1. 1
Arquitetura neoclássica no Rio de Janeiro: um patrimônio cultural do reinado brasileiro
de D. João VI.
Evelyn Furquim Werneck Lima∗
Após a recusa de aceitação do Bloqueio Continental contra a Inglaterra e diante da
iminência da invasão de seu território pelas tropas napoleônicas, a Corte portuguesa embarcou
para o Brasil em busca de um porto mais seguro para a monarquia. Conforme afirmou Afonso
Carlos Marques dos Santos, o Rio de Janeiro foi, a partir de 1808, palco da elaboração do
projeto de Império luso-brasileiro e a base do ensaio civilizatório empreendido pela Missão
Artística Francesa de 1816 e pelo reinado brasileiro de D. João VI. 1
Esta parece ter sido a
verdadeira dimensão política e artística do fato histórico, que teve a vinda da Corte para o
Brasil. No que tange às investigações sobre a história urbana e da arquitetura, observa-se a
partir da chegada do príncipe regente, o crescimento da documentação sobre o século em
curso, pois foi após a vinda de D. João ao Brasil que os artistas e viajantes foram incentivados
a retratar e descrever a paisagem contraditória de uma cidade que contava com uma
arquitetura religiosa e militar de alta qualidade, com um relevo e vegetação luxuriantes, mas
com ruas e becos fétidos onde circulava uma população bastante heterogênea.
Uma cidade desordenada
Região iminentemente agrícola até os meados dos setecentos, o Rio de Janeiro tinha como
principal atividade econômica os engenhos de açúcar. Ao redor das plantações surgiram
conventos e igrejas, polarizadores de toda a vida espiritual da pequena população.2
O centro
realmente urbanizado limitava-se à área compreendida entre a baía e a rua da Vala - atual
Uruguaiana- estendendo-se desde a Prainha, hoje Praça Mauá até o Campo da Ajuda, onde, na
segunda década do século XX, surgiria a Praça Floriano- conhecida após os anos 1930 como
Cinelândia.
Rompendo os estreitos limites do Morro do Castelo, a cidade esparramava-se pela várzea,
ocupando os vales. O traçado das primeiras ruas é o que ainda perdura no centro histórico. Ao
longo da costa multiplicaram-se os trapiches, pois a cidade cresceu em opulência quando, em
1763, tornou-se a sede do governo, face à importância da cidade como porto escoadouro do
ouro e dos diamantes descobertos em Minas Gerais. 3
Com o ciclo do ouro, o Rio de Janeiro
se transformou no grande empório por onde circulava este metal, a caminho da metrópole. As
mercadorias que abasteciam os campos de mineração e o intenso tráfego de ávidos
aventureiros conferiam à cidade uma imagem dinâmica.
Dos administradores que teve a cidade colonial, Gomes Freire foi o que mais se destacou,
imprimindo ao Rio de Janeiro uma revolução urbanística e arquitetônica, dentro das
limitações da época. Dos pântanos e lagos aterrados nasceram conventos, edificações e
praças.
No exato local onde ficava a Casa da Moeda construiu-se a Casa dos Governadores
(Palácio dos Vice-Reis), sob o traço do engenheiro-brigadeiro José Fernandes Pinto Alpoim, e
∗
Arquiteta e Historiadora. Professora Associada da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UNIRIO)
Centro de Letras e Artes. Pesquisadora do CNPq. Pesquisadora da CAPES em estágio pós-doutoral (Paris X-
EHESS). Autora, entre outros livros, de Das Vanguardas à tradição (2006), Arquitetura do Espetáculo (2000),
Avenida Presidente Vargas: uma drástica cirurgia (1990 e 1995).
2. 2
hoje Paço Imperial. Essa é talvez a mais significativa obra de arquitetura civil do século
XVIII ainda existente na cidade, tendo sido inaugurada em 1743.
Outra imponente obra de engenharia, que pela arte com que foi concebida tornou-se um
marco na paisagem urbana, foi o Aqueduto da Carioca, construído na gestão de Aires
Saldanha. Recebeu dupla arcaria no governo de Gomes Freire. Foi também este administrador
quem mandou edificar seminários e conventos, destacando-se o Convento de Santa Teresa e o
Convento da Ajuda, tendo sido este último projetado por Alpoim, sobre os terrenos hoje
ocupados pela Cinelândia.
Deduz-se, das leituras realizadas que Alpoim foi uma espécie de Secretário de Obras
eficientíssimo, pois entre outros projetos é também autor da Igreja de Nossa Senhora da
Conceição e Boa Morte. Destacam-se ainda no cenário da cidade as Igrejas de Nossa Senhora
do Carmo, na Rua Direita (atual Primeiro de Março), e a belíssima igreja de São Pedro dos
Clérigos, de desenho elaborado sob influência do barroco italiano, infelizmente destruída na
ocasião da abertura da Avenida Presidente Vargas. A religiosidade da população impulsionou
a construção de igrejas recobertas de talhas douradas. O comércio fervilhava com os muitos
aventureiros e viajantes que se instalavam na cidade, a caminho do interior.
No Terreiro do Carmo, composto pelo complexo arquitetural da Igreja, o Palácio dos
Governadores e o cais – elementos já existentes, Valentim da Fonseca e Silva projetou e
construiu em 1789 um chafariz em granito carioca que marcaria para sempre a paisagem da
atual Praça XV. (Fig.1) Foi também este autor quem implantou o projeto urbano-paisagístico
do Passeio Público - aprazível local de lazer para a elite da cidade. Esta obra foi bastante
significativa para a expansão urbana em direção à Praia da Glória, tendo para tal sido aterrada
a Lagoa do Boqueirão. Os jardins projetados pelo artista obedeciam à linguagem racionalista
dos jardins franceses, havendo em seu traçado uma nítida influência da simbólica maçônica.
Nos arrabaldes do núcleo histórico ficavam o Campo de São Domingos, que abrangia o
Campo dos Ciganos (atual Praça Tiradentes) e o Campo de Santana, onde eram despejadas as
cargas dos “tigres”, barricas repletas de dejetos fecais. Além dos problemas de saneamento
havia dificuldades de abastecimento de água potável. Com o crescimento populacional, os
poucos chafarizes existentes não davam vazão às necessidades dos habitantes.
O asfaltamento da Rua da Vala (atual Uruguaiana) e da Rua do Cano (atual Sete de
Setembro), ocorreram antes da chegada de D. João, ainda no governo do Conde de Resende,
Fig. 1 – Vista da Praça XV na chegada de D. João. (Aquarela de
Debret. In :Voyage Pittoresque et historique au Brésil
, 1834)
Fig.2 - Planta da cidade em 1808. (Mapoteca
do Itamaraty, 1817 )
3. 3
que também promoveu a abertura da Rua dos Inválidos e da rua do Resende, saneando a
região adjacente aos antigos pantanais de Pedro Dias e aterrando o Campo de Santana e o
Campo da Lampadosa. Foi somente a partir da chegada do Príncipe Regente que a cidade
começou a se expandir de forma mais rápida, conseguindo transpor definitivamente os limites
do núcleo urbano colonial. Da Glória a Botafogo havia apenas um caminho, porém a planta da
cidade levantada em 1808 permite perceber que grande parte dos brejos da área central já fora
aterrada. (Fig. 2)
Uma corte nos trópicos: a questão urbana
A chegada da família real e da corte, em 1808, transformou o Rio de Janeiro na nova sede
do governo português. Este fato imprimiu um novo rumo ao processo de emancipação política
do Brasil e trouxe benefícios econômicos, contribuindo para a expansão da cidade. A abertura
dos portos às nações amigas e os tratados de comércio entre Portugal e a Inglaterra
determinaram a ruptura do pacto colonial e a integração do Brasil ao mercado mundial. 4
2
Cresceram as atividades de importação e exportação, e a cidade passou a desempenhar uma
função de importante entreposto comercial nas rotas marítimas internacionais. O comércio
prosperou e a população aumentou com a vinda de imigrantes europeus.
Parece significativo constatar que, com a corte, desembarcaram no Rio mais de 15 mil
pessoas que se somaram aos 50 mil habitantes residentes na cidade colonial, dos quais mais
da metade era constituída por escravos. Este fato causou grande impacto na urbanização do
Rio de Janeiro, principalmente no que se refere à demanda de habitações e de infra-estrutura
básica, sem contar que, em menos de duas décadas, a população praticamente duplicou.
A inserção inesperada de tal contingente populacional numa cidade que até então era
basicamente um entreposto comercial fortificado provocou complexos problemas de gestão
urbana. Sabe-se que o governo português centralizava em Lisboa todos os órgãos que
constituíam a burocracia governamental e que foi uma proeza joanina fazer funcionar todo o
aparato de Estado agora transplantado para os trópicos.
De imediato, o vice-rei Conde dos Arcos desocupou as repartições públicas do Paço para
cedê-las à família real. Foram preparados para alojá-los também os prédios anexos da Cadeia
e do Convento do Carmo. As crônicas revelam a decisão do Príncipe Regente de requisitar as
melhores moradias então existentes na cidade para aposentadoria dos que haviam
acompanhado a corte portuguesa em seu exílio. Com o confisco das residências abastadas
ocorreu uma alta nos aluguéis das poucas casas disponíveis para tal, acrescido do fato de que,
inicialmente, alguns moradores da cidade decidiram não mais construir casas com medo de ter
que cedê-las aos membros da corte. A crise no abastecimento d’água acabou por ser benéfica
para a cidade pois foram construídos muitos chafarizes para o provimento de água potável.
Através da iconografia revelada nas aquarelas de Thomas Ender, Richard Bates e das
pinturas de Afonso de Taunay e de Debret verifica-se que entre as obras monumentais civis e
religiosas, as casas coloniais aparecem ainda em pedra bruta e argamassa de cal, com telhados
de barro de grandes beirais.
O aumento populacional ocasionado pela vinda da corte, a integração do país ao mercado
mundial, a implantação de alguns postulados trazidos pela Missão Francesa modificaram
bastante a fisionomia da cidade. Edificações mais sofisticadas foram construídas no centro e
nos arredores. As classes dirigentes mais abastadas - compostas basicamente dos membros do
governo-, residiam nas imediações do Largo do Paço ou na Lapa, próximo às repartições mais
4. 4
importantes do Reino, mas muitos aristocratas e comerciantes ricos iniciaram a construção de
chácaras nos atuais bairros da Glória, do Catete, Catumbi e São Cristóvão. Cerca de 150
chácaras surgiram nos arredores da cidade. Os trabalhadores livres e os escravos de ganho,
que constituíam a população de baixa renda, não tinham outra opção senão adensar a área
entre o mar e o mangue do Saco de São Diogo, ocupando também a atual área da Gamboa,
Santo Cristo, e Saúde. Nestes espaços também se concentravam as atividades manufatureiras,
as casas comerciais, os trapiches e os estaleiros.
O Rio de Janeiro experimentou então considerável surto de crescimento urbano.
Calçaram-se ruas, repararam-se estradas, foram construídas muralhas a beira-mar. Por outro
lado ampliou-se sobremodo a função comercial e portuária da cidade, pois, por essa época as
lavouras se expandiram, especialmente a do café, cuja produção seria em sua maior parte
exportada pelo porto do Rio de Janeiro.
Os arquivos revelam que, entre 1808 e 1818, foram construídos cerca de 600 sobrados na
área urbana, onde até então haviam predominado casas térreas. 5
(Fig. 3) A instauração de
uma Intendência capitaneada por Paulo Fernandes Viana introduziu uma nova legislação
acompanhada de um código de posturas municipais em junho de 1809, com o nítido propósito
de transformar a imagem da cidade colonial. 6
A festa e o júbilo que se seguiram à chegada da família real foram substituídos por
inúmeros desafios, dentre os quais aquele de implantar rapidamente a burocracia estatal
portuguesa na colônia, e de fazer a cidade assumir o novo papel. Em 1815 o Brasil deixa de
ser colônia para tornar-se Reino Unido a Portugal e Algarves, o que veio a reforçar a função
político-administrativa da cidade do Rio de Janeiro. O Palácio dos Vice-Reis foi transformado
em Paço Real e novos prédios foram construídos para os órgãos administrativos da corte
portuguesa.
Infelizmente, movidos por um desejo equivocado de progresso, muitos de nossos
governantes do século XX demoliram a maior parte dos imóveis do início dos oitocentos. Os
quatro morros que encerravam o centro urbano joanino, pontificando magistralmente o
cenário exuberante da cidade vista do mar, estão hoje reduzidos a dois (e meio, se
considerarmos o topo do Morro de Santo Antônio, preservado apenas onde se situa o
Convento). O chiado das rocas e as cantigas dos escravos – tão bem registrados nas gravuras
de Debret – foram substituídos pelo ruído e pela fumaça produzida por ônibus e automóveis
que ocupam os espaços públicos.
O legado arquitetural deixado por D. João
O legado arquitetural e paisagístico deixado por D. João VI está relacionado à vinda de
uma missão de artistas franceses integrada pelo arquiteto Grandjean de Montigny que, dentro
de um projeto cultural mais amplo, deveria também desenvolver o estilo neoclássico na
arquitetura brasileira. Este estilo já era praticado no Brasil pelos riscos de José Manuel da
Costa, arquiteto português que construiu um teatro neoclássico para D. João, inaugurado em
Fig. 3 – Sobrados na área central. Os
inúmeros sobrados edificados principalmente
na rua Direita (Primeiro de Março) e
imediações substituíram as casas térreas do
período colonial. Ali se localizaram os
atacadistas e as casas de câmbio. Aquarela de
Richard Bates, s/d. (IHGB).
5. 5
1813 e demolido em 1928. 7
Também ainda antes da chegada da missão, D. João inaugurou o
Horto Real (Jardim Botânico), a Biblioteca e o Museu Real, o Banco do Brasil e a Imprensa
Régia, instituições que ainda hoje representam a nação brasileira, apesar de terem sido
demolidas as primeiras edificações que as abrigaram. Foram analisados neste ensaio alguns
dos empreendimentos paisagísticos e arquiteturais – criados ou vivenciados por D. João, que
ainda enriquecem o patrimônio cultural de nossa cidade.
O Jardim Botânico (criado por decreto 13/06/1808), era na época designado por Real
Horto, foi criado para aclimatar e cultivar plantas exóticas oriundas das Índias Orientais e
outras regiões asiáticas. No local existira um engenho de cana pertencente a um cidadão luso:
Rodrigo de Freitas – o mesmo que deu o nome à lagoa, até então designada Sacopenapã. Na
ocasião, já estava ali instalada e em pleno funcionamento a Fábrica de Pólvora, de
propriedade do estado. No próprio terreno da Fábrica criou-se o Real Horto e, ainda em 1808,
D. João plantou, no jardim da Aclimação, a primeira palmeira cuja semente chegara da
Martinica. Atualmente além da cuidadosa restauração de um dos antigos prédios da Fábrica
de Pólvora (Casa dos Pilões), o Jardim Botânico apresenta um tesouro de nossa arquitetura
neoclássica: o pórtico da antiga Escola Real de Ciências, Artes e Ofícios, fundada pelo Conde
da Barca e cujo projeto foi elaborado pelo arquiteto Grandjean de Montigny (Fig.4). O prédio,
construído com várias modificações em relação ao projeto inicial e que ficava em terreno hoje
vazio da atual Avenida Passos, foi inaugurado solenemente como Academia Imperial de Belas
Artes em 1826 e demolida em 1938. 8
6
O projeto de Grandjean remete às novamente às obras de Percier. Suas proporções
obedecem aos estudos sobre a ordem jônica, como se percebe pela presença de seis colunas
dessa ordem na parte superior da fachada. A um sexto de sua altura máxima, um imponente
frontão com baixos relevos, encima o pórtico, conforme se deduz da fachada aquarelada da
autoria de Debret. (Fig. 5) Além de Percier, nota-se a forte influência de Andréa Palladio e
dos palácios da Toscana, tema investigado anteriormente pelo arquiteto. Somente em 1882 o
prédio ficaria pronto, já então muito modificado e inclusive com mais um pavimento.
Mas certamente a obra-prima do legado arquitetural deixado por D. João VI foi a primeira
Praça do Comércio (atual Casa França-Brasil), cujo projeto original pode ser apreciado na
Biblioteca Nacional. Os trabalhos foram iniciados em 11 de junho de 1919 no terreno situado
entre o mar e a Rua do Sabão. 9
O prédio, obra de acurado bom gosto de Grandjean, consiste
num monumental salão onde as colunas dóricas sustentam uma enorme cúpula, segundo
Paulo Santos, numa alusão explícita às Termas de Caracalla em Roma.10
Na inauguração do
prédio em 13 de maio de 1820, Grandjean foi condecorado com a medalha de Cavaleiro da
Fig.4 – Foto do Pórtico da Academia
Imperial de Belas-Artes em 1882. Hoje
apenas o pórtico está no Jardim
Botânico. Foto Marc Ferrez. (Coleção
Fig. 5 - Desenho em aquarela de Debret da Fachada da Academia
Imperial de Belas Artes, projetada por Grandjean (Biblioteca do
Jardim Botânico)
6. 6
Ordem de Cristo. No meu entender, o risco inicial denota bem a formação do aluno de Percier
e de Fontaine, primando pela simetria, proporções e ritmo.
Analisando o método adotado no curso de Blondel, publicado por Pierre Patte, Joseph
afirma que na Escola de Belas–Artes, naquele momento:
“The method by which thinking and teaching is to proceed is that architecture must
be analized down to its simplest components, which are of three kinds: (i) the nature
of materials; (ii) the force of habit; (iii)the repertory of elementary forms –of which
the circle and the sphere must have preference.” 11
Sobre os mestres de Grandjean, Charles Percier e Pierre Fontaine, o autor explica que
foram eles os criadores do estilo Império para Napoleão Bonaparte, e que eram eles os
principais membros da Escola de Arquitetura durante a Revolução.12
Podemos inferir, ao
analisar o monumento projetado por Percier e destinado a agrupar as diferentes Academias
(Fig. 6), que Grandjean em muito se inspirou na proposta de seu mestre, no projeto para a
Praça do Comércio, articulando magistralmente a cúpula, sobre uma proposta de composição
centrada com planta em cruz grega. (Fig.7) Atenção especial foi dada aos materiais aplicados.
Fig. 6 - Projeto de Percier para reagrupar as
diferentes academias de Paris 1786, planta,
corte e elevação. (In: MIDDLETON (org.)
The Beaux-arts, 1982, p. 14)
Fig. 7 - Projeto de Grandjean para a Praça
do Comércio 1820, planta, corte e elevação.
Desenho de Gradjean. (Biblioteca
Nacional)
Fig. 9 - Aquarela de Grandjean
mostrando a inspiração na arquitetura
romana e nos ensinamentos de
Percier. (Museu da Cidade
FUNARJ/PCRJ)
Fig. 10 – Foto atual da edificação que abriga a
Casa França-Brasil
7. 7
O prédio funcionou também como Alfândega e como Tribunal do Júri. Recentemente
restaurada, a edificação, de espírito palladiano, abriga hoje as instalações da Casa França-
Brasil, instituição vinculada à Secretaria de Cultura do Estado.
Outra obra do arquiteto francês que ainda subsiste é o Solar Grandjean de Montigny ,
edificado por volta de 1823, um belo casarão neoclássico, de dois andares, parcialmente
circundados por galerias porticadas. (Fig. 11) O acesso ao primeiro andar se faz por uma
elegante escadaria. Na parte posterior da casa há dois salões cilíndricos. Situada em bairro
ainda agreste naquela época, foi adaptada ao modelo de casa rural com alpendres e é hoje um
Centro Cultural da Pontifícia Universidade Católica do Rio, na Gávea, restaurado por
Augusto daSilva Telles. (Fig. 12)
.
Mas o patrimônio cultural deixado por D. João inclui outros bens além dos projetos de
Grandjean. Segundo Antônio Gonçalves Pereira da Silva (o padre Perereca) em Memória
Histórica da Ilha de Paquetá, surpreendido por forte temporal, o galeão de D. João foi
obrigado a atracar na ilha de Paquetá, onde o príncipe regente se encantou com a paisagem. 13
O oficial de milícias Francisco Gonçalves da Fonseca, comerciante e industrial conhecido no
Reino, era proprietário do solar que abrigou o Príncipe Regente, cedendo-lhe posteriormente a
propriedade como residência de verão. É hoje conhecido como o Solar d’el Rei.
Do prédio original, edificado no início do século XIX com tipologia de casa de chácara,
permanece a lembrança do estilo singelo e austero, a caiação das fachadas, os vãos em quadro
de madeira, vergas em arco de círculo rebaixado, cercaduras de massa e telhado em quatro
águas coberto por telhas canal. Sendo a casa implantada em terreno amplo de topografia
acidentada, o acesso faz-se por longa estrada sustentada por muros de arrimo. Analisando-se a
planta da construção verifica-se que o corpo principal - dispondo de pavimento duplo -
articula-se aos outros, de um só pavimento, perfeitamente integrados aos acidentes
topográficos e às curvas de níveis, vencidos por rampas ou escadas. 14
(Fig. 13) A casa abriga
hoje a Biblioteca Popular de Paquetá, um museu e uma oficina de artes.
Fig. 11 – Desenho de Debret (c1823).
Solar Grandjean de Montigny
Fig. 12 – Foto atual da casa, que abriga o
Centro Cultural da PUC-Solar Grandjean
de Montigny. (2008)
Fig. 14 - A casa de Banhos de D.
João VI, no Caju - hoje Museu da
COMLURB.( SEDREPAC)
Fig. 13- Solar d´el Rei em
Paquetá, com tipologia de casa de
Chácara. (SEDREPAC)
8. 8
Ao longo de 1817, D. João freqüentou os banhos de mar na Praia do Caju. A família
Tavares Guerra, que bem se relacionava com a família real portuguesa devido aos negócios de
exportação e importação, tinha ali uma propriedade que foi oferecida como apoio aos banhos
de mar de D. João. O soberano, segundo alguns autores, teria comprado a propriedade a qual
denominou Quinta Real do Caju. (atual Praia do Caju n. 385). O prédio hoje remanescente
apresenta a planta quadrada típica de habitação rural brasileira de fins de época colonial.
Constata-se ser a construção bastante simples, de alvenaria e pedra com cornijas e esquadrias
de madeira, apresentando telhado em quatro águas, pilastras com cunhais e vergas em arco
rebaixado sobre as janelas.
Pode-se considerá-la uma construção de transição entre o urbano e o rural. A diferença de
espessura entre a parede externa frontal à rua com 60 cm e as demais, com 40 cm, sugere que
a primeira teria sido erguida em 1817, quando um decreto mandava edificar
compulsoriamente nos terrenos próximos às praias, com graves penas para os proprietários
que não o fizessem. Somente em 1837 o imóvel aparece nos registros de impostos prediais.15
Hoje, completamente restaurada, a casa funciona abrigando o Museu da Limpeza Urbana da
Comlurb. (Fig. 14)
Quanto à residência real, o Paço de São Cristóvão, somente ganhou o estatuto de
neoclássico com após inúmeras reformas 16
. As feições atuais do imóvel seguem o traço de
Manoel de Araújo Porto Alegre, ex-aluno de Debret, cuja adaptação data de 1841.
Outro bem cultural joanino é o Chafariz de Paulo Fernandes, situado à Rua do Riachuelo,
antiga Rua de Mata-Porcos e construído por ordem do intendente Paulo Fernandes Viana, foi
inaugurado em 1818, em terreno cedido pelo tenente-coronel Claudio José Pereira da Silva,
proprietário de vasta chácara na região.17
A obra, em alvenaria de tijolos e cantaria constitui
um dos primeiros chafarizes de uma série resultante da canalização das águas do rio Maracanã
até o Campo de Sant’Ana. (fig.15) Luiz Gonçalves dos Santos - o Padre Perereca, assim
descreve o chafariz em publicação de 1825:
“pouco adiante da casa de Pedro Dias se levantou na estrada de Mata-Porcos uma
caixa com o feitio de torre, para receber a água tomada por ora, do rio Comprido:
esta obra é muito sólida e de cantaria. Forma dois corpos, sobre a cimalha do
primeiro corre por três lados uma varanda de ferro; embaixo, na sua base, tem um
tanque com três bicas que dão água ao povo circunvizinho. Esta torre está encostada
ao monte , por onde vem o encanamento da referida água e daqui segue o aqueduto ,
por canos subterrâneos até o chafariz do Campo de Sant’Ana. El –Rei Nosso senhor
mandou vir de Lisboa uma porção considerável de canos de pedra broqueados, para
fazer perdurável esta grande obra, os quais ainda não se encanaram.” 18
13
Fig.15 - Chafariz Paulo Fernandes, na Rua do
Riachuelo. Foto de 2007.
9. 9
Com arquitetura assobradada, com detalhes em cantaria, o chafariz apresenta uma sacada
no seu segundo piso, cercada por gradil de ferro fundido. Os acessos e ventilações são feitos
através de pesadas esquadrias de madeira. Tombado pelo IPHAN em 11/05/38, é até hoje
admirado por suas linhas sóbrias e neoclássicas.
Porém é o Solar Visconde do Rio Seco, a residência do juiz de fora e presidente do
Senado, Antônio Petra de Bittencourt, que ainda se delineia com forte legibilidade na
fisionomia da Praça Tiradentes. Ao proprietário da mansão cabia a difícil tarefa de
requisitar aposentos para os representantes da corte portuguesa. Situada na esquina do
Largo do Rossio com a Rua Nova do Conde, (atual Visconde do Rio Branco), é
caracterizada por Paulo Santos como uma residência de partido tradicional com beiral de
telhas de canal à vista. (Fig.16) Transferido para a Bahia, o magistrado vendeu o imóvel ao
Visconde do Rio Seco, em 1812. Anos mais tarde, seus descendentes alienaram a
propriedade ao Barão de Taquara, que a alugou ao Clube Fluminense.
Inicialmente denominado Arcádia Fluminense, o Clube era freqüentado por políticos e
membros da aristocracia que ali se dirigiam para tomar chá e ler os jornais. Em 1876, tendo o
governo imperial adquirido o primeiro pavimento, instala-se no prédio a sede da Secretaria de
Justiça e dos Negócios do Interior, adaptada e reformada pelo engenheiro Pereira Passos cuja
atuação na engenharia pública começava a se fazer notar. 14
Hoje, em péssimo estado de conservação, o imóvel - de características bastante clássicas –
que serviu por longos anos como sede do Departamento de Trânsito, integra o Projeto
Tiradentes, que visa à recuperação e revitalização daquela área central. Foi nesta área, na qual
D. João já havia investido desde 1808, quando ali permitiu edificar um dos teatros mais
significativos da história da cidade. Este teatro, demolido em 1928, participou intensamente da
vida política e cultural do Rio de Janeiro, atuando como um pólo de atração para os demais
teatros que foram sendo edificados em seus arredores, inclusive de um teatrinho (do Plácido),
atribuído à Grandjean. Consideramos aqui este legado como uma verdadeira herança
simbólica joanina para um espaço que se transformaria num dos pólos da cultura nacional.
Alguns bens culturais edificados entre 1808 e 1821que ainda existem na cidade,
especialmente prédios de arquitetura laica, situam-se entre a arquitetura clássica portuguesa
(arquitetura chã) 19
e o estilo neoclássico propriamente dito. Este último foi adotado nas obras
do arquiteto José da Costa e Silva, que havia estudado em Roma e, após 1817, nas de
Fig. 17 – O solar já bastante alterado com
características neoclássicas, quando foi
ocupado pela Secretaria da Justiça, ex-
Arcádia Fluminense. 1922 (AGCRJ)
Fig.16 – O Solar Visconde do Rio
Seco, ainda como residência colonial.
(acervo da Biblioteca Nacional)
10. 10
Grandjean de Montigny, oriundo das Beaux-Arts de Paris e filado ao racionalismo
arquitetônico.
A intenção civilizatória de D. João, convocando para a cidade artistas e artífices das
Academias européias não pode ser negada. O apoio concedido à arte em geral e ao teatro e à
música em particular, é objeto de inúmeras teses. Mas os estudiosos polemizam sobre o
fracasso da Missão Francesa de 1816. Apesar das inúmeras obras, herdamos um patrimônio
de pedra e cal muito dilapidado durante a República. Vale lembrar que grande parte da
produção arquitetônica de Grandjean de Montigny não foi edificada ou foram arquiteturas
efêmeras, criadas para comemorações. Arcos do Triunfo, templo à Minerva, estádio elíptico e
um obelisco em falso granito, entre outras, não constituem um legado material, mas a análise
iconográfica permite afirmar que D. João estava bastante interessado em reinventar a cidade,
utilizando meios mais rápidos do que aqueles permitidos pela arquitetura convencional. Os
cenários identificados na iconografia – profícua pelo incentivo de D. João aos artistas e
viajantes que visitaram a cidade-, permitem perceber que as práticas políticas estavam
respaldadas por representações de forte apelo popular, nas quais o simbólico e o imaginário
dos habitantes seriam despertados como no teatro, porém exaltando o poder real. 20
Os vários projetos urbanísticos Grandjean existentes nos arquivos ficaram no papel.
Porém, seu plano pretendendo ligar o Rocio ao Campo da Ajuda e ao mar despertou o desejo
de abrir grandes avenidas no centro histórico, fato que seria concretizado - sob um diferente
traçado - pelo Prefeito Pereira Passos, já no século XX. Por outro lado, o famoso Caminho do
Aterrado - ligando o Largo do Paço ao Palácio de São Cristóvão-, de certa forma conduziu aos
estudos que desaguaram no projeto da Avenida Presidente Vargas. 21
Considero que o maior patrimônio deixado D. João VI não se constitui apenas dos prédios
de feições neoclássicas, ainda hoje existentes, mas sim da ampla abertura cultural deixada na
antiga colônia e que traçou novos rumos para este país através dos ensinamentos da Missão
Francesa e dos trabalhos realizados por discípulos de Grandjean. Jacinto Rabelo, Araujo Porto
Alegre, Bettencourt da Silva, entre outros que construíram o Rio de Janeiro no Império,
deixaram suas marcas e a de seus mestres na história da arquitetura carioca. Hábitos e
costumes cortesãos e inúmeras instituições culturais passaram a fazer parte do cotidiano da
cidade. Pode-se afirmar que a história cultural brasileira passou a incluir práticas e
representações até então inéditas e que aceleraram a inclusão do Brasil no mundo das artes e
das ciências. E, provavelmente, esta história seria diferente se D. João não tivesse idealizado a
proposta de um novo Brasil quando convocou - para construir mais do que uma nova capital
nos trópicos - os artistas que haviam trabalhado para Napoleão Bonaparte.
NOTAS
1
SANTOS, Afonso Carlos Marques dos. Apresentação. In: Rio de Janeiro uma cidade no tempo. LIMA, Evelyn
F.W. et al (org) Rio de Janeiro. PCRJ/ SMCT,1992, p. 1.
2
Até hoje subsiste, bastante modificada, a edificação do Antigo Convento dos Jesuítas, transformada ainda
durante a estada de D. João, em Paço Imperial de Santa Cruz, residência de verão do soberano.
3
Sobre o desenvolvimento urbano e cultural das Minas Gerais nos século XVIII e princípio do XIX, consultar
LIMA, Evelyn F. W. e LACROIX, Nicole. Théâtre et Société dans la région du Minas au Brésil. Un public métis
pour les salles de spectacle. Canadian Journal of History, Canadá, spring 2007, Vol XLII n. 1, pp. 24-51.
4
Cf. COUSTET, Robert. Grandjean de Montigny, urbanista. In: Uma cidade em questão: Grandjean de
Montigny e o Rio de Janeiro. Rio de Janeiro: PUC/FUNARTE/Fund. Roberto Marinho, 1979, pp 65-72, p. 66
5
SANTOS, Paulo. Quatro séculos de arquitetura. Barra do Piraí: Fund. Educacional Rosimar Pimentel, 1977, p.
42.
6
As posturas de Paulo Fernandes Viana incluíram, além de calçamentos e abastecimento de água, substituição
das austeras rótulas de madeira das janelas com muxarabis, por esquadrias envidraçadas.
11. 11
7
Para maiores informações sobre este teatro neoclássico, consultar LIMA, Evelyn Furquim Werneck.
Arquitetura do espetáculo: Teatros e cinemas na formação das praças Tiradentes e Cinelândia. Rio de Janeiro:
1813-1950. Rio de Janeiro: Editora da UFRJ, 2000, p. 33-60.
8
O Decreto Real de 12 de agosto de 1816 criou a Escola Imperial de Belas-Artes, designando alguns
estrangeiros beneméritos como professores com pensão anual de 800.000 réis.
9
Cf MORALES DE LOS RIOS, Adolpho. Subsídios para a história de São Sebastião do Rio de Janeiro. In
Revista do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro, setembro 1914, p. 243.
10
Cf. SANTOS, Paulo. (op. cit.) p. 54.
11
RYKWERT, Joseph. The École des Beaux-Arts and the classical tradition. In: The Beaux-Arts and Nineteenth
Century French Architecture, London, Thames and Hudson, 1982: pp. 9-17, p. 16.
12
Ibidem, p. 13.
13
SILVA, Antônio Gonçalves Pereira da. Memória Histórica da Ilha de Paquetá. Rio de Janeiro, s/ed, 1911.
14
CHIAVARI, Maria Pace. Rio de Janeiro: Preservação e modernidade. Rio de Janeiro: Sextante, 1998, p. 78.
15
Ibidem.
16
A mansão colonial de Elias Antonio Lopes, cedida ao Príncipe Regente em 1808, por volta de 1816
apresentava o estilo neo-gótico, projetado pelo arquiteto Johnson. Em 1822, o pavilhão gótico foi reformado pelo
arquiteto Manuel da Costa que lhe conferiu detalhes mouriscos e, entre 1828 e 1829, o arquiteto francês Pézérat
edificou um segundo pavilhão neoclássico. A análise das litografias e gravuras de Debret permite afirmar que a
volumetria neoclássica do palácio só começou a assemelhar-se à atual a partir das reformas de 1831.
17
SANTOS, Luís Gonçalves dos. (Padre Perereca) Memórias para servir à história do reino do Brasil. Rio de
Janeiro: Zelio Valverde,1943, p. 58.(1a edição em 1825).
18
SANTOS Noronha. Fontes e Chafarizes do Rio de Janeiro. In: Arquitetura Oficial I. São Paulo: FAU-USP/
MEC-IPHAN, 1978, pp 09-110. p. 80 e 8I.
19
Cf. George Kubler. Portuguese Plain Architecture (1521-1706). Middleton: Weslean University Press. O
prefaciador da edição portuguesa José Eduardo Horta Correia traduziu Plain Architecture por “arquitectura chã”,
ou seja, edificações que se exprimem de forma vernacular com ordem e clareza, porém nem sempre obedecem às
regras clássicas ou às normas acadêmicas. (Prefácio à edição portuguesa. Lisboa: Ed. Veja, 1988. p. VIII.)
20
Cf. CHARTIER, Roger. A História Cultural entre práticas e representações. Lisboa: Difel, 1990.
21
Este tema foi desenvolvido em meu livro Avenida Presidente Vargas: uma drástica cirurgia. Rio de Janeiro:
SMCTE/DGDI, Biblioteca Carioca, Vol 12.
BIBLIOGRAFIA
CHARTIER, Roger. A História Cultural entre práticas e representações. Lisboa: Difel, 1990.
CHIAVARI, Maria Pace. Rio de Janeiro: Preservação e modernidade. Rio de Janeiro: Sextante, 1998.
COUSTET, Robert. Grandjean de Montigny, urbanista. In: Uma cidade em questão: Grandjean de Montigny e o
Rio de Janeiro. Rio de Janeiro: PUC/FUNARTE/Fund. Roberto Marinho, 1979, pp 65-72KUBLER, George.
Portuguese Plain Architecture (1521-1706). Middleton: Weslean University Press
LIMA, Evelyn Furquim Werneck. Arquitetura do espetáculo: Teatros e cinemas na formação das praças
Tiradentes e Cinelândia. Rio de Janeiro: 1813-1950. Rio de Janeiro: Editora da UFRJ, 2000.
__________________Avenida Presidente Vargas: uma drástica cirurgia. Rio de Janeiro: SMCTE/DGDI
Biblioteca Carioca, Vol 12.
LIMA, Evelyn F. W. e LACROIX, Nicole. Théâtre et Société dans le Minas au XVIIIe
siècle. Un public métis
pour les salles de spectacle. Canadian Journal of History, Canadá, Spring 2007, pp. 24-51.
SANTOS, Afonso Carlos Marques dos. Apresentação. In: LIMA, Evelyn F.W. et al (org) Rio de Janeiro. PCRJ/
SMCT,1992, p. 1-3.
MORALES DE LOS RIOS, Adolpho. Subsídios para a história de São Sebastião do Rio de Janeiro. In Revista
do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro, setembro 1914.
RYKWERT, Joseph. The École des Beaux-Arts and the classical tradition. In: The Beaux-Arts and Nineteenth
Century French Architecture, London, Thames and Hudson, 1982: pp. 9-17.
SANTOS, Luís Gonçalves dos. (Padre Perereca) Memórias para servir à história do reino do Brasil. Rio de
Janeiro: Zelio Valverde,1943.(1a edição em 1825).
SANTOS Noronha. Fontes e Chafarizes do Rio de Janeiro. In: Arquitetura Oficial I. São Paulo: FAU-USP/
MEC-IPHAN, 1978, pp 09-110.
SANTOS, Paulo. Quatro séculos de arquitetura. Barra do Piraí: Fund. Educacional Rosimar Pimentel, 1977
SILVA, Antônio Gonçalves Pereira da. Memória Histórica da Ilha de Paquetá. Rio de Janeiro, s/ed, 1911.