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PREFEITURA MUNICIPAL DE BELÉM
         SECRETARIA MUNICIPAL DE EDUCAÇÃO
FUNDAÇÃO CENTRO DE REFERÊNCIA EM EDUCAÇÃO AMBIENT AL
     ESCOLA BOSQUE PROFESSOR “EIDORFE MOREIRA”




            RAPHAELA CIBELLY DOS SANTOS LEÃO




     USO, AÇÃO E FUNÇÃO DA BAUHINIA KUNTHIANA
      VOGEL NA ILHA DE CARATATEUA – BELÉM /PA




                         Belém
                         2011
RAPHAELA CIBELLY DOS SANTOS LEÃO




USO, AÇÃO E FUNÇÃO DA BAUHINIA KUNTHIANA VOGEL NA
           ILHA DE CARATATEUA – BELÉM/PA




                              Trabalho de Conclusão de Curso apresentado
                              à Fundação Centro De Referência em
                              Educação Ambiental Escola Bosque Professor
                              “Eidorfe Moreira” como requisito a obtenção
                              do título de Técnica em Meio Ambiente.




      Orientador: Prof. Msc. Breno Rodrigo de Oliveira Alencar




                              Belém
                              2011
RAPHAELA CIBELLY DOS SANTOS LEÃO




  USO, AÇÃO E FUNÇÃO DA BAUHINIA KUNTHIANA VOGEL NA
             ILHA DE CARATATEUA – BELÉM/PA



Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Fundação Centro De Referência em
Educação Ambiental Escola Bosque Professor “Eidorfe Moreira” como requisito a
obtenção do título de Técnica em Meio Ambiente.




                                Banca Examinadora:




_____________________________________
Profª. Msc. Breno Rodrigo de Oliveira Alencar (Orientador)



_____________________________________
Profª. Msc. João Luis da Silva Lopes (Examinador)



_____________________________________
Profª. Camila Marreiro Pacífico Fonseca (Examinadora)




Conceito: Excelente



                             Belém, 14 de abril de 2011
Dedico esta obra à memória de meu
pai Lafaiett Leão, que de alguma
forma, que eu não sei explicar, me
deu forças para não fracassar nessa
busca incansável pela felicidade.
AGRADECIMENTOS

       Não poderia começar essa parte do estudo (que tanto esperei) sem antes
agradecer a Deus, aquele que fez com que tudo se tornasse concreto, apesar de
muitas vezes achar que não teria forças para continuar uma força sobrenatural
sempre me manteve de pé.

        Ao meu orientador Breno Alencar, que me fez perceber o potencial que
existe em mim; acreditando que eu sou capaz, e que fez realidade um sonho.

       A minha mãe Patrícia, acima de tudo por ter me dado a vida, por investir em
mim e pelas “broncas” que me fizeram refletir e ver meus erros, fazendo de mim
uma pessoa melhor.

        Em especial a memória de meu pai Lafaiett.

        Aos meus avós Ana e Natalino, os quais eu admiro e agradeço a pessoa que
me fizeram graças a criação que me foi dada.

        Ao meu único irmão Charles, que do seu próprio jeito sempre esteve ao meu
lado.

       Ao Jean, pelo companheirismo e carinho que existe entre nós, e por acreditar
no meu potencial mesmo de olhos fechados.

        E por fim, agradeço aqueles que de alguma forma exerceram alguma
contribuição para a minha formação pessoal e profissional.
RESUMO



           A espécie pesquisada foi a Bauhinia kunthiana Vogel, conhecida
vulgarmente como escada-de-jabuti, a qual pertence a família Leguminosae, sendo
esta uma trepadeira lenhosa. Esta pesquisa tem por objetivo discutir a importância,
função e uso do cipó estudado, no contexto sócio-ambiental da Ilha de Caratateua,
onde sua incidência é relativamente grande e interfere na dinâmica sócio-econômica
de sua população. A pesquisa procurou identificar a espécie em questão (através de
visita a RPPN e análise laboratorial na Embrapa), para melhor detalhar seus usos e
funções para as populações da ilha, já que esse cipó é tão importante não só para a
população, mas também para a biodiversidade do ecossistema onde está inserido.
Mesmo que em pequena escala constatou-se que a população utiliza a Bauhinia
kunthiana Vogel em seus usos artesanal e medicinal, e também reconhece a sua
importância para a Ilha de Caratateua.

          Palavras-Chave:
          Bauhinia kunthiana Vogel - Trepadeira Lenhosa – Ilha de Caratateua
ABSTRACT




          The species studied was the Bauhinia kunthiana Vogel, commonly known
escada-de-jabuti, which belongs to the family Leguminosae, which is a woody vine.
This research aims to discuss the importance, function and use the vine studied in
the socio-environmental Caratateua Island, where its incidence is relatively large and
interferes with the dynamics of socio-economic population. The survey sought to
identify the species in question (seen through the PRNP and laboratory of Embrapa),
to better detail their uses and functions for the population of the island, since this
vines so important not just for the people but also for biodiversity of the ecosystem
where it is inserted. Even on a small scale it was found that the population uses the
Bauhinia kunthiana Vogel at his craft and medicinal uses, and also recognizes their
importance to Caratateua Island.

          Keywords:
          Bauhinia kunthiana Vogel - woody vine - Caratateua Island
LISTA DE ILUSTRAÇÕES




Figura   1:   Bauhinia kunthiana Vogel em seu habitat natural.................... 19
Figura   2:   População de cipós (Bauhinia kunthiana Vogel)...................    20
Figura   3:   Mudas de sementes de cipós (Bauhinia kunthiana Vogel)........ 21
Figura   4:   Bauhinia kunthiana Vogel..................................................... 22
LISTA DE TABELAS




Tabela 1:   Exemplos de cipós medicinais...............................................       16
Tabela 2:   Distribuição por sexo e faixa etária........................................      25
Tabela 3:   Tempo de moradia...............................................................   26
Tabela 4:   Conhecimento sobre cipós....................................................      26
Tabela 5:   Conhecimento sobre o uso da Bauhinia kunthiana Vogel.........                     27
SUMÁRIO



INTRODUÇÃO.............................................................................. 11

1 JUSTIFICATIVA........................................................................ 11
1.1 OBJETIVO GERAL...................................................................... 17

2 MATERIAIS E MÉTODOS.......................................................... 18
2.1 CARACTERIZAÇÃO DA ÁREA DE ESTUDO.................................... 18
2.2 PROCEDIMENTOS...................................................................... 22

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO.................................................... 25

3.1 - PERFIL DEMOGRÁFICO – ANÁLISE DOS DADOS                                                  25

CONCLUSÃO................................................................................. 28

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS............................................... 29
REFERÊNCIAS CONSULTADAS......................................................... 29
REFERÊNCIAS CITADAS NO TEXTO……………………..……….…………...... 29

ANEXO.......................................................................................... 32
INTRODUÇÃO


         Esta pesquisa surgiu a partir de um seminário da disciplina IPC (Iniciação a
Pesquisa Científica), em Outubro de 2009, o qual relatava apenas a biologia de cipós
como um todo, a forma de crescimento, os benefícios e malefícios, ou seja, a
influência no meio onde está inserido. Após o seminário, foi feita uma resenha com o
mesmo tema. Em seguida, em Dezembro de 2009, na mesma disciplina, foi solicitada
a produção de um artigo. Este por sua vez sofreu algumas modificações em seu
conteúdo, se comparado com o seminário. Desde então a pesquisa voltou-se para à
Ilha de Caratateua, Belém-PA, e não mas para toda a Amazônia, como foi proposto
inicialmente, aliás algo bastante ambicioso para uma pesquisa de iniciação científica.


         1 - JUSTIFICATIVA

         As trepadeiras lenhosas, mais conhecidas como cipós, sobem sobre suportes,
utilizando outras plantas de apoio; logo, por não possuir apoio próprio, seu caule é
estreito e flexível, proporcionando a ela elevadas taxas de crescimento. Embora haja
muito a aprender sobre este grupo de plantas, o qual foi deixado de lado durante
muito tempo, a diversidade e a importância ecológica das trepadeiras agora são
amplamente reconhecidas, graças aos esforços de pesquisadores em todo o mundo,
sendo raros os estudos anteriores a 1980.
         Segundo a classificação de Veloso (1992), trepadeiras são todas as plantas
lenhosas ou herbáceas que vivem apoiadas em outras plantas ou substrato, cujas
gemas, acima do solo, são protegidas por catáfilos1. Trepadeiras, portanto, são
plantas cujo crescimento em altura depende da sustentação mecânica fornecida por
outras plantas. Enquanto as árvores investem recursos em tecidos de sustentação,
trepadeiras investem em crescimento rápido em altura. As trepadeiras crescem
geralmente em direção ao dossel, sombreando as árvores que as sustentam e
competindo com estas por luz, água e nutrientes.
         Gentry (1991) ressaltou que a falta de conhecimento da florística de
trepadeiras é agravada por conta de não haver estudos nesse sentido, pois os

1
 Catáfilos são folhas reduzidas que geralmente protegem as gemas dormentes, com grandes reservas
de nutrientes. Em alguns casos especiais, atuam como órgão de reserva.
                                              11
levantamentos florísticos que abrangem todas as formas de vida dificilmente
abordam trepadeiras, já que estas plantas são mais difíceis de serem vistas por
ocuparem o dossel florestal, merecendo uma amostragem direcionada e intensa.
       Apesar de sua reconhecida importância ecológica, a atenção dirigida ao
estudo das espécies desse grupo tem sido pequena e, além disso, embora apresente
vasta distribuição, é provavelmente, o grupo de plantas menos coletado, devido à
dificuldade de se trabalhar em florestas densas e ricas em espécies e pela altura em
que se encontram.
       Como já foi dito anteriormente, até o final da década de 1980, o
conhecimento da ecologia de trepadeiras era pouco explorado. Após a publicação de
trabalhos sobre a biologia de plantas de hábito trepador, como o de Putz e Mooney
(1991), houve maior interesse pelo estudo de trepadeiras. No Brasil, a partir da
década de 1980, observou-se crescente empenho dos botânicos em estudar este
grupo, sendo publicados trabalhos que abordaram exclusivamente a florística, como
os de Putz (1983).
       Apesar de sua importância nas florestas tropicais, raramente as trepadeiras
são tidas como objetos principais nos estudos florísticos, sendo, muitas vezes,
coletadas casualmente. No Brasil, os poucos estudos florísticos que focaram mais
especificadamente as trepadeiras são recentes, tendo sido realizados na vegetação
amazônica (Gentry, 1978; Prance, 1994; Ribeiro et al., 1999), em floresta atlântica
(Lima et al., 1997) e em floresta estacional semidecídua da região sudeste (Morellato
e Leitão Filho, 1996, 1998; Hora e Soares, 2002). Dentre os trabalhos florísticos que
incluíram trepadeiras em sua listagem de espécies, pode-se citar Weiser e Godoy
(2001), Stranghetti e Ranga (1998), Batalha et al. (1997), Bernacci e Leitão Filho
(1996) e Torres (dados não publicados). Aspectos ecológicos foram abordados por
Hora e Soares (2002); Araújo e Martins (1999); Lombardi et al. (1999); Morellato e
Leitão Filho (1996) e Romaniuc Neto e Godoi (dados não publicados).
       A importância de se estudar a população de trepadeiras, visa um melhor
manejo e conservação dos fragmentos florestais, pois diversos trabalhos destacam a
invasão de trepadeiras como um problema para a manutenção do fragmento,
interferindo na regeneração da população arbórea e aumentando a probabilidade de
queda de árvores. Por outro lado, os padrões fenológicos das trepadeiras são,
                                         12
geralmente, complementares aos das árvores, resultando em um constante
suplemento de néctar, pólen e fruto para a fauna em períodos de escassez de frutos
de espécies arbóreas. Representam em média, 21% das espécies de plantas
utilizadas como alimento por ampla variedade de primatas tropicais. Floristicamente
são importantes, contribuindo com cerca de 25% da diversidade           taxômica das
florestas tropicais. Neste contexto é interessante mencionar que aproximadamente
metade das famílias de plantas vasculares possui espécies de trepadeiras. Segundo
Gentry (1991), 26 famílias de angiospermas incluem 85% de todas as trepadeiras do
Novo Mundo e as mais ricas em espécies são Asclepiadaceae, Convolvulaceae,
Leguminosae, Asteraceae, Bignoniaceae, Malpighaceae, Sapindaceae, Passifloraceae,
Cucurbitaceae e Apocynaceae.
            Em fragmentos maiores, e possivelmente melhor conservados, o número de
espécies de trepadeiras tende a ser menor. Porém, esta relação pode não ser
verdadeira, pois os levantamentos florísticos com ênfase em trepadeiras são raros e
não existem informações suficientes sobre a riqueza de espécies de trepadeiras em
áreas bem conservadas.
            As trepadeiras possuem estruturas especializadas para agarrar os suportes,
às vezes chamadas de órgão de fixação ou “prehensile apparati” 2. O órgão de
fixação mais conhecido é a gavinha. As gavinhas podem ser folhas, folhas novas,
estípulas, inflorescências, ramos ou caules (ex:. várias leguminosas). Na densa
vegetação dos arredores da floresta, existe uma abundância de suportes em
potencial, os quais ajudam a explicar por que as trepadeiras são tão abundantes
nesses locais. A probabilidade de encontrar suportes aumenta consideravelmente
pelos movimentos circulares induzidos pelo crescimento dos caules e gavinha,
denominados espirais de circunulação. Pesquisadores revelam que as trepadeiras
espirais ficam alongadas em direção a suportes em potencial, aumentando ainda
mais a probabilidade de encontrar um apoio.
            Quando se encontram no dossel, as trepadeiras geralmente crescem entre as
copas das árvores. Estas conexões entre copas são muito importantes para os
animais que não conseguem voar ou planar por grandes distâncias e também para
aumentar a probabilidade de que essas árvores puxem as vizinhas quando caírem.

2
    Estrutura especializada para agarrar suportes
                                                    13
Segundo Kelly (1985) e Hegarty (1991), trepadeiras com gavinhas são
agrupadas as plantas que se fixam a um suporte por meio de estruturas modificadas
em gavinhas de origem diversa (cauliar, foliar, etc.), na qual se insere à Bauhinia
kunthiana Vogel, objeto deste estudo. Em face à escassez de levantamentos, pouco
se pode concluir em relação às categorias de trepadeiras lenhosas.
        Apesar das diferentes formas de escalar das trepadeiras terem importância
reconhecida, tanto do ponto de vista taxonômico quanto ecológico, raros são os
estudos voltados para a classificação e quantificação desses mecanismos de
ascensão nas espécies das formações vegetais brasileiras. Contudo, há de se
considerar que esta classificação muitas das vezes torna-se complicada, pois diversas
espécies combinam mais de um método de escalar, como é o caso de algumas
espécies de leguminosas.
        O hábito de subir aparentemente evolui numerosas vezes no reino das
plantas. As famílias de plantas florescentes particularmente ricas em espécies de
trepadeiras incluem Bigononiaceae, Vitaceae, Leguminosae, Menispermaceae e
Hippocrateaceae. Todas as espécies de alguns gêneros de trepadeiras incluem
espécies de arbustos e árvores (ex: Bauhinia kunthiana Vogel).
        As trepadeiras são encontradas nas florestas dos trópicos até as zonas
boreais dos hemisférios norte e sul, bem como nos desertos e florestas tropicais
úmidas. Entretanto, são mais diversificadas próximas ao equador.
        A maioria das trepadeiras regenera-se da semente ou como rebentos
vegetativos das raízes ou caules caídos de indivíduos estabelecidos. As trepadeiras
criadas a partir de sementes geralmente passam despercebidas, porque possuem
apoio próprio e aparência de mudas de árvores. As pessoas com habilidades para
reconhecer todas as espécies de árvores de uma floresta, geralmente pressupõem
que as mudas não identificadas sejam trepadeiras. Após a perturbação, as
trepadeiras tipicamente aumentam num primeiro momento e, em seguida, caem em
abundância. No entanto, devido ao crescimento dos indivíduos que persistem, uma
fração da floresta tende a ser formada pela biomassa de trepadeiras. As trepadeiras
contribuem para apenas 5% do total da biomassa acima do solo, as folhas de
trepadeiras podem contribuir 40% da área foliar total da floresta.


                                          14
A flexibilidade das trepadeiras aumenta a probabilidade de sobreviverem
quando caem com as árvores hospedeiras. Conseqüentemente, muitas das
trepadeiras que proliferam em espaços de queda de árvores são botões de
trepadeiras que sobreviveram à queda.
         Tanto o processo de fragmentação da floresta como os eventos de
perturbação proporcionam um aumento de áreas com maior incidência luminosa,
com clareiras e bordas, que favorecem o desenvolvimento dessa forma de vida.
         As trepadeiras são de grande relevância em muitas florestas tropicais. Elas
compreendem cerca de 30% dos indivíduos e espécies das florestas tropicais, sendo
freqüentemente citadas como as mais óbvias diferenças entre estas e as florestas
temperadas. Além disso, em algumas florestas, a diversidade dessas trepadeiras
pode ultrapassar 44% das espécies florestais, com média de 51 espécies por
hectare.
         Um exemplo claro é o chá de Ayahuasca que é usado milenarmente por
índios da América do Sul, como instrumento espiritual e ritual. A ação do chá deve-se
às plantas utilizadas na sua preparação: O cipó Banisteriopsis caapi e as folhas do
arbusto Psycotria viridis. Os efeitos observados são: alucinações, hipertensão,
taquicardia, náuseas, vômito e diarréia. Podendo causar efeitos mais sérios ao
organismo e, portanto, merecem maior atenção (Costa; Figueiredo e Cazenave,
2005).




                                         15
Tabela 1: Exemplos de cipós medicinais

 Nome Vulgar      Nome Científico       Uso Local         Modo de Usar
                                        Diabetes (em
                                        estudo),
 Escada-de-       Bauhinia              problemas
                                                          Chá
 jabuti           kunthiana Vogel       intestinais,
                                        diarréia e
                                        ameba
                  Pachyptera            Febre e para
 Cipó D’alho                                              Fricção e banho
                  alliaceae             acalmar criança
                                                          Fricção e emplasto
                  Lophostoma
                                        Reumatismo e      (raspa e coloca-se
 Cipó Cumacaí     calophylloides
                                        feridas           no álcool para
                  meissn
                                                          passar à noite)
                                                          Fricção (raspa da
                  Tenaecium
 Cipó Curimbó                           Febre             raiz e folha
                  nocturnum
                                                          queimada)
 Cipó Luira       Guatteria scandens    Para acalmar
                                                          Banho
 ou Iuira         ducke                 criança
                                                          Chá (juntamente
                                                          com semente de
 Cipó Puca        Cissus sicyoides      Derrame
                                                          gergelim preto e
                                                          arruda)
Fonte: Pesquisa bibliográfica


       O único estudo fitossociológico de trepadeiras em floresta de terra firme na
Amazônia Central é o de Maia (1991). Nesse estudo, a autora além de observar
alterações na população de trepadeiras em função de tipo e estrutura do solo,
registrou as mais ricas em espécies, dentre elas a Bauhinia kunthiana Vogel.
       A trepadeira Bauhinia kunthiana Vogel é de grande importância na região
norte, sendo usada em diversas atividades, como artesanato; principalmente na
confecção de arranjos; e medicinal, como remédio natural-caseiro utilizado pelas
populações tradicionais da região contra diarréia e ameba, porém, a de maior
destaque está relacionada a cura da diabetes. No entanto, ainda não há dados
científicos concretos que provem a legitimidade desse processo.
       Além disso, as espécies de trepadeiras fornecem recursos, tais como brotos,
flores e frutos para a fauna destas áreas (Morellato e Leitão Filho, 1996). Assim, as
estratégias de manejos florestais e a legislação ambiental explicitamente consideram
as espécies de trepadeiras em função de seu importante papel ecológico.
                                         16
A “Lei da Natureza”, também conhecida como Lei de Crimes Ambientais
(9.605/98), se encarrega de regularmente a prática de manejo de cipós. Segundo a
mesma, em seu artigo 46, referente a crimes contra a flora, afirma:

                   Receber ou adquirir, para fins comerciais ou industriais, madeira, lenha,
                   carvão e outros produtos de origem vegetal, sem exigir a exibição de licença
                   do vendedor, outorgada pela autoridade competente, e sem munir-se da via
                   que deverá acompanhar o produto até final beneficiamento.
                   Parágrafo Único- Incorre nas mesmas penas quem vende, expõe a venda,
                   tem em depósito, transporta ou guarda madeira, lenha, carvão e outros
                   produtos de origem vegetal, sem licença válida para todo o tempo da viagem
                   ou do armazenamento, outorgada pela autoridade competente. Com pena de
                   detenção, de seis meses a um ano, e multa.


       Em caso de haver uma área com grande incidência da Bauhinia kunthiana
Vogel, na qual ocorra a produção de carvão, sem que haja um manejo florestal das
espécies, pode-se autuar o infrator (produção, transporte, armazenamento e venda),
segundo a lei acima.
       A evidência de que as trepadeiras podem representar grande parte da
riqueza de espécies florestais, reforça a necessidade de novos estudos voltados para
essa espécie. Sendo assim, é fundamental incentivar esses estudos, pela sua
importância para o entendimento da dinâmica desses vegetais.



       1.1 - OBJETIVO GERAL

       Analisar e descrever a importância da Bauhinia kunthiana Vogel, na ilha de
Caratateua, exaltando seus diversos usos, tais como: medicinal, artesanal e no
ecossistema onde está inserido; assim, promovendo a conscientização da população
da ilha em torno do uso, ação e função da espécie em questão.




                                            17
2 - MATERIAIS E MÉTODOS

        2.1 - CARACTERIZAÇÃO DA ÁREA DE ESTUDO


        O local onde foi realizado este estudo é classificado como uma Reserva
Particular do Patrimônio Natural (RPPN), o qual possui uma área de 70 hectares,
localizada na Avenida Manoel Barata, próximo ao CEFAP, na ilha de Caratateua,
Belém-PA. Custódio, responsável pela mesma, afirma que na área situava-se a Escola
Agrícola Manoel Barata que devastou o espaço há 80 anos atrás para a exploração e
uso do solo. Anos depois foi abandonada quando esta instituição foi transferida para
Castanhal, dando origem ao Instituto Federal de Educação Técnica.
        Há um manejo de flora nas clareiras da reserva, com o plantio de espécies
centenárias, a exemplo do cedro (Cedrus sp.) e do Angelim (Andira sp.). O objetivo
da reserva é extrair sementes dessas espécies para reflorestar outras áreas
devastadas.
        A reserva possui vários convênios, e um deles é com a Fundação Escola
Bosque (Funbosque), onde estudo, sendo que com esta é apenas verbal, nada
oficial. Quando a Funbosque foi criada, ocorreu uma parceria entre ambas, havendo
visitas na reserva diariamente.
        Na ocasião do reconhecimento do cipó escada-de-jabuti (Bauhinia kunthiana
Vogel), dia 15/04/2010, saímos da casa do responsável às 8h. Após 26 minutos de
caminhada chegamos ao local onde há a maior incidência desta espécie. Essa
primeira população visitada está situada em área de terra-firme. Ela possui mais de
30 anos de longevidade e uma extensão em torno de 50 metros. Sua vegetação é
composta por espécies de 15 a 30 anos de longevidade, com grande biodiversidade,
e há a presença de outras espécies de cipós, dentre eles o cipó-de-fogo (Davilla sp.),
do qual se extrai água potável. A mata do local é secundária, com resquícios de
primária, a qual está sendo reflorestada com espécies centenárias.




                                         18
Figura 1: Bauhinia kunthiana Vogel em seu habitat natural




        Fonte: Autora


       O ambiente onde está presente o cipó Bauhinia kunthiana Vogel é totalmente
coberto pelo mesmo, formando um micro clima com ar frio, ventilado e sem a
presença de sol, ou seja, sombreado. Os cipós se entrelaçam desde o chão até os
pontos mais altos das árvores. A visualização da população foi feita desde a raiz da
planta matriz, ao redor da mesma, até o ponto de melhor visualização da população
como um todo. Toda a população observada é apenas uma unidade, sendo que,
quando o caule encosta na terra brotam filhos da mesma.




                                        19
Figura 2: População de cipós (Bauhinia kunthiana Vogel)




       Fonte: Autora
        Perto da primeira população existe outra, sendo essa menor que a primeira.
Ela também possui mais de 30 anos, com caule de 59 cm de diâmetro. Nessa
segunda população chegamos às 9h 51min. Nas proximidades de ambas as
populações, e no caminho que as liga, há grande incidência de mudas de sementes
do cipó Bauhinia kunthiana Vogel A reserva possui 20 populações do cipó estudado,
nesse dia de observação, foi possível a visualização de duas delas, sendo elas as
principais.




                                        20
Figura 3: Mudas de sementes de cipós (Bauhinia kunthiana Vogel)




      Fonte: Autora

        O período de floração da Bauhinia kunthiana Vogel, ocorre sempre no mês
de setembro (verão paraense). Mas, com as irregularidades climáticas, esse
fenômeno pode ocorrer antes do previsto. O que poucos sabem é a diferença de um
cipó para uma raiz. O cipó cresce de baixo para cima, e a raiz vai de cima para baixo.
Outra observação é que a Bauhinia kunthiana Vogel não germina em área de várzea.
        O cipó Bauhinia kunthiana Vogel possui dois tipos de germinação: através
das sementes, ou do encontro dos cipós com o solo. A Bauhinia kunthiana Vogel
germina facilmente, necessitando apenas de adubação, de preferência adubo
orgânico, e também de uma cobertura com serragem, ou com pedaços de pau podre
(peneirado).
        A Bauhinia kunthiana Vogel é do mesmo gênero da “pata de vaca”, e ambas
possuem a mesma substância, que é a insulina, usada para diabetes, sendo que, na
Bauhinia kunthiana Vogel, essa substância é mais concentrada. Porém, a medicina
ainda não estudou o potencial desse cipó no tratamento do diabetes.




                                         21
Figura 4: Bauhinia Kunthiana Vogel




           Fonte: Autora


       Após 2h 17min de caminhada para o reconhecimento da espécie, retornamos
ao ponto de partida.



       2.2 - PROCEDIMENTOS

       Como já foi dito, a princípio a pesquisa buscava relatar todas as espécies de
cipós da ilha, no entanto esta proposta era ousada demais. Mas, com o decorrer da
pesquisa, e diálogos com vários professores da Funbosque a pesquisa sofreu
modificações. A partir de então foi determinado, através de orientação, que a mesma
seria realizada em apenas uma área da ilha, e focaria em apenas uma espécie de
cipó, a Bauhinia kunthiana Vogel. Essa espécie foi escolhida por possuir múltiplas

                                        22
funções, tais como: medicinais, artesanais e também por ser importante para o
ecossistema onde está inserida. Logo, a pesquisa, assim definida poderia detalhar
mais à fundo o potencial desse cipó, sem perder o seu objetivo inicial. Essa etapa
teve fim em Março de 2010.
         O próximo passo foi a escolha da área de estudo. No início foi difícil defini-la,
pois precisávamos de uma área com uma extensão consideravelmente grande, e
também pouco modificada antropicamente, tornando a pesquisa mais exequível e
melhor para a observação do material de estudo. Existiam três possíveis áreas; a
RPPN (Reserva Particular do Patrimônio Natural), o Queiral3 e por fim a ilha de Santa
Cruz. Mas, para até mesmo facilitar a familiarização com à área de estudo, optou-se
pela RPPN, por conta de ser uma área já conhecida por visitas anteriores, sendo que,
o que parecia ser tão simples, acabou sendo uma das etapas mais complicadas da
pesquisa. Pois, ter acesso à área de interesse foi difícil, e teve uma demora de
aproximadamente um mês. Houve também a hipótese da pesquisa ser realizada nas
delimitações da Funbosque, pela presença de cipós na área, no entanto tornaria a
pesquisa um tanto limitada. Assim, a visita à RPPN para o estudo do cipó Bauhinia
kunthiana Vogel só foi realizada em Abril de 2010.
         Após o estudo de campo, surgiu a necessidade de haver o reconhecimento
florístico do cipó, neste caso a Bauhinia kunthiana Vogel, pois por não saber
exatamente a espécie desse cipó, certas afirmações não poderiam ser feitas. Sendo
assim, uma amostra do cipó foi levada para o Herbário IAN da Embrapa, para análise
florística. O resultado dessa análise, cujo processo de identificação se deu pela
comparação com o acervo do Herbário da Embrapa e classificação dos gêneros em
família segundo APG III, permitiu identificar a espécie como sendo da família
Leguminosae-Caesalp,         cujo     nome      cientifico   é    Bauhinia     kunthiana      Vogel,
popularmente conhecida como “Escada-de-jabuti”.
         No mês de junho de 2010, na ocasião das comemorações da “Semana do
Meio Ambiente”, foi realizado na Funbosque um seminário discente, no qual a fase
preliminar da pesquisa foi apresentada. No mês seguinte, Julho, a mesma pesquisa
foi apresentada na 62ª Reunião Anual da SBPC, em Natal-RN, com apresentação de

3
 Esta área foi indicada por possuir grande incidência de cipó, assim sendo viável ter esta como área
de estudo.
                                                 23
pôster. Nesta oportunidade mantive contato com outros pesquisadores que se
demonstraram interessados com o conteúdo da pesquisa, devido ser este um tema
pouco abordado e explorado, obtendo o certificado de apresentação.
       Por fim, foram realizadas entrevistas no mês de Novembro de 2010 com
moradores do bairro da Brasília. A mesma de deu aleatoriamente. O objetivo era
obter dados sobre o perfil dessa população e o conhecimento da mesma sobre as
funções dos cipós existentes na ilha e as formas de uso da espécie em questão. As
entrevistas seguiram o modelo de formulário com base em perguntas fechadas e
abertas.




                                       24
3 - RESULTADOS E DISCUSSÃO

       3.1 - PERFIL DEMOGRÁFICO – ANÁLISE DOS DADOS


        O trabalho de campo teve 11 colaboradores dos sexos masculino e feminino,
todos moradores da ilha de Caratateua, conforme descritos na tabela a seguir:

                   Tabela 2: Distribuição por sexo e faixa etária

                              Sexo
              Idade                  Homens     Mulheres      Total
                      21-30             01           --             01
                      31-40             --           01             01
                      41-50             --           03             03
                      51-60             02           02             04
                      61-70             --           02             02
              Total                     03           08             11
             Fonte: Formulário


       De acordo com esta tabela é possível observar que a maioria dos
pesquisados é do sexo feminino, o que indica que as mulheres possuem maior
domínio sobre as utilidades dos cipós.Considerando as respostas obtidas durante as
entrevistas pode-se perceber que a maioria das mulheres são dona de casa. Logo,
são mulheres que cuidam dos filhos e utilizam seus conhecimentos acerca do uso de
cipós para cura e tratamento de doenças, muito comum às crianças e adolescentes
da região.
       É possível perceber também que a maioria dos entrevistados possui entre 45
e 70 anos, o que indica que o conhecimento derivado do uso do cipó Bauhinia
kunthiana Vogel para tratamento e outros fins (artesanatos, etc.) é mais comum
entre pessoas mais idosas.
        No que se refere ao tempo de moradia no local a tabela a seguir indica que
os entrevistados residem no local há cerca de 12,3 anos, tempo suficiente para
familiarização e contato com esta espécie, assim como com o conhecimentos
derivados de seu uso.


                                        25
Tabela 3: Tempo de Moradia
                  Nome          Tempo de moradia (em anos)
                      A                    07
                      B                    01
                      C                    13
                      D                    20
                      E                    25
                      F                    25
                      G                    07
                      H                    06
                      I                    06
                      J                    20
                      K                    06
                  Média                   12,3
                 Fonte: Formulário

        Dos 11 colaboradores da pesquisa, 08 possuem conhecimento dos cipós
existentes na ilha, e apenas 03 não possuem conhecimento nesse sentido. No
entanto 09 têm conhecimento das formas de uso, enquanto 02 não possuem
conhecimento algum no uso de cipós. Podendo assim concluir que a população da
Ilha de Caratateua possui um conhecimento voltado para a utilização de cipós.
Observe a tabela abaixo:

                           Tabela 4: Conhecimento sobre Cipós
 Nome                       De que forma você utiliza os Cipós?
   A      “Não conheço, mas sei que serve para amarração e para embebedar
          peixes no rio.”
   B                  -------------------------------------------------------------
   C      “Não utilizo, mas sei que é bom pra fazer chá, para artesanatos e
          também para amarração de cercados.”
   D      “Alguns para chá e outros para a fabricação de artesanatos.”
   E      “Não utilizo, mas sei que é utilizado em artesanatos para decoração, e
          para envenenar peixes para pescar.”
   F      “Não utilizo, mas serve para artesanatos.”
   G      “Na amarração ou tecimento de instrumentos, e também para chá e
          banho.”
   H                  -------------------------------------------------------------
   I      “Não utilizo, mas serve para artesanatos em geral.”
   J      “Artesanatos, amarração de cercados e para brincar de pular corda.”
   K      “Para temperar tucupi.”
Fonte: Formulário
                                           26
No que se refere ao cipó estudado, a Bauhinia kunthiana Vogel, dos 11
colaboradores da pesquisa, 6 possuem conhecimento da existência dessa espécie na
ilha, e 05 não possuem conhecimento nesse sentido. No entanto 05 têm
conhecimento das formas de uso, enquanto 06 não possuem conhecimento algum no
uso da espécie Bauhinia kunthiana Vogel. Levando-nos a concluir que a população da
ilha de Caratateua possui um conhecimento mediano quando se trata dessa espécie
em particular. Observe a tabela abaixo:


    Tabela 5: Conhecimento sobre o uso da Bauhinia kunthiana Vogel
 Nome     De que forma você utiliza a Bahinia kunthiana Vogel?
    A                -------------------------------------------------------------
    B                -------------------------------------------------------------
    C     “Não utilizo, mas é um remédio anti-flamatório.”
    D     “Na forma de remédio.”
    E                ------------------------------------------------------------
    F                ------------------------------------------------------------
    G     “ Na forma de chá.”
    H                -------------------------------------------------------------
    I                ------------------------------------------------------------
    J     “ Não fabrico, mas utilizo artesanatos feitos da escada-de-jabuti.”
    K     “Não utilizo, mas sei que serve medicinalmente.”
Fonte: Formulário




                                           27
CONCLUSÃO

       A espécie pesquisada foi a Bahinia kunthiana Vogel, conhecida vulgarmente
como escada-de-jabuti, a qual pertence a família Leguminosae, sendo esta uma
trepadeira lenhosa.
       A extensão das populações estudadas evidencia o quanto essa espécie
desenvolve-se rapidamente, e a presença de mudas próximas a elas nos prova que
de fato essa espécie é polinizada por insetos. E por fim constata-se que é uma
espécie que pode caracterizar matas secundárias.
       No que se trata do conhecimento tradicional da população sobre cipós,
conclui-se que a população da ilha possui conhecimento dos cipós existentes na
mesma, e conhece os seus usos. Já sobre a Bauhinia kunthiana Vogel, conclui-se que
o conhecimento da população é menor comparado ao conhecimento sobre os cipós
em geral. Mesmo que em pequena escala constatou-se que a população utiliza a
Bauhinia kunthiana Vogel em seus usos artesanal e medicinal, e também reconhece
a sua importância para a ilha de Caratateua. Porém, não é um conhecimento elevado
e unânime. Mas saber que existe esse conhecimento torna mais fácil explorar o
potencial da espécie na ilha, e trabalhar a conscientização ambiental, para não vir a
degradar áreas onde está presente a Bauhinia kunthiana Vogel.




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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

REFERÊNCIAS CONSULTADAS

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O uso da Bauhinia kunthiana Vogel na Ilha de Caratateua

  • 1. PREFEITURA MUNICIPAL DE BELÉM SECRETARIA MUNICIPAL DE EDUCAÇÃO FUNDAÇÃO CENTRO DE REFERÊNCIA EM EDUCAÇÃO AMBIENT AL ESCOLA BOSQUE PROFESSOR “EIDORFE MOREIRA” RAPHAELA CIBELLY DOS SANTOS LEÃO USO, AÇÃO E FUNÇÃO DA BAUHINIA KUNTHIANA VOGEL NA ILHA DE CARATATEUA – BELÉM /PA Belém 2011
  • 2. RAPHAELA CIBELLY DOS SANTOS LEÃO USO, AÇÃO E FUNÇÃO DA BAUHINIA KUNTHIANA VOGEL NA ILHA DE CARATATEUA – BELÉM/PA Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Fundação Centro De Referência em Educação Ambiental Escola Bosque Professor “Eidorfe Moreira” como requisito a obtenção do título de Técnica em Meio Ambiente. Orientador: Prof. Msc. Breno Rodrigo de Oliveira Alencar Belém 2011
  • 3. RAPHAELA CIBELLY DOS SANTOS LEÃO USO, AÇÃO E FUNÇÃO DA BAUHINIA KUNTHIANA VOGEL NA ILHA DE CARATATEUA – BELÉM/PA Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Fundação Centro De Referência em Educação Ambiental Escola Bosque Professor “Eidorfe Moreira” como requisito a obtenção do título de Técnica em Meio Ambiente. Banca Examinadora: _____________________________________ Profª. Msc. Breno Rodrigo de Oliveira Alencar (Orientador) _____________________________________ Profª. Msc. João Luis da Silva Lopes (Examinador) _____________________________________ Profª. Camila Marreiro Pacífico Fonseca (Examinadora) Conceito: Excelente Belém, 14 de abril de 2011
  • 4. Dedico esta obra à memória de meu pai Lafaiett Leão, que de alguma forma, que eu não sei explicar, me deu forças para não fracassar nessa busca incansável pela felicidade.
  • 5. AGRADECIMENTOS Não poderia começar essa parte do estudo (que tanto esperei) sem antes agradecer a Deus, aquele que fez com que tudo se tornasse concreto, apesar de muitas vezes achar que não teria forças para continuar uma força sobrenatural sempre me manteve de pé. Ao meu orientador Breno Alencar, que me fez perceber o potencial que existe em mim; acreditando que eu sou capaz, e que fez realidade um sonho. A minha mãe Patrícia, acima de tudo por ter me dado a vida, por investir em mim e pelas “broncas” que me fizeram refletir e ver meus erros, fazendo de mim uma pessoa melhor. Em especial a memória de meu pai Lafaiett. Aos meus avós Ana e Natalino, os quais eu admiro e agradeço a pessoa que me fizeram graças a criação que me foi dada. Ao meu único irmão Charles, que do seu próprio jeito sempre esteve ao meu lado. Ao Jean, pelo companheirismo e carinho que existe entre nós, e por acreditar no meu potencial mesmo de olhos fechados. E por fim, agradeço aqueles que de alguma forma exerceram alguma contribuição para a minha formação pessoal e profissional.
  • 6. RESUMO A espécie pesquisada foi a Bauhinia kunthiana Vogel, conhecida vulgarmente como escada-de-jabuti, a qual pertence a família Leguminosae, sendo esta uma trepadeira lenhosa. Esta pesquisa tem por objetivo discutir a importância, função e uso do cipó estudado, no contexto sócio-ambiental da Ilha de Caratateua, onde sua incidência é relativamente grande e interfere na dinâmica sócio-econômica de sua população. A pesquisa procurou identificar a espécie em questão (através de visita a RPPN e análise laboratorial na Embrapa), para melhor detalhar seus usos e funções para as populações da ilha, já que esse cipó é tão importante não só para a população, mas também para a biodiversidade do ecossistema onde está inserido. Mesmo que em pequena escala constatou-se que a população utiliza a Bauhinia kunthiana Vogel em seus usos artesanal e medicinal, e também reconhece a sua importância para a Ilha de Caratateua. Palavras-Chave: Bauhinia kunthiana Vogel - Trepadeira Lenhosa – Ilha de Caratateua
  • 7. ABSTRACT The species studied was the Bauhinia kunthiana Vogel, commonly known escada-de-jabuti, which belongs to the family Leguminosae, which is a woody vine. This research aims to discuss the importance, function and use the vine studied in the socio-environmental Caratateua Island, where its incidence is relatively large and interferes with the dynamics of socio-economic population. The survey sought to identify the species in question (seen through the PRNP and laboratory of Embrapa), to better detail their uses and functions for the population of the island, since this vines so important not just for the people but also for biodiversity of the ecosystem where it is inserted. Even on a small scale it was found that the population uses the Bauhinia kunthiana Vogel at his craft and medicinal uses, and also recognizes their importance to Caratateua Island. Keywords: Bauhinia kunthiana Vogel - woody vine - Caratateua Island
  • 8. LISTA DE ILUSTRAÇÕES Figura 1: Bauhinia kunthiana Vogel em seu habitat natural.................... 19 Figura 2: População de cipós (Bauhinia kunthiana Vogel)................... 20 Figura 3: Mudas de sementes de cipós (Bauhinia kunthiana Vogel)........ 21 Figura 4: Bauhinia kunthiana Vogel..................................................... 22
  • 9. LISTA DE TABELAS Tabela 1: Exemplos de cipós medicinais............................................... 16 Tabela 2: Distribuição por sexo e faixa etária........................................ 25 Tabela 3: Tempo de moradia............................................................... 26 Tabela 4: Conhecimento sobre cipós.................................................... 26 Tabela 5: Conhecimento sobre o uso da Bauhinia kunthiana Vogel......... 27
  • 10. SUMÁRIO INTRODUÇÃO.............................................................................. 11 1 JUSTIFICATIVA........................................................................ 11 1.1 OBJETIVO GERAL...................................................................... 17 2 MATERIAIS E MÉTODOS.......................................................... 18 2.1 CARACTERIZAÇÃO DA ÁREA DE ESTUDO.................................... 18 2.2 PROCEDIMENTOS...................................................................... 22 3 RESULTADOS E DISCUSSÃO.................................................... 25 3.1 - PERFIL DEMOGRÁFICO – ANÁLISE DOS DADOS 25 CONCLUSÃO................................................................................. 28 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS............................................... 29 REFERÊNCIAS CONSULTADAS......................................................... 29 REFERÊNCIAS CITADAS NO TEXTO……………………..……….…………...... 29 ANEXO.......................................................................................... 32
  • 11. INTRODUÇÃO Esta pesquisa surgiu a partir de um seminário da disciplina IPC (Iniciação a Pesquisa Científica), em Outubro de 2009, o qual relatava apenas a biologia de cipós como um todo, a forma de crescimento, os benefícios e malefícios, ou seja, a influência no meio onde está inserido. Após o seminário, foi feita uma resenha com o mesmo tema. Em seguida, em Dezembro de 2009, na mesma disciplina, foi solicitada a produção de um artigo. Este por sua vez sofreu algumas modificações em seu conteúdo, se comparado com o seminário. Desde então a pesquisa voltou-se para à Ilha de Caratateua, Belém-PA, e não mas para toda a Amazônia, como foi proposto inicialmente, aliás algo bastante ambicioso para uma pesquisa de iniciação científica. 1 - JUSTIFICATIVA As trepadeiras lenhosas, mais conhecidas como cipós, sobem sobre suportes, utilizando outras plantas de apoio; logo, por não possuir apoio próprio, seu caule é estreito e flexível, proporcionando a ela elevadas taxas de crescimento. Embora haja muito a aprender sobre este grupo de plantas, o qual foi deixado de lado durante muito tempo, a diversidade e a importância ecológica das trepadeiras agora são amplamente reconhecidas, graças aos esforços de pesquisadores em todo o mundo, sendo raros os estudos anteriores a 1980. Segundo a classificação de Veloso (1992), trepadeiras são todas as plantas lenhosas ou herbáceas que vivem apoiadas em outras plantas ou substrato, cujas gemas, acima do solo, são protegidas por catáfilos1. Trepadeiras, portanto, são plantas cujo crescimento em altura depende da sustentação mecânica fornecida por outras plantas. Enquanto as árvores investem recursos em tecidos de sustentação, trepadeiras investem em crescimento rápido em altura. As trepadeiras crescem geralmente em direção ao dossel, sombreando as árvores que as sustentam e competindo com estas por luz, água e nutrientes. Gentry (1991) ressaltou que a falta de conhecimento da florística de trepadeiras é agravada por conta de não haver estudos nesse sentido, pois os 1 Catáfilos são folhas reduzidas que geralmente protegem as gemas dormentes, com grandes reservas de nutrientes. Em alguns casos especiais, atuam como órgão de reserva. 11
  • 12. levantamentos florísticos que abrangem todas as formas de vida dificilmente abordam trepadeiras, já que estas plantas são mais difíceis de serem vistas por ocuparem o dossel florestal, merecendo uma amostragem direcionada e intensa. Apesar de sua reconhecida importância ecológica, a atenção dirigida ao estudo das espécies desse grupo tem sido pequena e, além disso, embora apresente vasta distribuição, é provavelmente, o grupo de plantas menos coletado, devido à dificuldade de se trabalhar em florestas densas e ricas em espécies e pela altura em que se encontram. Como já foi dito anteriormente, até o final da década de 1980, o conhecimento da ecologia de trepadeiras era pouco explorado. Após a publicação de trabalhos sobre a biologia de plantas de hábito trepador, como o de Putz e Mooney (1991), houve maior interesse pelo estudo de trepadeiras. No Brasil, a partir da década de 1980, observou-se crescente empenho dos botânicos em estudar este grupo, sendo publicados trabalhos que abordaram exclusivamente a florística, como os de Putz (1983). Apesar de sua importância nas florestas tropicais, raramente as trepadeiras são tidas como objetos principais nos estudos florísticos, sendo, muitas vezes, coletadas casualmente. No Brasil, os poucos estudos florísticos que focaram mais especificadamente as trepadeiras são recentes, tendo sido realizados na vegetação amazônica (Gentry, 1978; Prance, 1994; Ribeiro et al., 1999), em floresta atlântica (Lima et al., 1997) e em floresta estacional semidecídua da região sudeste (Morellato e Leitão Filho, 1996, 1998; Hora e Soares, 2002). Dentre os trabalhos florísticos que incluíram trepadeiras em sua listagem de espécies, pode-se citar Weiser e Godoy (2001), Stranghetti e Ranga (1998), Batalha et al. (1997), Bernacci e Leitão Filho (1996) e Torres (dados não publicados). Aspectos ecológicos foram abordados por Hora e Soares (2002); Araújo e Martins (1999); Lombardi et al. (1999); Morellato e Leitão Filho (1996) e Romaniuc Neto e Godoi (dados não publicados). A importância de se estudar a população de trepadeiras, visa um melhor manejo e conservação dos fragmentos florestais, pois diversos trabalhos destacam a invasão de trepadeiras como um problema para a manutenção do fragmento, interferindo na regeneração da população arbórea e aumentando a probabilidade de queda de árvores. Por outro lado, os padrões fenológicos das trepadeiras são, 12
  • 13. geralmente, complementares aos das árvores, resultando em um constante suplemento de néctar, pólen e fruto para a fauna em períodos de escassez de frutos de espécies arbóreas. Representam em média, 21% das espécies de plantas utilizadas como alimento por ampla variedade de primatas tropicais. Floristicamente são importantes, contribuindo com cerca de 25% da diversidade taxômica das florestas tropicais. Neste contexto é interessante mencionar que aproximadamente metade das famílias de plantas vasculares possui espécies de trepadeiras. Segundo Gentry (1991), 26 famílias de angiospermas incluem 85% de todas as trepadeiras do Novo Mundo e as mais ricas em espécies são Asclepiadaceae, Convolvulaceae, Leguminosae, Asteraceae, Bignoniaceae, Malpighaceae, Sapindaceae, Passifloraceae, Cucurbitaceae e Apocynaceae. Em fragmentos maiores, e possivelmente melhor conservados, o número de espécies de trepadeiras tende a ser menor. Porém, esta relação pode não ser verdadeira, pois os levantamentos florísticos com ênfase em trepadeiras são raros e não existem informações suficientes sobre a riqueza de espécies de trepadeiras em áreas bem conservadas. As trepadeiras possuem estruturas especializadas para agarrar os suportes, às vezes chamadas de órgão de fixação ou “prehensile apparati” 2. O órgão de fixação mais conhecido é a gavinha. As gavinhas podem ser folhas, folhas novas, estípulas, inflorescências, ramos ou caules (ex:. várias leguminosas). Na densa vegetação dos arredores da floresta, existe uma abundância de suportes em potencial, os quais ajudam a explicar por que as trepadeiras são tão abundantes nesses locais. A probabilidade de encontrar suportes aumenta consideravelmente pelos movimentos circulares induzidos pelo crescimento dos caules e gavinha, denominados espirais de circunulação. Pesquisadores revelam que as trepadeiras espirais ficam alongadas em direção a suportes em potencial, aumentando ainda mais a probabilidade de encontrar um apoio. Quando se encontram no dossel, as trepadeiras geralmente crescem entre as copas das árvores. Estas conexões entre copas são muito importantes para os animais que não conseguem voar ou planar por grandes distâncias e também para aumentar a probabilidade de que essas árvores puxem as vizinhas quando caírem. 2 Estrutura especializada para agarrar suportes 13
  • 14. Segundo Kelly (1985) e Hegarty (1991), trepadeiras com gavinhas são agrupadas as plantas que se fixam a um suporte por meio de estruturas modificadas em gavinhas de origem diversa (cauliar, foliar, etc.), na qual se insere à Bauhinia kunthiana Vogel, objeto deste estudo. Em face à escassez de levantamentos, pouco se pode concluir em relação às categorias de trepadeiras lenhosas. Apesar das diferentes formas de escalar das trepadeiras terem importância reconhecida, tanto do ponto de vista taxonômico quanto ecológico, raros são os estudos voltados para a classificação e quantificação desses mecanismos de ascensão nas espécies das formações vegetais brasileiras. Contudo, há de se considerar que esta classificação muitas das vezes torna-se complicada, pois diversas espécies combinam mais de um método de escalar, como é o caso de algumas espécies de leguminosas. O hábito de subir aparentemente evolui numerosas vezes no reino das plantas. As famílias de plantas florescentes particularmente ricas em espécies de trepadeiras incluem Bigononiaceae, Vitaceae, Leguminosae, Menispermaceae e Hippocrateaceae. Todas as espécies de alguns gêneros de trepadeiras incluem espécies de arbustos e árvores (ex: Bauhinia kunthiana Vogel). As trepadeiras são encontradas nas florestas dos trópicos até as zonas boreais dos hemisférios norte e sul, bem como nos desertos e florestas tropicais úmidas. Entretanto, são mais diversificadas próximas ao equador. A maioria das trepadeiras regenera-se da semente ou como rebentos vegetativos das raízes ou caules caídos de indivíduos estabelecidos. As trepadeiras criadas a partir de sementes geralmente passam despercebidas, porque possuem apoio próprio e aparência de mudas de árvores. As pessoas com habilidades para reconhecer todas as espécies de árvores de uma floresta, geralmente pressupõem que as mudas não identificadas sejam trepadeiras. Após a perturbação, as trepadeiras tipicamente aumentam num primeiro momento e, em seguida, caem em abundância. No entanto, devido ao crescimento dos indivíduos que persistem, uma fração da floresta tende a ser formada pela biomassa de trepadeiras. As trepadeiras contribuem para apenas 5% do total da biomassa acima do solo, as folhas de trepadeiras podem contribuir 40% da área foliar total da floresta. 14
  • 15. A flexibilidade das trepadeiras aumenta a probabilidade de sobreviverem quando caem com as árvores hospedeiras. Conseqüentemente, muitas das trepadeiras que proliferam em espaços de queda de árvores são botões de trepadeiras que sobreviveram à queda. Tanto o processo de fragmentação da floresta como os eventos de perturbação proporcionam um aumento de áreas com maior incidência luminosa, com clareiras e bordas, que favorecem o desenvolvimento dessa forma de vida. As trepadeiras são de grande relevância em muitas florestas tropicais. Elas compreendem cerca de 30% dos indivíduos e espécies das florestas tropicais, sendo freqüentemente citadas como as mais óbvias diferenças entre estas e as florestas temperadas. Além disso, em algumas florestas, a diversidade dessas trepadeiras pode ultrapassar 44% das espécies florestais, com média de 51 espécies por hectare. Um exemplo claro é o chá de Ayahuasca que é usado milenarmente por índios da América do Sul, como instrumento espiritual e ritual. A ação do chá deve-se às plantas utilizadas na sua preparação: O cipó Banisteriopsis caapi e as folhas do arbusto Psycotria viridis. Os efeitos observados são: alucinações, hipertensão, taquicardia, náuseas, vômito e diarréia. Podendo causar efeitos mais sérios ao organismo e, portanto, merecem maior atenção (Costa; Figueiredo e Cazenave, 2005). 15
  • 16. Tabela 1: Exemplos de cipós medicinais Nome Vulgar Nome Científico Uso Local Modo de Usar Diabetes (em estudo), Escada-de- Bauhinia problemas Chá jabuti kunthiana Vogel intestinais, diarréia e ameba Pachyptera Febre e para Cipó D’alho Fricção e banho alliaceae acalmar criança Fricção e emplasto Lophostoma Reumatismo e (raspa e coloca-se Cipó Cumacaí calophylloides feridas no álcool para meissn passar à noite) Fricção (raspa da Tenaecium Cipó Curimbó Febre raiz e folha nocturnum queimada) Cipó Luira Guatteria scandens Para acalmar Banho ou Iuira ducke criança Chá (juntamente com semente de Cipó Puca Cissus sicyoides Derrame gergelim preto e arruda) Fonte: Pesquisa bibliográfica O único estudo fitossociológico de trepadeiras em floresta de terra firme na Amazônia Central é o de Maia (1991). Nesse estudo, a autora além de observar alterações na população de trepadeiras em função de tipo e estrutura do solo, registrou as mais ricas em espécies, dentre elas a Bauhinia kunthiana Vogel. A trepadeira Bauhinia kunthiana Vogel é de grande importância na região norte, sendo usada em diversas atividades, como artesanato; principalmente na confecção de arranjos; e medicinal, como remédio natural-caseiro utilizado pelas populações tradicionais da região contra diarréia e ameba, porém, a de maior destaque está relacionada a cura da diabetes. No entanto, ainda não há dados científicos concretos que provem a legitimidade desse processo. Além disso, as espécies de trepadeiras fornecem recursos, tais como brotos, flores e frutos para a fauna destas áreas (Morellato e Leitão Filho, 1996). Assim, as estratégias de manejos florestais e a legislação ambiental explicitamente consideram as espécies de trepadeiras em função de seu importante papel ecológico. 16
  • 17. A “Lei da Natureza”, também conhecida como Lei de Crimes Ambientais (9.605/98), se encarrega de regularmente a prática de manejo de cipós. Segundo a mesma, em seu artigo 46, referente a crimes contra a flora, afirma: Receber ou adquirir, para fins comerciais ou industriais, madeira, lenha, carvão e outros produtos de origem vegetal, sem exigir a exibição de licença do vendedor, outorgada pela autoridade competente, e sem munir-se da via que deverá acompanhar o produto até final beneficiamento. Parágrafo Único- Incorre nas mesmas penas quem vende, expõe a venda, tem em depósito, transporta ou guarda madeira, lenha, carvão e outros produtos de origem vegetal, sem licença válida para todo o tempo da viagem ou do armazenamento, outorgada pela autoridade competente. Com pena de detenção, de seis meses a um ano, e multa. Em caso de haver uma área com grande incidência da Bauhinia kunthiana Vogel, na qual ocorra a produção de carvão, sem que haja um manejo florestal das espécies, pode-se autuar o infrator (produção, transporte, armazenamento e venda), segundo a lei acima. A evidência de que as trepadeiras podem representar grande parte da riqueza de espécies florestais, reforça a necessidade de novos estudos voltados para essa espécie. Sendo assim, é fundamental incentivar esses estudos, pela sua importância para o entendimento da dinâmica desses vegetais. 1.1 - OBJETIVO GERAL Analisar e descrever a importância da Bauhinia kunthiana Vogel, na ilha de Caratateua, exaltando seus diversos usos, tais como: medicinal, artesanal e no ecossistema onde está inserido; assim, promovendo a conscientização da população da ilha em torno do uso, ação e função da espécie em questão. 17
  • 18. 2 - MATERIAIS E MÉTODOS 2.1 - CARACTERIZAÇÃO DA ÁREA DE ESTUDO O local onde foi realizado este estudo é classificado como uma Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN), o qual possui uma área de 70 hectares, localizada na Avenida Manoel Barata, próximo ao CEFAP, na ilha de Caratateua, Belém-PA. Custódio, responsável pela mesma, afirma que na área situava-se a Escola Agrícola Manoel Barata que devastou o espaço há 80 anos atrás para a exploração e uso do solo. Anos depois foi abandonada quando esta instituição foi transferida para Castanhal, dando origem ao Instituto Federal de Educação Técnica. Há um manejo de flora nas clareiras da reserva, com o plantio de espécies centenárias, a exemplo do cedro (Cedrus sp.) e do Angelim (Andira sp.). O objetivo da reserva é extrair sementes dessas espécies para reflorestar outras áreas devastadas. A reserva possui vários convênios, e um deles é com a Fundação Escola Bosque (Funbosque), onde estudo, sendo que com esta é apenas verbal, nada oficial. Quando a Funbosque foi criada, ocorreu uma parceria entre ambas, havendo visitas na reserva diariamente. Na ocasião do reconhecimento do cipó escada-de-jabuti (Bauhinia kunthiana Vogel), dia 15/04/2010, saímos da casa do responsável às 8h. Após 26 minutos de caminhada chegamos ao local onde há a maior incidência desta espécie. Essa primeira população visitada está situada em área de terra-firme. Ela possui mais de 30 anos de longevidade e uma extensão em torno de 50 metros. Sua vegetação é composta por espécies de 15 a 30 anos de longevidade, com grande biodiversidade, e há a presença de outras espécies de cipós, dentre eles o cipó-de-fogo (Davilla sp.), do qual se extrai água potável. A mata do local é secundária, com resquícios de primária, a qual está sendo reflorestada com espécies centenárias. 18
  • 19. Figura 1: Bauhinia kunthiana Vogel em seu habitat natural Fonte: Autora O ambiente onde está presente o cipó Bauhinia kunthiana Vogel é totalmente coberto pelo mesmo, formando um micro clima com ar frio, ventilado e sem a presença de sol, ou seja, sombreado. Os cipós se entrelaçam desde o chão até os pontos mais altos das árvores. A visualização da população foi feita desde a raiz da planta matriz, ao redor da mesma, até o ponto de melhor visualização da população como um todo. Toda a população observada é apenas uma unidade, sendo que, quando o caule encosta na terra brotam filhos da mesma. 19
  • 20. Figura 2: População de cipós (Bauhinia kunthiana Vogel) Fonte: Autora Perto da primeira população existe outra, sendo essa menor que a primeira. Ela também possui mais de 30 anos, com caule de 59 cm de diâmetro. Nessa segunda população chegamos às 9h 51min. Nas proximidades de ambas as populações, e no caminho que as liga, há grande incidência de mudas de sementes do cipó Bauhinia kunthiana Vogel A reserva possui 20 populações do cipó estudado, nesse dia de observação, foi possível a visualização de duas delas, sendo elas as principais. 20
  • 21. Figura 3: Mudas de sementes de cipós (Bauhinia kunthiana Vogel) Fonte: Autora O período de floração da Bauhinia kunthiana Vogel, ocorre sempre no mês de setembro (verão paraense). Mas, com as irregularidades climáticas, esse fenômeno pode ocorrer antes do previsto. O que poucos sabem é a diferença de um cipó para uma raiz. O cipó cresce de baixo para cima, e a raiz vai de cima para baixo. Outra observação é que a Bauhinia kunthiana Vogel não germina em área de várzea. O cipó Bauhinia kunthiana Vogel possui dois tipos de germinação: através das sementes, ou do encontro dos cipós com o solo. A Bauhinia kunthiana Vogel germina facilmente, necessitando apenas de adubação, de preferência adubo orgânico, e também de uma cobertura com serragem, ou com pedaços de pau podre (peneirado). A Bauhinia kunthiana Vogel é do mesmo gênero da “pata de vaca”, e ambas possuem a mesma substância, que é a insulina, usada para diabetes, sendo que, na Bauhinia kunthiana Vogel, essa substância é mais concentrada. Porém, a medicina ainda não estudou o potencial desse cipó no tratamento do diabetes. 21
  • 22. Figura 4: Bauhinia Kunthiana Vogel Fonte: Autora Após 2h 17min de caminhada para o reconhecimento da espécie, retornamos ao ponto de partida. 2.2 - PROCEDIMENTOS Como já foi dito, a princípio a pesquisa buscava relatar todas as espécies de cipós da ilha, no entanto esta proposta era ousada demais. Mas, com o decorrer da pesquisa, e diálogos com vários professores da Funbosque a pesquisa sofreu modificações. A partir de então foi determinado, através de orientação, que a mesma seria realizada em apenas uma área da ilha, e focaria em apenas uma espécie de cipó, a Bauhinia kunthiana Vogel. Essa espécie foi escolhida por possuir múltiplas 22
  • 23. funções, tais como: medicinais, artesanais e também por ser importante para o ecossistema onde está inserida. Logo, a pesquisa, assim definida poderia detalhar mais à fundo o potencial desse cipó, sem perder o seu objetivo inicial. Essa etapa teve fim em Março de 2010. O próximo passo foi a escolha da área de estudo. No início foi difícil defini-la, pois precisávamos de uma área com uma extensão consideravelmente grande, e também pouco modificada antropicamente, tornando a pesquisa mais exequível e melhor para a observação do material de estudo. Existiam três possíveis áreas; a RPPN (Reserva Particular do Patrimônio Natural), o Queiral3 e por fim a ilha de Santa Cruz. Mas, para até mesmo facilitar a familiarização com à área de estudo, optou-se pela RPPN, por conta de ser uma área já conhecida por visitas anteriores, sendo que, o que parecia ser tão simples, acabou sendo uma das etapas mais complicadas da pesquisa. Pois, ter acesso à área de interesse foi difícil, e teve uma demora de aproximadamente um mês. Houve também a hipótese da pesquisa ser realizada nas delimitações da Funbosque, pela presença de cipós na área, no entanto tornaria a pesquisa um tanto limitada. Assim, a visita à RPPN para o estudo do cipó Bauhinia kunthiana Vogel só foi realizada em Abril de 2010. Após o estudo de campo, surgiu a necessidade de haver o reconhecimento florístico do cipó, neste caso a Bauhinia kunthiana Vogel, pois por não saber exatamente a espécie desse cipó, certas afirmações não poderiam ser feitas. Sendo assim, uma amostra do cipó foi levada para o Herbário IAN da Embrapa, para análise florística. O resultado dessa análise, cujo processo de identificação se deu pela comparação com o acervo do Herbário da Embrapa e classificação dos gêneros em família segundo APG III, permitiu identificar a espécie como sendo da família Leguminosae-Caesalp, cujo nome cientifico é Bauhinia kunthiana Vogel, popularmente conhecida como “Escada-de-jabuti”. No mês de junho de 2010, na ocasião das comemorações da “Semana do Meio Ambiente”, foi realizado na Funbosque um seminário discente, no qual a fase preliminar da pesquisa foi apresentada. No mês seguinte, Julho, a mesma pesquisa foi apresentada na 62ª Reunião Anual da SBPC, em Natal-RN, com apresentação de 3 Esta área foi indicada por possuir grande incidência de cipó, assim sendo viável ter esta como área de estudo. 23
  • 24. pôster. Nesta oportunidade mantive contato com outros pesquisadores que se demonstraram interessados com o conteúdo da pesquisa, devido ser este um tema pouco abordado e explorado, obtendo o certificado de apresentação. Por fim, foram realizadas entrevistas no mês de Novembro de 2010 com moradores do bairro da Brasília. A mesma de deu aleatoriamente. O objetivo era obter dados sobre o perfil dessa população e o conhecimento da mesma sobre as funções dos cipós existentes na ilha e as formas de uso da espécie em questão. As entrevistas seguiram o modelo de formulário com base em perguntas fechadas e abertas. 24
  • 25. 3 - RESULTADOS E DISCUSSÃO 3.1 - PERFIL DEMOGRÁFICO – ANÁLISE DOS DADOS O trabalho de campo teve 11 colaboradores dos sexos masculino e feminino, todos moradores da ilha de Caratateua, conforme descritos na tabela a seguir: Tabela 2: Distribuição por sexo e faixa etária Sexo Idade Homens Mulheres Total 21-30 01 -- 01 31-40 -- 01 01 41-50 -- 03 03 51-60 02 02 04 61-70 -- 02 02 Total 03 08 11 Fonte: Formulário De acordo com esta tabela é possível observar que a maioria dos pesquisados é do sexo feminino, o que indica que as mulheres possuem maior domínio sobre as utilidades dos cipós.Considerando as respostas obtidas durante as entrevistas pode-se perceber que a maioria das mulheres são dona de casa. Logo, são mulheres que cuidam dos filhos e utilizam seus conhecimentos acerca do uso de cipós para cura e tratamento de doenças, muito comum às crianças e adolescentes da região. É possível perceber também que a maioria dos entrevistados possui entre 45 e 70 anos, o que indica que o conhecimento derivado do uso do cipó Bauhinia kunthiana Vogel para tratamento e outros fins (artesanatos, etc.) é mais comum entre pessoas mais idosas. No que se refere ao tempo de moradia no local a tabela a seguir indica que os entrevistados residem no local há cerca de 12,3 anos, tempo suficiente para familiarização e contato com esta espécie, assim como com o conhecimentos derivados de seu uso. 25
  • 26. Tabela 3: Tempo de Moradia Nome Tempo de moradia (em anos) A 07 B 01 C 13 D 20 E 25 F 25 G 07 H 06 I 06 J 20 K 06 Média 12,3 Fonte: Formulário Dos 11 colaboradores da pesquisa, 08 possuem conhecimento dos cipós existentes na ilha, e apenas 03 não possuem conhecimento nesse sentido. No entanto 09 têm conhecimento das formas de uso, enquanto 02 não possuem conhecimento algum no uso de cipós. Podendo assim concluir que a população da Ilha de Caratateua possui um conhecimento voltado para a utilização de cipós. Observe a tabela abaixo: Tabela 4: Conhecimento sobre Cipós Nome De que forma você utiliza os Cipós? A “Não conheço, mas sei que serve para amarração e para embebedar peixes no rio.” B ------------------------------------------------------------- C “Não utilizo, mas sei que é bom pra fazer chá, para artesanatos e também para amarração de cercados.” D “Alguns para chá e outros para a fabricação de artesanatos.” E “Não utilizo, mas sei que é utilizado em artesanatos para decoração, e para envenenar peixes para pescar.” F “Não utilizo, mas serve para artesanatos.” G “Na amarração ou tecimento de instrumentos, e também para chá e banho.” H ------------------------------------------------------------- I “Não utilizo, mas serve para artesanatos em geral.” J “Artesanatos, amarração de cercados e para brincar de pular corda.” K “Para temperar tucupi.” Fonte: Formulário 26
  • 27. No que se refere ao cipó estudado, a Bauhinia kunthiana Vogel, dos 11 colaboradores da pesquisa, 6 possuem conhecimento da existência dessa espécie na ilha, e 05 não possuem conhecimento nesse sentido. No entanto 05 têm conhecimento das formas de uso, enquanto 06 não possuem conhecimento algum no uso da espécie Bauhinia kunthiana Vogel. Levando-nos a concluir que a população da ilha de Caratateua possui um conhecimento mediano quando se trata dessa espécie em particular. Observe a tabela abaixo: Tabela 5: Conhecimento sobre o uso da Bauhinia kunthiana Vogel Nome De que forma você utiliza a Bahinia kunthiana Vogel? A ------------------------------------------------------------- B ------------------------------------------------------------- C “Não utilizo, mas é um remédio anti-flamatório.” D “Na forma de remédio.” E ------------------------------------------------------------ F ------------------------------------------------------------ G “ Na forma de chá.” H ------------------------------------------------------------- I ------------------------------------------------------------ J “ Não fabrico, mas utilizo artesanatos feitos da escada-de-jabuti.” K “Não utilizo, mas sei que serve medicinalmente.” Fonte: Formulário 27
  • 28. CONCLUSÃO A espécie pesquisada foi a Bahinia kunthiana Vogel, conhecida vulgarmente como escada-de-jabuti, a qual pertence a família Leguminosae, sendo esta uma trepadeira lenhosa. A extensão das populações estudadas evidencia o quanto essa espécie desenvolve-se rapidamente, e a presença de mudas próximas a elas nos prova que de fato essa espécie é polinizada por insetos. E por fim constata-se que é uma espécie que pode caracterizar matas secundárias. No que se trata do conhecimento tradicional da população sobre cipós, conclui-se que a população da ilha possui conhecimento dos cipós existentes na mesma, e conhece os seus usos. Já sobre a Bauhinia kunthiana Vogel, conclui-se que o conhecimento da população é menor comparado ao conhecimento sobre os cipós em geral. Mesmo que em pequena escala constatou-se que a população utiliza a Bauhinia kunthiana Vogel em seus usos artesanal e medicinal, e também reconhece a sua importância para a ilha de Caratateua. Porém, não é um conhecimento elevado e unânime. Mas saber que existe esse conhecimento torna mais fácil explorar o potencial da espécie na ilha, e trabalhar a conscientização ambiental, para não vir a degradar áreas onde está presente a Bauhinia kunthiana Vogel. 28
  • 29. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS REFERÊNCIAS CONSULTADAS COSTA, M. S. M.; FIGUEIREDO, M. C.; CAZENAVE, S. O. S. Ayahuasca: Uma abordagem toxicológica do uso ritualístico. Campinas, Revista de Psiquiatria Clínica, v. 32, n. 6, pp. 310-318, 2005. MUSEU PARAENSE EMÍLIO GOELDI. Diversidade Amazônica. Flora. Amazônia Destaque. Belém, Museu Paraense Emílio Goeldi/CNPq, n.3 e 4, 1997. OLIVEIRA, A. N.; AMARAL, I. L.; RAMOS, M. B.; FORMIGA, K. M. Aspectos florísticos e ecológicos de grandes lianas em três ambientes florestais de terra firme na Amzônia Central, Manaus, Amazonas. Manaus, Acta Amazônica, v. 38, n. 1, pp. 421-430, 2008. PUTZ, F. E. Ecologia das Trepadeiras. Ecologia. Info, n. 24, 2006. Acesso em janeiro de 2011. Disponível em http://www.ecologia.info/trepadeiras.htm REZENDE, A. A.; RANGA, N. T. Lianas da Estação ecológica do Noroeste Paulista. São José do Rio Preto/ Mirassol, São Paulo. Feira de Santana, Acta Botanica Brasilica, v. 19, n. 2, pp. 243-279, 2005. TIBIRIÇÁ, Y. J.; COELHO, L. F.; MOURA, L. C. Florística de lianas em um fragmento de floresta estacional semidecidual, Parque Estadual de Vassununda, Santa Rita do Passa Quatro, São Paulo. Feira de Santana, Acta Botanica Brasilica, v. 20, n. 2, pp. 339-346, 2006. UDULUTSCH, R. G.; ASSIS, M. A.; PICCHI, D. G. Florística de trepadeiras numa floresta estacional semidecídua, Rio Claro – Araras, São Paulo. São Paulo, Revista Brasileira de Botânica, v. 27, n. 1, pp. 125-134, 2004. REFERÊNCIAS CITADAS NO TEXTO ARAÚJO, F. S. & MARTINS, F. R. Fisionomia e organização da vegetação do carrasco no Planalto de Ibiapaba, estado do Ceará. Feira de Santana, Acta Botanica Brasilica, v. 13, n.1, pp. 1-13, 1999. BATALHA, M. A.; ARAGAKI, S. & MANTOVANI, W. Florística do cerrado em Emas (Pirassununga, SP). São Paulo, Boletim de Botânica da Universidade de São Paulo, n. 16, pp. 49-64, 1997. 29
  • 30. BERNACCI, L. C. & LEITÃO FILHO, H. F. Flora fanerogâmica da floresta da Fazenda São Vicente, Campinas, SP. São Paulo, Revista Brasileira de Botânica, v. 19, n.2, pp. 149-164, 1996. GENTRY, A. H. Diversidade e regeneração da capoeira do INPA, com referência espacial às Bignoniaceae. Manaus, Acta Amazonica, n. 8, pp. 67-70, 1978. GENTRY, A. H. The distribution and evolution of climbing plants. In: F. E. PUTZ & MOONEY, H. A. The Biology of Vines. Cambridge: Cambridge University Press, 1991. HEGARTY, E. E. Vine-host interactions. In: PUTZ, F. E. & MOONEY, H. A. The Biology of Vines. Cambridge: University Press, 1991. HORA, R. C. & SOARES, J. J. Estrutura fitossociológica da comunidade de lianas em uma floresta estacional semidecídual na Fazenda Canchim, São Carlos- SP. São Paulo, Revista Brasileira de Botânica, n. 25, pp. 323-329, 2002. LIMA, H. C.; LIMA, M. P. M.; VAZ, A. M. S. F. & PESSOA, S. V. A. Trepadeiras da Reserva Ecológica de Macaé de Cima. In: H.C. Lima & R.R. Guedes- Bruni (Eds.). Serra de Macaé de Cima: Diversidade Florística e Conservação em Mata Atlântica. Rio de Janeiro: Jardim Botânico do Rio de Janeiro, 1997, p. 75-87. LOMBARDI, J. A.; TEMPONI, L. G. & LEITE, C. A. Mortality and diameter growth of lianas in a semideciduous Forest fragment in Southeastern Brazil. Feira de Sananta, Acta Botanica Brasilica, v. 2, n. 13, pp. 159-165, 1999. KELLY, D. L. Epiphytes and climbers of a Jamaican rain Forest: vertical distributuion, life forms and life histories. Journal of Biogeography, n. 12, pp. 223-241, 1985. MAIA, L. M. A. Aspectos fitossociológicos de lianas em mata de terra firme, Manaus Amazonas. (Dissertação) Mestrado em Ecologia do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia / Universidade Federal do Amazonas, Manaus, 1991. MORELLATO, L. P. C. & LEITÃO FILHO, H. F. Reproductive phenology of climbers in a Southeasthern Brazilian Forest. Biotropica, n.28, pp. 180-191, 1996. MORELLATO, L. P. C. & LEITÃO FILHO, H. F. Levantamento Florístico da comunidade de trepadeiras de uma floresta semidecídua no sudeste do Brasil. Rio de Janeiro, Boletim do Museu Nacional, Nova Série, Botânica, n. 103, pp. 1- 15, 1998. 30
  • 31. PRANCE, F. E. A comparison of the efficacy of higher taxa and species numbers in the assessment of biodiversity in the neotropics. Londres, Philosophical Transactions of the Royal Society of London-Biological Sciences, n. 345, pp. 89-99, 1984. PUTZ, F. E. Liana biomass and leaf area of a “tierra firme” Forest in the Rio Negro basin, Venezuela. Biotropica, n. 15, pp. 185-189, 1983. PUTZ, F. E.; HOLBROOK, N. M. Biomechanical studies of vines. In: PUTZ, F. E.; MOONEY, H. A. (Eds.). The Biology of Vines. Cambridge: Cambridge University Press, 1991, pp. 73-98. RIBEIRO, J. E. L. S.; HOPKINS, M. J. G.; VICENTINE, A.; SOTHERS, C. A.; COSTA, M. A. S.; BRITO, J. M.; SOUZA, M. A. D.; MARTINS, L. H. P.; LOHMANN, L. G.; ASSUNÇÃO, P. A. C. L; PEREIRA, E. C.; SILVA, C. F.; MESQUITA, M. R. & PROCÓPIO, L. C. Flora da Reserva Ducke: guia de identificação das plantas vasculares de uma floresta de terra firme na Amazônia Central. Manaus: Inpa, 1999. STRANGHTTI, V. & RANGA, N. T. Levantamento florístico das espécies vasculares de uma floresta estacional mesófila semidecídua da Estação Ecológica de Paulo de Faria, SP. São Paulo, Revista Brasileira de Botânica, v. 3, n. 20, pp. 289-298, 1998. VELOSO, H.P. Sistema fitogeográfico. In. IBGE. Manuais Técnicos em Geociências. Rio de Janeiro: Fundação Manual Técnico da Vegetação Brasileira, 1992, pp. 9-38 WEISER, V.L. & GODOY, S. A. P. Florística em um hectare de cerrado strictosensu na ARIE – cerrado Pé-de-Gigante, Santa Rita do Passa Quatro, SP. Feira de Santana, Acta Botanica Brasilica, v. 2, n. 15, pp. 201-212, 2001. 31