SlideShare une entreprise Scribd logo
1  sur  43
Télécharger pour lire hors ligne
Hematopoese e Leucemia: da
normalidade à patologia
Profa Mariana Bohns Michalowski
Serviço de Oncologia Pediátrica/HCPA
Departamento de Pediatria/UFRGS
Plano
• Hematopoese
– Definição
– Fisiologia
– Aspectos essenciais
• Leucemia e leucemogênese
Definição
• Formação e desenvolvimento das células
sanguíneas (3 linhagens)
• Ocorre a partir de um precursor comum
pluripotente (UFC – unidade formadora de
colônia; stem-cell ou célula-tronco).
Hematopoiese Embrionária e Fetal
Hematopoiese Mesoblástica
 Saco Vitelino
2 - 3 sem. após fertilização
Ilhotas Sangüíneas - sist. hematopoiético e vascular
célula pluripotente: 16 dias de gestação
migração para fígado: 5 - 6 sem. gestação
eritropoiese megaloblástica
Hb embrionárias
Hematopoiese Embrionária e Fetal
Hematopoiese Definitiva
Fígado - 9 sem. gestação
eritropoiese normoblástica e extravascular
Hb fetal e adulto
Timo - Baço - Linfonodos - 8 a 11 sem. gestação
linfopoiese
Medula Óssea - 16 sem. gestação
mielopoiese - eritropoiese
22 sem. gest: celularidade adequada (3 séries)
32 sem. gest: totalmente preenchida
ONDE TUDO COMEÇA?
STEM CELL OU CÉLULA TRONCO
Definições
• Stem cells: células clonais raras capazes de
– Auto-renovação (evitam encurtamento fatal do
telomero)
– Diferenciação multi-linhagem
– Repopulação
• Sub-tipos:
– Longo prazo (LT-HSC): indefinida auto-renovação
– Curto prazo (ST-HSC): intervalo definido de auto-
renovação (8 semanas)
Histórico
• 1961: Till and McCulloch
– Células clonogênicas capazes de:
• regenerar as colônias mieloeritróides no baço de ratos
irradiados com doses letais
• Serem re-transplantadas e manter esta capacidade
• Gerar células “filhas” com maior grau de diferenciação
MPP x HSC
-Maior potencial mitótico
-Menor auto-renovação
Independência
• Durante ou após a divisão celular as células
filhas devem decidir o seu destino:
– Permanecer HSC
– Diferenciação
– Morrer em apoptose
• E ainda:
– Ficar na medula óssea
– Migrar para a periferia
COMO?
Mecanismo de diferenciação e
maturação
• Processo em etapas
• Expressão alternada de :
– Fatores transcripcionais
– Fatores de crescimento
– Receptores de fatores de crescimento
QUANDO?
Quando
• LT-HSC entra em ciclo celular, prolifera,
expande seu número por auto-renovação e
mobiliza para corrente sanguínea
– Mielossupressão com agentes quimioterápicos
– Uso de citoquinas
Portanto
• Para manter a auto-renovação precisa-se de
– Complexos de Telomerase
– Citoquinas e/ou moléculas de superfície expressas
nas células estromais
Portanto
• Para manter a hematopoiese normal precisa-
de
1. proliferação
mas também
2. diferenciação controlada das células tronco
hematopoiéticas pluripotenciais
LEUCEMIA
Conceitos
• A leucemia aguda é o resultado de um ou
mais eventos malignos sobre as células
precursoras hematopoiéticas
• Nas leucemias agudas há um acúmulo de
progenitores ou precursores da linhagem
linfóide ou mielóide : blastos
Definição
• Tecido hematopoiético aberrante
• Iniciado por célula leucêmica tumorogênica
• Capacidade de proliferação indefinida através
de mutações acumuladas
Conceitos
• Os blastos são incapazes de se diferenciar em
células maduras, devido a um bloqueio da
maturação
• A leucemia mais comum é a leucemia
mielóide aguda (LMA)
• Na faixa etária infantil (menores de 12 anos) a
leucemia linfóide aguda (LLA) é a mais
frequente, sendo a primeira neoplasia maligna
da infância
Definição
Proliferações clonais e malignas de células hematopoiéicas
imaturas (blastos), bloqueadas no processo de
diferenciação, que invadem a medula óssea, o sangue
periférico e numerosos órgãos
• Déficit de células maduras: insuficiência medular
• Urgência:
1. pesquisa e tratamento das complicações associadas
2. identificação da doença
Epidemiologia e Etiologia
3 / 105 habitantes/ ano
Mais frequentemente idiopática
Alguns fatores etiológicos
Irradiação terapêutica ou acidental
Produtos químicos: Benzeno e solventes
Quimioterápicos
Congênitos: trissomia 21, doença de Fanconi
Ataxia télangiectasia
Virus: EBV
Síndrome mielodisplásica
Diagnóstico clínico
1. Insuficiência medular
• Síndrome anêmica: palidez; dispnéia; taquicardia..
• Infecção: febre isolada ou associada a um foco
• Síndrome hemorrágica: hemorragias cutâneas
(petéquias), mucosas (epistaxe), espontâneas
Diagnóstico clínico
2. Síndrome tumoral
• Hipertrofia de órgãos hematopoiéticos:
– adenopatias difusas, simétricas e indolores;
– esplenomegalia e/ou hepatomegalia
• Dores ósseas
• Hipertrofia gengival: nas LA monociticas
• Leucoestase:
– nas LAs hiperleucocitárias (principalmente monocíticas)
– associação com sintomas respiratórios (cianose e dispnéia) e neurológicos
– urgência
• Tumor localisado (cloroma)
• Síndrome infiltrativa nos « santuários »
– espaço subaracnoideo ; meningite blástica ou lesões de pares cranianos
– Testicular: nas recaídas
LEUCEMOGÊNESE
Leucemogênese
• Leukemia stem cell
– Park et all, 1970
– Somente uma parte das células leucêmicas são
capazes de causar proliferação (1:10.000- 1:100)
– Semelhante às células hematopoiéticas normais
• Progênies fenotipicamente diversas:
– Potencial de proliferação indefinido
– Potencial de proliferação limitado ou nenhum
Leucemogênese (controvérsias)
HSC normal x LSC
• Capacidade de auto-renovação
• HSC persistem durante toda a vida
– Oportunidades de acumular mutações
• LSC: poderiam ser um progenitor mais restrito
ou uma célula madura diferenciada que
readquire a capacidade “stem cell”
TUDO É POSSIVEL
Leucemia Mielóide Aguda não M3
• Somente os blastos leucêmicos CD34+ CD38-
são capazes de “transplantar” a leucemia
• Conclusão
– HSC são o alvo para a transformação leucêmica
– Independente da linhagem e da diferenciação das
células leucêmicas presentes na circulação
periférica
Leucemia Mielóide Crônica
• 99% possuem cromossoma Philadelphia, t
(9;22)
• Produção de proteína quimérica BCR-ABL de
210 kDa
• Encontrada nas células mielóides, mas
também
– Eritróides, linfóides B, e ocasionalmente linfóides
T
Leucemia Mielóide Crônica
• Sugere que a translocação ocorre na LT-HSC
• IL-3/fator estimulador de formação de
colônias granulocíticas autócrinas não usuais
LEMBRE: ASSOCIAÇÃO DE ALTERAÇÕES
GENÉTICAS E CITOQUINAS
A EXCEÇÃO QUE CONFIRMA A
REGRA
Leucemia Promielocítica
• Gene de fusão específico PML/RAR: t(15;17)
• Presente nas células CD34-CD38+ mas não nas
CD34+CD38-
• Sugere que:
– O processo de transformação acontece em uma
célula mais diferenciada
Conclusão
• A leucemia deriva do funcionamento
inadequado de mecanismos normais da
hematopoiese
• Mutações genéticas impedindo a apoptose e
diferenciação e causando aumento da
proliferação celular parecem estar envolvidas
• Estímulos locais como fatores de crescimento
produzidos de forma anômala parecem
também estar presentes
Conclusão
• Compreendendo melhor a normalidade
compreendemos melhor também a patologia
OBRIGADA
mmichalowski@hcpa.ufrgs.br
Hematopoese e Leucemia - Dra. Mariana Michalowski - XII Jornada de Onco-hematologia da Casa Durval Paiva (08.04.2015)

Contenu connexe

Tendances (20)

Leucemia Mielóide Crônica
Leucemia Mielóide CrônicaLeucemia Mielóide Crônica
Leucemia Mielóide Crônica
 
Leucemia
LeucemiaLeucemia
Leucemia
 
Leucemia Mieloblastica Aguda
Leucemia Mieloblastica Aguda Leucemia Mieloblastica Aguda
Leucemia Mieloblastica Aguda
 
Artigo irton101113 leucemia mieloide aguda- estudo de caso ufc ceara
Artigo irton101113 leucemia mieloide aguda- estudo de caso ufc cearaArtigo irton101113 leucemia mieloide aguda- estudo de caso ufc ceara
Artigo irton101113 leucemia mieloide aguda- estudo de caso ufc ceara
 
Leucemias
LeucemiasLeucemias
Leucemias
 
aula leucemia
aula leucemiaaula leucemia
aula leucemia
 
Leucemias agudas
Leucemias agudasLeucemias agudas
Leucemias agudas
 
Apresentação leucemia
Apresentação leucemiaApresentação leucemia
Apresentação leucemia
 
Leucemias
LeucemiasLeucemias
Leucemias
 
Lmc
LmcLmc
Lmc
 
Leucemia
LeucemiaLeucemia
Leucemia
 
Leucemia
LeucemiaLeucemia
Leucemia
 
Leucemia Linfoblástica Aguda (LLA)
Leucemia Linfoblástica Aguda (LLA)Leucemia Linfoblástica Aguda (LLA)
Leucemia Linfoblástica Aguda (LLA)
 
Peculiaridades do hemograma - Inicial
Peculiaridades do hemograma  - InicialPeculiaridades do hemograma  - Inicial
Peculiaridades do hemograma - Inicial
 
Aula: Leucemia Mieloide Crônica
Aula: Leucemia Mieloide CrônicaAula: Leucemia Mieloide Crônica
Aula: Leucemia Mieloide Crônica
 
Leucemia
LeucemiaLeucemia
Leucemia
 
Aula 9: Dra. Bianca Baglioli (Oncologista Pediátrica)
 Aula 9: Dra. Bianca Baglioli (Oncologista Pediátrica)  Aula 9: Dra. Bianca Baglioli (Oncologista Pediátrica)
Aula 9: Dra. Bianca Baglioli (Oncologista Pediátrica)
 
Leucemia mieloide cronica
Leucemia mieloide cronicaLeucemia mieloide cronica
Leucemia mieloide cronica
 
Alterações
 Alterações Alterações
Alterações
 
Resumo hemato
Resumo hematoResumo hemato
Resumo hemato
 

En vedette

Sangue hematologia
Sangue   hematologiaSangue   hematologia
Sangue hematologiaPaula Santos
 
Aula 1: Dr. Luiz F. Lopes (Dir. do Hospital Infantojuvenil)
 Aula 1: Dr. Luiz F. Lopes (Dir. do Hospital Infantojuvenil)  Aula 1: Dr. Luiz F. Lopes (Dir. do Hospital Infantojuvenil)
Aula 1: Dr. Luiz F. Lopes (Dir. do Hospital Infantojuvenil) Hospital de Câncer de Barretos
 
Avanços laboratoriais em hematologia
Avanços laboratoriais em hematologiaAvanços laboratoriais em hematologia
Avanços laboratoriais em hematologiaSafia Naser
 
Aula de genética tipos sanguíneos e eritroblastose fetal
Aula de genética   tipos sanguíneos e eritroblastose fetalAula de genética   tipos sanguíneos e eritroblastose fetal
Aula de genética tipos sanguíneos e eritroblastose fetalMarcionedes De Souza
 
1 História da Hematologia - Aula Medicina Uningá Dr Francismar Leal
1  História da Hematologia - Aula Medicina Uningá Dr Francismar Leal1  História da Hematologia - Aula Medicina Uningá Dr Francismar Leal
1 História da Hematologia - Aula Medicina Uningá Dr Francismar LealFrancismar Prestes Leal
 
Hematologia 2010
Hematologia 2010Hematologia 2010
Hematologia 2010rdgomlk
 
O Papel do Laboratório no Diagnóstico das Neoplasias Hematológicas
O Papel do Laboratório no Diagnóstico das Neoplasias HematológicasO Papel do Laboratório no Diagnóstico das Neoplasias Hematológicas
O Papel do Laboratório no Diagnóstico das Neoplasias HematológicasPublicações Weinmann
 
medresumo hematologia
medresumo hematologia   medresumo hematologia
medresumo hematologia Medicina Fsm
 

En vedette (20)

Leucemia
LeucemiaLeucemia
Leucemia
 
Sangue hematologia
Sangue   hematologiaSangue   hematologia
Sangue hematologia
 
Aula 1: Dr. Luiz F. Lopes (Dir. do Hospital Infantojuvenil)
 Aula 1: Dr. Luiz F. Lopes (Dir. do Hospital Infantojuvenil)  Aula 1: Dr. Luiz F. Lopes (Dir. do Hospital Infantojuvenil)
Aula 1: Dr. Luiz F. Lopes (Dir. do Hospital Infantojuvenil)
 
Avanços laboratoriais em hematologia
Avanços laboratoriais em hematologiaAvanços laboratoriais em hematologia
Avanços laboratoriais em hematologia
 
Hematologia
HematologiaHematologia
Hematologia
 
3 Hemocromatose Hereditária
3  Hemocromatose Hereditária3  Hemocromatose Hereditária
3 Hemocromatose Hereditária
 
1 história hematologia
1  história hematologia1  história hematologia
1 história hematologia
 
3 Anemias Carenciais Ferropenia
3  Anemias Carenciais Ferropenia3  Anemias Carenciais Ferropenia
3 Anemias Carenciais Ferropenia
 
Aula de genética tipos sanguíneos e eritroblastose fetal
Aula de genética   tipos sanguíneos e eritroblastose fetalAula de genética   tipos sanguíneos e eritroblastose fetal
Aula de genética tipos sanguíneos e eritroblastose fetal
 
3 Anemias Carenciais
3  Anemias Carenciais3  Anemias Carenciais
3 Anemias Carenciais
 
Trombofilia
TrombofiliaTrombofilia
Trombofilia
 
1 História da Hematologia - Aula Medicina Uningá Dr Francismar Leal
1  História da Hematologia - Aula Medicina Uningá Dr Francismar Leal1  História da Hematologia - Aula Medicina Uningá Dr Francismar Leal
1 História da Hematologia - Aula Medicina Uningá Dr Francismar Leal
 
Hematologia 2010
Hematologia 2010Hematologia 2010
Hematologia 2010
 
O Papel do Laboratório no Diagnóstico das Neoplasias Hematológicas
O Papel do Laboratório no Diagnóstico das Neoplasias HematológicasO Papel do Laboratório no Diagnóstico das Neoplasias Hematológicas
O Papel do Laboratório no Diagnóstico das Neoplasias Hematológicas
 
2 anemias - visão geral
2  anemias - visão geral2  anemias - visão geral
2 anemias - visão geral
 
medresumo hematologia
medresumo hematologia   medresumo hematologia
medresumo hematologia
 
Sangue
SangueSangue
Sangue
 
Síndrome de Chédiak-Higashi
Síndrome de Chédiak-HigashiSíndrome de Chédiak-Higashi
Síndrome de Chédiak-Higashi
 
3 Anemias Carenciais Megaloblásticas
3  Anemias Carenciais Megaloblásticas3  Anemias Carenciais Megaloblásticas
3 Anemias Carenciais Megaloblásticas
 
2 Anemias - Visão Geral
2  Anemias - Visão Geral2  Anemias - Visão Geral
2 Anemias - Visão Geral
 

Similaire à Hematopoese e Leucemia - Dra. Mariana Michalowski - XII Jornada de Onco-hematologia da Casa Durval Paiva (08.04.2015)

Hematologia_clinica_e_laboratorial_dos_leucocitos_III.pdf
Hematologia_clinica_e_laboratorial_dos_leucocitos_III.pdfHematologia_clinica_e_laboratorial_dos_leucocitos_III.pdf
Hematologia_clinica_e_laboratorial_dos_leucocitos_III.pdfMariaAparecida103394
 
Tecidos e células.pdf
Tecidos e células.pdfTecidos e células.pdf
Tecidos e células.pdfLeandroAllocca
 
Sangue e hêmoderivâdos. Slideshare. Medi
Sangue e hêmoderivâdos. Slideshare. MediSangue e hêmoderivâdos. Slideshare. Medi
Sangue e hêmoderivâdos. Slideshare. MediIsaias Mavunice
 
Hematologia M.Z (1).pptx
Hematologia M.Z (1).pptxHematologia M.Z (1).pptx
Hematologia M.Z (1).pptxluiskiani
 
Lidiano Oliveira, Artigo - defesa
Lidiano Oliveira, Artigo - defesaLidiano Oliveira, Artigo - defesa
Lidiano Oliveira, Artigo - defesaLidiano Oliveira
 
Tecido hematopoietico e sanguineo
Tecido hematopoietico e sanguineoTecido hematopoietico e sanguineo
Tecido hematopoietico e sanguineowhybells
 
Neoplasia e reconstrução tecidual
Neoplasia e reconstrução tecidualNeoplasia e reconstrução tecidual
Neoplasia e reconstrução tecidualArnaldo Neto
 
Pólipos colônicos epiteliais
Pólipos colônicos epiteliaisPólipos colônicos epiteliais
Pólipos colônicos epiteliaisMário Netto
 
Questionário de hemogramas - arquivo de revisão.pptx
Questionário de hemogramas - arquivo de revisão.pptxQuestionário de hemogramas - arquivo de revisão.pptx
Questionário de hemogramas - arquivo de revisão.pptxssuserf1aeac2
 
2º bim (1) divisão celular
2º bim (1)   divisão celular2º bim (1)   divisão celular
2º bim (1) divisão celularsanthdalcin
 
Aula 2 - Clinica Médica -Exames laborátoriais.pdf
Aula 2 - Clinica Médica -Exames laborátoriais.pdfAula 2 - Clinica Médica -Exames laborátoriais.pdf
Aula 2 - Clinica Médica -Exames laborátoriais.pdfGiza Carla Nitz
 

Similaire à Hematopoese e Leucemia - Dra. Mariana Michalowski - XII Jornada de Onco-hematologia da Casa Durval Paiva (08.04.2015) (20)

Hematologia_clinica_e_laboratorial_dos_leucocitos_III.pdf
Hematologia_clinica_e_laboratorial_dos_leucocitos_III.pdfHematologia_clinica_e_laboratorial_dos_leucocitos_III.pdf
Hematologia_clinica_e_laboratorial_dos_leucocitos_III.pdf
 
Leucemia
LeucemiaLeucemia
Leucemia
 
Hematopoiese aula 3.pptx
Hematopoiese aula 3.pptxHematopoiese aula 3.pptx
Hematopoiese aula 3.pptx
 
NeoplasiaS.pdf
NeoplasiaS.pdfNeoplasiaS.pdf
NeoplasiaS.pdf
 
02 linfomas
02 linfomas02 linfomas
02 linfomas
 
Hemocitopoese
HemocitopoeseHemocitopoese
Hemocitopoese
 
Tumores renais
Tumores renaisTumores renais
Tumores renais
 
Tecidos e células.pdf
Tecidos e células.pdfTecidos e células.pdf
Tecidos e células.pdf
 
Sangue e hêmoderivâdos. Slideshare. Medi
Sangue e hêmoderivâdos. Slideshare. MediSangue e hêmoderivâdos. Slideshare. Medi
Sangue e hêmoderivâdos. Slideshare. Medi
 
Hematologia M.Z (1).pptx
Hematologia M.Z (1).pptxHematologia M.Z (1).pptx
Hematologia M.Z (1).pptx
 
Aula Sangue
Aula SangueAula Sangue
Aula Sangue
 
apostila patologia
apostila patologiaapostila patologia
apostila patologia
 
Lidiano Oliveira, Artigo - defesa
Lidiano Oliveira, Artigo - defesaLidiano Oliveira, Artigo - defesa
Lidiano Oliveira, Artigo - defesa
 
Tecido hematopoietico e sanguineo
Tecido hematopoietico e sanguineoTecido hematopoietico e sanguineo
Tecido hematopoietico e sanguineo
 
Neoplasia e reconstrução tecidual
Neoplasia e reconstrução tecidualNeoplasia e reconstrução tecidual
Neoplasia e reconstrução tecidual
 
Hemocitopoese
HemocitopoeseHemocitopoese
Hemocitopoese
 
Pólipos colônicos epiteliais
Pólipos colônicos epiteliaisPólipos colônicos epiteliais
Pólipos colônicos epiteliais
 
Questionário de hemogramas - arquivo de revisão.pptx
Questionário de hemogramas - arquivo de revisão.pptxQuestionário de hemogramas - arquivo de revisão.pptx
Questionário de hemogramas - arquivo de revisão.pptx
 
2º bim (1) divisão celular
2º bim (1)   divisão celular2º bim (1)   divisão celular
2º bim (1) divisão celular
 
Aula 2 - Clinica Médica -Exames laborátoriais.pdf
Aula 2 - Clinica Médica -Exames laborátoriais.pdfAula 2 - Clinica Médica -Exames laborátoriais.pdf
Aula 2 - Clinica Médica -Exames laborátoriais.pdf
 

Dernier

Terapia Celular: Legislação, Evidências e Aplicabilidades
Terapia Celular: Legislação, Evidências e AplicabilidadesTerapia Celular: Legislação, Evidências e Aplicabilidades
Terapia Celular: Legislação, Evidências e AplicabilidadesFrente da Saúde
 
Saúde Intestinal - 5 práticas possíveis para manter-se saudável
Saúde Intestinal - 5 práticas possíveis para manter-se saudávelSaúde Intestinal - 5 práticas possíveis para manter-se saudável
Saúde Intestinal - 5 práticas possíveis para manter-se saudávelVernica931312
 
88888888888888888888888888888663342.pptx
88888888888888888888888888888663342.pptx88888888888888888888888888888663342.pptx
88888888888888888888888888888663342.pptxLEANDROSPANHOL1
 
Em um local de crime com óbito muitas perguntas devem ser respondidas. Quem é...
Em um local de crime com óbito muitas perguntas devem ser respondidas. Quem é...Em um local de crime com óbito muitas perguntas devem ser respondidas. Quem é...
Em um local de crime com óbito muitas perguntas devem ser respondidas. Quem é...DL assessoria 31
 
aula entrevista avaliação exame do paciente.ppt
aula entrevista avaliação exame do paciente.pptaula entrevista avaliação exame do paciente.ppt
aula entrevista avaliação exame do paciente.pptDaiana Moreira
 
cuidados ao recem nascido ENFERMAGEM .pptx
cuidados ao recem nascido ENFERMAGEM .pptxcuidados ao recem nascido ENFERMAGEM .pptx
cuidados ao recem nascido ENFERMAGEM .pptxMarcosRicardoLeite
 
Uso de Células-Tronco Mesenquimais e Oxigenoterapia Hiperbárica
Uso de Células-Tronco Mesenquimais e Oxigenoterapia HiperbáricaUso de Células-Tronco Mesenquimais e Oxigenoterapia Hiperbárica
Uso de Células-Tronco Mesenquimais e Oxigenoterapia HiperbáricaFrente da Saúde
 
Integração em segurança do trabalho 2024
Integração em segurança do trabalho 2024Integração em segurança do trabalho 2024
Integração em segurança do trabalho 2024RicardoTST2
 
APRESENTAÇÃO PRIMEIROS SOCORROS 2023.pptx
APRESENTAÇÃO PRIMEIROS SOCORROS 2023.pptxAPRESENTAÇÃO PRIMEIROS SOCORROS 2023.pptx
APRESENTAÇÃO PRIMEIROS SOCORROS 2023.pptxSESMTPLDF
 
Avanços da Telemedicina em dados | Regiane Spielmann
Avanços da Telemedicina em dados | Regiane SpielmannAvanços da Telemedicina em dados | Regiane Spielmann
Avanços da Telemedicina em dados | Regiane SpielmannRegiane Spielmann
 

Dernier (10)

Terapia Celular: Legislação, Evidências e Aplicabilidades
Terapia Celular: Legislação, Evidências e AplicabilidadesTerapia Celular: Legislação, Evidências e Aplicabilidades
Terapia Celular: Legislação, Evidências e Aplicabilidades
 
Saúde Intestinal - 5 práticas possíveis para manter-se saudável
Saúde Intestinal - 5 práticas possíveis para manter-se saudávelSaúde Intestinal - 5 práticas possíveis para manter-se saudável
Saúde Intestinal - 5 práticas possíveis para manter-se saudável
 
88888888888888888888888888888663342.pptx
88888888888888888888888888888663342.pptx88888888888888888888888888888663342.pptx
88888888888888888888888888888663342.pptx
 
Em um local de crime com óbito muitas perguntas devem ser respondidas. Quem é...
Em um local de crime com óbito muitas perguntas devem ser respondidas. Quem é...Em um local de crime com óbito muitas perguntas devem ser respondidas. Quem é...
Em um local de crime com óbito muitas perguntas devem ser respondidas. Quem é...
 
aula entrevista avaliação exame do paciente.ppt
aula entrevista avaliação exame do paciente.pptaula entrevista avaliação exame do paciente.ppt
aula entrevista avaliação exame do paciente.ppt
 
cuidados ao recem nascido ENFERMAGEM .pptx
cuidados ao recem nascido ENFERMAGEM .pptxcuidados ao recem nascido ENFERMAGEM .pptx
cuidados ao recem nascido ENFERMAGEM .pptx
 
Uso de Células-Tronco Mesenquimais e Oxigenoterapia Hiperbárica
Uso de Células-Tronco Mesenquimais e Oxigenoterapia HiperbáricaUso de Células-Tronco Mesenquimais e Oxigenoterapia Hiperbárica
Uso de Células-Tronco Mesenquimais e Oxigenoterapia Hiperbárica
 
Integração em segurança do trabalho 2024
Integração em segurança do trabalho 2024Integração em segurança do trabalho 2024
Integração em segurança do trabalho 2024
 
APRESENTAÇÃO PRIMEIROS SOCORROS 2023.pptx
APRESENTAÇÃO PRIMEIROS SOCORROS 2023.pptxAPRESENTAÇÃO PRIMEIROS SOCORROS 2023.pptx
APRESENTAÇÃO PRIMEIROS SOCORROS 2023.pptx
 
Avanços da Telemedicina em dados | Regiane Spielmann
Avanços da Telemedicina em dados | Regiane SpielmannAvanços da Telemedicina em dados | Regiane Spielmann
Avanços da Telemedicina em dados | Regiane Spielmann
 

Hematopoese e Leucemia - Dra. Mariana Michalowski - XII Jornada de Onco-hematologia da Casa Durval Paiva (08.04.2015)

  • 1. Hematopoese e Leucemia: da normalidade à patologia Profa Mariana Bohns Michalowski Serviço de Oncologia Pediátrica/HCPA Departamento de Pediatria/UFRGS
  • 2. Plano • Hematopoese – Definição – Fisiologia – Aspectos essenciais • Leucemia e leucemogênese
  • 3. Definição • Formação e desenvolvimento das células sanguíneas (3 linhagens) • Ocorre a partir de um precursor comum pluripotente (UFC – unidade formadora de colônia; stem-cell ou célula-tronco).
  • 4. Hematopoiese Embrionária e Fetal Hematopoiese Mesoblástica  Saco Vitelino 2 - 3 sem. após fertilização Ilhotas Sangüíneas - sist. hematopoiético e vascular célula pluripotente: 16 dias de gestação migração para fígado: 5 - 6 sem. gestação eritropoiese megaloblástica Hb embrionárias
  • 5. Hematopoiese Embrionária e Fetal Hematopoiese Definitiva Fígado - 9 sem. gestação eritropoiese normoblástica e extravascular Hb fetal e adulto Timo - Baço - Linfonodos - 8 a 11 sem. gestação linfopoiese Medula Óssea - 16 sem. gestação mielopoiese - eritropoiese 22 sem. gest: celularidade adequada (3 séries) 32 sem. gest: totalmente preenchida
  • 6.
  • 8. STEM CELL OU CÉLULA TRONCO
  • 9. Definições • Stem cells: células clonais raras capazes de – Auto-renovação (evitam encurtamento fatal do telomero) – Diferenciação multi-linhagem – Repopulação • Sub-tipos: – Longo prazo (LT-HSC): indefinida auto-renovação – Curto prazo (ST-HSC): intervalo definido de auto- renovação (8 semanas)
  • 10. Histórico • 1961: Till and McCulloch – Células clonogênicas capazes de: • regenerar as colônias mieloeritróides no baço de ratos irradiados com doses letais • Serem re-transplantadas e manter esta capacidade • Gerar células “filhas” com maior grau de diferenciação
  • 11. MPP x HSC -Maior potencial mitótico -Menor auto-renovação
  • 12. Independência • Durante ou após a divisão celular as células filhas devem decidir o seu destino: – Permanecer HSC – Diferenciação – Morrer em apoptose • E ainda: – Ficar na medula óssea – Migrar para a periferia
  • 13. COMO?
  • 14. Mecanismo de diferenciação e maturação • Processo em etapas • Expressão alternada de : – Fatores transcripcionais – Fatores de crescimento – Receptores de fatores de crescimento
  • 15.
  • 17. Quando • LT-HSC entra em ciclo celular, prolifera, expande seu número por auto-renovação e mobiliza para corrente sanguínea – Mielossupressão com agentes quimioterápicos – Uso de citoquinas
  • 18. Portanto • Para manter a auto-renovação precisa-se de – Complexos de Telomerase – Citoquinas e/ou moléculas de superfície expressas nas células estromais
  • 19. Portanto • Para manter a hematopoiese normal precisa- de 1. proliferação mas também 2. diferenciação controlada das células tronco hematopoiéticas pluripotenciais
  • 21. Conceitos • A leucemia aguda é o resultado de um ou mais eventos malignos sobre as células precursoras hematopoiéticas • Nas leucemias agudas há um acúmulo de progenitores ou precursores da linhagem linfóide ou mielóide : blastos
  • 22. Definição • Tecido hematopoiético aberrante • Iniciado por célula leucêmica tumorogênica • Capacidade de proliferação indefinida através de mutações acumuladas
  • 23. Conceitos • Os blastos são incapazes de se diferenciar em células maduras, devido a um bloqueio da maturação • A leucemia mais comum é a leucemia mielóide aguda (LMA) • Na faixa etária infantil (menores de 12 anos) a leucemia linfóide aguda (LLA) é a mais frequente, sendo a primeira neoplasia maligna da infância
  • 24. Definição Proliferações clonais e malignas de células hematopoiéicas imaturas (blastos), bloqueadas no processo de diferenciação, que invadem a medula óssea, o sangue periférico e numerosos órgãos • Déficit de células maduras: insuficiência medular • Urgência: 1. pesquisa e tratamento das complicações associadas 2. identificação da doença
  • 25. Epidemiologia e Etiologia 3 / 105 habitantes/ ano Mais frequentemente idiopática Alguns fatores etiológicos Irradiação terapêutica ou acidental Produtos químicos: Benzeno e solventes Quimioterápicos Congênitos: trissomia 21, doença de Fanconi Ataxia télangiectasia Virus: EBV Síndrome mielodisplásica
  • 26. Diagnóstico clínico 1. Insuficiência medular • Síndrome anêmica: palidez; dispnéia; taquicardia.. • Infecção: febre isolada ou associada a um foco • Síndrome hemorrágica: hemorragias cutâneas (petéquias), mucosas (epistaxe), espontâneas
  • 27. Diagnóstico clínico 2. Síndrome tumoral • Hipertrofia de órgãos hematopoiéticos: – adenopatias difusas, simétricas e indolores; – esplenomegalia e/ou hepatomegalia • Dores ósseas • Hipertrofia gengival: nas LA monociticas • Leucoestase: – nas LAs hiperleucocitárias (principalmente monocíticas) – associação com sintomas respiratórios (cianose e dispnéia) e neurológicos – urgência • Tumor localisado (cloroma) • Síndrome infiltrativa nos « santuários » – espaço subaracnoideo ; meningite blástica ou lesões de pares cranianos – Testicular: nas recaídas
  • 29. Leucemogênese • Leukemia stem cell – Park et all, 1970 – Somente uma parte das células leucêmicas são capazes de causar proliferação (1:10.000- 1:100) – Semelhante às células hematopoiéticas normais • Progênies fenotipicamente diversas: – Potencial de proliferação indefinido – Potencial de proliferação limitado ou nenhum
  • 30. Leucemogênese (controvérsias) HSC normal x LSC • Capacidade de auto-renovação • HSC persistem durante toda a vida – Oportunidades de acumular mutações • LSC: poderiam ser um progenitor mais restrito ou uma célula madura diferenciada que readquire a capacidade “stem cell”
  • 31.
  • 33. Leucemia Mielóide Aguda não M3 • Somente os blastos leucêmicos CD34+ CD38- são capazes de “transplantar” a leucemia • Conclusão – HSC são o alvo para a transformação leucêmica – Independente da linhagem e da diferenciação das células leucêmicas presentes na circulação periférica
  • 34. Leucemia Mielóide Crônica • 99% possuem cromossoma Philadelphia, t (9;22) • Produção de proteína quimérica BCR-ABL de 210 kDa • Encontrada nas células mielóides, mas também – Eritróides, linfóides B, e ocasionalmente linfóides T
  • 35. Leucemia Mielóide Crônica • Sugere que a translocação ocorre na LT-HSC • IL-3/fator estimulador de formação de colônias granulocíticas autócrinas não usuais
  • 36. LEMBRE: ASSOCIAÇÃO DE ALTERAÇÕES GENÉTICAS E CITOQUINAS
  • 37. A EXCEÇÃO QUE CONFIRMA A REGRA
  • 38. Leucemia Promielocítica • Gene de fusão específico PML/RAR: t(15;17) • Presente nas células CD34-CD38+ mas não nas CD34+CD38- • Sugere que: – O processo de transformação acontece em uma célula mais diferenciada
  • 39.
  • 40. Conclusão • A leucemia deriva do funcionamento inadequado de mecanismos normais da hematopoiese • Mutações genéticas impedindo a apoptose e diferenciação e causando aumento da proliferação celular parecem estar envolvidas • Estímulos locais como fatores de crescimento produzidos de forma anômala parecem também estar presentes
  • 41. Conclusão • Compreendendo melhor a normalidade compreendemos melhor também a patologia