SlideShare une entreprise Scribd logo
1  sur  45
Télécharger pour lire hors ligne
MANUAL
                      DE
ALEITAMENTO MATERNO




Comité Português para a UNICEF – Comissão Nacional
        Iniciativa Hospitais Amigos dos Bebés
MANUAL DE ALEITAMENTO MATERNO                            1




   MANUAL DE ALEITAMENTO
         MATERNO




                             Edição
      Comité Português para a UNICEF/Comissão Nacional
             Iniciativa Hospitais Amigos dos Bebés
                     Edição Revista de 2008
2                                                  Leonor Levy e Helena Bértolo




Título: Manual de Aleitamento Materno
        Edição revista (2008)
Editor:
   Comité Português para a UNICEF
   Av.ª António Augusto de Aguiar, 56 – 3.º Esq.
   1069-115 Lisboa
   Telefone: 213 177 500
   Fax: 213 547 913
   E-mail: erodrigues@unicef.pt
Autores:
   Leonor Levy
   Helena Bértolo
Revisão Técnica e Científica desta edição:
   Purificação Araújo
   Luís Magão
   Isabel Loureiro
Revisão:
   António Massano
Capa:
   Isabel Garcia
Impressão: Gráfica Maiadouro
Depósito Legal: 176764/02
ISBN: 96436
MANUAL DE ALEITAMENTO MATERNO                                                          3




                                        ÍNDICE



     Nota Introdutória ....................................................        5

     1. Aleitamento Materno em Portugal .....................                      7

     2. Vantagens do Aleitamento Materno ...................                       8

     3. Sucesso do Aleitamento Materno ......................                      9

     4. Pontos de Viragem em Aleitamento Materno .....                            10

     5. Prática do Aleitamento Materno ........................                   16

     6. Leite Materno e Ambiente .................................                17

     7. Contra-indicações do Aleitamento Materno ......                           19

     8. Como Funciona a Amamentação ........................                      20

     9. Como Ultrapassar Pequenas Dificuldades .........                          29

     Nota Final ...............................................................   41
4   Leonor Levy e Helena Bértolo
MANUAL DE ALEITAMENTO MATERNO                                  5




Nota Introdutória

     Este Manual de Aleitamento Materno foi feito com a intenção
de a ajudar.
     Dar de mamar é uma prioridade da sua vida porque é bom para
si, para o seu bebé e para a sua família.
     As pequenas dificuldades podem ser ultrapassadas com meia
dúzia de estratégias que neste livro lhe são propostas.
     Esperamos, sinceramente, que a amamentação por si sonhada
seja um sucesso.
     Boa sorte e felicidades.
6   Leonor Levy e Helena Bértolo
MANUAL DE ALEITAMENTO MATERNO                                        7




1.   Aleitamento Materno em Portugal

     Em Portugal não existem estatísticas sobre a incidência e a
prevalência do aleitamento materno. Os estudos efectuados no nosso
país sugerem que a evolução do aleitamento materno se processou
de maneira semelhante à de outros países europeus.
     A industrialização, a II Grande Guerra Mundial, a massificação
do trabalho feminino, os movimentos feministas, a perda da família
alargada, a indiferença ou ignorância dos profissionais de saúde e a
publicidade agressiva das indústrias produtoras de substitutos do leite
materno tiveram como consequência uma baixa da incidência e da
prevalência do aleitamento materno. Foram as mulheres com mai-
or escolaridade que mais precocemente deixaram de amamentar os seus
filhos, sendo rapidamente imitadas pelas mulheres com menor escola-
ridade.
     Este fenómeno alastrou aos países em desenvolvimento, com
consequências gravíssimas em termos de aumento da mortalidade
infantil. A partir dos anos 70, verificou-se um retorno gradual à
prática do aleitamento materno, sobretudo nas mulheres mais in-
formadas.
     Alguns estudos portugueses apontam para uma alta incidên-
cia do aleitamento materno, significando que mais de 90% das
mães portuguesas iniciam o aleitamento materno; no entanto,
esses mesmos estudos mostram que quase metade das mães desis-
tem de dar de mamar durante o primeiro mês de vida do bebé, su-
gerindo que a maior parte das mães não conseguem cumprir o seu
8                                            Leonor Levy e Helena Bértolo

projecto de dar de mamar, desistindo muito precocemente da
amamentação.
    Por todas estas razões, é essencial que em Portugal se continuem
a implementar medidas que promovam um maior sucesso do aleita-
mento materno.



2.   Vantagens do Aleitamento Materno

     O leite materno é um alimento vivo, completo e natural, ade-
quado para quase todos os recém-nascidos, salvo raras excepções.
     As vantagens do aleitamento materno são múltiplas e já bas-
tante reconhecidas, quer a curto, quer a longo prazo, existindo um
consenso mundial de que a sua prática exclusiva é a melhor maneira
de alimentar as crianças até aos 6 meses de vida.
     O aleitamento materno tem vantagens para a mãe e para o
bebé: o leite materno previne infecções gastrintestinais, respirató-
rias e urinárias; o leite materno tem um efeito protector sobre as aler-
gias, nomeadamente as específicas para as proteínas do leite de vaca;
o leite materno faz com que os bebés tenham uma melhor adapta-
ção a outros alimentos. A longo prazo, podemos referir também a
importância do aleitamento materno na prevenção da diabetes e de
linfomas.
     No que diz respeito às vantagens para a mãe, o aleitamento
materno facilita uma involução uterina mais precoce, e associa-se a
uma menor probabilidade de ter cancro da mama entre outros. So-
bretudo, permite à mãe sentir o prazer único de amamentar.
     Para além de todas estas vantagens, o leite materno constitui o
método mais barato e seguro de alimentar os bebés e, na maioria das
situações, protege as mães de uma nova gravidez. No entanto, é fun-
MANUAL DE ALEITAMENTO MATERNO                                     9

damental que todas as seguintes condições sejam cumpridas: alei-
tamento materno praticado em regime livre, sem intervalos noctur-
nos, sem suplementos de outro leite, nem complementado com qual-
quer outro tipo de comida. Esta protecção pode prolongar-se até
aos 6 meses do bebé e enquanto a menstruação não voltar.



3.   Sucesso do Aleitamento Materno

     O sucesso do aleitamento materno pode ser definido por uma
amamentação mais prolongada. Existe hoje o consenso entre os pe-
diatras de que a duração ideal do aleitamento materno exclusivo,
ou seja, sem que seja oferecido ao bebé mais nenhum alimento, é de
6 meses.
     Isto não basta, no entanto; é ainda preciso que o bebé tenha um
bom estado nutricional, ou seja, aumente de peso de maneira ade-
quada e tenha um bom desenvolvimento psicomotor.
     O sucesso do aleitamento materno pode ainda ser definido pela
qualidade da interacção entre mãe e bebé, durante a mamada, pois
este proporciona a oportunidade de contacto físico e visual e a
vivência da cooperação mútua entre a mãe e o bebé. Uma boa
interacção entre a mãe e o bebé durante a mamada pode ser defini-
da como uma valsa na qual cada um dos interlocutores, mãe e bebé,
emite sinais ao outro, sinais esses que são descodificados, dando
origem a comportamentos de resposta contingentes e adequados, con-
duzindo a uma adaptação mútua de mãe e bebé, cada vez mais rica e
complexa. Alguns autores responsabilizam a inexistência de bons pa-
drões interactivos – entre mãe e bebé durante a mamada – pela fa-
lência do crescimento de causa não-orgânica que se verifica em al-
gumas crianças.
10                                          Leonor Levy e Helena Bértolo

      Num aleitamento materno com sucesso, verifica-se habitual-
mente uma boa transferência de leite entre a mãe e o bebé; a trans-
ferência de leite refere-se não só à quantidade de leite que a mãe
produz, como também àquela que o bebé obtém, sendo a actuação
do bebé particularmente importante na regulação da quantidade de
leite que ingere, na duração da mamada e na produção do leite pela
mãe.
      Ao falarmos de sucesso, temos também de ter em conta o pro-
jecto materno; sob o ponto de vista da mãe, a prática do aleitamen-
to materno de curta duração pode ser um sucesso desde que
corresponda às suas expectativas.



4.   Pontos de Viragem em Aleitamento Materno

      A intervenção em pediatria corresponde a actuar nos períodos
críticos ou melhores períodos da vida humana; assim, os “pontos de
viragem” são entendidos como oportunidades preferenciais para a
intervenção em saúde, nomeadamente na promoção da saúde e preven-
ção da doença, através da promoção de práticas saudáveis, e neste con-
texto tem especial relevância a prática do aleitamento materno.
      Para que a amamentação tenha sucesso, devem conjugar-se três
factores:

     · A decisão de amamentar
     · O estabelecimento da lactação
     · O suporte da amamentação
MANUAL DE ALEITAMENTO MATERNO                                      11

Decisão de amamentar

     A decisão de amamentar é uma decisão pessoal, sujeita a mui-
tas influências, resultantes da socialização de cada mulher.
     Muitas mulheres nem sabem bem por que decidiram amamen-
tar e, quando lhes é perguntada a razão, dizem que vão amamentar
porque sim; provavelmente estas mulheres cresceram naquilo que al-
guns autores chamam meio aleitante, ou seja, um ambiente em que
o aleitamento materno era praticado de maneira natural, sem ser
posta a questão de como alimentar os bebés; provavelmente estas mu-
lheres tinham sido amamentadas pelas suas mães e viram outras mães
a amamentar os seus filhos, tendo tido, assim, experiências positivas
relacionadas com a amamentação.
     Este tipo de experiência é proporcionado pelas famílias alar-
gadas em que várias gerações coabitam, existindo uma transmissão
de saberes e de práticas tradicionais favoráveis ao aleitamento ma-
terno. Uma experiência prévia com sucesso com um ou mais filhos
também se reflecte positivamente na decisão de amamentar o futuro
bebé.
     Outras mães decidem amamentar porque valorizam positiva-
mente as consequências do aleitamento materno, quando com-
parado com outro tipo de alimentação, podendo ser ou não in-
fluenciadas pelo seu companheiro, amigas, mãe ou profissionais de
saúde, sendo especialmente importante a percepção do seu próprio
controlo sobre a prática do aleitamento materno, traduzindo-se por
uma maior confiança nas suas capacidades de amamentar o seu
filho.
     Não podemos nem devemos culpabilizar uma mãe que não quer
ou não pode amamentar, providenciando nestes casos os conselhos
adequados à prática de uma alimentação com leites artificiais.
12                                         Leonor Levy e Helena Bértolo

     Temos, no entanto, a obrigação de informar e aconselhar todas
as futuras mães quanto à prática do aleitamento materno, nomea-
damente as mães indecisas.
     Para além de veicular informações quanto às vantagens do alei-
tamento materno para o bebé, é importante esclarecer as futuras
mães sobre as vantagens do aleitamento materno para a própria mãe,
nomeadamente sobre o prazer que uma mãe esclarecida e apoiada
pode encontrar no aleitamento materno, pondo assim a tónica não
no dever, mas no direito e no prazer de amamentar.
     Alguns estudos sugerem que as mães que escolhem amamentar
por razões ligadas às vantagens do aleitamento materno para as mães
amamentam durante mais tempo, com maior prazer e experimentam
menos crises lácteas, ou seja, o sentimento de terem menos leite,
crises estas que podem ser reais ou não.
     Uma gestação planeada ou desejada parece ser um pré-requisi-
to importante para o sucesso do aleitamento materno, sugerindo a
importância das consultas de planeamento familiar.
     O 3.º trimestre da gestação tem sido apontado como o primei-
ro ponto de viragem em termos de sucesso do aleitamento mater-
no, constituindo uma oportunidade privilegiada para uma primeira
entrevista entre a futura mãe e o pediatra do bebé, a fim de discutir
o regime alimentar do bebé. Neste primeiro contacto devem veicu-
lar-se conhecimentos sobre a prática e a técnica do aleitamento ma-
terno, averiguar-se os conhecimentos e atitudes dos futuros pais face
ao aleitamento materno e a existência, ou não, de mitos relaciona-
dos com a amamentação.
     Parece especialmente importante a definição prévia da du-
ração do aleitamento materno, pelo que a futura mãe deverá
ser motivada para um maior compromisso em termos de ama-
mentação.
MANUAL DE ALEITAMENTO MATERNO                                      13

    Para uma maior motivação materna, a mãe deverá ser elucidada
sobre as vantagens do aleitamento materno para a mãe e para o bebé,
o efeito de “dose-resposta” e o prazer que a amamentação pode
constituir para uma mãe bem preparada para amamentar.
    Alguns autores sugerem que a frequência de aulas de prepara-
ção para o parto durante a gestação deverá ainda fazer parte da pre-
paração da futura mãe, no sentido de a familiarizar com os procedi-
mentos do trabalho de parto e do parto, bem como do início da
amamentação.



Estabelecimento da lactação

     O estabelecimento da lactação tem sido apontado como o 2.º
ponto de viragem, sendo decisivas as práticas hospitalares ligadas ao
trabalho de parto, parto e pós-parto para um aleitamento materno
com sucesso.
     A antropologia, a sociologia e a história têm procurado apreen-
der o significado de acontecimentos tão importantes como o parto,
para diferentes povos de diferentes culturas. Em todos os povos é
possível encontrar crenças e práticas ligadas à procriação, à gesta-
ção e ao parto, constituindo este uma “entrada na vida” ou um ri-
tual de passagem. Vários estudos mostram também que todos os po-
vos se preocupam com os cuidados a fornecer ao recém-nascido,
como sejam o primeiro banho, a amamentação, as aprendizagens, os
berços e as embaladeiras.
     Poucas experiências humanas alcançam os níveis de stress,
ansiedade, dor e tumulto emocional ocorridos durante um parto
e no pós-parto imediato. Sendo o parto uma ocasião de especial
sensibilidade ao ambiente, não admira que acontecimentos,
14                                         Leonor Levy e Helena Bértolo

interacções e intervenções ocorridos durante este período possam
ter consequências duradouras em termos emocionais e compor-
tamentais.
     Acontecimentos ligados às práticas hospitalares durante o par-
to, no período do pós-parto imediato e durante a estada da mãe e
do bebé no hospital podem influenciar positiva ou negativamente o
estabelecimento da lactação e a duração do aleitamento materno.
     Aqueles factores por si só, ou em interacção uns com os outros,
podem contribuir para o sucesso ou, pelo contrário, pôr em perigo
a amamentação.
     Um comunicado conjunto da OMS/UNICEF (Iniciativa
Hospitais Amigos dos Bebés) contempla 10 medidas importantes para
o sucesso do aleitamento materno que deveriam ser implementadas
nos serviços de saúde vocacionados para a assistência a grávidas e
recém-nascidos, definindo objectivos e estratégias que, a serem cum-
pridos, confeririam a esses mesmos serviços de saúde a categoria de
“Hospital Amigo dos Bebés”.
     Em Portugal existe, constituída, uma Comissão Nacional Inicia-
tiva Hospitais Amigos dos Bebés com sede na UNICEF.



Iniciativa Hospitais Amigos dos Bebés (OMS/UNICEF)

     1. Ter uma política de promoção do aleitamento materno, afi-
        xada, a transmitir regularmente a toda a equipa de cuida-
        dos de saúde.
     2. Dar formação à equipa de cuidados de saúde para que
        implemente esta política.
     3. Informar todas as grávidas sobre as vantagens e a prática
        do aleitamento materno.
MANUAL DE ALEITAMENTO MATERNO                                     15

    4. Ajudar as mães a iniciarem o aleitamento materno na pri-
        meira meia hora após o nascimento.
    5. Mostrar às mães como amamentar e manter a lactação, mes-
        mo que tenham de ser separadas dos seus filhos temporaria-
        mente.
    6. Não dar ao recém-nascido nenhum outro alimento ou líqui-
        do além do leite materno, a não ser que seja segundo indi-
        cação médica.
    7. Praticar o alojamento conjunto: permitir que as mães e os
        bebés permaneçam juntos 24 horas por dia.
    8. Dar de mamar sempre que o bebé queira.
    9. Não dar tetinas ou chupetas às crianças amamentadas ao
        peito.
    10. Encorajar a criação de grupos de apoio ao aleitamento ma-
        terno, encaminhando as mães para estes, após a alta do
        hospital ou da maternidade.

     Na sequência da actividade desenvolvida pela Comissão Na-
cional Iniciativa Hospitais Amigos dos Bebés, vários hospitais
e maternidades portugueses têm-se candidatado a “Hospital Amigo
dos Bebés”, estando actualmente em curso a avaliação das candida-
turas.



Manutenção da amamentação

     O 3.º ponto de viragem será o suporte da amamentação depois
da alta da maternidade.
     Os primeiros quinze dias de vida do bebé, até que a lactação
esteja bem estabelecida, são especialmente importantes. Durante este
16                                         Leonor Levy e Helena Bértolo

período de tempo, a mãe deverá ser ajudada por alguém que a subs-
titua nas tarefas caseiras, a fim de poder dedicar-se plenamente ao
seu bebé e ter o apoio de profissionais de saúde competentes e dis-
poníveis no centro de saúde, através de consulta telefónica ou mes-
mo visita domiciliária, se necessário.
     Um ambiente calmo e caloroso, uma alimentação simples e cui-
dada e algumas regras elementares sobre a prática do aleitamento
materno serão uma ajuda preciosa para o seu sucesso.



5.   Prática do Aleitamento Materno

      A duração da mamada não é importante, pois a maior parte dos
bebés mamam 90% do que precisam em 4 minutos. Alguns bebés pro-
longam mais as mamadas, por vezes até 30 minutos ou mais; o que in-
teressa é perceber que o bebé está a obter leite da mama da mãe e não
está a fazer da mama da mãe uma chupeta, pois isto pode macerar os
mamilos, criar fissuras e levar a mãe a desistir da amamentação.
      Uma mãe pode perceber se o bebé está mesmo a mamar quan-
do constata que a sucção é mais lenta do que com uma chupeta,
quando verifica que o bebé enche as bochechas de leite ou, muitas
vezes, quando ouve o bebé a engolir o leite.
      O horário não é o mais importante; o bebé deve ser alimentado
quando tem fome – chama-se a isto o regime livre –, não se devendo
impor ao bebé um regime rígido. Quando um bebé tem fome acorda
para comer, e este alerta é importante para uma melhor ingestão de
leite materno No entanto não se deve deixar o bebé dormir mais de
3 horas durante o primeiro mês de vida.
      Quando um bebé começa a mamar na mama da mãe, o primei-
ro leite que obtém é mais rico em água e lactose, que é o açúcar do
MANUAL DE ALEITAMENTO MATERNO                                      17

leite; à medida que a mamada prossegue, o leite vai tendo cada vez
mais gordura.
      O que é importante é que o bebé esvazie uma mama em cada
mamada; o bebé deve primeiro esvaziar a primeira mama e se depois
disso continuar com fome é que lhe é oferecida a segunda mama; chu-
par e esvaziar a mama é o segredo para uma maior produção de leite.
      Não interessa pesar o bebé antes e depois de uma mamada, nem
fazer análises ao leite, pois existe uma grande variabilidade do leite
materno ao longo do dia, quer em qualidade, quer em quantidade. A
pesagem do bebé nas consultas de saúde e uma boa progressão do
seu peso garantem que o bebé está a ser bem alimentado.
      Todas as mães se preocupam muito com os alimentos que de-
vem comer. Se na família houver casos de alergia, as mães não de-
verão abusar do leite e dos seus derivados. Caso contrário, as mães
deverão praticar uma dieta saudável e variada, evitando comer gran-
des quantidades de qualquer alimento ou alimentos mais alergizantes
ou que possam excitar o bebé.
      Porém, o que é mais importante é a ausência de stress, pois este
é inimigo da lactação, dado que impede a ejecção do leite, que fica
assim retido na mama.



6.   Leite Materno e Ambiente

     Infelizmente, na actualidade o leite materno também contém
outros componentes, consequência da industrialização. Estes produ-
tos tóxicos, como por exemplo as dioxinas, existem no ar que respi-
ramos e em alguns dos alimentos que ingerimos.
     Cerca dos 6 meses de idade, o bebé começa a comer outro tipo
de alimentos para além do leite materno ou de um substituto deste
18                                         Leonor Levy e Helena Bértolo

leite, até se integrar, por volta do ano de vida, no regime alimentar
da família.
      Depois do desmame, os produtos de consumo diário – car-
ne, peixe, leite e queijos gordos e gorduras animais, e ainda a fast-
-food e os alimentos fabricados – são os principais fornecedores de
dioxinas para a população em geral, não esquecendo o papel da po-
luição.
      No entanto, os maiores especialistas mundiais nesta matéria
consideram o leite materno como insubstituível, continuando a acon-
selhar o aleitamento materno, não deixando de recomendar, no
entanto, medidas tendentes a reduzir as dioxinas que o aleitamento
materno pode transmitir.
      Existem numerosos artigos científicos acerca dos malefícios das
dioxinas em toda a comunidade, nas gestantes e nos fetos.
      Os estudos publicados sobre esta matéria não contestam a pre-
sença de dioxinas no leite materno, mas todos sustentam o papel
importante do leite materno nas várias dimensões do desenvolvimento
do bebé.
      Interessa difundir conselhos e propostas preventivos, tendentes
à diminuição da transferência materna de dioxinas para a próxima
geração, a qual pode ser evitada ou, pelo menos, diminuída através
de diferentes medidas: a regulamentação para a descarga de dioxinas,
uma redução do consumo de produtos animais e alimentos fabrica-
dos, a substituição de gorduras animais por gorduras vegetais e a
ingestão de leite e queijo magros em vez de gordos, em todas as ida-
des, prática esta também recomendada para a prevenção da obesi-
dade, cada vez mais prevalente na nossa sociedade, nomeadamente
em crianças e adolescentes.
      Tais práticas levariam a uma menor acumulação de poluentes nas
adolescentes, futuras mães, com uma menor passagem de dioxinas
MANUAL DE ALEITAMENTO MATERNO                                      19

durante e depois da gestação, aconselhando-se ainda que, durante o
período de aleitamento materno, a mãe não tente perder peso.



7.   Contra-indicações do Aleitamento Materno

• Contra-indicações temporárias

     Existem certas situações em que as mães não devem amamen-
tar os seus bebés, até essas mesmas situações estarem resolvidas; por
exemplo, mães com algumas doenças infecciosas como a varicela,
herpes com lesões mamárias, tuberculose não tratada ou ainda quan-
do tenham de efectuar uma medicação imprescindível. Durante este
período de tempo, os bebés devem ser alimentados com leite artifi-
cial por copo ou colher, e a produção de leite materno deverá ser
estimulada.

• Contra-indicações definitivas

    As contra-indicações definitivas do aleitamento materno não
são muito frequentes, mas existem. Trata-se de mães com doenças
graves, crónicas ou debilitantes, mães infectadas pelo vírus da
imunodeficiência humana (VIH), mães que precisem de tomar me-
dicamentos que são nocivos para os bebés e, ainda, bebés com do-
enças metabólicas raras como a fenilcetonúria e a galactosemia.
20                                            Leonor Levy e Helena Bértolo

8. Como Funciona a Amamentação




                      Figura 1 - Anatomia da mama


     Observe o mamilo e a área de pele mais escura que o rodeia e
que se chama aréola mamária. Na aréola encontram-se as pequenas
glândulas chamadas glândulas de Montgomery que segregam um flui-
do oleoso para manter a pele saudável.
     Dentro da mama estão os alvéolos que são pequeninos sacos
feitos de células secretoras de leite. Há milhões de alvéolos – a fi-
gura mostra apenas alguns deles.
     Uma hormona chamada prolactina faz com que estas células
produzam leite.
     Em torno dos alvéolos há células musculares, as células
mioepiteliais, que se contraem e expulsam o leite para fora dos alvé-
olos. Uma hormona chamada ocitocina provoca a contracção dessas
células musculares.
     Pequenos tubos, ou ductos, levam o leite dos alvéolos para o
exterior. Sob a aréola, os ductos tornam-se mais largos permitindo
MANUAL DE ALEITAMENTO MATERNO                                      21

que ao sugar o bebé recolha o leite. Os ductos tornam-se outra vez
mais estreitos à medida que passam através do mamilo.
     Os alvéolos e os ductos estão rodeados por tecido de sustenta-
ção e por gordura.
     A gordura e o tecido de sustentação é que dão a forma à mama
e fazem a maior parte da diferença entre uma mama grande e uma
pequena. Tanto as mamas grandes como as pequenas contêm a mes-
ma quantidade de tecido glandular e podem produzir uma grande
quantidade de leite.




                                          Adaptado da OMS/UNICEF



                         Figura 2 - Prolactina




    Quando um bebé mama, impulsos sensoriais vão do mamilo para
o cérebro. Em resposta, a parte anterior da hipófise na base do cé-
rebro segrega prolactina. A prolactina vai através do sangue para a
mama, fazendo com que as células secretoras produzam leite.
22                                              Leonor Levy e Helena Bértolo

     A maior parte da prolactina está no sangue cerca de 30 minu-
tos após a mamada – o que faz com que a mama produza leite para
a mamada SEGUINTE. Para esta mamada, o bebé toma o leite que
já está na mama.
     Ou seja, quanto mais o bebé suga, mais leite é produzido.

     • Mais prolactina é produzida à noite; portanto, amamentar
       durante a noite é especialmente importante para manter a
       produção de leite.
     • A prolactina faz com que a mãe se sinta relaxada e algumas
       vezes sonolenta; logo, geralmente a mãe descansa bem, mes-
       mo amamentando durante a noite.
     • A prolactina suprime a ovulação; assim, a amamentação pode
       ajudar a adiar uma nova gestação, sobretudo se a amamentação
       for praticada também durante a noite.




                                        Adaptado da OMS/UNICEF


                         Figura 3 - Ocitocina


    Quando um bebé suga, impulsos sensoriais vão do mamilo para
o cérebro. Em resposta, a parte posterior da hipófise na base do
cérebro segrega uma hormona chamada ocitocina.
MANUAL DE ALEITAMENTO MATERNO                                      23

     A ocitocina vai através do sangue para a mama e produz a con-
tracção das células musculares, ou células mioepiteliais, em torno dos
alvéolos. Isto faz com que o leite colectado nos alvéolos flua através
dos ductos até ao mamilo. Chama-se a isto reflexo da ocitocina ou
reflexo de ejecção.
     A ocitocina é produzida mais rapidamente que a prolactina. A
ocitocina faz com que o leite que já está na mama flua para ESTA
mamada. A ocitocina pode começar a actuar antes que o bebé su-
gue, quando a mãe está preparada para amamentar.
     Se o reflexo da ocitocina não funciona bem, o bebé pode ter
dificuldade em receber leite. Pode ter-se a impressão que as mamas
deixaram de produzir leite.
     De facto as mamas continuam a produzir leite, mas este não flui.
     A ocitocina provoca a contracção do útero no pós-parto, o que
ajuda a reduzir as perdas de sangue, para além de acelerar a involução
uterina.
     Por vezes, nos primeiros dias aparecem dores uterinas, que po-
dem ser bastante fortes, e também pequenas perdas de sangue.




                                         Adaptado da OMS/UNICEF



                          Figura 4 - Ocitocina
24                                         Leonor Levy e Helena Bértolo

Como ajudar o reflexo da ocitocina:
   Sentimentos agradáveis como sentir-se contente com o seu
   bebé, ter prazer com o bebé, tocá-lo, olhar ou mesmo ouvir o
   bebé chorar podem ajudar o reflexo da ocitocina. A confiança
   na sua capacidade de amamentar e a convicção de que o seu leite
   é o melhor para o bebé também são importantes para ajudar o
   leite a fluir.

O que pode dificultar ou bloquear o reflexo da ocitocina:
    Sentimentos desagradáveis como dor, preocupação, dúvidas se
    a mãe tem leite suficiente e, de um modo geral, o stress podem
    bloquear o reflexo e parar o fluxo de leite.
    Assim:

     • A mãe precisa de ter o seu bebé sempre junto a si, para que
       possa olhar para ele, tocá-lo e perceber as suas necessidades.
       Esta prática ajuda o seu corpo a preparar-se para a amamenta-
       ção e ajuda o leite a fluir.
     • Se uma mãe está separada do bebé entre as mamadas, o re-
       flexo da ocitocina pode não funcionar facilmente.
     • É preciso ter empatia para com os sentimentos da mãe que
       está a amamentar.
     • É importante fazê-la sentir-se bem e aumentar a sua confian-
       ça na sua capacidade de amamentar o bebé, ajudando assim o
       seu leite a fluir.
MANUAL DE ALEITAMENTO MATERNO                                         25




                                             Adaptado da OMS/UNICEF


                        Figura 5 - Factor inibidor


     A produção do leite materno é também controlada dentro da
própria mama.
     Existe uma substância no leite materno que pode diminuir ou
inibir a produção de leite. Se muito leite é deixado na mama, o fac-
tor inibidor faz com que as células deixem de produzir leite. Isto aju-
da a proteger a mama dos efeitos desagradáveis de uma produção
de leite exagerada. A inibição da produção de leite é, obviamente,
necessária se o bebé morre ou pára de mamar por alguma razão.
     Se o leite materno é removido, o factor inibidor também é re-
movido. Então a mama produz mais leite.
     Assim:

    • Se um bebé pára de mamar numa das mamas, essa mama deixa
      de produzir leite.
    • Se o bebé mama mais de uma mama, essa mama produz mais
      leite e torna-se maior que a outra.
    • Para uma mama continuar a produzir leite, o leite deve ser
      removido.
26                                            Leonor Levy e Helena Bértolo

     • Se um bebé não pode mamar de uma ou das duas mamas, o
       leite deve ser removido por expressão, manual ou com bom-
       ba, para permitir que a produção continue.




                                               Adaptado da OMS/UNICEF



                       Figura 6 - Reflexos do bebé


     Existem três principais reflexos do bebé relacionados com a
amamentação: o reflexo de busca e preensão, o de sucção e o de
deglutição.
     Quando alguma coisa toca nos lábios ou nas bochechas do bebé,
ele abre a boca e pode virar a cabeça à procura daquilo que lhe to-
cou. O bebé põe a língua para baixo e para fora. Este é o reflexo de
busca e preensão.
     Quando alguma coisa toca o palato do bebé, ele começa a sugar e,
quando a sua boca se enche de leite, ele deglute. São reflexos que acon-
tecem automaticamente, sem que o bebé tenha de os aprender.
     Existem, porém, algumas coisas que a mãe e o bebé têm de
aprender.
MANUAL DE ALEITAMENTO MATERNO                                      27

    Uma mãe tem de aprender como segurar a sua mama e
posicionar o bebé, para que ele pegue bem na mama.
    O bebé tem de aprender como pegar na mama para ter uma
sucção eficaz.
    Note, no desenho, como o bebé se aproxima da mama. Ele apro-
xima-se da mama por debaixo do mamilo. Isto ajuda a uma boa adap-
tação ou pega entre a sua boca e a mama da mãe porque:

    • O mamilo está posicionado para o palato do bebé, podendo
      assim estimular o reflexo de sucção.
    • O lábio do bebé está posicionado para debaixo do mamilo, de
      modo a colocar a língua por baixo dos canais galactóforos.




                                          Adaptado da OMS/UNICEF


             Figura 7 - Adaptação entre mãe e bebé (pega)



Bebé A
    • A boca do bebé apanha a maior parte da aréola e dos tecidos
      que estão sob ela, incluindo os canais galactóforos.
28                                            Leonor Levy e Helena Bértolo

     • O bebé estica o tecido da mama para fora, para formar um
       longo bico.
     • O mamilo constitui apenas um terço do bico.
     • O bebé mama na aréola e não no mamilo.

     O bebé A está bem adaptado à mama de mãe (boa pega).

Bebé B
    • A boca do bebé não apanha a maior parte da aréola e dos
      tecidos que estão sob ela, e os canais galactóforos não estão
      incluídos nesses tecidos.
    • O bebé não consegue esticar o tecido da mama para fora a
      fim de formar um longo bico.
    • O mamilo constitui a totalidade do bico.
    • O bebé mama apenas no mamilo.

     O bebé B não está bem adaptado à mama de mãe (má pega).




                                            Adaptado da OMS/UNICEF

              Figura 8 - Adaptação entre mãe e bebé (pega)
MANUAL DE ALEITAMENTO MATERNO                                      29

Bebé A:
    • O queixo do bebé toca a mama.
    • A boca do bebé está bem aberta.
    • O seu lábio inferior está virado para fora.
    • Pode-se ver mais aréola acima do que abaixo da boca do bebé.
    • Isto mostra que o bebé está atingindo os canais galactóforos
      com a sua língua, o que ajuda a expressão do leite.

     O bebé A está bem adaptado à mama da mãe (boa pega).

Bebé B:
    • O queixo do bebé não toca na mama.
    • A boca do bebé não está bem aberta.
    • O seu lábio inferior não está virado para fora.
    • Pode-se ver a mesma quantidade de aréola acima e abaixo da
      boca do bebé.
    • Isto mostra que o bebé não está a atingir os canais galactóforos
      com a sua língua, o que dificulta a expressão do leite.

     O bebé B não está bem adaptado à mama da mãe (má pega).




9.   Como Ultrapassar Pequenas Dificuldades

· Dificuldades precoces

     Nas primeiras semanas de amamentação podem surgir algumas
dificuldades, principalmente para as mães que estão a amamentar pela
primeira vez.
30                                              Leonor Levy e Helena Bértolo

     Logo após o nascimento do bebé (por vezes ainda durante a fase
final da gravidez), surge o primeiro leite chamado colostro – um
líquido branco transparente ou amarelo, que se mantém durante 2 a
3 dias e que é muito importante para proteger o bebé de infecções e
para o ajudar a evacuar.

❖ MAMAS MUITO CHEIAS E DOLOROSAS (INGURGITADAS)

      Quando o leite “desce”, por volta do 2.º-3.º dias, as mamas podem
ficar quentes, mais pesadas e duras, devido ao aumento de leite e à
quantidade de sangue e de fluidos nos tecidos da mama. A mãe pode
ter um ligeiro aumento da temperatura corporal que não ultrapassa, em
regra, os 38º C, durante 24 horas. Habitualmente, o leite sai com
facilidade e a mãe continua a dar de mamar sem dificuldade. Pode dar
de mamar com frequência para retirar o leite, ou retirá-lo manualmente
ou com bomba. Depois de alguns dias, sentirá as mamas vazias e
confortáveis.
      Algumas vezes, especialmente se o leite não é retirado em
quantidade suficiente, as mamas podem ficar ingurgitadas. Nesta
situação as mamas ficam tensas, brilhantes e dolorosas, e pode ser
difícil retirar o leite. A aréola está tensa e é difícil para o bebé agarrar
uma quantidade suficiente da mama para poder sugar. A mãe pode
amamentar menos porque tem dor. A produção de leite diminui
porque a criança mama durante pouco tempo, de modo não eficaz,
e o leite não é retirado.
      A mama pode ficar infectada porque o leite não é drenado e,
especialmente, se a mãe tem fissuras nos mamilos.
MANUAL DE ALEITAMENTO MATERNO                                    31

Para prevenir o ingurgitamento

    – As mães devem dar de mamar em horário livre (sempre que
      o bebé quiser).
    – Colocar a criança a mamar em posição correcta e verificar
      os sinais de boa pega.

Para tratar o ingurgitamento

    – Retirar o leite da mama, colocando o bebé a mamar, se
      possível, ou com expressão manual ou bomba (lavar as mãos
      cuidadosamente antes de tocar nas mamas).
    – Quando conseguir retirar um pouco de leite, a mama fica mais
      macia e o bebé poderá sugar mais eficazmente.
    – Se o bebé não consegue mamar, a mãe deve retirar o leite
      para um copo (manualmente ou com bomba) e dá-lo ao be-
      bé.
    – Deve continuar a retirar com a frequência necessária para que
      as mamas fiquem mais confortáveis e até que o ingurgita-
      mento desapareça.

     A mãe consegue retirar o leite mais facilmente se estimular o
reflexo de ocitocina (ver Figura 4); este funciona melhor se:

    –   Estiver descontraída e com o bebé por perto;
    –   Passar com o chuveiro ou com água quente (parches);
    –   Beber uma bebida morna (não café, chá preto ou cacau);
    –   Massajar levemente com a ponta dos dedos ou com a mão
        fechada na direcção dos mamilos.
32                                          Leonor Levy e Helena Bértolo

     Se as mamas apresentarem edema (inchaço), pode aplicar água
fria ou gelo, depois de retirar o leite.

     Como extrair o leite manualmente:

        Lave as mãos antes de iniciar a extracção;
        Sente-se confortavelmente, coloque o polegar sobre a parte
        superior da aréola e o indicador sob a aréola mamária e
        pressione em direcção ao tórax (costelas); não deve deslizar os
        dedos para não magoar;
        Pressione e solte de seguida, não deve sentir dor; se sentir,
        é porque não está a aplicar a técnica correctamente;
        O leite deve começar a sair, primeiro em pequena quantidade
        e depois em maior quantidade;
        Rode os dedos para massajar todos os locais;
        Faça a expressão do leite até sentir a mama flácida (mole)
        (ver Figura 9).



❖ BLOQUEIO DOS DUCTOS

     No mamilo abrem-se cerca de 10 a 20 canais que drenam o lei-
te. Pode acontecer que alguns destes canais fiquem obstruídos, pos-
sivelmente por leite espesso. A mulher que amamenta pode sentir um
nódulo (inchaço) doloroso numa parte da mama, e o local ficar
avermelhado. A mulher não tem febre e sente-se bem.
     Esta situação tem como causas prováveis o uso de roupas
apertadas (soutien), uma pancada na mama, ou porque a criança não
suga daquela parte da mama.
MANUAL DE ALEITAMENTO MATERNO                                          33




                                                    Adaptado da OMS/UNICEF

                      Figura 9 - Extracção manual




Para tratar o ducto bloqueado

    – Para resolver esta situação, a mãe deve amamentar em diferentes
      posições de modo a esvaziar todas as partes da mama (por
      exemplo, colocando o corpo do bebé debaixo do braço).
    – Pode ainda fazer uma leve pressão, com os dedos, no sentido
      do mamilo para ajudar a esvaziar aquela parte da mama.
34                                          Leonor Levy e Helena Bértolo

     – A mãe deve usar roupas largas e um soutien que apoie, mas
       não comprima.

❖ MASTITE

     Se o ducto (canal) bloqueado não drenar o leite, ou no caso de
ingurgitamento mamário grave, o tecido mamário pode infectar. Neste
caso, parte da mama fica avermelhada, quente, com tumefacção
(inchada) e dolorosa. A mulher tem febre, normalmente elevada, e sente
grande mal-estar – estamos em presença de mastite, pelo que deve
consultar o seu médico.

Para tratar a mastite

    O médico assistente indicará quais os medicamentos que a mãe
deve tomar.
    Entretanto, é fundamental que:

     – A mãe repouse;
     – Retire o leite manualmente, ou com bomba;
     – Possa continuar a amamentar do lado não afectado.
     A situação melhora, habitualmente em um ou dois dias.

❖ MAMILOS DOLOROSOS E/OU COM FISSURAS
  (GRETADOS)

    A causa mais comum de dor nos mamilos é uma má adaptação
do bebé à mama materna (pega incorrecta).
    Por vezes a pele do mamilo parece completamente normal, outras
vezes nota-se uma fissura na extremidade ou na base do mamilo.
MANUAL DE ALEITAMENTO MATERNO                                      35

     A amamentação é dolorosa, podendo levar a mãe a amamentar
durante menos tempo e/ou com menor frequência. A criança que suga
só o mamilo não consegue retirar leite suficiente, ficando frustrada.
O leite não é retirado com eficácia, o que poderá levar a diminuição
da produção de leite.

Para prevenir dor/fissuras nos mamilos

    – Coloque a criança numa posição correcta (cabeça em linha
      recta com o corpo, face de frente para o mamilo);
    – Verifique sinais de boa pega do bebé (ver Figura 8);
    – Não deve lavar os mamilos com sabão, devem ser lavados
      unicamente uma vez ao dia;
    – Não deve interromper a mamada, o bebé deve deixar a mama
      espontaneamente;
    – Se a mãe tiver de interromper, deve colocar um dedo, sua-
      vemente, na boca do bebé de modo a interromper a sucção.

Mamilos com fissuras (gretas)

     Muitas vezes, a criança continua a mamar em má posição durante
alguns dias, o que pode causar lesão do mamilo. O mamilo pode ficar
com fissuras, o que pode favorecer a entrada de “micróbios” e causar
infecção – mastite.

Para tratar os mamilos dolorosos e/ou com fissuras

    Na maior parte das vezes, a dor desaparece logo que a pega do
bebé é corrigida.
36                                         Leonor Levy e Helena Bértolo

     – Pode iniciar a amamentação pelo mamilo não doloroso;
     – Deve aplicar uma gota de leite no mamilo e aréola, após o
       banho e após cada mamada – isto facilita a cicatrização;
     – A mãe deve expor os mamilos ao ar e ao sol, sempre que
       possível, no intervalo das mamadas.

    Se a dor é tão intensa que mesmo melhorando a pega do bebé
não desaparece, a mãe pode retirar o leite e dar ao bebé com copo
ou colher, até que o mamilo melhore ou cicatrize.

Mamilos planos e invertidos

     Algumas mães pensam que os seus mamilos são muito pequenos
para amamentar, mas o tamanho dos mamilos em “repouso” não é
importante, dado que o mamilo é só 1/3 da porção da mama que o
bebé deve introduzir na boca para sugar plenamente.
     O mamilo fica mais saliente nas últimas semanas de gravi-
dez e/ou logo após o parto, pelo que não é necessário fazer qual-
quer manobra ou usar qualquer método durante a gravidez.
     Para além deste aspecto, a mãe pode tentar rodar o mamilo entre
os dedos de modo a ficar mais saliente.
     A utilização de moldes de mamilos durante a gravidez é
desaconselhada, dado que não é evidente que ajudem a melhorar o
formato do mamilo e podem lesá-lo.
     O que é importante é que a mãe coloque o bebé ao peito logo
após o nascimento (durante a primeira hora); evite o uso de tetinas
e de chupetas, para evitar que o bebé tenha maior dificuldade em
pegar.
     Pode deixar o bebé pegar do modo que ele quer, ter contacto
pele a pele com o bebé e tentar em várias posições.
MANUAL DE ALEITAMENTO MATERNO                                                     37

     Se a mama está muito cheia, o mamilo fica menos saliente, pelo
que é favorável retirar uma porção de leite antes de colocar o bebé ao
peito.
     A mãe pode ainda tentar espremer um pouco de leite para a boca
do bebé; normalmente, após provar o leite, ele fica mais motivado para
mamar.
     Pode também tentar que o mamilo fique mais saliente, utilizando
uma bomba ou uma seringa de 20 ml (ver Figura 10), várias vezes
ao dia durante 30-60 segundos, e sempre antes de ir amamentar.
     Se a mãe continua com dificuldades, após tentar estas técnicas,
pode pedir ajuda a um profissional de saúde ou a alguém com
experiência em amamentação.




                      Corte uma seringa de 10 ou 20 ml




                        Coloque o êmbolo ao contrário




                          Puxe suavemente o êmbolo para que o mamilo fique mais
                          saliente



                                                           Adaptado da OMS/UNICEF


                      Figura 10 - Extracção do leite
38                                         Leonor Levy e Helena Bértolo

· Dificuldades tardias

❖ POUCO LEITE/CHORO DO BEBÉ

     Algumas mães pensam que o seu leite é insuficiente porque:

     –   O bebé chora mais do que o habitual;
     –   Quer sugar mais frequentemente;
     –   Demora muito a mamar;
     –   Adormece a mamar.

     Muitas vezes, as mães têm bastante leite, mas falta confiança de
que o seu leite é suficiente. Todas as mulheres possuem um número
semelhante de células produtoras de leite, independentemente do
tamanho das mamas.
     Por vezes as mães tentam amamentar a criança em horário bem
determinado (rígido); deixam a criança esperar muito tempo para ma-
mar; trocam de mama, quando o bebé não esvaziou totalmente a pri-
meira (a criança não ingere quantidade suficiente da gordura que está
no final da mamada e fica insatisfeito).

O que fazer?

     – A mãe deve amamentar sempre que o bebé tenha fome (em
       horário livre);
     – O bebé deve esvaziar uma mama até ao fim (até que ele pare
       espontaneamente), só depois a mãe deve oferecer a outra; na
       mamada seguinte deve alternar;
     – Acordar o bebé e não o deixar muito agasalhado, dado que
       isso favorece o adormecimento.
MANUAL DE ALEITAMENTO MATERNO                                     39

    Se quer aumentar a produção de leite:

    – A mãe pode amamentar com mais frequência durante alguns
      dias;
    – Amamentar também de noite (a libertação de prolactina é
      superior durante a noite);
    – Retirar o leite, sempre que não esteja com o bebé.

     Se a criança está a aumentar de peso, está decerto a alimentar-
-se em quantidade suficiente.

❖ VOLTAR AO TRABALHO

    Voltar a trabalhar é, na maior parte das vezes, motivo de algu-
ma ansiedade e preocupação. No entanto, a legislação apoia o alei-
tamento materno, mas as situações variam de mãe para mãe:

    – O emprego da mãe pode ser próximo do domicílio;
    – Talvez seja possível levar a criança para uma ama ou creche
      perto ou no local de trabalho;
    – Alguém poderá levar a criança para mamar enquanto a mãe
      trabalha;
    – Se estas hipóteses não forem viáveis, a mãe pode retirar o
      leite antes de sair de casa e deixá-lo para ser dado ao bebé;
    – No local de trabalho, deve retirar com a frequência com que
      o bebé mamaria;
    – Amamente sempre que estiver em casa, à noite, logo pela
      manhã, e sempre que possível.
40                                         Leonor Levy e Helena Bértolo

Como deve conservar o leite:

       Existem sacos de plástico esterilizados para o efeito.
       Pode ainda guardar em biberão esterilizado.

Validade:

     – 48 horas no frigorífico.
     – No congelador até 3 meses, mas de acordo com as instruções,
       por exemplo: nos frigoríficos que têm duas estrelas (**), o
       leite materno pode permanecer durante 2 meses.
MANUAL DE ALEITAMENTO MATERNO                             41




Para mais informações, queira contactar:

Comissão Nacional Iniciativa Hospitais Amigos dos Bebés
Av. Ant. Aug. Aguiar, 56 - 3º Esq.
1069-115 Lisboa
Tel: 213 177 500
Fax: 213 547 913
E-mail: hab@unicef.pt
www.unicef.pt


Outros contactos úteis:

Alto Comissariado da Saúde
amamentar@ensp.unl.pt
www.amamentar.net

Mama Mater – Associação de Aleitamento Materno de Portugal
Tel: 214 532 019
www.mamamater.pt

SOS Amamentação
Tel: 213 880 915
www.sosamamentacao.org
42   Leonor Levy e Helena Bértolo
MANUAL DE ALEITAMENTO MATERNO                                     43

                        FICHA DE AVALIAÇÃO

         Por favor faça uma cruz em cima da resposta que melhor se
    adapta ao seu caso e envie a folha do questionário para o Comité
    Português para a UNICEF, Av. António Augusto de Aguiar, n.º 56,
    3.º Esq, 1069-115 Lisboa.

    · Este Manual de Aleitamento Materno foi útil?
        Muito         Bastante        Médio          Pouco     Nada

    · Achou fácil a linguagem utilizada neste Manual de Aleitamento
      Materno?
        Muito         Bastante        Médio          Pouco     Nada

    · Os conselhos deste Manual de Aleitamento Materno correspondem às
      suas dificuldades?
        Muito         Bastante        Médio          Pouco     Nada

    · Este Manual de Aleitamento Materno influenciou a sua decisão de
      amamentar o seu bebé?
        Muito         Bastante        Médio          Pouco     Nada

    · Este Manual de Aleitamento Materno ajudou-a no estabelecimento da
      lactação?
        Muito         Bastante        Médio          Pouco     Nada

    · Este Manual de Aleitamento Materno conseguiu tranquilizá-la sobre
      a prática do aleitamento materno?
        Muito         Bastante        Médio          Pouco     Nada
✄
Edição                                Apoios
financiada por




                Ministério da Saúde
                Direcção-Geral da Saúde    PORTUGAL

Contenu connexe

Tendances

PromoçãO Da AmamentaçãO E AlimentaçãO Complementar
PromoçãO Da AmamentaçãO E AlimentaçãO ComplementarPromoçãO Da AmamentaçãO E AlimentaçãO Complementar
PromoçãO Da AmamentaçãO E AlimentaçãO ComplementarBiblioteca Virtual
 
Alimento de Primeira - Capítulo do Caderno 17 - Primeira Infância
Alimento de Primeira - Capítulo do Caderno 17 - Primeira Infância Alimento de Primeira - Capítulo do Caderno 17 - Primeira Infância
Alimento de Primeira - Capítulo do Caderno 17 - Primeira Infância Prof. Marcus Renato de Carvalho
 
Guia Básico para uma Alimentação de Sucesso - livro by Dr. Gladson
Guia Básico para uma Alimentação de Sucesso - livro by Dr. GladsonGuia Básico para uma Alimentação de Sucesso - livro by Dr. Gladson
Guia Básico para uma Alimentação de Sucesso - livro by Dr. GladsonProf. Marcus Renato de Carvalho
 
Fonoaudiologia Neonatal: Orientações às nutrizes e Alojamento conjunto
Fonoaudiologia Neonatal: Orientações às nutrizes e Alojamento conjuntoFonoaudiologia Neonatal: Orientações às nutrizes e Alojamento conjunto
Fonoaudiologia Neonatal: Orientações às nutrizes e Alojamento conjuntoJames Tomaz-Morais
 
Oficina: ACONSELHAMENTO em AMAMENTAÇÃO (resumo de conteúdo)
Oficina: ACONSELHAMENTO em AMAMENTAÇÃO (resumo de conteúdo)Oficina: ACONSELHAMENTO em AMAMENTAÇÃO (resumo de conteúdo)
Oficina: ACONSELHAMENTO em AMAMENTAÇÃO (resumo de conteúdo)Prof. Marcus Renato de Carvalho
 
Pais que AMAmentam - livro digital do Paidiatra Dr. Leonardo Perfeto
Pais que AMAmentam - livro digital do Paidiatra Dr. Leonardo PerfetoPais que AMAmentam - livro digital do Paidiatra Dr. Leonardo Perfeto
Pais que AMAmentam - livro digital do Paidiatra Dr. Leonardo PerfetoProf. Marcus Renato de Carvalho
 
FEBRASGO lança nova edição do Manual de Amamentação 2018
FEBRASGO lança nova edição do Manual de Amamentação 2018FEBRASGO lança nova edição do Manual de Amamentação 2018
FEBRASGO lança nova edição do Manual de Amamentação 2018Prof. Marcus Renato de Carvalho
 
AMAMENTAÇÃO - livro digital para mães e pais do Click Bebê parte I
AMAMENTAÇÃO - livro digital para mães e pais do Click Bebê parte I AMAMENTAÇÃO - livro digital para mães e pais do Click Bebê parte I
AMAMENTAÇÃO - livro digital para mães e pais do Click Bebê parte I Prof. Marcus Renato de Carvalho
 
E-book EuSaúde - Crianças
E-book EuSaúde - CriançasE-book EuSaúde - Crianças
E-book EuSaúde - CriançasEuSaúde
 
Aleitamento Materno - Colégio Rodin, Cata-Vento e IPEC
Aleitamento Materno - Colégio Rodin, Cata-Vento e IPECAleitamento Materno - Colégio Rodin, Cata-Vento e IPEC
Aleitamento Materno - Colégio Rodin, Cata-Vento e IPECassociacaoportella
 
Amamentacao 10 passos
Amamentacao 10 passosAmamentacao 10 passos
Amamentacao 10 passosMarie Santos
 
Album seriado amamentação (Unicef, Min. Saúde)
Album seriado amamentação (Unicef, Min. Saúde)Album seriado amamentação (Unicef, Min. Saúde)
Album seriado amamentação (Unicef, Min. Saúde)Dr. Benevenuto
 
FÓRMULA INFANTIL - uso e abuso de prescrição para RNs sadios a termo
FÓRMULA INFANTIL - uso e abuso de prescrição para RNs sadios a termoFÓRMULA INFANTIL - uso e abuso de prescrição para RNs sadios a termo
FÓRMULA INFANTIL - uso e abuso de prescrição para RNs sadios a termoProf. Marcus Renato de Carvalho
 
CRECHE promotora da Amamentação e da Alimentação saudável
CRECHE promotora da Amamentação e da Alimentação saudável CRECHE promotora da Amamentação e da Alimentação saudável
CRECHE promotora da Amamentação e da Alimentação saudável Prof. Marcus Renato de Carvalho
 

Tendances (20)

PromoçãO Da AmamentaçãO E AlimentaçãO Complementar
PromoçãO Da AmamentaçãO E AlimentaçãO ComplementarPromoçãO Da AmamentaçãO E AlimentaçãO Complementar
PromoçãO Da AmamentaçãO E AlimentaçãO Complementar
 
Como dar leite materno no copinho
Como dar leite materno no copinhoComo dar leite materno no copinho
Como dar leite materno no copinho
 
Promocaodo aleitamento
Promocaodo aleitamentoPromocaodo aleitamento
Promocaodo aleitamento
 
Alimento de Primeira - Capítulo do Caderno 17 - Primeira Infância
Alimento de Primeira - Capítulo do Caderno 17 - Primeira Infância Alimento de Primeira - Capítulo do Caderno 17 - Primeira Infância
Alimento de Primeira - Capítulo do Caderno 17 - Primeira Infância
 
Guia Básico para uma Alimentação de Sucesso - livro by Dr. Gladson
Guia Básico para uma Alimentação de Sucesso - livro by Dr. GladsonGuia Básico para uma Alimentação de Sucesso - livro by Dr. Gladson
Guia Básico para uma Alimentação de Sucesso - livro by Dr. Gladson
 
Fonoaudiologia Neonatal: Orientações às nutrizes e Alojamento conjunto
Fonoaudiologia Neonatal: Orientações às nutrizes e Alojamento conjuntoFonoaudiologia Neonatal: Orientações às nutrizes e Alojamento conjunto
Fonoaudiologia Neonatal: Orientações às nutrizes e Alojamento conjunto
 
Cartilha sobre Aleitamento & Covid - UFRJ Macaé
Cartilha sobre Aleitamento & Covid - UFRJ Macaé Cartilha sobre Aleitamento & Covid - UFRJ Macaé
Cartilha sobre Aleitamento & Covid - UFRJ Macaé
 
Manual ALEITAMENTO MATERNO da FEBRASGO 2015
Manual ALEITAMENTO MATERNO da FEBRASGO 2015Manual ALEITAMENTO MATERNO da FEBRASGO 2015
Manual ALEITAMENTO MATERNO da FEBRASGO 2015
 
Oficina: ACONSELHAMENTO em AMAMENTAÇÃO (resumo de conteúdo)
Oficina: ACONSELHAMENTO em AMAMENTAÇÃO (resumo de conteúdo)Oficina: ACONSELHAMENTO em AMAMENTAÇÃO (resumo de conteúdo)
Oficina: ACONSELHAMENTO em AMAMENTAÇÃO (resumo de conteúdo)
 
Pais que AMAmentam - livro digital do Paidiatra Dr. Leonardo Perfeto
Pais que AMAmentam - livro digital do Paidiatra Dr. Leonardo PerfetoPais que AMAmentam - livro digital do Paidiatra Dr. Leonardo Perfeto
Pais que AMAmentam - livro digital do Paidiatra Dr. Leonardo Perfeto
 
FEBRASGO lança nova edição do Manual de Amamentação 2018
FEBRASGO lança nova edição do Manual de Amamentação 2018FEBRASGO lança nova edição do Manual de Amamentação 2018
FEBRASGO lança nova edição do Manual de Amamentação 2018
 
AMAMENTAÇÃO - livro digital para mães e pais do Click Bebê parte I
AMAMENTAÇÃO - livro digital para mães e pais do Click Bebê parte I AMAMENTAÇÃO - livro digital para mães e pais do Click Bebê parte I
AMAMENTAÇÃO - livro digital para mães e pais do Click Bebê parte I
 
E-book EuSaúde - Crianças
E-book EuSaúde - CriançasE-book EuSaúde - Crianças
E-book EuSaúde - Crianças
 
Amamentação
AmamentaçãoAmamentação
Amamentação
 
Aleitamento Materno - Colégio Rodin, Cata-Vento e IPEC
Aleitamento Materno - Colégio Rodin, Cata-Vento e IPECAleitamento Materno - Colégio Rodin, Cata-Vento e IPEC
Aleitamento Materno - Colégio Rodin, Cata-Vento e IPEC
 
Amamentacao 10 passos
Amamentacao 10 passosAmamentacao 10 passos
Amamentacao 10 passos
 
Album seriado amamentação (Unicef, Min. Saúde)
Album seriado amamentação (Unicef, Min. Saúde)Album seriado amamentação (Unicef, Min. Saúde)
Album seriado amamentação (Unicef, Min. Saúde)
 
FÓRMULA INFANTIL - uso e abuso de prescrição para RNs sadios a termo
FÓRMULA INFANTIL - uso e abuso de prescrição para RNs sadios a termoFÓRMULA INFANTIL - uso e abuso de prescrição para RNs sadios a termo
FÓRMULA INFANTIL - uso e abuso de prescrição para RNs sadios a termo
 
ALEITAMENTO MATERNO
ALEITAMENTO MATERNOALEITAMENTO MATERNO
ALEITAMENTO MATERNO
 
CRECHE promotora da Amamentação e da Alimentação saudável
CRECHE promotora da Amamentação e da Alimentação saudável CRECHE promotora da Amamentação e da Alimentação saudável
CRECHE promotora da Amamentação e da Alimentação saudável
 

En vedette

En vedette (8)

Segurança rodoviária(i)
Segurança rodoviária(i)Segurança rodoviária(i)
Segurança rodoviária(i)
 
Cartaz(12)
 Cartaz(12) Cartaz(12)
Cartaz(12)
 
S1 e1 welcome a new life!
S1 e1 welcome a new life!S1 e1 welcome a new life!
S1 e1 welcome a new life!
 
Janete, Wesley
Janete, WesleyJanete, Wesley
Janete, Wesley
 
2 tri (parcial e trimestral 1 serie)
2 tri (parcial e trimestral 1 serie)2 tri (parcial e trimestral 1 serie)
2 tri (parcial e trimestral 1 serie)
 
Calendário Mundial
Calendário MundialCalendário Mundial
Calendário Mundial
 
Marcador de livro Envelhecimento
Marcador de livro EnvelhecimentoMarcador de livro Envelhecimento
Marcador de livro Envelhecimento
 
Senhor sonho
Senhor sonhoSenhor sonho
Senhor sonho
 

Similaire à Guia para o sucesso da amamentação

Manual aleitamento - Geofar
Manual aleitamento - GeofarManual aleitamento - Geofar
Manual aleitamento - GeofarRicardo Nunes
 
Como promover a amamentação na gravidez e parto
Como promover a amamentação na gravidez e partoComo promover a amamentação na gravidez e parto
Como promover a amamentação na gravidez e partoRebeca - Doula
 
SMAM 2016: folder da WABA com os objetivos, temas e sugestões para ações
SMAM 2016: folder da WABA com os objetivos, temas e sugestões para açõesSMAM 2016: folder da WABA com os objetivos, temas e sugestões para ações
SMAM 2016: folder da WABA com os objetivos, temas e sugestões para açõesProf. Marcus Renato de Carvalho
 
Trabalho tpa 2
Trabalho tpa 2Trabalho tpa 2
Trabalho tpa 2lejomoyas
 
Loucos e lindos meses
Loucos e lindos mesesLoucos e lindos meses
Loucos e lindos mesesfigueiredo5
 
Loucos e lindos meses
Loucos e lindos mesesLoucos e lindos meses
Loucos e lindos mesesfigueiredo5
 
Loucos e lindos meses
Loucos e lindos mesesLoucos e lindos meses
Loucos e lindos meseseuu3
 
Aleitamento Materno Uma ContribuiçãO CientíFica Para A PráTica Do Profissio...
Aleitamento Materno   Uma ContribuiçãO CientíFica Para A PráTica Do Profissio...Aleitamento Materno   Uma ContribuiçãO CientíFica Para A PráTica Do Profissio...
Aleitamento Materno Uma ContribuiçãO CientíFica Para A PráTica Do Profissio...Biblioteca Virtual
 
Iniciativa hospital amigo da criança
Iniciativa hospital amigo da criançaIniciativa hospital amigo da criança
Iniciativa hospital amigo da criançaCamila Ferreira
 
Margareth miranda ayres
Margareth miranda ayresMargareth miranda ayres
Margareth miranda ayresTamyslast
 
Bebês que exigem cuidados especiais
Bebês que exigem cuidados especiaisBebês que exigem cuidados especiais
Bebês que exigem cuidados especiaisRebeca - Doula
 
Amamentação - tema de debates na ESEnfC - Coimbra, Portugal.
Amamentação - tema de debates na ESEnfC - Coimbra, Portugal. Amamentação - tema de debates na ESEnfC - Coimbra, Portugal.
Amamentação - tema de debates na ESEnfC - Coimbra, Portugal. Prof. Marcus Renato de Carvalho
 
Como a amamentacao pode contribuir para um Planeta mais saudável
Como a amamentacao pode contribuir para um Planeta mais saudávelComo a amamentacao pode contribuir para um Planeta mais saudável
Como a amamentacao pode contribuir para um Planeta mais saudávelSilvia Marina Anaruma
 
MotivaçãO Para A AmamentaçãO ConstruçãO De Um Instrumento De Medida
MotivaçãO Para A AmamentaçãO ConstruçãO De Um Instrumento De MedidaMotivaçãO Para A AmamentaçãO ConstruçãO De Um Instrumento De Medida
MotivaçãO Para A AmamentaçãO ConstruçãO De Um Instrumento De MedidaBiblioteca Virtual
 
A Importância do Aleitamento Materno e seus mitos
A  Importância do Aleitamento Materno e seus mitosA  Importância do Aleitamento Materno e seus mitos
A Importância do Aleitamento Materno e seus mitosJackson Damasceno
 

Similaire à Guia para o sucesso da amamentação (20)

Manual aleitamento - Geofar
Manual aleitamento - GeofarManual aleitamento - Geofar
Manual aleitamento - Geofar
 
Como promover a amamentação na gravidez e parto
Como promover a amamentação na gravidez e partoComo promover a amamentação na gravidez e parto
Como promover a amamentação na gravidez e parto
 
WABA SMAM 2016: folder de ação AM & ODS
WABA SMAM 2016: folder de ação AM & ODSWABA SMAM 2016: folder de ação AM & ODS
WABA SMAM 2016: folder de ação AM & ODS
 
SMAM 2016: folder da WABA com os objetivos, temas e sugestões para ações
SMAM 2016: folder da WABA com os objetivos, temas e sugestões para açõesSMAM 2016: folder da WABA com os objetivos, temas e sugestões para ações
SMAM 2016: folder da WABA com os objetivos, temas e sugestões para ações
 
Trabalho tpa 2
Trabalho tpa 2Trabalho tpa 2
Trabalho tpa 2
 
Loucos e lindos meses
Loucos e lindos mesesLoucos e lindos meses
Loucos e lindos meses
 
Loucos e lindos meses
Loucos e lindos mesesLoucos e lindos meses
Loucos e lindos meses
 
Loucos e lindos meses
Loucos e lindos mesesLoucos e lindos meses
Loucos e lindos meses
 
Aleitamento materno
Aleitamento maternoAleitamento materno
Aleitamento materno
 
Promoção do Aleitamento Materno no Alojamento Conjunto
Promoção do Aleitamento Materno no Alojamento ConjuntoPromoção do Aleitamento Materno no Alojamento Conjunto
Promoção do Aleitamento Materno no Alojamento Conjunto
 
Aleitamento Materno Uma ContribuiçãO CientíFica Para A PráTica Do Profissio...
Aleitamento Materno   Uma ContribuiçãO CientíFica Para A PráTica Do Profissio...Aleitamento Materno   Uma ContribuiçãO CientíFica Para A PráTica Do Profissio...
Aleitamento Materno Uma ContribuiçãO CientíFica Para A PráTica Do Profissio...
 
Iniciativa hospital amigo da criança
Iniciativa hospital amigo da criançaIniciativa hospital amigo da criança
Iniciativa hospital amigo da criança
 
Margareth miranda ayres
Margareth miranda ayresMargareth miranda ayres
Margareth miranda ayres
 
Bebês que exigem cuidados especiais
Bebês que exigem cuidados especiaisBebês que exigem cuidados especiais
Bebês que exigem cuidados especiais
 
Amamentação - tema de debates na ESEnfC - Coimbra, Portugal.
Amamentação - tema de debates na ESEnfC - Coimbra, Portugal. Amamentação - tema de debates na ESEnfC - Coimbra, Portugal.
Amamentação - tema de debates na ESEnfC - Coimbra, Portugal.
 
Como a amamentacao pode contribuir para um Planeta mais saudável
Como a amamentacao pode contribuir para um Planeta mais saudávelComo a amamentacao pode contribuir para um Planeta mais saudável
Como a amamentacao pode contribuir para um Planeta mais saudável
 
MotivaçãO Para A AmamentaçãO ConstruçãO De Um Instrumento De Medida
MotivaçãO Para A AmamentaçãO ConstruçãO De Um Instrumento De MedidaMotivaçãO Para A AmamentaçãO ConstruçãO De Um Instrumento De Medida
MotivaçãO Para A AmamentaçãO ConstruçãO De Um Instrumento De Medida
 
Promoção do Aleitamento Materno no Pré-natal
Promoção do Aleitamento Materno no Pré-natalPromoção do Aleitamento Materno no Pré-natal
Promoção do Aleitamento Materno no Pré-natal
 
A Importância do Aleitamento Materno e seus mitos
A  Importância do Aleitamento Materno e seus mitosA  Importância do Aleitamento Materno e seus mitos
A Importância do Aleitamento Materno e seus mitos
 
Amamentação e sustentabilidade
Amamentação e sustentabilidadeAmamentação e sustentabilidade
Amamentação e sustentabilidade
 

Plus de Biblioteca Virtual

Aleitamento Materno Manual De OrientaçãO
Aleitamento Materno   Manual De OrientaçãOAleitamento Materno   Manual De OrientaçãO
Aleitamento Materno Manual De OrientaçãOBiblioteca Virtual
 
Statistical Report Of The 2008 Iblce Examination
Statistical Report Of The 2008 Iblce ExaminationStatistical Report Of The 2008 Iblce Examination
Statistical Report Of The 2008 Iblce ExaminationBiblioteca Virtual
 
Lactation Management Self Study Modules Level I
Lactation Management Self Study Modules Level ILactation Management Self Study Modules Level I
Lactation Management Self Study Modules Level IBiblioteca Virtual
 
AvaliaçãO Do Impacto De Um Programa De Puericultura Na PromoçãO Da Amamentaçã...
AvaliaçãO Do Impacto De Um Programa De Puericultura Na PromoçãO Da Amamentaçã...AvaliaçãO Do Impacto De Um Programa De Puericultura Na PromoçãO Da Amamentaçã...
AvaliaçãO Do Impacto De Um Programa De Puericultura Na PromoçãO Da Amamentaçã...Biblioteca Virtual
 
AnáLise Da Efetividade De Um Programa De Incentivo Ao Aleitamento Materno Exc...
AnáLise Da Efetividade De Um Programa De Incentivo Ao Aleitamento Materno Exc...AnáLise Da Efetividade De Um Programa De Incentivo Ao Aleitamento Materno Exc...
AnáLise Da Efetividade De Um Programa De Incentivo Ao Aleitamento Materno Exc...Biblioteca Virtual
 
Statistical Report Of The 2008 Iblce Examination
Statistical Report Of The 2008 Iblce ExaminationStatistical Report Of The 2008 Iblce Examination
Statistical Report Of The 2008 Iblce ExaminationBiblioteca Virtual
 
Uk Formula Marketing Practices
Uk Formula Marketing PracticesUk Formula Marketing Practices
Uk Formula Marketing PracticesBiblioteca Virtual
 
Statistical Report Of The 2008 Iblce Examination
Statistical Report Of The 2008 Iblce ExaminationStatistical Report Of The 2008 Iblce Examination
Statistical Report Of The 2008 Iblce ExaminationBiblioteca Virtual
 
PromoçãO, ProtecçãO E Apoio. Apoio RepresentaçõEs Sociais Em Aleitamento Materno
PromoçãO, ProtecçãO E Apoio. Apoio RepresentaçõEs Sociais Em Aleitamento MaternoPromoçãO, ProtecçãO E Apoio. Apoio RepresentaçõEs Sociais Em Aleitamento Materno
PromoçãO, ProtecçãO E Apoio. Apoio RepresentaçõEs Sociais Em Aleitamento MaternoBiblioteca Virtual
 
O Ensino De Aleitamento Materno Na GraduaçãO Em Medicina Um Estudo De Caso
O Ensino De Aleitamento Materno Na GraduaçãO Em Medicina   Um Estudo De CasoO Ensino De Aleitamento Materno Na GraduaçãO Em Medicina   Um Estudo De Caso
O Ensino De Aleitamento Materno Na GraduaçãO Em Medicina Um Estudo De CasoBiblioteca Virtual
 
No Seio Da FamíLia AmamentaçãO E PromoçãO Da SaúDe No Programa De SaúDe Da ...
No Seio Da FamíLia   AmamentaçãO E PromoçãO Da SaúDe No Programa De SaúDe Da ...No Seio Da FamíLia   AmamentaçãO E PromoçãO Da SaúDe No Programa De SaúDe Da ...
No Seio Da FamíLia AmamentaçãO E PromoçãO Da SaúDe No Programa De SaúDe Da ...Biblioteca Virtual
 
Lactation Management Self Study Modules Level I
Lactation Management Self Study Modules Level ILactation Management Self Study Modules Level I
Lactation Management Self Study Modules Level IBiblioteca Virtual
 
AnáLise Da Efetividade De Um Programa De Incentivo Ao Aleitamento Materno Exc...
AnáLise Da Efetividade De Um Programa De Incentivo Ao Aleitamento Materno Exc...AnáLise Da Efetividade De Um Programa De Incentivo Ao Aleitamento Materno Exc...
AnáLise Da Efetividade De Um Programa De Incentivo Ao Aleitamento Materno Exc...Biblioteca Virtual
 
AvaliaçãO Do Impacto De Um Programa De Puericultura Na PromoçãO Da Amamentaçã...
AvaliaçãO Do Impacto De Um Programa De Puericultura Na PromoçãO Da Amamentaçã...AvaliaçãO Do Impacto De Um Programa De Puericultura Na PromoçãO Da Amamentaçã...
AvaliaçãO Do Impacto De Um Programa De Puericultura Na PromoçãO Da Amamentaçã...Biblioteca Virtual
 
Iblce Regional Office In Europe Candidate Information Guide
Iblce Regional Office In Europe   Candidate Information GuideIblce Regional Office In Europe   Candidate Information Guide
Iblce Regional Office In Europe Candidate Information GuideBiblioteca Virtual
 
A ImportâNcia Da AmamentaçãO Para A SaúDe Da Mulher Que Amamenta
A ImportâNcia Da AmamentaçãO Para A SaúDe Da Mulher Que AmamentaA ImportâNcia Da AmamentaçãO Para A SaúDe Da Mulher Que Amamenta
A ImportâNcia Da AmamentaçãO Para A SaúDe Da Mulher Que AmamentaBiblioteca Virtual
 
AmamentaçãO E Uso De AntiinflamatóRios NãO EsteróIdes Pela Nutriz InformaçõEs...
AmamentaçãO E Uso De AntiinflamatóRios NãO EsteróIdes Pela Nutriz InformaçõEs...AmamentaçãO E Uso De AntiinflamatóRios NãO EsteróIdes Pela Nutriz InformaçõEs...
AmamentaçãO E Uso De AntiinflamatóRios NãO EsteróIdes Pela Nutriz InformaçõEs...Biblioteca Virtual
 
Contribution Of Environmental Factors To The Risk Of Male Infertility
Contribution Of Environmental Factors To The Risk Of Male InfertilityContribution Of Environmental Factors To The Risk Of Male Infertility
Contribution Of Environmental Factors To The Risk Of Male InfertilityBiblioteca Virtual
 
Contraindications To Breastfeeding
Contraindications To BreastfeedingContraindications To Breastfeeding
Contraindications To BreastfeedingBiblioteca Virtual
 

Plus de Biblioteca Virtual (20)

Aleitamento Materno Manual De OrientaçãO
Aleitamento Materno   Manual De OrientaçãOAleitamento Materno   Manual De OrientaçãO
Aleitamento Materno Manual De OrientaçãO
 
Statistical Report Of The 2008 Iblce Examination
Statistical Report Of The 2008 Iblce ExaminationStatistical Report Of The 2008 Iblce Examination
Statistical Report Of The 2008 Iblce Examination
 
Lactation Management Self Study Modules Level I
Lactation Management Self Study Modules Level ILactation Management Self Study Modules Level I
Lactation Management Self Study Modules Level I
 
AvaliaçãO Do Impacto De Um Programa De Puericultura Na PromoçãO Da Amamentaçã...
AvaliaçãO Do Impacto De Um Programa De Puericultura Na PromoçãO Da Amamentaçã...AvaliaçãO Do Impacto De Um Programa De Puericultura Na PromoçãO Da Amamentaçã...
AvaliaçãO Do Impacto De Um Programa De Puericultura Na PromoçãO Da Amamentaçã...
 
AnáLise Da Efetividade De Um Programa De Incentivo Ao Aleitamento Materno Exc...
AnáLise Da Efetividade De Um Programa De Incentivo Ao Aleitamento Materno Exc...AnáLise Da Efetividade De Um Programa De Incentivo Ao Aleitamento Materno Exc...
AnáLise Da Efetividade De Um Programa De Incentivo Ao Aleitamento Materno Exc...
 
Statistical Report Of The 2008 Iblce Examination
Statistical Report Of The 2008 Iblce ExaminationStatistical Report Of The 2008 Iblce Examination
Statistical Report Of The 2008 Iblce Examination
 
Uk Formula Marketing Practices
Uk Formula Marketing PracticesUk Formula Marketing Practices
Uk Formula Marketing Practices
 
Statistical Report Of The 2008 Iblce Examination
Statistical Report Of The 2008 Iblce ExaminationStatistical Report Of The 2008 Iblce Examination
Statistical Report Of The 2008 Iblce Examination
 
PromoçãO, ProtecçãO E Apoio. Apoio RepresentaçõEs Sociais Em Aleitamento Materno
PromoçãO, ProtecçãO E Apoio. Apoio RepresentaçõEs Sociais Em Aleitamento MaternoPromoçãO, ProtecçãO E Apoio. Apoio RepresentaçõEs Sociais Em Aleitamento Materno
PromoçãO, ProtecçãO E Apoio. Apoio RepresentaçõEs Sociais Em Aleitamento Materno
 
O Ensino De Aleitamento Materno Na GraduaçãO Em Medicina Um Estudo De Caso
O Ensino De Aleitamento Materno Na GraduaçãO Em Medicina   Um Estudo De CasoO Ensino De Aleitamento Materno Na GraduaçãO Em Medicina   Um Estudo De Caso
O Ensino De Aleitamento Materno Na GraduaçãO Em Medicina Um Estudo De Caso
 
No Seio Da FamíLia AmamentaçãO E PromoçãO Da SaúDe No Programa De SaúDe Da ...
No Seio Da FamíLia   AmamentaçãO E PromoçãO Da SaúDe No Programa De SaúDe Da ...No Seio Da FamíLia   AmamentaçãO E PromoçãO Da SaúDe No Programa De SaúDe Da ...
No Seio Da FamíLia AmamentaçãO E PromoçãO Da SaúDe No Programa De SaúDe Da ...
 
Lactation Management Self Study Modules Level I
Lactation Management Self Study Modules Level ILactation Management Self Study Modules Level I
Lactation Management Self Study Modules Level I
 
AnáLise Da Efetividade De Um Programa De Incentivo Ao Aleitamento Materno Exc...
AnáLise Da Efetividade De Um Programa De Incentivo Ao Aleitamento Materno Exc...AnáLise Da Efetividade De Um Programa De Incentivo Ao Aleitamento Materno Exc...
AnáLise Da Efetividade De Um Programa De Incentivo Ao Aleitamento Materno Exc...
 
AvaliaçãO Do Impacto De Um Programa De Puericultura Na PromoçãO Da Amamentaçã...
AvaliaçãO Do Impacto De Um Programa De Puericultura Na PromoçãO Da Amamentaçã...AvaliaçãO Do Impacto De Um Programa De Puericultura Na PromoçãO Da Amamentaçã...
AvaliaçãO Do Impacto De Um Programa De Puericultura Na PromoçãO Da Amamentaçã...
 
Iblce Regional Office In Europe Candidate Information Guide
Iblce Regional Office In Europe   Candidate Information GuideIblce Regional Office In Europe   Candidate Information Guide
Iblce Regional Office In Europe Candidate Information Guide
 
A ImportâNcia Da AmamentaçãO Para A SaúDe Da Mulher Que Amamenta
A ImportâNcia Da AmamentaçãO Para A SaúDe Da Mulher Que AmamentaA ImportâNcia Da AmamentaçãO Para A SaúDe Da Mulher Que Amamenta
A ImportâNcia Da AmamentaçãO Para A SaúDe Da Mulher Que Amamenta
 
AmamentaçãO E Uso De AntiinflamatóRios NãO EsteróIdes Pela Nutriz InformaçõEs...
AmamentaçãO E Uso De AntiinflamatóRios NãO EsteróIdes Pela Nutriz InformaçõEs...AmamentaçãO E Uso De AntiinflamatóRios NãO EsteróIdes Pela Nutriz InformaçõEs...
AmamentaçãO E Uso De AntiinflamatóRios NãO EsteróIdes Pela Nutriz InformaçõEs...
 
Anatomofisiologia[1]
Anatomofisiologia[1]Anatomofisiologia[1]
Anatomofisiologia[1]
 
Contribution Of Environmental Factors To The Risk Of Male Infertility
Contribution Of Environmental Factors To The Risk Of Male InfertilityContribution Of Environmental Factors To The Risk Of Male Infertility
Contribution Of Environmental Factors To The Risk Of Male Infertility
 
Contraindications To Breastfeeding
Contraindications To BreastfeedingContraindications To Breastfeeding
Contraindications To Breastfeeding
 

Guia para o sucesso da amamentação

  • 1. MANUAL DE ALEITAMENTO MATERNO Comité Português para a UNICEF – Comissão Nacional Iniciativa Hospitais Amigos dos Bebés
  • 2. MANUAL DE ALEITAMENTO MATERNO 1 MANUAL DE ALEITAMENTO MATERNO Edição Comité Português para a UNICEF/Comissão Nacional Iniciativa Hospitais Amigos dos Bebés Edição Revista de 2008
  • 3. 2 Leonor Levy e Helena Bértolo Título: Manual de Aleitamento Materno Edição revista (2008) Editor: Comité Português para a UNICEF Av.ª António Augusto de Aguiar, 56 – 3.º Esq. 1069-115 Lisboa Telefone: 213 177 500 Fax: 213 547 913 E-mail: erodrigues@unicef.pt Autores: Leonor Levy Helena Bértolo Revisão Técnica e Científica desta edição: Purificação Araújo Luís Magão Isabel Loureiro Revisão: António Massano Capa: Isabel Garcia Impressão: Gráfica Maiadouro Depósito Legal: 176764/02 ISBN: 96436
  • 4. MANUAL DE ALEITAMENTO MATERNO 3 ÍNDICE Nota Introdutória .................................................... 5 1. Aleitamento Materno em Portugal ..................... 7 2. Vantagens do Aleitamento Materno ................... 8 3. Sucesso do Aleitamento Materno ...................... 9 4. Pontos de Viragem em Aleitamento Materno ..... 10 5. Prática do Aleitamento Materno ........................ 16 6. Leite Materno e Ambiente ................................. 17 7. Contra-indicações do Aleitamento Materno ...... 19 8. Como Funciona a Amamentação ........................ 20 9. Como Ultrapassar Pequenas Dificuldades ......... 29 Nota Final ............................................................... 41
  • 5. 4 Leonor Levy e Helena Bértolo
  • 6. MANUAL DE ALEITAMENTO MATERNO 5 Nota Introdutória Este Manual de Aleitamento Materno foi feito com a intenção de a ajudar. Dar de mamar é uma prioridade da sua vida porque é bom para si, para o seu bebé e para a sua família. As pequenas dificuldades podem ser ultrapassadas com meia dúzia de estratégias que neste livro lhe são propostas. Esperamos, sinceramente, que a amamentação por si sonhada seja um sucesso. Boa sorte e felicidades.
  • 7. 6 Leonor Levy e Helena Bértolo
  • 8. MANUAL DE ALEITAMENTO MATERNO 7 1. Aleitamento Materno em Portugal Em Portugal não existem estatísticas sobre a incidência e a prevalência do aleitamento materno. Os estudos efectuados no nosso país sugerem que a evolução do aleitamento materno se processou de maneira semelhante à de outros países europeus. A industrialização, a II Grande Guerra Mundial, a massificação do trabalho feminino, os movimentos feministas, a perda da família alargada, a indiferença ou ignorância dos profissionais de saúde e a publicidade agressiva das indústrias produtoras de substitutos do leite materno tiveram como consequência uma baixa da incidência e da prevalência do aleitamento materno. Foram as mulheres com mai- or escolaridade que mais precocemente deixaram de amamentar os seus filhos, sendo rapidamente imitadas pelas mulheres com menor escola- ridade. Este fenómeno alastrou aos países em desenvolvimento, com consequências gravíssimas em termos de aumento da mortalidade infantil. A partir dos anos 70, verificou-se um retorno gradual à prática do aleitamento materno, sobretudo nas mulheres mais in- formadas. Alguns estudos portugueses apontam para uma alta incidên- cia do aleitamento materno, significando que mais de 90% das mães portuguesas iniciam o aleitamento materno; no entanto, esses mesmos estudos mostram que quase metade das mães desis- tem de dar de mamar durante o primeiro mês de vida do bebé, su- gerindo que a maior parte das mães não conseguem cumprir o seu
  • 9. 8 Leonor Levy e Helena Bértolo projecto de dar de mamar, desistindo muito precocemente da amamentação. Por todas estas razões, é essencial que em Portugal se continuem a implementar medidas que promovam um maior sucesso do aleita- mento materno. 2. Vantagens do Aleitamento Materno O leite materno é um alimento vivo, completo e natural, ade- quado para quase todos os recém-nascidos, salvo raras excepções. As vantagens do aleitamento materno são múltiplas e já bas- tante reconhecidas, quer a curto, quer a longo prazo, existindo um consenso mundial de que a sua prática exclusiva é a melhor maneira de alimentar as crianças até aos 6 meses de vida. O aleitamento materno tem vantagens para a mãe e para o bebé: o leite materno previne infecções gastrintestinais, respirató- rias e urinárias; o leite materno tem um efeito protector sobre as aler- gias, nomeadamente as específicas para as proteínas do leite de vaca; o leite materno faz com que os bebés tenham uma melhor adapta- ção a outros alimentos. A longo prazo, podemos referir também a importância do aleitamento materno na prevenção da diabetes e de linfomas. No que diz respeito às vantagens para a mãe, o aleitamento materno facilita uma involução uterina mais precoce, e associa-se a uma menor probabilidade de ter cancro da mama entre outros. So- bretudo, permite à mãe sentir o prazer único de amamentar. Para além de todas estas vantagens, o leite materno constitui o método mais barato e seguro de alimentar os bebés e, na maioria das situações, protege as mães de uma nova gravidez. No entanto, é fun-
  • 10. MANUAL DE ALEITAMENTO MATERNO 9 damental que todas as seguintes condições sejam cumpridas: alei- tamento materno praticado em regime livre, sem intervalos noctur- nos, sem suplementos de outro leite, nem complementado com qual- quer outro tipo de comida. Esta protecção pode prolongar-se até aos 6 meses do bebé e enquanto a menstruação não voltar. 3. Sucesso do Aleitamento Materno O sucesso do aleitamento materno pode ser definido por uma amamentação mais prolongada. Existe hoje o consenso entre os pe- diatras de que a duração ideal do aleitamento materno exclusivo, ou seja, sem que seja oferecido ao bebé mais nenhum alimento, é de 6 meses. Isto não basta, no entanto; é ainda preciso que o bebé tenha um bom estado nutricional, ou seja, aumente de peso de maneira ade- quada e tenha um bom desenvolvimento psicomotor. O sucesso do aleitamento materno pode ainda ser definido pela qualidade da interacção entre mãe e bebé, durante a mamada, pois este proporciona a oportunidade de contacto físico e visual e a vivência da cooperação mútua entre a mãe e o bebé. Uma boa interacção entre a mãe e o bebé durante a mamada pode ser defini- da como uma valsa na qual cada um dos interlocutores, mãe e bebé, emite sinais ao outro, sinais esses que são descodificados, dando origem a comportamentos de resposta contingentes e adequados, con- duzindo a uma adaptação mútua de mãe e bebé, cada vez mais rica e complexa. Alguns autores responsabilizam a inexistência de bons pa- drões interactivos – entre mãe e bebé durante a mamada – pela fa- lência do crescimento de causa não-orgânica que se verifica em al- gumas crianças.
  • 11. 10 Leonor Levy e Helena Bértolo Num aleitamento materno com sucesso, verifica-se habitual- mente uma boa transferência de leite entre a mãe e o bebé; a trans- ferência de leite refere-se não só à quantidade de leite que a mãe produz, como também àquela que o bebé obtém, sendo a actuação do bebé particularmente importante na regulação da quantidade de leite que ingere, na duração da mamada e na produção do leite pela mãe. Ao falarmos de sucesso, temos também de ter em conta o pro- jecto materno; sob o ponto de vista da mãe, a prática do aleitamen- to materno de curta duração pode ser um sucesso desde que corresponda às suas expectativas. 4. Pontos de Viragem em Aleitamento Materno A intervenção em pediatria corresponde a actuar nos períodos críticos ou melhores períodos da vida humana; assim, os “pontos de viragem” são entendidos como oportunidades preferenciais para a intervenção em saúde, nomeadamente na promoção da saúde e preven- ção da doença, através da promoção de práticas saudáveis, e neste con- texto tem especial relevância a prática do aleitamento materno. Para que a amamentação tenha sucesso, devem conjugar-se três factores: · A decisão de amamentar · O estabelecimento da lactação · O suporte da amamentação
  • 12. MANUAL DE ALEITAMENTO MATERNO 11 Decisão de amamentar A decisão de amamentar é uma decisão pessoal, sujeita a mui- tas influências, resultantes da socialização de cada mulher. Muitas mulheres nem sabem bem por que decidiram amamen- tar e, quando lhes é perguntada a razão, dizem que vão amamentar porque sim; provavelmente estas mulheres cresceram naquilo que al- guns autores chamam meio aleitante, ou seja, um ambiente em que o aleitamento materno era praticado de maneira natural, sem ser posta a questão de como alimentar os bebés; provavelmente estas mu- lheres tinham sido amamentadas pelas suas mães e viram outras mães a amamentar os seus filhos, tendo tido, assim, experiências positivas relacionadas com a amamentação. Este tipo de experiência é proporcionado pelas famílias alar- gadas em que várias gerações coabitam, existindo uma transmissão de saberes e de práticas tradicionais favoráveis ao aleitamento ma- terno. Uma experiência prévia com sucesso com um ou mais filhos também se reflecte positivamente na decisão de amamentar o futuro bebé. Outras mães decidem amamentar porque valorizam positiva- mente as consequências do aleitamento materno, quando com- parado com outro tipo de alimentação, podendo ser ou não in- fluenciadas pelo seu companheiro, amigas, mãe ou profissionais de saúde, sendo especialmente importante a percepção do seu próprio controlo sobre a prática do aleitamento materno, traduzindo-se por uma maior confiança nas suas capacidades de amamentar o seu filho. Não podemos nem devemos culpabilizar uma mãe que não quer ou não pode amamentar, providenciando nestes casos os conselhos adequados à prática de uma alimentação com leites artificiais.
  • 13. 12 Leonor Levy e Helena Bértolo Temos, no entanto, a obrigação de informar e aconselhar todas as futuras mães quanto à prática do aleitamento materno, nomea- damente as mães indecisas. Para além de veicular informações quanto às vantagens do alei- tamento materno para o bebé, é importante esclarecer as futuras mães sobre as vantagens do aleitamento materno para a própria mãe, nomeadamente sobre o prazer que uma mãe esclarecida e apoiada pode encontrar no aleitamento materno, pondo assim a tónica não no dever, mas no direito e no prazer de amamentar. Alguns estudos sugerem que as mães que escolhem amamentar por razões ligadas às vantagens do aleitamento materno para as mães amamentam durante mais tempo, com maior prazer e experimentam menos crises lácteas, ou seja, o sentimento de terem menos leite, crises estas que podem ser reais ou não. Uma gestação planeada ou desejada parece ser um pré-requisi- to importante para o sucesso do aleitamento materno, sugerindo a importância das consultas de planeamento familiar. O 3.º trimestre da gestação tem sido apontado como o primei- ro ponto de viragem em termos de sucesso do aleitamento mater- no, constituindo uma oportunidade privilegiada para uma primeira entrevista entre a futura mãe e o pediatra do bebé, a fim de discutir o regime alimentar do bebé. Neste primeiro contacto devem veicu- lar-se conhecimentos sobre a prática e a técnica do aleitamento ma- terno, averiguar-se os conhecimentos e atitudes dos futuros pais face ao aleitamento materno e a existência, ou não, de mitos relaciona- dos com a amamentação. Parece especialmente importante a definição prévia da du- ração do aleitamento materno, pelo que a futura mãe deverá ser motivada para um maior compromisso em termos de ama- mentação.
  • 14. MANUAL DE ALEITAMENTO MATERNO 13 Para uma maior motivação materna, a mãe deverá ser elucidada sobre as vantagens do aleitamento materno para a mãe e para o bebé, o efeito de “dose-resposta” e o prazer que a amamentação pode constituir para uma mãe bem preparada para amamentar. Alguns autores sugerem que a frequência de aulas de prepara- ção para o parto durante a gestação deverá ainda fazer parte da pre- paração da futura mãe, no sentido de a familiarizar com os procedi- mentos do trabalho de parto e do parto, bem como do início da amamentação. Estabelecimento da lactação O estabelecimento da lactação tem sido apontado como o 2.º ponto de viragem, sendo decisivas as práticas hospitalares ligadas ao trabalho de parto, parto e pós-parto para um aleitamento materno com sucesso. A antropologia, a sociologia e a história têm procurado apreen- der o significado de acontecimentos tão importantes como o parto, para diferentes povos de diferentes culturas. Em todos os povos é possível encontrar crenças e práticas ligadas à procriação, à gesta- ção e ao parto, constituindo este uma “entrada na vida” ou um ri- tual de passagem. Vários estudos mostram também que todos os po- vos se preocupam com os cuidados a fornecer ao recém-nascido, como sejam o primeiro banho, a amamentação, as aprendizagens, os berços e as embaladeiras. Poucas experiências humanas alcançam os níveis de stress, ansiedade, dor e tumulto emocional ocorridos durante um parto e no pós-parto imediato. Sendo o parto uma ocasião de especial sensibilidade ao ambiente, não admira que acontecimentos,
  • 15. 14 Leonor Levy e Helena Bértolo interacções e intervenções ocorridos durante este período possam ter consequências duradouras em termos emocionais e compor- tamentais. Acontecimentos ligados às práticas hospitalares durante o par- to, no período do pós-parto imediato e durante a estada da mãe e do bebé no hospital podem influenciar positiva ou negativamente o estabelecimento da lactação e a duração do aleitamento materno. Aqueles factores por si só, ou em interacção uns com os outros, podem contribuir para o sucesso ou, pelo contrário, pôr em perigo a amamentação. Um comunicado conjunto da OMS/UNICEF (Iniciativa Hospitais Amigos dos Bebés) contempla 10 medidas importantes para o sucesso do aleitamento materno que deveriam ser implementadas nos serviços de saúde vocacionados para a assistência a grávidas e recém-nascidos, definindo objectivos e estratégias que, a serem cum- pridos, confeririam a esses mesmos serviços de saúde a categoria de “Hospital Amigo dos Bebés”. Em Portugal existe, constituída, uma Comissão Nacional Inicia- tiva Hospitais Amigos dos Bebés com sede na UNICEF. Iniciativa Hospitais Amigos dos Bebés (OMS/UNICEF) 1. Ter uma política de promoção do aleitamento materno, afi- xada, a transmitir regularmente a toda a equipa de cuida- dos de saúde. 2. Dar formação à equipa de cuidados de saúde para que implemente esta política. 3. Informar todas as grávidas sobre as vantagens e a prática do aleitamento materno.
  • 16. MANUAL DE ALEITAMENTO MATERNO 15 4. Ajudar as mães a iniciarem o aleitamento materno na pri- meira meia hora após o nascimento. 5. Mostrar às mães como amamentar e manter a lactação, mes- mo que tenham de ser separadas dos seus filhos temporaria- mente. 6. Não dar ao recém-nascido nenhum outro alimento ou líqui- do além do leite materno, a não ser que seja segundo indi- cação médica. 7. Praticar o alojamento conjunto: permitir que as mães e os bebés permaneçam juntos 24 horas por dia. 8. Dar de mamar sempre que o bebé queira. 9. Não dar tetinas ou chupetas às crianças amamentadas ao peito. 10. Encorajar a criação de grupos de apoio ao aleitamento ma- terno, encaminhando as mães para estes, após a alta do hospital ou da maternidade. Na sequência da actividade desenvolvida pela Comissão Na- cional Iniciativa Hospitais Amigos dos Bebés, vários hospitais e maternidades portugueses têm-se candidatado a “Hospital Amigo dos Bebés”, estando actualmente em curso a avaliação das candida- turas. Manutenção da amamentação O 3.º ponto de viragem será o suporte da amamentação depois da alta da maternidade. Os primeiros quinze dias de vida do bebé, até que a lactação esteja bem estabelecida, são especialmente importantes. Durante este
  • 17. 16 Leonor Levy e Helena Bértolo período de tempo, a mãe deverá ser ajudada por alguém que a subs- titua nas tarefas caseiras, a fim de poder dedicar-se plenamente ao seu bebé e ter o apoio de profissionais de saúde competentes e dis- poníveis no centro de saúde, através de consulta telefónica ou mes- mo visita domiciliária, se necessário. Um ambiente calmo e caloroso, uma alimentação simples e cui- dada e algumas regras elementares sobre a prática do aleitamento materno serão uma ajuda preciosa para o seu sucesso. 5. Prática do Aleitamento Materno A duração da mamada não é importante, pois a maior parte dos bebés mamam 90% do que precisam em 4 minutos. Alguns bebés pro- longam mais as mamadas, por vezes até 30 minutos ou mais; o que in- teressa é perceber que o bebé está a obter leite da mama da mãe e não está a fazer da mama da mãe uma chupeta, pois isto pode macerar os mamilos, criar fissuras e levar a mãe a desistir da amamentação. Uma mãe pode perceber se o bebé está mesmo a mamar quan- do constata que a sucção é mais lenta do que com uma chupeta, quando verifica que o bebé enche as bochechas de leite ou, muitas vezes, quando ouve o bebé a engolir o leite. O horário não é o mais importante; o bebé deve ser alimentado quando tem fome – chama-se a isto o regime livre –, não se devendo impor ao bebé um regime rígido. Quando um bebé tem fome acorda para comer, e este alerta é importante para uma melhor ingestão de leite materno No entanto não se deve deixar o bebé dormir mais de 3 horas durante o primeiro mês de vida. Quando um bebé começa a mamar na mama da mãe, o primei- ro leite que obtém é mais rico em água e lactose, que é o açúcar do
  • 18. MANUAL DE ALEITAMENTO MATERNO 17 leite; à medida que a mamada prossegue, o leite vai tendo cada vez mais gordura. O que é importante é que o bebé esvazie uma mama em cada mamada; o bebé deve primeiro esvaziar a primeira mama e se depois disso continuar com fome é que lhe é oferecida a segunda mama; chu- par e esvaziar a mama é o segredo para uma maior produção de leite. Não interessa pesar o bebé antes e depois de uma mamada, nem fazer análises ao leite, pois existe uma grande variabilidade do leite materno ao longo do dia, quer em qualidade, quer em quantidade. A pesagem do bebé nas consultas de saúde e uma boa progressão do seu peso garantem que o bebé está a ser bem alimentado. Todas as mães se preocupam muito com os alimentos que de- vem comer. Se na família houver casos de alergia, as mães não de- verão abusar do leite e dos seus derivados. Caso contrário, as mães deverão praticar uma dieta saudável e variada, evitando comer gran- des quantidades de qualquer alimento ou alimentos mais alergizantes ou que possam excitar o bebé. Porém, o que é mais importante é a ausência de stress, pois este é inimigo da lactação, dado que impede a ejecção do leite, que fica assim retido na mama. 6. Leite Materno e Ambiente Infelizmente, na actualidade o leite materno também contém outros componentes, consequência da industrialização. Estes produ- tos tóxicos, como por exemplo as dioxinas, existem no ar que respi- ramos e em alguns dos alimentos que ingerimos. Cerca dos 6 meses de idade, o bebé começa a comer outro tipo de alimentos para além do leite materno ou de um substituto deste
  • 19. 18 Leonor Levy e Helena Bértolo leite, até se integrar, por volta do ano de vida, no regime alimentar da família. Depois do desmame, os produtos de consumo diário – car- ne, peixe, leite e queijos gordos e gorduras animais, e ainda a fast- -food e os alimentos fabricados – são os principais fornecedores de dioxinas para a população em geral, não esquecendo o papel da po- luição. No entanto, os maiores especialistas mundiais nesta matéria consideram o leite materno como insubstituível, continuando a acon- selhar o aleitamento materno, não deixando de recomendar, no entanto, medidas tendentes a reduzir as dioxinas que o aleitamento materno pode transmitir. Existem numerosos artigos científicos acerca dos malefícios das dioxinas em toda a comunidade, nas gestantes e nos fetos. Os estudos publicados sobre esta matéria não contestam a pre- sença de dioxinas no leite materno, mas todos sustentam o papel importante do leite materno nas várias dimensões do desenvolvimento do bebé. Interessa difundir conselhos e propostas preventivos, tendentes à diminuição da transferência materna de dioxinas para a próxima geração, a qual pode ser evitada ou, pelo menos, diminuída através de diferentes medidas: a regulamentação para a descarga de dioxinas, uma redução do consumo de produtos animais e alimentos fabrica- dos, a substituição de gorduras animais por gorduras vegetais e a ingestão de leite e queijo magros em vez de gordos, em todas as ida- des, prática esta também recomendada para a prevenção da obesi- dade, cada vez mais prevalente na nossa sociedade, nomeadamente em crianças e adolescentes. Tais práticas levariam a uma menor acumulação de poluentes nas adolescentes, futuras mães, com uma menor passagem de dioxinas
  • 20. MANUAL DE ALEITAMENTO MATERNO 19 durante e depois da gestação, aconselhando-se ainda que, durante o período de aleitamento materno, a mãe não tente perder peso. 7. Contra-indicações do Aleitamento Materno • Contra-indicações temporárias Existem certas situações em que as mães não devem amamen- tar os seus bebés, até essas mesmas situações estarem resolvidas; por exemplo, mães com algumas doenças infecciosas como a varicela, herpes com lesões mamárias, tuberculose não tratada ou ainda quan- do tenham de efectuar uma medicação imprescindível. Durante este período de tempo, os bebés devem ser alimentados com leite artifi- cial por copo ou colher, e a produção de leite materno deverá ser estimulada. • Contra-indicações definitivas As contra-indicações definitivas do aleitamento materno não são muito frequentes, mas existem. Trata-se de mães com doenças graves, crónicas ou debilitantes, mães infectadas pelo vírus da imunodeficiência humana (VIH), mães que precisem de tomar me- dicamentos que são nocivos para os bebés e, ainda, bebés com do- enças metabólicas raras como a fenilcetonúria e a galactosemia.
  • 21. 20 Leonor Levy e Helena Bértolo 8. Como Funciona a Amamentação Figura 1 - Anatomia da mama Observe o mamilo e a área de pele mais escura que o rodeia e que se chama aréola mamária. Na aréola encontram-se as pequenas glândulas chamadas glândulas de Montgomery que segregam um flui- do oleoso para manter a pele saudável. Dentro da mama estão os alvéolos que são pequeninos sacos feitos de células secretoras de leite. Há milhões de alvéolos – a fi- gura mostra apenas alguns deles. Uma hormona chamada prolactina faz com que estas células produzam leite. Em torno dos alvéolos há células musculares, as células mioepiteliais, que se contraem e expulsam o leite para fora dos alvé- olos. Uma hormona chamada ocitocina provoca a contracção dessas células musculares. Pequenos tubos, ou ductos, levam o leite dos alvéolos para o exterior. Sob a aréola, os ductos tornam-se mais largos permitindo
  • 22. MANUAL DE ALEITAMENTO MATERNO 21 que ao sugar o bebé recolha o leite. Os ductos tornam-se outra vez mais estreitos à medida que passam através do mamilo. Os alvéolos e os ductos estão rodeados por tecido de sustenta- ção e por gordura. A gordura e o tecido de sustentação é que dão a forma à mama e fazem a maior parte da diferença entre uma mama grande e uma pequena. Tanto as mamas grandes como as pequenas contêm a mes- ma quantidade de tecido glandular e podem produzir uma grande quantidade de leite. Adaptado da OMS/UNICEF Figura 2 - Prolactina Quando um bebé mama, impulsos sensoriais vão do mamilo para o cérebro. Em resposta, a parte anterior da hipófise na base do cé- rebro segrega prolactina. A prolactina vai através do sangue para a mama, fazendo com que as células secretoras produzam leite.
  • 23. 22 Leonor Levy e Helena Bértolo A maior parte da prolactina está no sangue cerca de 30 minu- tos após a mamada – o que faz com que a mama produza leite para a mamada SEGUINTE. Para esta mamada, o bebé toma o leite que já está na mama. Ou seja, quanto mais o bebé suga, mais leite é produzido. • Mais prolactina é produzida à noite; portanto, amamentar durante a noite é especialmente importante para manter a produção de leite. • A prolactina faz com que a mãe se sinta relaxada e algumas vezes sonolenta; logo, geralmente a mãe descansa bem, mes- mo amamentando durante a noite. • A prolactina suprime a ovulação; assim, a amamentação pode ajudar a adiar uma nova gestação, sobretudo se a amamentação for praticada também durante a noite. Adaptado da OMS/UNICEF Figura 3 - Ocitocina Quando um bebé suga, impulsos sensoriais vão do mamilo para o cérebro. Em resposta, a parte posterior da hipófise na base do cérebro segrega uma hormona chamada ocitocina.
  • 24. MANUAL DE ALEITAMENTO MATERNO 23 A ocitocina vai através do sangue para a mama e produz a con- tracção das células musculares, ou células mioepiteliais, em torno dos alvéolos. Isto faz com que o leite colectado nos alvéolos flua através dos ductos até ao mamilo. Chama-se a isto reflexo da ocitocina ou reflexo de ejecção. A ocitocina é produzida mais rapidamente que a prolactina. A ocitocina faz com que o leite que já está na mama flua para ESTA mamada. A ocitocina pode começar a actuar antes que o bebé su- gue, quando a mãe está preparada para amamentar. Se o reflexo da ocitocina não funciona bem, o bebé pode ter dificuldade em receber leite. Pode ter-se a impressão que as mamas deixaram de produzir leite. De facto as mamas continuam a produzir leite, mas este não flui. A ocitocina provoca a contracção do útero no pós-parto, o que ajuda a reduzir as perdas de sangue, para além de acelerar a involução uterina. Por vezes, nos primeiros dias aparecem dores uterinas, que po- dem ser bastante fortes, e também pequenas perdas de sangue. Adaptado da OMS/UNICEF Figura 4 - Ocitocina
  • 25. 24 Leonor Levy e Helena Bértolo Como ajudar o reflexo da ocitocina: Sentimentos agradáveis como sentir-se contente com o seu bebé, ter prazer com o bebé, tocá-lo, olhar ou mesmo ouvir o bebé chorar podem ajudar o reflexo da ocitocina. A confiança na sua capacidade de amamentar e a convicção de que o seu leite é o melhor para o bebé também são importantes para ajudar o leite a fluir. O que pode dificultar ou bloquear o reflexo da ocitocina: Sentimentos desagradáveis como dor, preocupação, dúvidas se a mãe tem leite suficiente e, de um modo geral, o stress podem bloquear o reflexo e parar o fluxo de leite. Assim: • A mãe precisa de ter o seu bebé sempre junto a si, para que possa olhar para ele, tocá-lo e perceber as suas necessidades. Esta prática ajuda o seu corpo a preparar-se para a amamenta- ção e ajuda o leite a fluir. • Se uma mãe está separada do bebé entre as mamadas, o re- flexo da ocitocina pode não funcionar facilmente. • É preciso ter empatia para com os sentimentos da mãe que está a amamentar. • É importante fazê-la sentir-se bem e aumentar a sua confian- ça na sua capacidade de amamentar o bebé, ajudando assim o seu leite a fluir.
  • 26. MANUAL DE ALEITAMENTO MATERNO 25 Adaptado da OMS/UNICEF Figura 5 - Factor inibidor A produção do leite materno é também controlada dentro da própria mama. Existe uma substância no leite materno que pode diminuir ou inibir a produção de leite. Se muito leite é deixado na mama, o fac- tor inibidor faz com que as células deixem de produzir leite. Isto aju- da a proteger a mama dos efeitos desagradáveis de uma produção de leite exagerada. A inibição da produção de leite é, obviamente, necessária se o bebé morre ou pára de mamar por alguma razão. Se o leite materno é removido, o factor inibidor também é re- movido. Então a mama produz mais leite. Assim: • Se um bebé pára de mamar numa das mamas, essa mama deixa de produzir leite. • Se o bebé mama mais de uma mama, essa mama produz mais leite e torna-se maior que a outra. • Para uma mama continuar a produzir leite, o leite deve ser removido.
  • 27. 26 Leonor Levy e Helena Bértolo • Se um bebé não pode mamar de uma ou das duas mamas, o leite deve ser removido por expressão, manual ou com bom- ba, para permitir que a produção continue. Adaptado da OMS/UNICEF Figura 6 - Reflexos do bebé Existem três principais reflexos do bebé relacionados com a amamentação: o reflexo de busca e preensão, o de sucção e o de deglutição. Quando alguma coisa toca nos lábios ou nas bochechas do bebé, ele abre a boca e pode virar a cabeça à procura daquilo que lhe to- cou. O bebé põe a língua para baixo e para fora. Este é o reflexo de busca e preensão. Quando alguma coisa toca o palato do bebé, ele começa a sugar e, quando a sua boca se enche de leite, ele deglute. São reflexos que acon- tecem automaticamente, sem que o bebé tenha de os aprender. Existem, porém, algumas coisas que a mãe e o bebé têm de aprender.
  • 28. MANUAL DE ALEITAMENTO MATERNO 27 Uma mãe tem de aprender como segurar a sua mama e posicionar o bebé, para que ele pegue bem na mama. O bebé tem de aprender como pegar na mama para ter uma sucção eficaz. Note, no desenho, como o bebé se aproxima da mama. Ele apro- xima-se da mama por debaixo do mamilo. Isto ajuda a uma boa adap- tação ou pega entre a sua boca e a mama da mãe porque: • O mamilo está posicionado para o palato do bebé, podendo assim estimular o reflexo de sucção. • O lábio do bebé está posicionado para debaixo do mamilo, de modo a colocar a língua por baixo dos canais galactóforos. Adaptado da OMS/UNICEF Figura 7 - Adaptação entre mãe e bebé (pega) Bebé A • A boca do bebé apanha a maior parte da aréola e dos tecidos que estão sob ela, incluindo os canais galactóforos.
  • 29. 28 Leonor Levy e Helena Bértolo • O bebé estica o tecido da mama para fora, para formar um longo bico. • O mamilo constitui apenas um terço do bico. • O bebé mama na aréola e não no mamilo. O bebé A está bem adaptado à mama de mãe (boa pega). Bebé B • A boca do bebé não apanha a maior parte da aréola e dos tecidos que estão sob ela, e os canais galactóforos não estão incluídos nesses tecidos. • O bebé não consegue esticar o tecido da mama para fora a fim de formar um longo bico. • O mamilo constitui a totalidade do bico. • O bebé mama apenas no mamilo. O bebé B não está bem adaptado à mama de mãe (má pega). Adaptado da OMS/UNICEF Figura 8 - Adaptação entre mãe e bebé (pega)
  • 30. MANUAL DE ALEITAMENTO MATERNO 29 Bebé A: • O queixo do bebé toca a mama. • A boca do bebé está bem aberta. • O seu lábio inferior está virado para fora. • Pode-se ver mais aréola acima do que abaixo da boca do bebé. • Isto mostra que o bebé está atingindo os canais galactóforos com a sua língua, o que ajuda a expressão do leite. O bebé A está bem adaptado à mama da mãe (boa pega). Bebé B: • O queixo do bebé não toca na mama. • A boca do bebé não está bem aberta. • O seu lábio inferior não está virado para fora. • Pode-se ver a mesma quantidade de aréola acima e abaixo da boca do bebé. • Isto mostra que o bebé não está a atingir os canais galactóforos com a sua língua, o que dificulta a expressão do leite. O bebé B não está bem adaptado à mama da mãe (má pega). 9. Como Ultrapassar Pequenas Dificuldades · Dificuldades precoces Nas primeiras semanas de amamentação podem surgir algumas dificuldades, principalmente para as mães que estão a amamentar pela primeira vez.
  • 31. 30 Leonor Levy e Helena Bértolo Logo após o nascimento do bebé (por vezes ainda durante a fase final da gravidez), surge o primeiro leite chamado colostro – um líquido branco transparente ou amarelo, que se mantém durante 2 a 3 dias e que é muito importante para proteger o bebé de infecções e para o ajudar a evacuar. ❖ MAMAS MUITO CHEIAS E DOLOROSAS (INGURGITADAS) Quando o leite “desce”, por volta do 2.º-3.º dias, as mamas podem ficar quentes, mais pesadas e duras, devido ao aumento de leite e à quantidade de sangue e de fluidos nos tecidos da mama. A mãe pode ter um ligeiro aumento da temperatura corporal que não ultrapassa, em regra, os 38º C, durante 24 horas. Habitualmente, o leite sai com facilidade e a mãe continua a dar de mamar sem dificuldade. Pode dar de mamar com frequência para retirar o leite, ou retirá-lo manualmente ou com bomba. Depois de alguns dias, sentirá as mamas vazias e confortáveis. Algumas vezes, especialmente se o leite não é retirado em quantidade suficiente, as mamas podem ficar ingurgitadas. Nesta situação as mamas ficam tensas, brilhantes e dolorosas, e pode ser difícil retirar o leite. A aréola está tensa e é difícil para o bebé agarrar uma quantidade suficiente da mama para poder sugar. A mãe pode amamentar menos porque tem dor. A produção de leite diminui porque a criança mama durante pouco tempo, de modo não eficaz, e o leite não é retirado. A mama pode ficar infectada porque o leite não é drenado e, especialmente, se a mãe tem fissuras nos mamilos.
  • 32. MANUAL DE ALEITAMENTO MATERNO 31 Para prevenir o ingurgitamento – As mães devem dar de mamar em horário livre (sempre que o bebé quiser). – Colocar a criança a mamar em posição correcta e verificar os sinais de boa pega. Para tratar o ingurgitamento – Retirar o leite da mama, colocando o bebé a mamar, se possível, ou com expressão manual ou bomba (lavar as mãos cuidadosamente antes de tocar nas mamas). – Quando conseguir retirar um pouco de leite, a mama fica mais macia e o bebé poderá sugar mais eficazmente. – Se o bebé não consegue mamar, a mãe deve retirar o leite para um copo (manualmente ou com bomba) e dá-lo ao be- bé. – Deve continuar a retirar com a frequência necessária para que as mamas fiquem mais confortáveis e até que o ingurgita- mento desapareça. A mãe consegue retirar o leite mais facilmente se estimular o reflexo de ocitocina (ver Figura 4); este funciona melhor se: – Estiver descontraída e com o bebé por perto; – Passar com o chuveiro ou com água quente (parches); – Beber uma bebida morna (não café, chá preto ou cacau); – Massajar levemente com a ponta dos dedos ou com a mão fechada na direcção dos mamilos.
  • 33. 32 Leonor Levy e Helena Bértolo Se as mamas apresentarem edema (inchaço), pode aplicar água fria ou gelo, depois de retirar o leite. Como extrair o leite manualmente: Lave as mãos antes de iniciar a extracção; Sente-se confortavelmente, coloque o polegar sobre a parte superior da aréola e o indicador sob a aréola mamária e pressione em direcção ao tórax (costelas); não deve deslizar os dedos para não magoar; Pressione e solte de seguida, não deve sentir dor; se sentir, é porque não está a aplicar a técnica correctamente; O leite deve começar a sair, primeiro em pequena quantidade e depois em maior quantidade; Rode os dedos para massajar todos os locais; Faça a expressão do leite até sentir a mama flácida (mole) (ver Figura 9). ❖ BLOQUEIO DOS DUCTOS No mamilo abrem-se cerca de 10 a 20 canais que drenam o lei- te. Pode acontecer que alguns destes canais fiquem obstruídos, pos- sivelmente por leite espesso. A mulher que amamenta pode sentir um nódulo (inchaço) doloroso numa parte da mama, e o local ficar avermelhado. A mulher não tem febre e sente-se bem. Esta situação tem como causas prováveis o uso de roupas apertadas (soutien), uma pancada na mama, ou porque a criança não suga daquela parte da mama.
  • 34. MANUAL DE ALEITAMENTO MATERNO 33 Adaptado da OMS/UNICEF Figura 9 - Extracção manual Para tratar o ducto bloqueado – Para resolver esta situação, a mãe deve amamentar em diferentes posições de modo a esvaziar todas as partes da mama (por exemplo, colocando o corpo do bebé debaixo do braço). – Pode ainda fazer uma leve pressão, com os dedos, no sentido do mamilo para ajudar a esvaziar aquela parte da mama.
  • 35. 34 Leonor Levy e Helena Bértolo – A mãe deve usar roupas largas e um soutien que apoie, mas não comprima. ❖ MASTITE Se o ducto (canal) bloqueado não drenar o leite, ou no caso de ingurgitamento mamário grave, o tecido mamário pode infectar. Neste caso, parte da mama fica avermelhada, quente, com tumefacção (inchada) e dolorosa. A mulher tem febre, normalmente elevada, e sente grande mal-estar – estamos em presença de mastite, pelo que deve consultar o seu médico. Para tratar a mastite O médico assistente indicará quais os medicamentos que a mãe deve tomar. Entretanto, é fundamental que: – A mãe repouse; – Retire o leite manualmente, ou com bomba; – Possa continuar a amamentar do lado não afectado. A situação melhora, habitualmente em um ou dois dias. ❖ MAMILOS DOLOROSOS E/OU COM FISSURAS (GRETADOS) A causa mais comum de dor nos mamilos é uma má adaptação do bebé à mama materna (pega incorrecta). Por vezes a pele do mamilo parece completamente normal, outras vezes nota-se uma fissura na extremidade ou na base do mamilo.
  • 36. MANUAL DE ALEITAMENTO MATERNO 35 A amamentação é dolorosa, podendo levar a mãe a amamentar durante menos tempo e/ou com menor frequência. A criança que suga só o mamilo não consegue retirar leite suficiente, ficando frustrada. O leite não é retirado com eficácia, o que poderá levar a diminuição da produção de leite. Para prevenir dor/fissuras nos mamilos – Coloque a criança numa posição correcta (cabeça em linha recta com o corpo, face de frente para o mamilo); – Verifique sinais de boa pega do bebé (ver Figura 8); – Não deve lavar os mamilos com sabão, devem ser lavados unicamente uma vez ao dia; – Não deve interromper a mamada, o bebé deve deixar a mama espontaneamente; – Se a mãe tiver de interromper, deve colocar um dedo, sua- vemente, na boca do bebé de modo a interromper a sucção. Mamilos com fissuras (gretas) Muitas vezes, a criança continua a mamar em má posição durante alguns dias, o que pode causar lesão do mamilo. O mamilo pode ficar com fissuras, o que pode favorecer a entrada de “micróbios” e causar infecção – mastite. Para tratar os mamilos dolorosos e/ou com fissuras Na maior parte das vezes, a dor desaparece logo que a pega do bebé é corrigida.
  • 37. 36 Leonor Levy e Helena Bértolo – Pode iniciar a amamentação pelo mamilo não doloroso; – Deve aplicar uma gota de leite no mamilo e aréola, após o banho e após cada mamada – isto facilita a cicatrização; – A mãe deve expor os mamilos ao ar e ao sol, sempre que possível, no intervalo das mamadas. Se a dor é tão intensa que mesmo melhorando a pega do bebé não desaparece, a mãe pode retirar o leite e dar ao bebé com copo ou colher, até que o mamilo melhore ou cicatrize. Mamilos planos e invertidos Algumas mães pensam que os seus mamilos são muito pequenos para amamentar, mas o tamanho dos mamilos em “repouso” não é importante, dado que o mamilo é só 1/3 da porção da mama que o bebé deve introduzir na boca para sugar plenamente. O mamilo fica mais saliente nas últimas semanas de gravi- dez e/ou logo após o parto, pelo que não é necessário fazer qual- quer manobra ou usar qualquer método durante a gravidez. Para além deste aspecto, a mãe pode tentar rodar o mamilo entre os dedos de modo a ficar mais saliente. A utilização de moldes de mamilos durante a gravidez é desaconselhada, dado que não é evidente que ajudem a melhorar o formato do mamilo e podem lesá-lo. O que é importante é que a mãe coloque o bebé ao peito logo após o nascimento (durante a primeira hora); evite o uso de tetinas e de chupetas, para evitar que o bebé tenha maior dificuldade em pegar. Pode deixar o bebé pegar do modo que ele quer, ter contacto pele a pele com o bebé e tentar em várias posições.
  • 38. MANUAL DE ALEITAMENTO MATERNO 37 Se a mama está muito cheia, o mamilo fica menos saliente, pelo que é favorável retirar uma porção de leite antes de colocar o bebé ao peito. A mãe pode ainda tentar espremer um pouco de leite para a boca do bebé; normalmente, após provar o leite, ele fica mais motivado para mamar. Pode também tentar que o mamilo fique mais saliente, utilizando uma bomba ou uma seringa de 20 ml (ver Figura 10), várias vezes ao dia durante 30-60 segundos, e sempre antes de ir amamentar. Se a mãe continua com dificuldades, após tentar estas técnicas, pode pedir ajuda a um profissional de saúde ou a alguém com experiência em amamentação. Corte uma seringa de 10 ou 20 ml Coloque o êmbolo ao contrário Puxe suavemente o êmbolo para que o mamilo fique mais saliente Adaptado da OMS/UNICEF Figura 10 - Extracção do leite
  • 39. 38 Leonor Levy e Helena Bértolo · Dificuldades tardias ❖ POUCO LEITE/CHORO DO BEBÉ Algumas mães pensam que o seu leite é insuficiente porque: – O bebé chora mais do que o habitual; – Quer sugar mais frequentemente; – Demora muito a mamar; – Adormece a mamar. Muitas vezes, as mães têm bastante leite, mas falta confiança de que o seu leite é suficiente. Todas as mulheres possuem um número semelhante de células produtoras de leite, independentemente do tamanho das mamas. Por vezes as mães tentam amamentar a criança em horário bem determinado (rígido); deixam a criança esperar muito tempo para ma- mar; trocam de mama, quando o bebé não esvaziou totalmente a pri- meira (a criança não ingere quantidade suficiente da gordura que está no final da mamada e fica insatisfeito). O que fazer? – A mãe deve amamentar sempre que o bebé tenha fome (em horário livre); – O bebé deve esvaziar uma mama até ao fim (até que ele pare espontaneamente), só depois a mãe deve oferecer a outra; na mamada seguinte deve alternar; – Acordar o bebé e não o deixar muito agasalhado, dado que isso favorece o adormecimento.
  • 40. MANUAL DE ALEITAMENTO MATERNO 39 Se quer aumentar a produção de leite: – A mãe pode amamentar com mais frequência durante alguns dias; – Amamentar também de noite (a libertação de prolactina é superior durante a noite); – Retirar o leite, sempre que não esteja com o bebé. Se a criança está a aumentar de peso, está decerto a alimentar- -se em quantidade suficiente. ❖ VOLTAR AO TRABALHO Voltar a trabalhar é, na maior parte das vezes, motivo de algu- ma ansiedade e preocupação. No entanto, a legislação apoia o alei- tamento materno, mas as situações variam de mãe para mãe: – O emprego da mãe pode ser próximo do domicílio; – Talvez seja possível levar a criança para uma ama ou creche perto ou no local de trabalho; – Alguém poderá levar a criança para mamar enquanto a mãe trabalha; – Se estas hipóteses não forem viáveis, a mãe pode retirar o leite antes de sair de casa e deixá-lo para ser dado ao bebé; – No local de trabalho, deve retirar com a frequência com que o bebé mamaria; – Amamente sempre que estiver em casa, à noite, logo pela manhã, e sempre que possível.
  • 41. 40 Leonor Levy e Helena Bértolo Como deve conservar o leite: Existem sacos de plástico esterilizados para o efeito. Pode ainda guardar em biberão esterilizado. Validade: – 48 horas no frigorífico. – No congelador até 3 meses, mas de acordo com as instruções, por exemplo: nos frigoríficos que têm duas estrelas (**), o leite materno pode permanecer durante 2 meses.
  • 42. MANUAL DE ALEITAMENTO MATERNO 41 Para mais informações, queira contactar: Comissão Nacional Iniciativa Hospitais Amigos dos Bebés Av. Ant. Aug. Aguiar, 56 - 3º Esq. 1069-115 Lisboa Tel: 213 177 500 Fax: 213 547 913 E-mail: hab@unicef.pt www.unicef.pt Outros contactos úteis: Alto Comissariado da Saúde amamentar@ensp.unl.pt www.amamentar.net Mama Mater – Associação de Aleitamento Materno de Portugal Tel: 214 532 019 www.mamamater.pt SOS Amamentação Tel: 213 880 915 www.sosamamentacao.org
  • 43. 42 Leonor Levy e Helena Bértolo
  • 44. MANUAL DE ALEITAMENTO MATERNO 43 FICHA DE AVALIAÇÃO Por favor faça uma cruz em cima da resposta que melhor se adapta ao seu caso e envie a folha do questionário para o Comité Português para a UNICEF, Av. António Augusto de Aguiar, n.º 56, 3.º Esq, 1069-115 Lisboa. · Este Manual de Aleitamento Materno foi útil? Muito Bastante Médio Pouco Nada · Achou fácil a linguagem utilizada neste Manual de Aleitamento Materno? Muito Bastante Médio Pouco Nada · Os conselhos deste Manual de Aleitamento Materno correspondem às suas dificuldades? Muito Bastante Médio Pouco Nada · Este Manual de Aleitamento Materno influenciou a sua decisão de amamentar o seu bebé? Muito Bastante Médio Pouco Nada · Este Manual de Aleitamento Materno ajudou-a no estabelecimento da lactação? Muito Bastante Médio Pouco Nada · Este Manual de Aleitamento Materno conseguiu tranquilizá-la sobre a prática do aleitamento materno? Muito Bastante Médio Pouco Nada ✄
  • 45. Edição Apoios financiada por Ministério da Saúde Direcção-Geral da Saúde PORTUGAL