O documento descreve a crise política, econômica e militar que levou ao colapso do Império Romano do Ocidente no século V d.C. Fatores internos como a corrupção, disputas pelo poder, anarquia do exército e falta de investimento na defesa contribuíram para enfraquecer Roma e deixá-la vulnerável às invasões bárbaras.
Queda do Império Romano devido à crise política e económica e anarquia do exército
1. Quem poderia adivinhar que
Roma se desmoronaria e que
costas do Oriente, do
Egito, e da África se
encheriam de fugitivos ;
que Belém , a santa, todos
os dias haveria de receber ,
reduzidos à mendicidade ,
hóspedes de um e outro
sexo, outrora nobres e
repletos de bens?
Pierre Courcelle, História
das grandes invasões
Vídeo “O Rei Artur”
2. Roma conquistou o seu império graças às forças das suas legiões.
Os seus exércitos no baixo-império eram muito diferentes do que tinham sido na
época da República e do alto império: eram tropas inferiores sob todos os aspectos.
Para recrutar soldados recorria-se a vários métodos em simultâneo: voluntários,
hereditariedade, ou então rusga pura e simples até se preencher as necessidades.
Quanto ao valor do soldado romano, poderia ter perdido algumas das suas
qualidades, mas a realidade é que a guerra se modificou: raramente se travavam
grandes batalhas entre exércitos, mas sim emboscadas e guerrilha que exigia
sobretudo flexibilidade e improvisação e menos automatismo nas formações.
Outro elemento a considerar é que o exército romano era uma força permanente, e
não recrutada de acordo com as necessidades por algum tempo. Logo, para se
manter um grande exército é preciso muito dinheiro e o Ocidente não o tinha, por
causa do declínio económico que se procedia desde o século III.
O exército descobriu a sua importância no sistema romano e passou a exigir status
e melhores remunerações, exigências que o Império não tinha condições de
corresponder. Frequentemente tendiam a querer nomear um novo imperador,
entrando em conflito contra outras legiões. Razões tais, nos levam a concluir que a
queda do império foi ocasionada por factores internos do próprio Império.
Adaptado
3. O governo do império era no tempo em que falo ( século III), sacudido por
catástrofes e convulsões. Desfazia-se em mil bocados e caía sobre si mesmo
, simultaneamente por vários os lados. Este resultado devia-se menos à ambição
dos imperadores do que à avidez e indisciplina dos exércitos. Por dinheiro, os
soldados sacrificavam um imperador em favor de outro e se não recebiam do
segundo, matavam-no também.
O Palácio dos Césares, no Palatino albergou em pouco tempo quatro imperadores.
Era como no teatro: faziam entrar um em cena, enquanto saía outro.
O Império foi dividido em quatro partes , os exércitos multiplicaram-se e cada um
dos quatro príncipes tratou de manter uma força maior do que a de só um
imperador.
Os homens que pagavam impostos eram menos do que os que recebiam os
vencimentos.
As propriedades ficaram abandonadas. As terras cultivadas converteram-se em
bosques . As províncias foram retalhadas e invadidas por governadores e
funcionários que oprimiam os habitantes e as cidades.
Os povos tinham que suportar tudo o que lhes era imposto para sustentar a
soldadesca.
Plutarco, Vidas Paralelas
4. Anarquia do exército
•Saque e pilhagens das populações pelo
exército
•Luta pelo poder político influenciando a
nomeação dos imperadores
•Exigência de melhores remunerações
•Falta de investimento no exército romano
devido ao fim das conquistas territoriais
•Integração dos Bárbaros no exército romano
•Recrutamento voluntário de soldados sem
formação-Recrutamento sempre fora feito
por indivíduos que eram treinados, ensinados a
falar latim e equipados por oficiais romanos,
tornando-se romanos indistinguíveis na
geração seguinte; na nova situação, eles
vinham em grupos com os seus próprios
líderes. O resultado foi que as tribos bárbaras
foram, progressivamente, emancipando-se da
tutela romana e formando reinos.
5. Crise política e económica
•Corrupção dentro do governo e gastos com luxo
que retiraram recursos para o investimento no
exército romano .
• Entre os magistrados, eram constantes as
rivalidades e ambição pelo poder. Como a sucessão
dos imperadores não estava legislada na sua
hereditariedade, era motivo para assassinatos,
golpes de Estado, revolta de generais e anarquia
militar
•o fim das conquistas territoriais, diminuiu o número
de escravos, provocando uma queda na produção
agrícola,
•Diminuição do pagamento de tributos pelas
províncias
Em crise e com o exército enfraquecido, as
fronteiras ficavam a cada dia mais desprotegidas.
Muitos soldados, sem receber salário, deixavam
suas obrigações militares
6. Para melhor controlar o poder, Diocleciano dividiu o império em duas grandes regiões
administrativas :Ocidente e Oriente
Cada parte do império tinha à frente dos seus destinos um Augusto cuja eleição era
feita pelo exército
Ao seu lado governava um co-Regente com o título de César apenas com poder de
execução das ordens do Augusto, criando-se assim a tetrarquia imperial.
Diocleciano e o seu “César” ficaram com as províncias da metade oriental do império;
Maximiano e o seu “César” com as do ocidente