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UNIDADE 1 – FILOSOFIA ANTIGA
CAPÍTULO 2 – FILOSOFIA CLÁSSICA (CONT.)
SÓCRATES
Sócrates (470 – 399 a.
C.) foi um marco na filosofia
grega. Não deixou nada escrito
e o que sabemos de seu
pensamento é o relatado por
seu discípulo Platão. Ele
nasceu em Atenas, foi
contemporâneo de Péricles, e
crítico do regime democrático.
Ele viveu na época da GUERRA DO
PELOPONESO (431-404 a. C.), que foi motivada pela
forma autoritária e abusiva com que Atenas tratava os
seus aliados.
Um grupo de póleis cansada da tirania Ateniense,
sob a liderança de Esparta, formaram a Liga do
Peloponeso, para enfrentá-la. Essa guerra foi o grande
motivo da decadência das póleis gregas, pois elas foram
se destruindo e abrindo espaço para que inimigos
externos pudessem conquista-las.
Sócrátes participou de algumas batalhas, sendo
condecorado por bravura.
O Oráculo de Delfos o celebrou como o mais
sábio dos homens por ele ter consciência de sua própria
ignorância.
Ele travou um grande embate com os sofistas ao
dizer que estavam errados, que poderíamos sim obter um
conhecimento objetivo, um saber verdadeiro. Sustentava
que o homem poderia conhecer a essência das coisas e
que a primeira pergunta a ser respondida era qual a sua
própria essência.
Para ele, a essência do homem é a sua alma,
entendida como consciência de si. É isso que distingue o
homem dos outros animais. Não é à toa que ele instigava
seus discípulos a terem esse conhecimento, pois era isso
que os tornavam humanos. “Conhece-te a ti mesmo”
estava escrito no pórtico do oráculo que afirmou ser ele
o mais sábio dos homens.
Mas essa consciência de si não era só o simples
saber de um eu individual. Era a consciência de que
somos parte integrante de um conjunto de relações que
formam um todo maior, e que por fazer parte desse todo
é que temos o poder e o dever de conhecer sua essência.
Desse modo, temos o poder de ter essa
consciência moral que nos guia na interação com nossos
semelhantes. Nessas relações só podemos agir
conscientes se tivermos conhecimento da essência das
coisas, sejam elas o bem, a amizade, a virtude, ou até
mesmo a democracia.
O interessante é que Sócrates não trazia respostas
prontas. Por meio do diálogo, ele se posicionava como
um ignorante e começava a questionar as pessoas sobre
o que eles pensavam saber, mostrando-lhes que nada
sabiam, e que o que sabiam eram crenças que lhes foram
passadas como verdades sem nenhum tipo de reflexão
crítica. E ao final, ele fazia a própria pessoa chegar à
verdade.
Talvez se ele aparecesse com verdades prontas
não teria sido Sócrates, mas apenas mais um sabichão
metido a besta. No entanto, como ele fazia a pessoa ver
a verdade pro si própria, por meio da maiêutica, ele foi
o mais sábio dos homens e por isso um perigo para o
sistema.
Ora, pensemos um pouco. No auge do
imperialismo ateniense, quando eles eram tomados como
modelos pelas outras pólis (como o próprio Péricles
afirmou acima); quando eles tratavam seus “aliados” da
Liga de Delos como bem entendiam, usando os recursos
da Liga para tornar Atenas a mais bela e poderosa pólis
que já existira; quando eles estavam maravilhados com
seu regime político, que eles próprios criaram; vem um
cara e começa a botar caraminholas na cabeça dos jovens
perguntando: “será mesmo que vivemos uma
democracia, quando temos um regime político que
permite a um bom orador ir à assembleia e fazer um
discurso bonito e pomposo que leve o povo a aprovar o
que ele quer sem o mínimo de reflexão?”, “será que é
certo tratarmos nossos aliados com toda essa arrogância,
e usando mais a força que a justiça em nossas relações?”,
“será mesmo bom essa democracia onde qualquer um
possa influir nos destinos da pólis, mesmo não tendo
conhecimento do que seja bom e justo?”.
Entendem agora porque Sócrates era um perigo
a ser exterminado o mais rápido possível? Era um traidor,
um corruptor da juventude.
A Guerra do Peloponeso durou 27 anos e
terminou com a vitória de Esparta, no entanto, acabou
deixando as partes envolvidas enfraquecidas.
Desde a derrota de Atenas nessa guerra, o regime
democrático ficou desacreditado pelos próprios
ateniense, e muitos deles começaram a criticá-lo. Eles
argumentavam que em momentos cruciais da guerra,
foram tomadas muitas decisões estúpidas por que foi
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colocado para a maioria decidir, e isso levou à derrota de
Atenas.
O regime democrático ateniense foi substituído
por uma oligarquia comandada por 30 tiranos indicados
por Esparta. Nesse tempo ficou proibido o debate em
público e o ensino de retórica. Mas, alguns anos depois a
democracia foi restaurada e Sócrates voltou a
importunar.
Ele foi acusado e, por mais forte que fossem seus
argumentos de defesa, foi condenado, porque sua
condenação já era certa desde antes mesmo do
julgamento começar. Bebeu cicuta mas não renunciou ao
que disse. O cara era macho, que nem outro barbudo que
vocês ouvem falar desde criancinha.
PLATÃO
Platão (427 – 347 a. C.) foi
o maior discípulo de Sócrates, e
era um homem de família
aristocrática e influente na
política. Como todo jovem
ateniense, era um entusiasta do
regime democrático até conhecer
seu mestre aos vinte anos de
idade.
Sob influência de Sócrates passou a ser também
crítico do regime, e depois de sua morte deixou de
acreditar na possibilidade de uma vida justa e feliz.
Deixou Atenas para fazer uma longa viagem, quando
voltou e fundou a Academia, onde pôde desenvolver suas
teorias e repassá-las a seus vários discípulos.
Na busca de um conhecimento verdadeiro,
buscou um meio de contornar o beco sem saída deixado
por Heráclito e Parmênides. Grande parte de suas ideias
estão escritas em sua mais famosa obra, a República.
Metafísica
O constante devir que Heráclito afirmava ser a
realidade foi chamado de mundo sensível (material)
por Platão. Esse mundo captado pelos sentidos, a causa
de nossos erros e ilusões, era uma cópia imperfeita do
mundo das ideias/formas (inteligível), que
correspondia à permanência de Parmênides, um mundo
captado apenas pelo pensamento, e, portanto, perfeito.
Tudo que existe nesse mundo material é porque
tem sua ideia no mundo superior. Apesar da
multiplicidade com que ela possa aparecer no mundo
sensível, a ideia é uma só, indestrutível e eterna.
Segundo Platão,
apesar de existirem diferentes
tipos de cavalo, a ideia de
cavalo é uma só. Quando
pensamos em cavalo,
pensamos a ideia e não
determinado cavalo.
Mas como foi que aconteceu essa cópia? Platão
nos diz que foi um demiurgo (construtor) que plasmou
do mundo das ideias esse mundo imperfeito. Tudo que
existe nesse mundo em que vivemos, já existe no mundo
superior das ideias.
Seguindo esse raciocínio, a pólis deveria ser
organizada de acordo com a pólis ideal, para que seus
cidadãos pudessem viver de acordo com o supremo bem
e a justiça.
Mas como fazer isso? Como conhecer esse
mundo ideal e verdadeiro para viver de acordo com o que
é bom e justo nesse mundo de erros, se eu estou nesse
segundo e tudo que percebo vem dele?
Platão afirma que somente pela dialética é
possível alcançar gradativamente o que é verdadeiro, e
passar das ilusões ao real. Importante deixar claro que a
dialética Platônica é o que a etimologia da palavra sugere,
um diálogo crítico em busca da verdade que se passa do
senso comum ao conhecimento verdadeiro.
Ele explica essa passagem do falso ao real pela
alegoria do mito da caverna, ilustrada na figura abaixo.
Aqueles caras deitados no chão nasceram e
cresceram ali, e a única coisa que eles viam eram aquelas
sombras. Por nunca terem visto outra coisa, eles
julgavam que aquelas sombras eram os objetos
verdadeiros.
Só que um dia, um deles consegue se soltar e sair
da caverna. Lá fora, ele não consegue enxergar nada
porque é quase cegado pela luz do sol. Aos poucos ele
vai conseguindo ver as coisas e se dá conta que aquilo que
viam na caverna eram apenas as sombras, que eles
tomavam por verdadeiro aquilo que era falso.
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Depois, ele volta para alertar os outros de sua
condição, mesmo sabendo que eles podem não acreditar
no que ele estava dizendo. Alguns dizem que ele está
louco e outros decidem acompanhá-lo.
Política
Platão não via a democracia como um bom
regime, foi a democracia que matou o mais sábio dos
homens. E foi a democracia que levou Atenas à guerra e
à ruía. Como é que pessoas não instruídas sobre valores
como o bem comum, amizade, virtudes, justiça, podem
governar? Já imaginou dar poder de governar àqueles
caras acorrentados na caverna que só veem sombras?
Seria um desastre. Como de fato foi.
Por isso que ele defende que quem deve governar
a pólis são os filósofos, aqueles que saíram da caverna
(mundo sensível) e conheceram a realidade (mundo das
ideias). Só eles possuem as virtudes e o conhecimento
necessário (as ideias) para dar à pólis uma estrutura bem
ordenada de forma que o bem e a justiça possam reger as
relações entre seus habitantes.
Esses filósofos não pertenceriam a classe social
alguma. Em, A República, ele apresenta um processo de
educação que começa aos 07 e vai até os 30 anos, sendo
que todos participam, independente da classe social e do
sexo. Isso mesmo, Platão defendia que as mulheres
poderiam ser educadas para participar da vida pública.
Platão entendia o homem como sendo corpo e
alma. Esta, que antes era livre no mundo das ideias,
agora vive prisioneira no corpo, esquecendo-se de tudo
que já havia contemplado. Ela seria composta por três
partes: a racional, representada pela inteligência; a
emotiva, representada pelas emoções; e a apetitiva,
representada pelos desejos carnais de sobrevivência e
reprodução. Se livrar das emoções e desejos carnais era
necessário para contemplar o mundo das ideias, porque
eles não fazem parte daquele mundo.
Esse processo educacional, serviria para fazer a
alma atingir o mundo das ideias, ou seja, relembrar
(processo de reminiscência da alma) do lugar de onde
veio. Por isso, só completariam todo o percurso
educacional aqueles que adquirissem e exercitassem as
virtudes necessárias a fazer com que a parte racional de
sua alma se sobrepusesse acima das partes emotiva e
apetitiva que o deixa preso nesse mundo de aparências.
Somente esses seriam filósofos.
Em uma pólis bem ordenada os seus habitantes
seriam divididos em três grupos, de acordo com suas
virtudes, assim como a alma. Os que cuidam da
subsistência (agricultores, comerciantes, artesão, etc), os
que a defendem (guerreiros), e os que a governam (os
filósofos). Cada um, ao exercitar suas virtudes,
desempenha um papel na sociedade, contribuindo como
podem para o seu bom funcionamento.
ARISTÓTELES
Juntamente com Platão,
Aristóteles (384 – 322 a. C.) é a
grande referência da filosofia
grega antiga que vai influenciar
na construção do mundo
ocidental. Dante Alighieri dizia
que ele foi o mestre dos
mestres, e São Tomaz de
Aquino se referia a ele como
“o” filósofo.
Ele foi o pensador que analisou todo o
pensamento grego e o melhorou; escreveu sobre quase
tudo, de metafísica à biologia. Em resumo, ele foi “o
cara”. Por isso, devemos estudar Aristóteles como o
porta-voz dos gregos instruídos, pois era assim que ele se
considerava.
Apesar de ter sido um dos maiores pensadores
que Atenas produziu, ele era um meteco, e como tal, sem
direitos políticos.
De Estagira, na Macedônia, Aristóteles sai aos 18
anos para estudar na Academia de Platão em Atenas.
Isso, provavelmente, uns 10 anos antes do domínio
macedônico sobre a Grécia. Com uma mente notável,
permanece por lá durante 20 anos até a morte de Platão.
Após a morte do mestre, a quem Aristóteles era
muito amigo e admirador, não vê mais motivos de
continuar na academia e sai de Atenas para viajar por um
bom tempo.
Em 335 a. c., o rei Felipe II o chama para morar
em Pela, capital do império macedônico, e ser professor
de seu filho Alexandre, condição na qual permaneceu até
este assumir o poder. Essa proximidade com a corte
macedônica se dava pelo fato de Nicômaco, seu pai, ter
sido o médico do rei Amintas, pai de Felipe.
Aristóteles foi um grande pensador sistemático,
que dividiu os saberes em:
Produtivos/Poéticos – que se destinam a
produção das coisas que são úteis aos homens. Ex: artes,
arquitetura, carpintaria, etc.
Práticos - que tratam das práticas que os homens
mantem entre si. Ex: política, ética, economia, etc.
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Teóricos – dispõem sobre os conhecimentos
contemplativos da realidade, das coisas que existem
independentes do homem. Ex: física, matemática,
astronomia, etc.
Metafísica
Segundo ele, enquanto os saberes particulares
refletem sobre os seres particulares sujeitos ao
movimento (devir), existe um saber que reflete sobre
todos esses seres em conjunto, que estuda o que há de
comum a todos eles, e que os estruturam em um todo
organizado.
Esse saber ele chamou de Filosofia Primeira, que
mais tarde ficou conhecida como Metafísica (meta +
físico = além do físico). É ela que analisa os princípios e
a essência última do mundo, do universal, contida em
todos os seres. É ela que diz se o objeto (esse mundo que
nos rodeia) dos saberes particulares é real e verdadeiro.
Na sua investigação do que seja a realidade, afim
de fundar um conhecimento verdadeiro das coisas,
Aristóteles superou Heráclito, Parmênides, e deu uma
resposta diferente da de Platão, criticando a posição de
seu mestre.
Para ele, esse mundo material que nos envolve e
que é mutável, não é uma ilusão ou cópia imperfeita de
algo (Parmênides e Platão), mas também não é toda a
realidade (Heráclito).
A mudança não é algo que torne as coisas
ilusórias ou imperfeitas, mas é na realidade a sua essência.
E se Parmênides e Platão dizem que não dá para
construir um conhecimento verdadeiro sobre ela,
Aristóteles afirma que eles estão errados, que dá para
obter um conhecimento verdadeiro desse mundo, esse
conhecimento é a Física.
Crítico do dualismo platônico, ele não acreditava
que deveríamos conhecer primeiro um mundo intelectual
para só assim conhecermos o mundo material.
Aristóteles voltou a investigação filosófica para a matéria
afirmando que o ser (o real/inteligível) encontra-se nela,
na matéria, e que a possibilidade de compreensão e
apreensão do real (ser) deve-se dar a partir dela. Essa
discordância com Platão ficou bem retratada na obra do
renascentista Rafael Sanzio.
Ele acreditava que existe uma ordem
(inteligência) regendo todos os seres (matéria). Cada
objeto que existe possui essa ordem dentro de si, que o
constitui, que o faz ser como ele é, e que pode fazer ele
se tornar algo melhor, sempre almejando uma finalidade.
Ou seja, o inteligível está nas coisas e não separado
dela em um mundo exterior.
O que faz cada ser, ser o que é, Aristóteles
denominou de Substância/essência, e pelo fato do
homem ser dotado de consciência (racional), ele pode
conhecer a essência/substância das coisas.
Esse conhecimento se dá, segundo ele, quando
investigamos vários particulares até abstrairmos uma
essência comum a todos, na qual podemos generalizar
através do conceito geral/universal. Esse método de ir do
particular ao geral é a indução.
Para Aristóteles, os seres se diferenciam pela
quantidade de movimento a que estão sujeitos, e a
depender dessa quantidade existe um conhecimento
próprio ao seu estudo.
De acordo com a metafísica aristotélica, todo ser
físico possui uma matéria de que é feito e uma forma que
o individualiza. Essa matéria possui a capacidade de se
tornar algo diferente, de assumir outra forma,
atualizando-se. E é o movimento que lhe é inerente,
essencial, que faz acontecer essa mudança.
Desse modo, os conceitos (categorias) que
Aristóteles desenvolveu em sua metafísica para entender
a realidade são:
Matéria – é aquilo do que o ser é feito.
Forma – é o que o individualiza, tornando-o o
que ele é.
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Potência – é capacidade/possibilidade que a
matéria tem de mudar.
Ato – é a forma que ele está assumindo agora.
Substância – é a essência do ser, aquilo que o faz
ser o que é.
Acidente – são as características não essenciais
do ser, que, caso ele tenha ou não, não o impede de ser o
que ele é. Exemplo: grande/pequeno, amarelo/azul,
leve/pesado, etc.
Mas quais são as causas dessa mudança, do
movimento. Aristóteles diz que são quatro, a saber:
Causa material – refere-se à sua matéria. Uma
pedra nunca vai ser um homem adulto
Causa eficiente/motora – refere-se àquilo que
age sobre a matéria para que ela adquira outra forma.
Causa formal – refere-se àquilo que a matéria
tende a se tornar.
Causa final – refere-se ao propósito ao qual a
matéria sofreu todo o movimento para se tornar o que é.
Lembre-se sempre que no pensamento
aristotélico, TODAS as coisas têm uma finalidade, tudo
tem um propósito e uma função. A causa final é a causa
mais importante de todas, é a inteligência (o logos)
ordenando o mundo, e todos os seres estão sujeitos a ela,
sejam eles animados ou inanimados. Tudo tem seu
propósito e fim. Por essa razão é que o pensamento
aristotélico é chamando de teleológico (telos + lógico =
fim ordenado).
E quando ele investiga a causa das causa ele se
depara com o princípio causador de todas as causas, qual
seja, o Primeiro Motor Imóvel. Ele é ato puro, não sujeito
a nenhum tipo de movimento, é o incausado que é a
causa de todas as causas.
Política
Assim como o próprio Platão percebeu mais
tarde que seu projeto de funcionamento de uma pólis
ideal governada por reis filósofos não era viável,
Aristóteles também sabia que esse projeto nunca daria
certo.
Tendo isso em mente, ele elaborou um projeto
político que fosse viável, e desenvolveu uma política para
o homem comum. Mas não entenda esse homem como
qualquer um. É o homem bem instruído, e de
determinadas posses, que o permitisse ter ócio suficiente
para se voltar aos estudos e à política.
Nessa linha de raciocínio, a polis que esse homem
habitaria seria a melhor possível. Ela teria sua
constituição como sendo um reflexo desse tipo de
homem. E como seria essa polis?
Para dar essa resposta, Aristóteles analisou 158
constituições diferentes, e definiu os tipos possíveis de
governo conforme o quadro abaixo:
BOM RUIM
UM MONARQUIA TIRANIA
POUCOS ARISTOCRACIA OLIGARQUIA
MUITOS REPÚBLICA DEMOCRACIA
A corrupção de um regime a outro, acontece
quando quem governa se desvia do objetivo de atingir o
bem comum, e passa a governar de acordo com seus
interesses.
Quanto à melhor forma de governo, Aristóteles
diz que vai depender do tipo de povo. Segundo ele, existe
uma disposição natural em cada povo que o torna
propício a determinada forma de governo.
Particularmente, ele prefere a monarquia, e argumenta
que dentre as formas corrompidas de governo, a
democracia é a melhor.
Para compreendermos bem o pensamento
aristotélico sobre a política e a ética é importantíssimo
sabermos que ele não entendia as duas separadamente.
Isso porque ele, assim como os gregos instruidos, não
entendia um modo de ser, um comportamento do
ánthropos (homem) que não fosse o mesmo do zoôn
politikon (animal político). Ser homem para ele era ser
político/cidadão.
Tanto é que a palavra ética vem de ethos que de
forma abrangente quer dizer modo de ser, e a palavra
política vem de polis + ética, ou seja, o modo de ser da
pólis. Não existe comportamento racional/inteligível que
não seja dentro da pólis.
Segundo ele, um homem que não vivesse em
comunidade, ou era um deus, ou uma fera. E se vivesse
em comunidade que não fosse uma pólis, seria inferior.
Por isso que um estrangeiro era inferior a um grego e era
legítimo que ele fosse escravizado. Por isso, Aristóteles
condenava a escravidão entre os gregos livres, por ser
contrário à natureza das coisas.
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Aí você pode pensar, mas não é todo mundo
gente do mesmo jeito? Nananinanan, não. Vamos botar
os pingos nos ís. Aristóteles tinha em mente que todos
nós, gregos ou não, somos zoôn (animais), mas apenas os
que vivem numa comunidade política, numa pólis, são
zoôn polítikon, são ánthropos (ανθρώπου).
Ora, nós vimos acima que o pensamento racional
surgiu com a pólis. A racionalidade, que é uma descoberta
grega, que era, portanto, grega, é uma racionalidade
política, no sentido de comunitária, e o que faz o ánthropos
(homem) ser superior aos outros animais é justamente
isso, ser racional. Mas ele só pode ser racional se fizer
parte dessa comunidade política que é a pólis, pois
somente nela, ele pode desenvolver a sua natureza
racional. E se é assim, a pólis também é algo natural ao
homem.
As leis que regem a pólis são criações da palavra
(logos/razão), que não é mais ditada pelos deuses a um
sacerdote que a transmite aos homens. Ela é
genuinamente humana, fruto do debate, da dialética,
expressão do logos (razão) que organiza a pólis e reina
sobre os homens, não todos os homens, mas sobre os
gregos.
É essa palavra (logos) que é o conhecimento do
que é útil, do bem e do mal, do justo e do injusto; e viver
de acordo com a justiça é viver a boa vida, permitida
apenas na pólis. É isso que faz de um grego, um zoôn
(animal) politikon (superior), e somente este é ánthropos
(ανθρώπου).
Repito, tudo isso de que estamos falando foi
construído por eles, por isso, não é obra do homem em
geral, mas dos gregos em particular. Aristóteles está
falando para os gregos, ele está ensinando a eles, e não a
todos os homens do planeta. E por que não?
Por que ele acreditava que só os gregos eram
capazes de entender o que ele estava dizendo, e é aqui
que reside o preconceito que não é só de Aristóteles, mas
dos gregos em geral.
Ética
Como viver essa boa vida, que só era possível
participando da pólis? Aristóteles deixou essa resposta
em sua obra Ética a Nicômaco. Como já vimos, ele
concebia que tudo tem um fim, e não seria diferente com
as ações humanas, que devem ser realizadas objetivando
atingir o bem supremo que é a eudaimonia, comumente
traduzida por felicidade.
Não devemos entender essa felicidade como uma
emoção que temos quando algo bom nos acontece. Ela
está mais para um estado de plenitude, uma forma de
viver plena, voltada para o bem, para o saber, para a
justiça, no aperfeiçoamento constante do caráter. E viver
dessa forma não é possível sem as virtudes.
As virtudes são as qualidades do caráter que
nos permitem conseguir os bens necessários
(materiais e imateriais) para viver plenamente, ou seja,
ter uma vida feliz. E a principal delas é a phronesis, a
nossa conhecida prudência.
Ela é a sabedoria, o saber prático necessário, a
chave da felicidade, para viver moderadamente. É a
prudência que nos permite viver sem exageros e nem
deficiências, ou seja, no meio termo. É essa virtude que
nos permite saber como agir moderadamente em cada
situação particular.
CAPÍTULO 3 – FILOSOFIA HELENISTICA
CONTEXTO HISTÓRICO - ALEXANDRE O
GRANDE
Enfraquecidos pela Guerra do Peloponeso, os
gregos não resistiram ao ataque macedônico na
BATALHA DE QUERONEIA (338 a. C.) e
sucumbiram diante do rei Felipe II.
O domínio macedônico não ficou só na Grécia.
Com a morte do rei Felipe II, seu filho Alexandre (336 –
323 a. C.) de apenas 18 anos, assume o poder e conquista
os grandes domínios do Império Persa, expandindo o
poderio macedônico até a Índia.
Alexandre foi
educado nos costumes
gregos, teve Aristóteles como
seu professor, e espalhou a
cultura grega por um
vastíssimo território. A
expansão e mistura da cultura
grega com a dos povos
orientais originou o que foi
conhecido de Helenismo.
Seu império não resistiu à sua morte, foi dividido
entre seus generais, e foi conquistado pelos romanos. No
entanto, as cidades fundadas por ele continuaram
transmitindo a cultura grega para diversos povos ao
longo de séculos. Como exemplo, podemos citar
Alexandria no Egito, Pérgamo na Ásia Menor, e a Ilha de
Rodes no Mar Egeu.
Alexandria foi a que mais se destacou ao possuir
a maior biblioteca do mundo de sua época, e por ter
formado uma escola com grandes pensadores.
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Abaixo, mapa indicando o tamanho da expansão
do Império Macedônico.
Alexandre com sua expansão promove
gradualmente a queda da pólis. Ele dá início ao primeiro
projeto de globalização, com a convivência de povos de
diferentes costumes vivendo sob um mesmo território e
domínio.
Esse novo mundo que Alexandre estava criando
requeria um novo homem, que deixaria de ser um
cidadão da pólis para ser um cidadão do mundo, da
cosmopólis, ou seja, um cosmopolita.
Dessa maneira, todo aquele corpo teórico
sustentado pelos filósofos gregos, que concebia a pólis
como sendo o único lugar onde o homem poderia
exercitar suas virtudes e fazer florescer suas
potencialidades, foi perdendo sentido, pois a pólis estava
deixando de existir em seu formato original.
Essas mudanças na forma de ver o mundo
colocavam novas questões que não podiam ser
respondidas pelos escritos filosóficos já existentes.
É nesse contexto que surgem novas correntes de
pensamento filosóficas, como respostas às novas
questões postas por essas transformações.
Epicurismo
Fundada por Epicuro (341 – 271 a. C), o
epicurismo ensinava que os homens devem se libertar
dos medos e viver uma vida voltada para os simples
prazeres (hedonismo), como beber quando se tem sede,
comer quando se tem fome, aproveitar a presença dos
amigos e familiares. Tudo com moderação.
Estes prazeres seriam entendidos como a
superação dos desejos estimulados em sociedade, como
a busca por fama, riqueza e poder. A felicidade seria,
portanto, essa libertação dos desejos e prazeres, com o
objetivo de se levar uma vida serena e simples, própria de
um sábio.
Estoicismo
Outra doutrina foi a de Zenão de Cício (336 –
263 a. C.), que ficou conhecida por estoicismo. Segundo
ela, o homem deveria viver indiferente aos problemas da
vida. Teria que desprezar totalmente qualquer tipo de
prazer, pois os entendia como a causa dos males.
Para esse filósofo, o homem deveria dedicar-se
apenas à sabedoria sobre a ordem do cosmo para viver
de acordo com ele, pois o homem não pertence a lugar
nenhum, mas ao mundo.
Ceticismo
Pirro de Élida (360-270 a.C.) foi o maior nome
dessa corrente filosófica. Ele tirou suas conclusões
depois de participar das expedições de Alexandre o
Grande, onde percebeu, ao ter contato com diversas
culturas, que não há como se ter conhecimento do que
seja verdadeiro ou falso, e que a maior sabedoria que o
homem poderia alcançar é a aceitação desse fato. E negar
isso é a causa de todos os males e infelicidades.
Cinismo
Figura emblemática do cinismo é Diógines de
Sínope (400-325 a. C.), mais conhecido como Diógines o
cão. Ele viveu em Atenas de acordo com o que
acreditava, morando em um barril e comendo apenas o
os outros lhe davam, pois o cinismo pregava que as
pessoas deveriam viver da forma mais simples possível,
como um cão, desprezando todas as convenções sociais.
Tudo que era natural deveria ser feito aos olhos
de todos, e considerava coisas tolas a riqueza, fama,
poder, e honras.
Em busca de uma pessoa que não fosse corrupta,
ele andava com uma lanterna interpelando a todos que
encontrava.
Certa vez o imperador Alexandre foi ao seu
encontro e disse que lhe daria qualquer coisa que ele
pedisse, quando então, Diógenes pediu apenas que ele
saísse da frente do sol, pois estava impedindo-o de
receber sua luminosidade.
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QUESTÕES
01. O método argumentativo de Sócrates (469 – 399 a.C.)
consistia em dois momentos distintos: a ironia e a
maiêutica. Sobre a ironia socrática, pode-se afirmar que:
I – Torna o interlocutor um mestre na argumentação
sofística.
II – Leva o interlocutor à consciência de que seu saber
era baseado em reflexões, cujo conteúdo era repleto de
conceitos vagos e imprecisos.
III – tinha um caráter purificador, à medida que levava o
interlocutor confessar suas próprias contradições e
ignorâncias.
IV – tinha um sentido depreciativo e sarcástico da
posição do interlocutor.
Assinale:
a) se apenas a afirmação III é correta.
b) Se as afirmações I e IV são corretas.
c) Se apenas a afirmação IV é correta.
d) Se as afirmações II e III são corretas.
02. O trecho abaixo faz uma referência ao procedimento
investigativo adotado por Sócrates.
“O fato é que nunca ensinei pessoa alguma. Se alguém
deseja ouvir-me quando falo ou me encontro no
desempenho de minha missão, quer se trate de moço ou
velho (...) me disponho a responder a todos por igual,
assim os ricos como os pobres, ou se o preferirem, a
formular-lhes perguntas, ouvindo eles o que lhes falo.”
PLATÃO. Apologia de Sócrates. Belém: EDUFPA, 2001. (33a – b)
Marque a alternativa que melhor representa o “método”
socrático.
a) Sócrates nada ensina porque apenas transmite aquilo
que ouve do seu daímon. Seu procedimento consiste em
discursar, igualmente para qualquer ouvinte, com longos
discursos demonstrativos retirados da tradição poética ou
com perguntas que levam o interlocutor a fazer o mesmo.
A ironia é o expediente utilizado contra os adversários,
cujo objetivo é somente a disputa verbal.
b) A profissão de ignorância e a ironia de Sócrates fazem
parte do seu procedimento geral de refutação por meio
de perguntas e respostas breves (o élenkhos), e
constituem um meio de reverter os argumentos do
interlocutor para fazê-lo cair em contradição. A refutação
socrática revela a presunção de saber do adversário, pela
insuficiência de suas definições e pela aporia.
c) Sócrates nunca ensina pessoa alguma, porque a
profissão de ignorância caracteriza o modo pelo qual
encoraja seus discípulos a adquirirem sabedoria
diretamente do deus do Oráculo de Delfos. A ironia
socrática é uma dissimulação que, pela zombaria, revela
as verdadeiras disposições do pequeno número dos que
se encontram aptos para a Filosofia.
d) Sócrates nunca ensina pessoa alguma sem antes
testar sua aptidão filosófica por meio de perguntas e
respostas. Seu procedimento consiste em destruir as
definições do adversário por meio da ironia. A ignorância
socrática encoraja o adversário a revelar suas opiniões
verdadeiras que, pela refutação, dão a medida da aptidão
para a vida filosófica.
03. Analise o seguinte fragmento do diálogo Fedro, de
Platão (427-347 a.C.).
SÓCRATES: – Vamos então refletir sobre o que há
pouco estávamos discutindo; examinaremos o que seja
recitar ou escrever bem um discurso, e o que seja recitar
ou escrever mal.
FEDRO: – Isso mesmo.
SÓCRATES: – Pois bem: não é necessário que o orador
esteja bem instruído e realmente informado sobre a
verdade do assunto de que vai tratar?
FEDRO: – A esse respeito, Sócrates, ouvi o seguinte:
para quem quer tornar-se orador consumado não é
indispensável conhecer o que de fato é justo, mas sim o
que parece justo para a maioria dos ouvintes, que são os
que decidem; nem precisa saber tampouco o que é bom
ou belo, mas apenas o que parece tal – pois é pela
aparência que se consegue persuadir, e não pela verdade.
SÓCRATES: – Não se deve desdenhar, caro Fedro, da
palavra hábil, mas antes refletir no que ela significa. O
que acabas de dizer merece toda a nossa atenção.
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FEDRO: – Tens razão.
SÓCRATES: – Examinemos, pois, essa afirmação.
FEDRO: – Sim.
SÓCRATES: – Imagina que eu procuro persuadirte a
comprar um cavalo para defender-te dos inimigos, mas
nenhum de nós sabe o que seja um cavalo; eu, porém,
descobri por acaso uma coisa: “Para Fedro, o cavalo é o
animal doméstico que tem as orelhas mais compridas”...
FEDRO: – Isso seria ridículo, querido Sócrates.
SÓCRATES: – Um momento. Ridículo seria se eu
tratasse seriamente de persuadir-te a que escrevesses um
panegírico do burro, chamando-o de cavalo e dizendo
que é muitíssimo prático comprar esse animal para o uso
doméstico, bem como para expedições militares; que ele
serve para montaria de batalha, para transportar bagagens
e para vários outros misteres.
FEDRO: – Isso seria ainda ridículo.
SÓCRATES: – Um amigo que se mostra ridículo não é
preferível ao que se revela como perigoso e nocivo?
FEDRO: – Não há dúvida.
SÓCRATES: – Quando um orador, ignorando a
natureza do bem e do mal, encontra os seus concidadãos
na mesma ignorância e os persuade, não a tomar a
sombra de um burro por um cavalo, mas o mal pelo bem;
quando, conhecedor dos preconceitos da multidão, ele a
impele para o mau caminho, – nesses casos, a teu ver, que
frutos a retórica poderá recolher daquilo que ela semeou?
FEDRO: – Não pode ser muito bom fruto.
SÓCRATES: – Mas vejamos, meu caro: não nos teremos
excedido em nossas censuras contra a arte retórica? Pode
suceder que ela responda: “que estais a tagarelar, homens
ridículos? Eu não obrigo ninguém – dirá ela – que ignore
a verdade a aprender a falar. Mas quem ouve o meu
conselho tratará de adquirir primeiro esses
conhecimentos acerca da verdade para, depois, se dedicar
a mim. Mas uma coisa posso afirmar com orgulho: sem
as minhas lições a posse da verdade de nada servirá para
engendrar a persuasão”.
FEDRO: – E não teria ela razão dizendo isso?
SÓCRATES: – Reconheço que sim, se os argumentos
usuais provarem que de fato a retórica é uma arte; mas,
se não me engano, tenho ouvido algumas pessoas atacá-
la e provar que ela não é isso, mas sim um negócio que
nada tem que ver com a arte. O lacônio declara: “não
existe arte retórica propriamente dita sem o
conhecimento da verdade, nem haverá jamais tal coisa”.
(Platão. Diálogos. Porto Alegre: Editora Globo, 1962.)
Após uma leitura atenta do fragmento do diálogo Fedro,
pode-se perceber que Sócrates combate,
fundamentalmente, o argumento dos mestres sofistas,
segundo o qual, para fazer bons discursos, é preciso
A) evitar a arte retórica.
B) conhecer bem o assunto.
C) discernir a verdade do assunto.
D) ser capaz de criar aparência de verdade. E unir a arte
retórica à expressão da verdade.
E) unir a arte retórica à expressão da verdade.
04. O diálogo socrático de Platão é obra baseada em um
sucesso histórico: no fato de Sócrates ministrar os seus
ensinamentos sob a forma de perguntas e respostas.
Sócrates considerava o diálogo como a forma por
excelência do exercício filosófico e o único caminho para
chegarmos a alguma verdade legítima.
De acordo com a doutrina socrática,
A) a busca pela essência do bem está vinculada a uma
visão antropocêntrica da filosofia.
B) é a natureza, o cosmos, a base firme da especulação
filosófica.
C) o exame antropológico deriva da impossibilidade do
autoconhecimento e é, portanto, de natureza sofística.
D) a impossibilidade de responder (aporia) aos dilemas
humanos é sanada pelo homem, medida de todas as
coisas.
05. Em Platão, as questões metafísicas mais importantes
— e a possibilidade de serem solucionadas — estão
vinculadas aos grandes problemas da geração, da
corrupção e do ser das coisas. Para Platão,
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A) o dualismo ontológico é uma impossibilidade,
enquanto o mundo sensível traz em si a causa da sua
própria existência.
B) a Ideia é um ente puro de razão, uma representação
mental: não um ser dotado de realidade ontológica ou de
potência causal.
C) há inteligibilidade e, então, possibilidade de se
produzir ciência (episteme) no mundo da sensibilidade,
do corpóreo, do múltiplo.
D) as coisas sensíveis não se explicam comelementos
físicos (cor, figura, extensão), mas em função de urna
causa-em-si, verdadeira e não física.
06. Segundo Platão, as opiniões dos seres humanos sobre
a realidade são quase sempre equivocadas, ilusórias e,
sobretudo, passageiras, já que eles mudam de opinião de
acordo com as circunstâncias. Como agem baseados em
opiniões, sua conduta resulta quase sempre em injustiça,
desordem e insatisfação, ou seja, na imperfeição da
sociedade.
Em seu livro A República, ele, então, idealizou uma
sociedade capaz de alcançar a perfeição, desde que seu
governo coubesse exclusivamente
a) aos guerreiros, porque somente eles teriam força para
obrigar todos a agirem corretamente.
b) aos tiranos, porque somente eles unificariam a
sociedade sob a mesma vontade.
c) aos mais ricos, porque somente eles saberiam aplicar
bem os recursos da sociedade.
d) aos demagogos, porque somente eles convenceriam a
maioria a agir de modo organizado.
e) aos filósofos, porque somente eles disporiam do
conhecimento verdadeiro e imutável.
07. A Alegoria da Caverna de Platão, além de ser um
texto de teoria do conhecimento, é também um texto
político. No sentido político, é correto afirmar que Platão
sustentava um modelo.
a) monárquico, cujo governo deveria ser exercido por um
filósofo e cujo poder deveria ser absoluto, centralizador
e hereditário.
b) aristocrático, baseado na riqueza e que representava os
interesses dos comerciantes e nobres atenienses, por
serem os mecenas das artes, das letras e da filosofia.
c) democrático, baseado, principalmente, na experiência
política de governo da época de Péricles.
d) aristocrático, cujo governo deveria ser confiado aos
melhores em inteligência e em conduta ética.
08. Sobre a Alegoria da Caverna de Platão pode-se
afirmar que
a) o filósofo deve ter uma vida exclusivamente
contemplativa
b) a educação do filósofo visa também a atividade
política.
c) os sentidos são fundamentais para o conhecimento
d) qualquer um pode encontrar em si mesmo, pela
intuição, a luz para o conhecimento.
09. Somente uns poucos indivíduos, se aproximando das
imagens através dos órgãos dos sentidos, com dificuldade
nelas entreveem a natureza daquilo que imitam.
PLATÃO. FedrO. Ln: __ . Diálogos socráticos. v. 3. TrAduçÃO
de edsOn Bini. BAuru/sP: ediPrO, 2008, P. 64 [250B].
Assinale a alternativa que explicita a teoria de Platão
apresentada no trecho acima.
A) A teoria materialista que fixa a imagem como o reflexo
de corpos físicos que constituem a única realidade
existente.
B) A teoria das ideias que estabelece a distinção entre o
mundo sensível e o mundo inteligível, sendo que as
imagens captadas pelos sentidos humanos despertam a
alma para as ideias que habitam o mundo inteligível.
C) A teoria existencialista que delimita o espaço vital do
homem e lhe impede de transcender para além do mundo
sensível.
D) A teoria niilista que admite dois mundos, mas que
nega qualquer possibilidade de conhecimento das coisas
e das ideias.
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10. A opinião (doxa, em grego), no pensamento de Platão
(427-347 a.C.) representa um saber sem fundamentação
metódica. É um saber que possui sua origem
A) nos mitos religiosos, lendas e poemas da Grécia
arcaica.
B) nas impressões ou sensações advindas da experiência
sensível.
C) no discurso dos sofistas na época da democracia
ateniense.
D) num saber eclético, proveniente de algumas idéias dos
filósofos pré-socráticos.
11. “Sócrates: imaginemos que existam pessoas morando
numa caverna. Pela entrada dessa caverna entra a luz
vinda de uma fogueira situada sobre uma pequena
elevação que existe na frente dela. Os seus habitantes esta
lá dentro desde a infância, algemados por correntes nas
pernas e no pescoço, de modo que não conseguem
mover-se nem olhar pra trás, e só podem ver o que
ocorre à sua frente. (...) Naquela situação, você acha que
os habitantes da caverna, a respeito de si mesmos e dos
outros, consigam ver outra coisa além das sombras que o
fogo projeta na parede ao fundo da caverna?”.
(PLATÃO. A República [adaptação de Marcelo Perine]. São Paulo:
Editora Scipione, 2002. p. 83).
Em relação ao celebre mito da caverna e as doutrinas que
ele representa, assinale o que for correto.
01. No mito da Caverna, Platão pretende descrever os
primórdios da existência humana, relatando como era a
vida e a organização social dos homens no principio do
seu processo evolutivo, quando habitam em cavernas.
02. O mito da Caverna faz referência ao
contraste ser e parecer, isto é, realidade a aparência, que
marca o pensamento filosófico desde sua origem e que é
assumido por Platão em sua famosa teoria das ideias.
04. O mito da caverna simboliza o processo de
emancipação espiritual que o exercício da filosofia é
capaz de promover, libertando o individuo das sombras
da ignorância e dos preconceitos.
08. É uma característica essencial da filosofia de Platão a
distinção entre mundo inteligível e mundo sensível; o
primeiro ocupado pelas ideias perfeitas, o segundo pelos
objetos físicos, que participam daquelas Ideias ou são
suas copias imperfeitas.
16. No mito da caverna, o prisioneiro que se liberta e
contempla a realidade fora da caverna, devendo voltar á
caverna para libertar seus companheiros, representa o
filósofo que, na concepção platônica, conhecedor do
Bem e da Verdade, é o mais apto a governar a cidade.
SOMA:______
12. Leia o trecho abaixo.
E que existe o belo em si, e o bom em si, e, do mesmo
modo, relativamente a todas as coisas que então
postulamos como múltiplas, e, inversamente, postulamos
que a cada uma corresponde a uma ideia, que é única, e
chamamos-lhe que é sua essência (507b – c).
PLATÃO. República. Trad. De Maria Helena da Rocha Pereira. 8ª
Ed. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, 1996.
Marque a alternativa que expressa corretamente o
pensamento de Platão.
a) Somente por meio dos sentidos, em especial da visão,
pode o filósofo obter o conhecimento das ideias.
b) No pensamento platônico, o conhecimento das ideias
permite ao filósofo discernir a unidade inteligível em face
da multiplicidade sensível.
c) Para que a alma humana alcance o conhecimento das
ideias, ela deve elevar-se às alturas do inteligível, o que
somente é possível após a morte ou por meio do contato
com os deuses gregos.
d) Tanto a dialética quanto a matemática elevam o
conhecimento ao inteligível; mas, somente a matemática,
por seu caráter abstrato, conduz a alma ao principio
supremo: a ideia de Bem.
13. Leia o texto a seguir a responda à questão.
Considera pois - continuei - o que aconteceria se eles
fossem soltos das cadeias e curados da sua ignorância, a
ver se, regressados à sua natureza, as coisas se passavam
deste modo. Logo que alguém soltasse um deles, e o
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forçasse a endireitar-se de repente, a voltar o pescoço, a
andar e a olhar para a luz, ao fazer tudo isso, sentiria dor,
e o deslumbramento impedi-lo-ia de fixar os objetos
cujas sombras via outrora. Que julgas tu que ele diria, se
alguém lhe afirmasse que até então ele só vira coisas vãs,
ao passo que agora estava mais perto da realidade e via
de verdade, voltado para objetos mais reais? E se ainda,
mostrando-lhe cada um desses objetos que passavam, o
forçassem com perguntas a dizer o que era? Não te
parece que ele se veria em dificuldades e suporia que os
objetos vistos outrora eram mais reais do que os que
agora lhe mostravam?
O texto é parte do livro VII da República, obra na qual
Platão desenvolve o célebre Mito da Caverna. Sobre o
Mito da Caverna, é correto afirmar.
I – A caverna iluminada pelo Sol, cuja luz se projeta
dentro dela, corresponde ao mundo inteligível, e do
conhecimento verdadeiro do ser.
II – Explica como Platão concebe e estrutura o
conhecimento
III – Manifesta a forma como Platão pensa a política, na
medida em que, ao voltar à caverna, aquele que
contemplou o bem quer libertar da contemplação das
sombras os antigos companheiros.
IV – Apresenta uma concepção de conhecimento
estruturada unicamente em fatores circunstanciais e
relativistas.
Assinale a alternativa correta.
a) Somente as afirmativas I e IV são corretas
b) Somente as afirmativas I, II e IV são corretas.
c) Somente as afirmativas III e IV são corretas
d) Somente as afirmativas I, II e III são corretas
e) Somente as afirmativas II e III são corretas
14. Leia o texto abaixo.
“SÓCRATES: Portanto, como poderia ser alguma coisa
o que nunca permanece da mesma maneira? Com efeito,
se fica momentaneamente da mesma maneira, é evidente
que, ao menos nesse tempo, não vai embora; e se
permanece sempre da mesma maneira e é ‘em si mesma’,
como poderia mudar e mover-se, não se afastando nunca
da própria Ideia?
CRÁTILO: Jamais poderia fazê-lo.
SÓCRATES: Mas também de outro modo não poderia
ser conhecida por ninguém. De fato, no próprio
momento em que quem quer conhecê-la chega perto
dela, ela se torna outra e de outra espécie; e assim não se
poderia mais conhecer que coisa seja ela nem como seja.
E certamente nenhum conhecimento conhece o objeto
que conhece se este não permanece de nenhum modo
estável.
CRÁTILO: Assim é como dizes.”
PLATÃO, Crátilo, 439e-440a
Assinale a alternativa correta, de acordo com o
pensamento de Platão.
A) Para Platão, o que é “em si” e permanece sempre da
mesma forma, propiciando o conhecimento, é a Ideia, o
ser verdadeiro e inteligível.
B) Platão afirma que o mundo das coisas sensíveis é o
único que pode ser conhecido, na medida em que é o
único ao qual o homem realmente tem acesso.
C) As Ideias, diz Platão, estão submetidas a uma
transformação contínua. Conhecê-las só é possível
porque são representações mentais, sem existência
objetiva.
D) Platão sustenta que há uma realidade que sempre é da
mesma maneira, que não nasce nem perece e que não
pode ser captada pelos sentidos e que, por isso mesmo,
cabe apenas aos deuses contemplá-la.
15. No pórtico da Academia de Platão, havia a seguinte
frase: “não entre quem não souber geometria”. Essa frase
reflete sua concepção de conhecimento: quanto menos
dependemos da realidade empírica, mais puro e
verdadeiro é o conhecimento tal como vemos descrito
em sua Alegoria da Caverna.
“A ideia de círculo, por exemplo, preexiste a toda a
realização imperfeita do círculo na areia ou na tábula
recoberta de cera. Se traço um círculo na areia, a ideia que
guia a minha mão é a do círculo perfeito. Isso não impede
que essa ideia também esteja presente no círculo
imperfeito que eu tracei. É assim que aparece a ideia ou a
forma.”
JEANNIÈRE, Abel. Platão. Tradução de Lucy Magalhães. Rio de Janeiro: Zahar,
1995. 170 p.
Com base nas informações acima, assinale a alternativa
que interpreta corretamente o pensamento de Platão.
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A) A Alegoria da Caverna demonstra, claramente, que o
verdadeiro conhecimento não deriva do “mundo
inteligível”, mas do “mundo sensível”.
B) Todo conhecimento verdadeiro começa pela
percepção, pois somente pelos sentidos podemos
conhecer as coisas tais quais são.
C) Quando traçamos um círculo imperfeito, isto
demonstra que as ideias do “mundo inteligível” não são
perfeitas, tal qual o “mundo sensível”.
D) As ideias são as verdadeiras causas e princípio de
identificação dos seres; o “mundo inteligível” é onde se
obtêm os conhecimentos verdadeiros.
16. Leia o seguinte trecho da Alegoria da Caverna.
Agora imagine que por esse caminho as pessoas
transportam sobre a cabeça objetos de todos os tipos: por
exemplo, estatuetas de figuras humanas e de animais.
Numa situação como essa, a única coisa que os
prisioneiros poderiam ver e conhecer seriam as sombras
projetadas na parede a sua frente.
CHALITA, G. Vivendo a Filosofia. São Paulo: Ática, 2006, p. 50.
Com base na leitura do trecho acima e em seus
conhecimentos sobre a obra de Platão (428 a.C. – 348
a.C.), assinale a alternativa INCORRETA.
A) Platão distingue o mundo sensível ou das aparências,
onde tudo o que se capta por meio dos sentidos pode ser
motivo de engano, e o mundo inteligível, onde se
encontram as ideias a partir das quais surgem os
elementos do mundo sensível.
B) Platão tinha como principal objetivo o conhecimento
das ideias: realidades existentes por si mesmas, essências
a partir das quais podem ser geradas suas cópias
imperfeitas.
C) O pensamento de Platão deu origem aos fundamentos
da ciência moderna graças ao seu método de observação
e experimentação para o conhecimento dos fenômenos
naturais.
D) A obra de Platão está fundamentada em um método
de investigação conhecido como dialética cujo objetivo é
superar a simples opinião (doxa) e atingir o conhecimento
verdadeiro ou ciência (episteme).
17. Leia o trecho abaixo, que se encontra na Apologia de
Sócrates de Platão e traz algumas das concepções
filosóficas defendidas pelo seu mestre. Com efeito,
senhores, temer a morte é o mesmo que se supor sábio
quem não o é, porque é supor que sabe o que não sabe.
Ninguém sabe o que é a morte, nem se, porventura, será
para o homem o maior dos bens; todos a temem, como
se soubessem ser ela o maior dos males. A ignorância
mais condenável não é essa de supor saber o que não se
sabe?
Platão, A Apologia de Sócrates, 29 a-b, In. HADOT, P. O que é a Filosofia
Antiga? São Paulo: Ed. Loyola, 1999, p. 61.
Com base no trecho acima e na filosofia de Sócrates,
assinale a alternativa INCORRETA.
A) Sócrates prefere a morte a ter que renunciar a sua
missão, qual seja: buscar, por meio da filosofia, a verdade,
para além da mera aparência do saber.
B) Sócrates leva o seu interlocutor a examinar-se,
fazendo-o tomar consciência das contradições que traz
consigo.
C) Para Sócrates, pior do que a morte é admitir aos outros
que nada se sabe. Deve-se evitar a ignorância a todo
custo, ainda que defendendo uma opinião não
devidamente examinada.
D) Para Sócrates, o verdadeiro sábio é aquele que,
colocado diante da própria ignorância, admite que nada
sabe. Admitir o não-saber, quando não se sabe, define o
sábio, segundo a concepção socrática.
18. A relação entre mito e filosofia é objeto de polêmica
entre muitos estudiosos ainda hoje. Para alguns, a
filosofia nasceu da ruptura com o pensamento mítico
(teoria do “milagre grego”); para outros, houve uma
continuidade entre mito e filosofia, ou seja, de alguma
forma os mitos continuaram presentes – seja como
forma, seja como conteúdo – no pensamento filosófico.
A partir destas informações, assinale a alternativa que
NÃO contenha um exemplo de pensamento mítico no
pensamento filosófico.
A) Parmênides afirma: “Em primeiro lugar, criou (a
divindade do nascimento ou do amor) entre todos os
deuses, a Eros...”
B) Platão propõe algumas teses como a teoria da
reminiscência e a transmigração das almas.
C) Heráclito afirma: “As almas aspiram o aroma do
Hades”.
D) Aristóteles divide a ciência em três ramos: o teorético,
o prático e o poético.
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19. De fato, os homens começaram a filosofar, agora
como na origem, por causa da admiração, na medida em
que, inicialmente, ficavam perplexos diante das
dificuldades mais simples; em seguida, progredindo
pouco a pouco, chegaram a enfrentar problemas sempre
maiores [...].
ARISTÓTELES. Metafísica, v. I. São PAuLo: EdIçõES LoyoLA,
2002. P. 11 [982b].
Admiração ou espanto, essa é a atitude que Aristóteles
considerava como o princípio do filosofar. Assinale a
alternativa que justifica o raciocínio do filósofo grego.
A) O espanto é a atitude de êxtase em face da revelação
da verdade eterna assinalada por um saber divino que
abarca toda a realidade, pois dispensa qualquer uso do
pensamento ou da experiência guiada pelo pensamento.
B) O espanto causa perplexidade em quem se depara com
algo desconhecido e assim se sente impelido a querer
saber; essa atitude é própria do filosofar, por isso, “agora
como na origem”, o que motiva os homens é a libertação
da ignorância.
C) O espanto reforça a ignorância humana, pois tudo que
existe possui uma ordem imutável e eterna, e quem se
submeter cegamente aos designíos do desconhecido,
apesar de abdicar de sua liberdade, terá na ignorância o
seu maior bem.
D) O espantoso, para Aristóteles, era constatar, na
cultura grega, que os homens diante da menor dificuldade
eram incapazes de pensar que este mundo é uma ilusão;
o mundo verdadeiro está além do sensível e só pode ser
contemplado.
20. Considere as seguintes afirmações de Aristóteles e
assinale a alternativa correta.
I - "... é a ciência dos primeiros princípios e das primeiras
causas."
II - "... é a ciência do ser enquanto ser."
Que ciência é essa ou quais ciências são essas?
A) A Ética ou a Política.
B) A Física e a Metafísica.
C) A História e a Metafísica.
D) A Filosofia Primeira ou a Metafísica.
21. A filosofia de Aristóteles (384-322 a.C.) representou
uma nova interpretação do problema da mobilidade do
ser, em contraposição à tradição filosófica. Para explicar
a mobilidade do ser, Aristóteles utilizou dois conceitos
ontológicos, que foram
A) a essência e a existência.
B) a substância e o acidente.
C) o ato e a potência.
D) o universal e o particular.
22. Aristóteles rejeitou a dicotomia estabelecida por
Platão entre mundo sensível e mundo inteligível. No
entanto, acabou fundindo os dois conceitos em um só.
Esse conceito é
A) a forma, aquilo que faz com que algo seja o que é. É
o princípio de inteligibilidade das coisas.
B) a matéria, enquanto princípio indeterminado de que o
mundo físico é composto, e aquilo de que algo é feito.
C) a substância, enquanto aquilo que é em si mesmo e
enquanto é suporte dos atributos.
D) o Ato Puro ou Primeiro Motor Imóvel, causa
incausada e causa primeira e necessária de todas as coisas.
23. Sobre a teoria das quatro causas de Aristóteles é
correto afirmar:
I- É próprio da ciência investigá-las, pois são as causas
do movimento e do repouso, ou seja, da passagem da
potência ao ato.
II- A causa eficiente atua sobre a forma, visto ser a
matéria o ato a que aspiram os seres.
III- A causa final é própria daquele ser que deve atualizar
as potências contidas em sua matéria para alcançar a
finalidade própria.
IV- A forma é o princípio de indeterminação dos seres.
Assinale a única alternativa que apresenta as assertivas
corretas.
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A) Apenas I e III.
B) I, III e IV.
C) Apenas II e III.
D) Apenas I e II.
24. Elaborando a teoria das quatro causas e a distinção
entre ato e potência, Aristóteles busca explicar a realidade
do devir e da mudança a que estão submetidas as coisas
causadas. Assinale o que for correto.
01) Para Aristóteles, a mudança implica uma passagem da
potência ao ato; o ato é o estado de plena realização de
uma coisa; a potência, a capacidade que algo tem para
assumir uma determinação.
02) Segundo Aristóteles, tudo que acontece tem suas
causas, essas são a explicação ou o porque de certa coisa
ser o que é.
04) Causa material, causa formal, causa eficiente e causa
final são os quatro sentidos que Aristóteles distinque no
termo causa
08) Segundo Aristóteles, a causa material e a causa formal
de uma coisa são, respectivamente, aquilo de que a coisa
é feita e aquilo que ela essencialmente é.
16) Segundo Aristóteles, a causa eficiente e a causa final
de uma coisa são, respectivamente, o agente que atua
sobre essa coisa e o fim que ela se destina.
Soma:________
25. A filosofia de Aristóteles representou uma nova
interpretação sobre o problema do ser. Nesse sentido,
Aristóteles define a ciência como
A) conhecimento verdadeiro, isto é, conhecimento que
se fundamenta apenas na compreensão do mundo
inteligível porque as idéias, enquanto entidades
metafísicas, não mudam.
B) conhecimento verdadeiro, isto é, conhecimento pelas
causas, capaz de compreender a natureza do devir e
superar os enganos da opinião.
C) conhecimento relativo porque o ser é mobilidade,
eterno fluxo e a verdade não pode, portanto, ser absoluta.
D) conhecimento relativo porque a ciência, enquanto
produção do homem é determinada pelo
desenvolvimento histórico.
26. [...] após ter distinguido em quantos sentidos se diz
cada um [destes objetos], deve-se mostrar, em relação ao
primeiro, como em cada predicação [o objeto] se diz em
relação àquele.
Aristóteles, Metafísica. Tradução de Marcelo Perine. São Paulo: Edições Loyola, 2002.
De acordo com a ontologia aristotélica,
A) a metafísica é ―filosofia primeira‖ porque é ciência do
particular, do que não é nem princípio, nem causa de
nada.
B) o primeiro entre os modos de ser, ontologicamente, é
o ― por acidente‖, isto é, diz respeito ao que não é
essencial.
C) a substância é princípio e causa de todas as categorias,
ou seja, do ser enquanto ser.
D) a substância é princípio metafísico, tal como exposto
por Platão em sua doutrina.
27. Aristóteles (384 a.C. – 322 a.C), apesar de ter sido
discípulo de Platão, criou sua própria filosofia. Uma das
diferenças marcantes entre os dois é a importância dada
aos fenômenos naturais do chamado mundo sensível. No
mundo sensível, a mudança é constante, característica
que Aristóteles procura explicar a partir das concepções
de matéria, forma, potência e ato.
Com base nos seus conhecimentos e no texto acima,
assinale a alternativa que define corretamente a
concepção aristotélica de ato e potência.
A) A potência e o ato são conceitos que não se referem,
de fato, às coisas materiais sujeitas à transformação.
B) A potência é o momento presente, atual da matéria;
ato é o que ela poderá vir a fazer.
C) A potência e o ato não se relacionam com a matéria.
D) A potência é o que a matéria virá a ser, seu devir, o
princípio do movimento; ato é aquilo que ela é no
presente.
28. “Segundo Aristóteles, tudo tende a passar da potência
ao ato; tudo se move de uma para outra condição. Essa
passagem se daria pela ação de forças que se originam de
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diferentes motores, isto é, coisas ou seres que
promoveriam esta mudança. No entanto, se todo o
Universo sofre transformações, o estagirita afirmava que
deveria haver um primeiro motor [...]”.
CHALITA, Gabriel. Vivendo a filosofia. São Paulo: Ed. Ática, 2006, p. 58.
Com base em seus conhecimentos e no texto acima,
assinale a alternativa que contenha duas características do
primeiro motor.
A) O primeiro motor é imóvel, caso contrário, alguma
causa deveria movê-lo e ele não seria mais o primeiro
motor; é imutável, porque é ato puro.
B) O primeiro motor é imóvel, mas não imutável, pois
pode ocorrer de se transformar algum dia, como tudo no
Universo.
C) O primeiro motor é imutável, mas não imóvel, pois
do seu movimento ele gera os demais movimentos do
Universo.
D) O primeiro motor não é imóvel, nem imutável, pois
isto seria um absurdo teórico. Para Aristóteles, o primeiro
motor é móvel e mutável, como tudo.
29. O mesmo ocorre com os membros da Cidade:
nenhum pode bastar-se a si mesmo. Aquele que não
precisa dos outros homens, ou não pode resolver-se a
ficar com eles, ou é um deus, ou é um bruto. Assim, a
inclinação natural leva os homens a este gênero de
sociedade.
ARISTÓTELES. A política. São Paulo: Martins Fontes, 2002. p. 5.
A ética e a política, chamadas por Aristóteles (384-322
a.C.) de ciências práticas, são importantes objetos de
estudos para este filósofo. Assinale a alternativa que se
refere corretamente à tese aristotélica da inclinação
natural dos homens para a sociedade política.
a) Apenas na sociedade política os homens realizam-se
como seres éticos, ou seja, atualizam sua potência como
seres racionais e virtuosos, capazes de proceder com
mediania.
b) A sociedade política deve servir unicamente à
satisfação das necessidades naturais dos homens, uma
vez que razão, ética e virtude são qualidades que se
manifestam somente na vida privada.
c) Os homens são movidos apenas por seus interesses
individuais, sendo, então, necessária a sociedade política
para conter suas disposições antissociais e naturalmente
agressivas.
d) A sociedade política tem sua forma perfeita na
democracia, o que revela a disposição natural e a
inclinação de todos os seres humanos à razão, à virtude e
à igualdade.
e) Para Aristóteles, os fins justificam os meios, ou seja, se
a sociedade política é o único meio de os homens
viverem juntos, não se devem considerar os aspectos
éticos da vida humana.
30. Em primeiro lugar, é claro que, com a expressão “ser
segundo a potência e o ato”, indicam-se dois modos de
ser muito diferentes e, em certo sentido, opostos.
Aristóteles, de fato, chama o ser da potência até mesmo
de não-ser, no sentido de que, com relação ao ser-em-ato,
o ser-em-potência é não-ser-em-ato.
REALE, Giovanni. História da Filosofia Antiga. Vol. II. Trad. de Henrique
Cláudio deLima Vaz e Marcelo Perine. São Paulo: Loyola, 1994, p. 349.
A partir da leitura do trecho acima e em conformidade
com a Teoria do Ato e Potência de Aristóteles, assinale a
alternativa correta.
A) Para Aristóteles, ser-em-ato é o ser em sua capacidade
de se transformar em algo diferente dele mesmo, como,
por exemplo, o mármore (ser-em-ato) em relação à
estátua (ser-em-potência)
B) Segundo Aristóteles, a teoria do ato e potência explica
o movimento percebido no mundo sensível. Tudo o que
possui matéria possui potencialidade (capacidade de
assumir ou receber uma forma diferente de si), que tende
a se atualizar (assumindo ou recebendo aquela forma).
C) Para Aristóteles, a bem da verdade, existe apenas o
ser-em-ato. Isto ocorre porque o movimento verificado
no mundo material é apenas ilusório, e o que existe é
sempre imutável e imóvel.
D) Segundo Aristóteles, o ato é próprio do mundo
sensível (das coisas materiais) e a potência se encontra
tão-somente no mundo inteligível, apreendido apenas
com o intelecto.
31. Em um importante trecho da sua obra Metafísica,
Aristóteles se refere a Sócrates nos seguintes termos:
Sócrates ocupava-se de questões éticas e não da natureza
em sua totalidade, mas buscava o universal no âmbito
daquelas questões, tendo sido o primeiro a fixar a atenção
nas definições.
Aristóteles. Metafísica, A6, 987b 1-3. Tradução de Marcelo Perine. São Paulo:
Loyola, 2002.
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Com base na filosofia de Sócrates e no trecho
supracitado, assinale a alternativa correta.
A) O método utilizado por Sócrates consistia em um
exercício dialético, cujo objetivo era livrar o seu
interlocutor do erro e do preconceito − com o prévio
reconhecimento da própria ignorância −, e levá-lo a
formular conceitos de validade universal (definições).
B) Sócrates era, na verdade, um filósofo da natureza. Para
ele, a investigação filosófica é a busca pela “Arché”, pelo
princípio supremo do Cosmos. Por isso, o método
socrático era idêntico aos utilizados pelos filósofos que o
antecederam (Pré-socráticos).
C) O método socrático era empregado simplesmente
para ridicularizar os homens, colocando-os diante da
própria ignorância. Para Sócrates, conceitos universais
são inatingíveis para o homem; por isso, para ele, as
definições são sempre relativas e subjetivas, algo que ele
confirmou com a máxima “o Homem é a medida de
todas as coisas”.
D) Sócrates desejava melhorar os seus concidadãos por
meio da investigação filosófica. Para ele, isso implica não
buscar “o que é”, mas aperfeiçoar “o que parece ser”. Por
isso, diz o filósofo, o fundamento da vida moral é, em
última instância, o egoísmo, ou seja, o que é o bem para
o indivíduo num dado momento de sua existência.
32. Leia o texto a seguir.
A virtude é, pois, uma disposição de caráter relacionada
com a escolha e consiste numa mediania, isto é, a
mediania relativa a nós, a qual é determinada por um
princípio racional próprio do homem dotado de
sabedoria prática.
(Aristóteles. Ética a Nicômaco. Trad. de Leonel Vallandro e Gerd
Bornheim. São Paulo: Abril Cultural, 1973. Livro II, p. 273.)
Com base no texto e nos conhecimentos sobre a situada
ética em Aristóteles, pode-se dizer que a virtude ética
A) reside no meio termo, que consiste numa escolha
situada entre o excesso e a falta.
B) implica na escolha do que é conveniente no excesso e
do que é prazeroso na falta.
C) consiste na eleição de um dos extremos como o mais
adequado, isto é, ou o excesso ou a falta.
D) pauta-se na escolha do que é mais satisfatório em
razão de preferências pragmáticas.
E) baseia-se no que é mais prazeroso em sintonia com o
fato de que a natureza é que nos torna mais perfeitos.
33. Em sua obra Ética a Nicômaco, Aristóteles propôs a
ideia de que a virtude é a disposição para buscar o meio
termo ou a justa medida entre o excesso e a falta em
determinada conduta.
Com base nessa afirmação e em seus conhecimentos
sobre a obra de Aristóteles, assinale a alternativa correta.
A) Coragem é o justo meio entre covardia e
temeridade.
B) Covardia é o justo meio entre temeridade e
coragem.
C) Temeridade é o justo meio entre coragem e
covardia.
D) Coragem, covardia e temeridade não são termos
que se relacionam à ética.
34. Quanto à deliberação, deliberam as pessoas sobre
tudo? São todas as coisas objetos de possíveis
deliberações? Ou será a deliberação impossível no que
tange a algumas coisas? Ninguém delibera sobre coisas
eternas e imutáveis, tais como a ordem do universo;
tampouco sobre coisas mutáveis como os fenômenos
dos solstícios e o nascer do sol, pois nenhuma delas pode
ser produzida por nossa ação.
ARISTÓTELES. Ética a Nicômaco. São Paulo: Edipro, 2007 (adaptado).
O conceito de deliberação tratado por Aristóteles é
importante para entender a dimensão da
responsabilidade humana.
A partir do texto, considera-se que é possível ao homem
deliberar sobre
A) coisas imagináveis, já que ele não tem controle sobre
os acontecimentos da natureza.
B) ações humanas, ciente da influência e da determinação
dos astros sobre as mesmas.
C) fatos atingíveis pela ação humana, desde que estejam
sob seu controle.
D) fatos e ações mutáveis da natureza, já que ele é parte
dela.
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E) coisas eternas, já que ele é por essência um ser
religioso.
35. Pode-se viver sem ciência, pode-se adotar crenças
sem querer justificá-las racionalmente, pode-se desprezar
as evidências empíricas. No entanto, depois de Platão e
Aristóteles, nenhum homem honesto pode ignorar que
uma outra atitude intelectual foi experimentada, a de
adotar crenças com base em razões e evidências e
questionar tudo o mais a fim de descobrir seu sentido
último.
ZINGANO, M. Platão e Aristóteles: o fascínio da filosofia. São Paulo: Odysseus,
2002.
Platão e Aristóteles marcaram profundamente a
formação do pensamento Ocidental. No texto, é
ressaltado importante aspecto filosófico de ambos os
autores que, em linhas gerais, refere-se à
A) adoção da experiência do senso comum como critério
de verdade.
B) incapacidade de a razão confirmar o conhecimento
resultante de evidências empíricas.
C) pretensão de a experiência legitimar por si mesma a
verdade.
D) defesa de que a honestidade condiciona a
possibilidade de se pensar a verdade.
E) compreensão de que a verdade deve ser justificada
racionalmente.
36.
(Escola de Atenas – Rafael Sanzio)
Observe a obra clássica de Rafael Sanzio, em que há uma
síntese de vários elementos da filosofia grega, e leia
atentamente os textos abaixo, respectivamente, de Platão
e de Aristóteles: [...] a admiração é a verdadeira
característica do filósofo. Não tem outra origem a
filosofia.
(PLATÃO, Teeteto. Tradução de Carlos Alberto Nunes. Belém: Universidade
Federal do Pará, 1973. p. 37.)
Com efeito, foi pela admiração que os homens
começaram a filosofar tanto no princípio como agora;
perplexos, de início, ante as dificuldades mais óbvias,
avançaram pouco a pouco e enunciaram problemas a
respeito das maiores, como os fenômenos da Lua, do Sol
e das estrelas, assim como a gênese do universo. E o
homem que é tomado de perplexidade e admiração julga-
se ignorante (por isso o amigo dos mitos é, em certo
sentido, um filósofo, pois também o mito é tecido de
maravilhas); portanto, como filosofavam para fugir à
ignorância, é evidente que buscavam a ciência a fim de
saber, e não com uma finalidade utilitária.
(ARISTÓTELES. Metafísica. Livro I. Tradução Leonel Vallandro. Porto Alegre:
Globo, 1969. p. 40.)
Com base no exposto anterior e nos conhecimentos
sobre a origem da filosofia, é correto afirmar:
A) A filosofia surgiu, como a mitologia, da capacidade
humana de admirar-se com o extraordinário e foi pela
utilidade do conhecimento que os homens fugiram da
ignorância.
B) A admiração é a característica primordial do filósofo
porque ele se espanta diante do mundo das ideias e
percebe que o conhecimento sobre este pode ser
vantajoso para a aquisição de novas técnicas.
C) Ao se espantarem com o mundo, os homens
perceberam os erros inerentes ao mito, além de terem
reconhecido a impossibilidade de o conhecimento ser
adquirido pela razão.
D) Ao se reconhecerem ignorantes e, ao mesmo tempo,
se surpreenderem diante do anseio de conhecer o mundo
e as coisas nele contidas, os homens foram tomados de
espanto, o que deu início à filosofia.
E) A admiração e a perplexidade diante da realidade
fizeram com que a reflexão racional se restringisse às
explicações fornecidas pelos mitos, sendo a filosofia uma
forma de pensar intrínseca às elaborações mitológicas.
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37. Os deuses, de fato, existem, e é evidente o
conhecimento que temos deles; já a imagem que deles faz
a maioria das pessoas, essa não existe: as pessoas não
costumam preservar a noção que têm dos deuses. Ímpio
não é quem rejeita os deuses em que a maioria crê, mas
sim quem atribui aos deuses os falsos juízos dessa
maioria. Com efeito, os juízos do povo a respeito dos
deuses não se baseiam em noções inatas, mas em
opiniões falsas. Daí a crença de que eles causam os
maiores malefícios aos maus e os maiores benefícios aos
bons. Irmanados pelas suas próprias virtudes, eles só
aceitam a convivência com os seus semelhantes e
consideram estranho tudo que seja diferente deles.
EPICURO. Carta sobre a felicidade (a Meneceu). Trad. de A.
Lorencini e E. del Carratore. São Paulo: Editora da UNESP, 2002.
p. 25-27.
A filosofia epicurista está relacionada a
A) formular questões filosóficas a respeito do Princípio
do Universo.
B) negar o medo da morte buscando a tranquilidade da
alma.
C) pregar o ateísmo como forma de libertação para os
prazeres carnais.
D) defender a rígida separação entre o mundo ideal e o
mundo material. E aceitar a devoção religiosa moderada
como indispensável à felicidade.
QUESTÕES ENEM
1. (2012)
TEXTO I
Anaxímenes de Mileto disse que o ar é o elemento
originário de tudo o que existe, existiu e existirá, e que
outras coisas provêm de sua descendência. Quando o ar
se dilata, transforma-se em fogo, ao passo que os ventos
são ar condensado. As nuvens formam-se a partir do ar
por feltragem e, ainda mais condensadas, transformam-
se em água. A água, quando mais condensada,
transforma-se em terra, e quando condensada ao máximo
possível, transforma-se em pedras.
BURNET, J. A aurora da filosofia grega. Rio de
Janeiro: PUC-Rio, 2006 (adaptado).
TEXTO II
Basílio Magno, filósofo medieval, escreveu:
“Deus, como criador de todas as coisas, está no princípio
do mundo e dos tempos. Quão parcas de conteúdo se
nos apresentam, em face desta concepção, as
especulações contraditórias dos filósofos, para os quais o
mundo se origina, ou de algum dos quatro elementos,
como ensinam os Jônios, ou dos átomos, como julga
Demócrito. Na verdade, dão impressão de quererem
ancorar o mundo numa teia de aranha.”
GILSON, E.: BOEHNER, P. Historia da
Filosofia Crista. São Paulo: Vozes, 1991 (adaptado).
Filósofos dos diversos tempos históricos desenvolveram
teses para explicar a origem do universo, a partir de uma
explicação racional. As teses de Anaxímenes, filósofo
grego antigo, e de Basílio, filósofo medieval, têm em
comum na sua fundamentação teorias que
a) eram baseadas nas ciências da natureza.
b) refutavam as teorias de filósofos da religião.
c) tinham origem nos mitos das civilizações antigas.
d) postulavam um princípio originário para o mundo.
e) defendiam que Deus é o princípio de todas as coisas.
2. (2012) Para Platão, o que havia de verdadeiro em
Parmênides era que o objeto de conhecimento é um objeto
de razão e não de sensação, e era preciso estabelecer uma
relação entre objeto racional e objeto sensível ou material
que privilegiasse o primeiro em detrimento do segundo.
Lenta, mas irresistivelmente, a Doutrina das Ideias
formava-se em sua mente.
ZINGANO, M. Platão e Aristóteles: o fascínio da
filosofia. São Paulo: Odysseus, 2012 (adaptado).
O texto faz referência à relação entre razão e sensação,
um aspecto essencial da Doutrina das Ideias de Platão
(427 a.C.-346 a.C.). De acordo com o texto, como Platão
se situa diante dessa relação?
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Página | 20
A) Estabelecendo um abismo intransponível entre as
duas.
B) Privilegiando os sentidos e subordinando o
conhecimento a eles.
C) Atendo-se à posição de Parmênides de que razão e
sensação são inseparáveis.
D) Afirmando que a razão é capaz de gerar
conhecimento, mas a sensação não.
E) Rejeitando a posição de Parmênides de que a sensação
é superior à razão.
3. (2014)
No centro da imagem o filósofo Platão é retratado
apontando para o alto. Esse gesto significa que o
conhecimento se encontra em uma instância na qual o
homem descobre a
A) suspensão do juízo como reveladora da verdade.
B) realidade inteligível por meio do método dialético.
C) salvação da condição mortal pelo poder de Deus.
D) essências das coisas sensíveis no intelecto divino.
E) ordem intrínseca ao mundo por meio da sensibilidade.
4. (2009.2) Segundo Aristóteles, “na cidade com o
melhor conjunto de normas e naquela dotada de homens
absolutamente justos, os cidadãos não devem viver uma
vida de trabalho trivial ou de negócios — esses tipos de
vida são desprezíveis e incompatíveis com as qualidades
morais —, tampouco devem ser agricultores os
aspirantes a cidadania, pois o lazer é indispensável ao
desenvolvimento das qualidades morais e a pratica das
atividades políticas”.
VAN ACKER, T. Grécia. A vida cotidiana na
cidade-Estado. São Paulo: Atual, 1994.
O trecho, retirado da obra Política, de Aristóteles,
permite compreender que a cidadania
A) possui uma dimensão histórica que deve ser criticada,
pois é condenável que os políticos de qualquer época
fiquem entregues a ociosidade, enquanto o resto dos
cidadãos tem de trabalhar.
B) era entendida como uma dignidade própria dos grupos
sociais superiores, fruto de uma concepção política
profundamente hierarquizada da sociedade.
C) estava vinculada, na Grécia Antiga, a uma percepção
política democrática, que levava todos os habitantes da
pólis a participarem da vida cívica.
D) tinha profundas conexões com a justiça, razão pela
qual o tempo livre dos cidadãos deveria ser dedicado as
atividades vinculadas aos tribunais.
E) vivida pelos atenienses era, de fato, restrita aqueles que
se dedicavam a política e que tinham tempo para resolver
os problemas da cidade.
5. (2013) A felicidade é, portanto, a melhor, a mais nobre
e a mais aprazível coisa do mundo, e esses atributos não
devem estar separados como na inscrição existente em
Delfos “das coisas, a mais nobre é a mais justa, e a melhor
é a saúde; porém a mais doce é ter o que amamos”. Todos
estes atributos estão presentes nas mais excelentes
atividades, e entre essas a melhor, nós a identificamos
como felicidade.
ARISTOTELES. A Politica. São Paulo: Cia das Letras, 2010.
Ao reconhecer na felicidade a reunião dos mais
excelentes atributos, Aristóteles a identifica como
a) busca por bens materiais e títulos de nobreza.
b) plenitude espiritual e ascese pessoal.
c) finalidade das ações e condutas humanas.
d) conhecimento de verdades imutáveis e perfeitas.
e) expressão do sucesso individual e reconhecimento
público.
6. (2014)
TEXTO I
Olhamos o homem alheio às atividades públicas
não como alguém que cuida apenas de seus próprios
interesse, mas como um inútil; nós, cidadãos atenienses,
decidimos as questões públicas por nós mesmos na
crença de que não é o debate que é o empecilho para à
ação, e sim o fato de não se estar esclarecido pelo debate
antes de chegar a hora da ação.
TUCÍDIDES. História da guerra do Peloponeso. Brasília: UnB, 1987 (adaptado).
TEXTO II
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Página | 21
Um cidadão integral pode ser definido por nada
mais anda menos que pelo direito de administrar justiça
e exercer funções públicas; algumas destas, todavia, são
limitadas quanto ao tempo de exercício, de tal modo que
não podem de forma alguma ser exercidas duas vezes
pela mesma pessoa, ou somente podem sê-lo depois de
certos intervalos de tempo prefixados.
ARISTÓTELES. Política. Brasília: UnB, 1985.
Comparando os textos I e II, tanto para Tucidides (no
século V a.C.) quanto para Aristóteles (no século IV a.C.),
a cidadania era definida pelo(a)
A) prestígio social.
B) acúmulo de riqueza.
C) participação política.
D) local de nascimento.
E) grupo de parentesco.
7. (2014) Alguns dos desejos são naturais e necessários;
outros, naturais e não necessários; outros, nem naturais
nem necessários, mas nascidos de vã opinião. Os desejos
que não nos trazem dor se não satisfeitos não são
necessários, mas o seu impulso pode ser facilmente
desfeito, quando é difícil obter sua satisfação ou parecem
geradores de dano.
EPICURO DE SAMOS. Doutrinas principais. In: SANSON, V.F. Textos de
filosofia. Rio de Janeiro: Eduff, 1974.
No fragmento da obra filosófica de Epicuro, o homem
tem como fim
A) alcançar o prazer moderado e a felicidade.
B) valorizar os deveres e as obrigações sociais.
C) aceitar o sofrimento e o rigorismo da vida com
resignação.
D) refletir sobre os valores e as normas dadas pela
divindade.
E) defender a indiferença e a impossibilidade de se atingir
o saber.
8. (2014) Compreende-se assim o alcance de uma
reivindicação que surge desde o nascimento da cidade na
Grécia antiga: a redação das leis. Ao escrevê-las, não se
faz mais que assegurar-lhes permanência e fixidez. As leis
tornam-se bem comum, regra geral, suscetível de ser
aplicada a todos da mesma maneira.
VERNANT, J. P. As origens do pensamento grego. Rio de Janeiro: Bertrand
Brasil, 1992 (adaptado).
Para o autor, a reivindicação atendida na Grécia antiga,
ainda vigente no mundo contemporâneo, buscava
garantir o seguinte princípio:
A) Isonomia – igualdade de tratamento aos cidadãos.
B) Transparência – acesso às informações
governamentais.
C) Tripartição – separação entre os poderes políticos
estatais.
D) Equiparação – Igualdade de gênero na participação
política.
E) Elegibilidade – permissão para candidatura aos cargos
públicos.
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Página | 22
GABARITO
UNIDADE 1 – FILOSOFIA ANTIGA
QUESTÕES
1. d
2. b
3. d
4. a
5. d
6. e
7. d
8. b
9. b
10. b
11. 30 (2,4,8,16)
12. b
13. e
14. a
15. d
16. c
17. c
18. d
19. b
20. d
21. c
22. c
23. a
24. 31 (1, 2, 4, 8, 16)
25. b
26. c
27. d
28. a
29. a
30. b
31. a
32. a
33. a
34. c
35. e
36. d
37. b
QUESTÕES ENEM
1. d
2. d
3. b
4. e
5. c
6. c
7. a
8. a

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Filosofia para-o-enem-2ª-semana

  • 1. FILOSOFIA PARA O ENEM www.andersonpinho.com.br Página | 1 UNIDADE 1 – FILOSOFIA ANTIGA CAPÍTULO 2 – FILOSOFIA CLÁSSICA (CONT.) SÓCRATES Sócrates (470 – 399 a. C.) foi um marco na filosofia grega. Não deixou nada escrito e o que sabemos de seu pensamento é o relatado por seu discípulo Platão. Ele nasceu em Atenas, foi contemporâneo de Péricles, e crítico do regime democrático. Ele viveu na época da GUERRA DO PELOPONESO (431-404 a. C.), que foi motivada pela forma autoritária e abusiva com que Atenas tratava os seus aliados. Um grupo de póleis cansada da tirania Ateniense, sob a liderança de Esparta, formaram a Liga do Peloponeso, para enfrentá-la. Essa guerra foi o grande motivo da decadência das póleis gregas, pois elas foram se destruindo e abrindo espaço para que inimigos externos pudessem conquista-las. Sócrátes participou de algumas batalhas, sendo condecorado por bravura. O Oráculo de Delfos o celebrou como o mais sábio dos homens por ele ter consciência de sua própria ignorância. Ele travou um grande embate com os sofistas ao dizer que estavam errados, que poderíamos sim obter um conhecimento objetivo, um saber verdadeiro. Sustentava que o homem poderia conhecer a essência das coisas e que a primeira pergunta a ser respondida era qual a sua própria essência. Para ele, a essência do homem é a sua alma, entendida como consciência de si. É isso que distingue o homem dos outros animais. Não é à toa que ele instigava seus discípulos a terem esse conhecimento, pois era isso que os tornavam humanos. “Conhece-te a ti mesmo” estava escrito no pórtico do oráculo que afirmou ser ele o mais sábio dos homens. Mas essa consciência de si não era só o simples saber de um eu individual. Era a consciência de que somos parte integrante de um conjunto de relações que formam um todo maior, e que por fazer parte desse todo é que temos o poder e o dever de conhecer sua essência. Desse modo, temos o poder de ter essa consciência moral que nos guia na interação com nossos semelhantes. Nessas relações só podemos agir conscientes se tivermos conhecimento da essência das coisas, sejam elas o bem, a amizade, a virtude, ou até mesmo a democracia. O interessante é que Sócrates não trazia respostas prontas. Por meio do diálogo, ele se posicionava como um ignorante e começava a questionar as pessoas sobre o que eles pensavam saber, mostrando-lhes que nada sabiam, e que o que sabiam eram crenças que lhes foram passadas como verdades sem nenhum tipo de reflexão crítica. E ao final, ele fazia a própria pessoa chegar à verdade. Talvez se ele aparecesse com verdades prontas não teria sido Sócrates, mas apenas mais um sabichão metido a besta. No entanto, como ele fazia a pessoa ver a verdade pro si própria, por meio da maiêutica, ele foi o mais sábio dos homens e por isso um perigo para o sistema. Ora, pensemos um pouco. No auge do imperialismo ateniense, quando eles eram tomados como modelos pelas outras pólis (como o próprio Péricles afirmou acima); quando eles tratavam seus “aliados” da Liga de Delos como bem entendiam, usando os recursos da Liga para tornar Atenas a mais bela e poderosa pólis que já existira; quando eles estavam maravilhados com seu regime político, que eles próprios criaram; vem um cara e começa a botar caraminholas na cabeça dos jovens perguntando: “será mesmo que vivemos uma democracia, quando temos um regime político que permite a um bom orador ir à assembleia e fazer um discurso bonito e pomposo que leve o povo a aprovar o que ele quer sem o mínimo de reflexão?”, “será que é certo tratarmos nossos aliados com toda essa arrogância, e usando mais a força que a justiça em nossas relações?”, “será mesmo bom essa democracia onde qualquer um possa influir nos destinos da pólis, mesmo não tendo conhecimento do que seja bom e justo?”. Entendem agora porque Sócrates era um perigo a ser exterminado o mais rápido possível? Era um traidor, um corruptor da juventude. A Guerra do Peloponeso durou 27 anos e terminou com a vitória de Esparta, no entanto, acabou deixando as partes envolvidas enfraquecidas. Desde a derrota de Atenas nessa guerra, o regime democrático ficou desacreditado pelos próprios ateniense, e muitos deles começaram a criticá-lo. Eles argumentavam que em momentos cruciais da guerra, foram tomadas muitas decisões estúpidas por que foi
  • 2. FILOSOFIA PARA O ENEM www.andersonpinho.com.br Página | 2 colocado para a maioria decidir, e isso levou à derrota de Atenas. O regime democrático ateniense foi substituído por uma oligarquia comandada por 30 tiranos indicados por Esparta. Nesse tempo ficou proibido o debate em público e o ensino de retórica. Mas, alguns anos depois a democracia foi restaurada e Sócrates voltou a importunar. Ele foi acusado e, por mais forte que fossem seus argumentos de defesa, foi condenado, porque sua condenação já era certa desde antes mesmo do julgamento começar. Bebeu cicuta mas não renunciou ao que disse. O cara era macho, que nem outro barbudo que vocês ouvem falar desde criancinha. PLATÃO Platão (427 – 347 a. C.) foi o maior discípulo de Sócrates, e era um homem de família aristocrática e influente na política. Como todo jovem ateniense, era um entusiasta do regime democrático até conhecer seu mestre aos vinte anos de idade. Sob influência de Sócrates passou a ser também crítico do regime, e depois de sua morte deixou de acreditar na possibilidade de uma vida justa e feliz. Deixou Atenas para fazer uma longa viagem, quando voltou e fundou a Academia, onde pôde desenvolver suas teorias e repassá-las a seus vários discípulos. Na busca de um conhecimento verdadeiro, buscou um meio de contornar o beco sem saída deixado por Heráclito e Parmênides. Grande parte de suas ideias estão escritas em sua mais famosa obra, a República. Metafísica O constante devir que Heráclito afirmava ser a realidade foi chamado de mundo sensível (material) por Platão. Esse mundo captado pelos sentidos, a causa de nossos erros e ilusões, era uma cópia imperfeita do mundo das ideias/formas (inteligível), que correspondia à permanência de Parmênides, um mundo captado apenas pelo pensamento, e, portanto, perfeito. Tudo que existe nesse mundo material é porque tem sua ideia no mundo superior. Apesar da multiplicidade com que ela possa aparecer no mundo sensível, a ideia é uma só, indestrutível e eterna. Segundo Platão, apesar de existirem diferentes tipos de cavalo, a ideia de cavalo é uma só. Quando pensamos em cavalo, pensamos a ideia e não determinado cavalo. Mas como foi que aconteceu essa cópia? Platão nos diz que foi um demiurgo (construtor) que plasmou do mundo das ideias esse mundo imperfeito. Tudo que existe nesse mundo em que vivemos, já existe no mundo superior das ideias. Seguindo esse raciocínio, a pólis deveria ser organizada de acordo com a pólis ideal, para que seus cidadãos pudessem viver de acordo com o supremo bem e a justiça. Mas como fazer isso? Como conhecer esse mundo ideal e verdadeiro para viver de acordo com o que é bom e justo nesse mundo de erros, se eu estou nesse segundo e tudo que percebo vem dele? Platão afirma que somente pela dialética é possível alcançar gradativamente o que é verdadeiro, e passar das ilusões ao real. Importante deixar claro que a dialética Platônica é o que a etimologia da palavra sugere, um diálogo crítico em busca da verdade que se passa do senso comum ao conhecimento verdadeiro. Ele explica essa passagem do falso ao real pela alegoria do mito da caverna, ilustrada na figura abaixo. Aqueles caras deitados no chão nasceram e cresceram ali, e a única coisa que eles viam eram aquelas sombras. Por nunca terem visto outra coisa, eles julgavam que aquelas sombras eram os objetos verdadeiros. Só que um dia, um deles consegue se soltar e sair da caverna. Lá fora, ele não consegue enxergar nada porque é quase cegado pela luz do sol. Aos poucos ele vai conseguindo ver as coisas e se dá conta que aquilo que viam na caverna eram apenas as sombras, que eles tomavam por verdadeiro aquilo que era falso.
  • 3. FILOSOFIA PARA O ENEM www.andersonpinho.com.br Página | 3 Depois, ele volta para alertar os outros de sua condição, mesmo sabendo que eles podem não acreditar no que ele estava dizendo. Alguns dizem que ele está louco e outros decidem acompanhá-lo. Política Platão não via a democracia como um bom regime, foi a democracia que matou o mais sábio dos homens. E foi a democracia que levou Atenas à guerra e à ruía. Como é que pessoas não instruídas sobre valores como o bem comum, amizade, virtudes, justiça, podem governar? Já imaginou dar poder de governar àqueles caras acorrentados na caverna que só veem sombras? Seria um desastre. Como de fato foi. Por isso que ele defende que quem deve governar a pólis são os filósofos, aqueles que saíram da caverna (mundo sensível) e conheceram a realidade (mundo das ideias). Só eles possuem as virtudes e o conhecimento necessário (as ideias) para dar à pólis uma estrutura bem ordenada de forma que o bem e a justiça possam reger as relações entre seus habitantes. Esses filósofos não pertenceriam a classe social alguma. Em, A República, ele apresenta um processo de educação que começa aos 07 e vai até os 30 anos, sendo que todos participam, independente da classe social e do sexo. Isso mesmo, Platão defendia que as mulheres poderiam ser educadas para participar da vida pública. Platão entendia o homem como sendo corpo e alma. Esta, que antes era livre no mundo das ideias, agora vive prisioneira no corpo, esquecendo-se de tudo que já havia contemplado. Ela seria composta por três partes: a racional, representada pela inteligência; a emotiva, representada pelas emoções; e a apetitiva, representada pelos desejos carnais de sobrevivência e reprodução. Se livrar das emoções e desejos carnais era necessário para contemplar o mundo das ideias, porque eles não fazem parte daquele mundo. Esse processo educacional, serviria para fazer a alma atingir o mundo das ideias, ou seja, relembrar (processo de reminiscência da alma) do lugar de onde veio. Por isso, só completariam todo o percurso educacional aqueles que adquirissem e exercitassem as virtudes necessárias a fazer com que a parte racional de sua alma se sobrepusesse acima das partes emotiva e apetitiva que o deixa preso nesse mundo de aparências. Somente esses seriam filósofos. Em uma pólis bem ordenada os seus habitantes seriam divididos em três grupos, de acordo com suas virtudes, assim como a alma. Os que cuidam da subsistência (agricultores, comerciantes, artesão, etc), os que a defendem (guerreiros), e os que a governam (os filósofos). Cada um, ao exercitar suas virtudes, desempenha um papel na sociedade, contribuindo como podem para o seu bom funcionamento. ARISTÓTELES Juntamente com Platão, Aristóteles (384 – 322 a. C.) é a grande referência da filosofia grega antiga que vai influenciar na construção do mundo ocidental. Dante Alighieri dizia que ele foi o mestre dos mestres, e São Tomaz de Aquino se referia a ele como “o” filósofo. Ele foi o pensador que analisou todo o pensamento grego e o melhorou; escreveu sobre quase tudo, de metafísica à biologia. Em resumo, ele foi “o cara”. Por isso, devemos estudar Aristóteles como o porta-voz dos gregos instruídos, pois era assim que ele se considerava. Apesar de ter sido um dos maiores pensadores que Atenas produziu, ele era um meteco, e como tal, sem direitos políticos. De Estagira, na Macedônia, Aristóteles sai aos 18 anos para estudar na Academia de Platão em Atenas. Isso, provavelmente, uns 10 anos antes do domínio macedônico sobre a Grécia. Com uma mente notável, permanece por lá durante 20 anos até a morte de Platão. Após a morte do mestre, a quem Aristóteles era muito amigo e admirador, não vê mais motivos de continuar na academia e sai de Atenas para viajar por um bom tempo. Em 335 a. c., o rei Felipe II o chama para morar em Pela, capital do império macedônico, e ser professor de seu filho Alexandre, condição na qual permaneceu até este assumir o poder. Essa proximidade com a corte macedônica se dava pelo fato de Nicômaco, seu pai, ter sido o médico do rei Amintas, pai de Felipe. Aristóteles foi um grande pensador sistemático, que dividiu os saberes em: Produtivos/Poéticos – que se destinam a produção das coisas que são úteis aos homens. Ex: artes, arquitetura, carpintaria, etc. Práticos - que tratam das práticas que os homens mantem entre si. Ex: política, ética, economia, etc.
  • 4. FILOSOFIA PARA O ENEM www.andersonpinho.com.br Página | 4 Teóricos – dispõem sobre os conhecimentos contemplativos da realidade, das coisas que existem independentes do homem. Ex: física, matemática, astronomia, etc. Metafísica Segundo ele, enquanto os saberes particulares refletem sobre os seres particulares sujeitos ao movimento (devir), existe um saber que reflete sobre todos esses seres em conjunto, que estuda o que há de comum a todos eles, e que os estruturam em um todo organizado. Esse saber ele chamou de Filosofia Primeira, que mais tarde ficou conhecida como Metafísica (meta + físico = além do físico). É ela que analisa os princípios e a essência última do mundo, do universal, contida em todos os seres. É ela que diz se o objeto (esse mundo que nos rodeia) dos saberes particulares é real e verdadeiro. Na sua investigação do que seja a realidade, afim de fundar um conhecimento verdadeiro das coisas, Aristóteles superou Heráclito, Parmênides, e deu uma resposta diferente da de Platão, criticando a posição de seu mestre. Para ele, esse mundo material que nos envolve e que é mutável, não é uma ilusão ou cópia imperfeita de algo (Parmênides e Platão), mas também não é toda a realidade (Heráclito). A mudança não é algo que torne as coisas ilusórias ou imperfeitas, mas é na realidade a sua essência. E se Parmênides e Platão dizem que não dá para construir um conhecimento verdadeiro sobre ela, Aristóteles afirma que eles estão errados, que dá para obter um conhecimento verdadeiro desse mundo, esse conhecimento é a Física. Crítico do dualismo platônico, ele não acreditava que deveríamos conhecer primeiro um mundo intelectual para só assim conhecermos o mundo material. Aristóteles voltou a investigação filosófica para a matéria afirmando que o ser (o real/inteligível) encontra-se nela, na matéria, e que a possibilidade de compreensão e apreensão do real (ser) deve-se dar a partir dela. Essa discordância com Platão ficou bem retratada na obra do renascentista Rafael Sanzio. Ele acreditava que existe uma ordem (inteligência) regendo todos os seres (matéria). Cada objeto que existe possui essa ordem dentro de si, que o constitui, que o faz ser como ele é, e que pode fazer ele se tornar algo melhor, sempre almejando uma finalidade. Ou seja, o inteligível está nas coisas e não separado dela em um mundo exterior. O que faz cada ser, ser o que é, Aristóteles denominou de Substância/essência, e pelo fato do homem ser dotado de consciência (racional), ele pode conhecer a essência/substância das coisas. Esse conhecimento se dá, segundo ele, quando investigamos vários particulares até abstrairmos uma essência comum a todos, na qual podemos generalizar através do conceito geral/universal. Esse método de ir do particular ao geral é a indução. Para Aristóteles, os seres se diferenciam pela quantidade de movimento a que estão sujeitos, e a depender dessa quantidade existe um conhecimento próprio ao seu estudo. De acordo com a metafísica aristotélica, todo ser físico possui uma matéria de que é feito e uma forma que o individualiza. Essa matéria possui a capacidade de se tornar algo diferente, de assumir outra forma, atualizando-se. E é o movimento que lhe é inerente, essencial, que faz acontecer essa mudança. Desse modo, os conceitos (categorias) que Aristóteles desenvolveu em sua metafísica para entender a realidade são: Matéria – é aquilo do que o ser é feito. Forma – é o que o individualiza, tornando-o o que ele é.
  • 5. FILOSOFIA PARA O ENEM www.andersonpinho.com.br Página | 5 Potência – é capacidade/possibilidade que a matéria tem de mudar. Ato – é a forma que ele está assumindo agora. Substância – é a essência do ser, aquilo que o faz ser o que é. Acidente – são as características não essenciais do ser, que, caso ele tenha ou não, não o impede de ser o que ele é. Exemplo: grande/pequeno, amarelo/azul, leve/pesado, etc. Mas quais são as causas dessa mudança, do movimento. Aristóteles diz que são quatro, a saber: Causa material – refere-se à sua matéria. Uma pedra nunca vai ser um homem adulto Causa eficiente/motora – refere-se àquilo que age sobre a matéria para que ela adquira outra forma. Causa formal – refere-se àquilo que a matéria tende a se tornar. Causa final – refere-se ao propósito ao qual a matéria sofreu todo o movimento para se tornar o que é. Lembre-se sempre que no pensamento aristotélico, TODAS as coisas têm uma finalidade, tudo tem um propósito e uma função. A causa final é a causa mais importante de todas, é a inteligência (o logos) ordenando o mundo, e todos os seres estão sujeitos a ela, sejam eles animados ou inanimados. Tudo tem seu propósito e fim. Por essa razão é que o pensamento aristotélico é chamando de teleológico (telos + lógico = fim ordenado). E quando ele investiga a causa das causa ele se depara com o princípio causador de todas as causas, qual seja, o Primeiro Motor Imóvel. Ele é ato puro, não sujeito a nenhum tipo de movimento, é o incausado que é a causa de todas as causas. Política Assim como o próprio Platão percebeu mais tarde que seu projeto de funcionamento de uma pólis ideal governada por reis filósofos não era viável, Aristóteles também sabia que esse projeto nunca daria certo. Tendo isso em mente, ele elaborou um projeto político que fosse viável, e desenvolveu uma política para o homem comum. Mas não entenda esse homem como qualquer um. É o homem bem instruído, e de determinadas posses, que o permitisse ter ócio suficiente para se voltar aos estudos e à política. Nessa linha de raciocínio, a polis que esse homem habitaria seria a melhor possível. Ela teria sua constituição como sendo um reflexo desse tipo de homem. E como seria essa polis? Para dar essa resposta, Aristóteles analisou 158 constituições diferentes, e definiu os tipos possíveis de governo conforme o quadro abaixo: BOM RUIM UM MONARQUIA TIRANIA POUCOS ARISTOCRACIA OLIGARQUIA MUITOS REPÚBLICA DEMOCRACIA A corrupção de um regime a outro, acontece quando quem governa se desvia do objetivo de atingir o bem comum, e passa a governar de acordo com seus interesses. Quanto à melhor forma de governo, Aristóteles diz que vai depender do tipo de povo. Segundo ele, existe uma disposição natural em cada povo que o torna propício a determinada forma de governo. Particularmente, ele prefere a monarquia, e argumenta que dentre as formas corrompidas de governo, a democracia é a melhor. Para compreendermos bem o pensamento aristotélico sobre a política e a ética é importantíssimo sabermos que ele não entendia as duas separadamente. Isso porque ele, assim como os gregos instruidos, não entendia um modo de ser, um comportamento do ánthropos (homem) que não fosse o mesmo do zoôn politikon (animal político). Ser homem para ele era ser político/cidadão. Tanto é que a palavra ética vem de ethos que de forma abrangente quer dizer modo de ser, e a palavra política vem de polis + ética, ou seja, o modo de ser da pólis. Não existe comportamento racional/inteligível que não seja dentro da pólis. Segundo ele, um homem que não vivesse em comunidade, ou era um deus, ou uma fera. E se vivesse em comunidade que não fosse uma pólis, seria inferior. Por isso que um estrangeiro era inferior a um grego e era legítimo que ele fosse escravizado. Por isso, Aristóteles condenava a escravidão entre os gregos livres, por ser contrário à natureza das coisas.
  • 6. FILOSOFIA PARA O ENEM www.andersonpinho.com.br Página | 6 Aí você pode pensar, mas não é todo mundo gente do mesmo jeito? Nananinanan, não. Vamos botar os pingos nos ís. Aristóteles tinha em mente que todos nós, gregos ou não, somos zoôn (animais), mas apenas os que vivem numa comunidade política, numa pólis, são zoôn polítikon, são ánthropos (ανθρώπου). Ora, nós vimos acima que o pensamento racional surgiu com a pólis. A racionalidade, que é uma descoberta grega, que era, portanto, grega, é uma racionalidade política, no sentido de comunitária, e o que faz o ánthropos (homem) ser superior aos outros animais é justamente isso, ser racional. Mas ele só pode ser racional se fizer parte dessa comunidade política que é a pólis, pois somente nela, ele pode desenvolver a sua natureza racional. E se é assim, a pólis também é algo natural ao homem. As leis que regem a pólis são criações da palavra (logos/razão), que não é mais ditada pelos deuses a um sacerdote que a transmite aos homens. Ela é genuinamente humana, fruto do debate, da dialética, expressão do logos (razão) que organiza a pólis e reina sobre os homens, não todos os homens, mas sobre os gregos. É essa palavra (logos) que é o conhecimento do que é útil, do bem e do mal, do justo e do injusto; e viver de acordo com a justiça é viver a boa vida, permitida apenas na pólis. É isso que faz de um grego, um zoôn (animal) politikon (superior), e somente este é ánthropos (ανθρώπου). Repito, tudo isso de que estamos falando foi construído por eles, por isso, não é obra do homem em geral, mas dos gregos em particular. Aristóteles está falando para os gregos, ele está ensinando a eles, e não a todos os homens do planeta. E por que não? Por que ele acreditava que só os gregos eram capazes de entender o que ele estava dizendo, e é aqui que reside o preconceito que não é só de Aristóteles, mas dos gregos em geral. Ética Como viver essa boa vida, que só era possível participando da pólis? Aristóteles deixou essa resposta em sua obra Ética a Nicômaco. Como já vimos, ele concebia que tudo tem um fim, e não seria diferente com as ações humanas, que devem ser realizadas objetivando atingir o bem supremo que é a eudaimonia, comumente traduzida por felicidade. Não devemos entender essa felicidade como uma emoção que temos quando algo bom nos acontece. Ela está mais para um estado de plenitude, uma forma de viver plena, voltada para o bem, para o saber, para a justiça, no aperfeiçoamento constante do caráter. E viver dessa forma não é possível sem as virtudes. As virtudes são as qualidades do caráter que nos permitem conseguir os bens necessários (materiais e imateriais) para viver plenamente, ou seja, ter uma vida feliz. E a principal delas é a phronesis, a nossa conhecida prudência. Ela é a sabedoria, o saber prático necessário, a chave da felicidade, para viver moderadamente. É a prudência que nos permite viver sem exageros e nem deficiências, ou seja, no meio termo. É essa virtude que nos permite saber como agir moderadamente em cada situação particular. CAPÍTULO 3 – FILOSOFIA HELENISTICA CONTEXTO HISTÓRICO - ALEXANDRE O GRANDE Enfraquecidos pela Guerra do Peloponeso, os gregos não resistiram ao ataque macedônico na BATALHA DE QUERONEIA (338 a. C.) e sucumbiram diante do rei Felipe II. O domínio macedônico não ficou só na Grécia. Com a morte do rei Felipe II, seu filho Alexandre (336 – 323 a. C.) de apenas 18 anos, assume o poder e conquista os grandes domínios do Império Persa, expandindo o poderio macedônico até a Índia. Alexandre foi educado nos costumes gregos, teve Aristóteles como seu professor, e espalhou a cultura grega por um vastíssimo território. A expansão e mistura da cultura grega com a dos povos orientais originou o que foi conhecido de Helenismo. Seu império não resistiu à sua morte, foi dividido entre seus generais, e foi conquistado pelos romanos. No entanto, as cidades fundadas por ele continuaram transmitindo a cultura grega para diversos povos ao longo de séculos. Como exemplo, podemos citar Alexandria no Egito, Pérgamo na Ásia Menor, e a Ilha de Rodes no Mar Egeu. Alexandria foi a que mais se destacou ao possuir a maior biblioteca do mundo de sua época, e por ter formado uma escola com grandes pensadores.
  • 7. FILOSOFIA PARA O ENEM www.andersonpinho.com.br Página | 7 Abaixo, mapa indicando o tamanho da expansão do Império Macedônico. Alexandre com sua expansão promove gradualmente a queda da pólis. Ele dá início ao primeiro projeto de globalização, com a convivência de povos de diferentes costumes vivendo sob um mesmo território e domínio. Esse novo mundo que Alexandre estava criando requeria um novo homem, que deixaria de ser um cidadão da pólis para ser um cidadão do mundo, da cosmopólis, ou seja, um cosmopolita. Dessa maneira, todo aquele corpo teórico sustentado pelos filósofos gregos, que concebia a pólis como sendo o único lugar onde o homem poderia exercitar suas virtudes e fazer florescer suas potencialidades, foi perdendo sentido, pois a pólis estava deixando de existir em seu formato original. Essas mudanças na forma de ver o mundo colocavam novas questões que não podiam ser respondidas pelos escritos filosóficos já existentes. É nesse contexto que surgem novas correntes de pensamento filosóficas, como respostas às novas questões postas por essas transformações. Epicurismo Fundada por Epicuro (341 – 271 a. C), o epicurismo ensinava que os homens devem se libertar dos medos e viver uma vida voltada para os simples prazeres (hedonismo), como beber quando se tem sede, comer quando se tem fome, aproveitar a presença dos amigos e familiares. Tudo com moderação. Estes prazeres seriam entendidos como a superação dos desejos estimulados em sociedade, como a busca por fama, riqueza e poder. A felicidade seria, portanto, essa libertação dos desejos e prazeres, com o objetivo de se levar uma vida serena e simples, própria de um sábio. Estoicismo Outra doutrina foi a de Zenão de Cício (336 – 263 a. C.), que ficou conhecida por estoicismo. Segundo ela, o homem deveria viver indiferente aos problemas da vida. Teria que desprezar totalmente qualquer tipo de prazer, pois os entendia como a causa dos males. Para esse filósofo, o homem deveria dedicar-se apenas à sabedoria sobre a ordem do cosmo para viver de acordo com ele, pois o homem não pertence a lugar nenhum, mas ao mundo. Ceticismo Pirro de Élida (360-270 a.C.) foi o maior nome dessa corrente filosófica. Ele tirou suas conclusões depois de participar das expedições de Alexandre o Grande, onde percebeu, ao ter contato com diversas culturas, que não há como se ter conhecimento do que seja verdadeiro ou falso, e que a maior sabedoria que o homem poderia alcançar é a aceitação desse fato. E negar isso é a causa de todos os males e infelicidades. Cinismo Figura emblemática do cinismo é Diógines de Sínope (400-325 a. C.), mais conhecido como Diógines o cão. Ele viveu em Atenas de acordo com o que acreditava, morando em um barril e comendo apenas o os outros lhe davam, pois o cinismo pregava que as pessoas deveriam viver da forma mais simples possível, como um cão, desprezando todas as convenções sociais. Tudo que era natural deveria ser feito aos olhos de todos, e considerava coisas tolas a riqueza, fama, poder, e honras. Em busca de uma pessoa que não fosse corrupta, ele andava com uma lanterna interpelando a todos que encontrava. Certa vez o imperador Alexandre foi ao seu encontro e disse que lhe daria qualquer coisa que ele pedisse, quando então, Diógenes pediu apenas que ele saísse da frente do sol, pois estava impedindo-o de receber sua luminosidade.
  • 8. FILOSOFIA PARA O ENEM www.andersonpinho.com.br Página | 8 QUESTÕES 01. O método argumentativo de Sócrates (469 – 399 a.C.) consistia em dois momentos distintos: a ironia e a maiêutica. Sobre a ironia socrática, pode-se afirmar que: I – Torna o interlocutor um mestre na argumentação sofística. II – Leva o interlocutor à consciência de que seu saber era baseado em reflexões, cujo conteúdo era repleto de conceitos vagos e imprecisos. III – tinha um caráter purificador, à medida que levava o interlocutor confessar suas próprias contradições e ignorâncias. IV – tinha um sentido depreciativo e sarcástico da posição do interlocutor. Assinale: a) se apenas a afirmação III é correta. b) Se as afirmações I e IV são corretas. c) Se apenas a afirmação IV é correta. d) Se as afirmações II e III são corretas. 02. O trecho abaixo faz uma referência ao procedimento investigativo adotado por Sócrates. “O fato é que nunca ensinei pessoa alguma. Se alguém deseja ouvir-me quando falo ou me encontro no desempenho de minha missão, quer se trate de moço ou velho (...) me disponho a responder a todos por igual, assim os ricos como os pobres, ou se o preferirem, a formular-lhes perguntas, ouvindo eles o que lhes falo.” PLATÃO. Apologia de Sócrates. Belém: EDUFPA, 2001. (33a – b) Marque a alternativa que melhor representa o “método” socrático. a) Sócrates nada ensina porque apenas transmite aquilo que ouve do seu daímon. Seu procedimento consiste em discursar, igualmente para qualquer ouvinte, com longos discursos demonstrativos retirados da tradição poética ou com perguntas que levam o interlocutor a fazer o mesmo. A ironia é o expediente utilizado contra os adversários, cujo objetivo é somente a disputa verbal. b) A profissão de ignorância e a ironia de Sócrates fazem parte do seu procedimento geral de refutação por meio de perguntas e respostas breves (o élenkhos), e constituem um meio de reverter os argumentos do interlocutor para fazê-lo cair em contradição. A refutação socrática revela a presunção de saber do adversário, pela insuficiência de suas definições e pela aporia. c) Sócrates nunca ensina pessoa alguma, porque a profissão de ignorância caracteriza o modo pelo qual encoraja seus discípulos a adquirirem sabedoria diretamente do deus do Oráculo de Delfos. A ironia socrática é uma dissimulação que, pela zombaria, revela as verdadeiras disposições do pequeno número dos que se encontram aptos para a Filosofia. d) Sócrates nunca ensina pessoa alguma sem antes testar sua aptidão filosófica por meio de perguntas e respostas. Seu procedimento consiste em destruir as definições do adversário por meio da ironia. A ignorância socrática encoraja o adversário a revelar suas opiniões verdadeiras que, pela refutação, dão a medida da aptidão para a vida filosófica. 03. Analise o seguinte fragmento do diálogo Fedro, de Platão (427-347 a.C.). SÓCRATES: – Vamos então refletir sobre o que há pouco estávamos discutindo; examinaremos o que seja recitar ou escrever bem um discurso, e o que seja recitar ou escrever mal. FEDRO: – Isso mesmo. SÓCRATES: – Pois bem: não é necessário que o orador esteja bem instruído e realmente informado sobre a verdade do assunto de que vai tratar? FEDRO: – A esse respeito, Sócrates, ouvi o seguinte: para quem quer tornar-se orador consumado não é indispensável conhecer o que de fato é justo, mas sim o que parece justo para a maioria dos ouvintes, que são os que decidem; nem precisa saber tampouco o que é bom ou belo, mas apenas o que parece tal – pois é pela aparência que se consegue persuadir, e não pela verdade. SÓCRATES: – Não se deve desdenhar, caro Fedro, da palavra hábil, mas antes refletir no que ela significa. O que acabas de dizer merece toda a nossa atenção.
  • 9. FILOSOFIA PARA O ENEM www.andersonpinho.com.br Página | 9 FEDRO: – Tens razão. SÓCRATES: – Examinemos, pois, essa afirmação. FEDRO: – Sim. SÓCRATES: – Imagina que eu procuro persuadirte a comprar um cavalo para defender-te dos inimigos, mas nenhum de nós sabe o que seja um cavalo; eu, porém, descobri por acaso uma coisa: “Para Fedro, o cavalo é o animal doméstico que tem as orelhas mais compridas”... FEDRO: – Isso seria ridículo, querido Sócrates. SÓCRATES: – Um momento. Ridículo seria se eu tratasse seriamente de persuadir-te a que escrevesses um panegírico do burro, chamando-o de cavalo e dizendo que é muitíssimo prático comprar esse animal para o uso doméstico, bem como para expedições militares; que ele serve para montaria de batalha, para transportar bagagens e para vários outros misteres. FEDRO: – Isso seria ainda ridículo. SÓCRATES: – Um amigo que se mostra ridículo não é preferível ao que se revela como perigoso e nocivo? FEDRO: – Não há dúvida. SÓCRATES: – Quando um orador, ignorando a natureza do bem e do mal, encontra os seus concidadãos na mesma ignorância e os persuade, não a tomar a sombra de um burro por um cavalo, mas o mal pelo bem; quando, conhecedor dos preconceitos da multidão, ele a impele para o mau caminho, – nesses casos, a teu ver, que frutos a retórica poderá recolher daquilo que ela semeou? FEDRO: – Não pode ser muito bom fruto. SÓCRATES: – Mas vejamos, meu caro: não nos teremos excedido em nossas censuras contra a arte retórica? Pode suceder que ela responda: “que estais a tagarelar, homens ridículos? Eu não obrigo ninguém – dirá ela – que ignore a verdade a aprender a falar. Mas quem ouve o meu conselho tratará de adquirir primeiro esses conhecimentos acerca da verdade para, depois, se dedicar a mim. Mas uma coisa posso afirmar com orgulho: sem as minhas lições a posse da verdade de nada servirá para engendrar a persuasão”. FEDRO: – E não teria ela razão dizendo isso? SÓCRATES: – Reconheço que sim, se os argumentos usuais provarem que de fato a retórica é uma arte; mas, se não me engano, tenho ouvido algumas pessoas atacá- la e provar que ela não é isso, mas sim um negócio que nada tem que ver com a arte. O lacônio declara: “não existe arte retórica propriamente dita sem o conhecimento da verdade, nem haverá jamais tal coisa”. (Platão. Diálogos. Porto Alegre: Editora Globo, 1962.) Após uma leitura atenta do fragmento do diálogo Fedro, pode-se perceber que Sócrates combate, fundamentalmente, o argumento dos mestres sofistas, segundo o qual, para fazer bons discursos, é preciso A) evitar a arte retórica. B) conhecer bem o assunto. C) discernir a verdade do assunto. D) ser capaz de criar aparência de verdade. E unir a arte retórica à expressão da verdade. E) unir a arte retórica à expressão da verdade. 04. O diálogo socrático de Platão é obra baseada em um sucesso histórico: no fato de Sócrates ministrar os seus ensinamentos sob a forma de perguntas e respostas. Sócrates considerava o diálogo como a forma por excelência do exercício filosófico e o único caminho para chegarmos a alguma verdade legítima. De acordo com a doutrina socrática, A) a busca pela essência do bem está vinculada a uma visão antropocêntrica da filosofia. B) é a natureza, o cosmos, a base firme da especulação filosófica. C) o exame antropológico deriva da impossibilidade do autoconhecimento e é, portanto, de natureza sofística. D) a impossibilidade de responder (aporia) aos dilemas humanos é sanada pelo homem, medida de todas as coisas. 05. Em Platão, as questões metafísicas mais importantes — e a possibilidade de serem solucionadas — estão vinculadas aos grandes problemas da geração, da corrupção e do ser das coisas. Para Platão,
  • 10. FILOSOFIA PARA O ENEM www.andersonpinho.com.br Página | 10 A) o dualismo ontológico é uma impossibilidade, enquanto o mundo sensível traz em si a causa da sua própria existência. B) a Ideia é um ente puro de razão, uma representação mental: não um ser dotado de realidade ontológica ou de potência causal. C) há inteligibilidade e, então, possibilidade de se produzir ciência (episteme) no mundo da sensibilidade, do corpóreo, do múltiplo. D) as coisas sensíveis não se explicam comelementos físicos (cor, figura, extensão), mas em função de urna causa-em-si, verdadeira e não física. 06. Segundo Platão, as opiniões dos seres humanos sobre a realidade são quase sempre equivocadas, ilusórias e, sobretudo, passageiras, já que eles mudam de opinião de acordo com as circunstâncias. Como agem baseados em opiniões, sua conduta resulta quase sempre em injustiça, desordem e insatisfação, ou seja, na imperfeição da sociedade. Em seu livro A República, ele, então, idealizou uma sociedade capaz de alcançar a perfeição, desde que seu governo coubesse exclusivamente a) aos guerreiros, porque somente eles teriam força para obrigar todos a agirem corretamente. b) aos tiranos, porque somente eles unificariam a sociedade sob a mesma vontade. c) aos mais ricos, porque somente eles saberiam aplicar bem os recursos da sociedade. d) aos demagogos, porque somente eles convenceriam a maioria a agir de modo organizado. e) aos filósofos, porque somente eles disporiam do conhecimento verdadeiro e imutável. 07. A Alegoria da Caverna de Platão, além de ser um texto de teoria do conhecimento, é também um texto político. No sentido político, é correto afirmar que Platão sustentava um modelo. a) monárquico, cujo governo deveria ser exercido por um filósofo e cujo poder deveria ser absoluto, centralizador e hereditário. b) aristocrático, baseado na riqueza e que representava os interesses dos comerciantes e nobres atenienses, por serem os mecenas das artes, das letras e da filosofia. c) democrático, baseado, principalmente, na experiência política de governo da época de Péricles. d) aristocrático, cujo governo deveria ser confiado aos melhores em inteligência e em conduta ética. 08. Sobre a Alegoria da Caverna de Platão pode-se afirmar que a) o filósofo deve ter uma vida exclusivamente contemplativa b) a educação do filósofo visa também a atividade política. c) os sentidos são fundamentais para o conhecimento d) qualquer um pode encontrar em si mesmo, pela intuição, a luz para o conhecimento. 09. Somente uns poucos indivíduos, se aproximando das imagens através dos órgãos dos sentidos, com dificuldade nelas entreveem a natureza daquilo que imitam. PLATÃO. FedrO. Ln: __ . Diálogos socráticos. v. 3. TrAduçÃO de edsOn Bini. BAuru/sP: ediPrO, 2008, P. 64 [250B]. Assinale a alternativa que explicita a teoria de Platão apresentada no trecho acima. A) A teoria materialista que fixa a imagem como o reflexo de corpos físicos que constituem a única realidade existente. B) A teoria das ideias que estabelece a distinção entre o mundo sensível e o mundo inteligível, sendo que as imagens captadas pelos sentidos humanos despertam a alma para as ideias que habitam o mundo inteligível. C) A teoria existencialista que delimita o espaço vital do homem e lhe impede de transcender para além do mundo sensível. D) A teoria niilista que admite dois mundos, mas que nega qualquer possibilidade de conhecimento das coisas e das ideias.
  • 11. FILOSOFIA PARA O ENEM www.andersonpinho.com.br Página | 11 10. A opinião (doxa, em grego), no pensamento de Platão (427-347 a.C.) representa um saber sem fundamentação metódica. É um saber que possui sua origem A) nos mitos religiosos, lendas e poemas da Grécia arcaica. B) nas impressões ou sensações advindas da experiência sensível. C) no discurso dos sofistas na época da democracia ateniense. D) num saber eclético, proveniente de algumas idéias dos filósofos pré-socráticos. 11. “Sócrates: imaginemos que existam pessoas morando numa caverna. Pela entrada dessa caverna entra a luz vinda de uma fogueira situada sobre uma pequena elevação que existe na frente dela. Os seus habitantes esta lá dentro desde a infância, algemados por correntes nas pernas e no pescoço, de modo que não conseguem mover-se nem olhar pra trás, e só podem ver o que ocorre à sua frente. (...) Naquela situação, você acha que os habitantes da caverna, a respeito de si mesmos e dos outros, consigam ver outra coisa além das sombras que o fogo projeta na parede ao fundo da caverna?”. (PLATÃO. A República [adaptação de Marcelo Perine]. São Paulo: Editora Scipione, 2002. p. 83). Em relação ao celebre mito da caverna e as doutrinas que ele representa, assinale o que for correto. 01. No mito da Caverna, Platão pretende descrever os primórdios da existência humana, relatando como era a vida e a organização social dos homens no principio do seu processo evolutivo, quando habitam em cavernas. 02. O mito da Caverna faz referência ao contraste ser e parecer, isto é, realidade a aparência, que marca o pensamento filosófico desde sua origem e que é assumido por Platão em sua famosa teoria das ideias. 04. O mito da caverna simboliza o processo de emancipação espiritual que o exercício da filosofia é capaz de promover, libertando o individuo das sombras da ignorância e dos preconceitos. 08. É uma característica essencial da filosofia de Platão a distinção entre mundo inteligível e mundo sensível; o primeiro ocupado pelas ideias perfeitas, o segundo pelos objetos físicos, que participam daquelas Ideias ou são suas copias imperfeitas. 16. No mito da caverna, o prisioneiro que se liberta e contempla a realidade fora da caverna, devendo voltar á caverna para libertar seus companheiros, representa o filósofo que, na concepção platônica, conhecedor do Bem e da Verdade, é o mais apto a governar a cidade. SOMA:______ 12. Leia o trecho abaixo. E que existe o belo em si, e o bom em si, e, do mesmo modo, relativamente a todas as coisas que então postulamos como múltiplas, e, inversamente, postulamos que a cada uma corresponde a uma ideia, que é única, e chamamos-lhe que é sua essência (507b – c). PLATÃO. República. Trad. De Maria Helena da Rocha Pereira. 8ª Ed. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, 1996. Marque a alternativa que expressa corretamente o pensamento de Platão. a) Somente por meio dos sentidos, em especial da visão, pode o filósofo obter o conhecimento das ideias. b) No pensamento platônico, o conhecimento das ideias permite ao filósofo discernir a unidade inteligível em face da multiplicidade sensível. c) Para que a alma humana alcance o conhecimento das ideias, ela deve elevar-se às alturas do inteligível, o que somente é possível após a morte ou por meio do contato com os deuses gregos. d) Tanto a dialética quanto a matemática elevam o conhecimento ao inteligível; mas, somente a matemática, por seu caráter abstrato, conduz a alma ao principio supremo: a ideia de Bem. 13. Leia o texto a seguir a responda à questão. Considera pois - continuei - o que aconteceria se eles fossem soltos das cadeias e curados da sua ignorância, a ver se, regressados à sua natureza, as coisas se passavam deste modo. Logo que alguém soltasse um deles, e o
  • 12. FILOSOFIA PARA O ENEM www.andersonpinho.com.br Página | 12 forçasse a endireitar-se de repente, a voltar o pescoço, a andar e a olhar para a luz, ao fazer tudo isso, sentiria dor, e o deslumbramento impedi-lo-ia de fixar os objetos cujas sombras via outrora. Que julgas tu que ele diria, se alguém lhe afirmasse que até então ele só vira coisas vãs, ao passo que agora estava mais perto da realidade e via de verdade, voltado para objetos mais reais? E se ainda, mostrando-lhe cada um desses objetos que passavam, o forçassem com perguntas a dizer o que era? Não te parece que ele se veria em dificuldades e suporia que os objetos vistos outrora eram mais reais do que os que agora lhe mostravam? O texto é parte do livro VII da República, obra na qual Platão desenvolve o célebre Mito da Caverna. Sobre o Mito da Caverna, é correto afirmar. I – A caverna iluminada pelo Sol, cuja luz se projeta dentro dela, corresponde ao mundo inteligível, e do conhecimento verdadeiro do ser. II – Explica como Platão concebe e estrutura o conhecimento III – Manifesta a forma como Platão pensa a política, na medida em que, ao voltar à caverna, aquele que contemplou o bem quer libertar da contemplação das sombras os antigos companheiros. IV – Apresenta uma concepção de conhecimento estruturada unicamente em fatores circunstanciais e relativistas. Assinale a alternativa correta. a) Somente as afirmativas I e IV são corretas b) Somente as afirmativas I, II e IV são corretas. c) Somente as afirmativas III e IV são corretas d) Somente as afirmativas I, II e III são corretas e) Somente as afirmativas II e III são corretas 14. Leia o texto abaixo. “SÓCRATES: Portanto, como poderia ser alguma coisa o que nunca permanece da mesma maneira? Com efeito, se fica momentaneamente da mesma maneira, é evidente que, ao menos nesse tempo, não vai embora; e se permanece sempre da mesma maneira e é ‘em si mesma’, como poderia mudar e mover-se, não se afastando nunca da própria Ideia? CRÁTILO: Jamais poderia fazê-lo. SÓCRATES: Mas também de outro modo não poderia ser conhecida por ninguém. De fato, no próprio momento em que quem quer conhecê-la chega perto dela, ela se torna outra e de outra espécie; e assim não se poderia mais conhecer que coisa seja ela nem como seja. E certamente nenhum conhecimento conhece o objeto que conhece se este não permanece de nenhum modo estável. CRÁTILO: Assim é como dizes.” PLATÃO, Crátilo, 439e-440a Assinale a alternativa correta, de acordo com o pensamento de Platão. A) Para Platão, o que é “em si” e permanece sempre da mesma forma, propiciando o conhecimento, é a Ideia, o ser verdadeiro e inteligível. B) Platão afirma que o mundo das coisas sensíveis é o único que pode ser conhecido, na medida em que é o único ao qual o homem realmente tem acesso. C) As Ideias, diz Platão, estão submetidas a uma transformação contínua. Conhecê-las só é possível porque são representações mentais, sem existência objetiva. D) Platão sustenta que há uma realidade que sempre é da mesma maneira, que não nasce nem perece e que não pode ser captada pelos sentidos e que, por isso mesmo, cabe apenas aos deuses contemplá-la. 15. No pórtico da Academia de Platão, havia a seguinte frase: “não entre quem não souber geometria”. Essa frase reflete sua concepção de conhecimento: quanto menos dependemos da realidade empírica, mais puro e verdadeiro é o conhecimento tal como vemos descrito em sua Alegoria da Caverna. “A ideia de círculo, por exemplo, preexiste a toda a realização imperfeita do círculo na areia ou na tábula recoberta de cera. Se traço um círculo na areia, a ideia que guia a minha mão é a do círculo perfeito. Isso não impede que essa ideia também esteja presente no círculo imperfeito que eu tracei. É assim que aparece a ideia ou a forma.” JEANNIÈRE, Abel. Platão. Tradução de Lucy Magalhães. Rio de Janeiro: Zahar, 1995. 170 p. Com base nas informações acima, assinale a alternativa que interpreta corretamente o pensamento de Platão.
  • 13. FILOSOFIA PARA O ENEM www.andersonpinho.com.br Página | 13 A) A Alegoria da Caverna demonstra, claramente, que o verdadeiro conhecimento não deriva do “mundo inteligível”, mas do “mundo sensível”. B) Todo conhecimento verdadeiro começa pela percepção, pois somente pelos sentidos podemos conhecer as coisas tais quais são. C) Quando traçamos um círculo imperfeito, isto demonstra que as ideias do “mundo inteligível” não são perfeitas, tal qual o “mundo sensível”. D) As ideias são as verdadeiras causas e princípio de identificação dos seres; o “mundo inteligível” é onde se obtêm os conhecimentos verdadeiros. 16. Leia o seguinte trecho da Alegoria da Caverna. Agora imagine que por esse caminho as pessoas transportam sobre a cabeça objetos de todos os tipos: por exemplo, estatuetas de figuras humanas e de animais. Numa situação como essa, a única coisa que os prisioneiros poderiam ver e conhecer seriam as sombras projetadas na parede a sua frente. CHALITA, G. Vivendo a Filosofia. São Paulo: Ática, 2006, p. 50. Com base na leitura do trecho acima e em seus conhecimentos sobre a obra de Platão (428 a.C. – 348 a.C.), assinale a alternativa INCORRETA. A) Platão distingue o mundo sensível ou das aparências, onde tudo o que se capta por meio dos sentidos pode ser motivo de engano, e o mundo inteligível, onde se encontram as ideias a partir das quais surgem os elementos do mundo sensível. B) Platão tinha como principal objetivo o conhecimento das ideias: realidades existentes por si mesmas, essências a partir das quais podem ser geradas suas cópias imperfeitas. C) O pensamento de Platão deu origem aos fundamentos da ciência moderna graças ao seu método de observação e experimentação para o conhecimento dos fenômenos naturais. D) A obra de Platão está fundamentada em um método de investigação conhecido como dialética cujo objetivo é superar a simples opinião (doxa) e atingir o conhecimento verdadeiro ou ciência (episteme). 17. Leia o trecho abaixo, que se encontra na Apologia de Sócrates de Platão e traz algumas das concepções filosóficas defendidas pelo seu mestre. Com efeito, senhores, temer a morte é o mesmo que se supor sábio quem não o é, porque é supor que sabe o que não sabe. Ninguém sabe o que é a morte, nem se, porventura, será para o homem o maior dos bens; todos a temem, como se soubessem ser ela o maior dos males. A ignorância mais condenável não é essa de supor saber o que não se sabe? Platão, A Apologia de Sócrates, 29 a-b, In. HADOT, P. O que é a Filosofia Antiga? São Paulo: Ed. Loyola, 1999, p. 61. Com base no trecho acima e na filosofia de Sócrates, assinale a alternativa INCORRETA. A) Sócrates prefere a morte a ter que renunciar a sua missão, qual seja: buscar, por meio da filosofia, a verdade, para além da mera aparência do saber. B) Sócrates leva o seu interlocutor a examinar-se, fazendo-o tomar consciência das contradições que traz consigo. C) Para Sócrates, pior do que a morte é admitir aos outros que nada se sabe. Deve-se evitar a ignorância a todo custo, ainda que defendendo uma opinião não devidamente examinada. D) Para Sócrates, o verdadeiro sábio é aquele que, colocado diante da própria ignorância, admite que nada sabe. Admitir o não-saber, quando não se sabe, define o sábio, segundo a concepção socrática. 18. A relação entre mito e filosofia é objeto de polêmica entre muitos estudiosos ainda hoje. Para alguns, a filosofia nasceu da ruptura com o pensamento mítico (teoria do “milagre grego”); para outros, houve uma continuidade entre mito e filosofia, ou seja, de alguma forma os mitos continuaram presentes – seja como forma, seja como conteúdo – no pensamento filosófico. A partir destas informações, assinale a alternativa que NÃO contenha um exemplo de pensamento mítico no pensamento filosófico. A) Parmênides afirma: “Em primeiro lugar, criou (a divindade do nascimento ou do amor) entre todos os deuses, a Eros...” B) Platão propõe algumas teses como a teoria da reminiscência e a transmigração das almas. C) Heráclito afirma: “As almas aspiram o aroma do Hades”. D) Aristóteles divide a ciência em três ramos: o teorético, o prático e o poético.
  • 14. FILOSOFIA PARA O ENEM www.andersonpinho.com.br Página | 14 19. De fato, os homens começaram a filosofar, agora como na origem, por causa da admiração, na medida em que, inicialmente, ficavam perplexos diante das dificuldades mais simples; em seguida, progredindo pouco a pouco, chegaram a enfrentar problemas sempre maiores [...]. ARISTÓTELES. Metafísica, v. I. São PAuLo: EdIçõES LoyoLA, 2002. P. 11 [982b]. Admiração ou espanto, essa é a atitude que Aristóteles considerava como o princípio do filosofar. Assinale a alternativa que justifica o raciocínio do filósofo grego. A) O espanto é a atitude de êxtase em face da revelação da verdade eterna assinalada por um saber divino que abarca toda a realidade, pois dispensa qualquer uso do pensamento ou da experiência guiada pelo pensamento. B) O espanto causa perplexidade em quem se depara com algo desconhecido e assim se sente impelido a querer saber; essa atitude é própria do filosofar, por isso, “agora como na origem”, o que motiva os homens é a libertação da ignorância. C) O espanto reforça a ignorância humana, pois tudo que existe possui uma ordem imutável e eterna, e quem se submeter cegamente aos designíos do desconhecido, apesar de abdicar de sua liberdade, terá na ignorância o seu maior bem. D) O espantoso, para Aristóteles, era constatar, na cultura grega, que os homens diante da menor dificuldade eram incapazes de pensar que este mundo é uma ilusão; o mundo verdadeiro está além do sensível e só pode ser contemplado. 20. Considere as seguintes afirmações de Aristóteles e assinale a alternativa correta. I - "... é a ciência dos primeiros princípios e das primeiras causas." II - "... é a ciência do ser enquanto ser." Que ciência é essa ou quais ciências são essas? A) A Ética ou a Política. B) A Física e a Metafísica. C) A História e a Metafísica. D) A Filosofia Primeira ou a Metafísica. 21. A filosofia de Aristóteles (384-322 a.C.) representou uma nova interpretação do problema da mobilidade do ser, em contraposição à tradição filosófica. Para explicar a mobilidade do ser, Aristóteles utilizou dois conceitos ontológicos, que foram A) a essência e a existência. B) a substância e o acidente. C) o ato e a potência. D) o universal e o particular. 22. Aristóteles rejeitou a dicotomia estabelecida por Platão entre mundo sensível e mundo inteligível. No entanto, acabou fundindo os dois conceitos em um só. Esse conceito é A) a forma, aquilo que faz com que algo seja o que é. É o princípio de inteligibilidade das coisas. B) a matéria, enquanto princípio indeterminado de que o mundo físico é composto, e aquilo de que algo é feito. C) a substância, enquanto aquilo que é em si mesmo e enquanto é suporte dos atributos. D) o Ato Puro ou Primeiro Motor Imóvel, causa incausada e causa primeira e necessária de todas as coisas. 23. Sobre a teoria das quatro causas de Aristóteles é correto afirmar: I- É próprio da ciência investigá-las, pois são as causas do movimento e do repouso, ou seja, da passagem da potência ao ato. II- A causa eficiente atua sobre a forma, visto ser a matéria o ato a que aspiram os seres. III- A causa final é própria daquele ser que deve atualizar as potências contidas em sua matéria para alcançar a finalidade própria. IV- A forma é o princípio de indeterminação dos seres. Assinale a única alternativa que apresenta as assertivas corretas.
  • 15. FILOSOFIA PARA O ENEM www.andersonpinho.com.br Página | 15 A) Apenas I e III. B) I, III e IV. C) Apenas II e III. D) Apenas I e II. 24. Elaborando a teoria das quatro causas e a distinção entre ato e potência, Aristóteles busca explicar a realidade do devir e da mudança a que estão submetidas as coisas causadas. Assinale o que for correto. 01) Para Aristóteles, a mudança implica uma passagem da potência ao ato; o ato é o estado de plena realização de uma coisa; a potência, a capacidade que algo tem para assumir uma determinação. 02) Segundo Aristóteles, tudo que acontece tem suas causas, essas são a explicação ou o porque de certa coisa ser o que é. 04) Causa material, causa formal, causa eficiente e causa final são os quatro sentidos que Aristóteles distinque no termo causa 08) Segundo Aristóteles, a causa material e a causa formal de uma coisa são, respectivamente, aquilo de que a coisa é feita e aquilo que ela essencialmente é. 16) Segundo Aristóteles, a causa eficiente e a causa final de uma coisa são, respectivamente, o agente que atua sobre essa coisa e o fim que ela se destina. Soma:________ 25. A filosofia de Aristóteles representou uma nova interpretação sobre o problema do ser. Nesse sentido, Aristóteles define a ciência como A) conhecimento verdadeiro, isto é, conhecimento que se fundamenta apenas na compreensão do mundo inteligível porque as idéias, enquanto entidades metafísicas, não mudam. B) conhecimento verdadeiro, isto é, conhecimento pelas causas, capaz de compreender a natureza do devir e superar os enganos da opinião. C) conhecimento relativo porque o ser é mobilidade, eterno fluxo e a verdade não pode, portanto, ser absoluta. D) conhecimento relativo porque a ciência, enquanto produção do homem é determinada pelo desenvolvimento histórico. 26. [...] após ter distinguido em quantos sentidos se diz cada um [destes objetos], deve-se mostrar, em relação ao primeiro, como em cada predicação [o objeto] se diz em relação àquele. Aristóteles, Metafísica. Tradução de Marcelo Perine. São Paulo: Edições Loyola, 2002. De acordo com a ontologia aristotélica, A) a metafísica é ―filosofia primeira‖ porque é ciência do particular, do que não é nem princípio, nem causa de nada. B) o primeiro entre os modos de ser, ontologicamente, é o ― por acidente‖, isto é, diz respeito ao que não é essencial. C) a substância é princípio e causa de todas as categorias, ou seja, do ser enquanto ser. D) a substância é princípio metafísico, tal como exposto por Platão em sua doutrina. 27. Aristóteles (384 a.C. – 322 a.C), apesar de ter sido discípulo de Platão, criou sua própria filosofia. Uma das diferenças marcantes entre os dois é a importância dada aos fenômenos naturais do chamado mundo sensível. No mundo sensível, a mudança é constante, característica que Aristóteles procura explicar a partir das concepções de matéria, forma, potência e ato. Com base nos seus conhecimentos e no texto acima, assinale a alternativa que define corretamente a concepção aristotélica de ato e potência. A) A potência e o ato são conceitos que não se referem, de fato, às coisas materiais sujeitas à transformação. B) A potência é o momento presente, atual da matéria; ato é o que ela poderá vir a fazer. C) A potência e o ato não se relacionam com a matéria. D) A potência é o que a matéria virá a ser, seu devir, o princípio do movimento; ato é aquilo que ela é no presente. 28. “Segundo Aristóteles, tudo tende a passar da potência ao ato; tudo se move de uma para outra condição. Essa passagem se daria pela ação de forças que se originam de
  • 16. FILOSOFIA PARA O ENEM www.andersonpinho.com.br Página | 16 diferentes motores, isto é, coisas ou seres que promoveriam esta mudança. No entanto, se todo o Universo sofre transformações, o estagirita afirmava que deveria haver um primeiro motor [...]”. CHALITA, Gabriel. Vivendo a filosofia. São Paulo: Ed. Ática, 2006, p. 58. Com base em seus conhecimentos e no texto acima, assinale a alternativa que contenha duas características do primeiro motor. A) O primeiro motor é imóvel, caso contrário, alguma causa deveria movê-lo e ele não seria mais o primeiro motor; é imutável, porque é ato puro. B) O primeiro motor é imóvel, mas não imutável, pois pode ocorrer de se transformar algum dia, como tudo no Universo. C) O primeiro motor é imutável, mas não imóvel, pois do seu movimento ele gera os demais movimentos do Universo. D) O primeiro motor não é imóvel, nem imutável, pois isto seria um absurdo teórico. Para Aristóteles, o primeiro motor é móvel e mutável, como tudo. 29. O mesmo ocorre com os membros da Cidade: nenhum pode bastar-se a si mesmo. Aquele que não precisa dos outros homens, ou não pode resolver-se a ficar com eles, ou é um deus, ou é um bruto. Assim, a inclinação natural leva os homens a este gênero de sociedade. ARISTÓTELES. A política. São Paulo: Martins Fontes, 2002. p. 5. A ética e a política, chamadas por Aristóteles (384-322 a.C.) de ciências práticas, são importantes objetos de estudos para este filósofo. Assinale a alternativa que se refere corretamente à tese aristotélica da inclinação natural dos homens para a sociedade política. a) Apenas na sociedade política os homens realizam-se como seres éticos, ou seja, atualizam sua potência como seres racionais e virtuosos, capazes de proceder com mediania. b) A sociedade política deve servir unicamente à satisfação das necessidades naturais dos homens, uma vez que razão, ética e virtude são qualidades que se manifestam somente na vida privada. c) Os homens são movidos apenas por seus interesses individuais, sendo, então, necessária a sociedade política para conter suas disposições antissociais e naturalmente agressivas. d) A sociedade política tem sua forma perfeita na democracia, o que revela a disposição natural e a inclinação de todos os seres humanos à razão, à virtude e à igualdade. e) Para Aristóteles, os fins justificam os meios, ou seja, se a sociedade política é o único meio de os homens viverem juntos, não se devem considerar os aspectos éticos da vida humana. 30. Em primeiro lugar, é claro que, com a expressão “ser segundo a potência e o ato”, indicam-se dois modos de ser muito diferentes e, em certo sentido, opostos. Aristóteles, de fato, chama o ser da potência até mesmo de não-ser, no sentido de que, com relação ao ser-em-ato, o ser-em-potência é não-ser-em-ato. REALE, Giovanni. História da Filosofia Antiga. Vol. II. Trad. de Henrique Cláudio deLima Vaz e Marcelo Perine. São Paulo: Loyola, 1994, p. 349. A partir da leitura do trecho acima e em conformidade com a Teoria do Ato e Potência de Aristóteles, assinale a alternativa correta. A) Para Aristóteles, ser-em-ato é o ser em sua capacidade de se transformar em algo diferente dele mesmo, como, por exemplo, o mármore (ser-em-ato) em relação à estátua (ser-em-potência) B) Segundo Aristóteles, a teoria do ato e potência explica o movimento percebido no mundo sensível. Tudo o que possui matéria possui potencialidade (capacidade de assumir ou receber uma forma diferente de si), que tende a se atualizar (assumindo ou recebendo aquela forma). C) Para Aristóteles, a bem da verdade, existe apenas o ser-em-ato. Isto ocorre porque o movimento verificado no mundo material é apenas ilusório, e o que existe é sempre imutável e imóvel. D) Segundo Aristóteles, o ato é próprio do mundo sensível (das coisas materiais) e a potência se encontra tão-somente no mundo inteligível, apreendido apenas com o intelecto. 31. Em um importante trecho da sua obra Metafísica, Aristóteles se refere a Sócrates nos seguintes termos: Sócrates ocupava-se de questões éticas e não da natureza em sua totalidade, mas buscava o universal no âmbito daquelas questões, tendo sido o primeiro a fixar a atenção nas definições. Aristóteles. Metafísica, A6, 987b 1-3. Tradução de Marcelo Perine. São Paulo: Loyola, 2002.
  • 17. FILOSOFIA PARA O ENEM www.andersonpinho.com.br Página | 17 Com base na filosofia de Sócrates e no trecho supracitado, assinale a alternativa correta. A) O método utilizado por Sócrates consistia em um exercício dialético, cujo objetivo era livrar o seu interlocutor do erro e do preconceito − com o prévio reconhecimento da própria ignorância −, e levá-lo a formular conceitos de validade universal (definições). B) Sócrates era, na verdade, um filósofo da natureza. Para ele, a investigação filosófica é a busca pela “Arché”, pelo princípio supremo do Cosmos. Por isso, o método socrático era idêntico aos utilizados pelos filósofos que o antecederam (Pré-socráticos). C) O método socrático era empregado simplesmente para ridicularizar os homens, colocando-os diante da própria ignorância. Para Sócrates, conceitos universais são inatingíveis para o homem; por isso, para ele, as definições são sempre relativas e subjetivas, algo que ele confirmou com a máxima “o Homem é a medida de todas as coisas”. D) Sócrates desejava melhorar os seus concidadãos por meio da investigação filosófica. Para ele, isso implica não buscar “o que é”, mas aperfeiçoar “o que parece ser”. Por isso, diz o filósofo, o fundamento da vida moral é, em última instância, o egoísmo, ou seja, o que é o bem para o indivíduo num dado momento de sua existência. 32. Leia o texto a seguir. A virtude é, pois, uma disposição de caráter relacionada com a escolha e consiste numa mediania, isto é, a mediania relativa a nós, a qual é determinada por um princípio racional próprio do homem dotado de sabedoria prática. (Aristóteles. Ética a Nicômaco. Trad. de Leonel Vallandro e Gerd Bornheim. São Paulo: Abril Cultural, 1973. Livro II, p. 273.) Com base no texto e nos conhecimentos sobre a situada ética em Aristóteles, pode-se dizer que a virtude ética A) reside no meio termo, que consiste numa escolha situada entre o excesso e a falta. B) implica na escolha do que é conveniente no excesso e do que é prazeroso na falta. C) consiste na eleição de um dos extremos como o mais adequado, isto é, ou o excesso ou a falta. D) pauta-se na escolha do que é mais satisfatório em razão de preferências pragmáticas. E) baseia-se no que é mais prazeroso em sintonia com o fato de que a natureza é que nos torna mais perfeitos. 33. Em sua obra Ética a Nicômaco, Aristóteles propôs a ideia de que a virtude é a disposição para buscar o meio termo ou a justa medida entre o excesso e a falta em determinada conduta. Com base nessa afirmação e em seus conhecimentos sobre a obra de Aristóteles, assinale a alternativa correta. A) Coragem é o justo meio entre covardia e temeridade. B) Covardia é o justo meio entre temeridade e coragem. C) Temeridade é o justo meio entre coragem e covardia. D) Coragem, covardia e temeridade não são termos que se relacionam à ética. 34. Quanto à deliberação, deliberam as pessoas sobre tudo? São todas as coisas objetos de possíveis deliberações? Ou será a deliberação impossível no que tange a algumas coisas? Ninguém delibera sobre coisas eternas e imutáveis, tais como a ordem do universo; tampouco sobre coisas mutáveis como os fenômenos dos solstícios e o nascer do sol, pois nenhuma delas pode ser produzida por nossa ação. ARISTÓTELES. Ética a Nicômaco. São Paulo: Edipro, 2007 (adaptado). O conceito de deliberação tratado por Aristóteles é importante para entender a dimensão da responsabilidade humana. A partir do texto, considera-se que é possível ao homem deliberar sobre A) coisas imagináveis, já que ele não tem controle sobre os acontecimentos da natureza. B) ações humanas, ciente da influência e da determinação dos astros sobre as mesmas. C) fatos atingíveis pela ação humana, desde que estejam sob seu controle. D) fatos e ações mutáveis da natureza, já que ele é parte dela.
  • 18. FILOSOFIA PARA O ENEM www.andersonpinho.com.br Página | 18 E) coisas eternas, já que ele é por essência um ser religioso. 35. Pode-se viver sem ciência, pode-se adotar crenças sem querer justificá-las racionalmente, pode-se desprezar as evidências empíricas. No entanto, depois de Platão e Aristóteles, nenhum homem honesto pode ignorar que uma outra atitude intelectual foi experimentada, a de adotar crenças com base em razões e evidências e questionar tudo o mais a fim de descobrir seu sentido último. ZINGANO, M. Platão e Aristóteles: o fascínio da filosofia. São Paulo: Odysseus, 2002. Platão e Aristóteles marcaram profundamente a formação do pensamento Ocidental. No texto, é ressaltado importante aspecto filosófico de ambos os autores que, em linhas gerais, refere-se à A) adoção da experiência do senso comum como critério de verdade. B) incapacidade de a razão confirmar o conhecimento resultante de evidências empíricas. C) pretensão de a experiência legitimar por si mesma a verdade. D) defesa de que a honestidade condiciona a possibilidade de se pensar a verdade. E) compreensão de que a verdade deve ser justificada racionalmente. 36. (Escola de Atenas – Rafael Sanzio) Observe a obra clássica de Rafael Sanzio, em que há uma síntese de vários elementos da filosofia grega, e leia atentamente os textos abaixo, respectivamente, de Platão e de Aristóteles: [...] a admiração é a verdadeira característica do filósofo. Não tem outra origem a filosofia. (PLATÃO, Teeteto. Tradução de Carlos Alberto Nunes. Belém: Universidade Federal do Pará, 1973. p. 37.) Com efeito, foi pela admiração que os homens começaram a filosofar tanto no princípio como agora; perplexos, de início, ante as dificuldades mais óbvias, avançaram pouco a pouco e enunciaram problemas a respeito das maiores, como os fenômenos da Lua, do Sol e das estrelas, assim como a gênese do universo. E o homem que é tomado de perplexidade e admiração julga- se ignorante (por isso o amigo dos mitos é, em certo sentido, um filósofo, pois também o mito é tecido de maravilhas); portanto, como filosofavam para fugir à ignorância, é evidente que buscavam a ciência a fim de saber, e não com uma finalidade utilitária. (ARISTÓTELES. Metafísica. Livro I. Tradução Leonel Vallandro. Porto Alegre: Globo, 1969. p. 40.) Com base no exposto anterior e nos conhecimentos sobre a origem da filosofia, é correto afirmar: A) A filosofia surgiu, como a mitologia, da capacidade humana de admirar-se com o extraordinário e foi pela utilidade do conhecimento que os homens fugiram da ignorância. B) A admiração é a característica primordial do filósofo porque ele se espanta diante do mundo das ideias e percebe que o conhecimento sobre este pode ser vantajoso para a aquisição de novas técnicas. C) Ao se espantarem com o mundo, os homens perceberam os erros inerentes ao mito, além de terem reconhecido a impossibilidade de o conhecimento ser adquirido pela razão. D) Ao se reconhecerem ignorantes e, ao mesmo tempo, se surpreenderem diante do anseio de conhecer o mundo e as coisas nele contidas, os homens foram tomados de espanto, o que deu início à filosofia. E) A admiração e a perplexidade diante da realidade fizeram com que a reflexão racional se restringisse às explicações fornecidas pelos mitos, sendo a filosofia uma forma de pensar intrínseca às elaborações mitológicas.
  • 19. FILOSOFIA PARA O ENEM www.andersonpinho.com.br Página | 19 37. Os deuses, de fato, existem, e é evidente o conhecimento que temos deles; já a imagem que deles faz a maioria das pessoas, essa não existe: as pessoas não costumam preservar a noção que têm dos deuses. Ímpio não é quem rejeita os deuses em que a maioria crê, mas sim quem atribui aos deuses os falsos juízos dessa maioria. Com efeito, os juízos do povo a respeito dos deuses não se baseiam em noções inatas, mas em opiniões falsas. Daí a crença de que eles causam os maiores malefícios aos maus e os maiores benefícios aos bons. Irmanados pelas suas próprias virtudes, eles só aceitam a convivência com os seus semelhantes e consideram estranho tudo que seja diferente deles. EPICURO. Carta sobre a felicidade (a Meneceu). Trad. de A. Lorencini e E. del Carratore. São Paulo: Editora da UNESP, 2002. p. 25-27. A filosofia epicurista está relacionada a A) formular questões filosóficas a respeito do Princípio do Universo. B) negar o medo da morte buscando a tranquilidade da alma. C) pregar o ateísmo como forma de libertação para os prazeres carnais. D) defender a rígida separação entre o mundo ideal e o mundo material. E aceitar a devoção religiosa moderada como indispensável à felicidade. QUESTÕES ENEM 1. (2012) TEXTO I Anaxímenes de Mileto disse que o ar é o elemento originário de tudo o que existe, existiu e existirá, e que outras coisas provêm de sua descendência. Quando o ar se dilata, transforma-se em fogo, ao passo que os ventos são ar condensado. As nuvens formam-se a partir do ar por feltragem e, ainda mais condensadas, transformam- se em água. A água, quando mais condensada, transforma-se em terra, e quando condensada ao máximo possível, transforma-se em pedras. BURNET, J. A aurora da filosofia grega. Rio de Janeiro: PUC-Rio, 2006 (adaptado). TEXTO II Basílio Magno, filósofo medieval, escreveu: “Deus, como criador de todas as coisas, está no princípio do mundo e dos tempos. Quão parcas de conteúdo se nos apresentam, em face desta concepção, as especulações contraditórias dos filósofos, para os quais o mundo se origina, ou de algum dos quatro elementos, como ensinam os Jônios, ou dos átomos, como julga Demócrito. Na verdade, dão impressão de quererem ancorar o mundo numa teia de aranha.” GILSON, E.: BOEHNER, P. Historia da Filosofia Crista. São Paulo: Vozes, 1991 (adaptado). Filósofos dos diversos tempos históricos desenvolveram teses para explicar a origem do universo, a partir de uma explicação racional. As teses de Anaxímenes, filósofo grego antigo, e de Basílio, filósofo medieval, têm em comum na sua fundamentação teorias que a) eram baseadas nas ciências da natureza. b) refutavam as teorias de filósofos da religião. c) tinham origem nos mitos das civilizações antigas. d) postulavam um princípio originário para o mundo. e) defendiam que Deus é o princípio de todas as coisas. 2. (2012) Para Platão, o que havia de verdadeiro em Parmênides era que o objeto de conhecimento é um objeto de razão e não de sensação, e era preciso estabelecer uma relação entre objeto racional e objeto sensível ou material que privilegiasse o primeiro em detrimento do segundo. Lenta, mas irresistivelmente, a Doutrina das Ideias formava-se em sua mente. ZINGANO, M. Platão e Aristóteles: o fascínio da filosofia. São Paulo: Odysseus, 2012 (adaptado). O texto faz referência à relação entre razão e sensação, um aspecto essencial da Doutrina das Ideias de Platão (427 a.C.-346 a.C.). De acordo com o texto, como Platão se situa diante dessa relação?
  • 20. FILOSOFIA PARA O ENEM www.andersonpinho.com.br Página | 20 A) Estabelecendo um abismo intransponível entre as duas. B) Privilegiando os sentidos e subordinando o conhecimento a eles. C) Atendo-se à posição de Parmênides de que razão e sensação são inseparáveis. D) Afirmando que a razão é capaz de gerar conhecimento, mas a sensação não. E) Rejeitando a posição de Parmênides de que a sensação é superior à razão. 3. (2014) No centro da imagem o filósofo Platão é retratado apontando para o alto. Esse gesto significa que o conhecimento se encontra em uma instância na qual o homem descobre a A) suspensão do juízo como reveladora da verdade. B) realidade inteligível por meio do método dialético. C) salvação da condição mortal pelo poder de Deus. D) essências das coisas sensíveis no intelecto divino. E) ordem intrínseca ao mundo por meio da sensibilidade. 4. (2009.2) Segundo Aristóteles, “na cidade com o melhor conjunto de normas e naquela dotada de homens absolutamente justos, os cidadãos não devem viver uma vida de trabalho trivial ou de negócios — esses tipos de vida são desprezíveis e incompatíveis com as qualidades morais —, tampouco devem ser agricultores os aspirantes a cidadania, pois o lazer é indispensável ao desenvolvimento das qualidades morais e a pratica das atividades políticas”. VAN ACKER, T. Grécia. A vida cotidiana na cidade-Estado. São Paulo: Atual, 1994. O trecho, retirado da obra Política, de Aristóteles, permite compreender que a cidadania A) possui uma dimensão histórica que deve ser criticada, pois é condenável que os políticos de qualquer época fiquem entregues a ociosidade, enquanto o resto dos cidadãos tem de trabalhar. B) era entendida como uma dignidade própria dos grupos sociais superiores, fruto de uma concepção política profundamente hierarquizada da sociedade. C) estava vinculada, na Grécia Antiga, a uma percepção política democrática, que levava todos os habitantes da pólis a participarem da vida cívica. D) tinha profundas conexões com a justiça, razão pela qual o tempo livre dos cidadãos deveria ser dedicado as atividades vinculadas aos tribunais. E) vivida pelos atenienses era, de fato, restrita aqueles que se dedicavam a política e que tinham tempo para resolver os problemas da cidade. 5. (2013) A felicidade é, portanto, a melhor, a mais nobre e a mais aprazível coisa do mundo, e esses atributos não devem estar separados como na inscrição existente em Delfos “das coisas, a mais nobre é a mais justa, e a melhor é a saúde; porém a mais doce é ter o que amamos”. Todos estes atributos estão presentes nas mais excelentes atividades, e entre essas a melhor, nós a identificamos como felicidade. ARISTOTELES. A Politica. São Paulo: Cia das Letras, 2010. Ao reconhecer na felicidade a reunião dos mais excelentes atributos, Aristóteles a identifica como a) busca por bens materiais e títulos de nobreza. b) plenitude espiritual e ascese pessoal. c) finalidade das ações e condutas humanas. d) conhecimento de verdades imutáveis e perfeitas. e) expressão do sucesso individual e reconhecimento público. 6. (2014) TEXTO I Olhamos o homem alheio às atividades públicas não como alguém que cuida apenas de seus próprios interesse, mas como um inútil; nós, cidadãos atenienses, decidimos as questões públicas por nós mesmos na crença de que não é o debate que é o empecilho para à ação, e sim o fato de não se estar esclarecido pelo debate antes de chegar a hora da ação. TUCÍDIDES. História da guerra do Peloponeso. Brasília: UnB, 1987 (adaptado). TEXTO II
  • 21. FILOSOFIA PARA O ENEM www.andersonpinho.com.br Página | 21 Um cidadão integral pode ser definido por nada mais anda menos que pelo direito de administrar justiça e exercer funções públicas; algumas destas, todavia, são limitadas quanto ao tempo de exercício, de tal modo que não podem de forma alguma ser exercidas duas vezes pela mesma pessoa, ou somente podem sê-lo depois de certos intervalos de tempo prefixados. ARISTÓTELES. Política. Brasília: UnB, 1985. Comparando os textos I e II, tanto para Tucidides (no século V a.C.) quanto para Aristóteles (no século IV a.C.), a cidadania era definida pelo(a) A) prestígio social. B) acúmulo de riqueza. C) participação política. D) local de nascimento. E) grupo de parentesco. 7. (2014) Alguns dos desejos são naturais e necessários; outros, naturais e não necessários; outros, nem naturais nem necessários, mas nascidos de vã opinião. Os desejos que não nos trazem dor se não satisfeitos não são necessários, mas o seu impulso pode ser facilmente desfeito, quando é difícil obter sua satisfação ou parecem geradores de dano. EPICURO DE SAMOS. Doutrinas principais. In: SANSON, V.F. Textos de filosofia. Rio de Janeiro: Eduff, 1974. No fragmento da obra filosófica de Epicuro, o homem tem como fim A) alcançar o prazer moderado e a felicidade. B) valorizar os deveres e as obrigações sociais. C) aceitar o sofrimento e o rigorismo da vida com resignação. D) refletir sobre os valores e as normas dadas pela divindade. E) defender a indiferença e a impossibilidade de se atingir o saber. 8. (2014) Compreende-se assim o alcance de uma reivindicação que surge desde o nascimento da cidade na Grécia antiga: a redação das leis. Ao escrevê-las, não se faz mais que assegurar-lhes permanência e fixidez. As leis tornam-se bem comum, regra geral, suscetível de ser aplicada a todos da mesma maneira. VERNANT, J. P. As origens do pensamento grego. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 1992 (adaptado). Para o autor, a reivindicação atendida na Grécia antiga, ainda vigente no mundo contemporâneo, buscava garantir o seguinte princípio: A) Isonomia – igualdade de tratamento aos cidadãos. B) Transparência – acesso às informações governamentais. C) Tripartição – separação entre os poderes políticos estatais. D) Equiparação – Igualdade de gênero na participação política. E) Elegibilidade – permissão para candidatura aos cargos públicos.
  • 22. FILOSOFIA PARA O ENEM www.andersonpinho.com.br Página | 22 GABARITO UNIDADE 1 – FILOSOFIA ANTIGA QUESTÕES 1. d 2. b 3. d 4. a 5. d 6. e 7. d 8. b 9. b 10. b 11. 30 (2,4,8,16) 12. b 13. e 14. a 15. d 16. c 17. c 18. d 19. b 20. d 21. c 22. c 23. a 24. 31 (1, 2, 4, 8, 16) 25. b 26. c 27. d 28. a 29. a 30. b 31. a 32. a 33. a 34. c 35. e 36. d 37. b QUESTÕES ENEM 1. d 2. d 3. b 4. e 5. c 6. c 7. a 8. a