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Elementos para a conformação da identidade feminina:
Uma etnografia da audiência com
jovens mulheres de classe popular
Lírian Sifuentes1
(Universidade Federal de Santa Maria)
Resumo
Neste trabalho são apresentadas reflexões sobre as apropriações que jovens mulheres de
classe popular elaboram acerca das representações femininas na telenovela. O objetivo é
entender como os embates e complementaridades entre a audiência da telenovela e as
mediações família, escola e classe social conformam a identidade de gênero desse grupo. Os
estudos culturais latino-americanos são adotados como modelo teórico-metodológico,
especialmente no que se refere à teoria das mediações culturais. A amostra analisada é
composta por 12 jovens com idade entre 16 e 24 anos, moradoras do bairro Urlândia, na
periferia de Santa Maria-RS. O estudo configura-se como uma etnografia da audiência e as
técnicas de coleta de dados consistem na observação participante, com registro em diário de
campo, na aplicação de formulário sociocultural e na realização de entrevistas semi-dirigidas.
O que se pode destacar é que a situação de carência econômica cria condições de vida
específicas, marcadas pelo abandono da escola, pela gravidez na adolescência e pelas
perspectivas restritas de futuro. Apesar da precariedade material, os sonhos dessas jovens se
contrapõem aos exemplos que tem na família ou no bairro. A realidade que as cerca não as
afasta da ambição da mulher da atualidade, uma vez que querem também ser bem sucedidas,
boas mães, boas donas de casa, boas esposas, boas profissionais. A telenovela, elemento
presente no cotidiano de todas, pode ser relacionada a essas pretensões, uma vez que
apresenta esses exemplos de mulheres guerreiras.
Palavras-chave: Identidade feminina; Juventude; Classe popular

Considerações iniciais
A problemática que norteia esta pesquisa pode ser resumida por meio da seguinte
indagação: Qual o papel da telenovela e das mediações culturais na conformação da
identidade feminina? A intenção é investigar como os embates e complementaridades entre a
audiência da telenovela e as mediações família, escola e classe social constituem a identidade
feminina de jovens mulheres de classe popular.

1

Mestranda do Programa de Pós-Graduação em Comunicação da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM).
Bolsista do Conselho de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes). Membro do grupo de pesquisa
Mídia, Recepção e Consumo cultural, coordenado pela Prof.ª Dr.ª Veneza Mayora Ronsini.
2

Alguns questionam: É possível estudar apenas um gênero e falar em “gênero”?
Pensamos que sim. A questão de gênero dá-se sempre por meio de uma experiência
relacional: na existência do gênero feminino está o masculino, pois, culturalmente, um sexo
fundamenta-se no contraste com o outro. Ademais, o feminino é também o não-masculino
(BOURDIEU, 2007). Por isso, de alguma forma, o masculino está sempre presente no ser e
viver o feminino. Seria diferente vislumbrar a comparação da recepção entre os dois sexos e
as apropriações específicas de homens e mulheres. No entanto, aqui o objetivo é captar
elementos da visão do mundo e da recepção televisiva da mulher na constituição de sua
identidade feminina. De modo convergente, Hall (2003) afirma que não é preciso estudar a
classe alta para falar da classe popular.
O interesse em estudar as relações entre as apropriações da mídia e o gênero feminino
baseia-se na comprovada insuficiência de pesquisas que abordem o gênero como categoria
teórica e explicativa para a recepção televisiva no âmbito dos estudos culturais latinoamericanos (ESCOSTEGUY, 2001). Ainda sobre a questão da mulher, consideramos que não
se pode deixar de discutir os aspectos da dominação masculina no Brasil, a qual tem sido
encoberta sob a capa das conquistas femininas. Especialmente nas classes populares, a
submissão feminina permeia toda a relação homem-mulher (BOURDIEU, 2007).
Este trabalho alinha-se às teorias desenvolvidas pelos estudos culturais, pois considera
que a “pesquisa de comunicação não é a que focaliza estritamente os meios, mas a que se dá
no espaço de um circuito de consumo da cultura midiática” (JACKS; ESCOSTEGUY, 2005,
p. 39). A vertente latino-americana dos estudos culturais é central, pois adéqua as
investigações iniciadas na Universidade de Birmingham, na Inglaterra, à realidade da
América Latina. Para Lopes, Borelli e Resende:
Os Estudos Culturais permitem uma problematização mais elaborada da recepção, em que
as características socioculturais dos usuários são integradas na análise não mais de uma
difusão, mas sim, de uma circulação de mensagens no seio de uma dinâmica cultural. O
pólo de reflexão é deslocado dos próprios meios para os grupos sociais que estão integradas
em práticas sociais e culturais mais amplas (LOPES; BORELLI; RESENDE, 2002, p. 29).

As contribuições gramscianas com a reflexão sobre a hegemonia são fundamentais para
apreender os sentidos da recepção. A dominação, seja da mídia sobre o público, de uma classe
sobre outra, do homem sobre a mulher, do branco sobre o negro, dá-se por um processo
contínuo em que o dominador “seduz” o dominado. Escosteguy afirma que “[...] o conceito de
hegemonia de Antonio Gramsci permitiu vislumbrar um movimento mais dinâmico e
3

complexo na sociedade, admitindo tanto a reprodução do sistema de dominação quanto a
resistência a esse mesmo sistema” (ESCOSTEGUY, 2001, p. 91).
De forma resumida, fazem parte das técnicas de coleta de dados: a entrevista semidirigida, o formulário sociocultural, a observação do espaço doméstico e a etnografia da
audiência. Essa última está citada como uma etapa à parte para discriminar o momento em
que o pesquisador assiste à telenovela com os informantes. Entretanto, abrange toda a
pesquisa de recepção da forma como a compreendemos e constitui-se do conhecimento
originado na descrição do contexto de apropriação da mídia e refere-se à “escrever a história
do consumo midiático pelo exame da vida cotidiana, do bairro, da vizinhança, dos lugares da
casa, de práticas sem registro, das „miniaturas‟ é uma tentativa de observar os agentes sociais
como produtores de sentido” (RONSINI, 2007, p. 75).
A amostra da pesquisa é composta por 12 jovens mulheres com idade entre 16 e 24
anos. A delimitação etária segue a divisão do IBGE, que define entre 15 e 24 anos a faixa em
que estão inseridos os jovens brasileiros. A classificação das entrevistadas, pertencentes às
classes baixa e média-baixa, foi definida mediante a metodologia da estratificação sócioocupacional (QUADROS; ANTUNES, 2001), na qual a família é classificada a partir do
membro melhor situado economicamente.

Mediações: o entorno cultural
Nos estudos culturais, a comunicação de massa é vista como integrada às demais
práticas da vida diária e o interesse maior está nas relações entre textos, grupos sociais e
contextos (JACKS; ESCOSTEGUY, 2005). Desse modo, a recepção é considerada um
processo, no qual interagem receptor/ mediações/ televisão.
Pensando a comunicação a partir da cultura, Martín-Barbero (1987) desloca o estudo
dos meios em si para concentrar-se no entorno, nos artefatos, ou seja, nas mediações. As
mediações configuram-se em articulações entre matrizes culturais distintas, e podem ser os
meios, os sujeitos, os gêneros (televisivos) e os espaços (cotidiano familiar, trabalho, escola).
Elas encontram sua razão de existir na fuga do dualismo, superando a bipolaridade ou a
dicotomia entre produção e consumo (JACKS; ESCOSTEGUY, 2005).
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Em “De los medios a las mediaciones” (1987), Martín-Barbero destacou as mediações
cotidianidade familiar, temporalidade social e competência cultural. Aqui, trabalharemos com
as noções de cotidianidade familiar e competência cultural, a partir de algumas adaptações
que as tornem metodologicamente manejáveis.
Na aproximação com o grupo estudado, família, escola e classe social destacaram-se, de
maneira fundamental, na conformação da identidade feminina e na apropriação midiática das
jovens. Por esse motivo, elegemos essas como as fontes principais de mediação. Além dessas,
abordamos a telenovela como uma mediação essencial na constituição da identidade de
gênero, pois transmite, diariamente, o que é ser mulher, como deve agir, o que deve desejar, o
que pode e o que não pode fazer, etc.
Conforme Ronsini (2007, p. 70), entende-se por cotidianidade familiar a “organização
espacial e temporal do cotidiano em diferentes classes sociais, isto é, o locus da
sociabilidade” entre os sujeitos e a partir do qual são definidas as relações de poder. Assim
como a família está presente na experiência diária e definitiva dos indivíduos, pensamos que a
escola, a classe social e a telenovela também compõem a cotidianidade dos jovens. Mesmo
aquelas que pararam de estudar, não entendem esse distanciamento como definitivo e têm
muito presente as experiências escolares, tanto em seu cotidiano quanto em sua competência
cultural. Dessa forma, a noção de cotidianidade familiar, de que fala Martín-Barbero, será
apropriada como cotidianidade, abrangendo as mediações supracitadas.
Como competência cultural define-se as formas de pensar, agir e sentir a experiência
social. Etnia, cultura regional, gênero e classe social são alguns dos principais conformadores
da competência cultural. A competência cultural, na teoria da reprodução social de Bourdieu,
está relacionada com a categoria de habitus (RONSINI, 2007). Na análise do papel da classe
social nos estudos de recepção da telenovela, o habitus de classe é a mediação estrutural que
perpassa as demais. Souza ressalta que o habitus concretiza escolhas valorativas, culturais e
institucionais, fazendo-as visíveis em carne e osso.
O conceito de habitus [...] permite tanto a percepção dos efeitos sociais de uma hierarquia
atualizada de forma implícita e opaca – e por isso mesmo tanto mais eficaz – quanto a
identificação do seu potencial segregador e constituidor de relações naturalizadas de
desigualdade em várias dimensões, variando com o tipo de sociedade analisado (SOUZA,
2006, p. 63).

Uma noção que acompanha os estudos culturais desde o início é a valorização da classe
social como um elemento definitivo na experiência cultural, coerente com a influência
5

marxista. Há, no entanto, uma preocupação em não usar a classe de forma reducionista. Sobre
a “relatividade” da classe social, Escosteguy afirma que é fundamental “compreender a
cultura na sua „autonomia relativa‟, isto é, ela não é dependente das relações econômicas, nem
reflexo, mas tem influência e sofre conseqüências das relações político-econômicas”
(ESCOSTEGUY, 2001, p. 60).
Para Martín-Barbero, “a recepção é parte tanto de processos subjetivos quanto
objetivos, de processos micro, controlados pelo sujeito, e macro, relativos a estruturas sociais
e relações de poder que fogem ao seu controle” (MARTÍN-BARBERO, 2002, p. 14). É
considerando esta necessária relação entre o micro e o macro que o próprio Martín-Barbero
teoriza mediações como a cotidianidade familiar, que foca a pesquisa na família, na escola, no
bairro, ou seja, nas relações interpessoais, e a competência cultural, que tem na classe social
um fundamento.
Apesar de desempenharmos múltiplos papéis em nosso dia a dia – definidos pelo
gênero, idade, profissão, etnia, religião, etc –, todos eles estão atravessadas pela classe social
a que pertencemos, constituinte fundamental de nossas identidades. Martín-Barbero tece uma
crítica a este nivelamento entre a classe social e outras mediações:
[...] a “marca” singular e hegemônica dos atuais estudos de recepção diz respeito ao
“esquecimento da classe social” produzido pelo nivelamento de todas as categorias: etnia,
gênero, idade, estrato social. É o processo mesmo de recepção que resulta desestruturado,
sem fundamentação no “processo social de construção de sentido”. A diferença de classe,
ainda que mediada pela multiplicidade de distinções introduzidas pela etnia, gênero, idade,
entre outras, não é uma diferença a mais, mas, sim, aquela que articula as demais a partir de
seu interior e expressa-se por meio do habitus, capaz de entrelaçar os modos de possuir, de
estar junto e os estilos de vida. (MARTÍN-BARBERO, 2002, p. 14)

A situação de classe é um aspecto fundamental de significação. Ronsini (2007) justifica
o emprego do conceito de classe social em sua pesquisa afirmando que no plano empírico a
classe permanece um princípio organizador da sociedade capitalista, da mesma forma que
pauta diferenças profissionais, de renda, de educação, o acesso aos bens culturais e aos
centros de poder. A autora ainda afirma que o uso do conceito parece ser ainda mais adequado
em uma sociedade desigual e excludente como a brasileira. Ronsini, contudo, realiza uma
distinção do modo como insere a classe social em suas observações e o sentido tradicional
marxista: “As análises hodiernas não se encaixam na teoria das classes como uma teoria da
luta entre duas classes antagônicas pelo monopólio dos meios de produção, pois admitimos
que os conflitos não são pelo controle dos mesmos mas pela inclusão dentro do capitalismo”
(RONSINI, 2007, p. 48).
6

Mattos (2006) destaca a relevância da dimensão sociocultural da classe social, e não só
do aspecto econômico, que normalmente é ressaltado através de variáveis como renda e
escolaridade. É desta forma complexa que o uso da classe social nos estudos culturais parece
mais coerente. Conforme Souza, a dominação de classe se reproduz cotidianamente e se faz
permanente por meio de redes invisíveis de crenças compartilhadas, motivadas por
representações como as que se fazem presentes nas telenovelas.
A versão moderna desta “ralé”, portanto, não é mais oprimida por uma relação de
dominação pessoal que tem na figura e nas necessidades do senhor de terras e gente seu
núcleo e referência. No contexto impessoal moderno, também periférico, são redes
invisíveis de crenças compartilhadas pré-reflexivamente acerca do valor relativo de
indivíduos e grupos, ancorados institucionalmente e reproduzidos cotidianamente pela
ideologia simbólica subpolítica incrustada nas práticas do dia-a-dia que determinam, agora,
seu lugar social (SOUZA, 2006, p. 65).

A influência da posição de classe na telenovela brasileira da Rede Globo tem início na
composição social dos produtores do programa (HAMBURGER, 2005), uma vez que autores
e diretores oferecem ao público um repertório da classe média alta da qual fazem parte,
legitimando e difundindo o modo de vida de uma parte pequena e privilegiada da sociedade.
Almeida (2003) também constata a ênfase na vida das camadas médias e altas dos grandes
centros urbanos no horário nobre da televisão. A autora afirma que a exposição diária desta
realidade, tão distante para tantos, acaba se naturalizando, e cada vez mais moradores de vilas,
favelas ou comunidades rurais conhecem e até mesmo passam a se identificar com a vida dos
ricos apresentadas nas novelas. A inserção na narrativa de personagens de diferentes grupos
sociais, faixas etárias e estilos de vida é uma estratégia para facilitar este reconhecimento.

Telenovela e o gênero feminino
O feminismo insere-se nos estudos culturais na década de 1970, sendo a obra “Women
Take Issue” (1978) a primeira publicação que realmente divulga os trabalhos do Women‟s
Studies Group do CCCS. Para Hall, os estudos sobre gênero foram uma ruptura teórica
determinante para os estudos culturais. “A intervenção do feminismo foi específica e decisiva
para os estudos culturais. [...] É difícil descrever a importância da abertura desse novo
continente nos estudos culturais” (HALL, 2003, p. 208-209).
Diferentemente do que se nota nos estudos culturais anglo-americanos, no qual o
feminismo é marcadamente relevante, na América Latina a pesquisa que relaciona gênero e
audiência ainda pode ser considerada inexpressiva (ESCOSTEGUY, 2002). O que se verifica
7

com freqüência é a mulher citada em estudos de recepção apenas como uma variável sóciodemográfica, e não como uma categoria teórica.
A própria pesquisa sobre a telenovela, produto que desde seus primórdios é considerado
tipicamente feminino, demorou a ocorrer. O intervalo entre a primeira novela ir ao ar no
Brasil – Sua Vida me pertence (1951) – e o primeiro estudo sobre o assunto – “Imitação da
vida: pesquisa exploratória sobre a telenovela no Brasil” – foi de 23 anos (Borelli, 2001).
Ainda hoje, quando buscamos estudos que relacionem telenovela e gênero feminino como
categoria explicativa, nota-se a escassez da pesquisa sobre o tema no Brasil.
Programa de audiência compartilhada por milhões de brasileiros cotidianamente, a
telenovela tornou-se importante objeto de investigação. Para Martín-Barbero, a telenovela é
definida como o “relato de uma “modernidade tardia”, a telenovela mistura a sagacidade do
mercado – no momento de contar histórias que envolvem as maiorias – com a persistência de
sua matriz popular, ativadora de competências culturais inerentes a ela” (MARTÍNBARBERO, 2002, p. 15). Para Lopes, essas “histórias narradas pela televisão são, antes de
tudo, importantes por seu significado cultural. Como bem o demonstra o filão de estudos
internacionais, a ficção televisiva configura e oferece material precioso para entender a
cultura e a sociedade de que é expressão” (LOPES, 2004, p. 125).
O papel da mídia na reprodução do modelo de submissão feminina é percebido nas
telenovelas contemporâneas, que apresentam evoluções, mas não mudam as relações de base.
A televisão “ofereceria um discurso audacioso e atrevido, mas que na verdade estabelece os
limites para essa nova mulher e cristaliza operações normativas já há tempos conhecidas
(MEIRELLES, 2008, p. 14). Esse padrão midiático da mulher atual é exposto por Hamburger:
[As telenovelas] valorizam tipos ideais de mulher que acumulam funções e
responsabilidades, aproximando-se de um padrão perverso de supermulher, que seria
livre para escolher ter poucos filhos, se relacionar com diversos homens ao longo da
vida, questionar a autoridade patriarcal de pais e esposos (HAMBURGER, 2005, p.
153).

Castells afirma que o sistema patriarcalista “é uma das estruturas sobre as quais se
assentam todas as sociedades contemporâneas. Caracteriza-se pela autoridade, imposta
institucionalmente, do homem sobre mulher e filhos no âmbito familiar” (CASTELLS, 2000,
p. 169). Os relacionamentos interpessoais e, conseqüentemente, as identidades, são marcados
pela dominação originada na cultura patriarcalista, muitas vezes impregnada de violência
simbólica.
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O autor assegura que estamos vivendo um processo irreversível, intensificado nos
últimos 25 anos, em que as mulheres adentraram com força no mercado de trabalho e lutam
contra a opressão, em medidas diferentes dependendo do país e da cultura de que fazem parte.
Fique claro que a crise do sistema patriarcalista tem relação com a libertação da mulher na
sociedade, mas não significa o fim da dominação masculina. Assim como Castells levanta
dados acerca do número crescente de divórcios (etc.), para trazer à tona a crise no sistema
familiar tipicamente machista, outras estatísticas comprovam o menor salário oferecido às
mulheres, em cargos iguais, os elevados índices de violência contra a mulher (etc.), além dos
sentimentos de submissão, que dificilmente podem ser quantificados. E, por vezes, não há
sequer consciência dessa submissão, como mostra Bourdieu (2007), pois está nas entranhas
das relações. A isso se soma o fato de que, castigadas pela pobreza, o que mais importa para
muitas mulheres de classe popular é ter um marido que ajude no sustento da família e não
traga grandes problemas, sem atentar se as relações no espaço doméstico são desiguais.
As conquistas femininas não podem esconder as graves desigualdades que persistem. O
próprio Castells, após provar por 100 páginas os avanços alcançados pela mulher, afirma que
“o patriarcalismo dá sinais no mundo inteiro de que ainda está vivo e passando bem, apesar
dos sintomas de crise que procurei salientar” (CASTELLS, 2000, p. 278).

A ideologia meritocrática e o papel das mediações
As condições econômicas do grupo são bastante limitadas, refletidas em casas simples e
pequenas, em que moram de duas a 10 pessoas; as famílias não tem carro ou os carros são de
modelos antigos; pais e irmãos, além das próprias garotas, tem baixo grau de escolaridade,
normalmente expressos pelo ensino fundamental incompleto. As rendas familiares variam de
R$ 400,00 até R$ 1.600,00, sendo a média de R$ 850,00. Seis jovens são casadas, sendo que
uma delas casou-se no civil e as demais moram com os companheiros. Cinco são mães, sendo
que dessas, duas (de 18 e 21 anos) estão grávidas do primeiro filho, duas tem um menino e
uma tem dois filhos.
Apesar de seguirmos aqui a determinação do IBGE sobre juventude, que engloba
pessoas de 15 a 24 anos, nota-se que para as entrevistadas não basta estar inserida nesta faixa
etária para se considerar jovem. Duas entrevistadas, de 21 e 24 anos, não se consideram mais
jovens, visto as responsabilidades que possuem. Para Paola, a juventude acabou depois que
9

ganhou seu filho, quando tinha 16 anos. Mãe há oito anos, diz hoje possuir diversos hábitos
de “velho”, pois quando se compara às amigas da mesma idade, nota grandes diferenças,
ilustrando com o exemplo de que enquanto elas se ajeitam para ir à balada, Paola faz pão para
a família. Já Letícia afirma que ser jovem é sair e curtir, o que não faz há muito tempo. Outra
mãe do grupo, Camila não diz que não se considera jovem, mas afirma que muito mudou em
sua vida desde a maternidade.
Dentre as 12, apenas três são brancas, as outras nove são negras 2. Apenas uma das
entrevistadas trabalha: é babá. Entre as demais, somente duas nunca tiveram experiências
profissionais, as outras já trabalharam em pizzaria, floricultura, mercado, empresa de
telefonia, telemarketing e cuidando idosos, além das funções mais comuns, de empregada
doméstica e babá. Seis estudam e as outras seis pararam de estudar. As que estão afastadas da
escola pretendem voltar e concluir ao menos o ensino médio. Cursam desde a 5ª série do
ensino fundamental até o a 2ª série do ensino médio.
Nota-se que o fim do ensino fundamental e o início do ensino médio são uma barreira
para o grupo, especialmente quando enfrentam as dificuldades do ensino médio de uma escola
estadual que, como elas dizem, é mais difícil que a escola municipal “da vila”. Outro
impeditivo é a gravidez, que vem como um “balde d‟água fria” sobre as pretensões de muitas.
E as obrigações com os filhos não diminuem após os primeiros meses, mantendo-as as
afastadas da escola. A única mãe que estuda atualmente tem um filho de oito anos e só
conseguiu retomar os estudos após algumas tentativas e depois de casar-se e contar com a
ajuda do marido.
No entanto, mesmo as garotas que não tem filhos já reprovaram e afastaram-se da
escola por algum período, refletindo que os problemas escolares vão além da maternidade. É
difícil precisar os motivos para as reprovações frequentes, mas o que se observa é que embora
exista um discurso familiar da ascensão social pela educação, os pais nem sempre priorizam
que as filhas estudem, preconizando o trabalho ou a ajuda em casa. O exemplo familiar de
poucos anos dedicados à escola também pode significar uma justificativa para o abandono ou
desinteresse pela escola. Além disso, apenas duas jovens nunca trabalharam, o que reflete a
necessidade de dedicação à outra função. Há ainda os problemas de doença na família,
empecilho para o acompanhamento integral da escola. Por último, adversidades de ordem
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Para o IBGE, negros são tanto pretos quanto pardos. A raça/ etnia não foi uma questão observada na formação
da amostra da pesquisa. A determinação da raça foi feita por autodeclaração.
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psicológica, como as ocasionadas por abuso sexual, abandono e perdas familiares, podem ser
uma causa ainda mais complexa para os problemas escolares.
Os percalços, contudo, não as fazem desistir. As jovens que estão afastadas da escola
ambicionam voltar e em nenhum momento demonstram em suas falas que podem não realizar
essa vontade e desistir deste sonho, que está entre os maiores das entrevistadas. Esse desejo
vai ao encontro do valor que dão ao estudo como forma de transformação de vidas e ascensão
social. As garotas fazem uma relação direta e linear entre estudos completos, bom emprego e
“ser alguém na vida”, sendo que o esforço pessoal perpassa toda trajetória bem sucedida.
As jovens reproduzem uma visão hegemônica da pobreza, que relaciona a posição
social praticamente a uma escolha pessoal: há aqueles que optam por subir na vida, e para isso
esforçam-se e, consequentemente, alcançam tudo que almejam; e aqueles que, por não
merecem, já que não se esforçam, seguem pobres. Os exemplos expostos na mídia servem
para confirmar esta ideia.
Basta querê né? (Bruna).
É muito do esforço. Passa por muita coisa, depois tu chega lá e diz „bá, mas valeu a pena
tudo que eu passei‟ (Cauane).
Se tu tiver força de vontade, tiver esforço, tu consegue tudo na tua vida, nada é impossível.
Tudo aquilo que tu qué, tu consegue, basta tu usá a tua cabeça (Emanuele).
Subir na vida depende da gente, depende do nosso desempenho (Lucielen).
É só querê e lutá, ir atrás que consegue, porque aquela pessoa que subiu na vida, ela subiu
lutando, correndo atrás do que ela queria, e ela conquistô.: „Ai, isso eu consegui com
trabalho, suor e esforço‟. (Natália)

É possível discriminar aquelas que enfatizam causas individuais das que ressaltam
causas estruturais para a pobreza. Considerando a visão hegemônica como aquela que atribui
ao indivíduo total responsabilidade por sua situação econômica, duas entrevistadas
demonstram uma visão dominante para o desemprego juvenil (Natália, Paola). Indo ao
encontro do que Hall (2003) afirma, a maior parte executa uma leitura negociada da pobreza,
relacionando agentes individuais e estruturais (Bruna, Camila, Cauane, Letícia, Natiele,
Rafaela, Raquel). Carol, Emanuele e Lucielen apontam apenas razões referentes à estrutura
social ao desemprego dos jovens, efetuando uma decodificação opositiva.
Ronsini; Sifuentes; Neves (2007) destacam a prevalência de um modelo no qual a mídia
contribui para a formação de uma ideologia meritocrática. Telenovela, família e escola
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colaboram para que os jovens acreditem na superação dos problemas sociais e na ascensão de
classe social por intermédio de qualidades pessoais, como persistência e esforço. Neste
modelo,
Os receptores são estimulados a acreditar que a cidadania é o exercício da escolha
individual e o bem-estar pessoal, conseqüência da habilidade para escolher, de forma que
mazelas como a pobreza e o sofrimento são resultantes de decisões inadequadas
(RONSINI; SIFUENTES; NEVES, 2007, p. 157).

Galeano escreve algo semelhante ao refletir que a mídia colabora para aprofundar as
desigualdades, (re)produzindo que a pobreza é um fracasso pessoal ou então uma fatalidade, e
não fruto da injustiça. Condena, assim, os pobres, não a injustiça social. Os pobres são os
incompetentes, prega o discurso dominante (GALEANO, 2006).

Telenovela e identidade feminina
O principal meio de comunicação consumido pelas jovens é a televisão. La Pastina
(2006, p. 35), observa que para muitos telespectadores a TV “é a principal, se não a única,
fonte de informação”. Entre as entrevistados, a reflexão do autor se confirma. Elas leem
pouco jornal, não consomem revistas ou livros, acessam pouco a internet e, quando o fazem,
as páginas mais acessadas são as redes de relacionamento. O rádio, embora concorra com a
televisão em tempo de consumo, serve somente para ouvir música.
Ter muitas responsabilidades e dar conta de muitas tarefas, como o trabalho, os filhos e
a casa, é a principal representação da mulher atual. As garotas lidam com isso de forma
ambígua, pois ao mesmo tempo que demonstram uma admiração por esse modelo, sabem a
sobrecarga que isso acarreta. Nenhuma expressa o desejo de ser dona de casa, pois relacionam
a função à dependência do marido, à rotina e à falta de valorização. O trabalho remunerado,
de maneira contrária, vincula-se ao orgulho e ao reconhecimento. No entanto, ter sua
profissão não significa necessariamente uma independência financeira, e sim uma nãodependência. A diferença se nota porque as entrevistadas falam que, trabalhando, terão
dinheiro para comprar alguns produtos para si e ajudar em casa, mas ainda pensam que o
marido será o provedor do lar. Camila é a exceção, pois considerada que a mulher que
trabalha fora “já se manda, é dona do próprio nariz, por ela tê um serviço, por ela trabalhá
fora”.
12

Mesmo que não almejem ser dona de casa e possuam ambições profissionais, percebese a reprodução de valores tradicionais, referentes à beleza, sexualidade e, fundamentalmente,
à maternidade. O mito do amor materno (BADINTER, 1985) é dominante entre as garotas.
Cauane e Natiele são as únicas entrevistadas que não demonstram o grande desejo de casar e
ser mãe, assim como planejam seu futuro para si. Em relação à Cauane, uma hipótese para
esse sentimento diz respeito aos problemas recentes com o ex-namorado, que a ameaçou de
morte após o fim do namoro, obrigando-a a mudar de telefone, bairro e escola. Natiele não foi
registrada e nem conhece o pai e recentemente perdeu a mãe vítima de AIDS. Ademais,
refere-se aos exemplos negativos de relações homem-mulher que conheceu na família e que
não pretende reproduzir.
Segundo as garotas, a típica mulher brasileira está representada nas novelas na figura de
algumas personagens. A principal delas é Maria do Carmo (Susana Vieira), de Senhora do
Destino, por sua alegria, autoestimo e por seu jeito guerreiro, próprio da brasileira. Outras
mulheres características são: Donatela (Claudia Raia), de A Favorita, por ser sincera,
batalhadora e simples; Helena (Cristiane Torloni), de Mulheres Apaixonadas, por estar
sempre correndo para dar conta de tudo; Cema (Neusa Borges) e Aída (Totia Meirelles), de
Caminhos das Índias, ambas mães que se desdobram para dar o melhor para os filhos; e
Susana (Carolina Dieckmann), de Três Irmãs, pois o namorado queria obrigá-la a se casar e
cumprir suas ordens.
Nota-se que em comum entre essas mulheres está o espírito guerreiro, a persistência e a
abnegação, características da mulher que vive para os outros. A mulher se ocupa em dar
conta, da melhor forma possível, dos mais diversos aspectos da vida de sua família e da sua
própria, conforme o modelo de supermulher exposto de Hamburger citado anteriormente.
Para Mattos, essa concepção do gênero feminino não trouxe as vantagens pretendidas
pelas mulheres. O que se deu foi uma masculinização do feminino.
As mulheres não parecem ter descoberto uma forma expressiva de vivenciar sua condição,
colocando em xeque os pontos centrais da dominação, mas sim, parecem ter tomado o
modelo masculino como o modelo a ser seguido. Desta maneira, não se toca na estrutura da
dominação, mas se luta para deixar de ser o pólo dominado para passar a ser o pólo
dominante (MATTOS, 2006, p. 158).
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Considerações finais
A construção da identidade feminina é compartilhada pelas diversas instituições sociais.
Família, escola, classe social e telenovela somam-se nesta função. Os exemplos da família,
contudo, são exatamente os que não querem seguir, pois são a concretização da submissão, de
esposas que servem aos maridos, que dependem do dinheiro que lhes dão, que não estudaram
e não conseguir ascender socialmente.
Neste sentido, surge a escola como meio pelo qual podem chegar ao que almejam para
suas vidas. A visão hegemônica da pobreza lhes ensina que o esforço pessoal, a educação
formal e o bom emprego são o caminho para a ascensão social. Nesta trajetória, não está
incluída a maternidade. No entanto, realidade para cinco delas, o percurso é adaptado e os
desejos adiados quando se é mãe, o que não significa a desistência dos sonhos e o
desaparecimento da esperança.
A televisão inspira os principais sonhos: a conquista de uma condição social melhor,
através do estímulo a lutarem pelo que desejam, conforme os exemplos vitoriosos
apresentados na mídia; o desejo de terem casas e bens de consumo como a novela oferece; ter
uma família feliz e harmônica, uma realidade às vezes distante da delas, mas que, certamente,
gostariam que não fosse.
Percebe-se que aquilo que as receptoras aqui entrevistadas veem como o ideal ser
mulher está presente nas representações da mulher na telenovela. As heroínas, as
supermulheres, as “mulheres fortes”, são o padrão entre as protagonistas e a aspitação das
garotas. Conforme Hamburger, a força e a fraqueza diferencia as boas personagens, dignas de
serem exemplos, das outras.
Freqüentemente, relatórios de grupos de discussão citam trechos de depoimentos em que
participantes julgam personagens femininas de acordo com o grau do que denominam
“força”, ou seja, valorizam personagens que se encaixam no que consideram “mulheres
fortes”, “independentes”, em oposição ao que consideram “mulheres fracas”,
“dependentes” e donas-de-casa (HAMBURGER, 2005, p. 58).

A classe social é o maior impeditivo para realizarem suas ambições de vida.
Relacionados preponderantemente às classes populares, o atraso na escola, a gravidez na
adolescência, a falta de estrutura familiar, sem um pai presente e as dificuldades de sustento
no dia a dia são as pedras no caminho dessas jovens.
14

Mesmo assim, a admiração por essas mulheres ideais não se mantém apenas na
contemplação, querem também “dar conta de tudo”. No caso delas, o que lhes falta, dentro
desse modelo, é especialmente uma profissão da qual possam se orgulhar. Para Mattos
(2006), as mudanças ocorridas nos últimos tempos que resultaram em uma “nova mulher”
são, sobretudo, vivenciadas pela classe média e atingem de forma residual as classes
populares. Além disso, a autora destaca que nem mesmo para a classe média isso significa
uma transformação na base das relações entre os gêneros, propiciando autonomia, mas sim
uma mudança de superfície.
A identificação com as personagens das novelas é parcial, porém existe. Mulheres
guerreiras e humildes são o que há em comum entre as da ficção e elas. No entanto, o que
mais se ressalta, como o exposto aqui, é uma projeção, não propriamente uma identificação.
Querem ser o que veem, mas não são. Não se sabe até que ponto esse mundo distante da TV
serve como alento ou como angústia, alimentando as frustrações que acumulam.

Referências bibliográficas
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Bauru, SP: EDUSC, 2003.
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15

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Janeiro, 2005.
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Brasil dos anos noventa. Cadernos do CESIT, n. 30, out. 2001.
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juvenis. Porto Alegre: Sulina, 2007.
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leitura da desigualdade social brasileira. In: Congresso Ciencias, Tecnologías y Culturas.
Santiago do Chile: Usach, p. 1-16, 2008.
SOUZA, Jessé. Por uma teoria da ação social da modernidade periférica. Um diálogo crítico
com Florestan Fernandes. In: _______ (Org.). A invisibilidade da desigualdade brasileira.
Belo Horizonte: Editora UFMG, 2006.

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Elementos para a conformação da identidade feminina

  • 1. 1 Elementos para a conformação da identidade feminina: Uma etnografia da audiência com jovens mulheres de classe popular Lírian Sifuentes1 (Universidade Federal de Santa Maria) Resumo Neste trabalho são apresentadas reflexões sobre as apropriações que jovens mulheres de classe popular elaboram acerca das representações femininas na telenovela. O objetivo é entender como os embates e complementaridades entre a audiência da telenovela e as mediações família, escola e classe social conformam a identidade de gênero desse grupo. Os estudos culturais latino-americanos são adotados como modelo teórico-metodológico, especialmente no que se refere à teoria das mediações culturais. A amostra analisada é composta por 12 jovens com idade entre 16 e 24 anos, moradoras do bairro Urlândia, na periferia de Santa Maria-RS. O estudo configura-se como uma etnografia da audiência e as técnicas de coleta de dados consistem na observação participante, com registro em diário de campo, na aplicação de formulário sociocultural e na realização de entrevistas semi-dirigidas. O que se pode destacar é que a situação de carência econômica cria condições de vida específicas, marcadas pelo abandono da escola, pela gravidez na adolescência e pelas perspectivas restritas de futuro. Apesar da precariedade material, os sonhos dessas jovens se contrapõem aos exemplos que tem na família ou no bairro. A realidade que as cerca não as afasta da ambição da mulher da atualidade, uma vez que querem também ser bem sucedidas, boas mães, boas donas de casa, boas esposas, boas profissionais. A telenovela, elemento presente no cotidiano de todas, pode ser relacionada a essas pretensões, uma vez que apresenta esses exemplos de mulheres guerreiras. Palavras-chave: Identidade feminina; Juventude; Classe popular Considerações iniciais A problemática que norteia esta pesquisa pode ser resumida por meio da seguinte indagação: Qual o papel da telenovela e das mediações culturais na conformação da identidade feminina? A intenção é investigar como os embates e complementaridades entre a audiência da telenovela e as mediações família, escola e classe social constituem a identidade feminina de jovens mulheres de classe popular. 1 Mestranda do Programa de Pós-Graduação em Comunicação da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM). Bolsista do Conselho de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes). Membro do grupo de pesquisa Mídia, Recepção e Consumo cultural, coordenado pela Prof.ª Dr.ª Veneza Mayora Ronsini.
  • 2. 2 Alguns questionam: É possível estudar apenas um gênero e falar em “gênero”? Pensamos que sim. A questão de gênero dá-se sempre por meio de uma experiência relacional: na existência do gênero feminino está o masculino, pois, culturalmente, um sexo fundamenta-se no contraste com o outro. Ademais, o feminino é também o não-masculino (BOURDIEU, 2007). Por isso, de alguma forma, o masculino está sempre presente no ser e viver o feminino. Seria diferente vislumbrar a comparação da recepção entre os dois sexos e as apropriações específicas de homens e mulheres. No entanto, aqui o objetivo é captar elementos da visão do mundo e da recepção televisiva da mulher na constituição de sua identidade feminina. De modo convergente, Hall (2003) afirma que não é preciso estudar a classe alta para falar da classe popular. O interesse em estudar as relações entre as apropriações da mídia e o gênero feminino baseia-se na comprovada insuficiência de pesquisas que abordem o gênero como categoria teórica e explicativa para a recepção televisiva no âmbito dos estudos culturais latinoamericanos (ESCOSTEGUY, 2001). Ainda sobre a questão da mulher, consideramos que não se pode deixar de discutir os aspectos da dominação masculina no Brasil, a qual tem sido encoberta sob a capa das conquistas femininas. Especialmente nas classes populares, a submissão feminina permeia toda a relação homem-mulher (BOURDIEU, 2007). Este trabalho alinha-se às teorias desenvolvidas pelos estudos culturais, pois considera que a “pesquisa de comunicação não é a que focaliza estritamente os meios, mas a que se dá no espaço de um circuito de consumo da cultura midiática” (JACKS; ESCOSTEGUY, 2005, p. 39). A vertente latino-americana dos estudos culturais é central, pois adéqua as investigações iniciadas na Universidade de Birmingham, na Inglaterra, à realidade da América Latina. Para Lopes, Borelli e Resende: Os Estudos Culturais permitem uma problematização mais elaborada da recepção, em que as características socioculturais dos usuários são integradas na análise não mais de uma difusão, mas sim, de uma circulação de mensagens no seio de uma dinâmica cultural. O pólo de reflexão é deslocado dos próprios meios para os grupos sociais que estão integradas em práticas sociais e culturais mais amplas (LOPES; BORELLI; RESENDE, 2002, p. 29). As contribuições gramscianas com a reflexão sobre a hegemonia são fundamentais para apreender os sentidos da recepção. A dominação, seja da mídia sobre o público, de uma classe sobre outra, do homem sobre a mulher, do branco sobre o negro, dá-se por um processo contínuo em que o dominador “seduz” o dominado. Escosteguy afirma que “[...] o conceito de hegemonia de Antonio Gramsci permitiu vislumbrar um movimento mais dinâmico e
  • 3. 3 complexo na sociedade, admitindo tanto a reprodução do sistema de dominação quanto a resistência a esse mesmo sistema” (ESCOSTEGUY, 2001, p. 91). De forma resumida, fazem parte das técnicas de coleta de dados: a entrevista semidirigida, o formulário sociocultural, a observação do espaço doméstico e a etnografia da audiência. Essa última está citada como uma etapa à parte para discriminar o momento em que o pesquisador assiste à telenovela com os informantes. Entretanto, abrange toda a pesquisa de recepção da forma como a compreendemos e constitui-se do conhecimento originado na descrição do contexto de apropriação da mídia e refere-se à “escrever a história do consumo midiático pelo exame da vida cotidiana, do bairro, da vizinhança, dos lugares da casa, de práticas sem registro, das „miniaturas‟ é uma tentativa de observar os agentes sociais como produtores de sentido” (RONSINI, 2007, p. 75). A amostra da pesquisa é composta por 12 jovens mulheres com idade entre 16 e 24 anos. A delimitação etária segue a divisão do IBGE, que define entre 15 e 24 anos a faixa em que estão inseridos os jovens brasileiros. A classificação das entrevistadas, pertencentes às classes baixa e média-baixa, foi definida mediante a metodologia da estratificação sócioocupacional (QUADROS; ANTUNES, 2001), na qual a família é classificada a partir do membro melhor situado economicamente. Mediações: o entorno cultural Nos estudos culturais, a comunicação de massa é vista como integrada às demais práticas da vida diária e o interesse maior está nas relações entre textos, grupos sociais e contextos (JACKS; ESCOSTEGUY, 2005). Desse modo, a recepção é considerada um processo, no qual interagem receptor/ mediações/ televisão. Pensando a comunicação a partir da cultura, Martín-Barbero (1987) desloca o estudo dos meios em si para concentrar-se no entorno, nos artefatos, ou seja, nas mediações. As mediações configuram-se em articulações entre matrizes culturais distintas, e podem ser os meios, os sujeitos, os gêneros (televisivos) e os espaços (cotidiano familiar, trabalho, escola). Elas encontram sua razão de existir na fuga do dualismo, superando a bipolaridade ou a dicotomia entre produção e consumo (JACKS; ESCOSTEGUY, 2005).
  • 4. 4 Em “De los medios a las mediaciones” (1987), Martín-Barbero destacou as mediações cotidianidade familiar, temporalidade social e competência cultural. Aqui, trabalharemos com as noções de cotidianidade familiar e competência cultural, a partir de algumas adaptações que as tornem metodologicamente manejáveis. Na aproximação com o grupo estudado, família, escola e classe social destacaram-se, de maneira fundamental, na conformação da identidade feminina e na apropriação midiática das jovens. Por esse motivo, elegemos essas como as fontes principais de mediação. Além dessas, abordamos a telenovela como uma mediação essencial na constituição da identidade de gênero, pois transmite, diariamente, o que é ser mulher, como deve agir, o que deve desejar, o que pode e o que não pode fazer, etc. Conforme Ronsini (2007, p. 70), entende-se por cotidianidade familiar a “organização espacial e temporal do cotidiano em diferentes classes sociais, isto é, o locus da sociabilidade” entre os sujeitos e a partir do qual são definidas as relações de poder. Assim como a família está presente na experiência diária e definitiva dos indivíduos, pensamos que a escola, a classe social e a telenovela também compõem a cotidianidade dos jovens. Mesmo aquelas que pararam de estudar, não entendem esse distanciamento como definitivo e têm muito presente as experiências escolares, tanto em seu cotidiano quanto em sua competência cultural. Dessa forma, a noção de cotidianidade familiar, de que fala Martín-Barbero, será apropriada como cotidianidade, abrangendo as mediações supracitadas. Como competência cultural define-se as formas de pensar, agir e sentir a experiência social. Etnia, cultura regional, gênero e classe social são alguns dos principais conformadores da competência cultural. A competência cultural, na teoria da reprodução social de Bourdieu, está relacionada com a categoria de habitus (RONSINI, 2007). Na análise do papel da classe social nos estudos de recepção da telenovela, o habitus de classe é a mediação estrutural que perpassa as demais. Souza ressalta que o habitus concretiza escolhas valorativas, culturais e institucionais, fazendo-as visíveis em carne e osso. O conceito de habitus [...] permite tanto a percepção dos efeitos sociais de uma hierarquia atualizada de forma implícita e opaca – e por isso mesmo tanto mais eficaz – quanto a identificação do seu potencial segregador e constituidor de relações naturalizadas de desigualdade em várias dimensões, variando com o tipo de sociedade analisado (SOUZA, 2006, p. 63). Uma noção que acompanha os estudos culturais desde o início é a valorização da classe social como um elemento definitivo na experiência cultural, coerente com a influência
  • 5. 5 marxista. Há, no entanto, uma preocupação em não usar a classe de forma reducionista. Sobre a “relatividade” da classe social, Escosteguy afirma que é fundamental “compreender a cultura na sua „autonomia relativa‟, isto é, ela não é dependente das relações econômicas, nem reflexo, mas tem influência e sofre conseqüências das relações político-econômicas” (ESCOSTEGUY, 2001, p. 60). Para Martín-Barbero, “a recepção é parte tanto de processos subjetivos quanto objetivos, de processos micro, controlados pelo sujeito, e macro, relativos a estruturas sociais e relações de poder que fogem ao seu controle” (MARTÍN-BARBERO, 2002, p. 14). É considerando esta necessária relação entre o micro e o macro que o próprio Martín-Barbero teoriza mediações como a cotidianidade familiar, que foca a pesquisa na família, na escola, no bairro, ou seja, nas relações interpessoais, e a competência cultural, que tem na classe social um fundamento. Apesar de desempenharmos múltiplos papéis em nosso dia a dia – definidos pelo gênero, idade, profissão, etnia, religião, etc –, todos eles estão atravessadas pela classe social a que pertencemos, constituinte fundamental de nossas identidades. Martín-Barbero tece uma crítica a este nivelamento entre a classe social e outras mediações: [...] a “marca” singular e hegemônica dos atuais estudos de recepção diz respeito ao “esquecimento da classe social” produzido pelo nivelamento de todas as categorias: etnia, gênero, idade, estrato social. É o processo mesmo de recepção que resulta desestruturado, sem fundamentação no “processo social de construção de sentido”. A diferença de classe, ainda que mediada pela multiplicidade de distinções introduzidas pela etnia, gênero, idade, entre outras, não é uma diferença a mais, mas, sim, aquela que articula as demais a partir de seu interior e expressa-se por meio do habitus, capaz de entrelaçar os modos de possuir, de estar junto e os estilos de vida. (MARTÍN-BARBERO, 2002, p. 14) A situação de classe é um aspecto fundamental de significação. Ronsini (2007) justifica o emprego do conceito de classe social em sua pesquisa afirmando que no plano empírico a classe permanece um princípio organizador da sociedade capitalista, da mesma forma que pauta diferenças profissionais, de renda, de educação, o acesso aos bens culturais e aos centros de poder. A autora ainda afirma que o uso do conceito parece ser ainda mais adequado em uma sociedade desigual e excludente como a brasileira. Ronsini, contudo, realiza uma distinção do modo como insere a classe social em suas observações e o sentido tradicional marxista: “As análises hodiernas não se encaixam na teoria das classes como uma teoria da luta entre duas classes antagônicas pelo monopólio dos meios de produção, pois admitimos que os conflitos não são pelo controle dos mesmos mas pela inclusão dentro do capitalismo” (RONSINI, 2007, p. 48).
  • 6. 6 Mattos (2006) destaca a relevância da dimensão sociocultural da classe social, e não só do aspecto econômico, que normalmente é ressaltado através de variáveis como renda e escolaridade. É desta forma complexa que o uso da classe social nos estudos culturais parece mais coerente. Conforme Souza, a dominação de classe se reproduz cotidianamente e se faz permanente por meio de redes invisíveis de crenças compartilhadas, motivadas por representações como as que se fazem presentes nas telenovelas. A versão moderna desta “ralé”, portanto, não é mais oprimida por uma relação de dominação pessoal que tem na figura e nas necessidades do senhor de terras e gente seu núcleo e referência. No contexto impessoal moderno, também periférico, são redes invisíveis de crenças compartilhadas pré-reflexivamente acerca do valor relativo de indivíduos e grupos, ancorados institucionalmente e reproduzidos cotidianamente pela ideologia simbólica subpolítica incrustada nas práticas do dia-a-dia que determinam, agora, seu lugar social (SOUZA, 2006, p. 65). A influência da posição de classe na telenovela brasileira da Rede Globo tem início na composição social dos produtores do programa (HAMBURGER, 2005), uma vez que autores e diretores oferecem ao público um repertório da classe média alta da qual fazem parte, legitimando e difundindo o modo de vida de uma parte pequena e privilegiada da sociedade. Almeida (2003) também constata a ênfase na vida das camadas médias e altas dos grandes centros urbanos no horário nobre da televisão. A autora afirma que a exposição diária desta realidade, tão distante para tantos, acaba se naturalizando, e cada vez mais moradores de vilas, favelas ou comunidades rurais conhecem e até mesmo passam a se identificar com a vida dos ricos apresentadas nas novelas. A inserção na narrativa de personagens de diferentes grupos sociais, faixas etárias e estilos de vida é uma estratégia para facilitar este reconhecimento. Telenovela e o gênero feminino O feminismo insere-se nos estudos culturais na década de 1970, sendo a obra “Women Take Issue” (1978) a primeira publicação que realmente divulga os trabalhos do Women‟s Studies Group do CCCS. Para Hall, os estudos sobre gênero foram uma ruptura teórica determinante para os estudos culturais. “A intervenção do feminismo foi específica e decisiva para os estudos culturais. [...] É difícil descrever a importância da abertura desse novo continente nos estudos culturais” (HALL, 2003, p. 208-209). Diferentemente do que se nota nos estudos culturais anglo-americanos, no qual o feminismo é marcadamente relevante, na América Latina a pesquisa que relaciona gênero e audiência ainda pode ser considerada inexpressiva (ESCOSTEGUY, 2002). O que se verifica
  • 7. 7 com freqüência é a mulher citada em estudos de recepção apenas como uma variável sóciodemográfica, e não como uma categoria teórica. A própria pesquisa sobre a telenovela, produto que desde seus primórdios é considerado tipicamente feminino, demorou a ocorrer. O intervalo entre a primeira novela ir ao ar no Brasil – Sua Vida me pertence (1951) – e o primeiro estudo sobre o assunto – “Imitação da vida: pesquisa exploratória sobre a telenovela no Brasil” – foi de 23 anos (Borelli, 2001). Ainda hoje, quando buscamos estudos que relacionem telenovela e gênero feminino como categoria explicativa, nota-se a escassez da pesquisa sobre o tema no Brasil. Programa de audiência compartilhada por milhões de brasileiros cotidianamente, a telenovela tornou-se importante objeto de investigação. Para Martín-Barbero, a telenovela é definida como o “relato de uma “modernidade tardia”, a telenovela mistura a sagacidade do mercado – no momento de contar histórias que envolvem as maiorias – com a persistência de sua matriz popular, ativadora de competências culturais inerentes a ela” (MARTÍNBARBERO, 2002, p. 15). Para Lopes, essas “histórias narradas pela televisão são, antes de tudo, importantes por seu significado cultural. Como bem o demonstra o filão de estudos internacionais, a ficção televisiva configura e oferece material precioso para entender a cultura e a sociedade de que é expressão” (LOPES, 2004, p. 125). O papel da mídia na reprodução do modelo de submissão feminina é percebido nas telenovelas contemporâneas, que apresentam evoluções, mas não mudam as relações de base. A televisão “ofereceria um discurso audacioso e atrevido, mas que na verdade estabelece os limites para essa nova mulher e cristaliza operações normativas já há tempos conhecidas (MEIRELLES, 2008, p. 14). Esse padrão midiático da mulher atual é exposto por Hamburger: [As telenovelas] valorizam tipos ideais de mulher que acumulam funções e responsabilidades, aproximando-se de um padrão perverso de supermulher, que seria livre para escolher ter poucos filhos, se relacionar com diversos homens ao longo da vida, questionar a autoridade patriarcal de pais e esposos (HAMBURGER, 2005, p. 153). Castells afirma que o sistema patriarcalista “é uma das estruturas sobre as quais se assentam todas as sociedades contemporâneas. Caracteriza-se pela autoridade, imposta institucionalmente, do homem sobre mulher e filhos no âmbito familiar” (CASTELLS, 2000, p. 169). Os relacionamentos interpessoais e, conseqüentemente, as identidades, são marcados pela dominação originada na cultura patriarcalista, muitas vezes impregnada de violência simbólica.
  • 8. 8 O autor assegura que estamos vivendo um processo irreversível, intensificado nos últimos 25 anos, em que as mulheres adentraram com força no mercado de trabalho e lutam contra a opressão, em medidas diferentes dependendo do país e da cultura de que fazem parte. Fique claro que a crise do sistema patriarcalista tem relação com a libertação da mulher na sociedade, mas não significa o fim da dominação masculina. Assim como Castells levanta dados acerca do número crescente de divórcios (etc.), para trazer à tona a crise no sistema familiar tipicamente machista, outras estatísticas comprovam o menor salário oferecido às mulheres, em cargos iguais, os elevados índices de violência contra a mulher (etc.), além dos sentimentos de submissão, que dificilmente podem ser quantificados. E, por vezes, não há sequer consciência dessa submissão, como mostra Bourdieu (2007), pois está nas entranhas das relações. A isso se soma o fato de que, castigadas pela pobreza, o que mais importa para muitas mulheres de classe popular é ter um marido que ajude no sustento da família e não traga grandes problemas, sem atentar se as relações no espaço doméstico são desiguais. As conquistas femininas não podem esconder as graves desigualdades que persistem. O próprio Castells, após provar por 100 páginas os avanços alcançados pela mulher, afirma que “o patriarcalismo dá sinais no mundo inteiro de que ainda está vivo e passando bem, apesar dos sintomas de crise que procurei salientar” (CASTELLS, 2000, p. 278). A ideologia meritocrática e o papel das mediações As condições econômicas do grupo são bastante limitadas, refletidas em casas simples e pequenas, em que moram de duas a 10 pessoas; as famílias não tem carro ou os carros são de modelos antigos; pais e irmãos, além das próprias garotas, tem baixo grau de escolaridade, normalmente expressos pelo ensino fundamental incompleto. As rendas familiares variam de R$ 400,00 até R$ 1.600,00, sendo a média de R$ 850,00. Seis jovens são casadas, sendo que uma delas casou-se no civil e as demais moram com os companheiros. Cinco são mães, sendo que dessas, duas (de 18 e 21 anos) estão grávidas do primeiro filho, duas tem um menino e uma tem dois filhos. Apesar de seguirmos aqui a determinação do IBGE sobre juventude, que engloba pessoas de 15 a 24 anos, nota-se que para as entrevistadas não basta estar inserida nesta faixa etária para se considerar jovem. Duas entrevistadas, de 21 e 24 anos, não se consideram mais jovens, visto as responsabilidades que possuem. Para Paola, a juventude acabou depois que
  • 9. 9 ganhou seu filho, quando tinha 16 anos. Mãe há oito anos, diz hoje possuir diversos hábitos de “velho”, pois quando se compara às amigas da mesma idade, nota grandes diferenças, ilustrando com o exemplo de que enquanto elas se ajeitam para ir à balada, Paola faz pão para a família. Já Letícia afirma que ser jovem é sair e curtir, o que não faz há muito tempo. Outra mãe do grupo, Camila não diz que não se considera jovem, mas afirma que muito mudou em sua vida desde a maternidade. Dentre as 12, apenas três são brancas, as outras nove são negras 2. Apenas uma das entrevistadas trabalha: é babá. Entre as demais, somente duas nunca tiveram experiências profissionais, as outras já trabalharam em pizzaria, floricultura, mercado, empresa de telefonia, telemarketing e cuidando idosos, além das funções mais comuns, de empregada doméstica e babá. Seis estudam e as outras seis pararam de estudar. As que estão afastadas da escola pretendem voltar e concluir ao menos o ensino médio. Cursam desde a 5ª série do ensino fundamental até o a 2ª série do ensino médio. Nota-se que o fim do ensino fundamental e o início do ensino médio são uma barreira para o grupo, especialmente quando enfrentam as dificuldades do ensino médio de uma escola estadual que, como elas dizem, é mais difícil que a escola municipal “da vila”. Outro impeditivo é a gravidez, que vem como um “balde d‟água fria” sobre as pretensões de muitas. E as obrigações com os filhos não diminuem após os primeiros meses, mantendo-as as afastadas da escola. A única mãe que estuda atualmente tem um filho de oito anos e só conseguiu retomar os estudos após algumas tentativas e depois de casar-se e contar com a ajuda do marido. No entanto, mesmo as garotas que não tem filhos já reprovaram e afastaram-se da escola por algum período, refletindo que os problemas escolares vão além da maternidade. É difícil precisar os motivos para as reprovações frequentes, mas o que se observa é que embora exista um discurso familiar da ascensão social pela educação, os pais nem sempre priorizam que as filhas estudem, preconizando o trabalho ou a ajuda em casa. O exemplo familiar de poucos anos dedicados à escola também pode significar uma justificativa para o abandono ou desinteresse pela escola. Além disso, apenas duas jovens nunca trabalharam, o que reflete a necessidade de dedicação à outra função. Há ainda os problemas de doença na família, empecilho para o acompanhamento integral da escola. Por último, adversidades de ordem 2 Para o IBGE, negros são tanto pretos quanto pardos. A raça/ etnia não foi uma questão observada na formação da amostra da pesquisa. A determinação da raça foi feita por autodeclaração.
  • 10. 10 psicológica, como as ocasionadas por abuso sexual, abandono e perdas familiares, podem ser uma causa ainda mais complexa para os problemas escolares. Os percalços, contudo, não as fazem desistir. As jovens que estão afastadas da escola ambicionam voltar e em nenhum momento demonstram em suas falas que podem não realizar essa vontade e desistir deste sonho, que está entre os maiores das entrevistadas. Esse desejo vai ao encontro do valor que dão ao estudo como forma de transformação de vidas e ascensão social. As garotas fazem uma relação direta e linear entre estudos completos, bom emprego e “ser alguém na vida”, sendo que o esforço pessoal perpassa toda trajetória bem sucedida. As jovens reproduzem uma visão hegemônica da pobreza, que relaciona a posição social praticamente a uma escolha pessoal: há aqueles que optam por subir na vida, e para isso esforçam-se e, consequentemente, alcançam tudo que almejam; e aqueles que, por não merecem, já que não se esforçam, seguem pobres. Os exemplos expostos na mídia servem para confirmar esta ideia. Basta querê né? (Bruna). É muito do esforço. Passa por muita coisa, depois tu chega lá e diz „bá, mas valeu a pena tudo que eu passei‟ (Cauane). Se tu tiver força de vontade, tiver esforço, tu consegue tudo na tua vida, nada é impossível. Tudo aquilo que tu qué, tu consegue, basta tu usá a tua cabeça (Emanuele). Subir na vida depende da gente, depende do nosso desempenho (Lucielen). É só querê e lutá, ir atrás que consegue, porque aquela pessoa que subiu na vida, ela subiu lutando, correndo atrás do que ela queria, e ela conquistô.: „Ai, isso eu consegui com trabalho, suor e esforço‟. (Natália) É possível discriminar aquelas que enfatizam causas individuais das que ressaltam causas estruturais para a pobreza. Considerando a visão hegemônica como aquela que atribui ao indivíduo total responsabilidade por sua situação econômica, duas entrevistadas demonstram uma visão dominante para o desemprego juvenil (Natália, Paola). Indo ao encontro do que Hall (2003) afirma, a maior parte executa uma leitura negociada da pobreza, relacionando agentes individuais e estruturais (Bruna, Camila, Cauane, Letícia, Natiele, Rafaela, Raquel). Carol, Emanuele e Lucielen apontam apenas razões referentes à estrutura social ao desemprego dos jovens, efetuando uma decodificação opositiva. Ronsini; Sifuentes; Neves (2007) destacam a prevalência de um modelo no qual a mídia contribui para a formação de uma ideologia meritocrática. Telenovela, família e escola
  • 11. 11 colaboram para que os jovens acreditem na superação dos problemas sociais e na ascensão de classe social por intermédio de qualidades pessoais, como persistência e esforço. Neste modelo, Os receptores são estimulados a acreditar que a cidadania é o exercício da escolha individual e o bem-estar pessoal, conseqüência da habilidade para escolher, de forma que mazelas como a pobreza e o sofrimento são resultantes de decisões inadequadas (RONSINI; SIFUENTES; NEVES, 2007, p. 157). Galeano escreve algo semelhante ao refletir que a mídia colabora para aprofundar as desigualdades, (re)produzindo que a pobreza é um fracasso pessoal ou então uma fatalidade, e não fruto da injustiça. Condena, assim, os pobres, não a injustiça social. Os pobres são os incompetentes, prega o discurso dominante (GALEANO, 2006). Telenovela e identidade feminina O principal meio de comunicação consumido pelas jovens é a televisão. La Pastina (2006, p. 35), observa que para muitos telespectadores a TV “é a principal, se não a única, fonte de informação”. Entre as entrevistados, a reflexão do autor se confirma. Elas leem pouco jornal, não consomem revistas ou livros, acessam pouco a internet e, quando o fazem, as páginas mais acessadas são as redes de relacionamento. O rádio, embora concorra com a televisão em tempo de consumo, serve somente para ouvir música. Ter muitas responsabilidades e dar conta de muitas tarefas, como o trabalho, os filhos e a casa, é a principal representação da mulher atual. As garotas lidam com isso de forma ambígua, pois ao mesmo tempo que demonstram uma admiração por esse modelo, sabem a sobrecarga que isso acarreta. Nenhuma expressa o desejo de ser dona de casa, pois relacionam a função à dependência do marido, à rotina e à falta de valorização. O trabalho remunerado, de maneira contrária, vincula-se ao orgulho e ao reconhecimento. No entanto, ter sua profissão não significa necessariamente uma independência financeira, e sim uma nãodependência. A diferença se nota porque as entrevistadas falam que, trabalhando, terão dinheiro para comprar alguns produtos para si e ajudar em casa, mas ainda pensam que o marido será o provedor do lar. Camila é a exceção, pois considerada que a mulher que trabalha fora “já se manda, é dona do próprio nariz, por ela tê um serviço, por ela trabalhá fora”.
  • 12. 12 Mesmo que não almejem ser dona de casa e possuam ambições profissionais, percebese a reprodução de valores tradicionais, referentes à beleza, sexualidade e, fundamentalmente, à maternidade. O mito do amor materno (BADINTER, 1985) é dominante entre as garotas. Cauane e Natiele são as únicas entrevistadas que não demonstram o grande desejo de casar e ser mãe, assim como planejam seu futuro para si. Em relação à Cauane, uma hipótese para esse sentimento diz respeito aos problemas recentes com o ex-namorado, que a ameaçou de morte após o fim do namoro, obrigando-a a mudar de telefone, bairro e escola. Natiele não foi registrada e nem conhece o pai e recentemente perdeu a mãe vítima de AIDS. Ademais, refere-se aos exemplos negativos de relações homem-mulher que conheceu na família e que não pretende reproduzir. Segundo as garotas, a típica mulher brasileira está representada nas novelas na figura de algumas personagens. A principal delas é Maria do Carmo (Susana Vieira), de Senhora do Destino, por sua alegria, autoestimo e por seu jeito guerreiro, próprio da brasileira. Outras mulheres características são: Donatela (Claudia Raia), de A Favorita, por ser sincera, batalhadora e simples; Helena (Cristiane Torloni), de Mulheres Apaixonadas, por estar sempre correndo para dar conta de tudo; Cema (Neusa Borges) e Aída (Totia Meirelles), de Caminhos das Índias, ambas mães que se desdobram para dar o melhor para os filhos; e Susana (Carolina Dieckmann), de Três Irmãs, pois o namorado queria obrigá-la a se casar e cumprir suas ordens. Nota-se que em comum entre essas mulheres está o espírito guerreiro, a persistência e a abnegação, características da mulher que vive para os outros. A mulher se ocupa em dar conta, da melhor forma possível, dos mais diversos aspectos da vida de sua família e da sua própria, conforme o modelo de supermulher exposto de Hamburger citado anteriormente. Para Mattos, essa concepção do gênero feminino não trouxe as vantagens pretendidas pelas mulheres. O que se deu foi uma masculinização do feminino. As mulheres não parecem ter descoberto uma forma expressiva de vivenciar sua condição, colocando em xeque os pontos centrais da dominação, mas sim, parecem ter tomado o modelo masculino como o modelo a ser seguido. Desta maneira, não se toca na estrutura da dominação, mas se luta para deixar de ser o pólo dominado para passar a ser o pólo dominante (MATTOS, 2006, p. 158).
  • 13. 13 Considerações finais A construção da identidade feminina é compartilhada pelas diversas instituições sociais. Família, escola, classe social e telenovela somam-se nesta função. Os exemplos da família, contudo, são exatamente os que não querem seguir, pois são a concretização da submissão, de esposas que servem aos maridos, que dependem do dinheiro que lhes dão, que não estudaram e não conseguir ascender socialmente. Neste sentido, surge a escola como meio pelo qual podem chegar ao que almejam para suas vidas. A visão hegemônica da pobreza lhes ensina que o esforço pessoal, a educação formal e o bom emprego são o caminho para a ascensão social. Nesta trajetória, não está incluída a maternidade. No entanto, realidade para cinco delas, o percurso é adaptado e os desejos adiados quando se é mãe, o que não significa a desistência dos sonhos e o desaparecimento da esperança. A televisão inspira os principais sonhos: a conquista de uma condição social melhor, através do estímulo a lutarem pelo que desejam, conforme os exemplos vitoriosos apresentados na mídia; o desejo de terem casas e bens de consumo como a novela oferece; ter uma família feliz e harmônica, uma realidade às vezes distante da delas, mas que, certamente, gostariam que não fosse. Percebe-se que aquilo que as receptoras aqui entrevistadas veem como o ideal ser mulher está presente nas representações da mulher na telenovela. As heroínas, as supermulheres, as “mulheres fortes”, são o padrão entre as protagonistas e a aspitação das garotas. Conforme Hamburger, a força e a fraqueza diferencia as boas personagens, dignas de serem exemplos, das outras. Freqüentemente, relatórios de grupos de discussão citam trechos de depoimentos em que participantes julgam personagens femininas de acordo com o grau do que denominam “força”, ou seja, valorizam personagens que se encaixam no que consideram “mulheres fortes”, “independentes”, em oposição ao que consideram “mulheres fracas”, “dependentes” e donas-de-casa (HAMBURGER, 2005, p. 58). A classe social é o maior impeditivo para realizarem suas ambições de vida. Relacionados preponderantemente às classes populares, o atraso na escola, a gravidez na adolescência, a falta de estrutura familiar, sem um pai presente e as dificuldades de sustento no dia a dia são as pedras no caminho dessas jovens.
  • 14. 14 Mesmo assim, a admiração por essas mulheres ideais não se mantém apenas na contemplação, querem também “dar conta de tudo”. No caso delas, o que lhes falta, dentro desse modelo, é especialmente uma profissão da qual possam se orgulhar. Para Mattos (2006), as mudanças ocorridas nos últimos tempos que resultaram em uma “nova mulher” são, sobretudo, vivenciadas pela classe média e atingem de forma residual as classes populares. Além disso, a autora destaca que nem mesmo para a classe média isso significa uma transformação na base das relações entre os gêneros, propiciando autonomia, mas sim uma mudança de superfície. A identificação com as personagens das novelas é parcial, porém existe. Mulheres guerreiras e humildes são o que há em comum entre as da ficção e elas. No entanto, o que mais se ressalta, como o exposto aqui, é uma projeção, não propriamente uma identificação. Querem ser o que veem, mas não são. Não se sabe até que ponto esse mundo distante da TV serve como alento ou como angústia, alimentando as frustrações que acumulam. Referências bibliográficas ALMEIDA, Heloisa Buarque de. Telenovela, consumo e gênero: “muitas mais coisas”. Bauru, SP: EDUSC, 2003. BADINTER, Elizabeth. Um amor conquistado: O mito do amor materno. Rio de Janeiro: Nova Fronteira,1985. BAUMAN, Zygmunt. Identidade. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed., 2005. BORELLI, Silvia Helena Simões. Telenovela brasileira: balanços e perspectivas. XXIV Congresso Brasileiro da Comunicação. Campo Grande, set., 2001. BOURDIEU, Pierre. A dominação masculina. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2007. CASTELLS, Manuel. O poder da identidade. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2000. ESCOSTEGUY, Ana Carolina. Cartografia dos Estudos Culturais. Uma versão latinoamericana. Belo Horizonte: Autêntica, 2001. ___________. Os estudos de recepção e as relações de gênero: algumas anotações provisórias. In: CIBERLEGENDA, http://www.uff.br/mestcii, n 7, 2002. GALEANO, Eduardo. A caminho de uma sociedade da incomunicação? In: MORAES, Dênis (Org.). Sociedade midiatizada. Rio de Janeiro: Mauad, 2006.
  • 15. 15 HALL, Stuart; SOVIK, Liv (Org.). Da diáspora. Identidade e mediações culturais. Belo Horizonte: UFMG, 2003. HAMBURGER, Esther. O Brasil Antenado. A sociedade da novela. Jorge Zahar: Rio de Janeiro, 2005. JACKS, Nilda; ESCOSTEGUY, Ana Carolina. Comunicação e Recepção. São Paulo: Hacker Editores, 2005. LA PASTINA, Antonio C. Etnografia de audiência. Uma estratégia de envolvimento. In JACKS, Nilda; PIEDRAS, Elisa (Org.). O que sabemos sobre as audiências?: estudos latino-americanos. Porto Alegre: Armazém Digital, p.27-43, 2006. LOPES, Maria Immacolata Vassalo de. Para uma revisão das identidades coletivas em tempo de globalização. In: ______ (Org.). Telenovela. Internacionalização e Interculturalidade. São Paulo: Loyola, 2004. p. 121-137. LOPES, Maria Immacolata Vassalo de; BORELLI, Silvia Helena Simões; RESENDE, Vera da Rocha. Vivendo com a telenovela: mediações, recepção, teleficcionalidade. São Paulo: Summus, 2002. MARTIN-BARBERO, Jesús. De los medios a las mediaciones. Barcelona: Gustavo Gili, 1987. _________. Prefácio. In: LOPES, Maria Immacolata Vassalo de; BORELLI, Silvia Helena Simões; RESENDE, Vera da Rocha. Vivendo com a telenovela: mediações, recepção, teleficcionalidade. São Paulo: Summus, 2002. MATTOS, Patrícia. A mulher moderna numa sociedade desigual. In: SOUZA, Jessé (Org.). A invisibilidade da desigualdade brasileira. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2006. p. 153196. MEIRELLES, Clara Fernandes. Telenovela e relações de gênero na crítica brasileira. In: XXXI Congresso Brasileiro de Ciências da Comunicação. Natal, 2008. QUADROS, Waldir J. de; ANTUNES, Davi J. N. Classes sociais e distribuição de renda no Brasil dos anos noventa. Cadernos do CESIT, n. 30, out. 2001. RONSINI, Veneza Mayora. Mercadores de sentido: consumo de mídia e identidades juvenis. Porto Alegre: Sulina, 2007. RONSINI, Veneza Mayora; SIFUENTES, Lírian. Os usos da telenovela: anotações sobre a leitura da desigualdade social brasileira. In: Congresso Ciencias, Tecnologías y Culturas. Santiago do Chile: Usach, p. 1-16, 2008. SOUZA, Jessé. Por uma teoria da ação social da modernidade periférica. Um diálogo crítico com Florestan Fernandes. In: _______ (Org.). A invisibilidade da desigualdade brasileira. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2006.