O documento resume as principais características da anemia falciforme, incluindo sua definição, mecanismo, herança, manifestações clínicas, diagnóstico e tratamento. A doença é hereditária e causada por uma mutação na hemoglobina que faz com que as hemácias assumam uma forma falciforme, obstruindo o fluxo sanguíneo e causando dor e danos aos órgãos. O tratamento envolve medidas para aliviar sintomas, transfusões e hidroxiureia, com transplante de medula óssea como poss
4. Mecanismo de Doença
• Doença hereditária
• Hemoglobina defeituosa - HbS
• Precipitação com situações de baixa tensão de oxigênio
• Células falciformes obstruem fluxo sanguíneo
5. Mecanismo de Doença
Hemácias normais
Hemácias falcêmicas
Fluxo sanguíneo desimpedido
Fluxo sanguíneo obstruído
por células falcêmicas
Hemoglobina normal
Hemoglobina anormal
formando filamentos que
provocam o formato falcêmico
6. Herança
• Mutação autossômica
• Substituição de valina por ácido glutâmico na posição 6 da cadeia
beta de globina
• História familiar de parentes com a doença
7. Herança
Mãe com traço falciformePai com traço falciforme
Crianças:
AA SA AS SS
AS AS
Criança com
doença falciforme
– uma em quatro
ou 25%
Crianças portadoras
do gene HbS - duas
em quatro ou 50%
Criança sem genes
da doença
falciforme – uma
em quatro ou 25%
8. Manifestações Clínicas
• Crises de dor ou vaso-oclusivas
• Eventos mais comuns e característicos do paciente falcêmico
• Obstrução ao fluxo sanguíneo com hipóxia tecidual e morte celular
• Ocorre frequentemente em ossos, tórax e abdome
• Infartos esplênicos são comuns e levam à asplenia funcional
9. Manifestações Clínicas
• Crises hemolíticas
• Caracterizadas por aumento da icterícia, queda dos níveis de hemoglobina e
aumento dos reticulócitos
• Ocorrência infrequente
• Piora da icterícia deve levar à suspeição de outros diagnósticos: hepatites,
coledocolitíase ou cirrose.
10. Manifestações Clínicas
• Crises aplásticas
• Caracterizada por queda da hemoglobina e dos níveis de reticulócitos
• Geralmente provocada por quadros infecciosos – parvovírus B19
• Crises megaloblásticas podem ocorrer na gestação tardia – deficiência de
ácido fólico
11. Manifestações Clínicas
• Sequestros hepáticos ou esplênicos
• Ocorrem particularmente em crianças, mas podem ocorrer em adultos com
esplenomegalia
• Ocorrência maior em HbSC e HbS-talassemia
• Choque hipovolêmico e falência cardíaca podem ocorrer
• Complicação com taxas elevadas de mortalidade
12. Manifestações Clínicas
Tomografia de abdome
demonstrando processo com
efeito de massa no baço
provocado por sequestro
esplênico.
Fonte: www.medscape.com
13. Manifestações Clínicas
• Acidentes Vasculares Encefálicos
• Uma das complicações mais devastadoras
• Ocorrem por lesões em artérias maiores principalmente
• Mais comuns em crianças e idosos, com incidência mais baixa em adultos de
20-29 anos
• Ultrassonografia Doppler transcraniana pode predizer risco
14. Manifestações Clínicas
• Complicações ósseas
• Dactilite ocorre por necrose avascular limitada da medula óssea
• Necrose asséptica de cabeça de fêmur pode comprometer marcha
• Osteomielite ocorre por infecção de tecido necrótico medular por S. aureus e
Salmonella
16. Manifestações Clínicas
• Síndrome Torácica Aguda
• Dor torácica, dispneia, febre, leucocitose e surgimento de infiltrado pulmonar
• Indistinguível de infecções pulmonares
• Provocada por infecções, embolia gordurosa ou infarto pulmonar
• Tende a ser mais grave em adultos, com dor e mortalidade associada
17. Manifestações Clínicas
Radiografia de tórax
demonstrando consolidação
em lobo médio de pulmão
direito em criança falcêmica
com síndrome torácica
aguda.
Fonte: www.mescape.com
18. Manifestações Clínicas
• Retinopatia falciforme
• Obstrução de vasos retinianos, com neovascularização e formações
aneurismáticas
• Hemorragias, trombose, cicatrização, descolamento de retina e cegueira são
as principais consequências
• Perda visual é mais comum em pacientes com doença HbSC
23. Diagnóstico
Teste do Pezinho. Programa
Nacional de Triagem Neonatal
que detecta: fenilcetonúria,
hipotireoidismo congênito,
hemoglobinopatias e fibrose
cística.
24. Tratamento do paciente falciforme
• Regime transfusional
• Indicado para pacientes com risco de AVE (TCD> 200 cm/s) ou que já
desenvolveram esta complicação
• Objetivo – reduzir porcentagem de HbS
• Riscos associados – reações transfusionais
25. Tratamento do paciente falciforme
• Hidroxiuréia
• Redução de crises dolorosas
• Redução de lesões aos órgãos comumente comprometidos
• Segurança no uso crônico
• Efeitos colaterais manejáveis
27. Tratamento do paciente falciforme
• Transplante de células-tronco hematopoéticas
• Possibilidade de cura da doença, apesar de mortalidade intrínseca
• Indicações são:
• Acidentes Vasculares Encefálicos
• Síndrome Torácica Aguda recorrente
• Osteonecrose em várias articulações
• Aloimunização com dois ou mais anticorpos
• Crises vaso-oclusivas recorrentes ou priapismo
• Ausência de reposta ao uso de hidroxiureia
28. Tratamento do paciente falciforme
• Tratamento das complicações
• Crises dolorosas
• Orientações ao paciente e familiares
• Treinamento da equipe de urgência
• Uso de opióides em dores de intensidade moderada a grave
• Uso de AINES pode ser benéfico para os pacientes que não tem contra-indicação
• Transfusões não são indicadas em pacientes com episódios não complicados
• Corticosteróides não são indicados em pacientes com episódios não complicados
• Tratamento em hospital-dia é igualmente eficaz e limita internações
• Hidroxiureia para HbSS e HbSb°
29. Tratamento do paciente falciforme
• Tratamento das complicações
• Síndrome Torácica Aguda
• Suplementação de oxigênio em pacientes hipoxêmicos
• Analgesia adequada, evitando sedação excessiva
• Terapia antimicrobiana
• Terapia broncodilatadora
• Transfusões são indicadas em casos graves, com doença cardíaca ou pulmonar prévia e
com infiltrados multilobares.
• Considerar transfusão de troca até HbS < 30% se piora respiratória ou comprometimento
orgânico.
• Hidroxiureia para crises frequentes ou graves
• Regime transfusional crônico?
30. Tratamento do paciente falciforme
• Tratamento das complicações
• Acidentes vasculares encefálicos
• Na fase aguda, exsanguíneo-transfusão para manter HbS < 30%
• Regime transfusional crônico para manter HbS 30-50%
• Em pacientes adultos em que o RTC não é aceitável, iniciar hidroxiureia
• Terapia antiagregante em pacientes sem contraindicações
• Terapia broncodilatadora
• Transfusões são indicadas em casos graves, com doença cardíaca ou pulmonar prévia e
com infiltrados multilobares.
• Considerar transfusão de troca até HbS < 30% se piora respiratória ou comprometimento
orgânico.
• Hidroxiureia para crises frequentes ou graves
• Regime transfusional crônico?
32. Gestação X Doença falciforme
• Orientações gerais quanto à métodos contraceptivos
• ACO, métodos de barreira, progestágenos injetáveis são aceitáveis
• Acompanhamento pré-natal com obstetra e hematologista
• Manejo da dor similar ao dos pacientes não-gestantes, evitando-se
medicações com risco para a gestação
• Transfusão profilática não é indicada
• Tempo e via de parto deve se basear em critérios obstétricos
• Transfundir se: cesariana, pré-eclampsia, complicações graves.
33. Cirurgias eletivas X Doença falciforme
• Orientações gerais
• Hidratação pré-operatória adequada, monitoração de oxigenação e
fisioterapia respiratória no pós-operatório
• Cirurgias de pequeno porte que não necessitam de anestesia geral –
não transfundir
• Cirurgias de moderado porte, transfusão pré-operatória para
aumentar Hb até 10 g/dL
• Cirurgias de grande porte – exsanguíneo-transfusão até HbS < 30%
34. Mensagem final
• Doença muito prevalente no Brasil, com incidência variável entre as
regiões
• Carece de atenção melhor por parte de nossos gestores
• Ausência de associações com poder de influência
• Dificuldades no acesso a medicamentos e profissionais