2. O autor e arquitecto do projecto: Eduardo de Souto Moura Outros intervenientes —, Daniel Monteiro (arquitecto paisagista), AFA (engenharia de estruturas) e Soares da Costa (empreiteiro geral), entre outros
3. O novo estádio de Braga fica na encosta do Monte Castro, um dos pontos mais elevados da cidade. Com duas arquibancadas e lugar para 30 mil pessoas, o estádio foi considerado uma "obra de arte" pelo presidente do Comité de Estádios e Segurança da Uefa, Ernie Walker.
12. “Eu deduzi, não percebendo muito de futebol, que tinha de fazer um palco verde para 22 pessoas mais 3 árbitros, com 105 câmaras a filmar, para ser transmitido para todo o mundo e cujos direitos são de milhões de contos. O que eu tinha de fazer era um estúdio de televisão. E o melhor estúdio de televisão é aquela imagem americana dos estádios verticais dos jogos de boxe, com luz de cima, tudo concentrado ali e com as melhores imagens possíveis para a transmissão.” “Começamos a viajar e era informação, cinema, televisão, Suíça, UEFA, FIFA, regulamentos, segurança, etc. Uma simples guarda era um problema, pois tinha que suportar as cargas tremendas de uma multidão em tumulto, e tinha de ser calculada pelos engenheiros.” Eduardo de Souto Moura
14. MAIS CORPOS Os jogadores, o árbito, os treinadores, jornalistas, etc.
15. “O estádio é uma surpresa porque é fotogénico. Isto é, se eu entro por cima, pela praça, mete medo porque é impressionante. Tem a praça que se prolonga visualmente sobre a cobertura onde estão as fixações dos cabos, que parecem uma espécie de leões. Depois, desço e entro num espaço fechado, sob a pala, e logo mais adiante encontro-me num jogo de escadas como num ambiente do Piranesi. Realmente, se se entrar pela praça, o estádio tem um caráter, se se entrar por baixo ou se se subir encontram-se as galerias com os buracos, à Kahn, com uma perspectiva que varia de piso para piso. A imagem mais forte do estádio são os montantes da arquibancada poente metidos dentro da pedra e que são fixados com cabos que entram 25 metros no terreno. Esses montantes vão segurar a cobertura de 220 metros que tem de agüentar um vento com 200 km/hora. É impressionante a tensão provocada pela pedra entre cada dois montantes. É o betão a querer socorrer-se da pedra e a pedra a responder, os dois estão"de mão dada".Temos jornalistas separados, jogadores separados, público separado, árbitros separados, VIPs separados, super-VIPs ainda mais separados, equipas separadas, e hooligans separados. E agora um tipo pega num lápis, arranja cinco cores e diz assim, VIPs a vermelho, os outros a azul. E depois pensa ao contrário: então, o que acontece quando acaba o jogo? É preciso entregar a taça, o super-VIP tem de estar com a equipa, os jornalistas têm de filmar e fotografar... Existem circuitos separados mas bastidores onde todos se encontram. Dessas dificuldades é que se extrai o encanto, a complexidade das coisas.” Eduardo de Souto Moura
18. “Mal foi aprovado que o estádio iria ser feito como eu sugeria, fui a Epidauros, na Grécia, porque o tema era aquele. Eu não fazia a mínima idéia do que era a relação com a paisagem, como se faziam os cenários de filtragem... Não há arquitectura aberta, mas há filtros. Há os bosques, que para além de garantirem a acústica criavam um primeiro limite e davam um ambiente, e há a paisagem com a silhueta ao fundo. Coisas que os gregos faziam muito bem. E fui a Corinto, ver o canal. Foi nesses sítios e nas visitas que fiz aos estádios, que fui encontrando as sugestões para Braga.” ESM