Isabel Alçada - Promover a Leitura na Era Digital
Comunicação ao V Encontro Partilhar Leituras em Faro
Tema: Leitura Digital.
Universidade do Algarve - 10 de maio 2016
2. As TIC no mundo contemporâneo
As TIC foram integradas em todos os domínios da
vida pessoal e social, estão a gerar profundas
mudanças.
Suscitam novas clivagens entre indivíduos e grupos no
acesso e benefício das novas tecnologias
Geram formas de exclusão que se vão somar a outras
desigualdades sociais
3. Clivagens
Estudos sobre acesso à informação digital
Disparidades no acesso a equipamentos e
conteúdos digitais e à Internet (Digital Divide)
•Desigualdades entre:
– Regiões do mundo
– Países
– No interior dos países entre:
» Grupos sociais
» Famílias
» Grupos etários
» Indivíduos
6. Acesso à leitura e à informação
Até meados do século XX
O acesso universal à leitura parecia depender da escolarização
Em meados do século XX
Apesar da alfabetização da população persistem grandes
desigualdades
Surge o conceito de literacia e a necessidade de se medir esta
competência para se poder avaliar e lançar medidas para
assegurar um domínio universal
A partir do final do século XX
Com a difusão das TIC, dos recursos digitais e da Internet a questão
complexifica-se
7. Fratura Digital
A Fratura Digital não é um problema meramente tecnológico
•Não existe uma divisão entre info excluídos e info integrados
•Verificam-se gradações
– Acesso
– Qualidade no uso
– Diferentes motivações
– Competências decorrentes de um problema antigo: a literacia
8. Resultados da Investigação sobre Leitura
À nascença o cérebro não vem preparado para a leitura
Com a aprendizagem e com o exercício produz se uma espécie de‑
reconversão neuronal : uma parte dos neurónios visuais reciclam se‑
para permitir o reconhecimento das palavras numa zona do cérebro
Visual Word Form Area (VWFA).
Na primeira fase a criança usa um maior número de zonas do cérebro do
que o adulto, o que implica maior esforço cognitivo.
A partir dos 7 anos, à medida que a leitura evolui, a ativação da área do
cérebro responsável pela leitura aumenta.
Por volta dos 8 anos, a ativação dessa zona torna se predominante‑
A especialização só atinge a maturidade no início da adolescência e
no caso de a criança ler regularmente.
9. Resultados da Investigação sobre Leitura
Metodologias de ensino consentâneas com a investigação.
• Ensino sistemático que induza a consciência fonémica e
permita a descodificação das palavras (Morais, 1996)
• Multiplicação de experiências de leitura na escola e em
tempo livre, para que ler se converta numa operação
automática e inconsciente (Dehaene, 2009).
A forma como as crianças atuam na aprendizagem depende
de traços individuais (Byrn, 2013:107)
10. Promover a Leitura na Era Digital
A aprendizagem e o desenvolvimento da leitura
requerem uma longa prática de:
• leitura orientada que induza
• leitura autónoma
para permitir aos leitores dominar várias
competências:
– Descodificação + Compreensão de palavras, frases e textos
– Aquisição de automatismos e fluência na utilização dos
mecanismos de leitura
– Domínio de várias estratégias de leitura
12. Resultados da Investigação sobre Leitura
Desenvolvimento /Autonomia
(Leitura de livros na sala de aula/ promoção da leitura em família)
Envolvimento na leitura (Alvermann & Guthrie, 1993)
Motivação (Guthrie & Wigfield, 1997)
Prazer de Ler (Clark & Rumbold, 2006)
Compreensão (Perfetti, 1999)
Fluência (National Reading Panel, 2000;
Stanovich, 1980)
Literacias digitais (Coiro, 2003; Leu, 2000)
13. A Leitura de recursos digitais (crianças e jovens)
Resultados de Investigação
• Internet
• Estratégias de compreensão de adolescentes são idênticas
ou mais complexas do que com textos impressos (Coiro, 2007).
• Compreensão tende a ser mais superficial e pode inibir
a leitura em profundidade ( Carr, 2010).
• E-books (comparação com livros impressos)
• Poder atrativo do conteúdo é o mais relevante (Picton, 2014).
• Livros digitais - influência positiva:
• Literacia emergente (Korat e Shamir, 2006; De Jong & Bus, 2002; Korat,
2010);
• Consciência fonémica e descodificação (Moody, 2010);
• Ampliação de vocabulário, fluência e compreensão (Coiro, 2003;
Pearman & Lefever Davis, 2006).‑
A leitura digital (crianças e jovens)
14. Estudos sobre a atividade do cérebro na leitura digital e da
pesquisa na Internet apresentam conclusões contraditórias:
•Estímulo de funções cognitivas
• Evidência demonstrada pela comparação da leitura de livros e
da Internet de dois grupos de adultos leitores e não leitores de
recursos digitais (Gary Small, 2009).
•Obstáculos ao desenvolvimento dos processos cognitivos:
• compreensão, raciocínio dedutivo e indutivo, análise crítica e
reflexão, vitais na leitura em profundidade (Maryanne Wolf,
2008).
• neuroplasticidade do cérebro, capacidade de concentração e de
contemplação, fragmentação do conhecimento e perda do contexto
da informação (Nicholas G. Carr, 2010).
A leitura digital - adultos
15. Investigação sobre o cérbero na leitura digital
Resultados
A leitura digital requer utilização de novos circuitos neuronais
formados
por um processo de aprendizagem mais ou menos informal
• Suscita flexibilidade e atenção dispersiva
• Exige rapidez de seleção perante avalanche de informação
multimodal
Questão
Como é o estilo de leituras feito na Internet?
• Privilegia o “imediatismo”?
• Enfraquece a capacidade de realizar leitura em profundidade?
Maryanne Wolf (2007) Proust and the Squid: The Story and Science of the Reading
Brain
16. Promoção da leitura - Portugal
Medidas de Política educativa e cultural
Rede de Leitura Pública (1987)
Bibliotecas Municipais
Rede de Bibliotecas Escolares (1996)
Plano Nacional de Leitura (2006)
Plano Tecnológico da Educação (2005)
18. Nove Sítios eletrónicos com
informações e orientações
Cinco sítios eletrónicos com
recursos para promoção da
leitura em suporte digital
1. LeR+/PNL
2. Escolas
3. Concursos
4. LeR+ em Família
5. LeR+ dá Saúde
6. Adultos a LeR+
7. Estudos
8. Promoção da Leitura na
OCDE
9. Voluntários de Leitura
1. Biblioteca de Livros Digitais
2. Clube de Leituras
3. Caminho das Letras
4. Novas Leituras
5. LeR+ Teatro
Recursos digitais do PNL (CITI- FCSH -UNL
19. Avaliações de literacia com padrões internacionais
PISA- Programme for International Student Assessment - OCDE
Avaliação de jovens de 15 anos, desde 2000
(intervalos de 3 anos)
PIRLS - Progress in International Reading Literacy Study - IEA *
Avaliação de crianças do 4º ano de escolaridade, desde 2001
(intervalos de 5 anos)
PIAAC - Programme for the International Assessment of Adult Competencies
- OCDE,
Avaliação de adultos entre os 16 e os 65 anos
* International Association for the Evaluation of Educational Achievment
20. Entre 2000 e 2009 , no conjunto de 33 países da OCDE,
Portugal foi o 4º país que mais progrediu em leitura
Evolução do Desempenho no PISA
21. 1 Finlândia 568
2 Dinamarca 554
3 Croácia 553
4 Irlanda 552
5 Inglaterra 552
6 Holanda 546
7 República Checa 545
8 Suécia 542
9 Itália 541
10 Alemanha 541
11 Portugal 541
12 Hungria 539
13 República Eslovaca 535
14 Bulgária 532
15 Eslovénia 530
16 Áustria 529
17 Polónia 526
18 França 520
19 Espanha 513
20 Noruega 507
21 Bélgica (francófona) 506
22 Roménia 502
23 Malta 477
Avaliação internacional
literacia alunos 4º ano (IEA)
45 países participantes
Média: 500
Desempenho dos alunos portugueses no estudo PIRLS 2011
22. Projeto Voluntários da Leitura
Parceria com RBE / PNL / Direção-Geral do Livro, dos
Arquivos e das Bibliotecas
Assente em plataforma digital e nas redes sociais
(recurso a textos e vídeos)
•Convite aos cidadãos para se envolverem
•Convite às instituições para se abrirem ao voluntariado
•Orientações para voluntários e instituições
•Exemplificação de atividades Formação em e-learning
•Avaliação
28. Biblioteca de Livros Digitais - PNL
http://www.planonacionaldeleitura.gov.pt/bibliotecadigital/
29. Promover a Leitura na Era Digital
Papel da Educação
Assegurar competência na leitura digital
Orientação formal para o acesso à informação on-line
– Pesquisa - informação disponibilizada em múltiplos formatos e
originária de diferentes fontes
– Questões nucleares
– Informação relevante
– Avaliação crítica (utilidade e validade)
– Síntese
– Registo
30. Política educativa
1. Aprofundar a investigação para integrar as mudanças rápidas e
profundas da atmosfera digital
2. Dotar todas as escolas/bibliotecas
• recursos impressos (livros e periódicos atuais)
• equipamentos (computadores, quadros interativos, tablets …)
• Internet e software adequado
• recursos digitais (livros e manuais digitais)
3. Formar os docentes
4. Oferecer currículos abertos
• acesso à informação
• aquisição de competências:
Literacias – leitura, matemática, científica
Literacia digital (alunos e docentes)
• ensino- aprendizagem com práticas leitura impressa e
suscitada pelas redes sociais