Este documento relata as atividades de um concurso literário promovido por uma associação de pais de escolas sobre o tema "Natal em tempo de pandemia". Contém os vencedores do segundo e terceiro ciclo, com poemas e cartas sobre como viveram o Natal no contexto da pandemia, cumprindo as regras de segurança.
Concurso literario natal em tempo de pandemia be dll
1. 2020/2021
O Concurso literário «Natal em
tempo de pandemia» foi uma
iniciativa da Associação de Pais
das Escolas de Silgueiros, em
colaboração com a Biblioteca
Escolar D. Luís de Loureiro.
Concurso literário «Natal em
tempo de pandemia»
3. 1.º PRÉMIO
O Pai Natal este ano não vem
Pois é de grupo de risco
Mas já Jesus pode vir
Recebo-o a sorrir!
Este ano os Reis Magos não vêm
Pois não podem circular entre concelhos
Temos todos de ficar em nossas casas,
Fazer as prendas e proteger os mais velhos.
Não nos podemos esquecer
As regras são para cumprir,
Chega quem chegar
A máscara devemos usar!
Para a família vai ser difícil
Não poder todos reunir
Vamos lá celebrar à distância
Para todos os corações unir.
É preciso ter muito cuidado
Vamos ter muita prudência
Proteger-se a si e aos outros
É sinal de inteligência
Aqui fica a sugestão;
Para esta noite iluminada
Máscara, distanciamento e desinfetante,
É a atitude mais acertada!
Rodrigo C.- 6.º H
4. 2.º PRÉMIO
O Natal ninguém cancela,
Mas temos mesmo de pensar
Em atirar as prendas pela janela,
Da abraços sem abraçar.
Este Natal
Vai ser diferente
Vais ficar em casa
Como toda a gente!
Não vai dar para estar pertinho
Do avô e da avó
Vamos todos para o Zoom
Para ninguém ficar só.
Este Natal não vai ser igual
O vírus ainda está entre nós
O Pai Natal fica em casa
E dá descanso aos trenós.
Com máscara
Ou com viseira
O vírus, neste Natal,
Não está para brincadeiras!
Vamos todos ter de esperar
Para que no ano que vem
Possamos todos unidos
Tocar o sino de Belém
Matilde M.- 6.º H
5. 3.º PRÉMIO
Meu querido Pai Natal
Espero encontrar-te bem
Com um sorriso bem grande
E com saúde também.
Quero informar-te, Pai Natal
Que este Natal vai ser diferente
Porque há no mundo uma pandemia
Que já matou muita gente.
Não podes entrar em casa
Pela porta e nem pela chaminé
Não posso dar-te bolachas nem leite
E nem uma chávena de café.
Vais ter atenção no céu
Para não ficares contaminado
Pôr máscara no rosto
E desinfetar as mãos com cuidado.
Quando chegares a minha casa
Tens de ter distanciamento
Deixa as prendas à porta
E vai-te embora nesse momento.
Desejo, Pai Natal, que sejas feliz
E saúde nesta pandemia
Desejo-te um feliz Natal
Com paz e muita alegria!
Patrícia C.- 5.º I
7. 1.º PRÉMIO
Natal em tempo de pandemia
- Como foi o vosso Natal?
Todos os professores perguntavam o mesmo. Apesar de querer contar todos os
pormenores acerca das minhas férias, esperei que alguém se voluntariasse para dizer
algo. Já era de esperar que o Pedro fosse o primeiro. Com o seu ar arrogante, dirigiu-se
para a frente da turma e a professora ordenou-lhe que ajeitasse a máscara. Disse que
recebeu um telemóvel (daqueles supercaros) e uma bicicleta nova. É óbvio que todos
ficaram com ciúmes. Explicou a todos como o Natal dele tinha sido fantástico, mas eu
não acreditei em metade do que ele disse.
A seguir ao Pedro, a Margarida quis contar como tinha sido o Natal dela. Eu
esperava que ela falasse do presente que lhe ofereci (um perfume que além de barato,
era muito bem cheiroso). É claro que estava enganada. Ela só mencionou a roupa, o
calçado e os acessórios que lhe ofereceram. Disse, também, que todas as regras de
segurança foram cumpridas, pois de uma forma ou de outra, a família dela era pequena.
Finalmente tinha chegado a minha vez. Contei aos meus colegas que o meu
Natal foi uma confusão. Procurei várias soluções para conviver com a família sem a
juntar, mas não e ocorreu nenhuma ideia. Então convidámos os meus avós paternos para
virem jantar a nossa casa na noite de consoada e passámos o dia de Natal em casa dos
meus avós maternos. Mas, claro, com todos os cuidados: à entrada e à saída de casa
desinfetámos as mãos e só tirámos a máscara quando entrávamos em casa (já que
tínhamos que a utilizar na via pública) e cumprimos, sempre que possível, o
distanciamento social.
Gostei muito de ajudar a minha mãe e a minha avó a preparar o jantar. Para prato
principal fizemos polvo com batata a murro e, quanto às sobremesas, a mesa estava
cheia: filhoses, bolo-rei, bolo de chocolate, tronco de Natal, bolachas de Natal.
Acrescentei que, apesar de tudo isto, me diverti muito (fartei-me de cantar, dançar e
fartei-me de rir com as piadas que o meu avô contou). E, claro, contei-lhes o que recebi:
a minha madrinha deu-me CDs dos meus artistas favoritos, os meus pais e os meus tios
ofereceram-me as coleções dos livros “O diário de um Banana” e “Uma aventura” e
algumas peças de roupa (claro que também considero as notas que tive um excelente
presente de Natal, mas não queria ser demasiado chata).
Recebi alguns emails de familiares meus a perguntar como tinha corrido o
Natal, por isso, aproveitei para mandar algumas mensagens as meus amigos. Abençoada
8. seja a Internet! Graças a ela consegui falar com os meus tios e primos por
videochamada, o que de certa forma nos aproximou.
Ah! Quase me esquecia da atividade que tivemos na escola: o “amigo secreto”.
Sorteámos um nome para cada aluno e esse aluno tinha que oferecer um presente a
quem lhe calhou. É claro que, com a minha sorte, me foi calhar o Pedro, mas tentei
oferecer-lhe algo barato. Como não estava para me chatear, acabei por lhe comprar uns
chocolates (dos mais rascas). Antes e depois de os professores entregarem os presentes a
cada aluno, desinfetaram as mãos, tal como nós. Já estou farta de desinfetante! Eu não
fazia ideia de quem era o meu amigo secreto, mas quem quer que fosse, acertou em
cheio no presente. Deram-me um CD de músicas de Natal e um ramo de rosas
vermelhas (quando cheguei a casa, coloquei-as n minha mesinha de cabeceira e logo
espalharam o seu perfume pelo meu quarto).
As raparigas da minha turma receberam quase todas maquilhagem e esse tipo de
coisas, menos a Carolina. Ela recebeu os livros do “Harry Potter” (aposto que foi o
David que lhos deu). Não reparei no que os rapazes receberam, mas não deve ter sido
nada de especial. Só o meu discurso foi suficiente para ocupar metade da aula e como
mais ninguém quis “partilhar” o seu Natal, perguntei à Diretora de Turma como tinham
sido as férias dela. Ela ficou radiante por perceber que alguém se preocupava com ela.
Pois, fica a saber que é a minha professora preferida. Contou que, em vez de ir passar o
Natal a Bragança (como era costume), teve de ficar em casa devido à pandemia.
Questionei-a acerca dos presentes que ela recebera. Respondeu que gostou muito do
presente que lhe dei (a obra “O nome da Rosa”, de que ela estava sempre a falar) e que
soube logo que tinha sido eu a oferecê-lo.
Fiquei com um bocado de pena, porque acho que foi o único presente que ela
recebeu. Também nos mostrou fotografias do presépio que a comunidade ajudou a
montar, na aldeia dela. Estava lindíssimo e o mais importante é que todos os que
ajudaram estavam de máscara. Falou também sobre um concurso de músicas de Natal
que me pareceu divertido. Talvez pense em participar para o ano. Não sei como, a
conversa virou-se para as notas escolares. Fiquei chocada! As notas eram piores do que
eu pensava. Mas enfim, os colegas não me pareceram muito preocupados.
A aula terminou com o som ensurdecedor da campainha. Ainda estive à
conversa com a Carolina, no intervalo. É das únicas pessoas com quem se pode ter uma
conversa inteligente. Percebo perfeitamente por que é que não quis falar em frente à
turma. Estão sempre a gozar com ela! Eu confio nela e sinto que ela também confia
muito em mim (talvez por sermos da mesma turma). De qualquer das formas, ofereci-
9. lhe um bilhete para um concerto do seu cantor favorito (que, curiosamente, também é o
meu) mas é só para o ano (espero que nessa altura já tenha passado a pandemia).
Quando lho entreguei, notei-lhe um brilho nos olhos. Tenho a certeza que ficou
felicíssima! Bem, é o que os amigos fazem.
Matilde L. – 8.º G
10. 2.º PRÉMIO
Um Natal gratificante
Era noite de Natal. Naquele sombrio mês de dezembro de dois mil e vinte.
Instalou-se uma gota de esperança a nível global após a apresentação de uma vacina
preventiva contra a COVID-19, nome atribuído pela Organização Mundial de Saúde a
um vírus facilmente transmissível, surgido pela primeira vez na China, que se alastrou
pelo mundo inteiro.
Joana tinha vinte e oito anos de idade e nascera em Santa Maria da Feira.
Trabalhava no hospital Santa Maria, no Porto, e residia a três quilómetros de distância
do local onde trabalhava.
A família de Joana, que se mantinha em Santa Maria da Feira, ponderara a
possibilidade de Joana viajar até à terra para passarem o Natal juntos, como era habitual
nos anos anteriores, mas a pandemia descontrolava-se cada vez mais e Joana decidiu
ficar no Porto, em segurança.
Já passava da meia-noite. Joana permanecia ainda acordada, a trabalhar naquele
hospital com um elevado número de pacientes, agitada, de um lado para o outro,
equipada dos pés à cabeça.
Depois de finalizar o turno, Joana arrastaou-se até à sala restrita a profissionais
de saúde. Desequipou-se e penteou os longos cabelos. Aproximou-se de um grupo de
enfermeiros que conversava. Falavam sobre as diversas tradições de Natal e como iria
ser celebrado naquele ano. Joana assistia, encostada à porta, um sorriso cansado e triste
no rosto. Tal como ela, muitas pessoas não comemorariam as festividades com a família
reunida.
A noite estava nublada, fria e com aguaceiros. Joana moveu-se rapidamente até
ao seu automóvel, depois de se ter despedido dos colegas e desejado um Feliz Natal.
Após chegar ao carro preto, estacionado no extenso parque do hospital, entrou, ligou o
motor e conduziu até ao humilde apartamento onde vivia. Fez o menor barulho possível
ao entrar na porta principal do prédio e enquanto subia as escadas. Tomou um duche,
vestiu-se e dirigiu-se ao quarto. Deitou-se na cama estreita e acabou por adormecer.
A noite desenrolou-se rapidamente. Eram nove horas da manhã. Joana vestiu
lentamente uma camisola de Natal, umas calças desportivas brancas e um par de meias
de inverno vermelhas, na companhia de um ruidoso aquecedor, apoiado sobre a cómoda
11. do seu quarto frio. Ao chegar à cozinha, retirou uma caneca de cerâmica do armário,
colocou-lhe uma pequena quantidade de leite e levou-a ao micro-ondas. Depois de ter
aquecido o leite, acrescentou-lhe cereais com saber a canela, ligou a televisão da sala e
sentou-se no sofá. Quando terminou a refeição, retirou algumas caixas com decorações
e uma pequena árvore de Natal de um compartimento escuro e com muita
desarrumação. Colocou a árvore na vertical e começou a decorá-la com alguns enfeites
natalícios vermelhos e dourados, guardados dentro de uma das caixas empoeirada.
Naquele momento, Joana lembrou-se de fazer algo para animar o Natal e ajudar
outras pessoas. Não iria trabalhar, por isso, resolveu recolher algumas roupas e calçado
usado, material escolar, brinquedos, alguns medicamentos e vários produtos
alimentares. Quando finalizou de amontoar tudo, Joana decidiu também motivar os
vizinhos para a sua iniciativa.
Após reunir todo o material fornecido pelos habitantes do prédio, Joana entregou
os donativos a várias famílias carenciadas, a instituições e a lares de idosos que
necessitavam de ajuda.
Tudo estava higienizado e pronto para ser utilizado. Todas as famílias, crianças,
idosos e funcionários agradeciam euforicamente a Joana e a todos os colaboradores por
tornarem o seu Natal mais alegre e especial.
Apesar da pandemia, aquele foi um Natal gratificante e cheio de esperança para
inúmeras pessoas
Ana Sofia G.- 9.º H.
12. 3.º PRÉMIO
Querida filha,
Não poderei passar este Natal contigo, com os teus irmãos e com o vosso pai,
devido à culpa que eu iria sentir se algum de vocês ficasse doente. A situação aqui no
hospital não está nada fácil, mas temos todos de ser fortes, para continuarmos saudáveis
e para mais tarde voltarmos a estar todos juntos.
Quando eu era da tua idade, nós não tínhamos todas estas tecnologias que
existem hoje em dia, por isso tínhamos de fazer diversas atividades para passarmos o
tempo. Para não se sentirem tristes e com saudades minhas, podem fazer muitas coisas
divertidas, como beber um chocolate quente, enrolados num cobertor muito quentinho
enquanto vêem um filme engraçado, podem jogar jogos de tabuleiro e cozinhar comidas
e sobremesas deliciosas.
Podemos também fazer videochamada para podermos matar as saudades e
festejarmos juntos.
O mais importante de tudo isto é mantermo-nos em segurança, para que daqui a
uns meses possamos estar mais livres e aproveitar todos os momentos.
Adoro-te muito!
Beijinhos
Mãe
13. Imagem da capa disponível em https://mgnconsultoria.com.br/doacao-de-natal-na-pandemia/