5. Alma minha gentil, que te partiste
Tão cedo desta vida, descontente,
Repousa lá no Céu eternamente
E viva eu cá na terra sempre triste.
Se lá no assento etéreo, onde subiste,
Memória desta vida se consente,
Não te esqueças daquele amor ardente
Que já nos olhos meus tão puro viste.
E se vires que pode merecer-te
Alguma cousa a dor que me ficou
Da mágoa, sem remédio, de perder-te,
Roga a Deus, que teus anos encurtou,
Que tão cedo de cá me leve a ver-te,
Quão cedo de meus olhos te levou.
6. Os bons vi sempre passar
no Mundo grandes tormentos;
e pera mais me espantar,
os maus vi sempre nadar
em mar de contentamentos.
Cuidando alcançar assim
o bem tão mal ordenado,
fui mau, mas fui castigado:
assim que, só pera mim,
anda o Mundo concertado.
7. OS LUSÍADAS
ESTRUTURA
Obra composta por 10 cantos e 1102
estrofes – todas, sem exceção em
oitava decassílaba, cujo esquema
rímico é fixo em AB AB AB CC.
AÇÃO CENTRAL
Descoberta do caminho marítimo para a
Índia, por Vasco da Gama,
perpassando por episódios da história
de Portugal, de modo a glorificar o
povo português.
8. ESTRUTURA INTERNA
Proposição
(estrofes 1 a 3 do Canto I)
Invocação
(estrofes 4 e 5 do Canto I)
Dedicatória
(estrofes 6 a 18 do Canto I);
Narração
(in media res)
Epílogo
(estrofes 145 a 156 do Canto X).
PLANO DA VIAGEM
PLANO DA HISTÓRIA DE PORTUGAL
PLANO DO POETA
PLANO DA MITOLOGIA
9. “Traziam-na os horríficos algozes
Ante o Rei, já movido a piedade:
Mas o povo, com falsas e ferozes
Razões, à morte crua o persuade.
Ela com tristes o piedosas vozes,
Saídas só da mágoa, e saudade
Do seu Príncipe, e filhos que deixava,
Que mais que a própria morte a magoava”
— Inês de Castro. Canto III, estrofe 124
10. “E vós, Tágides minhas, pois criado
Tendes em mim um novo engenho ardente,
Se sempre em verso humilde celebrado
Foi de mim vosso rio alegremente,
Dai-me agora um som alto e sublimado,
Um estilo grandíloquo e corrente,
Porque de vossas águas, Febo ordene
Que não tenham inveja às de Hipocrene.”
— Invocação às Tágides, Canto I, estrofe 4