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                                    INFLAMAÇÃO AGUDA

I- INTRODUÇÃO:
        A inflamação é classicamente dividida em aguda e crônica. A aguda é a resposta inicial a
lesão celular e tecidual, predominando fenômenos de aumento de permeabilidade vascular e
migração de leucócitos, particularmente neutrófilos. Localmente caracteriza-se pelos sinais cardinais
da inflamação e o exemplo mais claro é o abscesso. Se a reação for intensa, pode haver envolvimento
regional dos linfonodos e resposta sistêmica na forma de neutrofilia e febre, caracterizando a reação
da fase aguda da inflamação. Todas estas respostas são mediadas por substâncias oriundas do plasma,
das células do conjuntivo, do endotélio, dos leucócitos e plaquetas, que regulam a inflamação e
chamadas genericamente de mediadores químicos da inflamação. A inflamação deve portanto ser
entendida como uma série de interações moleculares, como aliás ocorre em outros processos
biológicos. A inflamação aguda tem como objetivo principal a eliminação do agente agressor,
ocorrendo freqüentemente destruição tecidual. Os fenômenos agudos, como o próprio nome diz, são
transitórios, havendo posteriormente a regeneração ou cicatrização da área envolvida, ou cronicidade
do processo se o agente agressor não for eliminado.

Lesão tecidual     inflamação aguda         regeneração, cicatrização, inflamação crônica.

II- PERMEABILIDADE VASCULAR- MICROCIRCULAÇÃO
       A microcirculação corresponde aos segmentos vasculares envolvidos na nutrição dos tecidos
e na reação inflamatória. A morfologia dos pequenos vasos é simples, mas as funções fisiológicas
desempenhadas são complexas e ainda não bem conhecidas.
       Os capilares normais e possivelmente as vênulas de menor calibre, permitem passar
livremente através de suas paredes água, sais, aminoácidos, glicose e outras pequenas moléculas. As
moléculas lipossolúveis passam pela célula e as hidrossolúveis pelas junções e canais intracelulares.
As proteínas escapam em mínima quantidade, com exceção do fígado e intestinos onde a presença de
capilares fenestrados permitem o intercâmbio de moléculas maiores. Nestes vasos de pequeno calibre
as pressões hidrostática e osmótica regulam a passagem de líquido através das membranas
endoteliais.

III- MORFOLOGIA DOS PEQUENOS VASOS
        Os pequenos vasos (pré-capilar, capilar, pós-capilar) diferem entre si pelo diâmetro,
apresentando morfologia semelhante. Os segmentos mais próximos às arteríolas formam líquido
tecidual e os que estão em continuidade com as vênulas reabsorvem. Os principais fatores envolvidos
na formação e reabsorção do líquido tecidual são as pressões osmótica e hidrostática.
        O esquema abaixo ilustra a formação e reabsorção do líquido tecidual. Um capilar venoso
passa a formar líquido, se a pressão osmótica diminuir e/ou a hidrostática aumentar. Na inflamação a
pressão hidrostática aumenta e a osmótica tende a diminuir, devido a saída de proteínas para o espaço
intersticial.
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                              ÁREAS DE SEMIOLOGIA E PATOLOGIA



35
  formação

25                                     reabsorção



  arteríola                                vênula

       Célula endotelial - o endotélio recobre internamente a luz de todos os vasos, formando
camada unicelular contínua. A luz do capilar é delimitada por 1-3 células endoteliais. A célula
endotelial pode ser comparada a um ovo estrelado, sendo a gema o núcleo e o citoplasma a clara.
Como são achatadas, as células endoteliais são pouco distintas no microscópio óptico. A célula
endotelial é secretora, participando ativamente da inflamação, controlando o fluxo sangüíneo local e
o aumento de permeabilidade. Produz óxido nítrico e prostaciclina que causam dilatação vascular e
inibição da agregação plaquetária. Produz PAF (Fator de Ativação Plaquetária) que aumenta a
permeabilidade vascular. Também libera endotelina, tromboxana A2, angiotensina II que causam
vaso constrição. Quando ativada expressa na superfície moléculas que facilitam a adesão dos
leucócitos.

IV- JUNÇÕES INTERCELULARES:
        A junção intercelular tem diâmetro de 20 nm, sendo menor que as vesículas. A estrutura e a
resistência da junção varia de acordo com o segmento vascular, sendo que a junção dos capilares é
mais resistente e mais complexa do que a das vênulas. A maior fragilidade das vênulas também é
evidenciada nas hemorragias, como a provocada pela nistatina quando injetada no diafragma de
cobaias. A migração leucocitária também ocorre preferencialmente pelas vênulas. As junções são
semelhantes às do epitélio, exceto os desmossomos.

V- LÂMINA BASAL:
        A lâmina basal envolve a célula endotelial. É formada de duas camadas. A clara está
justaposta a célula endotelial e a densa é mais externa. Cada uma mede 10-50 nm. No glomérulo
renal a lâmina basal é espessa, medindo cerca de 150 nm, sendo incompleta. No pulmão é comum a
fusão das membranas basais do capilar e do pneumócito. A membrana basal não é barreira para a
passagem de partículas, pois é permeável à ferritina e carvão coloidal.
Fenestrações: Em alguns capilares, como do fígado, há solução de continuidade da célula endotelial
através de poros que podem ser inter ou intracelulares. Nos capilares renais os poros são recobertos
por delgada membrana que corresponde provavelmente a membrana externa do capilar. Estas
fenestrações com diafragmas estão presentes também nos intestinos, glândulas salivares, glândulas
endócrinas e que devem permitir a passagem de macromoléculas. O diâmetro das fenestrações é de
70 nm e a espessura da membrana de 6nm (1/2 da membrana celular).
Inervação: Terminações nervosas estão presentes nas proximidades da parede de vênulas e arteríolas
de até 20-50µm. Terminações nervosas como no músculo estriado não existem nem no próprio
coração.
Barreira hemo-cefálica: os vasos cerebrais são impermeáveis a drogas e corantes, tendo menos
vesículas e junções mais sólidas.
Outras barreiras: túbulos seminíferos, timo, olho.
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VI- PERMEABILIDADE VASCULAR NA INFLAMAÇÃO:
        A inflamação inicia-se com a liberação de substâncias vasoativas que provocam a
vasodilatação dos pequenos vasos locais. Esta vasodilatação é precedida de uma vaso constrição
passageira de origem nervosa, que é fugaz e sem maiores conseqüências. Além de determinar a vaso
dilatação, os mediadores químicos modificam o revestimento endotelial provocando aumento de
permeabilidade. As células endoteliais se contraem, abrindo as junções intercelulares. Os vasos ficam
dilatados, hiperemiados e com circulação mais lenta. A hiperemia é importante na intensidade da
permeabilidade vascular. É a razão principal de se usar gelo após traumatismos, para diminuir o
edema. Anestésicos com vaso constritor, não só prolongam o tempo de anestesia, como também
diminuem a hemorragia e edema.
        Majno e cols. (1961) usando o músculo cremáster, descreveram que a histamina e serotonina
causam aumento de permeabilidade das vênulas. Nas fases mais tardias da inflamação pode ocorrer
também alteração dos capilares. Na inflamação, a permeabilidade vascular aumenta de 5-7x,
permitindo a saída de macromoléculas através das funções abertas, que ficam com diâmetro de 0,1-
0,4µm.

VII- PERMEABILIDADE VASCULAR NA INFLAMAÇÃO CRÔNICA
        Na inflamação crônica a permeabilidade vascular não é proeminente. Provavelmente os
mecanismos e mediadores são semelhantes aos da inflamação aguda. Na doença periodontal há
constante saída de líquido plasmático (fluído gengival) e contínua migração de neutrófilos através do
epitélio juncional. Os vasos com aumento de permeabilidade são vênulas subjacentes ao epitélio
juncional. Os vasos neoformados durante a organização do tecido de granulação têm as junções
intercelulares pouco organizadas, permitindo o extravasamento de macromoléculas.

VIII- PERMEABILIDADE VASCULAR NAS REAÇÕES IMUNOLÓGICAS:
       Nas reações de hipersensibilidade imediata o aumento de permeabilidade é semelhante ao da
inflamação aguda, apenas que liberado por mecanismos imunológicos, particularmente IgE.

IX- VASOS LINFÁTICOS:
        Os linfáticos são vasos presentes em todas as regiões do corpo, que se iniciam como capilares
nos tecidos e drenam líquidos e células (principalmente linfócitos) para a veia cava. Portanto, pode-
se considerar os linfáticos como um sistema de continuidade entre o tecido intersticial e o sangue. Os
vasos linfáticos têm muitas funções, como remoção de macromoléculas dos tecidos, impedindo, em
condições normais, a formação de edema. O linfoedema pode ocorrer quando a drenagem linfática
está prejudicada, como após a remoção de linfonodos em cirurgia de câncer. Também no câncer, os
linfáticos atuam como barreiras na tentativa de conter a disseminação de células neoplásicas. Assim
como bactérias, as células neoplásicas podem cair nos linfáticos e atingir os linfonodos. Infelizmente
ao invés de serem destruídas, muitas vezes conseguem proliferar. Os linfáticos drenam para os
linfonodos, evitando que substâncias estranhas e bactérias caiam diretamente no sangue. Os linfáticos
podem tornar-se secundariamente inflamados (linfangites), assim como os linfonodos (linfadenites).
Ferimentos da mão podem ser acompanhados de estrias vermelhas nos braços e nódulos axilares. O
linfonodo sofre hiperplasia dos folículos e das células fagocitárias dos seios, com quadro chamado de
linfadenite inflamatória ou reacional.

X- MEDIADORES QUÍMICOS DA INFLAMAÇÃO:
        Os fenômenos da inflamação são mediados por substâncias químicas, cuja interação é
complexa. Estas substâncias são oriundas do plasma, dos leucócitos, das plaquetas, do endotélio e do
tecido conjuntivo.
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1- HISTAMINA: A histamina é a histidina descarboxilada. É encontrada nos mastócitos, basófilos e
plaquetas. A quantidade de histamina é grande nos pulmões, pele e mucosa gastrointestinal. No
pâncreas, baço e rins o número de mastócitos é menor. Nos vasos os receptores são do tipo H1. A
liberação de histamina ocorre pela degranulação dos mastócitos, através do rompimento da
membrana, ou por processo ativo envolvendo energia, microtúbulos e fusão da membrana do grânulo
com a plasmática. A inativação da histamina ocorre por metilação no fígado, ou oxidação nos rins e
intestinos através da histaminase.

ANTI-HISTAMÍNICOS:
Difenidramina (Benadril)
Prometazina (Fenergan)
Dextroclorofeniramina (Polaramine)

2- CININAS: Em 1949, Rocha e Silva descreveu a formação de uma substância ativa a partir da
fração globulínica do soro, pela ação da tripsina ou do veneno de cobra. Foi chamada de bradicinina
porque induz contração lenta do músculo isolado do intestino e útero. Também provoca dilatação
vascular, aumento de permeabilidade, ativação do Complemento e dor. A bradicinina tem 9 a-a.
As cininas são peptídeos de 8-14 a-a derivados das globulinas plasmáticas ativadas pelo fator XII
(fator de Hageman), quando ativado por diversas substâncias com superfície de carga negativa como
vidro, colágeno, membrana basal, cartilagens, tripsina, plasmina, LPS (lipopolissacarídeos),
calicreína.

                                      FATOR XII ativado

                                  coagulação               plasminogênio
                                    fibrina                plasmina --fibrinopeptídeos

                                            pré-calicreína

                                                              cininogênio
                                             calicreína
                                                                  cininas

4- PAF (FATOR ATIVADOR DA PLAQUETA): O PAF é derivado das membranas dos
mastócitos, endotélio, basófilos, plaquetas, neutrófilos e eosinófilos. Tem várias atividades, causando
agregação e degranulação das plaquetas, migração e degranulação dos neutrófilos e aumento de
permeabilidade vascular. É pelo menos 1.000X mais potente que a histamina.

5- PROSTAGLANDINAS E LEUCOTRIENOS: O ác. aracdônico está esterificado aos
fosfolípidios da membrana celular, principalmente fosfatidilcolina e fosfatidilinositol. São
produzidos localmente pela ação da fosfolipase A2. As PG e LT são portanto derivados da membrana
celular.
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                    cox(ciclooxigenase) PG
Membrana fosfolipase Ác. aracdônico
                     lipox(lipooxigenase) LT


                           Endoperóxidos              PGI2 (prostaciclina)
Ác. Aracdônico            PGG2        PGH2            PGF2α
                                                      PGD2
                                                      PGE2
                                                      TXA2 TXB2

Leucotrienos (leucócitos + trieno)

                                           LTC4 - LTD4 LTE4
                              LT-A4        LT-B4

Ác. aracdônico            HETE           5-HETE
                          HPETE          11-HETE

        As LTC4, D4, E4 eram chamadas de SRS-A (Slow Reaction Substance - Anaphilaxis).
Causam contração do músculo liso (broncoespasmo) e são formadas por desafio antigênico nos
intestinos, pulmões, útero, vasos e coração. Também causam vaso constrição e aumento de
permeabilidade. A arilsulfatase dos eosinófilos neutraliza as LT.
LTB4 - atua nos leucócitos (neutrófilos), estimulando a adesão ao endotélio (quimiotaxia).
HETE - Ác. hidroxieicosatetranoico. HPETE - Ác. hidroperoxieicosatetranoico
Nas plaquetas forma-se 12-HPETE.         Nos leucócitos 5HPETE, 15 HPETE

6- CITOCINAS: As linfocinas são mediadores químicos (polipeptídeos) produzidos pelos linfócitos.
São atualmente chamadas de citocinas porque outras células como os macrófagos, produzem
mediadores semelhantes.
INTERLEUCINAS - peptídeos e proteínas que mediam interação entre leucócitos
                           FONTE            ALVO                          AÇÃO
       IL-1             Macrófagos   TH                   ativa síntese de IL-2, TFN
       IL-2             TH           células T            estimula LB, LT, NK
       IL-3             TH           cel hemopoiéticas    proliferação
       IL-4             TH           LB, LT, mastócitos estimulação
       IL-5             TH           LB, Eos              LB em plasmócito
       IL-6             TH, Mac.     LB, LT               maturação de LB
        γ- interferon   TH           LB, mastócito        induz MHC-II
       TNF-α            Mac, NK      -                    imita IL-1.
                                                          reações da fase aguda (febre)

OAF - fator ativador do osteoclasto.     MAF - fator ativador do macrófago
Na inflamação aguda os principais são- IL1, IL8, TNFα
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IL1 e TNF têm efeitos múltiplos:
 reações da fase aguda, endotélio, fibroblastos.
XI- MEDIADORES QUÍMICOS - ATIVIDADES:
Vaso dilatação- óxido nítrico, prostaciclina, histamina
Vaso constrição- endotelina, TXA2, angiotensina II
Permeabilidade vascular - histamina, serotonina, bradicinina, prostaciclina, PAF, LTD4, C3a e C5a
(anafilatoxinas), fibrinopeptídeos
Adesão- ICAM, ELAM
Migração Celular - C5a, formilpeptídeos, PAF
Fagocitose - C3b, IgG (Fc)
Plaquetas - TXA2
Dor, Hiperalgesia - PG, bradicinina
Febre - IL-1, IL-6, TNF, IL-8, PG
Leucocitose - G-CSF, GM-CSF, IL-3
Respostas B e T - IL-1, IL-6
Fígado - IL-1, IL-6, TNF, IL-11
Broncoconstrição, LTC4, D4, E4
Lesão tecidual- enzimas lisossomiais, radicais livres

XI- MEDIADORES QUÍMICOS - FONTES:
Histamina - mastócitos, basófilos, histidina, plaquetas
Serotonina - mastócitos, plaquetas
Bradicinina - plasma
Complemento - plasma - C3a, C3b, C5a
PAF - células inflamatórias, endotélio, mastócitos, basófilos
Óxido nítrico- endotélio, macrófago
Citocinas - linfócitos, macrófagos
PG - células inflamatórias, plaquetas, endotélio
LT - células inflamatórias
Peptídeos formilados - bactérias, mitocôndrias lisadas
Enzimas lisossomiais - neutrófilos, macrófagos

XIII- MIGRAÇÃO CELULAR:
       Os leucócitos que se acumulam num foco inflamatório migram seletivamente dos vasos
sangüíneos. As células migram através de movimentos ativos, com formação de pseudópodos e
ativação de filamentos de actina e miosina, através do aumento do gradiente de Ca++ intracelular,
através da participação da fosfolipase C, fosfoinositol e calmodulina.
       O estímulo para a migração é variável para cada leucócito. A injeção de 0,1% de glicogênio
na cavidade peritonial, causa após 4h o acúmulo quase que exclusivamente de neutrófilos. A
passagem ocorre através das junções intercelulares abertas (0,1- 0,4 µm), sendo mediada por
substâncias químicas que atuam nos leucócitos, células endoteliais e tecido conjuntivo. Se uma área
inoculada com Stafilococos é tratada com adrenalina, após 6 h não há acúmulo de PMN, como
deveria ocorrer. Como os leucócitos têm cerca de 10µm, é necessário um razoável exercício para
passarem através do vaso e caminharem até a área alterada. Calcula-se 3-12min. para a passagem de
um leucócito para o tecido extravascular, onde tem velocidade de 20-30 µm/min. A saída de
hemácias ocorre por processo passivo, em vasos que sofreram ruptura, por gradiente de pressão
positiva em direção ao espaço extravascular. Embora possa ocorrer concomitantemente, a migração
leucocitária pode ocorrer independentemente do extravasamento de líquido plasmático (edema).
Moléculas de adesão são expressas nas superfícies dos leucócitos e do endotélio, facilitando a adesão
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e posterior migração. Admite-se que os leucócitos inicialmente rolam sobre a superfície do endotélio
(rolagem), posteriormente aderem e migram. Moléculas de adesão do endotélio-
Seletinas- - têm estrutura similar a lecitinas, ligando-se a açúcares.
       E-seletina - endotélio (ELAM-1 - endothelium leukocyte adhesion molecule)
       P-seletina - plaquetas e endotélio
       L- seletina - leucócito

Moléculas da família de Ig do endotélio -
ICAM-1 (intercellular adhesion molecule)
VCAM-1 (vascular cell adhesion molecule)
Estas moléculas interagem com integrinas dos leucócitos, que são glicoproteínas que também servem
para interagir com a matriz extracelular.

XIV- TIPOS DE EXSUDATO INFLAMATÓRIO:
        O exsudato inflamatório é composto de proteínas plasmáticas e leucócitos que extravasam dos
vasos e se acumulam no local inflamado. Tem a função de destruir o agente agressor, degradar
(liqüefazer) e remover o tecido necrosado. A drenagem linfática fica aumentada, levando mais
facilmente antígenos aos linfonodos regionais. Dependendo do local, da intensidade da reação e do
agente injuriante, o exsudato pode ter diferentes características. Segundo o tipo de exsudato a
inflamação será classificada em:
1- SEROSA: O líquido extravasado tem alto teor aquoso, apresentando pouca quantidade de
moléculas protéicas. Este líquido pobre em proteínas além da origem vascular, pode ser produzido
também pelas células mesoteliais que recobrem a cavidade pleural, peritoneal e pericárdica. Devido
ao seu baixo conteúdo protéico, o exsudato seroso não é detectado histologicamente deixando apenas
espaços entre os elementos tissulares. O caso mais comum de inflamação serosa é a queimadura da
pele com formação de “bolhas”. Ocorre nas doenças vesículo-bolhosas (pênfigo, herpes).

2- FIBRINOSA: Quando a lesão vascular é mais intensa permitindo a saída de moléculas grandes, o
líquido extravasado será rico em proteínas, especialmente fibrinogênio, formando uma rede de fibrina
no território inflamado e é chamado de exsudato fibrinoso. Pode ocorrer na cavidade pericárdica em
certas doenças reumáticas ficando o espaço pericárdico preenchido por uma massa de fibrina. Nos
pulmões em casos de pneumonia pneumocóccica, os alvéolos podem estar ocupados por uma rede de
fibrina com grande quantidade de leucócitos. O exsudato fibrinoso é mais comum nas membranas
serosas do pericárdio, pulmão e peritônio. A rede de fibrina pode ser invadida por fibroblastos,
substituindo o exsudato fibrinoso por tecido fibroso, que pode interferir nas funções do pulmão e
coração.

3- CATARRAL: Quando a inflamação ocorre nas superfícies mucosas, há a formação de grande
quantidade de muco sendo então chamada de catarral. É encontrada, portanto, apenas quando o
tecido inflamado é capaz de secretar muco como a nasofaringe, pulmões, trato intestinal, útero e
glândulas secretoras de muco. Exemplos comuns de inflamação catarral são a gripe e o resfriado.

4- HEMORRÁGICA: Quando há o rompimento da parede vascular, grandes quantidades de
hemácias estão presentes no território inflamado. É uma classificação pouco usada.

5- PSEUDOMEMBRANOSA: Se caracteriza pela formação de uma falsa membrana composta de
fibrina, epitélio necrosado e leucócitos. Resulta da descamação do epitélio juntamente com um
exsudato fibrinopurulento. Ocorre apenas nas superfícies mucosas, mais comumente na faringe,
laringe, trato respiratório e intestinal. Na difteria ocorre este tipo de inflamação.
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6- PURULENTO: O exsudato purulento é formado pelo acúmulo de grande quantidade de
neutrófilos, que interagem com o agente agressor, geralmente bactérias, provocando a destruição
tecidual. A viscosidade do pus é devida em grande parte ao conteúdo de DNA, oriundo dos próprios
neutrófilos. Exemplos de bactérias piogênicas são os Stafilococos, bacilos gram negativos
(Escherichia coli, Klebsiella pneumoniae, cepas de Proteus e Pseudomonas aeruginosa),
meningococos, gonococos e pneumococos. Abscesso periapical, furúnculo e apendicite são bons
exemplos de inflamação supurativa. Devido a viscosidade, o abscesso é difícil de ser reabsorvido,
devendo quando possível ser drenado naturalmente ou cirurgicamente. O pus pode ser formado por
agentes químicos, como terebentina e nitrato de prata, mostrando que não é dependente de bactérias.
       A celulite ou flegmão é uma infecção supurativa disseminada causada pelos estreptococos
hemolíticos do grupo A de Lancefield.
       Deve-se ressaltar que nem sempre há a predominância de um tipo de exsudato, existindo
então os tipos mistos que poderão ser chamados de serofibrinosos, fibrinopurulentos, mucopurulentos
e assim por diante.

XV- EFEITOS SISTÊMICOS DA INFLAMAÇÃO:
        A inflamação é basicamente uma resposta localizada do tecido conjuntivo. Dependendo da
intensidade e das características da inflamação pode ocorrer sinais e sintomas sistêmicos como
leucopenia, leucocitose, febre, cefaléia, mal estar, linfadenopatia.

1- LEUCOPENIA: Leucopenia ocorre na febre tifóide, viroses e infecções por riquetsia.
Eosinopenia é comum nas fases agudas de inflamações como pneumonia e meningite.

2- LEUCOCITOSE: A leucocitose é devida a liberação de células da medula óssea, muitas vezes
imaturas, pelo estímulo de mediadores químicos como o fator estimulador de colônias. Neutrofilia é
comum nas infecções bacterianas piogênicas. Linfocitose ocorre na mononucleose, sarampo e
caxumba.

3- EOSINOFILIA: é comum em infecções por parasitas e processos alérgicos como asma e febre do
feno.

4- LINFADENOPATIA: Linfadenopatia é comum nas inflamações e nas neoplasias malignas. Na
inflamação corresponde a uma reação do linfonodo ao agente agressor, para dificultar a difusão da
infecção. Os linfonodos alterados ficam com volume aumentado, doloridos e estão associados a
drenagem linfática da área alterada. Linfadenopatia é comum nas inflamações agudas mais intensas e
também nas crônicas como tuberculose e paracoccidioidomicose. Os linfonodos ficam aumentados,
móveis, pouco doloridos ou assintomáticos.
Septicemia- os locais mais susceptíveis a lesões são as válvulas cardíacas, meninges, rins e
articulações.

XVI- REAÇÃO DA FASE AGUDA DA INFLAMAÇÃO:
        Na fase aguda das inflamações, particularmente das mais intensas, há formação de
mediadores químicos sistêmicos cujos alvos principais são o fígado e hipotálamo. As citocinas IL-1,
IL-6, TNF, IL-8 são os principais mediadores sistêmicos. As ações sistêmicas destas citocinas são
mediadas pelas PG e portanto inibidas por anti-inflamatórios não esteroidais. O fígado produz
proteínas que são lançadas no sangue e a ação no hipotálamo provoca febre. Reações associadas a
febre ou a fase aguda - sonolência, astenia, mialgia, artralgia, cefaléia, anorexia. São os sintomas da
gripe. Proteínas hepáticas sofrem aumento como amilóide, PCR (Proteína C Reativa), fibrinogênio e
PATOLOGIA GERAL - DB-301, FOP/UNICAMP                    22
                               ÁREAS DE SEMIOLOGIA E PATOLOGIA

diminuição da albumina. Proteínas da fase aguda também sofrem alteração plasmática após trauma,
isquemia, neoplasia e reações de hipersensibilidade.

                                                IL-1   TNF   IL-6
                    Febre                        ++     ++     +
                  Sonolência                     ++     ++     -
                   Anorexia                      ++     ++     -
                   Mialgias                      ++     ++     -
               Reabsorção óssea                  ++     ++     +
                  Leucocitose                    ++      -    ++
                  P F aguda                       +     +     ++
            Hipergama globulinemia                +      +    ++
             * TNF - Fator de necrose tumoral

XVII- SÍNDROME DA LIBERAÇÃO DE CITOCINAS:
        A liberação maciça de citocinas (IL-1, IL-2, IFN e TNF) tem efeito de cascata produzindo
muitas repercussões clínicas graves, podendo levar ao óbito. O melhor exemplo é o choque
circulatório provocado por LPS (lipopolissacrídeos) (choque séptico). Pode ocorrer também após
traumas graves, grandes cirurgias, queimaduras e pancreatite aguda.

                                     FEBRE (ESQUEMA)
                              Pirógenos Exógenos
                                          ↓
                                    Macrófagos
                                         ↓ 1
                   IL-1, IL-6, TNF, IFN - PG (CO X 1) -
                           (via sangue)             2
                                          ↓
                   OVLT (neurônios, endotélio, macrófago)
                                        ↓ 3
                                   PGE2 (COX2)
                                          ↓
              AMP-cíclico (inibição de neurônios sensíveis ao calor)
                                          ↓
                     Centro Termo Regulador (hipotálamo)
                                          ↓
                               Termostato Elevado
                               ↓                     ↓
                     contração muscular vasoconstrição
                               ↓                    ↓
                     Produção de calor        retenção de calor

                                                   FEBRE

Pirógenos exógenos - produtos bacterianos, Ag-Ac, drogas
PATOLOGIA GERAL - DB-301, FOP/UNICAMP             23
                              ÁREAS DE SEMIOLOGIA E PATOLOGIA

OVLT- organum vasculosum lamina aterminalis - região próxima ao centro termoregulador do
hipotálamo, na porção antero-ventral do 3º ventrículo.
Função das PG produzidas no foco inflamatório (COX1)?
IFNα - é produzido nas infecções virais causando febre e sonolência.

XVIII- AÇÃO DOS ANTIPIRÉTICOS:
1. corticóide (inibindo síntese de mediadores)
2. dipirona, aspirina (AINE- anti-inflamatório não esteróide) inibe COX1.
3. corticóide, acetaminofeno, AINE, dipirona - inibe COX2 no SNC
4. morfina, clorpromazina - ação no hipotálamo.
PATOLOGIA GERAL - DB-301, FOP/UNICAMP                        24
                              ÁREAS DE SEMIOLOGIA E PATOLOGIA

                                    Objetivos - Inflamação Aguda:
-Conceitue inflamação aguda
-Cite e explique os sinais cardinais da inflamação
-Esquematize e descreva a estrutura de um vaso da microcirculação - capilar ou vênula.
-Esquematize e explique a participação de capilares arteriais e venosos, na formação e reabsorção do
   líquido tecidual, considerando as pressões hidrostática e osmótica.
-Descreva a estrutura e funções da célula endotelial.
-Descreva as junções intercelulares.
-Descreva lâmina basal.
-Que tipo de vasos têm fenestrações e para que servem?
-Conceitue aumento de permeabilidade vascular.
-Comente aumento de permeabilidade vascular na inflamação crônica.
-Descreva o princípio do mecanismo de aumento de permeabilidade.
-Descreva um experimento para o estudo da permeabilidade vascular usando carvão coloidal ou azul
   de Evans.
-Descreva participação de vasos linfáticos na inflamação.
-Cite as fontes de histamina nas inflamações.
-Descreva os mecanismos de liberação de histamina.
-Cite substâncias que inativam a histamina.
-Que são cininas e como são formadas.
-Que é PAF, quais as fontes de PAF e quais suas funções.
-Que são prostaglandinas e como se formam.
-Que são leucotrienos e como se formam.
-Cite os principais mediadores da permeabilidade vascular, migração celular, fagocitose, dor, febre,
   leucocitose, reação da fase aguda da inflamação.
-Que são citocinas e quais suas atividades principais.
-Descreva as características clínicas da linfadenopatia na inflamação.
-Descreva as etapas da migração celular e cite substâncias que mediam o processo.
-Descreva e exemplifique exsudato:
 seroso, fibrinoso, catarral, pseudomembranoso e purulento
-Exemplifique na inflamação- leucopenia, leucocitose, eosinofilia, neutrofilia, linfadenopatia,
   septicemia.
-Que é reação da fase aguda da inflamação.
-Que é proteína C reativa?
-Quais os principais mediadores (citocinas) que participam das reações sistêmicas da inflamação?
- Que é síndrome da liberação de citocinas?
-Esquematize e explique a febre.

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  • 1. PATOLOGIA GERAL - DB-301, FOP/UNICAMP 13 ÁREAS DE SEMIOLOGIA E PATOLOGIA INFLAMAÇÃO AGUDA I- INTRODUÇÃO: A inflamação é classicamente dividida em aguda e crônica. A aguda é a resposta inicial a lesão celular e tecidual, predominando fenômenos de aumento de permeabilidade vascular e migração de leucócitos, particularmente neutrófilos. Localmente caracteriza-se pelos sinais cardinais da inflamação e o exemplo mais claro é o abscesso. Se a reação for intensa, pode haver envolvimento regional dos linfonodos e resposta sistêmica na forma de neutrofilia e febre, caracterizando a reação da fase aguda da inflamação. Todas estas respostas são mediadas por substâncias oriundas do plasma, das células do conjuntivo, do endotélio, dos leucócitos e plaquetas, que regulam a inflamação e chamadas genericamente de mediadores químicos da inflamação. A inflamação deve portanto ser entendida como uma série de interações moleculares, como aliás ocorre em outros processos biológicos. A inflamação aguda tem como objetivo principal a eliminação do agente agressor, ocorrendo freqüentemente destruição tecidual. Os fenômenos agudos, como o próprio nome diz, são transitórios, havendo posteriormente a regeneração ou cicatrização da área envolvida, ou cronicidade do processo se o agente agressor não for eliminado. Lesão tecidual inflamação aguda regeneração, cicatrização, inflamação crônica. II- PERMEABILIDADE VASCULAR- MICROCIRCULAÇÃO A microcirculação corresponde aos segmentos vasculares envolvidos na nutrição dos tecidos e na reação inflamatória. A morfologia dos pequenos vasos é simples, mas as funções fisiológicas desempenhadas são complexas e ainda não bem conhecidas. Os capilares normais e possivelmente as vênulas de menor calibre, permitem passar livremente através de suas paredes água, sais, aminoácidos, glicose e outras pequenas moléculas. As moléculas lipossolúveis passam pela célula e as hidrossolúveis pelas junções e canais intracelulares. As proteínas escapam em mínima quantidade, com exceção do fígado e intestinos onde a presença de capilares fenestrados permitem o intercâmbio de moléculas maiores. Nestes vasos de pequeno calibre as pressões hidrostática e osmótica regulam a passagem de líquido através das membranas endoteliais. III- MORFOLOGIA DOS PEQUENOS VASOS Os pequenos vasos (pré-capilar, capilar, pós-capilar) diferem entre si pelo diâmetro, apresentando morfologia semelhante. Os segmentos mais próximos às arteríolas formam líquido tecidual e os que estão em continuidade com as vênulas reabsorvem. Os principais fatores envolvidos na formação e reabsorção do líquido tecidual são as pressões osmótica e hidrostática. O esquema abaixo ilustra a formação e reabsorção do líquido tecidual. Um capilar venoso passa a formar líquido, se a pressão osmótica diminuir e/ou a hidrostática aumentar. Na inflamação a pressão hidrostática aumenta e a osmótica tende a diminuir, devido a saída de proteínas para o espaço intersticial.
  • 2. PATOLOGIA GERAL - DB-301, FOP/UNICAMP 14 ÁREAS DE SEMIOLOGIA E PATOLOGIA 35 formação 25 reabsorção arteríola vênula Célula endotelial - o endotélio recobre internamente a luz de todos os vasos, formando camada unicelular contínua. A luz do capilar é delimitada por 1-3 células endoteliais. A célula endotelial pode ser comparada a um ovo estrelado, sendo a gema o núcleo e o citoplasma a clara. Como são achatadas, as células endoteliais são pouco distintas no microscópio óptico. A célula endotelial é secretora, participando ativamente da inflamação, controlando o fluxo sangüíneo local e o aumento de permeabilidade. Produz óxido nítrico e prostaciclina que causam dilatação vascular e inibição da agregação plaquetária. Produz PAF (Fator de Ativação Plaquetária) que aumenta a permeabilidade vascular. Também libera endotelina, tromboxana A2, angiotensina II que causam vaso constrição. Quando ativada expressa na superfície moléculas que facilitam a adesão dos leucócitos. IV- JUNÇÕES INTERCELULARES: A junção intercelular tem diâmetro de 20 nm, sendo menor que as vesículas. A estrutura e a resistência da junção varia de acordo com o segmento vascular, sendo que a junção dos capilares é mais resistente e mais complexa do que a das vênulas. A maior fragilidade das vênulas também é evidenciada nas hemorragias, como a provocada pela nistatina quando injetada no diafragma de cobaias. A migração leucocitária também ocorre preferencialmente pelas vênulas. As junções são semelhantes às do epitélio, exceto os desmossomos. V- LÂMINA BASAL: A lâmina basal envolve a célula endotelial. É formada de duas camadas. A clara está justaposta a célula endotelial e a densa é mais externa. Cada uma mede 10-50 nm. No glomérulo renal a lâmina basal é espessa, medindo cerca de 150 nm, sendo incompleta. No pulmão é comum a fusão das membranas basais do capilar e do pneumócito. A membrana basal não é barreira para a passagem de partículas, pois é permeável à ferritina e carvão coloidal. Fenestrações: Em alguns capilares, como do fígado, há solução de continuidade da célula endotelial através de poros que podem ser inter ou intracelulares. Nos capilares renais os poros são recobertos por delgada membrana que corresponde provavelmente a membrana externa do capilar. Estas fenestrações com diafragmas estão presentes também nos intestinos, glândulas salivares, glândulas endócrinas e que devem permitir a passagem de macromoléculas. O diâmetro das fenestrações é de 70 nm e a espessura da membrana de 6nm (1/2 da membrana celular). Inervação: Terminações nervosas estão presentes nas proximidades da parede de vênulas e arteríolas de até 20-50µm. Terminações nervosas como no músculo estriado não existem nem no próprio coração. Barreira hemo-cefálica: os vasos cerebrais são impermeáveis a drogas e corantes, tendo menos vesículas e junções mais sólidas. Outras barreiras: túbulos seminíferos, timo, olho.
  • 3. PATOLOGIA GERAL - DB-301, FOP/UNICAMP 15 ÁREAS DE SEMIOLOGIA E PATOLOGIA
  • 4. PATOLOGIA GERAL - DB-301, FOP/UNICAMP 16 ÁREAS DE SEMIOLOGIA E PATOLOGIA VI- PERMEABILIDADE VASCULAR NA INFLAMAÇÃO: A inflamação inicia-se com a liberação de substâncias vasoativas que provocam a vasodilatação dos pequenos vasos locais. Esta vasodilatação é precedida de uma vaso constrição passageira de origem nervosa, que é fugaz e sem maiores conseqüências. Além de determinar a vaso dilatação, os mediadores químicos modificam o revestimento endotelial provocando aumento de permeabilidade. As células endoteliais se contraem, abrindo as junções intercelulares. Os vasos ficam dilatados, hiperemiados e com circulação mais lenta. A hiperemia é importante na intensidade da permeabilidade vascular. É a razão principal de se usar gelo após traumatismos, para diminuir o edema. Anestésicos com vaso constritor, não só prolongam o tempo de anestesia, como também diminuem a hemorragia e edema. Majno e cols. (1961) usando o músculo cremáster, descreveram que a histamina e serotonina causam aumento de permeabilidade das vênulas. Nas fases mais tardias da inflamação pode ocorrer também alteração dos capilares. Na inflamação, a permeabilidade vascular aumenta de 5-7x, permitindo a saída de macromoléculas através das funções abertas, que ficam com diâmetro de 0,1- 0,4µm. VII- PERMEABILIDADE VASCULAR NA INFLAMAÇÃO CRÔNICA Na inflamação crônica a permeabilidade vascular não é proeminente. Provavelmente os mecanismos e mediadores são semelhantes aos da inflamação aguda. Na doença periodontal há constante saída de líquido plasmático (fluído gengival) e contínua migração de neutrófilos através do epitélio juncional. Os vasos com aumento de permeabilidade são vênulas subjacentes ao epitélio juncional. Os vasos neoformados durante a organização do tecido de granulação têm as junções intercelulares pouco organizadas, permitindo o extravasamento de macromoléculas. VIII- PERMEABILIDADE VASCULAR NAS REAÇÕES IMUNOLÓGICAS: Nas reações de hipersensibilidade imediata o aumento de permeabilidade é semelhante ao da inflamação aguda, apenas que liberado por mecanismos imunológicos, particularmente IgE. IX- VASOS LINFÁTICOS: Os linfáticos são vasos presentes em todas as regiões do corpo, que se iniciam como capilares nos tecidos e drenam líquidos e células (principalmente linfócitos) para a veia cava. Portanto, pode- se considerar os linfáticos como um sistema de continuidade entre o tecido intersticial e o sangue. Os vasos linfáticos têm muitas funções, como remoção de macromoléculas dos tecidos, impedindo, em condições normais, a formação de edema. O linfoedema pode ocorrer quando a drenagem linfática está prejudicada, como após a remoção de linfonodos em cirurgia de câncer. Também no câncer, os linfáticos atuam como barreiras na tentativa de conter a disseminação de células neoplásicas. Assim como bactérias, as células neoplásicas podem cair nos linfáticos e atingir os linfonodos. Infelizmente ao invés de serem destruídas, muitas vezes conseguem proliferar. Os linfáticos drenam para os linfonodos, evitando que substâncias estranhas e bactérias caiam diretamente no sangue. Os linfáticos podem tornar-se secundariamente inflamados (linfangites), assim como os linfonodos (linfadenites). Ferimentos da mão podem ser acompanhados de estrias vermelhas nos braços e nódulos axilares. O linfonodo sofre hiperplasia dos folículos e das células fagocitárias dos seios, com quadro chamado de linfadenite inflamatória ou reacional. X- MEDIADORES QUÍMICOS DA INFLAMAÇÃO: Os fenômenos da inflamação são mediados por substâncias químicas, cuja interação é complexa. Estas substâncias são oriundas do plasma, dos leucócitos, das plaquetas, do endotélio e do tecido conjuntivo.
  • 5. PATOLOGIA GERAL - DB-301, FOP/UNICAMP 17 ÁREAS DE SEMIOLOGIA E PATOLOGIA 1- HISTAMINA: A histamina é a histidina descarboxilada. É encontrada nos mastócitos, basófilos e plaquetas. A quantidade de histamina é grande nos pulmões, pele e mucosa gastrointestinal. No pâncreas, baço e rins o número de mastócitos é menor. Nos vasos os receptores são do tipo H1. A liberação de histamina ocorre pela degranulação dos mastócitos, através do rompimento da membrana, ou por processo ativo envolvendo energia, microtúbulos e fusão da membrana do grânulo com a plasmática. A inativação da histamina ocorre por metilação no fígado, ou oxidação nos rins e intestinos através da histaminase. ANTI-HISTAMÍNICOS: Difenidramina (Benadril) Prometazina (Fenergan) Dextroclorofeniramina (Polaramine) 2- CININAS: Em 1949, Rocha e Silva descreveu a formação de uma substância ativa a partir da fração globulínica do soro, pela ação da tripsina ou do veneno de cobra. Foi chamada de bradicinina porque induz contração lenta do músculo isolado do intestino e útero. Também provoca dilatação vascular, aumento de permeabilidade, ativação do Complemento e dor. A bradicinina tem 9 a-a. As cininas são peptídeos de 8-14 a-a derivados das globulinas plasmáticas ativadas pelo fator XII (fator de Hageman), quando ativado por diversas substâncias com superfície de carga negativa como vidro, colágeno, membrana basal, cartilagens, tripsina, plasmina, LPS (lipopolissacarídeos), calicreína. FATOR XII ativado coagulação plasminogênio fibrina plasmina --fibrinopeptídeos pré-calicreína cininogênio calicreína cininas 4- PAF (FATOR ATIVADOR DA PLAQUETA): O PAF é derivado das membranas dos mastócitos, endotélio, basófilos, plaquetas, neutrófilos e eosinófilos. Tem várias atividades, causando agregação e degranulação das plaquetas, migração e degranulação dos neutrófilos e aumento de permeabilidade vascular. É pelo menos 1.000X mais potente que a histamina. 5- PROSTAGLANDINAS E LEUCOTRIENOS: O ác. aracdônico está esterificado aos fosfolípidios da membrana celular, principalmente fosfatidilcolina e fosfatidilinositol. São produzidos localmente pela ação da fosfolipase A2. As PG e LT são portanto derivados da membrana celular.
  • 6. PATOLOGIA GERAL - DB-301, FOP/UNICAMP 18 ÁREAS DE SEMIOLOGIA E PATOLOGIA cox(ciclooxigenase) PG Membrana fosfolipase Ác. aracdônico lipox(lipooxigenase) LT Endoperóxidos PGI2 (prostaciclina) Ác. Aracdônico PGG2 PGH2 PGF2α PGD2 PGE2 TXA2 TXB2 Leucotrienos (leucócitos + trieno) LTC4 - LTD4 LTE4 LT-A4 LT-B4 Ác. aracdônico HETE 5-HETE HPETE 11-HETE As LTC4, D4, E4 eram chamadas de SRS-A (Slow Reaction Substance - Anaphilaxis). Causam contração do músculo liso (broncoespasmo) e são formadas por desafio antigênico nos intestinos, pulmões, útero, vasos e coração. Também causam vaso constrição e aumento de permeabilidade. A arilsulfatase dos eosinófilos neutraliza as LT. LTB4 - atua nos leucócitos (neutrófilos), estimulando a adesão ao endotélio (quimiotaxia). HETE - Ác. hidroxieicosatetranoico. HPETE - Ác. hidroperoxieicosatetranoico Nas plaquetas forma-se 12-HPETE. Nos leucócitos 5HPETE, 15 HPETE 6- CITOCINAS: As linfocinas são mediadores químicos (polipeptídeos) produzidos pelos linfócitos. São atualmente chamadas de citocinas porque outras células como os macrófagos, produzem mediadores semelhantes. INTERLEUCINAS - peptídeos e proteínas que mediam interação entre leucócitos FONTE ALVO AÇÃO IL-1 Macrófagos TH ativa síntese de IL-2, TFN IL-2 TH células T estimula LB, LT, NK IL-3 TH cel hemopoiéticas proliferação IL-4 TH LB, LT, mastócitos estimulação IL-5 TH LB, Eos LB em plasmócito IL-6 TH, Mac. LB, LT maturação de LB γ- interferon TH LB, mastócito induz MHC-II TNF-α Mac, NK - imita IL-1. reações da fase aguda (febre) OAF - fator ativador do osteoclasto. MAF - fator ativador do macrófago Na inflamação aguda os principais são- IL1, IL8, TNFα
  • 7. PATOLOGIA GERAL - DB-301, FOP/UNICAMP 19 ÁREAS DE SEMIOLOGIA E PATOLOGIA IL1 e TNF têm efeitos múltiplos: reações da fase aguda, endotélio, fibroblastos. XI- MEDIADORES QUÍMICOS - ATIVIDADES: Vaso dilatação- óxido nítrico, prostaciclina, histamina Vaso constrição- endotelina, TXA2, angiotensina II Permeabilidade vascular - histamina, serotonina, bradicinina, prostaciclina, PAF, LTD4, C3a e C5a (anafilatoxinas), fibrinopeptídeos Adesão- ICAM, ELAM Migração Celular - C5a, formilpeptídeos, PAF Fagocitose - C3b, IgG (Fc) Plaquetas - TXA2 Dor, Hiperalgesia - PG, bradicinina Febre - IL-1, IL-6, TNF, IL-8, PG Leucocitose - G-CSF, GM-CSF, IL-3 Respostas B e T - IL-1, IL-6 Fígado - IL-1, IL-6, TNF, IL-11 Broncoconstrição, LTC4, D4, E4 Lesão tecidual- enzimas lisossomiais, radicais livres XI- MEDIADORES QUÍMICOS - FONTES: Histamina - mastócitos, basófilos, histidina, plaquetas Serotonina - mastócitos, plaquetas Bradicinina - plasma Complemento - plasma - C3a, C3b, C5a PAF - células inflamatórias, endotélio, mastócitos, basófilos Óxido nítrico- endotélio, macrófago Citocinas - linfócitos, macrófagos PG - células inflamatórias, plaquetas, endotélio LT - células inflamatórias Peptídeos formilados - bactérias, mitocôndrias lisadas Enzimas lisossomiais - neutrófilos, macrófagos XIII- MIGRAÇÃO CELULAR: Os leucócitos que se acumulam num foco inflamatório migram seletivamente dos vasos sangüíneos. As células migram através de movimentos ativos, com formação de pseudópodos e ativação de filamentos de actina e miosina, através do aumento do gradiente de Ca++ intracelular, através da participação da fosfolipase C, fosfoinositol e calmodulina. O estímulo para a migração é variável para cada leucócito. A injeção de 0,1% de glicogênio na cavidade peritonial, causa após 4h o acúmulo quase que exclusivamente de neutrófilos. A passagem ocorre através das junções intercelulares abertas (0,1- 0,4 µm), sendo mediada por substâncias químicas que atuam nos leucócitos, células endoteliais e tecido conjuntivo. Se uma área inoculada com Stafilococos é tratada com adrenalina, após 6 h não há acúmulo de PMN, como deveria ocorrer. Como os leucócitos têm cerca de 10µm, é necessário um razoável exercício para passarem através do vaso e caminharem até a área alterada. Calcula-se 3-12min. para a passagem de um leucócito para o tecido extravascular, onde tem velocidade de 20-30 µm/min. A saída de hemácias ocorre por processo passivo, em vasos que sofreram ruptura, por gradiente de pressão positiva em direção ao espaço extravascular. Embora possa ocorrer concomitantemente, a migração leucocitária pode ocorrer independentemente do extravasamento de líquido plasmático (edema). Moléculas de adesão são expressas nas superfícies dos leucócitos e do endotélio, facilitando a adesão
  • 8. PATOLOGIA GERAL - DB-301, FOP/UNICAMP 20 ÁREAS DE SEMIOLOGIA E PATOLOGIA e posterior migração. Admite-se que os leucócitos inicialmente rolam sobre a superfície do endotélio (rolagem), posteriormente aderem e migram. Moléculas de adesão do endotélio- Seletinas- - têm estrutura similar a lecitinas, ligando-se a açúcares. E-seletina - endotélio (ELAM-1 - endothelium leukocyte adhesion molecule) P-seletina - plaquetas e endotélio L- seletina - leucócito Moléculas da família de Ig do endotélio - ICAM-1 (intercellular adhesion molecule) VCAM-1 (vascular cell adhesion molecule) Estas moléculas interagem com integrinas dos leucócitos, que são glicoproteínas que também servem para interagir com a matriz extracelular. XIV- TIPOS DE EXSUDATO INFLAMATÓRIO: O exsudato inflamatório é composto de proteínas plasmáticas e leucócitos que extravasam dos vasos e se acumulam no local inflamado. Tem a função de destruir o agente agressor, degradar (liqüefazer) e remover o tecido necrosado. A drenagem linfática fica aumentada, levando mais facilmente antígenos aos linfonodos regionais. Dependendo do local, da intensidade da reação e do agente injuriante, o exsudato pode ter diferentes características. Segundo o tipo de exsudato a inflamação será classificada em: 1- SEROSA: O líquido extravasado tem alto teor aquoso, apresentando pouca quantidade de moléculas protéicas. Este líquido pobre em proteínas além da origem vascular, pode ser produzido também pelas células mesoteliais que recobrem a cavidade pleural, peritoneal e pericárdica. Devido ao seu baixo conteúdo protéico, o exsudato seroso não é detectado histologicamente deixando apenas espaços entre os elementos tissulares. O caso mais comum de inflamação serosa é a queimadura da pele com formação de “bolhas”. Ocorre nas doenças vesículo-bolhosas (pênfigo, herpes). 2- FIBRINOSA: Quando a lesão vascular é mais intensa permitindo a saída de moléculas grandes, o líquido extravasado será rico em proteínas, especialmente fibrinogênio, formando uma rede de fibrina no território inflamado e é chamado de exsudato fibrinoso. Pode ocorrer na cavidade pericárdica em certas doenças reumáticas ficando o espaço pericárdico preenchido por uma massa de fibrina. Nos pulmões em casos de pneumonia pneumocóccica, os alvéolos podem estar ocupados por uma rede de fibrina com grande quantidade de leucócitos. O exsudato fibrinoso é mais comum nas membranas serosas do pericárdio, pulmão e peritônio. A rede de fibrina pode ser invadida por fibroblastos, substituindo o exsudato fibrinoso por tecido fibroso, que pode interferir nas funções do pulmão e coração. 3- CATARRAL: Quando a inflamação ocorre nas superfícies mucosas, há a formação de grande quantidade de muco sendo então chamada de catarral. É encontrada, portanto, apenas quando o tecido inflamado é capaz de secretar muco como a nasofaringe, pulmões, trato intestinal, útero e glândulas secretoras de muco. Exemplos comuns de inflamação catarral são a gripe e o resfriado. 4- HEMORRÁGICA: Quando há o rompimento da parede vascular, grandes quantidades de hemácias estão presentes no território inflamado. É uma classificação pouco usada. 5- PSEUDOMEMBRANOSA: Se caracteriza pela formação de uma falsa membrana composta de fibrina, epitélio necrosado e leucócitos. Resulta da descamação do epitélio juntamente com um exsudato fibrinopurulento. Ocorre apenas nas superfícies mucosas, mais comumente na faringe, laringe, trato respiratório e intestinal. Na difteria ocorre este tipo de inflamação.
  • 9. PATOLOGIA GERAL - DB-301, FOP/UNICAMP 21 ÁREAS DE SEMIOLOGIA E PATOLOGIA 6- PURULENTO: O exsudato purulento é formado pelo acúmulo de grande quantidade de neutrófilos, que interagem com o agente agressor, geralmente bactérias, provocando a destruição tecidual. A viscosidade do pus é devida em grande parte ao conteúdo de DNA, oriundo dos próprios neutrófilos. Exemplos de bactérias piogênicas são os Stafilococos, bacilos gram negativos (Escherichia coli, Klebsiella pneumoniae, cepas de Proteus e Pseudomonas aeruginosa), meningococos, gonococos e pneumococos. Abscesso periapical, furúnculo e apendicite são bons exemplos de inflamação supurativa. Devido a viscosidade, o abscesso é difícil de ser reabsorvido, devendo quando possível ser drenado naturalmente ou cirurgicamente. O pus pode ser formado por agentes químicos, como terebentina e nitrato de prata, mostrando que não é dependente de bactérias. A celulite ou flegmão é uma infecção supurativa disseminada causada pelos estreptococos hemolíticos do grupo A de Lancefield. Deve-se ressaltar que nem sempre há a predominância de um tipo de exsudato, existindo então os tipos mistos que poderão ser chamados de serofibrinosos, fibrinopurulentos, mucopurulentos e assim por diante. XV- EFEITOS SISTÊMICOS DA INFLAMAÇÃO: A inflamação é basicamente uma resposta localizada do tecido conjuntivo. Dependendo da intensidade e das características da inflamação pode ocorrer sinais e sintomas sistêmicos como leucopenia, leucocitose, febre, cefaléia, mal estar, linfadenopatia. 1- LEUCOPENIA: Leucopenia ocorre na febre tifóide, viroses e infecções por riquetsia. Eosinopenia é comum nas fases agudas de inflamações como pneumonia e meningite. 2- LEUCOCITOSE: A leucocitose é devida a liberação de células da medula óssea, muitas vezes imaturas, pelo estímulo de mediadores químicos como o fator estimulador de colônias. Neutrofilia é comum nas infecções bacterianas piogênicas. Linfocitose ocorre na mononucleose, sarampo e caxumba. 3- EOSINOFILIA: é comum em infecções por parasitas e processos alérgicos como asma e febre do feno. 4- LINFADENOPATIA: Linfadenopatia é comum nas inflamações e nas neoplasias malignas. Na inflamação corresponde a uma reação do linfonodo ao agente agressor, para dificultar a difusão da infecção. Os linfonodos alterados ficam com volume aumentado, doloridos e estão associados a drenagem linfática da área alterada. Linfadenopatia é comum nas inflamações agudas mais intensas e também nas crônicas como tuberculose e paracoccidioidomicose. Os linfonodos ficam aumentados, móveis, pouco doloridos ou assintomáticos. Septicemia- os locais mais susceptíveis a lesões são as válvulas cardíacas, meninges, rins e articulações. XVI- REAÇÃO DA FASE AGUDA DA INFLAMAÇÃO: Na fase aguda das inflamações, particularmente das mais intensas, há formação de mediadores químicos sistêmicos cujos alvos principais são o fígado e hipotálamo. As citocinas IL-1, IL-6, TNF, IL-8 são os principais mediadores sistêmicos. As ações sistêmicas destas citocinas são mediadas pelas PG e portanto inibidas por anti-inflamatórios não esteroidais. O fígado produz proteínas que são lançadas no sangue e a ação no hipotálamo provoca febre. Reações associadas a febre ou a fase aguda - sonolência, astenia, mialgia, artralgia, cefaléia, anorexia. São os sintomas da gripe. Proteínas hepáticas sofrem aumento como amilóide, PCR (Proteína C Reativa), fibrinogênio e
  • 10. PATOLOGIA GERAL - DB-301, FOP/UNICAMP 22 ÁREAS DE SEMIOLOGIA E PATOLOGIA diminuição da albumina. Proteínas da fase aguda também sofrem alteração plasmática após trauma, isquemia, neoplasia e reações de hipersensibilidade. IL-1 TNF IL-6 Febre ++ ++ + Sonolência ++ ++ - Anorexia ++ ++ - Mialgias ++ ++ - Reabsorção óssea ++ ++ + Leucocitose ++ - ++ P F aguda + + ++ Hipergama globulinemia + + ++ * TNF - Fator de necrose tumoral XVII- SÍNDROME DA LIBERAÇÃO DE CITOCINAS: A liberação maciça de citocinas (IL-1, IL-2, IFN e TNF) tem efeito de cascata produzindo muitas repercussões clínicas graves, podendo levar ao óbito. O melhor exemplo é o choque circulatório provocado por LPS (lipopolissacrídeos) (choque séptico). Pode ocorrer também após traumas graves, grandes cirurgias, queimaduras e pancreatite aguda. FEBRE (ESQUEMA) Pirógenos Exógenos ↓ Macrófagos ↓ 1 IL-1, IL-6, TNF, IFN - PG (CO X 1) - (via sangue) 2 ↓ OVLT (neurônios, endotélio, macrófago) ↓ 3 PGE2 (COX2) ↓ AMP-cíclico (inibição de neurônios sensíveis ao calor) ↓ Centro Termo Regulador (hipotálamo) ↓ Termostato Elevado ↓ ↓ contração muscular vasoconstrição ↓ ↓ Produção de calor retenção de calor FEBRE Pirógenos exógenos - produtos bacterianos, Ag-Ac, drogas
  • 11. PATOLOGIA GERAL - DB-301, FOP/UNICAMP 23 ÁREAS DE SEMIOLOGIA E PATOLOGIA OVLT- organum vasculosum lamina aterminalis - região próxima ao centro termoregulador do hipotálamo, na porção antero-ventral do 3º ventrículo. Função das PG produzidas no foco inflamatório (COX1)? IFNα - é produzido nas infecções virais causando febre e sonolência. XVIII- AÇÃO DOS ANTIPIRÉTICOS: 1. corticóide (inibindo síntese de mediadores) 2. dipirona, aspirina (AINE- anti-inflamatório não esteróide) inibe COX1. 3. corticóide, acetaminofeno, AINE, dipirona - inibe COX2 no SNC 4. morfina, clorpromazina - ação no hipotálamo.
  • 12. PATOLOGIA GERAL - DB-301, FOP/UNICAMP 24 ÁREAS DE SEMIOLOGIA E PATOLOGIA Objetivos - Inflamação Aguda: -Conceitue inflamação aguda -Cite e explique os sinais cardinais da inflamação -Esquematize e descreva a estrutura de um vaso da microcirculação - capilar ou vênula. -Esquematize e explique a participação de capilares arteriais e venosos, na formação e reabsorção do líquido tecidual, considerando as pressões hidrostática e osmótica. -Descreva a estrutura e funções da célula endotelial. -Descreva as junções intercelulares. -Descreva lâmina basal. -Que tipo de vasos têm fenestrações e para que servem? -Conceitue aumento de permeabilidade vascular. -Comente aumento de permeabilidade vascular na inflamação crônica. -Descreva o princípio do mecanismo de aumento de permeabilidade. -Descreva um experimento para o estudo da permeabilidade vascular usando carvão coloidal ou azul de Evans. -Descreva participação de vasos linfáticos na inflamação. -Cite as fontes de histamina nas inflamações. -Descreva os mecanismos de liberação de histamina. -Cite substâncias que inativam a histamina. -Que são cininas e como são formadas. -Que é PAF, quais as fontes de PAF e quais suas funções. -Que são prostaglandinas e como se formam. -Que são leucotrienos e como se formam. -Cite os principais mediadores da permeabilidade vascular, migração celular, fagocitose, dor, febre, leucocitose, reação da fase aguda da inflamação. -Que são citocinas e quais suas atividades principais. -Descreva as características clínicas da linfadenopatia na inflamação. -Descreva as etapas da migração celular e cite substâncias que mediam o processo. -Descreva e exemplifique exsudato: seroso, fibrinoso, catarral, pseudomembranoso e purulento -Exemplifique na inflamação- leucopenia, leucocitose, eosinofilia, neutrofilia, linfadenopatia, septicemia. -Que é reação da fase aguda da inflamação. -Que é proteína C reativa? -Quais os principais mediadores (citocinas) que participam das reações sistêmicas da inflamação? - Que é síndrome da liberação de citocinas? -Esquematize e explique a febre.