicológica reconhecível extratextualmente, mas sem deixar de considerar que somente a narrativa nos informa sobre aquilo que relata (GENETTE, s/d, p. 26). Não pensamos, portanto, as histórias das HQs como reais. Trata-se de verossimilhança. Em termos metodológicos, isso implica, para nós (SAID, 1996, p. 31-32) que “o que se deve procurar são os estilos, figuras de linguagem, os cenários, mecanismos narrativos, as circunstâncias históricas e sociais, e não a correção da representação, nem a sua fidelidade a um grande original” (grifo do autor). Isso não significa dizer que desconsideramos os posicionamentos de Marjane enquanto autora, mas que esses foram avaliados a partir de marcas de autoria (composição, traço, narrativa, construção de personagens) e não pelas ações da Marjane personagem, ou ao menos não como se estas indicassem uma verdade fiel à vida da autora. Hall (1997, p. 17-19) discorre acerca de dois sistemas de representação, um deles relativo à apreensão do mundo em conceitos, que leva à criação de mapas de significado e o segundo, ao qual as próprias histórias em quadrinhos pertencem, compreende a representação como concebida em sua dimensão significante, isto é como um sistema sígnico. Consideramos, seguindo Foucault, que esses sistemas estão sempre ligados a regimes foucaultianos de verdade (RABINOW, 1999) e pertencem a formações discursivas de emergência histórica. Óbvio que seja, as concepções de subjetividade com as quais dialogamos rejeitam noções de indivíduos atomizados com identidades imutáveis. Entendemos os sujeitos como fragmentários e suas identidades como transversais – gênero, classe, geração, etnia, religiosidade, posição política, etc. se amalgamando como numa “alquimia” (CASTRO, s/d, p. 8) multiforme, contraditória e polifônica. Condições nunca idiossincráticas, mas sempre coletivas e relacionais, são consideradas como constituintes das subjetividades, na medida em que interpelam os sujeitos como se lhe falassem e que a própria identidade é ela mesma construída de modo relacional, o “eu” definindo-se sempre em oposição a um “outro” que não sou (SILVA, 2000). Este artigo não analisa apenas os modos como Marjane representa a si própria, mas também aos outros personagens. Contudo, uma das razões para a escolha das HQs do ciclo autoral da novelista gráfica como corpus deste exame é o aparecimento nas 3
  • 5. obras em questão – não verificado nos seus trabalhos infantis como um todo – dela como personagem. Todas as HQs analisadas possuem caráter biográfico, apresentando Primeiro, os “aspectos sociológicos do ser humano” – as relações com outras pessoas, o padrão da vida cotidiana e a relação com o mundo em que vive. Segundo, a psicologia: a natureza do desenvolvimento e a estrutura da personalidade. Terceiro, a história: o encontro com o mundo, o “objeto-mundo” compreendido ou incompreendido. Quarto, a evolução dos três âmbitos anteriores (VILAS BOAS, 2002, p. 40). Apesar de tradicionalmente serem classificados como gêneros literários, compreendemos que biografias e autobiografias são gêneros híbridos que reúnem elementos próprios de campos diferentes como literatura, história e do jornalismo, sendo híbridas por natureza (VILAS BOAS, 2002, p.15). Tomando Persépolis, podemos considerá-la uma autobiografia, definida por Lejeune (2008, p. 14) como “narrativa retrospectiva em prosa3 que uma pessoa real faz de sua própria existência, quando focaliza sua história individual”, embora a história social ou política possam também ocupar espaço (p. 15). O que define uma autobiografia é que a necessária identidade entre autor, narrador e protagonista – mesmo que assumam diferentes nomes. Isto pode ser verificado no uso da primeira pessoa (realizado por Marjane nas três obras). Segundo os autores Correia e Silva (s/d, p. 7), “Persépolis também pode ser considerado um romance gráfico de aprendizagem, embora com diferentes níveis de conhecimento. Familiar, sim; político, também”. Embora Frango com Ameixas e Bordados não sejam romances gráficos de formação, fica claro o caráter autobiográfico que assumem em alguns momentos. Em Frango com Ameixas isso ocorre de modo peculiar, uma vez que a narração permanece com as marcas características de onisciência e terceira pessoa até certo ponto da trama, quando abruptamente assume a primeira pessoa e revela ser a autora. Percebemos aqui o que Groensteen (1999, p. 136) chama de redundância icônica, repetição de ícones idênticos ao longo da narrativa (nesse caso, das narrativas). A aparição repetida de Marjane servindo para identificá-la enquanto mediadora da narração. Análise O orientalismo é “um modo de escrita, visão e estudo regularizado (ou orientalizado), dominado por imperativos, perspectivas e preconceitos ideológicos, ostensivamente adequados ao Oriente” (SAID, 1996, p. 209). “O oriente que aparece no orientalismo, portanto, é um sistema de representações enquadrado por todo um 3 Atualizando o autor, por estarmos trabalhando com quadrinhos, entendemos aqui narrativa em prosa como quaisquer obras que recorram a uma narração. 4
  • 6. conjunto de forças que introduziram o Oriente na cultura ocidental” (idem). Seria errôneo, porém, pensar o orientalismo como dogmático e normativo. Ao contrário, “o orientalismo é melhor entendido como um conjunto de coações e limitações ao pensamento que como simplesmente uma doutrina positiva” (p. 52). Por analogia, o conceito pode ser associado àquele de determinação apresentado por Williams (1979, p. 87 a 92) como limites e pressões (p. 91) sobre aqueles que escrevem sobre o Oriente. Analiticamente, são essenciais os dispositivos metodológicos apresentados por Said (1996, p. 31) de localização estratégica como posição em que se coloca o autor em relação ao material sobre o qual escreve e formação estratégica como relação entre um grupo de textos e o modo como ganham densidade e poder referencial. A respeito da localização estratégica em que se coloca Marjane, uma fala sua em Persépolis é exemplar: “Minha calamidade se resumia numa frase: eu não era nada. Era uma ocidental no Irã, uma iraniana no Ocidente, não tinha identidade alguma. Não via nem mesmo porque estava viva” (2007, p. 274). Aqui, Marjane esclarece seu deslocamento identitário e torna patente a sensação angustiante em que se encontrava. Essa posição e a tensão entre a cultura iraniana e ocidental atravessam todas as obras. O estilo adotado pelos trabalhos pertence ao que se entende como tradição franco-belga de quadrinhos: quadros retangulares (a exceção a isso é Bordados, onde os limites dos quadros não são evidenciados, embora sejam percebidos), imagens que respeitam as bordas, narrativas lineares4 etc. Este dado, que diz respeito à formação estratégica composta pelas obras, nos diz da localização estratégica da autora, uma vez que Marjane assume assim uma ocidentalidade no próprio modo de compor, embora não se negue iraniana, por exemplo, no que diz respeito à escolha de referências à iconografia persa. Mais uma vez, fica claro o tensionamento das posições da autora. Aproximação aos personagens, humor e ironia conotam uma posição estratégica declaradamente parcial em relação aos episódios que relata nos livros. Livros que se diferenciam entre si quanto ao grau de contundência com que abordam as questões que lhes são pertinentes. Bordados é marcado por uma simplicidade – o que não significa que não trate de questões sérias ou importantes – enquanto um pesar toma conta de Frango com Ameixas e em Persépolis a densidade, tensão e angústia chegam a limites. Apesar disso, mesmo nas duas últimas há espaço para o humor, e situações extremas (como cenas de tortura) são atenuadas pela iconicidade dos traços. 4 O recurso a fatos do “passado da narrativa” não interrompe a linearidade do discurso narrativo. 5
  • 7. Outra questão a se reparar é o modo como as obras representam aquilo que foi chamado por Hall (2008) de tradição e tradução. Tradição entendida no sentido de Williams como “uma força ativamente modeladora, (...) sempre mais do que um seguimento inerte e historicizado” (1979, p. 118) e tradução como incorporação pelos sujeitos de elementos de culturas diferentes daquelas nas quais foram criados, mas não só, como também modos que os sujeitos adquirem, quando imersos em outras culturas, de viver as próprias tradições da sua cultura de origem – mantendo a analogia com Williams (1979), poderíamos entender a tradução como o agregar, por comunidades migratórias de certos grupos étnicos, elementos culturais emergentes (de aparição relativamente recente) ou mesmo o surgir de estruturas de sentimento (sensibilidades coletivas não cristalizadas em formas sociais) no seio dessas comunidades migratórias. Os costumes cotidianos são os preferidos por Satrapi ao lidar com questões de tradição. O tar, em Frango com Ameixas; o samovar, em Bordados; o véu, em Persépolis. Esses elementos são compreendidos pela autora de modo plural: enquanto emostra carinho pelo hábito de tomar samovar (chega a nos explicar que não se trata de uma infusão, mas de um chá cozido) e compara a qualidade de um tar com correspondentes ocidentais (violino stradivarius), ela se sente reprimida pelo véu, apresentando essa coerção de formas múltiplas – de discursos articulados ao sarcasmo da imagem de crianças brincando com véus, sem entender a razão de usá-los. As traduções apresentadas pela autora são também diversas, a mais patente delas sendo a representação icônica de uma espécie de Disneylândia com motivos persas em Persépolis. Uma coleção de exemplos pode ser tirada das relações das personagens de Bordados com o Ocidente, como a da vizinha Azzi, que se via como dançarina da MTV. O importante a se notar é que para Marjane, os elementos de tradução são incorporados aos poucos. Isto fica claro em Persépolis, quando a personagem primeiro apenas finge que se droga para se dar bem com seu grupo de amigos e mais tarde se torna uma quase viciada. O modo como ela enxerga a tradução é sofisticado, em consonância com as descrições de Williams. Por exemplo, quando criança, em Persépolis, a protagonista se pensa como uma profeta e conversa com Deus, apresentado iconicamente, e não como uma voz etérea, usualmente associada à divindade. Em Frango com Ameixas, algo semelhante ocorre quando Nasser conversa com Azrael, curiosamente anjo da morte nas tradições judeu-cristã e islâmica. Outro aspecto revelador do modo com Marjane encara a religião, em Frango com Ameixas, é a fala de Nasser, na página 13, que diz “Caro amigo, a vida passa. Com Deus ou sem ele”. Aqui, 6
  • 8. é importante mencionar que ao contrário de Marjane, ele não tem na obra contato com o Ocidente, o que contrapõe a visão orientalista do mulçumano como fanático religioso. O próprio misticismo, aliás, elemento comumente associado ao Oriente exótico, é tratado nas obras de modo semelhante aos misticismos ocidentais: Em Persépolis, há uma comunidade de místicos anarquistas que muito lembra uma aldeia hippie. Hippies, aliás, também parecem os místicos de Frango com Ameixas. Em Bordados, uma praticante de “magia branca” aparece em uma das subtramas, associada aos charlatanismos das representações ocidentais (falsa adivinhação, simpatias, figurino berrante etc.). As concepções de família apresentadas por Marjane são construídas de maneiras variadas. Em Persépolis, verifica-se entre a figura de Marjane e a de outros membros de sua família nuclear o que Groensteen chama de solidariedade icônica (1999, p. 21-24), a repetição de elementos imagéticos em ícones diferentes, a exemplo de personagens diversos com semelhantes formas do rosto, indumentárias e marcas corporais (cabelo, postura etc.). É importante notar que a relação de Marjane com seus pais, avó e poucos tios é retratada com idílio; a ancestralidade sendo valorizada – a exemplo do falecido avô, um príncipe no governo anterior ao do Xá, que teve bens confiscados depois da ascensão daquele ao poder. Aqui se verifica um forte vínculo familiar, sendo a família da personagem um elemento libertador dentro de uma cultura opressora, valorizados o respeito aos mais velhos e o heroísmo de certos membros, como o tio revolucionário. Em Frango com Ameixas, onde curiosamente não se verifica a mesma solidariedade icônica, a família do tio-avô de Marjane é apresentada como sem estruturas sólidas. A família é co-responsável pela ruína do protagonista. Aqui, percebe- se que a concepção de família é construída em contraposição a tensão com aquela de Persépolis. Em Bordados, a concepção de família já é menos nuclear e mais alargada, contemplando vizinhos mais próximos e amigos. Quanto às famílias ocidentais, Marjane as representa em Persépolis de dois modos definidos: um, modelo tradicional, permite embate entre pessoas de diferentes gerações, caracterizado pela colega de classe de Marjane, Julie, e sua mãe, a quem Julie não respeita. A narradora crê inconcebível essa falta de respeito pelos mais velhos, o que considera um valor fundamental. O outro, um modelo alternativo, é apresentado na comunidade anarquista da qual fazem parte amigos do primeiro namorado de Marjane. Há tensão também nos modos de representar indivíduos de diferentes gerações: as posições políticas compreendidas como “de resistência”, ligadas a manifestações de agenciamento – “capacidade mediada socioculturalmente de agir de modo propositado 7
  • 9. (e, por vezes, criativo) diante de imposições coercivas e estados de dominação, impedindo, fornecendo ou catalisando mudanças em normas, sanções e hierarquias sociais e culturais” (FREIRE FILHO, 2007, p. 13) – são, nos personagens mais velhos, assumidas através de uma sintonia com o comunismo e nos mais jovens apresentam formas mais variadas, desde a adesão a um visual punk à formação de comunidades alternativas e grupos de universitários. Em ambos os casos, a resistência é representada por vezes como prioritariamente simbólica, o que é ironizado por Marjane, ou fruto de um ativismo político engajado tradicional, valorizado pela autora. Exemplos: a) Esquerdistas mais velhos que apresentam resistência meramente simbólica: Huchang, em Bordados, mulherengo que foge para a Europa quando o Xá retoma o poder em 1953 e trai a esposa e Abdi, em Frango com Ameixas, irmão comunista de Nasser cuja família teve que dilapidar a fortuna para que ele pudesse “brincar de herói”. b) Esquerdistas mais velhos que apresentam um ativismo político realmente engajado: os amigos do pai de Marjane que foram presos e torturados e Anuch, tio herói da protagonista em Persépolis que ajudou a proclamar uma republica na província iraniana do Azerbaijão ainda no regime do Xá. c) Esquerdistas jovens que apresentam resistência meramente simbólica: os amigos punks da Áustria – para quem tudo o que importa é ler, esquiar ou fazer sexo – e o grupo anarquista que não faz muito mais do que brincar de esconde-esconde que ela conhece Enrique, ambos os exemplos tirados de Persépolis. d) Esquerdistas jovens com um ativismo político engajado: amigos estudantes politizados que faz ainda na Áustria e que freqüentam passeatas. As representações do modo como os posicionamentos políticos são defendidos pelos personagens são mais plurais em Persépolis do que nas outras obras. Acreditamos que a centralidade da guerra (Revolução Iraniana, Guerra Irã-Iraque) na narrativa desse livro e o seu caráter de formação são de salutar relevância para isso. Verifica-se que, apesar da pluralidade das representações de personagens politicamente ativos, a autora valoriza mais as concepções tradicionais de ativismo político (como a organização de passeatas), do que formas mais contemporâneas, embora estas apareçam na narrativa. A apresentação de sequências de quadros retratando aspectos do consumo cultural é recorrente nas três obras. Em geral, nestas cenas mais do que mercadorias se mostra o consumo de bens simbólicos, em sintonia com o modo como Canclini (1997) compreende o ato de consumir. Isso é perceptível uma vez que as situações onde o consumo entra como destaque são indicativas da tensão entre o Irã e o Ocidente, 8
  • 10. especialmente em Persépolis e Bordados. No primeiro, são comuns imagens de Marjane jovem usando ao mesmo tempo véu e maquiagem, havendo mesmo quadros em que é desenhada com um broche do Michael Jackson, jaqueta jeans e tênis Nike. Peripécias relacionadas a contrabandear pôsteres do Iron Maiden e da Kim Wilde da Turquia para o Irã também têm vez na narrativa. Em Bordados, outras formas de consumo cultural (aulas de dança, cirurgias plásticas etc.) ganham relevo. Já em Frango com Ameixas, os filmes de Sophia Loren são temas de conversa entre Nasser e o irmão. Acerca de Frango com Ameixas, é preciso mencionar, entretanto, que o consumo de elementos próprios da cultura persa – em geral de fácil correspondência com elementos culturais ocidentais –, como o ópio, o tar e pratos saborosos, são destacados. Merece particular atenção o ópio, que em um momento da narrativa Nasser chega a misturar ao leite do filho para diminuir sua agitação durante uma viagem e em Bordados a avó de Marjane mistura um pouco ao seu samovar para melhorar seu humor de manhã cedo. A naturalidade com que se consome o ópio nessas duas obras só é contraposta em Persépolis pelo uso recreativo, mais associado ao prazer, que se faz de maconha no Ocidente. Destaca-se, porém, que nos dois contextos o consumo de drogas não é marcado enquanto “combate contra si mesmo como ascese, abstinência e auto- vigilância” (CARNEIRO, 2008, p. 66) e, ao contrário, positivado. Falta-nos abordar as questões de gênero5 imbricadas nas obras. Vale mencionar que esta análise tem por base uma teoria performativa do gênero, o que significa dizer que nos filiamos à noção de que ele só é constituído através da evocação reiterativa de normas que materializam o próprio sexo biológico (BUTLER, 2001). Em Persépolis, percebemos tanto a apropriação de certas normas de gênero por parte da protagonista, mesmo quando não evocadas por outras personagens: sonho de encontrar um amor romântico, preocupação com a aparência conotada no uso de maquiagem, recato com relação ao sexo etc. e o questionamento de outras normas: a noção de que só homens podem ser profetas, o uso do véu, o silêncio sobre o desejo feminino no Irã – ela faz isso através de uma lógica de inversão: não negando que as mulheres não provoquem desejo nos homens, mas argumentando que os homens também lhe provocam desejo. Ela até mesmo questiona, com humor, as próprias críticas feministas a normas cujo efeito material, caso fossem mudadas, seria fraco ou nulo, como o ato de urinar sentada. 5 A partir daqui, lido como “identidade de gênero”, e não no que diz respeito a estratégias de comunicabilidade dos produtos culturais. 9
  • 11. Em Bordados, as normas que cada personagem evoca ou rejeita são numerosas, sempre ligadas a questões de classe, geração, etnia etc. De forma mais ampla, o que podem ser notadas é uma ideia de solidariedade de gênero: as mulheres se entendem e se aconselham, embora haja discordância de posições; e uma tensão entre submissão e empoderamento nas esferas pública e privada. Acreditamos que, a despeito das clivagens entre as personagens, a solidariedade entre elas é o ponto de maior relevância na obra. Frango com Ameixas, cujo protagonista pertence ao sexo masculino, apresenta concepções de gênero mais hegemônicas: os arquétipos normativos da musa, da mulher amada inatingível e da esposa-bruxa são evidenciados. Nas três publicações, a questão de classe marca fortemente o gênero: em Persépolis, Mehri, empregada da casa de Marjane, é impedida por sua condição social de casar com o vizinho a quem ama; em Frango com Ameixas, Nasser não pode casar com o grande amor porque o futuro sogro rejeita-o devido a ser músico, profissão via de regra pouco lucrativa, e em Bordados sua tia Parvin enriquece ao enviuvar de um velho de quem fugiu na noite de núpcias. Conclusão A nossa pretensão não foi fazer uma enciclopédia de identidades representadas no ciclo autoral de Marjane Satrapi. Se o fôssemos, diversas outras questões deveriam ser postas em relevo (homossexualidade, desenvolvimento corporal, posicionamento intelectual etc.). O que se deseja é apontar caminhos para prolongamentos analíticos. Dito isso, compreendemos que de forma geral o modo como Marjane apreende as questões de subjetividade nesses álbuns é caracterizado por tensionamentos, assunção de posições por parte da autora – ela apresenta, por exemplo, juízos de valor acerca dos grupos demagogos de identidade política contra-hegemônica e subversões em relação às representações tradicionais: ela usa o termo Ocidente para se referir a algo monolítico no curso de todas as edições, mas nunca usa Oriente, sempre especificando quando fala do Irã, do Iraque, da Pérsia, da Arábia etc. Além disso, Marjane aponta falhas na personagem que identifica como ela mesma, como quando mente sobre sua nacionalidade iraniana, da qual depois afirma ter orgulho, ou quando aponta um homem como tarado na rua sem este lhe ter feito nada, por medo dos guardiões da revolução a perceberem de batom. Por fim, vale dizer que também notamos uma pluralidade de representações das categorias contra-hegemônicas às quais pertence (grupos políticos minoritários, gênero, etnia) e representações menos matizadas, embora não hegemônicas, das categorias nas quais ocupa posições privilegiadas: classe, orientação sexual etc. 10
  • 12. Referências Bibliográficas ANDRADE, A; MARIA, E; NEVES, D; REIS, Valdemar. Banda desenhada - Entre a cultura de massa e a de elites? In: Sociologia - Problemas e Práticas, Nº8, pp.129-137. Institituto Universitário de Lisboa, 1990. Disponível em: http://repositorio.iscte.pt/bitstream/10071/915/1/10.pdf Acessado em: 13 de maio de 2010 BUESCU, H. C. Autor. In: E-Dicionário de Termos Literários. Universidade Nova de Lisboa, s/d. Disponível em: http://www2.fcsh.unl.pt/edtl/verbetes/A/autor.htm. Acessado em 01 de junho de 2010. BUTLER, Judith. Corpos que pesam: sobre os limites discursivos do sexo. In: LOURO, Guacira Lopes (org.). O corpo educado. Pedagogias da sexualidade. Belo Horizonte: Autêntica, 2001, pp. 151-172. CANCLINI, Nestor García. As identidades como espetáculo multimídia. In Consumidores e Cidadãos: Conflitos multiculturais da globalização. Rio de Janeiro: Ed. UFRJ, 2005, pp. 107-116 ________________________. O Consumo Serve Para Pensar. In: Consumidores e Cidadãos: Conflitos multiculturais da globalização. Rio de Janeiro: Ed. UFRJ, 1997, pp. 51-70. CARNEIRO, Henrique. Autonomia ou hetoronomia nos estados alterados de consciência. In: Drogas e cultura: novas perspectivas. Salvador: EDUFBA, 2008, pp. 65 a 90. CASTRO, Mary Garcia. Gênero e raça: desafios à escola. Disponível em: http://www.smec.salvador.ba.gov.br/documentos/genero-raca.pdf, capturado em 27 de novembro de 2008. CORREIA, I.P; SILVA, S. R. Identidade, resistência e sobrevivência – do local ao global nos romances gráficos Maus e Persepolis. In: VI Congresso Nacional Associação Portuguesa de Literatura Comparada / X Colóquio de Outono Comemorativo das Vanguardas – Universidade do Minho 2009/2010 Disponível em: http://ceh.ilch.uminho.pt/pub_isabel_peixoto_sandra_silva.pdf. Acessado em 10 de abril de 2010. FREIRE FILHO, João. Reinvenções da Resistência Juvenil. Os estudos culturais e as micropolíticas do cotidiano. Rio de Janeiro: Ed. Mauad X, 2007. Introdução (Resistência, um conceito camaleônico), pp. 13-28. 11
  • 13. GENETTE, Gerard. Discurso da Narrativa. Lisboa: Ed. Vega, s/d. GOFFMAN, Erving. A representação do eu na vida cotidiana. Petropolis: Vozes, 1995. GROENSTEEN, Tierry. Système de la Bande Dessinée PUF: Paris: Universitaires de France, 1999. HALL, Stuart. Representation: cultural representation and signifying practices. Londres: Sage, 1997. ____________. A Questão Multicultural. In: Da Diáspora. Rio de Janeiro: Ed. UFMG, 2008, pp. 49-94. LEJEUNE, P. O pacto autobiográfico: de Rousseau à Internet. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2008. LOPES, Denílson. Terceiro manifesto Camp. In: O homem que amava rapazes e outros ensaios. Rio de Janeiro: Aeroplano, 2002, pp. 89-120. RABINOW, Paul. Representações são fatos sociais: modernidade e pós modernidade na antropologia. In: Antropologia da razão. Rio de Janeiro: Relume Dumará, 1999, pp. 71-108. SAID, Edward W. Introdução, in Cultura e imperialismo. São Paulo: Companhia das Letras, 1999, pp. 11-31 _______________. Orientalismo. O Oriente como invenção do Ocidente. São Paulo: Companhia das Letras, 1996. SATRAPI, Marjane. Bordados. São Paulo: Companhia das Letras, 2010. ________________. Frango com Ameixas. São Paulo: Companhia das Letras, 2008. ________________. Persépolis. São Paulo: Companhia das Letras, 2007. 12
  • 14. SILVA, Tomaz Tadeu da. A produção social da identidade e da diferença. In: SILVA, Tomaz Tadeu da (org.). Identidade e diferença: A perspectiva dos Estudos Culturais. Petrópolis: Vozes, 2007, pp. 73-102. VILAS BOAS, Sergio. Biografias & Biógrafos: jornalismo sobre personagens. São Paulo: Summus, 2002. WILLIAMS, Raymond. Marxismo e Literatura. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, [1971]1979. 13
  • 15. MEMORIAL – Artigo da disciplina Comunicação e Culturas Contemporâneas 2010.1 Equipe: João Araújo, João Gabriel Galdea, Laís Vita, Marcel Ayres, Marlo Lima. Artigo: Pra cá de Teerã: questões de subjetividade no ciclo autoral de Marjane Satrapi Encontro do dia 12/05 (Presentes: Todos)  O grupo elaborou um cronograma interno com datas de reunião e metas de trabalho e foi feita uma discussão preliminar sobre os possíveis pontos a serem abordados na análise. Todos os membros já haviam lido pelo menos uma obra da autora para esta reunião.  Ao longo da conversa, foi notado que a despeito de dúvidas individuais, o maior desconhecimento coletivo era, de um lado, relacionado às identidades em jogo no Irã, sobretudo ao que pensam feministas do país. Aqui, foi reconhecido também o desconhecimento a respeito da relação Oriente/Ocidente, bem como sobre qual é a situação do Irã nessa conjunção relacional. De outro lado, os alunos estavam também cercados de dúvidas acerca do contexto de publicação das obras na França. E não só, mas também sua repercussão nos outros países em que foram publicadas, incluindo no Brasil; o modo como a própria autora encarava sua obra e seu público; a conjuntura social da Áustria quando Marjane morou lá; a reação das críticas francesa e brasileira de quadrinhos a cada uma das obras e à própria história política do Irã.  Decidiu-se, para próxima reunião, que todos teriam de ter lido as obras de Satrapi para discussão mais acurada. Encontro do dia 26/05 (Presentes: Todos)  A reunião foi iniciada com uma discussão sobre as obras da autora e listagem de impressões obtidas durante a leitura dos livros;  Terminado o debate sobre a obra, partiu-se para uma conversa sobre metodologia de trabalho e divisão de tarefas;  O grupo foi dividido da seguinte forma para pesquisa: 1) Linguagem de quadrinhos, gênero autobiográfico e narrativa: Marcelo Lima; 2) Feminismo e islamismo: Lais Vita; 3) Oriente/Ocidente, questões geracionais, religiosas e políticas: Marcel Ayres e João Edurado; 4) Dados histórico-geográfico-políticas acerca do Irá: João Galdea.  Seguem pontos considerados essenciais para pesquisar: 14
  • 16. Questões (internas à obra) relativas a: 1. História do Irã, sobretudo a Revolução Iraniana; 2. Grupos não-islâmicos opostos ao regime do Xá, como os comunistas: sua história, se sequer se ouve falar deles etc.; 3. Manifestações pró e contra a obrigatoriedade do uso do véu nesse contexto; 4. Questões relacionadas aos mártires. Sua importância na história política do Irã, inclusive; 5. O contexto político e social da Áustria nos anos 80 Questões (externas à obra) relativas a: 1. Contexto de publicação: Todos os dados possíveis sobre as edições originais na França e as ao redor do mundo, sobretudo as edições brasileiras (nome da obra em português, nome original, ano de publicação original, ano de publicação no Brasil, editora original e editoras pelas quais foi traduzida mundo afora, línguas para as quais foi traduzida [no caso brasileiro, tradutor, com um pouco de história de vida dele], tiragens da primeira impressão de cada uma delas na França e no Brasil, dados de venda na França e no Brasil, recepção das críticas francesa e brasileira, prêmios mundo afora, preço de cada uma delas no Brasil no site da editora); 2. História de vida dela: inclusive o que ela faz hoje; coletar (se houver) dados sobre as negociações com as editoras, entrevistas dela, sobretudo se houver alguma em que ela descreva como concebe seu público. Encontro do dia 09/06 (Presentes: Todos)  A equipe voltou a se reunir na quarta-feira, 09 de junho, para discutir a realização do trabalho. Neste encontro, o grupo abordou diversos pontos da análise das obras e propôs direcionamentos.  Foi redigido um esboço da introdução do artigo a partir das leituras prévias e grifos trazidos pelos membros da equipe, conforme combinado via correio eletrônico.  A equipe chegou a um consenso sobre os autores e textos que deveriam ter maior destaque na construção da base teórica e no processo de análise dos objetos pesquisados.  Por fim, ficou decidido que três dos cinco membros teriam a incumbência da defesa oral do trabalho. 15
  • 17. Encontro do dia 13/06 (Presentes: Todos)  A equipe se reuniu presencialmente para discutir e concluir o referencial teórico do trabalho.  Com o referencial pronto, iniciou-se o processo de elaboração da análise. Os membros do grupo elencaram diversos pontos em cada uma das obras analisadas e discutiram a pertinência das observações em relação aos conceitos apresentados no referencial.  Neste dia, foi elaborado um esboço dos slides que seriam apresentados em sala de aula. Encontro do dia 16/06 (Presentes: Todos)  Neste dia os membros da equipe se reuniram presencialmente durante mais de oito horas para finalizar o artigo e preparar o material da apresentação;  Todos compararam as leituras realizadas individualmente sobre os temas pertinentes à análise e levantaram as questões a serem trabalhadas;  De começo, os alunos partiram do referencial teórico que já havia sido construído e escreveram sobre os pontos levantados para análise sem se preocupar com o tamanho do texto e formatação recomendada para entrega do artigo;  Em seguida, o texto foi editado e revisado e se passou à montagem de slides para apresentação;  Após finalização do artigo e dos slides de apresentação, os alunos responsáveis pela defesa do artigo conversaram entre si, decidindo-se por uma apresentação sem divisões de fala, num formato de conversa e debate.  Todos os integrantes estiveram presentes. Encontro do dia 30/06 (Presentes: Todos)  Neste encontro, dia anterior à entrega do artigo, os alunos se reuniram virtualmente para alterações propostas pela professora Itania Gomes durante apresentação do trabalho;  Este último ponto do memorial foi escrito e unido aos textos já compostos anteriormente, a cada fim de reunião;  O artigo recebeu última impressão e, assim, finalizou-se os trabalhos da equipe. 16