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      UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA
   DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO – CAMPUS VII
           SENHOR DO BONFIM - BA



              JANE FERREIRA




AS COMPREENSÕES DOS PROFESSORES ACERCA DA
       ARTE NO ENSINO FUNDAMENTAL I




             SENHOR DO BONFIM-BA
                     2011
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              JANE FERREIRA




AS COMPREENSÕES DOS PROFESSORES ACERCA DO
      ENSINO DE ARTE NO FUNDAMENTAL I




               Trabalho Monográfico apresentado à Universidade
               do Estado da Bahia, Departamento de Educação,
               Campus VII como pré-requisito para a conclusão do
               Curso de Pedagogia: Docência e Gestão dos
               Processos Educativos.
               Orientadora: Profª. Msc. Maria Elizabeth Souza
               Gonçalves.




             SENHOR DO BONFIM - BA
                     2011
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                 JANE FERREIRA




AS COMPREENSÕES DOS PROFESSORES ACERCA DO
      ENSINO DE ARTE NO FUNDAMENTAL I




       APROVADA_______DE_________DE 2011




            ________________________
                        avaliador


             _______________________
                        avaliador


             _______________________
         Orientadora: Maria Elizabeth S. Gonçalves
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Ao meu querido Deus e Salvador, por
tudo que fez e faz em minha vida, pelo
amor incondicional e força sempre
presente.
Aos meus queridos pais pelo incentivo
constante, amor,carinho e compreensão
sem limites.
Aos meus irmãos que sempre me fizeram
acreditar na minha capacidade de
concretização deste trabalho.
As minhas amigas Lucineide, Josenita,
Raulita, Silvana, Solene, Gizélia, Vitalina
e Joseci pelo apóio, carinho e torcida.
5



                               AGRADECIMENTOS


À Universidade do Estado da Bahia – UNEB - Departamento de Educação -
Campus VII – Senhor do Bonfim – BA, e a todos os professores e funcionários desta
instituição por oportunizar o conhecimento acadêmico e pelas amizades que
formamos no processo educativo quando aí estivemos.


Aos professores do Centro Experimental Rural de Torrões, pelas contribuições para
a realização da presente pesquisa.


A minha orientadora, a professora Maria Elizabeth Souza Gonçalves pela dedicação,
paciência e acima de tudo pela bela contribuição na construção desta pesquisa.


Aos meus queridos colegas do curso, pelo convívio, amizade e momentos de
diversão que vivenciamos.

Aos meus queridos colegas e amigos: Amanda Feitosa, Aurelina, Jeane Lola, Jacira
Lola,Valci, Cícero, Elaine   que comigo caminharam      deixando marcas de uma
grande amizade e saudades. Em especial aos meus colegas e amigos Eurides
Carneiro, Mayara Jatobá, Monica Simões, Robson Soares e Vilma Maria, pela forte
amizade que construímos a partir do convívio e dos trabalhos que realizamos.

E em geral, a todos que direta ou indiretamente contribuíram para essa conquista.
6




No contexto da educação escolar, a
disciplina Arte compõe o currículo
compartilhando com as demais
disciplinas    num      projeto    de
envolvimento individual e coletivo. O
professor de Arte, junto com os
demais docentes e através de um
trabalho formativo e informativo, tem
a possibilidade de contribuir para a
preparação     de   indivíduos    que
percebam melhor o mundo em que
vivem, saibam compreendê-lo e nele
possam atuar.


(Maria Heloísa C. de T. Ferraz)
7



                              LISTA DE FIGURAS


Figura 4.1.1 – Percentual quanto ao sexo.

Figura 4.1.2 – Percentual quanto à idade.

Figura 4.1.3 – Percentual quanto ao grau de escolaridade

Figura 4.1.4 - Percentual quanto a área de formação.

Figura 4.1.5 – Percentual quanto ao tempo de atuação na área da educação.

Figura 4.1.6 – Percentual quanto as fontes de pesquisa sobre a Arte.

Figura 4.1.7 – Percentual em relação as atividades mais aplicadas na disciplina Arte.

Figura 4.1.8 - Percentual em relação as compreensões dos professores sobre a
Arte.

Figura 4.1.9 – Percentual sobre os materiais utilizados no ensino da Arte.
8



                                                       SUMÁRIO


RESUMO................................................................................................................... 10

INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 11


1. CAPÍTULO I................................................................................................................. 14

2. CAPÍTULO II – FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA.................................................... 19


2.1. A arte de compreender/ compreensão............................................................... 19
2.2. Professor como mediador/ A relação professor e Arte....................................... 22
2.3. Com Arte também se aprende: a importância da Arte na escola como caminho
da aprendizagem...................................................................................................... 28
2.4. Ensino Fundamental I a base da escolaridade................................................. 36


3. CAPÍTULO III – METODOLOGIA.......................................................................... 41


3.1. Tipo de pesquisa .............................................................................................. 41
3.2. Lócus de pesquisa...............................................................................................43
3.3. Sujeitos da pesquisa......................................................................................... 43
3.4. Instrumentos de coleta de dados.............................................................,......... 44
3.4.1. Entrevista semi-estruturada............................................................................ 44
3.4.2. Observação..................................................................................................... 45
3.4.3. Questionário fechado...................................................................................... 46


4. CAPÍTULO IV – ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DOS RESULTADOS................ 48


4.1. Resultado do questionário fechado: o perfil dos sujeitos................................... 49

4.1.1. Sexo................................................................................................................ 49
4.1.2. Idade................................................................................................................ 49
4.1.3. Grau de escolaridade...................................................................................... 50
4.1.4. Área de formação............................................................................................ 51
9



4.1.5. Tempo de atuação na área da educação ...................................................... 52
4.1.6. Fontes de pesquisa sobre a Arte................................................................... 53
4.1.7. Atividades a mais aplicadas em relação a Arte............................................... 54
4.1.8. Visão dos professores sobre o ensino de Arte ............................................... 55
4.1.9. Utilização de materiais para o ensino de Arte ................................................ 56


4.2. RESULTADO DA ENTREVESTA SEMI ESTRUTURADA ............................... 57


4.2.1. Compreensão dos professores sobre a Arte.................................................. 58
4.2.2. O Ensino Fundamental e o ensino da Arte .................................................... 61
4.2.3. A prática educativa no ensino da Arte ........................................................... 65
4.2.4. A autonomia dos professores e o ensino da disciplina Arte .......................... 67
4.2.5. Materiais/ Recursos de apóio para o ensino da Arte...................................... 71


CONSIDERAÇÕES FINAIS...................................................................................... 74

REFERÊNCIA.......................................................................................................... 76


APÊNDICES............................................................................................................. 79
10



                                    RESUMO


A presente pesquisa tem por objetivo identificar as compreensões que os
professores da Escola Centro Experimental Rural de Torrões apresentam acerca do
ensino da Arte-educação no Fundamental I. Para o embasamento teórico da
pesquisas buscamos aporte nos seguintes autores: Morin (2005); Duarte júnior
(1996); Biasoli (1999); Barbosa (2008); Buoro (2003); Cunha (1994), entre outros tão
importantes para a construção deste trabalho, com contribuições significativas para
a nossa fundamentação auxiliando nossa busca. A abordagem metodológica
escolhida para o desenvolvimento dessa pesquisa é de cunho qualitativo, por
proporcionar o contato com os sujeitos e o local pesquisado, embora existam
elementos da pesquisa quantitativa por possuir dados estatísticos. Utilizamos para a
coleta de dados os seguintes instrumentos: questionário fechado, que traz o perfil
dos sujeitos; a observação, in lócus, e a entrevista semi-estrutura que contribuiu e
enriqueceu bastante a construção desse estudo, bem como, ampliou a nossa visão
das práticas com o ensino da Arte. Por meio desses instrumentos foi possível
identificar que a relação dos professores estabelecida com o ensino da Arte
necessita ser revisada, pois eles ainda se encontram presos ao modelo de educação
que trabalha a Arte com atividades voltadas para pinturas, desenhos estereotipados
sem muita reflexão, pois na maioria das vezes atividades educativas são realizadas
dentro de uma data específica, por exemplo, as famosas e tão relembradas datas
comemorativas. Nas considerações finais, destacamos a necessidade de formação
para educadores de Arte e uma aprendizagem mais significativa para os alunos.




Palavras-Chaves: Compreensões, Professores, Arte, Ensino fundamental I.
11



                                   INTRODUÇÃO


A educação até hoje é alvo de pesquisas e debates em prol de mudanças, que
venham contribuir melhorando a qualidade do ensino. A Arte como campo de
conhecimento, está dentro deste quadro carente de mudanças. Sabemos que a
escola é a instituição formal que tem em seu papel a responsabilidade de mediar e
socializar o conhecimento. Portanto entendemos que compete a escola oferecer
subsídios que possibilitem uma aprendizagem de qualidade para que ao educando
possa sentir-se parte do meio em que vive, reconhecendo entre as demais
disciplinas que a Arte lhe possibilita inserção no mundo.


Para tanto vale ressaltar que esse processo também depende de como a escola
oferece o ensino desta área do conhecimento que acompanha o ser humano desde
a sua existência, mais precisamente desde nosso antepassados, entendendo que a
Arte está totalmente ligada com a própria existência do aluno. Separá-los seria
desmembrar o aluno, fragmentando o seu saber, a compreensão de si mesmo.


Neste sentido o ensino da Arte nas escolas brasileiras, assim como toda a
educação, continua apresentando deficiências na qualidade como é oferecida.


Diante desta realidade, podemos afirmar que a realização da presente pesquisa,
teve como objetivo identificar as compreensões dos professores da Escola Centro
Experimental Rural de Torrões situada na cidade de Campo Formoso - BA, em
relação ao ensino da Arte no Ensino Fundamental I. Assim identificar as
compreensões é fundamental l para elucidá-las no sentido de promover reflexões
acerca do tipo de educação que estamos oferecendo. Quanto maior forem os
estudos oferecidos sobre a Arte, mais o cenário que ela vem ocupando será refletido
e estudado, dessa forma possibilitando a formação de cidadãos com uma visão
menos fragmentada do conhecimento, tornando-os sujeitos reflexivos, críticos e
participativos na sua cidadania.


A Arte inserida do contexto escolar promove a integração os conhecimentos e
realidade dos alunos, sua realidade local, respeitando e valorizando suas
12



especificidades, buscando dessa forma ver o aluno em sua totalidade. Assim vale
destacar a importância do ensino da Arte para o crescimento intelectual do aluno.


Por isso, a escolha do tema da pesquisa, emergiu das aulas apresentadas sobre a
Arte-educação no curso de Pedagogia, no qual tivemos a oportunidade de
compreender que a forma simplificada e a visão reducionistas que muitos
professores ainda apresentam, por terem sido vítimas de uma educação
colonizadora, interferem e provocam limitações das compreensões intelectuais dos
alunos, que por sua vês apresentando também dificuldades na relação e
aprendizagem desta área. É preciso romper com as barreiras que impedem que a
educação avance, especialmente a disciplina Arte.


Dessa forma, partindo do nosso objetivo que é identificar as compreensões das
professoras da Escola Centro Experimental de Torrões em relação ao ensino da Arte
no Ensino Fundamental I, nosso trabalho ficou assim evidenciado:


No I capítulo I, apresentamos o nosso problema trazendo também uma discussão
sobre o contexto histórico da Arte e sua importância e presença na vida dos ser
humano, pontuando a questões da influência colonizadora como fator negativo para
o campo da Arte, que até hoje é refletida nas escolas brasileiras.


No capítulo II, discutimos a temática, a partir dos nossos conceitos-chave
reforçando-a com a fala dos teóricos que retratam a importância da disciplina Arte
dentro do currículo para o crescimento intelectual dos alunos, na sequência, serão
também abordados o papel do professor frente ao processo da educação em Arte,
procurando reforçar através dessas reflexões teóricas, que a compreensão desses
educadores, poderá viabilizar ainda no ensino fundamental I o desejo pela Arte por
parte dos alunos. Ainda nesse capítulo pontuamos a necessidade do ensino da Arte
e o Ensino Fundamental I, como a base para a aprendizagem escolar do aluno.


No capítulo III, revelamos o caminho percorrido para a realização desta pesquisa,
com base em uma pesquisa qualitativa com elementos da quantitativa. Dentro deste
tópico apresentamos o perfil dos sujeitos, o lócus, e os instrumentos de coletas de
dados para o estudo que melhor definiria o objetivo em questão.
13



No capitulo IV, apresentamos a análise e interpretações dos resultados com o
auxílio do questionário fechado que traçou o perfil dos sujeitos, a aplicação da
entrevista semi-estruturada que nos permitiu entender as compreensões sobre o
ensino da Arte no fundamental I e por fim a observação que também possibilitou um
acesso mais próximo da realidade da instituição escolar escolhida para esta
pesquisa. Para reforçar os resultados aqui apresentados utilizamos os teóricos
necessários para esta discussão.


Nas considerações finais, pontuamos a evidente necessidade de educadores
formados na área da Arte, a fim de que se possa garantir no cenário educacional
brasileiro uma prática educativa, que viabilize um ensino de qualidade nesta área do
conhecimento, visto que suas compreensões sobre esta área ainda se apresenta
distanciadas da realidade.
14



                                      CAPÍTULO I


Para melhor compreender o sistema educativo que está entre nós e que nos é
oferecido, como também o ensino de Arte nas escolas, é importante relembrar que
este modelo educacional é fruto do processo de submissão do Brasil, que
consequentemente teve sua cultura originada através da transmissão da cultura
portuguesa enquanto colônia de Portugal, de forma que vivia-se e pensava-se os
valores europeus que em sua maioria nada tinha a ver com a nossa realidade, não
respeitando nossos modelos artísticos advindos das classes populares como
podemos destacar as manifestações artísticas populares. Para a classe popular a
educação era pautada para a preparação de mão-de-obra e não como um caminho
de aprendizagem, ficando pois a disposição da elite brasileira o “ direito” de decidir o
que seria adotado como educativo ou artístico pela população. A respeito disso
Duarte Junior ( 1994) coloca que:


                      Ao povo – sempre visto como ignorante e atrasada - reservava-se o ensino
                      voltado à produção de mão de obra (...) a Arte, considerada um luxo e
                      interpretada segundo ao cânones europeus, destinava-se à formação e ao
                      lazer das classe mais abastadas. Tais classes também nunca viram com
                      bons olhos as manifestações artísticas populares, consideradas “ primitivas”
                      e “ incultas” . O povo que não tinha acesso à arte da elite, também era
                      desencorajado e até reprimido em suas manifestações estéticas. Em tal
                      contexto é compreensível que a arte e a educação nunca fossem vistas
                      como fenômenos e complementares. Com uma invasão cultural entranhada
                      desde as suas origens, a cultura brasileira veio se ressentindo de sentidos e
                      valores genuinamente nacionais, procurando sustentar, através das elites,
                      valores importados de outras culturas que, consequentemente, não podiam
                      exprimir a vida concretamente vivida (p. 125 e126).



Como podemos perceber a nossa educação, em especial o ensino da Arte nas
escolas, teve em seu contexto a influência européia dominante e que ainda
influencia as práticas educativas, e o quanto sofreram o preconceito, em seu
processo inicial quando já existiam aqui no Brasil, artistas de origem popular com
potenciais artísticos considerados como aponta Barbosa (2005):


                      Nossos artistas, todos de origem popular, mestiços em sua maioria, eram
                      vistos pelas camadas superiores como simples artesãos, mas não só
                      quebraram a uniformidade do barroco de importação, jesuítico,
                      apresentando contribuição renovadora, como realizaram uma arte que já
                      poderíamos considerar como brasileira (p. 19).
15



Por vivermos em uma sociedade que cultivou e ainda cultiva os valores estéticos,
não podemos ignorar a arte, a mesma é inerente ao ser humano. Assim passamos a
compreendermos que afastando a arte do contato popular, alimentam também o
preconceito contra ela até hoje acentuada em nossa sociedade em especial nas
escolas, considerando-a muitas vezes como uma atividade supérflua, vista apenas
como um acessório da cultura destinada a população mais elitizada da sociedade.


Considerando a Arte como campo de aprendizagem e do conhecimento, que
contempla também o belo, o diferente, o novo, o real, o abstrato, fica evidente a
necessidade de incluí-la frequentemente em nossas atividades cotidianas, didáticas
de forma mais sensível e agradável; propícia à aprendizagem. Assim Duarte Júnior
(1994) nos diz que:


                      Não haveria problema algum em se propor uma presença mais sensível da
                      arte em nossas práticas educativas. Na verdade isto não interfereria em
                      coisa alguma. Não provocaria confusões institucionais ou políticas. Pelo
                      contrário, proporcionaria o desenvolvimento de uma função a mais (p. 12).


Dessa forma olhando para a educação pela perspectiva da Arte é possível perceber
que estamos envolvidos pelas várias manifestações de Arte, motivo pelo qual pensar
é arte é pensar em cultura. Diante do exposto é importante lembrar que desde o
início da história da humanidade, nota-se a presença da arte nas formações
culturais. Assim a arte permeia a existência humana desde os seus primórdios
quando estes durante a Pré-história deixavam expostos desenhos que retratavam
atividades realizadas por eles no seu cotidiano com a capacidade de ensinar para o
outro o que faziam. Assim o ensino e a aprendizagem da arte fazem parte do
conhecimento que envolve a produção artística em todos os tempos. O homem
através da imaginação é capaz de construir o seu mundo podendo expressa-lo de
várias formas. Segundo Farias (1999):


                      O homem, que é entre os animais o único que possui a dimensão simbólica
                      a palavra, tem na linguagem o instrumento básico de ordenação e
                      significação do mundo. O homem é o único ser que tem consciência de
                      outras dimensões e outros tempos. A radical diferença entre o homem e os
                      outros animais é a sua consciência reflexiva, simbólica (p.68).


Hoje sabemos o quanto são essenciais informações deixadas nas cavernas, nas
pedras pelos primatas.
16




No contexto escolar em especial na educação fundamental o descaso com a
disciplina de Arte é bastante nítida quando paramos para observar as formas em
que os professores trabalham em sala de aula, geralmente aplicando-a em datas
comemorativas, não sendo compreendida como campo de conhecimento. Nesse
contexto Barbosa (2005) afirma que:


                     As referências que se encontram sobre Arte na escola e seu ensino são
                     pouco freqüentes, esparsas e excessivamente gerais. Mesmo aqueles que
                     têm refletido com maior agudeza sobre nossos problemas educacionais
                     quase sempre deixam de lado o ensino da Arte (p.13).


Diante disso é importante salientar que é por intermédio da Arte que o educando
consegue ampliar a sensibilidade, a percepção, a reflexão e a imaginação, quando
esta realiza formas artísticas, como também na ação de apreciar e conhecer as
forma s produzidas por ele pelos colegas cabendo aí a participação fundamental do
professor do ensino fundamental nas realizações significativas das atividades
propostas buscando despertar o potencial artístico de cada um em sala de aula.
Diante disso Duarte júnior (1994) coloca que:


                     Permitindo à criança uma organização de suas experiências: a Arte
                     possibilita-lhe, consequentemente, uma maior autocompreensão. Através
                     de seu trabalho ela pode, de certa forma, ver-se “ de fora” já que existe (...)
                     uma identificação sua com aquilo que ela produz (p.113).


Nessa perspectiva não se pode negar ao aluno em seu processo de escolarização a
aproximação e o contato com Arte que é indispensável para sua aprendizagem, para
que ela possa tirar tudo o quanto a Arte suscita, abrindo espaço par que seja capaz
de criar, sentir, perceber.O professor na sua prática educativa precisa contextualizar,
ou seja, educar diante da realidade que os alunos estão inseridos, não impondo
gostos como modelo padrão, mas enaltecendo os conhecimentos que eles já tem.
Quando a escola não valoriza a contextualização, quando esta não atribui valor ou
atenção para o ensino artístico, ocorre a descontextualizarão abrindo campo para a
colonização, opressão e exploração. De acordo com a afirmação citada Duarte
Júnior (1980), afirma que:


                     Em primeiro lugar, a atividade artística da criança apresenta o sentido de
                     organização de suas experiências. Desenhando, pintando, esculpindo,
17



                     jogando papéis dramáticos, etc, a criança seleciona os aspectos de suas
                     experiências que ela vê como importantes, articulando-os e integrando-os
                     num todo significativo (p.112).


A Arte sofreu e ainda sofre preconceitos, muitas vezes decorrentes da incipiente
formação docente. A realidade é que a educação brasileira ainda continua resistente
ao diferente, ao inovador, por que para muitos o tratamento com rte na escola exige
interesse do professor    e que este abrace o caminho que deseja seguir tendo
compromisso com um projeto educativo, com um currículo que contemple as quês
toes artísticas. A respeito disso Dehelnzelin (1994) afirma: “ para que o professor
tenha domínio de sua arte, necessita de um currículo que seja para ele um
instrumento, assim como a tela e os pincéis são instrumentos para o pintor (p.15)” .


De acordo com afirmação fica evidente a importância do papel do professor que
tenha intimidade com arte baseado em um currículo eficaz significativo que visem
contemplar as experiências e conhecimentos que as crianças já têm consigo. A
prática educativa e significativa envolvendo a arte possibilita o desenvolvimento de
habilidades como valores, respeito, amizade, e a escola como mediadora do
conhecimento precisa estar inovando seus métodos podendo contribuir para uma
educação transformadora.


Diante do contexto abordado e dessa realidade comum a muitas escolas que ainda
empregam a Arte de forma superficial, nota-se que permanece ainda em muitos
casos a visão reducionista desta disciplina. Assim Farias (1999) vem nos afirmando
essa realidade quando noz diz que:


                     No ambiente escolar educacional é comum a referência às diferenças entre
                     aulas de arte e as aulas “ mais sérias” . A medida em que o aluno vai
                     avançando nas séries, a escola vai gradativamente retirando dos programas
                     o aspecto lúdico que poderia estar presente no processo educativo. Com
                     isso, as atividades que envolvem a expressão artística, a dinâmica corporal
                     e até mesmo a experiência estética vão tomando os últimos lugares na
                     escola de prioridade dentro dos currículos (p. 67).


Diante do que foi exposto aqui, surge assim a nossa questão de pesquisa: Quais as
compreensões dos professores da Escola Centro Experimental Rural de Torrões em
relação ao ensino de Arte no Ensino Fundamental I?
18



A presente pesquisa tem como objetivo: identificar as compreensões dos
professores da Escola Centro Experimental Rural de Torrões em relação ao ensino
de Arte-Educação no Ensino Fundamental I.


Assim essa pesquisa poderá ser relevante por contribuir para a compreensão e
reconhecimento dos professores sobre a importância do trabalho com o ensino da
Arte nos espaços escolares, podendo auxiliar em suas práticas em sala de aula. O
estudo sobre a arte é importante porque nos ajuda a refletir com ela está sendo
encarado nas escolas de um modo geral e a parir daí analisar de que forma
podemos fazer diferente quando estivermos em sala de aula procurando evidenciar
mais o potencial que a arte é capaz de desenvolver nos indivíduos quando bem
aplicada.
19



                                    CAPÍTULO II


                           2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

A partir da problemática apresentada na presente pesquisa temos com objetivo
identificar as compreensões que os professores da Escola Centro Experimental
Rural de Torrões situada em Campo Formoso- BA, apresentam sobre a o ensino da
Arte-educação no Fundamental I. Dessa forma trataremos aqui dos referenciais
teóricos que tratam da presente temática. Para tal realização apresentamos as
articulações norteadas pelos respectivos conceitos-chave: Compreensão - Arte-
Educação - Professores – Educação Fundamental I.


2.1. A Arte de compreender / compreensão:


Enquanto seres humanos necessitamos de conhecimentos que nos possibilitem um
melhor compreensão do mundo e de todo o contexto ao qual estamos inseridos.
Neste sentido a nossa compreensão torna-se um suporte importante e necessário
que nos conduzirá a informações que irão nos ajudar a interpretar o mundo ajuda-
nos a perceber melhor toda a realidade ou pelo menos parte dela. E quando
dominamos esta compreensão entendemos que compreender, não está associado
somente ao aprender, mas também ao ato de ensinar. Pois de posse de
conhecimentos    somos     capazes      de     transferir    aquilo     que     sabemos       ou
compreendemos a outros sujeitos.


Assim compreender não é apenas, por exemplo, descobrir uma lei, um princípio que
regulamente um acontecimento, mas chegar a característica do comportamento dos
indivíduos diante do outro, como também da natureza e do tempo. Ainda nesse
contexto Silva (2005) afirma que compreender refere-se á:


                    Possibilidade de organizar o mundo e as coisas e constitui um estado
                    básico da existência do ser-do-homem. Dessa forma não deverá haver um
                    gesto humano, uma palavra, um silêncio que não tenham um significado
                    que se torna visível por si só; na maioria das vezes, este significado tornar-
                    se visível através da compreensão (p. 27).
20



Segundo Silva ( 2005, p.26 ) “ Compreensão refere-se à potencialidade de ser e de
conhecer aquilo que se é capaz” . Compreensão aí não se refere apenas ao estar
preparado para fazer ou dirigir alguma coisa a ser competente para algo, ele tem
sentido amplo, sendo que este saber do que é capaz não é apenas resultado de
uma autopercepção, mas é o resultado de um estado de consciência, ou seja, uma
consciência presente.


O que se está sempre presente na compreensão é a possibilidade de interpretação,
como também a possibilidade de apropriação e de apreensão de tudo aquilo que foi
compreendido pelo indivíduo. Diante da afirmação Silva (2005) salienta que:


                     Compreender é assim a intenção total, não apenas assumir o que as coisas
                     representam, o seu simbolismo, as suas propriedades, mas o modo
                     específico de existir das coisas que se expressam na composição do texto,
                     nas idéias que se desvelam, no pensamento do autor do texto (p.26).


Morin ( 2005 ) afirma que:


                     A compreensão é ao mesmo tempo meio e fim. Dada a importância da
                     educação para a compreensão, em todos os níveis educativos e em todas
                     as idades, o desenvolvimento da compreensão necessita de reforma
                     planetária das mentalidades. Esse deve ser a tarefa da educação do futuro
                     (p. 104).


Com a afirmação percebe-se que o ato de compreender está sendo associado a
educação do futuro e que não só os professores, mas todos devem compreender as
potencialidades dos alunos e procurar estimulá-las afim de expressarem suas
capacidades.


Morin (2005, p.95) diz que: “ A compreensão humana vai além da explicação. A
explicação é bastante para a compreensão intelectual ou objetivo das coisas
anônimas ou materiais, é suficiente para compreensão humana” .


A instituição escolar é a mediadora de conhecimentos e oportunidades, pois nela o
ato de pensar e refletir são desenvolvido. O desenvolvimento de compreensão
permite ao aluno a aproximação e domínio da realidade, atraindo-o para intervir de
forma eficaz na mesma. Ainda nesse contexto Morin (2005), destaca que a
compreensão é uma das finalidades da educação do futuro. Educar para
21



compreender uma disciplina, dentro, de um realidade, envolvendo vários conceitos,
é educação interdisciplinar.


                     Permitir que o aluno compreenda o que faz depende, em boa medida, de
                     que seu professor ou professora seja capaz de ajudá-lo a compreender, dar
                     sentido ao que tem entre as mãos; quer dizer, depende de como se
                     apresenta, de como tenta motivá-lo, na medida em que lhe faz sentir que
                     sua contribuição será necessária para aprender (ZABALA, 1998; p. 91).


Analisando a fala do autor percebe-se que o papel do professor é fundamental para
o crescimento do aluno, que será orientado a entender e dar sentido naquilo que
realiza em sala de aula.


È a compreensão do outro e o respeito que nos tira do centro do universo e nos
deixa perceber que os obstáculos à compreensão são múltiplos e multiformes. Mas
só pela compreensão humana é que se transpõem as barreiras que existem.


Vaz (1991, p.27) nos diz que: “ o educador, mais comprometido com seu papel social
– ponte entre a criança e a sociedade – preocupa-se com o tipo de relação que
estará sendo desenvolvida com a criança” .


Cabe aos professores compreender a importância dessa área do conhecimento que
é por muitos, taxada como “ boba” , mas que diante da necessidade que as crianças
tem de compreender-se no mundo e os fatores das suas realidades vivenciadas
conceberá a ela uma educação com função transformadora, norteada pelas
oportunidades de expressão livres que poderão ter no desenrolar das aulas
artísticas.


Nesta mesma compreensão Ferraz (2009), argumenta que:


                     os estudantes têm o direito de contar com professores que estudem arte
                     vinculada à vida pessoal, regional, nacional e internacional (...) o professor
                     de arte precisa saber o alcance de sua ação profissional (...) é um dos
                     responsáveis pelo sucesso desse processo transformador, ao ajudar os
                     alunos a melhorarem suas sensilbilidades e saberes práticos e teóricos em
                     arte (p. 51).
22



O autor aponta que quando o professor apresenta uma compreensão do real valor
significativo que a disciplina Arte tem na educação, o trabalho com os alunos fica
mais envolvente, abrindo o olhar, a sensibilidade e a capacidade artística do
educando, incentivando o desenvolvimento da sua capacidade crítica e criadora, e a
partir daí estabelecer relação do novo com o que já faz parte do seu mundo,
levando-o a produzir, lê, apreciar e compreender o mundo que o cerca. O professor
necessita perceber que o educando reflete suas expressões artísticas nas suas
atitudes mais simples e compreendendo-a, ele irá focalizar especialmente todo o
saber que este traz de casa e fará desses conhecimentos subsídios para sua prática
em sala de aula, sistematizando com toda a turma as experiências de cada um,
estabelecendo assim momentos de trocas com os colegas.


2.2. Professor como mediador / A relação professor e a Arte


Todo professor em sala de aula deve ter em mente que se tornará responsável pela
criação de um contexto favorável para a construção do saber, cabendo a ele uma
tarefa muito importante que é de acompanhar o avanço do aluno diante do que está
sendo sistematizado na escola.


Para melhor definir professor, Ferreira (2001, p. 596) conceitua professor dizendo
que: “ professor é aquele que professa ou ensina uma ciência, uma arte, técnica,
mestre, aquele que professa publicamente as verdades” .


Entende-se que educar é saber escutar, dialogar é ensinar a pensar certo, sabendo
que pensar certo é pensar criticamente, ou seja, não só transferir conhecimento.
Sobre isso Freire (1996, p.52) afirma: “ Saber que ensinar não é transferir
conhecimento, mas criar as possibilidades para a sua própria produção ou a sua
construção” . Neste sentido o professor exercendo o seu trabalho perceberá a sua
tarefa enquanto educador, que sempre estará buscando criar possibilidade para o
nascimento e crescimento do saber.


Martins (1997) vêm nos falando a respeito e coloca que:
23



                     O professor em sala de aula instrui, explica, informa, questiona e corrige o
                     aluno, fazendo-o explicar seus conceitos espontâneos. A ajuda do adulto
                     permite a criança resolver mais cedo os problemas complexos que não
                     poderia enfrentar se fosse deixada à mercê da vida cotidiana. Assim as
                     experiências das crianças, mais notadamente as que se dão de forma
                     sistemática no mundo escolar, parecem implicar mais desenvolvimento e
                     maior conhecimento sobre a realidade física e social (p.120).


Freire (1996) ainda nos diz que em seu papel, o educador não só ensina conteúdos,
mas auxilia o desenvolvimento da consciência dos alunos diante daquilo que lhe é
transmitido dentro e fora da escola. Assim percebe-se que o professor aí tem em
seu ofício o papel de formador de opiniões.


O papel do professor está cada vez mais complexo, pois não se admite apenas
conhecer as matérias em que vai atuar, é preciso saber atuar, conhecendo a
realidade em que ele e os alunos vivem, conhecer didática, ter amor, compromisso e
responsabilidade no que se faz. Sobre isso, Dehelnzelin (1994) nos diz que:


                     A conduta do professor, ao propor atividades artísticas, deve
                     proporcionar as crianças experiências significativas, desde que estas
                     não impliquem a perda da inocência infantil, caracterizada por uma
                     propulsão desbravadora sempre em ação (p.125).


Em comentário a essa questão Demo, (1995) enfatiza que: “o papel do professor
básico precisa mudar de situação atual marcada pela mera transmissão copiada de
conhecimento, mero intermediário repassador, para a condição, ativa, dinâmica de
(re) construtor de conhecimento (p.10)” .


O professor precisa refletir sobre suas formas de atuação profissional, diante da
sociedade, pois os mesmos são levados a definir seus papéis e suas funções em
uma sociedade em transformação que questiona valores.


Mizukami (1986), afirma:


                     Um professor que esteja engajado numa prática transformadora procurará
                     desmistificar e questionar com os alunos, com a cultura dominante,
                     valorizando a linguagem e a cultura deste, criando condições para que cada
                     um deles analise seu contexto e produza cultura (...). O professor procurará
                     criar condições para que, juntamente com os alunos, a consciência ingênua
                     seja superada (p. 83).
24



O professor em sua prática educativa, também precisa ter um cuidado especial e
perceber que cada educando aprende de forma diferente, dentro da sua
individualidade a cada trabalho realizado, permitindo assim que sintam-se seguros
em suas produções e desempenho. O primeiro olhar do educador que irá trabalhar
com arte deve voltar-se para a cultura local. As práticas educativas em sala de aula,
precisam priorizar saberes artísticos da região onde se encontra a escola, dessa
forma aprecia-se a manifestação artística livre ou espontânea de uma cultura,
promovendo um espaço intramuros escolar.


No dizer sempre expressivo de Mahoney (2006):


                     (...) o professor não só é o mediador entre a cultura e o aluno, mas é o
                     representante da cultura para o aluno. Na relação professor-aluno, é ele que
                     acaba selecionando entre os saberes e os materiais culturais disponíveis
                     em dado momento, bem como tornando ou não esses saberes efetivamente
                     transmissíveis; é ela que faz a aproximação do aluno com a cultura de sua
                     época (p.80 - 81).


O autor assinala ainda que a influência da escola na vida do educando é bastante
evidente destacando que deverá ser o centro de divulgação da cultura em diversas
áreas. Sobre essa questão Ferraço (2008), pontua que:


                     Cada escola, cada sala de aula, cada grupo de alunos/as, e de
                     educadores/as, fazem história e , dessa forma, o patrimônio cultural
                     presente não pode ser desconsiderado sob pena de mutilar a atividade
                     docente. No chão da escola, manifestam-se diferentes interesses, histórias
                     de vida, expectativas, ou seja, numa escola, há diferente currículos reais
                     sendo tecidos nesses grupos (p.79).


No cenário atual, muitos professores que hoje atuam em sala de aula, quando
alunos de séries iniciais não tiveram a oportunidade de terem seus saberes locais
validados, tiveram pois, suas vivências negadas ou silenciadas no seu cotidiano
escolar, como também sofreram a priorização de conteúdos distanciados de suas
vivências, o que refletiu na sua postura profissional atual principalmente no campo
da Arte. Por isso faz-se necessário uma conduta contrária ao de seu tempo,
buscando uma postura mais próxima da realidade do aluno.


Diante disso vale salientar que no contexto que envolve os professores, há um
sentimento angustiante, que os leva a refletirem sobre qual é o seu verdadeiro papel
25



na escola, já que o público de educandos, antes submissos e disponíveis para
aprender o que lhe era exigido já não se encontra da mesma forma. Isso acontece
por que o modelo de aluno que temos hoje ocupa um outro espaço no mundo, as
exigências, as curiosidades, as necessidades, as percepções são outras
diferenciam-se das nossas, daquelas que nos foram cobradas. A partir daí
percebemos que o professor de hoje precisa adequar-se ao novo aluno que recebe
em sua sala de aula. Mesmo que os professores não tenham tido a chance ou o
direito de liberdade não justifica uma prática de limitações. Mas uma prática que
garanta um fazer pedagógico mais eficaz.


                     Enquanto não construirmos um novo sentido para a nossa profissão,
                     sentido este que está ligado à própria função da escola na sociedade
                     aprendente, esse vazio, essa perplexidade, essa crise, deverão continuar.
                     Em sua essência, ser professor hoje não é nem mais difícil nem mais fácil
                     do que era décadas atrás. É diferente. Diante da velocidade com que a
                     informação se desloca, envelhece e morre, diante de um mundo em
                     constante mudança, seu papel vem mudando, senão na essencial tarefa de
                     educar, pelo menos na tarefa de ensinar, de conduzir a aprendizagem e na
                     sua própria formação que se tornou permanentemente necessária
                     (GADOTTI, 2007;p.63 e 64).


O autor continua e argumenta explicando que a docência:

                     é uma atividade baseada em perguntas. Por isso não é uma atividade
                     rotineira. Cada dia é uma surpresa. Cada dia o ser humano é diferente (...).
                     Por isso, a docência é, também, uma atividade de reencantamento
                     permanente. (GADOTTI, 2007; p.55 e 56):


Diante da fala do autor percebemos que o educador precisa desenvolver uma
postura ativa, indagadora, reflexiva, criativa, socializadora, e assim o envolvimento
do professor contribuirá na realização de atividades mais agradáveis. O professor
necessita de um espaço de reconhecimento dentro da escola e formação na área
que está atuando. Sobre isso Fonseca (2007) afirma que: “ a atuação do professor
em sua sala de aula, e suas reflexões sobre a própria docência irá contribuir para a
compreensão da prática educativa” (p. 86).


Por isso Cunha (1994) explica que: “ o fato do professor ter tido uma educação
autoritária e punitiva pode fazê-lo tentar repelir esta forma no seu cotidiano docente,
mas pode também, levá-lo a repetir esta prática” (p.36).
26



Portanto é válido colocar, que ao contrário de uma educação punitiva e autoritária, a
postura de um professor que trabalha com Arte ou qualquer outra disciplina precisa
estar voltada para a mediação e aproximação dos educandos com a diversidade que
a Arte oferece, entendendo que só através desse contato, os alunos perceberão
uma educação significativa, caso contrário estará acontecendo uma educação de
adestramento.

                      Por sua vez criar o espaço de compreensão comum requer um
                      compromisso de participação por parte dos alunos/as e do professor num
                      processo aberto de comunicação. (...) os alunos devem participar na aula
                      trazendo tanto seus conhecimentos e concepções como seus interesses
                      preocupações e desejos, envolvidos num processo vivo, em que o jogo de
                      interações, conquistas e concepções provoque, como em qualquer outro
                      âmbito da vida, o enriquecimento mútuo (SACRISTÁN, 1998; p. 64).


Deste modo se o educando for considerado e visto como ser capaz de criar, ele
poderá receber as estimulações para expressar-se artisticamente. O aluno traz
dentro de si, um mundo de imaginação e criatividade, que precisa ser expresso.
Assim o professor não pode esquecer que aquele aluno que estar entre 4 paredes
de uma sala de aula, também aprende e detém em suas vivências um mundo
recheado de informações artísticas. Sobre isso Freire (1996) nos afirma que:


                      É preciso que, pelo contrário, desde os começos do processo, vá ficando
                      cada vez mais claro que, embora diferentes entre si, quem forma se forma e
                      re-forma ao formar e quem é formado forma-se e forma ao ser formado. É
                      neste sentido que ensinar não é transferir conhecimentos, conteúdos nem
                      formar é ação pela qual o sujeito criador dá forma, estilo ou alma a um
                      corpo indeciso e acomodado. Não há docência sem discência, as duas se
                      explicam e seus sujeitos apesar das diferenças que os conotam, não de
                      reduzem à condição de objeto, um do outro. Quem ensina aprende ao
                      ensinar e quem aprende ensina ao aprender (p.23).


A partir daí percebe-se que é fundamental ao professor, superar a condição de mero
transmissor de conhecimentos prontos e acabado, permitindo ao aluno elabore suas
próprias idéias. Nessa perspectiva, é preciso que cada professor comprometa-se
não apenas com questões relacionadas com suas disciplinas, isoladamente
deixando de lado as demais que julga menos importante como acontece com a
disciplina Arte em muitas escolas. Pelo contrário, todas as disciplinas são
importantes e fazem parte do coletivo da escola, que pensa tanto os conteúdos
disciplinares de forma integrada, como também outros aspectos formativos,
relacionados à instituição escolar.
27



Ser educador em tempo de mudanças torna-se uma tarefa árdua e ao mesmo tempo
exigente nos dias atuais. Neste sentido podemos destacar que no cenário da
educação, outro fator que está em questão é a desvalorização de algumas
disciplinas, caracterizando assim um cenário de discriminação em relação a algumas
e o enaltecimento de outras. Como exemplo, podemos destacar a forma como a
disciplina de Arte se destaca neste aspecto, quando esta área é colocada em
segundo plano com a perpetuação de trabalhos sem criatividade e desinteressantes
para os alunos. Caindo sobre ela a rotulação de disciplina de lazer, diversão,
descanso,   tudo,   menos     como     área    de    conhecimento       fundamental      para
aprendizagem cultural dos aluno.


Para tanto Buoro (2003) afirma que: “ é necessário realizar um trabalho significativo,
compromissado com a qualidade e melhoria da Arte na Educação (...)” (p.38).
Partindo dessas discussões, fica claro que é importante o desenvolvimento de
trabalhos voltados para uma prática envolvente que enalteça o potencial tanto da
disciplina como do professor que atua com ela, para que se possa também estar
oferecendo conhecimentos propícios ao crescimento do aluno.


O professor que atua dentro da área de Arte necessita ter convicção da metodologia
que irá contemplar o saber dos seus alunos, visando o sucesso e guiando as
atividades e garantindo informações que lhe serão úteis no processo de
aproximação e apropriação das diversas linguagens artísticas.


Neste sentido Ferraz (2009) enfatiza dizendo que “ (...) o professor de arte é um dos
responsáveis pelo sucesso desse processo transformador, ao ajudar os alunos a
melhorarem suas sensibilidades e saberes práticos e teóricos em arte” (p.51). O
autor ainda acrescenta que para:


                     o desenvolvimento de um bom trabalho envolvendo a arte, o professor
                     precisará compreender os conhecimentos que o aluno já traz sobre a arte e
                     também suas outras necessidade destaca que“ para desenvolver um bom
                     trabalho de Arte o professor precisa descobrir quais são os interesse,
                     vivências, linguagens, modos de conhecimento de arte e práticas de vida de
                     seus alunos (Ferraz (2009; p. 71).
28



Partir de temáticas retiradas da realidade concretas dos alunos são práticas que o
professor precisa garantir para que de fato se tenha uma educação que valorize as
competências artísticas dos educandos. Barbosa (2008) destaca que: “ Somente a
ação inteligente e empática do professor pode tornar a Arte ingrediente essencial
para favorecer o crescimento individual e o comportamento de cidadão como fruidor
de cultura e conhecedor da construção de sua própria nação (p.14)”.


O professor de arte, não precisa ser um artista para desenvolver seu trabalho, mas é
importante que ele, enquanto mediador desta área do de conhecimento organize-se
a cerca do que vai ser aplicado, para não correr o risco de passar atividades sem
sentido nenhum para a turma e isso implica também um trabalho voltado para o
campo da pesquisa fora da instituição escolar, necessitando aí de tempo para a
busca de novos conhecimentos onde ele possa estar oferecendo outras fontes de
informações da área que trabalha. Sobre outras fontes de informações ou espaços
de pesquisa. Barbosa (2008) continua afirmando que:


                     O professor precisa de tempo e de recursos para pesquisa. O professor de
                     Arte precisa sair da sala de aula e interagir com os espaços culturais,
                     museus, bibliotecas e outras instituições que produzem e veiculam os bens
                     culturais. Precisa se conectar as redes de informação. Precisa buscar o
                     conhecimento com seus alunos aonde ele se encontra (p.158).


O professor que reconhece o papel de sua disciplina na vida do educando, cumpre
seu dever, tem segurança, habilidade e flexibilidade com os outros saberes,
dificilmente irá encontrar barreiras para a sua atuação docente. Os professores que
trabalham com a arte-educação, necessitam de informações diversificadas que
venham contemplar e desafiar o educando em suas potencialidades.


2.3. Com Arte também se aprende: A importância da Arte na escola como
caminho da aprendizagem.


Sendo a arte uma área que está ligada ao ser humano desde seus tempos mais
remotos, percebe-se então que a sua inserção na vida do aluno é fundamental, e a
escola está aberta ao oferecer o espaço repensando assim um trabalho escolar
firme, no qual o aluno possa encontrar meios para o seu desenvolvimento por meio
dos conhecimentos estéticos e artísticos que ele já possui.
29



Nas palavras de Ferraz (2009): “ A Educação através da Arte é na verdade, um
movimento educativo e cultural que busca a constituição de um ser humano
completo, total, dentro dos moldes do pensamento idealista e democrático (p. 17)” .

Segundo o autor a Arte-Educação representa um movimento na busca de outros
métodos para o ensino de arte nos espaços escolares. Essa é, também, a
compreensão de Biasoli (1999) que vai ainda mais longe e nos diz que:


                     A arte-educação constituiu, no Brasil, um movimento surgido no final da
                     década de 1970, organizado fora da educação escolar, que buscava novas
                     metodologias de ensino e aprendizagem da arte nas escola por meio de
                     uma concepção de ensino de arte com base numa ação educativa mais
                     criadora, mais ativa e que envolvesse o aluno de forma mais direta, mais
                     concreta (P. 87).


O autor em suas colocações fala do envolvimento direto do educando com o
conhecimento da Arte, partindo de metodologias propostas pelo professor que
possibilitem um trabalho mais concreto.


Nas palavras de Buoro (2003), ele nos esclarece que:

                     Embora o ensino de Arte esteja previsto por lei na escola brasileira desde o
                     início da década de 70, sua história é muito mais longa do que o registro
                     oficial indica, perfazendo um percurso enriquecido pelas diversas teorias de
                     ensino que impulsionaram os professores á procura de novos caminhos na
                     reestruturação de seu trabalho educacional (p. 47)” .


Buscando definir Arte, Ferreira (2001), destaca que: A Arte possibilita a
sensibilidade, e reforça que atividades que contemplam a pintura, a música, a
dança, a representação teatral, a escultura entre outras formas artística aguçam e
provocam sensações diferentes nas pessoas.


Ao nos reportarmos sobre a Arte, percebe-se que a mesma está em toda a parte. Na
verdade a sociedade humana inspira e expira Arte, dessa forma fica a questão:
como ignorá-la se a mesma está inserida em todo o espaço sócio-cultural? Não
podemos ignorar algo que está intrínseco em nosso ser. O homem desde os tempos
mais remotos, no período pré-histórico/ paleolítico sentiu a necessidade de se
expressar e para isso registrou desenhos nas paredes das cavernas, muitas vezes
cenas do seu próprio cotidiano demonstrando assim, pela utilização de sua arte,
30



informações para explicar ou até mesmo para exprimir algum ritual de seu povo,
ficando evidente a   presença da arte desde as cavernas. De acordo com essa
afirmação Buoro (2003) coloca que:


                     Uma das primeiras referências da existência humana na Terra aparece nas
                     imagens desenhadas nas cavernas, que hoje chamamos de imagens
                     artísticas. Neste sentido, pode-se dizer que a Arte está presente no mundo
                     desde que o homem é homem (p.19).


De acordo com a fala do autor convém notar que a arte permeia a existência
humana e que não há como ignorá-la, pelo contrário, devemos colocá-la como parte
da nossa existência para que através dela seja possível entendermos a nossa
própria origem. Assim: “ A Arte evidencia sempre o momento histórico do homem.
Cada época, com suas características, contando o seu momento de vida, faz um
percurso próprio na representação, como questão de sobrevivência (BUORO, 2003;
p. 25)” .


Ainda sobre esta afirmação Buoro (2003) nos diz que:


                      A arte, portanto, se faz presente, desde as primeiras manifestações de que
                     se tem conhecimento, como linguagem, produto da relação homem/mundo
                     (...) neste sentido, não existe o homem puro, o ser biológico separado de
                     suas especificidades psicológicas, sociais e culturais. Cada uma dessas
                     especificidades está presente e sempre esteve na vida humana, e é por
                     meio delas que desde os tempos mais remotos o homem foi se
                     relacionando com a natureza e com o mundo ao seu redor, construindo as
                     possibilidades de sua sobrevivência e desenvolvimento. Por isso a Arte é
                     uma forma de o homem entender o contexto ao seu redor e relacionar-se
                     com ele. O conhecimento do meio é básico para a sobrevivência, e
                     representá-lo faz parte do próprio processo pelo qual o ser humano amplia
                     seu saber (p. 20).


Nesta perspectiva compreende-se então que o homem permanece ligado a esse
campo de conhecimento que contempla o fazer, existir, o exprimir e o sentir humano.


A respeito disso Ferraz (2009) coloca que: “observando-se as produções artísticas
desde os primórdios, nota-se que elas se relacionam com a própria vida humana,
com a sua realidade social, construtiva e com a comunidade na qual se insere
(p.122)” .


O autor reforça nos dizendo que:
31



                     A arte é uma das mais inquietantes e eloqüentes produções do homem.
                     Arte como técnica, lazer, derivativo existencial, processo intuitivo,
                     genialidade, comunicação, expressão, são variantes do conhecimento arte
                     que fazem parte de nosso universo conceitual, estreitamente ligado ao
                     sentimento de humanidade (p.101)” .


Diante das colocações dos autores, percebe-se a importância que a arte tem no
contexto sócio-cultural da sociedade, e o quanto o estudo, sobre essa área de
conhecimento resgata as diferentes culturas presentes no mundo. Tal grau de
importância é atribuída ao campo da arte e é defendida por Coli (1947) quando nos
diz que:
                     A arte são certas manifestações da atividade humana diante das quais
                     nosso sentimento é admirativo, isto é: nossa cultura possui uma noção que
                     domina solidamente algumas de suas atividades e as privilegia (...) ela nos
                     ensina muito sobre o nosso próprio universo, de um modo específico, que
                     não passa pelo discurso pedagógico, mas por um contato contínuo, por uma
                     freqüentação que refina nosso espírito (p.113).


Nesta visão o autor pontua que a Arte contribui para a compreensão do mundo de
forma a situar o homem no tempo e espaço que ocupa, evidenciando assim, a
importância de seu estudo que ao mesmo tempo pode contribuir esclarecendo as
variadas culturas existentes. Diante do contexto abordado sobre a Arte, percebemos
que ela como disciplina dentro da escola, contribui para o resgate pessoal e social
do indivíduo, na medida que a sua cultura, sua história, venha ser lembrada por
meio de atividades que viabilizem esses momentos de socialização, descobertas,
debates e exposição de suas vivências.


Neste sentido Duarte júnior (1996) pontua que: “ (...) a arte é um fenômeno presente
em todas as culturas (p.4)” . O referido autor destaca em sua fala que a arte é um
fator comum presente em todas as culturas, tanto nas mais atuais quanto nas mais
antigas, do homem pré-histórico ao mais “ civilizado” enfatizando que todos os
modelos de cultura sempre produziu arte e que esta nos acompanha desde as
cavernas.
                     A arte é sempre produto de uma cultura e de um determinado período
                     histórico. Nela se expressam os sentimentos de um povo com relação às
                     questões humanas, como são interpretadas e vividas em seu ambiente e
                     em sua época. Através da arte temos acesso a essa dimensão da vida
                     cultural (...) (DUARTE JÚNIOR,1994; p.18).

Infelizmente na história da cultura brasileira há marcas do processo de dominação e
da grande influência de modelos culturais europeus que foram colocados como
32



referências superiores a nossa. É preciso insistir no fato de que isso aconteceu
desde a educação colonizadora também européia que exerceu um forte domínio,
impondo sua cultura e reforçando o preconceito com a arte local brasileira, e
conseqüentemente ignorando-a. Em comentário a essa questão, o autor aponta que:


                    Historicamente sempre tivemos aqui a educação do colonizador, isto é,
                    aquela que despreza as condições específicas da terra e procura impor a
                    visão de mundo que interessa às minorias dominantes copiávamos (e
                    copiamos) modelos de “ desenvolvimento” baseados em experiências de
                    outras culturas e que, ao serem transplantados para cá, sofrem sérias
                    distorções, gerando verdadeiros descalabros, especialmente educacionais
                    (DUARTE JÚNIOR,1996; P. 77).


Dessa forma vale acrescentar que esse domínio como já foi dito, atingiu também a
arte que já se fazia presente na educação, tida como artigo de luxo destinada
apenas as elites mas não chegando a todos com a valorização merecida, pois:


                    neste sentido a arte sempre foi vista como “ artigo de luxo” , como um
                    “acessório” cultural: coisa de desocupados. O verdadeiro ensino da arte foi
                    reservado apenas às horas de ócio das classes superiores, dando-se
                    apenas nos “ conservatórios” e academias particulares (DUARTE
                    JÚNIOR,1996; P. 77).


Na compreensão de Duarte Júnior (1996) é preciso ter muito cuidado ao adotar as
Artes originadas de outros povos, para não corrermos risco de invadir outros
espaços que não são nossos. O importante na visão do autor é seguir os nossos
próprios padrões artísticos em especial o nosso folclore que reflete profundamente
as nossas raízes. Partindo desse pressuposto nota-se que é preciso contemplar a
disciplina de Arte de modo que ela venha a contribuir com a formação dos sujeitos
na sociedade partindo das nossas riquezas e informações culturais rompendo com a
idéia reducionista que sofreu e ainda sofre atualmente vista como mera reprodução
artística sem sentido. Para tanto é fundamental que haja maior espaço para que
desde cedo já exista uma apropriação e envolvimento dos alunos nos
conhecimentos proporcionado pela disciplina de Arte, pois:


                    É nesse sentido que podemos vislumbrar toda a importância que a
                    compreensão da Arte pode ter no ensino escolar. Precisamos conquistar um
                    espaço para a Arte dentro da escola, espaço que ficou perdido no tempo e
                    que, se recuperado, poderá mostrar-se tão significativo como qualquer outra
                    matéria do currículo (BUORO, 2003; p. 33).
33



À escola sempre é atribuída o papel de responsável por novos comportamentos na
sociedade, como uma instituição destinada a formação crítico-social dos sujeitos, no
entanto no que diz respeito a arte muito pouco tem mudado. Vale lembrar que as
formas como são trabalhadas as questões do campo da arte pelos professores,
ainda preocupa e tem levado a discussões e estudos na tentativa de destacar a
importância da arte como também rever e mudar essa realidade. Nas palavras de
Buoro (2003):
                     O primeiro passo nessa direção é favorecer a autoconfiança, a capacidade
                     de enfrentar desafios, o autoconhecimento e a imaginação criadora, afim de
                     resgatar a criança inventiva. Para tanto, é necessário realizar um trabalho
                     significativo, compromissado com qualidade e melhoria da Arte na
                     Educação, por meio de um processo ativo, que vincule os sujeitos aos
                     objetos de conhecimento, levando-os a uma construção de sentido (p.38).


Nesse sentido podemos compreender a importância que a compreensão da Arte
pode influenciar no ensino escolar. Precisamos viabilizar a conquista de um espaço
significativo para a disciplina Arte dentro da escola, espaço que por muito tempo
ficou esquecido no tempo e que, se recuperado, poderá revelar-se tão significativo
como outra matéria qualquer do currículo escolar. Assim o ensino da arte dentro do
contexto escolar deve reconhecer fatores ligados aos conteúdos selecionados como
também as questões de ensino participação, aprendizagem e envolvimento dos
professores e alunos.


Segundo Dehelnzelin, (1994, p.121) “ a arte é um vasto campo de conhecimento
humano, certamente o mais misterioso e belo de todos” . Diante da afirmação
percebe-se que a arte está ligada ao ser humano, e que através dela o indivíduo
consegue realizar, apreciar e conhecer formas artísticas correspondendo as suas
mais variadas formas de expressão. É uma maneira de despertar o indivíduo para
que este dê mais atenção ao seu próprio sentir. A arte se manifesta de várias
maneiras exprimindo sentimentos (o grito, o choro). Não se pode separar os
conhecimentos, a música, a dança, os sentimentos, o comportamento, tudo é arte.
Nesse sentido Duarte Júnior (1996) vem colocando que:


                     Através da arte, no entanto, o indivíduo pode expressar aquilo que o
                     inquieta e o preocupa. Por ela este pode elaborar seus sentimentos, para
                     que haja uma evolução mais integrada entre o conhecimento simbólico e
                     seu próprio “ eu” . A arte coloca-o frente a frente com a questão da criação: a
                     criação de um sentido pessoal que oriente sua ação no mundo (p.72 e 73).
34



A LDB- Lei de Diretrizes e Bases da Educação (1997) diz que: Art. 26 § 2 “ o ensino
da arte constituirá componente curricular a obrigatório, nos diversos níveis da
educação básica de forma a promover o desenvolvimento cultural dos alunos” .


Embora esteja imposto na lei a questão da valorização e o desenvolvimento cultural
dos alunos com base no ensino da Arte, o que acontece na realidade em especial
dentro do contexto escolar, é que a forma como o ensino de Arte foi e ainda é
trabalhada em algumas escolas, traz o retorno que temos hoje com atividades
desconexas que não representam o sentido da Arte. Percebemos que as instituições
escolares trabalham há muito tempo com o ensino da Arte, mas na maioria das
vezes como lazer ou uma forma de aliviar as demais disciplinas ficando exprimida e
em segundo ou terceiro plano. Com isso Duarte Júnior (1994, p. 79) nos diz que: “ A
arte continua a ser encarada, no interior da própria escola, como um mero lazer,
uma distração entre as atividades “ úteis” das demais disciplinas” .

Infelizmente o que ainda ocorre em algumas instituições escolares dentro das salas
de aula com o ensino da arte, reforça uma prática distorcida do que a disciplina Arte
tem em sua essência, pois ela tem conteúdo próprio como todas as disciplinas, e
esse conteúdo deve ser respeitado, contemplado e estimulado tanto quanto os
outros. Nessa perspectiva, a Arte na escola tem um função importante, e os
professores tem o papel de facilitador ou mediador dessa construção, e conhecer os
conceitos fundamentais da linguagem da Arte.

Diante do exposto Barbosa (2008) confirma e vem afirmando:

                      Ainda olhamos muito pouco a produção de nossos aprendizes; ainda
                      escutamos muito pouco o que permitimos que eles nos digam. Por isso
                      mesmo o saber cultural de Arte dos alunos articulado às mais largas, da
                      humanidade, é que constituem-se em um complexo material cultural que
                      deve mobiliar mediações docentes para inventar tarefas, criar exercícios de
                      exploração, imaginar temas, ousar propostas inovadoras (p.58).


Mas a disciplina Arte vem marcada por algo muito mais importante que é o aprender
e o ensinar, deve despertar o potencial artístico de cada um em sala de aula.
Embora o que ocorre muitas vezes, é a separação entre razão e a emoção, onde as
vivências e as experiências dos alunos não são valorizadas. Segundo Duarte júnior
(1996):
35




                     A escola hoje se caracteriza pela imposição de verdades já prontas, às
                     quais os educandos devem se submeter. Não há ali um espaço para que
                     cada um elabore a sua visão de mundo, a partir de sua situação existencial.
                     A escola ensina respostas. Respostas que na maioria dos casos, não
                     correspondem às perguntas e inquietações de cada um (p. 72).


Nos espaços educacionais é muito comum as referências às diferenças entre as
aulas de Arte e as demais consideradas mais “ sérias” como se a mesma não fosse
tão necessária a aquisição de conhecimentos assim como as ditas mais importantes.
Por isso é necessário entender que a disciplina Arte nas séries inicias, tem que ser
respeitada e compreendida afim de que se possa dar espaço de liberdade artística
para o educando demonstrar as suas habilidades em geral. No entanto essa postura
será concretizada pelo o professor preparado, que entenda e saiba lidar com esta
disciplina. Por sua vez Buoro (2003) aponta que nessa perspectiva


                     é preciso repensar a formação do educador e do educando no sentido de
                     possibilitar o conhecimento, levando em conta a totalidade do ser e de
                     perceber a função da Arte na educação como campo de conhecimento tão
                     importante como o da Ciência (p. 32).


Diante das colocações acima, o que ainda se percebe em muitos espaços escolares,
é a ausência de atividades que enalteçam os conhecimentos, as experiências e
principalmente a capacidade criativa dos educandos. Atividades que favoreçam o
desempenho artístico e estético, em especial quando surgem das própria realidade
cultural, pois a Arte pode contribuir imensamente para o desenvolvimento desses
alunos. Como ressalta Barbosa (2008):


                     É preciso que o trabalho do professor de Arte não fique isolado entre as
                     paredes da escola. Escola precisa com urgência abrir suas portas e acolher
                     a produção cultural de sua comunidade e de outros lugares e épocas. A
                     comunidade precisa também apoiar a escola, facilitando a construção e
                     circulação dos conhecimentos ali produzidos (p. 159).


Neste sentido, vale ressaltar que ainda é muito comum a utilização de atividades no
Ensino Fundamental I que se referem apenas a datas comemorativas, na maioria
das vezes, sem fundamento e com a finalidade de reproduzir aquilo que alguns
professores acham interessante ensinar aos alunos, acreditando-se desta forma que
a disciplina Arte, está sendo desenvolvida de maneira eficaz, embora tais atitudes
afastem-se das linguagens artísticas que a Arte contemplada. A partir daí, percebe-
36



se o abismo existente entre a teoria e a prática no trabalho com o ensino da Arte nas
escolas.

                        (...) nessas condições, terminam os professores de arte por desempenhar
                        um papel decorativo no interior da escola. Terminam por se sentirem, eles
                        mesmos, confusos, quanto ao real valor e necessidade para a formação do
                        indivíduo (DUARTE JUNIOR P. 135; 1994).


Diante do contexto percebemos que valorizar a educação pela ótica da Arte é
também valorizar o educando em suas potencialidades e possibilidades, cabendo ao
professor estimular a aprendizagem a partir de conteúdos amplos que viabilizem
atender as suas expectativas, principalmente o artístico, dessa forma buscando
abandonar as atividades baseadas em “ tarefas” de rotina ou de prontidão que muito
se vê nas escolas nas quais o ensino da Arte ainda surge de desenhos
mimeografados. É fundamental deixar os alunos livres para criar o que eles
desejam, desde que esse ato de criação esteja em sintonia com o objetivo da
disciplina, não significando um abandono, mas um tempo necessário para que a
realização das propostas pela a disciplina as expressões, imaginações fluam
naturalmente sem fins avaliativos .


2.4.Educação Fundamental I a base da escolaridade


A escola como veículo de aprendizagem, é um espaço de mediação do
conhecimento que viabiliza o exercício da cidadania, e precisa se apresentar
também como um espaço de contextualização. Isto é, na realidade, seus valores,
sua configuração variam segundo as condições histórico-sociais que a envolvem. E
por isso que Sacristán (2007) nos lembra: “ educar é mais que se informar, é também
preparar cidadãos, facilitar o desenvolvimento de sua personalidades, fazê-los
solidários (p. 44)” .


É válido salientar que embora a escola tenha essa representação, a sociedade atual
está embasada em uma política educacional fragmentada, que contribui para
algumas mazela na educação, as quais podemos citar como exemplo, a evasão, a
repetência, o analfabetismo, e a má qualidade no próprio ensino.
37



Hoje somos tomados pela emoção e razão, aplicando a razão acabamos por passar
informações que não interessa, não toca nos alunos. Segundo Duarte júnior (1996):


                     Assim em nosso ambiente escolar, essa separação razão-emoção é não só
                     mantida como estimulada. Dentro de seus muros o aluno penetra despindo-
                     se de toda e qualquer emotividade. Sua vida, suas experiências pessoais,
                     não contam. Ele aí está apenas para “ adiquirir conhecimento” sendo que
                     “adquirir conhecimentos” , neste caso, significa tão somente “ decorar”
                     fórmulas, teorias e mais teorias, que estão distantes de sua vida cotidiana
                     (p.34).


Para superar as dificuldades e melhorar a qualidade do ensino fundamental I, é
necessário elevar o grau de envolvimento, dedicação e inovação, buscando assim
uma escola que saiba valorizar as diferenças individuais respeitando o ritmo de cada
aluno, será essa responsável por uma aprendizagem significativa com resultados
brilhantes de seus educandos.


                     De fato não é fácil selecionar o que ensinar no ensino fundamenta, mas
                     precisamos refletir sobre quais saberes poderão ser mais relevantes para o
                     convívio diário dos meninos e meninas que freqüentam nossas escolas e
                     para a sua inserção cada vez mais plena nessa sociedade letrada, pois eles
                     tem o direito de aprender os conteúdos das diferentes áreas de
                     conhecimento que lhe assegurem cidadania no convívio dentro e fora da
                     escola (LEAL, 2007;p. 97;98).


Dessa forma compreende-se que a escola tem sido o lugar que propícia o exercício
do papel social do professor como um importante comunicador que contribui na
formação de opiniões, hábitos e atitudes dos seus alunos. “ É preciso planejar e
avaliar bem aquilo que estamos ensinando e o que as crianças e os adolescentes
estão aprendendo desde o início da escolarização (LEAL, 2007; p.101)” .


A escola tem um papel importantíssimo e desafiador no que diz respeito a
preparação intelectual e formação de uma personalidade crítica dos alunos, pois
cabe a mesma dar oportunidades para que eles apropriem-se de instrumentos
necessários ao desenvolvimento das múltiplas competências, até porque estamos
envolvidos com ela mesmo sem percebemos. Neste aspecto Brandão (2001) define
esse papel dizendo: “Ninguém escapa da educação. Em casa, na rua, na igreja ou
na escola, de um modo ou de muitos todos nós envolvemos pedaços de vida com
ela (p.9)” .
38



                     Cada escola, cada sala de aula, cada grupo de alunos/as, fazem história e,
                     dessa forma, o patrimônio cultural presente não pode ser desconsiderado
                     sob pena de mutilar a atividade docente. No chão da escola manifestam-se
                     diferentes, histórias de vida, expectativas, ou seja, numa mesma escola, há
                     diferentes currículos reais tecidos nesse grupos. ( FERRAÇO 2008, p.79).


A partir do momento que a escola, como espaço de mediação e troca de
informações se inserir no contexto de sua clientela e começar a conversar com
outros saberes e outras culturas, será mais democrática e justa. As escolas, e
principalmente as públicas, estão cheias de uma diversidade cultural. Elas só
precisam seguir em prol de uma sociedade mais humana, sem fechar os olhos para
as diferenças e o potencial de cada alunos como conhecedores e produtores de
diversos saberes populares. A instituição escolar, tem portanto por função repassar
valores da cultura local de forma contextualizada.


                     Se a cultura está mudando rapidamente, toda a escola precisa ser
                     repensada: sua estrutura, gestão, seu funcionamento, currículo, a aula; e
                     isso, não somente para acompanhar a mudanças, mas para não deixar
                     escapar a função educativa da escola, assegurando a formação geral do
                     educando (CASTRO,P.37;1998).


Educação é vida, é essência, e a vida se exerce pelo saber e adentra outros mundo
possíveis. Sabemos que a escola sozinha não mudará a sociedade. Mas, ela pode
ser um veículo muito rico para propagação de novas atitudes e valores, desde que,
não venha a se adequar ou se acomodar com esta realidade excludente que está
tão presente. Neste sentido, a situação de exclusão cai no esquecimento e no
silêncio, fazendo com que as partes envolvidas neste processo permaneçam na
mesma situação.


                     Quando se afirma que o objetivo do processo educativo é ajudar o
                     educando a descobrir e vivenciar a sua verdadeira identidade, esta- se
                     dizendo, com isso, que o verdadeiro objetivo é ensinar-lhe a arte de viver.
                     Sendo arte, aprende-se fazendo, e quem não faz, não aprende; e quem não
                     aprende, não pode ensinar (RÚDIO, 1991; P. 72; 73).


Apesar de todas as investidas no sentido de transformar o ensino, ainda vivemos
hoje, numa busca constante de reconhecimento da Arte-educação nos espaços
escolares. Percebemos que ela já se faz presente, embora de forma mais tímida.
Porém, a mesma ainda permanece em muitos ambiente educacionais camuflada por
questões de prática educativa de cada professor que atua. Rúdio (1991) coloca que:
39



“A educação é, portanto, um processo sem fim que, em cada situação e etapa de
nossa vida, apresenta novas necessidades e nos faz novas exigências (p.74)” .


De acordo com os Parâmetros Nacionais Curriculares - PCNs (2001), os conteúdos
da área de Arte precisam estar relacionados de tal maneira que possam garantir a
aprendizagem artística dos alunos do ensino fundamental I.


                      É papel da escola incluir as informações sobre a arte produzida nos âmbitos
                      regional e internacional, compreendendo criticamente também aquelas
                      produzidas pelas mídias para democratizar o conhecimento e ampliar as
                      possibilidades de participação social do aluno. (...) O ensino fundamental
                      configura-se como um momento escolar especial na vida dos alunos,
                      porque é nesse momento de seu desenvolvimento que eles tendem a se
                      aproximar mais das questões do universo do adulto e tentam compreendê-
                      la dentro de suas possibilidades (PCNs, 2001;p. 48)


Conforme os PCNS é necessário que a escola pense um modelo de educação em
Arte que favoreça o acesso de conhecimentos a todos os educandos a nível
nacional e internacional, para uma aprendizagem significativa. Neste aspecto Ferraz
(2009), pontua que: ”Essa forma de pensar a educação escolar em Arte deve ser
acessível a todos, numa concepção de escola democrática, e deve garantir a posse
dos conhecimentos artísticos e estéticos (p. 55)” .


Atualmente vivemos nesse contexto cheio de mudanças, desse modo é pertinente
pensar a escola enquanto espaço privilegiado capazes de tornar o aprendizado mais
dinâmico e capaz de abrir leques de possibilidades e competências para os alunos
oriundos das classes desfavorecidas partindo dos conhecimentos que eles trazem
de suas realidades, da sua cultura, pois o que acontece ainda é o enaltecimento da
cultura dos já privilegiado, ignorando saberes tão ricos que a classe dos menos
favorecidos apresentam.


                      No que diz respeito à cultura local, pode-se constatar que quase sempre
                      apenas o nível erudito dessa cultura é admitido na escola...a culturas de
                      classes sociais desfavorecidas continuam a ser ignoradas pelas instituições
                      educacionais, mesmo pelos que estão envolvidos na educação dessas
                      classes (BARBOSA, 2008; p. 20).

De acordo com o que foi citado entendemos que necessitamos e uma escola que
busque a solidariedade e respeito às diferenças, tanto locais, culturais e sociais. Que
contribua para que os seus alunos se reconheçam enquanto indivíduos,
40



participantes de sua cultura. Neste sentido, a escola do Ensino Fundamental I,deve
estar aberta à presença e participação da comunidade, em especial a dos pais na
busca de resultados positivos em relação a aprendizagem de seus filhos. È neste
cenário que a disciplina Arte tem muito a contribuir na vida desses educados,
tornando-se uma ponte que fará a ligação do conhecimento acumulado com o que
elas ainda vão aprender, possibilitando a troca de informações.


As famílias também podem contribuir muito, acrescentando como a escola pode
fazer para aproximar mais os conteúdos que trabalham com o mundo dos seus
filhos, partindo da realidade local. Hoje, as famílias precisam estar envolvidas no
contexto escolar, participando ativamente da vida do seu filho que ali está inserido. A
escola que temos hoje distancia-se da que sonhamos, portanto ela precisa de uma
identidade escolar voltada ao interesse e alcance de todos.
41



                                     CAPÍTULO III



                                    3. METODOLOGIA

A presente pesquisa se caracteriza por um estudo de natureza qualitativa e está
fundamentada na necessidade de repensar as forma em que a arte está sendo
explorada e aplicada nos espaços escolares. E por meio dessa tem-se por objetivo
identificar as compreensões que os professores da Escola Centro Experimental
Rural de Torrões tem sobre a importância de se trabalhar com a Arte no Ensino
Fundamental I. Assim como já foi mencionado acima, o tipo de pesquisa utilizada
será que a qualitativa, no entanto trazemos também elementos da pesquisa
quantitativa, pois esta se fez importante para que pudéssemos traçar o perfil dos
sujeitos.


                     Metodologia significa, etimologicamente, o estudo dos caminhos a serem
                     seguidos, dos instrumentos usados para se fazer ciência. A metodologia faz
                     um questionamento crítico da construção do objeto científico,
                     problematizando a relação sujeito-objeto construído (GOLDENBERG, 2000;
                     105).


Nessa mesma abordagem, Deslandes (1994) vem definindo metodologia como:
“caminho do pensamento e a prática exercida na abordagem da realidade (p. 16)” .


Pelas palavras do autor, entendemos que a metodologia consiste em um caminho a
ser seguido para chegar até o objetivo desejado.


3.1. Tipo de pesquisa

Aqui será abordada a pesquisa qualitativa, através dela é possível a obtenção de
dados descritivos diante do contato direto e interativo entre pesquisador e a situação
objeto de estudo.


Na perspectiva de Oliveira Netto (2008), a pesquisa hoje, vem ocupando lugar
privilegiado na vida dos estudantes, especialmente no meio acadêmico, afirmando
que ela está em evidência nas salas de aula no processo educativo que envolve
professor-aluno, dessa forma atingindo a sociedade que também se encontra
42



envolvida nesse processo. O autor acrescenta que: “ fazer pesquisa, então requer
capacidade, competência humana e técnica. Para isso, torna-se fundamental a
formação do pesquisador, que necessita de instrumentos básicos para empreender
trabalho de investigação científica (p.32)” .

Neste sentido Deslandes (1994) vem conceituando o modelo de pesquisa qualitativa
dizendo que:


                      A pesquisa qualitativa responde a questões muito particulares. Ela se
                      preocupa, nas ciências sociais, com um nível de realidade que não pode ser
                      quantificado. Ou seja, ela trabalha com o universo de significados, motivos,
                      aspirações, crenças, valores e atitudes, o que corresponde a um espaço
                      mais profundo das relações, dos processos e dos fenômenos que não
                      podem ser reduzidos à operacionalização de variáveis (p.21 e 22).


È importante a utilização do referido método, porque permite a coleta de dados mais
precisos na informação das causas e consequências do problema em questão,
sendo possível até mesmo o levantamento de meios eficazes no combate ou até
solução do problema. Quanto à definição desse tipo de pesquisa, Triviños (1987)
diz:


                      O ambiente, o contexto no qual os indivíduos realizam nas ações e
                      desenvolvem seus modos de vida fundamentais, tem um valor essencial
                      para alcançar das pessoas uma compreensão clara de suas atividades. O
                      meio, com suas características físicas e sociais, imprime ao sujeito traços
                      peculiares que são desvendados à luz do entendimento dos significados
                      que ele estabelece (p.122).


Percebe-se aí a importância de dados qualitativos com o objetivo de melhor
entender aspectos que não podem ser definidos exclusivamente com dados
numéricos.


Para Goldenberg (2000) a pesquisa é


                      a construção de conhecimento original, de acordo com certas exigências
                      científicas. È um trabalho de produção de conhecimento sistemático, não
                      meramente repetitivo mas produtivo, que faz avançar a área de
                      conhecimento a qual se dedica (p.105).
43



O autor ainda nos diz que para se realizar uma pesquisa, é necessário criatividade,
organização e modéstia, podendo haver no processo dessa construção, confrontos
entre o possível e o impossível, como também entre o conhecimento e a ignorância.


A partir desse modelo de pesquisa de cunho qualitativo e dos instrumentos de coleta
de dados escolhidos, buscou-se identificar as compreensões dos professores acerca
da importância do ensino de arte no Fundamental I na Escola Centro Experimental
Rural de Torrões.


3.2. Lócus de pesquisa

O local utilizado para a realização da pesquisa foi a Escola Centro Experimental
Rural de Torrões localizada no Povoado de Torrões, Rua da Cajazeira, s/n situada
no interior do Município de Campo Formoso-BA, onde são oferecidos o Fundamental
I, II e Educação Infantil.


O espaço físico está organizado da seguinte forma: 5 salas de aula / 3 banheiros / 1
Biblioteca/ 1 secretaria/ 1sala de professores/ 1diretoria / 1 cozinha e um pátio.


A equipe administrativa compõe-se de: 1 diretora, 1 Coordenadora, 3 secretárias ,
10 professores, 2 auxiliares de serviços gerais e 1vigia.


A opção pelo local justifica-se por ser uma instituição que trabalha com turmas do
fundamental I, desta forma encaixando-se no perfil que se pretende observar,
analisar e pesquisar, podendo atender as minhas expectativas com as informações
necessárias para a realização desse trabalho.


3.3. Sujeitos da pesquisa

Os sujeitos envolvidos na pesquisa são 5 professores do Ensino Fundamental I da
Escola Centro experimental Rural de Torrões que atuam no turno vespertino. A
escolha por esses sujeitos surgiu diante da curiosidade de saber como eles
trabalham a Arte dentro do espaço escolar. Destacamos que a participação das
professoras foi de grande importância para os resultados dessa pesquisa.
44



3.4. Instrumentos de coleta de dados


Para melhor precisão nos resultados desta pesquisa, será realizada a coleta de
dados através da técnica de entrevista semi-estruturada, questionário fechado como
também pela observação no lócus, tratando-se de instrumentos que irão contribuir
bastante para melhor garantir as informações importantes para a o esclarecimento
da questão de pesquisa que se buscou compreender.


3.5. Entrevista Semi-estruturada


A entrevista refere-se a um procedimento utilizado na investigação social bem como
auxilia na identificação do problema, sendo bastante utilizado no trabalho de campo,
permitindo ao pesquisador obter informações a partir das falas dos entrevistados.
Segundo Lakatos (1991) “ a entrevista se constitui um importante instrumento de
trabalho nos vários Campos, nas ciências sociais e em outros setores de atividades,
como a Sociologia, a Antropologia, a psicologia e outros (p.75)” .


A importância da entrevista é que ela é um instrumento que possibilita diálogos entre
entrevistados e informante havendo esse contato mais próximo. Assim Cruz (1994)
afirma que:


                     Através da entrevista, o pesquisador busca informes contidos na fala dos
                     atores sociais. Ela não significa uma conversa despretensiosa e neutra,
                     uma vez que se insere como meio de coleta dos fatos relatados pelos
                     atores, enquanto sujeitos-objetos da pesquisa que vivenciam uma realidade
                     que está sendo focalizada (p. 57).


Vale salientar que as entrevistas proporcionam a interação social entre o
pesquisador e o entrevistado, o que favorece ao pesquisador escolher a melhor
forma que irá registrar as respectivas respostas para a sua pesquisa.


Assim, Ludorf (2004), coloca que a entrevista uma vez coletada pode ser registrada
pelo entrevistador através de gravações ou anotações com o objetivo na maioria das
vezes, de levantar sentimentos, emoções, percepções e opiniões dos sujeitos
entrevistados.
45



“ As entrevistas também podem ser estruturadas (com roteiro fechado de questões),
semi-estruturadas ( algumas questões-chaves que permitem uma certa abertura no
momento da interação) (...) (LUDORF, 2004; p. 91)” . De acordo com as colocações
do autor, percebemos que a entrevista permite um contato maior com os
pesquisados, garantindo a originalidade das palavras pronunciadas, dos sentimentos
expressos e de uma abertura maior no diálogo estabelecido com ambas as partes,
ou seja pesquisador e pesquisado.


3.6. Observação


Na compreensão de Ruiz (2002; p.53) observar é: “ aplicar a atenção um fenômeno
ou problema, captá-lo, retratá-lo tal como se manifesta. Situa-se a observação
particularmente na fase inicial da pesquisa (...) (p.53)” .


O ato de observar consiste em ampliar a atenção a um fenômeno ou problema,
captá-lo, retratá-lo tal como se manifesta. A observação acontece na fase inicial da
pesquisa, e segue de forma contínua, durante todo o processo. Diante disso Ruiz
(2002) vem explicando que:


                       A observação pode ser natural e espontânea ou direta e intencional. E as
                       etapas posteriores da pesquisa ficarão prejudicadas se não partirem da
                       observação correta e adequada ou, tanto quanto possível, completa na
                       enumeração das circunstâncias antecedentes ou variáveis (p.53).


A importância da técnica de observação se dá pela possibilidade que o observador
tem de captar uma variedade de situações ou fenômenos que não são através de
perguntas, mas sim com a observação direta da própria realidade que prioriza a
transmissão daquilo que é mais imponderável e evasivo na vida real.                        Na
compreensão de Barros (1990) a observação é: “ uma das técnicas de coleta de
dados imprescindível em toda pesquisa qualitativa. Observar significa aplicar
atentamente os sentidos a um objeto para dele adquirir um conhecimento claro e
preciso (p.76)” .


Na verdade a observação é um dos instrumentos que aproxima o pesquisador da
sua fonte de pesquisa possibilitando uma melhor interpretação dos fatos, isso
46



porque o ato de observar segundo Ludorf (2004) é uma característica permanente
no ser humano, pois nesse contexto, estamos sempre observando as pessoas bem
como todo o seu comportamento.


Para ser um bom observador é necessário que ao de se decidir pela observação que
deseja realizar, ele deverá preparar o seu desenvolvimento, o seu emprego e
também as formas de registro desde o momento que vai a campo. Segundo Cruz
(1994; p.60): “ As questões centrais da observação participante estão relacionadas
aos momento da realização da pesquisa, sendo um deles a entrada em campo” .


3.7. Questionário fechado


Através dos questionamentos é possível traçar o perfil dos entrevistados,
oferecendo dado gerais do informante como idade, grau de formação, estado civil,
sexo, tempo de exercício no magistério côo também opiniões sobre a concepção do
professor.


A escolha deste instrumento de pesquisa, ocorreu justamente por permitir ao
entrevistado maior liberdade para exprimir sua opinião, uma vez que não precisa se
identificar, atinge maior número de pessoas simultaneamente e as respostas são
mais rápidas e precisas. Assim Glesser (1989) vem conceituando que o questionário
fechado permite que as respostas dos entrevistados sejam limitados e opcionais,
desta forma, ele pode escolher a alternativa ao responder o questionário.


O questionário é um dos instrumentos mais utilizados nas pesquisas por ser rápido
não podendo ser feito de forma a cansar quem o estar respondendo. Mas é
necessário que outros modelos de instrumentos sejam utilizados para a aquisição de
mais informações do pesquisando.


Nas palavras de Ludorf (2004) o questionário representa “ um instrumento de
pesquisa impessoal (...) constitui-se de uma série de perguntas escolhidas em torno
do objeto de estudo (...) (p. 90)” .
47



Diante do exposto, é importante assinalar que as informações obtidas com os
respectivos instrumentos de pesquisa permitiu uma variedade de informações sobre
as compreensões que as professoras pesquisadas apresentam sobre a proposta
educativa que contempla o ensino da Arte na escola, em especial no Ensino
Fundamental I.
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As compreensões dos professores sobre a Arte no Ensino Fundamental I

  • 1. 1 UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO – CAMPUS VII SENHOR DO BONFIM - BA JANE FERREIRA AS COMPREENSÕES DOS PROFESSORES ACERCA DA ARTE NO ENSINO FUNDAMENTAL I SENHOR DO BONFIM-BA 2011
  • 2. 2 JANE FERREIRA AS COMPREENSÕES DOS PROFESSORES ACERCA DO ENSINO DE ARTE NO FUNDAMENTAL I Trabalho Monográfico apresentado à Universidade do Estado da Bahia, Departamento de Educação, Campus VII como pré-requisito para a conclusão do Curso de Pedagogia: Docência e Gestão dos Processos Educativos. Orientadora: Profª. Msc. Maria Elizabeth Souza Gonçalves. SENHOR DO BONFIM - BA 2011
  • 3. 3 JANE FERREIRA AS COMPREENSÕES DOS PROFESSORES ACERCA DO ENSINO DE ARTE NO FUNDAMENTAL I APROVADA_______DE_________DE 2011 ________________________ avaliador _______________________ avaliador _______________________ Orientadora: Maria Elizabeth S. Gonçalves
  • 4. 4 Ao meu querido Deus e Salvador, por tudo que fez e faz em minha vida, pelo amor incondicional e força sempre presente. Aos meus queridos pais pelo incentivo constante, amor,carinho e compreensão sem limites. Aos meus irmãos que sempre me fizeram acreditar na minha capacidade de concretização deste trabalho. As minhas amigas Lucineide, Josenita, Raulita, Silvana, Solene, Gizélia, Vitalina e Joseci pelo apóio, carinho e torcida.
  • 5. 5 AGRADECIMENTOS À Universidade do Estado da Bahia – UNEB - Departamento de Educação - Campus VII – Senhor do Bonfim – BA, e a todos os professores e funcionários desta instituição por oportunizar o conhecimento acadêmico e pelas amizades que formamos no processo educativo quando aí estivemos. Aos professores do Centro Experimental Rural de Torrões, pelas contribuições para a realização da presente pesquisa. A minha orientadora, a professora Maria Elizabeth Souza Gonçalves pela dedicação, paciência e acima de tudo pela bela contribuição na construção desta pesquisa. Aos meus queridos colegas do curso, pelo convívio, amizade e momentos de diversão que vivenciamos. Aos meus queridos colegas e amigos: Amanda Feitosa, Aurelina, Jeane Lola, Jacira Lola,Valci, Cícero, Elaine que comigo caminharam deixando marcas de uma grande amizade e saudades. Em especial aos meus colegas e amigos Eurides Carneiro, Mayara Jatobá, Monica Simões, Robson Soares e Vilma Maria, pela forte amizade que construímos a partir do convívio e dos trabalhos que realizamos. E em geral, a todos que direta ou indiretamente contribuíram para essa conquista.
  • 6. 6 No contexto da educação escolar, a disciplina Arte compõe o currículo compartilhando com as demais disciplinas num projeto de envolvimento individual e coletivo. O professor de Arte, junto com os demais docentes e através de um trabalho formativo e informativo, tem a possibilidade de contribuir para a preparação de indivíduos que percebam melhor o mundo em que vivem, saibam compreendê-lo e nele possam atuar. (Maria Heloísa C. de T. Ferraz)
  • 7. 7 LISTA DE FIGURAS Figura 4.1.1 – Percentual quanto ao sexo. Figura 4.1.2 – Percentual quanto à idade. Figura 4.1.3 – Percentual quanto ao grau de escolaridade Figura 4.1.4 - Percentual quanto a área de formação. Figura 4.1.5 – Percentual quanto ao tempo de atuação na área da educação. Figura 4.1.6 – Percentual quanto as fontes de pesquisa sobre a Arte. Figura 4.1.7 – Percentual em relação as atividades mais aplicadas na disciplina Arte. Figura 4.1.8 - Percentual em relação as compreensões dos professores sobre a Arte. Figura 4.1.9 – Percentual sobre os materiais utilizados no ensino da Arte.
  • 8. 8 SUMÁRIO RESUMO................................................................................................................... 10 INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 11 1. CAPÍTULO I................................................................................................................. 14 2. CAPÍTULO II – FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA.................................................... 19 2.1. A arte de compreender/ compreensão............................................................... 19 2.2. Professor como mediador/ A relação professor e Arte....................................... 22 2.3. Com Arte também se aprende: a importância da Arte na escola como caminho da aprendizagem...................................................................................................... 28 2.4. Ensino Fundamental I a base da escolaridade................................................. 36 3. CAPÍTULO III – METODOLOGIA.......................................................................... 41 3.1. Tipo de pesquisa .............................................................................................. 41 3.2. Lócus de pesquisa...............................................................................................43 3.3. Sujeitos da pesquisa......................................................................................... 43 3.4. Instrumentos de coleta de dados.............................................................,......... 44 3.4.1. Entrevista semi-estruturada............................................................................ 44 3.4.2. Observação..................................................................................................... 45 3.4.3. Questionário fechado...................................................................................... 46 4. CAPÍTULO IV – ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DOS RESULTADOS................ 48 4.1. Resultado do questionário fechado: o perfil dos sujeitos................................... 49 4.1.1. Sexo................................................................................................................ 49 4.1.2. Idade................................................................................................................ 49 4.1.3. Grau de escolaridade...................................................................................... 50 4.1.4. Área de formação............................................................................................ 51
  • 9. 9 4.1.5. Tempo de atuação na área da educação ...................................................... 52 4.1.6. Fontes de pesquisa sobre a Arte................................................................... 53 4.1.7. Atividades a mais aplicadas em relação a Arte............................................... 54 4.1.8. Visão dos professores sobre o ensino de Arte ............................................... 55 4.1.9. Utilização de materiais para o ensino de Arte ................................................ 56 4.2. RESULTADO DA ENTREVESTA SEMI ESTRUTURADA ............................... 57 4.2.1. Compreensão dos professores sobre a Arte.................................................. 58 4.2.2. O Ensino Fundamental e o ensino da Arte .................................................... 61 4.2.3. A prática educativa no ensino da Arte ........................................................... 65 4.2.4. A autonomia dos professores e o ensino da disciplina Arte .......................... 67 4.2.5. Materiais/ Recursos de apóio para o ensino da Arte...................................... 71 CONSIDERAÇÕES FINAIS...................................................................................... 74 REFERÊNCIA.......................................................................................................... 76 APÊNDICES............................................................................................................. 79
  • 10. 10 RESUMO A presente pesquisa tem por objetivo identificar as compreensões que os professores da Escola Centro Experimental Rural de Torrões apresentam acerca do ensino da Arte-educação no Fundamental I. Para o embasamento teórico da pesquisas buscamos aporte nos seguintes autores: Morin (2005); Duarte júnior (1996); Biasoli (1999); Barbosa (2008); Buoro (2003); Cunha (1994), entre outros tão importantes para a construção deste trabalho, com contribuições significativas para a nossa fundamentação auxiliando nossa busca. A abordagem metodológica escolhida para o desenvolvimento dessa pesquisa é de cunho qualitativo, por proporcionar o contato com os sujeitos e o local pesquisado, embora existam elementos da pesquisa quantitativa por possuir dados estatísticos. Utilizamos para a coleta de dados os seguintes instrumentos: questionário fechado, que traz o perfil dos sujeitos; a observação, in lócus, e a entrevista semi-estrutura que contribuiu e enriqueceu bastante a construção desse estudo, bem como, ampliou a nossa visão das práticas com o ensino da Arte. Por meio desses instrumentos foi possível identificar que a relação dos professores estabelecida com o ensino da Arte necessita ser revisada, pois eles ainda se encontram presos ao modelo de educação que trabalha a Arte com atividades voltadas para pinturas, desenhos estereotipados sem muita reflexão, pois na maioria das vezes atividades educativas são realizadas dentro de uma data específica, por exemplo, as famosas e tão relembradas datas comemorativas. Nas considerações finais, destacamos a necessidade de formação para educadores de Arte e uma aprendizagem mais significativa para os alunos. Palavras-Chaves: Compreensões, Professores, Arte, Ensino fundamental I.
  • 11. 11 INTRODUÇÃO A educação até hoje é alvo de pesquisas e debates em prol de mudanças, que venham contribuir melhorando a qualidade do ensino. A Arte como campo de conhecimento, está dentro deste quadro carente de mudanças. Sabemos que a escola é a instituição formal que tem em seu papel a responsabilidade de mediar e socializar o conhecimento. Portanto entendemos que compete a escola oferecer subsídios que possibilitem uma aprendizagem de qualidade para que ao educando possa sentir-se parte do meio em que vive, reconhecendo entre as demais disciplinas que a Arte lhe possibilita inserção no mundo. Para tanto vale ressaltar que esse processo também depende de como a escola oferece o ensino desta área do conhecimento que acompanha o ser humano desde a sua existência, mais precisamente desde nosso antepassados, entendendo que a Arte está totalmente ligada com a própria existência do aluno. Separá-los seria desmembrar o aluno, fragmentando o seu saber, a compreensão de si mesmo. Neste sentido o ensino da Arte nas escolas brasileiras, assim como toda a educação, continua apresentando deficiências na qualidade como é oferecida. Diante desta realidade, podemos afirmar que a realização da presente pesquisa, teve como objetivo identificar as compreensões dos professores da Escola Centro Experimental Rural de Torrões situada na cidade de Campo Formoso - BA, em relação ao ensino da Arte no Ensino Fundamental I. Assim identificar as compreensões é fundamental l para elucidá-las no sentido de promover reflexões acerca do tipo de educação que estamos oferecendo. Quanto maior forem os estudos oferecidos sobre a Arte, mais o cenário que ela vem ocupando será refletido e estudado, dessa forma possibilitando a formação de cidadãos com uma visão menos fragmentada do conhecimento, tornando-os sujeitos reflexivos, críticos e participativos na sua cidadania. A Arte inserida do contexto escolar promove a integração os conhecimentos e realidade dos alunos, sua realidade local, respeitando e valorizando suas
  • 12. 12 especificidades, buscando dessa forma ver o aluno em sua totalidade. Assim vale destacar a importância do ensino da Arte para o crescimento intelectual do aluno. Por isso, a escolha do tema da pesquisa, emergiu das aulas apresentadas sobre a Arte-educação no curso de Pedagogia, no qual tivemos a oportunidade de compreender que a forma simplificada e a visão reducionistas que muitos professores ainda apresentam, por terem sido vítimas de uma educação colonizadora, interferem e provocam limitações das compreensões intelectuais dos alunos, que por sua vês apresentando também dificuldades na relação e aprendizagem desta área. É preciso romper com as barreiras que impedem que a educação avance, especialmente a disciplina Arte. Dessa forma, partindo do nosso objetivo que é identificar as compreensões das professoras da Escola Centro Experimental de Torrões em relação ao ensino da Arte no Ensino Fundamental I, nosso trabalho ficou assim evidenciado: No I capítulo I, apresentamos o nosso problema trazendo também uma discussão sobre o contexto histórico da Arte e sua importância e presença na vida dos ser humano, pontuando a questões da influência colonizadora como fator negativo para o campo da Arte, que até hoje é refletida nas escolas brasileiras. No capítulo II, discutimos a temática, a partir dos nossos conceitos-chave reforçando-a com a fala dos teóricos que retratam a importância da disciplina Arte dentro do currículo para o crescimento intelectual dos alunos, na sequência, serão também abordados o papel do professor frente ao processo da educação em Arte, procurando reforçar através dessas reflexões teóricas, que a compreensão desses educadores, poderá viabilizar ainda no ensino fundamental I o desejo pela Arte por parte dos alunos. Ainda nesse capítulo pontuamos a necessidade do ensino da Arte e o Ensino Fundamental I, como a base para a aprendizagem escolar do aluno. No capítulo III, revelamos o caminho percorrido para a realização desta pesquisa, com base em uma pesquisa qualitativa com elementos da quantitativa. Dentro deste tópico apresentamos o perfil dos sujeitos, o lócus, e os instrumentos de coletas de dados para o estudo que melhor definiria o objetivo em questão.
  • 13. 13 No capitulo IV, apresentamos a análise e interpretações dos resultados com o auxílio do questionário fechado que traçou o perfil dos sujeitos, a aplicação da entrevista semi-estruturada que nos permitiu entender as compreensões sobre o ensino da Arte no fundamental I e por fim a observação que também possibilitou um acesso mais próximo da realidade da instituição escolar escolhida para esta pesquisa. Para reforçar os resultados aqui apresentados utilizamos os teóricos necessários para esta discussão. Nas considerações finais, pontuamos a evidente necessidade de educadores formados na área da Arte, a fim de que se possa garantir no cenário educacional brasileiro uma prática educativa, que viabilize um ensino de qualidade nesta área do conhecimento, visto que suas compreensões sobre esta área ainda se apresenta distanciadas da realidade.
  • 14. 14 CAPÍTULO I Para melhor compreender o sistema educativo que está entre nós e que nos é oferecido, como também o ensino de Arte nas escolas, é importante relembrar que este modelo educacional é fruto do processo de submissão do Brasil, que consequentemente teve sua cultura originada através da transmissão da cultura portuguesa enquanto colônia de Portugal, de forma que vivia-se e pensava-se os valores europeus que em sua maioria nada tinha a ver com a nossa realidade, não respeitando nossos modelos artísticos advindos das classes populares como podemos destacar as manifestações artísticas populares. Para a classe popular a educação era pautada para a preparação de mão-de-obra e não como um caminho de aprendizagem, ficando pois a disposição da elite brasileira o “ direito” de decidir o que seria adotado como educativo ou artístico pela população. A respeito disso Duarte Junior ( 1994) coloca que: Ao povo – sempre visto como ignorante e atrasada - reservava-se o ensino voltado à produção de mão de obra (...) a Arte, considerada um luxo e interpretada segundo ao cânones europeus, destinava-se à formação e ao lazer das classe mais abastadas. Tais classes também nunca viram com bons olhos as manifestações artísticas populares, consideradas “ primitivas” e “ incultas” . O povo que não tinha acesso à arte da elite, também era desencorajado e até reprimido em suas manifestações estéticas. Em tal contexto é compreensível que a arte e a educação nunca fossem vistas como fenômenos e complementares. Com uma invasão cultural entranhada desde as suas origens, a cultura brasileira veio se ressentindo de sentidos e valores genuinamente nacionais, procurando sustentar, através das elites, valores importados de outras culturas que, consequentemente, não podiam exprimir a vida concretamente vivida (p. 125 e126). Como podemos perceber a nossa educação, em especial o ensino da Arte nas escolas, teve em seu contexto a influência européia dominante e que ainda influencia as práticas educativas, e o quanto sofreram o preconceito, em seu processo inicial quando já existiam aqui no Brasil, artistas de origem popular com potenciais artísticos considerados como aponta Barbosa (2005): Nossos artistas, todos de origem popular, mestiços em sua maioria, eram vistos pelas camadas superiores como simples artesãos, mas não só quebraram a uniformidade do barroco de importação, jesuítico, apresentando contribuição renovadora, como realizaram uma arte que já poderíamos considerar como brasileira (p. 19).
  • 15. 15 Por vivermos em uma sociedade que cultivou e ainda cultiva os valores estéticos, não podemos ignorar a arte, a mesma é inerente ao ser humano. Assim passamos a compreendermos que afastando a arte do contato popular, alimentam também o preconceito contra ela até hoje acentuada em nossa sociedade em especial nas escolas, considerando-a muitas vezes como uma atividade supérflua, vista apenas como um acessório da cultura destinada a população mais elitizada da sociedade. Considerando a Arte como campo de aprendizagem e do conhecimento, que contempla também o belo, o diferente, o novo, o real, o abstrato, fica evidente a necessidade de incluí-la frequentemente em nossas atividades cotidianas, didáticas de forma mais sensível e agradável; propícia à aprendizagem. Assim Duarte Júnior (1994) nos diz que: Não haveria problema algum em se propor uma presença mais sensível da arte em nossas práticas educativas. Na verdade isto não interfereria em coisa alguma. Não provocaria confusões institucionais ou políticas. Pelo contrário, proporcionaria o desenvolvimento de uma função a mais (p. 12). Dessa forma olhando para a educação pela perspectiva da Arte é possível perceber que estamos envolvidos pelas várias manifestações de Arte, motivo pelo qual pensar é arte é pensar em cultura. Diante do exposto é importante lembrar que desde o início da história da humanidade, nota-se a presença da arte nas formações culturais. Assim a arte permeia a existência humana desde os seus primórdios quando estes durante a Pré-história deixavam expostos desenhos que retratavam atividades realizadas por eles no seu cotidiano com a capacidade de ensinar para o outro o que faziam. Assim o ensino e a aprendizagem da arte fazem parte do conhecimento que envolve a produção artística em todos os tempos. O homem através da imaginação é capaz de construir o seu mundo podendo expressa-lo de várias formas. Segundo Farias (1999): O homem, que é entre os animais o único que possui a dimensão simbólica a palavra, tem na linguagem o instrumento básico de ordenação e significação do mundo. O homem é o único ser que tem consciência de outras dimensões e outros tempos. A radical diferença entre o homem e os outros animais é a sua consciência reflexiva, simbólica (p.68). Hoje sabemos o quanto são essenciais informações deixadas nas cavernas, nas pedras pelos primatas.
  • 16. 16 No contexto escolar em especial na educação fundamental o descaso com a disciplina de Arte é bastante nítida quando paramos para observar as formas em que os professores trabalham em sala de aula, geralmente aplicando-a em datas comemorativas, não sendo compreendida como campo de conhecimento. Nesse contexto Barbosa (2005) afirma que: As referências que se encontram sobre Arte na escola e seu ensino são pouco freqüentes, esparsas e excessivamente gerais. Mesmo aqueles que têm refletido com maior agudeza sobre nossos problemas educacionais quase sempre deixam de lado o ensino da Arte (p.13). Diante disso é importante salientar que é por intermédio da Arte que o educando consegue ampliar a sensibilidade, a percepção, a reflexão e a imaginação, quando esta realiza formas artísticas, como também na ação de apreciar e conhecer as forma s produzidas por ele pelos colegas cabendo aí a participação fundamental do professor do ensino fundamental nas realizações significativas das atividades propostas buscando despertar o potencial artístico de cada um em sala de aula. Diante disso Duarte júnior (1994) coloca que: Permitindo à criança uma organização de suas experiências: a Arte possibilita-lhe, consequentemente, uma maior autocompreensão. Através de seu trabalho ela pode, de certa forma, ver-se “ de fora” já que existe (...) uma identificação sua com aquilo que ela produz (p.113). Nessa perspectiva não se pode negar ao aluno em seu processo de escolarização a aproximação e o contato com Arte que é indispensável para sua aprendizagem, para que ela possa tirar tudo o quanto a Arte suscita, abrindo espaço par que seja capaz de criar, sentir, perceber.O professor na sua prática educativa precisa contextualizar, ou seja, educar diante da realidade que os alunos estão inseridos, não impondo gostos como modelo padrão, mas enaltecendo os conhecimentos que eles já tem. Quando a escola não valoriza a contextualização, quando esta não atribui valor ou atenção para o ensino artístico, ocorre a descontextualizarão abrindo campo para a colonização, opressão e exploração. De acordo com a afirmação citada Duarte Júnior (1980), afirma que: Em primeiro lugar, a atividade artística da criança apresenta o sentido de organização de suas experiências. Desenhando, pintando, esculpindo,
  • 17. 17 jogando papéis dramáticos, etc, a criança seleciona os aspectos de suas experiências que ela vê como importantes, articulando-os e integrando-os num todo significativo (p.112). A Arte sofreu e ainda sofre preconceitos, muitas vezes decorrentes da incipiente formação docente. A realidade é que a educação brasileira ainda continua resistente ao diferente, ao inovador, por que para muitos o tratamento com rte na escola exige interesse do professor e que este abrace o caminho que deseja seguir tendo compromisso com um projeto educativo, com um currículo que contemple as quês toes artísticas. A respeito disso Dehelnzelin (1994) afirma: “ para que o professor tenha domínio de sua arte, necessita de um currículo que seja para ele um instrumento, assim como a tela e os pincéis são instrumentos para o pintor (p.15)” . De acordo com afirmação fica evidente a importância do papel do professor que tenha intimidade com arte baseado em um currículo eficaz significativo que visem contemplar as experiências e conhecimentos que as crianças já têm consigo. A prática educativa e significativa envolvendo a arte possibilita o desenvolvimento de habilidades como valores, respeito, amizade, e a escola como mediadora do conhecimento precisa estar inovando seus métodos podendo contribuir para uma educação transformadora. Diante do contexto abordado e dessa realidade comum a muitas escolas que ainda empregam a Arte de forma superficial, nota-se que permanece ainda em muitos casos a visão reducionista desta disciplina. Assim Farias (1999) vem nos afirmando essa realidade quando noz diz que: No ambiente escolar educacional é comum a referência às diferenças entre aulas de arte e as aulas “ mais sérias” . A medida em que o aluno vai avançando nas séries, a escola vai gradativamente retirando dos programas o aspecto lúdico que poderia estar presente no processo educativo. Com isso, as atividades que envolvem a expressão artística, a dinâmica corporal e até mesmo a experiência estética vão tomando os últimos lugares na escola de prioridade dentro dos currículos (p. 67). Diante do que foi exposto aqui, surge assim a nossa questão de pesquisa: Quais as compreensões dos professores da Escola Centro Experimental Rural de Torrões em relação ao ensino de Arte no Ensino Fundamental I?
  • 18. 18 A presente pesquisa tem como objetivo: identificar as compreensões dos professores da Escola Centro Experimental Rural de Torrões em relação ao ensino de Arte-Educação no Ensino Fundamental I. Assim essa pesquisa poderá ser relevante por contribuir para a compreensão e reconhecimento dos professores sobre a importância do trabalho com o ensino da Arte nos espaços escolares, podendo auxiliar em suas práticas em sala de aula. O estudo sobre a arte é importante porque nos ajuda a refletir com ela está sendo encarado nas escolas de um modo geral e a parir daí analisar de que forma podemos fazer diferente quando estivermos em sala de aula procurando evidenciar mais o potencial que a arte é capaz de desenvolver nos indivíduos quando bem aplicada.
  • 19. 19 CAPÍTULO II 2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA A partir da problemática apresentada na presente pesquisa temos com objetivo identificar as compreensões que os professores da Escola Centro Experimental Rural de Torrões situada em Campo Formoso- BA, apresentam sobre a o ensino da Arte-educação no Fundamental I. Dessa forma trataremos aqui dos referenciais teóricos que tratam da presente temática. Para tal realização apresentamos as articulações norteadas pelos respectivos conceitos-chave: Compreensão - Arte- Educação - Professores – Educação Fundamental I. 2.1. A Arte de compreender / compreensão: Enquanto seres humanos necessitamos de conhecimentos que nos possibilitem um melhor compreensão do mundo e de todo o contexto ao qual estamos inseridos. Neste sentido a nossa compreensão torna-se um suporte importante e necessário que nos conduzirá a informações que irão nos ajudar a interpretar o mundo ajuda- nos a perceber melhor toda a realidade ou pelo menos parte dela. E quando dominamos esta compreensão entendemos que compreender, não está associado somente ao aprender, mas também ao ato de ensinar. Pois de posse de conhecimentos somos capazes de transferir aquilo que sabemos ou compreendemos a outros sujeitos. Assim compreender não é apenas, por exemplo, descobrir uma lei, um princípio que regulamente um acontecimento, mas chegar a característica do comportamento dos indivíduos diante do outro, como também da natureza e do tempo. Ainda nesse contexto Silva (2005) afirma que compreender refere-se á: Possibilidade de organizar o mundo e as coisas e constitui um estado básico da existência do ser-do-homem. Dessa forma não deverá haver um gesto humano, uma palavra, um silêncio que não tenham um significado que se torna visível por si só; na maioria das vezes, este significado tornar- se visível através da compreensão (p. 27).
  • 20. 20 Segundo Silva ( 2005, p.26 ) “ Compreensão refere-se à potencialidade de ser e de conhecer aquilo que se é capaz” . Compreensão aí não se refere apenas ao estar preparado para fazer ou dirigir alguma coisa a ser competente para algo, ele tem sentido amplo, sendo que este saber do que é capaz não é apenas resultado de uma autopercepção, mas é o resultado de um estado de consciência, ou seja, uma consciência presente. O que se está sempre presente na compreensão é a possibilidade de interpretação, como também a possibilidade de apropriação e de apreensão de tudo aquilo que foi compreendido pelo indivíduo. Diante da afirmação Silva (2005) salienta que: Compreender é assim a intenção total, não apenas assumir o que as coisas representam, o seu simbolismo, as suas propriedades, mas o modo específico de existir das coisas que se expressam na composição do texto, nas idéias que se desvelam, no pensamento do autor do texto (p.26). Morin ( 2005 ) afirma que: A compreensão é ao mesmo tempo meio e fim. Dada a importância da educação para a compreensão, em todos os níveis educativos e em todas as idades, o desenvolvimento da compreensão necessita de reforma planetária das mentalidades. Esse deve ser a tarefa da educação do futuro (p. 104). Com a afirmação percebe-se que o ato de compreender está sendo associado a educação do futuro e que não só os professores, mas todos devem compreender as potencialidades dos alunos e procurar estimulá-las afim de expressarem suas capacidades. Morin (2005, p.95) diz que: “ A compreensão humana vai além da explicação. A explicação é bastante para a compreensão intelectual ou objetivo das coisas anônimas ou materiais, é suficiente para compreensão humana” . A instituição escolar é a mediadora de conhecimentos e oportunidades, pois nela o ato de pensar e refletir são desenvolvido. O desenvolvimento de compreensão permite ao aluno a aproximação e domínio da realidade, atraindo-o para intervir de forma eficaz na mesma. Ainda nesse contexto Morin (2005), destaca que a compreensão é uma das finalidades da educação do futuro. Educar para
  • 21. 21 compreender uma disciplina, dentro, de um realidade, envolvendo vários conceitos, é educação interdisciplinar. Permitir que o aluno compreenda o que faz depende, em boa medida, de que seu professor ou professora seja capaz de ajudá-lo a compreender, dar sentido ao que tem entre as mãos; quer dizer, depende de como se apresenta, de como tenta motivá-lo, na medida em que lhe faz sentir que sua contribuição será necessária para aprender (ZABALA, 1998; p. 91). Analisando a fala do autor percebe-se que o papel do professor é fundamental para o crescimento do aluno, que será orientado a entender e dar sentido naquilo que realiza em sala de aula. È a compreensão do outro e o respeito que nos tira do centro do universo e nos deixa perceber que os obstáculos à compreensão são múltiplos e multiformes. Mas só pela compreensão humana é que se transpõem as barreiras que existem. Vaz (1991, p.27) nos diz que: “ o educador, mais comprometido com seu papel social – ponte entre a criança e a sociedade – preocupa-se com o tipo de relação que estará sendo desenvolvida com a criança” . Cabe aos professores compreender a importância dessa área do conhecimento que é por muitos, taxada como “ boba” , mas que diante da necessidade que as crianças tem de compreender-se no mundo e os fatores das suas realidades vivenciadas conceberá a ela uma educação com função transformadora, norteada pelas oportunidades de expressão livres que poderão ter no desenrolar das aulas artísticas. Nesta mesma compreensão Ferraz (2009), argumenta que: os estudantes têm o direito de contar com professores que estudem arte vinculada à vida pessoal, regional, nacional e internacional (...) o professor de arte precisa saber o alcance de sua ação profissional (...) é um dos responsáveis pelo sucesso desse processo transformador, ao ajudar os alunos a melhorarem suas sensilbilidades e saberes práticos e teóricos em arte (p. 51).
  • 22. 22 O autor aponta que quando o professor apresenta uma compreensão do real valor significativo que a disciplina Arte tem na educação, o trabalho com os alunos fica mais envolvente, abrindo o olhar, a sensibilidade e a capacidade artística do educando, incentivando o desenvolvimento da sua capacidade crítica e criadora, e a partir daí estabelecer relação do novo com o que já faz parte do seu mundo, levando-o a produzir, lê, apreciar e compreender o mundo que o cerca. O professor necessita perceber que o educando reflete suas expressões artísticas nas suas atitudes mais simples e compreendendo-a, ele irá focalizar especialmente todo o saber que este traz de casa e fará desses conhecimentos subsídios para sua prática em sala de aula, sistematizando com toda a turma as experiências de cada um, estabelecendo assim momentos de trocas com os colegas. 2.2. Professor como mediador / A relação professor e a Arte Todo professor em sala de aula deve ter em mente que se tornará responsável pela criação de um contexto favorável para a construção do saber, cabendo a ele uma tarefa muito importante que é de acompanhar o avanço do aluno diante do que está sendo sistematizado na escola. Para melhor definir professor, Ferreira (2001, p. 596) conceitua professor dizendo que: “ professor é aquele que professa ou ensina uma ciência, uma arte, técnica, mestre, aquele que professa publicamente as verdades” . Entende-se que educar é saber escutar, dialogar é ensinar a pensar certo, sabendo que pensar certo é pensar criticamente, ou seja, não só transferir conhecimento. Sobre isso Freire (1996, p.52) afirma: “ Saber que ensinar não é transferir conhecimento, mas criar as possibilidades para a sua própria produção ou a sua construção” . Neste sentido o professor exercendo o seu trabalho perceberá a sua tarefa enquanto educador, que sempre estará buscando criar possibilidade para o nascimento e crescimento do saber. Martins (1997) vêm nos falando a respeito e coloca que:
  • 23. 23 O professor em sala de aula instrui, explica, informa, questiona e corrige o aluno, fazendo-o explicar seus conceitos espontâneos. A ajuda do adulto permite a criança resolver mais cedo os problemas complexos que não poderia enfrentar se fosse deixada à mercê da vida cotidiana. Assim as experiências das crianças, mais notadamente as que se dão de forma sistemática no mundo escolar, parecem implicar mais desenvolvimento e maior conhecimento sobre a realidade física e social (p.120). Freire (1996) ainda nos diz que em seu papel, o educador não só ensina conteúdos, mas auxilia o desenvolvimento da consciência dos alunos diante daquilo que lhe é transmitido dentro e fora da escola. Assim percebe-se que o professor aí tem em seu ofício o papel de formador de opiniões. O papel do professor está cada vez mais complexo, pois não se admite apenas conhecer as matérias em que vai atuar, é preciso saber atuar, conhecendo a realidade em que ele e os alunos vivem, conhecer didática, ter amor, compromisso e responsabilidade no que se faz. Sobre isso, Dehelnzelin (1994) nos diz que: A conduta do professor, ao propor atividades artísticas, deve proporcionar as crianças experiências significativas, desde que estas não impliquem a perda da inocência infantil, caracterizada por uma propulsão desbravadora sempre em ação (p.125). Em comentário a essa questão Demo, (1995) enfatiza que: “o papel do professor básico precisa mudar de situação atual marcada pela mera transmissão copiada de conhecimento, mero intermediário repassador, para a condição, ativa, dinâmica de (re) construtor de conhecimento (p.10)” . O professor precisa refletir sobre suas formas de atuação profissional, diante da sociedade, pois os mesmos são levados a definir seus papéis e suas funções em uma sociedade em transformação que questiona valores. Mizukami (1986), afirma: Um professor que esteja engajado numa prática transformadora procurará desmistificar e questionar com os alunos, com a cultura dominante, valorizando a linguagem e a cultura deste, criando condições para que cada um deles analise seu contexto e produza cultura (...). O professor procurará criar condições para que, juntamente com os alunos, a consciência ingênua seja superada (p. 83).
  • 24. 24 O professor em sua prática educativa, também precisa ter um cuidado especial e perceber que cada educando aprende de forma diferente, dentro da sua individualidade a cada trabalho realizado, permitindo assim que sintam-se seguros em suas produções e desempenho. O primeiro olhar do educador que irá trabalhar com arte deve voltar-se para a cultura local. As práticas educativas em sala de aula, precisam priorizar saberes artísticos da região onde se encontra a escola, dessa forma aprecia-se a manifestação artística livre ou espontânea de uma cultura, promovendo um espaço intramuros escolar. No dizer sempre expressivo de Mahoney (2006): (...) o professor não só é o mediador entre a cultura e o aluno, mas é o representante da cultura para o aluno. Na relação professor-aluno, é ele que acaba selecionando entre os saberes e os materiais culturais disponíveis em dado momento, bem como tornando ou não esses saberes efetivamente transmissíveis; é ela que faz a aproximação do aluno com a cultura de sua época (p.80 - 81). O autor assinala ainda que a influência da escola na vida do educando é bastante evidente destacando que deverá ser o centro de divulgação da cultura em diversas áreas. Sobre essa questão Ferraço (2008), pontua que: Cada escola, cada sala de aula, cada grupo de alunos/as, e de educadores/as, fazem história e , dessa forma, o patrimônio cultural presente não pode ser desconsiderado sob pena de mutilar a atividade docente. No chão da escola, manifestam-se diferentes interesses, histórias de vida, expectativas, ou seja, numa escola, há diferente currículos reais sendo tecidos nesses grupos (p.79). No cenário atual, muitos professores que hoje atuam em sala de aula, quando alunos de séries iniciais não tiveram a oportunidade de terem seus saberes locais validados, tiveram pois, suas vivências negadas ou silenciadas no seu cotidiano escolar, como também sofreram a priorização de conteúdos distanciados de suas vivências, o que refletiu na sua postura profissional atual principalmente no campo da Arte. Por isso faz-se necessário uma conduta contrária ao de seu tempo, buscando uma postura mais próxima da realidade do aluno. Diante disso vale salientar que no contexto que envolve os professores, há um sentimento angustiante, que os leva a refletirem sobre qual é o seu verdadeiro papel
  • 25. 25 na escola, já que o público de educandos, antes submissos e disponíveis para aprender o que lhe era exigido já não se encontra da mesma forma. Isso acontece por que o modelo de aluno que temos hoje ocupa um outro espaço no mundo, as exigências, as curiosidades, as necessidades, as percepções são outras diferenciam-se das nossas, daquelas que nos foram cobradas. A partir daí percebemos que o professor de hoje precisa adequar-se ao novo aluno que recebe em sua sala de aula. Mesmo que os professores não tenham tido a chance ou o direito de liberdade não justifica uma prática de limitações. Mas uma prática que garanta um fazer pedagógico mais eficaz. Enquanto não construirmos um novo sentido para a nossa profissão, sentido este que está ligado à própria função da escola na sociedade aprendente, esse vazio, essa perplexidade, essa crise, deverão continuar. Em sua essência, ser professor hoje não é nem mais difícil nem mais fácil do que era décadas atrás. É diferente. Diante da velocidade com que a informação se desloca, envelhece e morre, diante de um mundo em constante mudança, seu papel vem mudando, senão na essencial tarefa de educar, pelo menos na tarefa de ensinar, de conduzir a aprendizagem e na sua própria formação que se tornou permanentemente necessária (GADOTTI, 2007;p.63 e 64). O autor continua e argumenta explicando que a docência: é uma atividade baseada em perguntas. Por isso não é uma atividade rotineira. Cada dia é uma surpresa. Cada dia o ser humano é diferente (...). Por isso, a docência é, também, uma atividade de reencantamento permanente. (GADOTTI, 2007; p.55 e 56): Diante da fala do autor percebemos que o educador precisa desenvolver uma postura ativa, indagadora, reflexiva, criativa, socializadora, e assim o envolvimento do professor contribuirá na realização de atividades mais agradáveis. O professor necessita de um espaço de reconhecimento dentro da escola e formação na área que está atuando. Sobre isso Fonseca (2007) afirma que: “ a atuação do professor em sua sala de aula, e suas reflexões sobre a própria docência irá contribuir para a compreensão da prática educativa” (p. 86). Por isso Cunha (1994) explica que: “ o fato do professor ter tido uma educação autoritária e punitiva pode fazê-lo tentar repelir esta forma no seu cotidiano docente, mas pode também, levá-lo a repetir esta prática” (p.36).
  • 26. 26 Portanto é válido colocar, que ao contrário de uma educação punitiva e autoritária, a postura de um professor que trabalha com Arte ou qualquer outra disciplina precisa estar voltada para a mediação e aproximação dos educandos com a diversidade que a Arte oferece, entendendo que só através desse contato, os alunos perceberão uma educação significativa, caso contrário estará acontecendo uma educação de adestramento. Por sua vez criar o espaço de compreensão comum requer um compromisso de participação por parte dos alunos/as e do professor num processo aberto de comunicação. (...) os alunos devem participar na aula trazendo tanto seus conhecimentos e concepções como seus interesses preocupações e desejos, envolvidos num processo vivo, em que o jogo de interações, conquistas e concepções provoque, como em qualquer outro âmbito da vida, o enriquecimento mútuo (SACRISTÁN, 1998; p. 64). Deste modo se o educando for considerado e visto como ser capaz de criar, ele poderá receber as estimulações para expressar-se artisticamente. O aluno traz dentro de si, um mundo de imaginação e criatividade, que precisa ser expresso. Assim o professor não pode esquecer que aquele aluno que estar entre 4 paredes de uma sala de aula, também aprende e detém em suas vivências um mundo recheado de informações artísticas. Sobre isso Freire (1996) nos afirma que: É preciso que, pelo contrário, desde os começos do processo, vá ficando cada vez mais claro que, embora diferentes entre si, quem forma se forma e re-forma ao formar e quem é formado forma-se e forma ao ser formado. É neste sentido que ensinar não é transferir conhecimentos, conteúdos nem formar é ação pela qual o sujeito criador dá forma, estilo ou alma a um corpo indeciso e acomodado. Não há docência sem discência, as duas se explicam e seus sujeitos apesar das diferenças que os conotam, não de reduzem à condição de objeto, um do outro. Quem ensina aprende ao ensinar e quem aprende ensina ao aprender (p.23). A partir daí percebe-se que é fundamental ao professor, superar a condição de mero transmissor de conhecimentos prontos e acabado, permitindo ao aluno elabore suas próprias idéias. Nessa perspectiva, é preciso que cada professor comprometa-se não apenas com questões relacionadas com suas disciplinas, isoladamente deixando de lado as demais que julga menos importante como acontece com a disciplina Arte em muitas escolas. Pelo contrário, todas as disciplinas são importantes e fazem parte do coletivo da escola, que pensa tanto os conteúdos disciplinares de forma integrada, como também outros aspectos formativos, relacionados à instituição escolar.
  • 27. 27 Ser educador em tempo de mudanças torna-se uma tarefa árdua e ao mesmo tempo exigente nos dias atuais. Neste sentido podemos destacar que no cenário da educação, outro fator que está em questão é a desvalorização de algumas disciplinas, caracterizando assim um cenário de discriminação em relação a algumas e o enaltecimento de outras. Como exemplo, podemos destacar a forma como a disciplina de Arte se destaca neste aspecto, quando esta área é colocada em segundo plano com a perpetuação de trabalhos sem criatividade e desinteressantes para os alunos. Caindo sobre ela a rotulação de disciplina de lazer, diversão, descanso, tudo, menos como área de conhecimento fundamental para aprendizagem cultural dos aluno. Para tanto Buoro (2003) afirma que: “ é necessário realizar um trabalho significativo, compromissado com a qualidade e melhoria da Arte na Educação (...)” (p.38). Partindo dessas discussões, fica claro que é importante o desenvolvimento de trabalhos voltados para uma prática envolvente que enalteça o potencial tanto da disciplina como do professor que atua com ela, para que se possa também estar oferecendo conhecimentos propícios ao crescimento do aluno. O professor que atua dentro da área de Arte necessita ter convicção da metodologia que irá contemplar o saber dos seus alunos, visando o sucesso e guiando as atividades e garantindo informações que lhe serão úteis no processo de aproximação e apropriação das diversas linguagens artísticas. Neste sentido Ferraz (2009) enfatiza dizendo que “ (...) o professor de arte é um dos responsáveis pelo sucesso desse processo transformador, ao ajudar os alunos a melhorarem suas sensibilidades e saberes práticos e teóricos em arte” (p.51). O autor ainda acrescenta que para: o desenvolvimento de um bom trabalho envolvendo a arte, o professor precisará compreender os conhecimentos que o aluno já traz sobre a arte e também suas outras necessidade destaca que“ para desenvolver um bom trabalho de Arte o professor precisa descobrir quais são os interesse, vivências, linguagens, modos de conhecimento de arte e práticas de vida de seus alunos (Ferraz (2009; p. 71).
  • 28. 28 Partir de temáticas retiradas da realidade concretas dos alunos são práticas que o professor precisa garantir para que de fato se tenha uma educação que valorize as competências artísticas dos educandos. Barbosa (2008) destaca que: “ Somente a ação inteligente e empática do professor pode tornar a Arte ingrediente essencial para favorecer o crescimento individual e o comportamento de cidadão como fruidor de cultura e conhecedor da construção de sua própria nação (p.14)”. O professor de arte, não precisa ser um artista para desenvolver seu trabalho, mas é importante que ele, enquanto mediador desta área do de conhecimento organize-se a cerca do que vai ser aplicado, para não correr o risco de passar atividades sem sentido nenhum para a turma e isso implica também um trabalho voltado para o campo da pesquisa fora da instituição escolar, necessitando aí de tempo para a busca de novos conhecimentos onde ele possa estar oferecendo outras fontes de informações da área que trabalha. Sobre outras fontes de informações ou espaços de pesquisa. Barbosa (2008) continua afirmando que: O professor precisa de tempo e de recursos para pesquisa. O professor de Arte precisa sair da sala de aula e interagir com os espaços culturais, museus, bibliotecas e outras instituições que produzem e veiculam os bens culturais. Precisa se conectar as redes de informação. Precisa buscar o conhecimento com seus alunos aonde ele se encontra (p.158). O professor que reconhece o papel de sua disciplina na vida do educando, cumpre seu dever, tem segurança, habilidade e flexibilidade com os outros saberes, dificilmente irá encontrar barreiras para a sua atuação docente. Os professores que trabalham com a arte-educação, necessitam de informações diversificadas que venham contemplar e desafiar o educando em suas potencialidades. 2.3. Com Arte também se aprende: A importância da Arte na escola como caminho da aprendizagem. Sendo a arte uma área que está ligada ao ser humano desde seus tempos mais remotos, percebe-se então que a sua inserção na vida do aluno é fundamental, e a escola está aberta ao oferecer o espaço repensando assim um trabalho escolar firme, no qual o aluno possa encontrar meios para o seu desenvolvimento por meio dos conhecimentos estéticos e artísticos que ele já possui.
  • 29. 29 Nas palavras de Ferraz (2009): “ A Educação através da Arte é na verdade, um movimento educativo e cultural que busca a constituição de um ser humano completo, total, dentro dos moldes do pensamento idealista e democrático (p. 17)” . Segundo o autor a Arte-Educação representa um movimento na busca de outros métodos para o ensino de arte nos espaços escolares. Essa é, também, a compreensão de Biasoli (1999) que vai ainda mais longe e nos diz que: A arte-educação constituiu, no Brasil, um movimento surgido no final da década de 1970, organizado fora da educação escolar, que buscava novas metodologias de ensino e aprendizagem da arte nas escola por meio de uma concepção de ensino de arte com base numa ação educativa mais criadora, mais ativa e que envolvesse o aluno de forma mais direta, mais concreta (P. 87). O autor em suas colocações fala do envolvimento direto do educando com o conhecimento da Arte, partindo de metodologias propostas pelo professor que possibilitem um trabalho mais concreto. Nas palavras de Buoro (2003), ele nos esclarece que: Embora o ensino de Arte esteja previsto por lei na escola brasileira desde o início da década de 70, sua história é muito mais longa do que o registro oficial indica, perfazendo um percurso enriquecido pelas diversas teorias de ensino que impulsionaram os professores á procura de novos caminhos na reestruturação de seu trabalho educacional (p. 47)” . Buscando definir Arte, Ferreira (2001), destaca que: A Arte possibilita a sensibilidade, e reforça que atividades que contemplam a pintura, a música, a dança, a representação teatral, a escultura entre outras formas artística aguçam e provocam sensações diferentes nas pessoas. Ao nos reportarmos sobre a Arte, percebe-se que a mesma está em toda a parte. Na verdade a sociedade humana inspira e expira Arte, dessa forma fica a questão: como ignorá-la se a mesma está inserida em todo o espaço sócio-cultural? Não podemos ignorar algo que está intrínseco em nosso ser. O homem desde os tempos mais remotos, no período pré-histórico/ paleolítico sentiu a necessidade de se expressar e para isso registrou desenhos nas paredes das cavernas, muitas vezes cenas do seu próprio cotidiano demonstrando assim, pela utilização de sua arte,
  • 30. 30 informações para explicar ou até mesmo para exprimir algum ritual de seu povo, ficando evidente a presença da arte desde as cavernas. De acordo com essa afirmação Buoro (2003) coloca que: Uma das primeiras referências da existência humana na Terra aparece nas imagens desenhadas nas cavernas, que hoje chamamos de imagens artísticas. Neste sentido, pode-se dizer que a Arte está presente no mundo desde que o homem é homem (p.19). De acordo com a fala do autor convém notar que a arte permeia a existência humana e que não há como ignorá-la, pelo contrário, devemos colocá-la como parte da nossa existência para que através dela seja possível entendermos a nossa própria origem. Assim: “ A Arte evidencia sempre o momento histórico do homem. Cada época, com suas características, contando o seu momento de vida, faz um percurso próprio na representação, como questão de sobrevivência (BUORO, 2003; p. 25)” . Ainda sobre esta afirmação Buoro (2003) nos diz que: A arte, portanto, se faz presente, desde as primeiras manifestações de que se tem conhecimento, como linguagem, produto da relação homem/mundo (...) neste sentido, não existe o homem puro, o ser biológico separado de suas especificidades psicológicas, sociais e culturais. Cada uma dessas especificidades está presente e sempre esteve na vida humana, e é por meio delas que desde os tempos mais remotos o homem foi se relacionando com a natureza e com o mundo ao seu redor, construindo as possibilidades de sua sobrevivência e desenvolvimento. Por isso a Arte é uma forma de o homem entender o contexto ao seu redor e relacionar-se com ele. O conhecimento do meio é básico para a sobrevivência, e representá-lo faz parte do próprio processo pelo qual o ser humano amplia seu saber (p. 20). Nesta perspectiva compreende-se então que o homem permanece ligado a esse campo de conhecimento que contempla o fazer, existir, o exprimir e o sentir humano. A respeito disso Ferraz (2009) coloca que: “observando-se as produções artísticas desde os primórdios, nota-se que elas se relacionam com a própria vida humana, com a sua realidade social, construtiva e com a comunidade na qual se insere (p.122)” . O autor reforça nos dizendo que:
  • 31. 31 A arte é uma das mais inquietantes e eloqüentes produções do homem. Arte como técnica, lazer, derivativo existencial, processo intuitivo, genialidade, comunicação, expressão, são variantes do conhecimento arte que fazem parte de nosso universo conceitual, estreitamente ligado ao sentimento de humanidade (p.101)” . Diante das colocações dos autores, percebe-se a importância que a arte tem no contexto sócio-cultural da sociedade, e o quanto o estudo, sobre essa área de conhecimento resgata as diferentes culturas presentes no mundo. Tal grau de importância é atribuída ao campo da arte e é defendida por Coli (1947) quando nos diz que: A arte são certas manifestações da atividade humana diante das quais nosso sentimento é admirativo, isto é: nossa cultura possui uma noção que domina solidamente algumas de suas atividades e as privilegia (...) ela nos ensina muito sobre o nosso próprio universo, de um modo específico, que não passa pelo discurso pedagógico, mas por um contato contínuo, por uma freqüentação que refina nosso espírito (p.113). Nesta visão o autor pontua que a Arte contribui para a compreensão do mundo de forma a situar o homem no tempo e espaço que ocupa, evidenciando assim, a importância de seu estudo que ao mesmo tempo pode contribuir esclarecendo as variadas culturas existentes. Diante do contexto abordado sobre a Arte, percebemos que ela como disciplina dentro da escola, contribui para o resgate pessoal e social do indivíduo, na medida que a sua cultura, sua história, venha ser lembrada por meio de atividades que viabilizem esses momentos de socialização, descobertas, debates e exposição de suas vivências. Neste sentido Duarte júnior (1996) pontua que: “ (...) a arte é um fenômeno presente em todas as culturas (p.4)” . O referido autor destaca em sua fala que a arte é um fator comum presente em todas as culturas, tanto nas mais atuais quanto nas mais antigas, do homem pré-histórico ao mais “ civilizado” enfatizando que todos os modelos de cultura sempre produziu arte e que esta nos acompanha desde as cavernas. A arte é sempre produto de uma cultura e de um determinado período histórico. Nela se expressam os sentimentos de um povo com relação às questões humanas, como são interpretadas e vividas em seu ambiente e em sua época. Através da arte temos acesso a essa dimensão da vida cultural (...) (DUARTE JÚNIOR,1994; p.18). Infelizmente na história da cultura brasileira há marcas do processo de dominação e da grande influência de modelos culturais europeus que foram colocados como
  • 32. 32 referências superiores a nossa. É preciso insistir no fato de que isso aconteceu desde a educação colonizadora também européia que exerceu um forte domínio, impondo sua cultura e reforçando o preconceito com a arte local brasileira, e conseqüentemente ignorando-a. Em comentário a essa questão, o autor aponta que: Historicamente sempre tivemos aqui a educação do colonizador, isto é, aquela que despreza as condições específicas da terra e procura impor a visão de mundo que interessa às minorias dominantes copiávamos (e copiamos) modelos de “ desenvolvimento” baseados em experiências de outras culturas e que, ao serem transplantados para cá, sofrem sérias distorções, gerando verdadeiros descalabros, especialmente educacionais (DUARTE JÚNIOR,1996; P. 77). Dessa forma vale acrescentar que esse domínio como já foi dito, atingiu também a arte que já se fazia presente na educação, tida como artigo de luxo destinada apenas as elites mas não chegando a todos com a valorização merecida, pois: neste sentido a arte sempre foi vista como “ artigo de luxo” , como um “acessório” cultural: coisa de desocupados. O verdadeiro ensino da arte foi reservado apenas às horas de ócio das classes superiores, dando-se apenas nos “ conservatórios” e academias particulares (DUARTE JÚNIOR,1996; P. 77). Na compreensão de Duarte Júnior (1996) é preciso ter muito cuidado ao adotar as Artes originadas de outros povos, para não corrermos risco de invadir outros espaços que não são nossos. O importante na visão do autor é seguir os nossos próprios padrões artísticos em especial o nosso folclore que reflete profundamente as nossas raízes. Partindo desse pressuposto nota-se que é preciso contemplar a disciplina de Arte de modo que ela venha a contribuir com a formação dos sujeitos na sociedade partindo das nossas riquezas e informações culturais rompendo com a idéia reducionista que sofreu e ainda sofre atualmente vista como mera reprodução artística sem sentido. Para tanto é fundamental que haja maior espaço para que desde cedo já exista uma apropriação e envolvimento dos alunos nos conhecimentos proporcionado pela disciplina de Arte, pois: É nesse sentido que podemos vislumbrar toda a importância que a compreensão da Arte pode ter no ensino escolar. Precisamos conquistar um espaço para a Arte dentro da escola, espaço que ficou perdido no tempo e que, se recuperado, poderá mostrar-se tão significativo como qualquer outra matéria do currículo (BUORO, 2003; p. 33).
  • 33. 33 À escola sempre é atribuída o papel de responsável por novos comportamentos na sociedade, como uma instituição destinada a formação crítico-social dos sujeitos, no entanto no que diz respeito a arte muito pouco tem mudado. Vale lembrar que as formas como são trabalhadas as questões do campo da arte pelos professores, ainda preocupa e tem levado a discussões e estudos na tentativa de destacar a importância da arte como também rever e mudar essa realidade. Nas palavras de Buoro (2003): O primeiro passo nessa direção é favorecer a autoconfiança, a capacidade de enfrentar desafios, o autoconhecimento e a imaginação criadora, afim de resgatar a criança inventiva. Para tanto, é necessário realizar um trabalho significativo, compromissado com qualidade e melhoria da Arte na Educação, por meio de um processo ativo, que vincule os sujeitos aos objetos de conhecimento, levando-os a uma construção de sentido (p.38). Nesse sentido podemos compreender a importância que a compreensão da Arte pode influenciar no ensino escolar. Precisamos viabilizar a conquista de um espaço significativo para a disciplina Arte dentro da escola, espaço que por muito tempo ficou esquecido no tempo e que, se recuperado, poderá revelar-se tão significativo como outra matéria qualquer do currículo escolar. Assim o ensino da arte dentro do contexto escolar deve reconhecer fatores ligados aos conteúdos selecionados como também as questões de ensino participação, aprendizagem e envolvimento dos professores e alunos. Segundo Dehelnzelin, (1994, p.121) “ a arte é um vasto campo de conhecimento humano, certamente o mais misterioso e belo de todos” . Diante da afirmação percebe-se que a arte está ligada ao ser humano, e que através dela o indivíduo consegue realizar, apreciar e conhecer formas artísticas correspondendo as suas mais variadas formas de expressão. É uma maneira de despertar o indivíduo para que este dê mais atenção ao seu próprio sentir. A arte se manifesta de várias maneiras exprimindo sentimentos (o grito, o choro). Não se pode separar os conhecimentos, a música, a dança, os sentimentos, o comportamento, tudo é arte. Nesse sentido Duarte Júnior (1996) vem colocando que: Através da arte, no entanto, o indivíduo pode expressar aquilo que o inquieta e o preocupa. Por ela este pode elaborar seus sentimentos, para que haja uma evolução mais integrada entre o conhecimento simbólico e seu próprio “ eu” . A arte coloca-o frente a frente com a questão da criação: a criação de um sentido pessoal que oriente sua ação no mundo (p.72 e 73).
  • 34. 34 A LDB- Lei de Diretrizes e Bases da Educação (1997) diz que: Art. 26 § 2 “ o ensino da arte constituirá componente curricular a obrigatório, nos diversos níveis da educação básica de forma a promover o desenvolvimento cultural dos alunos” . Embora esteja imposto na lei a questão da valorização e o desenvolvimento cultural dos alunos com base no ensino da Arte, o que acontece na realidade em especial dentro do contexto escolar, é que a forma como o ensino de Arte foi e ainda é trabalhada em algumas escolas, traz o retorno que temos hoje com atividades desconexas que não representam o sentido da Arte. Percebemos que as instituições escolares trabalham há muito tempo com o ensino da Arte, mas na maioria das vezes como lazer ou uma forma de aliviar as demais disciplinas ficando exprimida e em segundo ou terceiro plano. Com isso Duarte Júnior (1994, p. 79) nos diz que: “ A arte continua a ser encarada, no interior da própria escola, como um mero lazer, uma distração entre as atividades “ úteis” das demais disciplinas” . Infelizmente o que ainda ocorre em algumas instituições escolares dentro das salas de aula com o ensino da arte, reforça uma prática distorcida do que a disciplina Arte tem em sua essência, pois ela tem conteúdo próprio como todas as disciplinas, e esse conteúdo deve ser respeitado, contemplado e estimulado tanto quanto os outros. Nessa perspectiva, a Arte na escola tem um função importante, e os professores tem o papel de facilitador ou mediador dessa construção, e conhecer os conceitos fundamentais da linguagem da Arte. Diante do exposto Barbosa (2008) confirma e vem afirmando: Ainda olhamos muito pouco a produção de nossos aprendizes; ainda escutamos muito pouco o que permitimos que eles nos digam. Por isso mesmo o saber cultural de Arte dos alunos articulado às mais largas, da humanidade, é que constituem-se em um complexo material cultural que deve mobiliar mediações docentes para inventar tarefas, criar exercícios de exploração, imaginar temas, ousar propostas inovadoras (p.58). Mas a disciplina Arte vem marcada por algo muito mais importante que é o aprender e o ensinar, deve despertar o potencial artístico de cada um em sala de aula. Embora o que ocorre muitas vezes, é a separação entre razão e a emoção, onde as vivências e as experiências dos alunos não são valorizadas. Segundo Duarte júnior (1996):
  • 35. 35 A escola hoje se caracteriza pela imposição de verdades já prontas, às quais os educandos devem se submeter. Não há ali um espaço para que cada um elabore a sua visão de mundo, a partir de sua situação existencial. A escola ensina respostas. Respostas que na maioria dos casos, não correspondem às perguntas e inquietações de cada um (p. 72). Nos espaços educacionais é muito comum as referências às diferenças entre as aulas de Arte e as demais consideradas mais “ sérias” como se a mesma não fosse tão necessária a aquisição de conhecimentos assim como as ditas mais importantes. Por isso é necessário entender que a disciplina Arte nas séries inicias, tem que ser respeitada e compreendida afim de que se possa dar espaço de liberdade artística para o educando demonstrar as suas habilidades em geral. No entanto essa postura será concretizada pelo o professor preparado, que entenda e saiba lidar com esta disciplina. Por sua vez Buoro (2003) aponta que nessa perspectiva é preciso repensar a formação do educador e do educando no sentido de possibilitar o conhecimento, levando em conta a totalidade do ser e de perceber a função da Arte na educação como campo de conhecimento tão importante como o da Ciência (p. 32). Diante das colocações acima, o que ainda se percebe em muitos espaços escolares, é a ausência de atividades que enalteçam os conhecimentos, as experiências e principalmente a capacidade criativa dos educandos. Atividades que favoreçam o desempenho artístico e estético, em especial quando surgem das própria realidade cultural, pois a Arte pode contribuir imensamente para o desenvolvimento desses alunos. Como ressalta Barbosa (2008): É preciso que o trabalho do professor de Arte não fique isolado entre as paredes da escola. Escola precisa com urgência abrir suas portas e acolher a produção cultural de sua comunidade e de outros lugares e épocas. A comunidade precisa também apoiar a escola, facilitando a construção e circulação dos conhecimentos ali produzidos (p. 159). Neste sentido, vale ressaltar que ainda é muito comum a utilização de atividades no Ensino Fundamental I que se referem apenas a datas comemorativas, na maioria das vezes, sem fundamento e com a finalidade de reproduzir aquilo que alguns professores acham interessante ensinar aos alunos, acreditando-se desta forma que a disciplina Arte, está sendo desenvolvida de maneira eficaz, embora tais atitudes afastem-se das linguagens artísticas que a Arte contemplada. A partir daí, percebe-
  • 36. 36 se o abismo existente entre a teoria e a prática no trabalho com o ensino da Arte nas escolas. (...) nessas condições, terminam os professores de arte por desempenhar um papel decorativo no interior da escola. Terminam por se sentirem, eles mesmos, confusos, quanto ao real valor e necessidade para a formação do indivíduo (DUARTE JUNIOR P. 135; 1994). Diante do contexto percebemos que valorizar a educação pela ótica da Arte é também valorizar o educando em suas potencialidades e possibilidades, cabendo ao professor estimular a aprendizagem a partir de conteúdos amplos que viabilizem atender as suas expectativas, principalmente o artístico, dessa forma buscando abandonar as atividades baseadas em “ tarefas” de rotina ou de prontidão que muito se vê nas escolas nas quais o ensino da Arte ainda surge de desenhos mimeografados. É fundamental deixar os alunos livres para criar o que eles desejam, desde que esse ato de criação esteja em sintonia com o objetivo da disciplina, não significando um abandono, mas um tempo necessário para que a realização das propostas pela a disciplina as expressões, imaginações fluam naturalmente sem fins avaliativos . 2.4.Educação Fundamental I a base da escolaridade A escola como veículo de aprendizagem, é um espaço de mediação do conhecimento que viabiliza o exercício da cidadania, e precisa se apresentar também como um espaço de contextualização. Isto é, na realidade, seus valores, sua configuração variam segundo as condições histórico-sociais que a envolvem. E por isso que Sacristán (2007) nos lembra: “ educar é mais que se informar, é também preparar cidadãos, facilitar o desenvolvimento de sua personalidades, fazê-los solidários (p. 44)” . É válido salientar que embora a escola tenha essa representação, a sociedade atual está embasada em uma política educacional fragmentada, que contribui para algumas mazela na educação, as quais podemos citar como exemplo, a evasão, a repetência, o analfabetismo, e a má qualidade no próprio ensino.
  • 37. 37 Hoje somos tomados pela emoção e razão, aplicando a razão acabamos por passar informações que não interessa, não toca nos alunos. Segundo Duarte júnior (1996): Assim em nosso ambiente escolar, essa separação razão-emoção é não só mantida como estimulada. Dentro de seus muros o aluno penetra despindo- se de toda e qualquer emotividade. Sua vida, suas experiências pessoais, não contam. Ele aí está apenas para “ adiquirir conhecimento” sendo que “adquirir conhecimentos” , neste caso, significa tão somente “ decorar” fórmulas, teorias e mais teorias, que estão distantes de sua vida cotidiana (p.34). Para superar as dificuldades e melhorar a qualidade do ensino fundamental I, é necessário elevar o grau de envolvimento, dedicação e inovação, buscando assim uma escola que saiba valorizar as diferenças individuais respeitando o ritmo de cada aluno, será essa responsável por uma aprendizagem significativa com resultados brilhantes de seus educandos. De fato não é fácil selecionar o que ensinar no ensino fundamenta, mas precisamos refletir sobre quais saberes poderão ser mais relevantes para o convívio diário dos meninos e meninas que freqüentam nossas escolas e para a sua inserção cada vez mais plena nessa sociedade letrada, pois eles tem o direito de aprender os conteúdos das diferentes áreas de conhecimento que lhe assegurem cidadania no convívio dentro e fora da escola (LEAL, 2007;p. 97;98). Dessa forma compreende-se que a escola tem sido o lugar que propícia o exercício do papel social do professor como um importante comunicador que contribui na formação de opiniões, hábitos e atitudes dos seus alunos. “ É preciso planejar e avaliar bem aquilo que estamos ensinando e o que as crianças e os adolescentes estão aprendendo desde o início da escolarização (LEAL, 2007; p.101)” . A escola tem um papel importantíssimo e desafiador no que diz respeito a preparação intelectual e formação de uma personalidade crítica dos alunos, pois cabe a mesma dar oportunidades para que eles apropriem-se de instrumentos necessários ao desenvolvimento das múltiplas competências, até porque estamos envolvidos com ela mesmo sem percebemos. Neste aspecto Brandão (2001) define esse papel dizendo: “Ninguém escapa da educação. Em casa, na rua, na igreja ou na escola, de um modo ou de muitos todos nós envolvemos pedaços de vida com ela (p.9)” .
  • 38. 38 Cada escola, cada sala de aula, cada grupo de alunos/as, fazem história e, dessa forma, o patrimônio cultural presente não pode ser desconsiderado sob pena de mutilar a atividade docente. No chão da escola manifestam-se diferentes, histórias de vida, expectativas, ou seja, numa mesma escola, há diferentes currículos reais tecidos nesse grupos. ( FERRAÇO 2008, p.79). A partir do momento que a escola, como espaço de mediação e troca de informações se inserir no contexto de sua clientela e começar a conversar com outros saberes e outras culturas, será mais democrática e justa. As escolas, e principalmente as públicas, estão cheias de uma diversidade cultural. Elas só precisam seguir em prol de uma sociedade mais humana, sem fechar os olhos para as diferenças e o potencial de cada alunos como conhecedores e produtores de diversos saberes populares. A instituição escolar, tem portanto por função repassar valores da cultura local de forma contextualizada. Se a cultura está mudando rapidamente, toda a escola precisa ser repensada: sua estrutura, gestão, seu funcionamento, currículo, a aula; e isso, não somente para acompanhar a mudanças, mas para não deixar escapar a função educativa da escola, assegurando a formação geral do educando (CASTRO,P.37;1998). Educação é vida, é essência, e a vida se exerce pelo saber e adentra outros mundo possíveis. Sabemos que a escola sozinha não mudará a sociedade. Mas, ela pode ser um veículo muito rico para propagação de novas atitudes e valores, desde que, não venha a se adequar ou se acomodar com esta realidade excludente que está tão presente. Neste sentido, a situação de exclusão cai no esquecimento e no silêncio, fazendo com que as partes envolvidas neste processo permaneçam na mesma situação. Quando se afirma que o objetivo do processo educativo é ajudar o educando a descobrir e vivenciar a sua verdadeira identidade, esta- se dizendo, com isso, que o verdadeiro objetivo é ensinar-lhe a arte de viver. Sendo arte, aprende-se fazendo, e quem não faz, não aprende; e quem não aprende, não pode ensinar (RÚDIO, 1991; P. 72; 73). Apesar de todas as investidas no sentido de transformar o ensino, ainda vivemos hoje, numa busca constante de reconhecimento da Arte-educação nos espaços escolares. Percebemos que ela já se faz presente, embora de forma mais tímida. Porém, a mesma ainda permanece em muitos ambiente educacionais camuflada por questões de prática educativa de cada professor que atua. Rúdio (1991) coloca que:
  • 39. 39 “A educação é, portanto, um processo sem fim que, em cada situação e etapa de nossa vida, apresenta novas necessidades e nos faz novas exigências (p.74)” . De acordo com os Parâmetros Nacionais Curriculares - PCNs (2001), os conteúdos da área de Arte precisam estar relacionados de tal maneira que possam garantir a aprendizagem artística dos alunos do ensino fundamental I. É papel da escola incluir as informações sobre a arte produzida nos âmbitos regional e internacional, compreendendo criticamente também aquelas produzidas pelas mídias para democratizar o conhecimento e ampliar as possibilidades de participação social do aluno. (...) O ensino fundamental configura-se como um momento escolar especial na vida dos alunos, porque é nesse momento de seu desenvolvimento que eles tendem a se aproximar mais das questões do universo do adulto e tentam compreendê- la dentro de suas possibilidades (PCNs, 2001;p. 48) Conforme os PCNS é necessário que a escola pense um modelo de educação em Arte que favoreça o acesso de conhecimentos a todos os educandos a nível nacional e internacional, para uma aprendizagem significativa. Neste aspecto Ferraz (2009), pontua que: ”Essa forma de pensar a educação escolar em Arte deve ser acessível a todos, numa concepção de escola democrática, e deve garantir a posse dos conhecimentos artísticos e estéticos (p. 55)” . Atualmente vivemos nesse contexto cheio de mudanças, desse modo é pertinente pensar a escola enquanto espaço privilegiado capazes de tornar o aprendizado mais dinâmico e capaz de abrir leques de possibilidades e competências para os alunos oriundos das classes desfavorecidas partindo dos conhecimentos que eles trazem de suas realidades, da sua cultura, pois o que acontece ainda é o enaltecimento da cultura dos já privilegiado, ignorando saberes tão ricos que a classe dos menos favorecidos apresentam. No que diz respeito à cultura local, pode-se constatar que quase sempre apenas o nível erudito dessa cultura é admitido na escola...a culturas de classes sociais desfavorecidas continuam a ser ignoradas pelas instituições educacionais, mesmo pelos que estão envolvidos na educação dessas classes (BARBOSA, 2008; p. 20). De acordo com o que foi citado entendemos que necessitamos e uma escola que busque a solidariedade e respeito às diferenças, tanto locais, culturais e sociais. Que contribua para que os seus alunos se reconheçam enquanto indivíduos,
  • 40. 40 participantes de sua cultura. Neste sentido, a escola do Ensino Fundamental I,deve estar aberta à presença e participação da comunidade, em especial a dos pais na busca de resultados positivos em relação a aprendizagem de seus filhos. È neste cenário que a disciplina Arte tem muito a contribuir na vida desses educados, tornando-se uma ponte que fará a ligação do conhecimento acumulado com o que elas ainda vão aprender, possibilitando a troca de informações. As famílias também podem contribuir muito, acrescentando como a escola pode fazer para aproximar mais os conteúdos que trabalham com o mundo dos seus filhos, partindo da realidade local. Hoje, as famílias precisam estar envolvidas no contexto escolar, participando ativamente da vida do seu filho que ali está inserido. A escola que temos hoje distancia-se da que sonhamos, portanto ela precisa de uma identidade escolar voltada ao interesse e alcance de todos.
  • 41. 41 CAPÍTULO III 3. METODOLOGIA A presente pesquisa se caracteriza por um estudo de natureza qualitativa e está fundamentada na necessidade de repensar as forma em que a arte está sendo explorada e aplicada nos espaços escolares. E por meio dessa tem-se por objetivo identificar as compreensões que os professores da Escola Centro Experimental Rural de Torrões tem sobre a importância de se trabalhar com a Arte no Ensino Fundamental I. Assim como já foi mencionado acima, o tipo de pesquisa utilizada será que a qualitativa, no entanto trazemos também elementos da pesquisa quantitativa, pois esta se fez importante para que pudéssemos traçar o perfil dos sujeitos. Metodologia significa, etimologicamente, o estudo dos caminhos a serem seguidos, dos instrumentos usados para se fazer ciência. A metodologia faz um questionamento crítico da construção do objeto científico, problematizando a relação sujeito-objeto construído (GOLDENBERG, 2000; 105). Nessa mesma abordagem, Deslandes (1994) vem definindo metodologia como: “caminho do pensamento e a prática exercida na abordagem da realidade (p. 16)” . Pelas palavras do autor, entendemos que a metodologia consiste em um caminho a ser seguido para chegar até o objetivo desejado. 3.1. Tipo de pesquisa Aqui será abordada a pesquisa qualitativa, através dela é possível a obtenção de dados descritivos diante do contato direto e interativo entre pesquisador e a situação objeto de estudo. Na perspectiva de Oliveira Netto (2008), a pesquisa hoje, vem ocupando lugar privilegiado na vida dos estudantes, especialmente no meio acadêmico, afirmando que ela está em evidência nas salas de aula no processo educativo que envolve professor-aluno, dessa forma atingindo a sociedade que também se encontra
  • 42. 42 envolvida nesse processo. O autor acrescenta que: “ fazer pesquisa, então requer capacidade, competência humana e técnica. Para isso, torna-se fundamental a formação do pesquisador, que necessita de instrumentos básicos para empreender trabalho de investigação científica (p.32)” . Neste sentido Deslandes (1994) vem conceituando o modelo de pesquisa qualitativa dizendo que: A pesquisa qualitativa responde a questões muito particulares. Ela se preocupa, nas ciências sociais, com um nível de realidade que não pode ser quantificado. Ou seja, ela trabalha com o universo de significados, motivos, aspirações, crenças, valores e atitudes, o que corresponde a um espaço mais profundo das relações, dos processos e dos fenômenos que não podem ser reduzidos à operacionalização de variáveis (p.21 e 22). È importante a utilização do referido método, porque permite a coleta de dados mais precisos na informação das causas e consequências do problema em questão, sendo possível até mesmo o levantamento de meios eficazes no combate ou até solução do problema. Quanto à definição desse tipo de pesquisa, Triviños (1987) diz: O ambiente, o contexto no qual os indivíduos realizam nas ações e desenvolvem seus modos de vida fundamentais, tem um valor essencial para alcançar das pessoas uma compreensão clara de suas atividades. O meio, com suas características físicas e sociais, imprime ao sujeito traços peculiares que são desvendados à luz do entendimento dos significados que ele estabelece (p.122). Percebe-se aí a importância de dados qualitativos com o objetivo de melhor entender aspectos que não podem ser definidos exclusivamente com dados numéricos. Para Goldenberg (2000) a pesquisa é a construção de conhecimento original, de acordo com certas exigências científicas. È um trabalho de produção de conhecimento sistemático, não meramente repetitivo mas produtivo, que faz avançar a área de conhecimento a qual se dedica (p.105).
  • 43. 43 O autor ainda nos diz que para se realizar uma pesquisa, é necessário criatividade, organização e modéstia, podendo haver no processo dessa construção, confrontos entre o possível e o impossível, como também entre o conhecimento e a ignorância. A partir desse modelo de pesquisa de cunho qualitativo e dos instrumentos de coleta de dados escolhidos, buscou-se identificar as compreensões dos professores acerca da importância do ensino de arte no Fundamental I na Escola Centro Experimental Rural de Torrões. 3.2. Lócus de pesquisa O local utilizado para a realização da pesquisa foi a Escola Centro Experimental Rural de Torrões localizada no Povoado de Torrões, Rua da Cajazeira, s/n situada no interior do Município de Campo Formoso-BA, onde são oferecidos o Fundamental I, II e Educação Infantil. O espaço físico está organizado da seguinte forma: 5 salas de aula / 3 banheiros / 1 Biblioteca/ 1 secretaria/ 1sala de professores/ 1diretoria / 1 cozinha e um pátio. A equipe administrativa compõe-se de: 1 diretora, 1 Coordenadora, 3 secretárias , 10 professores, 2 auxiliares de serviços gerais e 1vigia. A opção pelo local justifica-se por ser uma instituição que trabalha com turmas do fundamental I, desta forma encaixando-se no perfil que se pretende observar, analisar e pesquisar, podendo atender as minhas expectativas com as informações necessárias para a realização desse trabalho. 3.3. Sujeitos da pesquisa Os sujeitos envolvidos na pesquisa são 5 professores do Ensino Fundamental I da Escola Centro experimental Rural de Torrões que atuam no turno vespertino. A escolha por esses sujeitos surgiu diante da curiosidade de saber como eles trabalham a Arte dentro do espaço escolar. Destacamos que a participação das professoras foi de grande importância para os resultados dessa pesquisa.
  • 44. 44 3.4. Instrumentos de coleta de dados Para melhor precisão nos resultados desta pesquisa, será realizada a coleta de dados através da técnica de entrevista semi-estruturada, questionário fechado como também pela observação no lócus, tratando-se de instrumentos que irão contribuir bastante para melhor garantir as informações importantes para a o esclarecimento da questão de pesquisa que se buscou compreender. 3.5. Entrevista Semi-estruturada A entrevista refere-se a um procedimento utilizado na investigação social bem como auxilia na identificação do problema, sendo bastante utilizado no trabalho de campo, permitindo ao pesquisador obter informações a partir das falas dos entrevistados. Segundo Lakatos (1991) “ a entrevista se constitui um importante instrumento de trabalho nos vários Campos, nas ciências sociais e em outros setores de atividades, como a Sociologia, a Antropologia, a psicologia e outros (p.75)” . A importância da entrevista é que ela é um instrumento que possibilita diálogos entre entrevistados e informante havendo esse contato mais próximo. Assim Cruz (1994) afirma que: Através da entrevista, o pesquisador busca informes contidos na fala dos atores sociais. Ela não significa uma conversa despretensiosa e neutra, uma vez que se insere como meio de coleta dos fatos relatados pelos atores, enquanto sujeitos-objetos da pesquisa que vivenciam uma realidade que está sendo focalizada (p. 57). Vale salientar que as entrevistas proporcionam a interação social entre o pesquisador e o entrevistado, o que favorece ao pesquisador escolher a melhor forma que irá registrar as respectivas respostas para a sua pesquisa. Assim, Ludorf (2004), coloca que a entrevista uma vez coletada pode ser registrada pelo entrevistador através de gravações ou anotações com o objetivo na maioria das vezes, de levantar sentimentos, emoções, percepções e opiniões dos sujeitos entrevistados.
  • 45. 45 “ As entrevistas também podem ser estruturadas (com roteiro fechado de questões), semi-estruturadas ( algumas questões-chaves que permitem uma certa abertura no momento da interação) (...) (LUDORF, 2004; p. 91)” . De acordo com as colocações do autor, percebemos que a entrevista permite um contato maior com os pesquisados, garantindo a originalidade das palavras pronunciadas, dos sentimentos expressos e de uma abertura maior no diálogo estabelecido com ambas as partes, ou seja pesquisador e pesquisado. 3.6. Observação Na compreensão de Ruiz (2002; p.53) observar é: “ aplicar a atenção um fenômeno ou problema, captá-lo, retratá-lo tal como se manifesta. Situa-se a observação particularmente na fase inicial da pesquisa (...) (p.53)” . O ato de observar consiste em ampliar a atenção a um fenômeno ou problema, captá-lo, retratá-lo tal como se manifesta. A observação acontece na fase inicial da pesquisa, e segue de forma contínua, durante todo o processo. Diante disso Ruiz (2002) vem explicando que: A observação pode ser natural e espontânea ou direta e intencional. E as etapas posteriores da pesquisa ficarão prejudicadas se não partirem da observação correta e adequada ou, tanto quanto possível, completa na enumeração das circunstâncias antecedentes ou variáveis (p.53). A importância da técnica de observação se dá pela possibilidade que o observador tem de captar uma variedade de situações ou fenômenos que não são através de perguntas, mas sim com a observação direta da própria realidade que prioriza a transmissão daquilo que é mais imponderável e evasivo na vida real. Na compreensão de Barros (1990) a observação é: “ uma das técnicas de coleta de dados imprescindível em toda pesquisa qualitativa. Observar significa aplicar atentamente os sentidos a um objeto para dele adquirir um conhecimento claro e preciso (p.76)” . Na verdade a observação é um dos instrumentos que aproxima o pesquisador da sua fonte de pesquisa possibilitando uma melhor interpretação dos fatos, isso
  • 46. 46 porque o ato de observar segundo Ludorf (2004) é uma característica permanente no ser humano, pois nesse contexto, estamos sempre observando as pessoas bem como todo o seu comportamento. Para ser um bom observador é necessário que ao de se decidir pela observação que deseja realizar, ele deverá preparar o seu desenvolvimento, o seu emprego e também as formas de registro desde o momento que vai a campo. Segundo Cruz (1994; p.60): “ As questões centrais da observação participante estão relacionadas aos momento da realização da pesquisa, sendo um deles a entrada em campo” . 3.7. Questionário fechado Através dos questionamentos é possível traçar o perfil dos entrevistados, oferecendo dado gerais do informante como idade, grau de formação, estado civil, sexo, tempo de exercício no magistério côo também opiniões sobre a concepção do professor. A escolha deste instrumento de pesquisa, ocorreu justamente por permitir ao entrevistado maior liberdade para exprimir sua opinião, uma vez que não precisa se identificar, atinge maior número de pessoas simultaneamente e as respostas são mais rápidas e precisas. Assim Glesser (1989) vem conceituando que o questionário fechado permite que as respostas dos entrevistados sejam limitados e opcionais, desta forma, ele pode escolher a alternativa ao responder o questionário. O questionário é um dos instrumentos mais utilizados nas pesquisas por ser rápido não podendo ser feito de forma a cansar quem o estar respondendo. Mas é necessário que outros modelos de instrumentos sejam utilizados para a aquisição de mais informações do pesquisando. Nas palavras de Ludorf (2004) o questionário representa “ um instrumento de pesquisa impessoal (...) constitui-se de uma série de perguntas escolhidas em torno do objeto de estudo (...) (p. 90)” .
  • 47. 47 Diante do exposto, é importante assinalar que as informações obtidas com os respectivos instrumentos de pesquisa permitiu uma variedade de informações sobre as compreensões que as professoras pesquisadas apresentam sobre a proposta educativa que contempla o ensino da Arte na escola, em especial no Ensino Fundamental I.