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Programa de Acompanhamento e Apoio à Gestação
R E A L I Z A Ç Ã O
CÂMARA DOS DEPUTADOS
DEPARTAMENTO MÉDICO
COORDENAÇÃO DE ENFERMAGEM
E L A B O R A Ç Ã O :
Ana Luísa Hora Alves
Nutricionista
Idenise Vieira Cavalcante Carvalho
Enfermeira
Juliana Resende Monteiro
Enfermeira
Juliana Werneck de Souza
Enfermeira
Luíza Helena Costa de Jesus
Psicóloga
Maria do Socorro Mendes Côrtes
Pediatra
CENTRO DE FORMAÇÃO, TREINAMENTO E APERFEIÇOAMENTO
SUMÁRIO
APRESENTAÇÃO..................................................................................................................5
ANATOMIA E FISIOLOGIA DA GESTAÇÃO......................................................................7
ALTERAÇÕES FÍSICAS DURANTE A GESTAÇÃO ......................................................... 14
PRESTE ATENÇÃO À DIETA, POIS A DEFICIÊNCIA DE FERRO, PROTEÍNAS OU
CALORIAS PODEM AGRAVAR......................................................................................... 19
ASPECTOS EMOCIONAIS DA GESTAÇÃO .................................................................... 20
SEXUALIDADE NA GRAVIDEZ........................................................................................ 27
ATIVIDADE FÍSICA NA GRAVIDEZ................................................................................. 32
ALIMENTAÇÃO NA GRAVIDEZ....................................................................................... 39
DESENVOLVIMENTO FETAL ........................................................................................... 54
SUBSTÂNCIAS PREJUDICIAIS AO FETO........................................................................ 59
ACOMPANHAMENTO PRÉ-NATAL ................................................................................ 61
VERIFICAÇÃO DA PRESSÃO ARTERIAL......................................................................... 66
ENXOVAL........................................................................................................................... 71
O PARTO ............................................................................................................................ 79
PARTO VAGINAL .............................................................................................................. 83
O PARTO CIRÚRGICO .................................................................................................... 101
PARTO VAGINAL APÓS CESÁREA ............................................................................... 105
ALEITAMENTO MATERNO ............................................................................................ 107
CENTRO DE FORMAÇÃO, TREINAMENTO E APERFEIÇOAMENTO
O ATO DE AMAMENTAR................................................................................................ 113
ASPECTOS EMOCIONAIS DA AMAMENTAÇÃO......................................................... 130
ALIMENTAÇÃO NA AMAMENTAÇÃO.......................................................................... 134
PUERPÉRIO – ASPECTOS FÍSICOS................................................................................ 138
ASPECTOS EMOCIONAIS DO PARTO E PUERPÉRIO................................................. 141
RECÉM-NASCIDO............................................................................................................ 149
CUIDADOS COM O BEBÊ............................................................................................... 154
O BANHO......................................................................................................................... 155
MÉTODOS CONTRACEPTIVOS..................................................................................... 158
NA VOLTA AO TRABALHO: CRECHE OU BABÁ? ....................................................... 174
ALIMENTAÇÃO NO PRIMEIRO ANO DE VIDA............................................................ 181
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .................................................................................. 188
Gestantes 2005
CENTRO DE FORMAÇÃO, TREINAMENTO E APERFEIÇOAMENTO
A P R E S E N T A Ç Ã O
O Programa de Acompanhamento e Apoio à Gestação – PAAG, é uma iniciativa do
Departamento Médico da Câmara dos Deputados, desenvolvido pela Coordenação de
Enfermagem deste Departamento, que tem por objetivo assegurar assistência interdisciplinar à
gestante no acompanhamento pré-natal, visando à promoção da saúde do “casal grávido” e do
concepto através de intervenções educativas e preventivas.
Pretende-se, com esta publicação, facilitar e ampliar os conhecimentos dos futuros pais e
familiares tornando-os mais seguros e confiantes para que possam vivenciar a gravidez e a
chegada do bebê de forma harmônica.
Aborda-se neste compêndio a estrutura anátomo – fisiológica da gestação, as alterações
físicas e psíquicas pelas quais passa a gestante, as diversas etapas do desenvolvimento fetal, as
fases do parto e puerpério, a importância do acompanhamento pré-natal para um parto seguro,
os aspectos físicos e emocionais que envolvem o ato de amamentar, os diversos métodos
contraceptivos, os cuidados que devem ser dispensados ao recém-nascido desde o parto até o
primeiro ano de vida e ainda orientações relativas às necessidades nutricionais da gestante.
Gestantes 2005
CENTRO DE FORMAÇÃO, TREINAMENTO E APERFEIÇOAMENTO
7
A N A T O M I A E F I S I O L O G I A D A G E S T A Ç Ã O
É muito importante conhecer a anatomia (estrutura, forma e localização dos órgãos) e a
fisiologia (seu funcionamento) para compreender como acontece a gestação e as alterações dela
decorrentes.
Os órgãos reprodutivos femininos são classificados como externos e internos.
Ó R G Ã O S E X T E R N O S
Monte de Vênus (ou monte pubiano): “almofada” de gordura, coberta de pêlos,
situada sobre a sínfise púbica, que funciona como proteção durante as relações sexuais.
Grandes lábios: pregas de tecido adiposo (gordura), cobertas com pele, que se estendem
para baixo e para trás a partir do monte pubiano. Em crianças e em mulheres nulíparas (que
nunca tiveram filhos) os grandes lábios estão em justaposição encobrindo as estruturas
adjacentes, e em mulheres que já tiveram filhos, eles podem ser mais abertos.
CENTRO DE FORMAÇÃO, TREINAMENTO E APERFEIÇOAMENTO
8
Pequenos lábios: pequenas pregas de pele, de coloração avermelhada e aparência
mucosa. Situam-se entre os grandes lábios, não contém pêlos, contém grande número de vasos
sangüíneos e nervos, o que lhe conferem grande sensibilidade.
Clitóris: pequeno órgão cilíndrico, localizado na porção superior da vulva, na região em
que os pequenos lábios se unem anteriormente. Composto por tecido erétil, rico em vasos e
nervos, extremamente sensível, similar ao pênis. Também se observa glande, prepúcio e freio,
cuja aparência pode confundir com o orifício uretral.
Vestíbulo: área em forma de amêndoa, observada quando se afastam os pequenos lábios.
Orifício uretral (meato urinário): embora não faça parte dos órgãos genitais femininos, é
descrito conjuntamente por sua localização anatômica. Situa-se na linha média do vestíbulo, entre
o clitóris e o orifício vaginal.
Orifício vaginal (ou intróito vaginal): situa-se na porção inferior do vestíbulo, varia
consideravelmente em tamanho e forma. Coberto total ou parcialmente pelo hímen.
Hímen: tecido membranoso que varia muito em espessura e tamanho nas diferentes
mulheres.
Vagina: canal músculo-membranoso que liga os órgãos reprodutores externos e internos
tem a função de receber o pênis durante o ato sexual, alem de servir de canal para o parto e
escoar o fluxo menstrual.
Gestantes 2005
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O DIAFRAGMA PÉLVICO E A REGIÃO PERINEAL
É a área situada entre as coxas que se estende desde a região púbica até o cóccix. É
constituído de vários pares de músculos que fazem a sustentação dos órgãos pélvicos e
abdominais e tem importante papel na constrição da vagina, reto e ânus.
CENTRO DE FORMAÇÃO, TREINAMENTO E APERFEIÇOAMENTO
10
Ó R G Ã O S I N T E R N O S
Útero: órgão em forma de pêra invertida, situado na cavidade pélvica entre a bexiga e o reto,
cuja extremidade inferior (cérvix ou colo) se projeta para dentro da vagina e cuja porção superior
se une com uma tuba (trompa) de cada lado. É onde o bebê se desenvolve na gravidez e através
do qual a menstruação ocorre. Seu tamanho é bastante variável, mas tem cerca de 7,5 cm de
comprimento e cerca de 60g de peso. É composto de três camadas.
A serosa é a mais externa, também denominada perimétrio.
A intermediária, denominada miométrio, é composta de tecido
muscular, pelo qual se espalham vasos sangüíneos, linfáticos e
nervos e forma a maior parte do útero. A disposição de suas
fibras musculares é única. Elas correm em direção longitudinal,
circular e espiral, se intercruzando em todas as direções e
formando uma verdadeira rede, que permitem sua tamanha
distensão na gravidez; e a força necessária para as impulsionar o
bebê no momento do parto e conter o sangramento dos vasos
em seguida, através de seus movimentos de contração.
A camada interna, mucosa, é denominada endométrio. É uma
membrana rósea, aveludada, altamente vascularizada, que
contém numerosas glândulas, e sofre constantes alterações
Gestantes 2005
CENTRO DE FORMAÇÃO, TREINAMENTO E APERFEIÇOAMENTO
11
cíclicas durante o período reprodutor (ciclo menstrual). É a
camada que se desprende no processo da menstruação.
Ovários: são as glândulas sexuais (gônadas) da mulher. São dois órgãos pequenos, ovais,
achatados, localizados um de cada lado do útero. Têm duas funções vitais: (1) produzem,
amadurecem e expulsam os óvulos e (2) elaboram dois hormônios esteróides, o estrogênio e a
progesterona, que exercem influência importante na preparação do endométrio para a
implantação do óvulo fertilizado e que também têm ação sobre muitos outros sistemas, incluindo
ossos, músculos, sangue e processos metabólicos.
Tubas uterinas (trompas de Falópio): são dois delgados canais musculares, que se dirigem,
um de cada lado, dos cornos da cavidade uterina para os ovários e proporcionam o trajeto
através do qual os óvulos alcançam o útero. É em seu interior que ocorre a fecundação.
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12
A P L A C E N T A E A S M E M B R A N A S F E T A I S
Embrião com 5 semanas; saco e líquido
amniótico, placenta em formação
As membranas fetais incluem o córion (mais externa) e o âmnio (mais interna). O âmnio
envolve o embrião completamente em um saco membranoso, que recai sobre o cordão
umbilical, formando sua cobertura externa.
O líquido amniótico circunda o embrião e conforme este se desenvolve, aumenta também a
quantidade de líquido e a cavidade amniótica. O volume, ao final da gravidez, é de cerca de
850ml. É formado por cerca de 98% de água e 2% de sólidos orgânicos e inorgânicos e foi
determinado que ele é completamente substituído cerca de uma vez a cada 3 horas. Suas funções
são várias como facilitar a locomoção do feto no interior do útero; proteção contra lesões
através de um “amortecimento” das pressões e manutenção da temperatura uniforme. O feto
começa a engolir o líquido em torno do quarto mês de desenvolvimento, o que indica que pode
ser importante para o metabolismo fetal. Além disso, agindo como uma pressão aquosa, quando
forçado para baixo nas contrações uterinas do trabalho de parto, pode ser importante na
dilatação do colo. Como o líquido contém células que se originam com o feto, sua análise dá
informações importantes relacionadas à saúde e maturação fetais.
Gestantes 2005
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13
Placenta: órgão vital para o feto, serve como pulmão, trato intestinal, rins e glândulas
endócrinas, produzindo hormônios que servirão ao feto e necessários para a manutenção da
gravidez. Suas atividades incluem o transporte de oxigênio e de metabólitos da mãe para o feto, a
eliminação de produtos degradados pelo feto para a circulação materna, e a produção de
hormônios proteicos e esteróides. Ao final da gestação, a placenta pesa de um sexto a um sétimo
do peso da criança; é uma massa achatada, regularmente redonda, com cerca de 15 a 20cm de
diâmetro, que se descola, normalmente, junto com as membranas fetais, quase imediatamente
após o nascimento da criança.
Cordão umbilical: o sangue do feto flui através das duas artérias umbilicais para a placenta,
onde deixa seus produtos degradados, e a veia conduz sangue oxigenado e sustento alimentar da
placenta para o feto. O cordão umbilical se desenvolve com o feto. No termo, mede cerca de
55cm de comprimento, podendo variar de 30 a 100cm. Tem uma aparência branco-leitosa, é
umido e meio espiralado.
CENTRO DE FORMAÇÃO, TREINAMENTO E APERFEIÇOAMENTO
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A L T E R A Ç Õ E S F Í S I C A S D U R A N T E A G E S T A Ç Ã O
H O R M Ô N I O S
A placenta sintetiza grande quantidade de hormônios, entre eles estão a progesterona e
estrogênios o quais são encontrados na circulação fetal e materna. Antes que a placenta esteja
formada, o ovário produz progesterona até que ela seja capaz de produzi-la. Estes hormônios
participam de muitas alterações fisiológicas na gravidez. Como:
PROGESTERONA
A progesterona produz um efeito calmante sobre as contrações uterinas, assim com a
diminuição da contratilidade do músculo, o embrião pode implantar-se e desenvolver-se
protegendo-se contra a expulsão gerada pela contração uterina. Este hormômio também produz
um efeito relaxante sobre o músculo liso em várias outras partes do corpo durante a gravidez e é
também responsável, junto com o estrogênio, pelo crescimento das mamas e deposição de
gordura corporal.
ESTROGÊNIOS
A placenta produz o estrogênio que é responsável pelo crescimento uterino e junto com
a progesterona participa de outros fenômenos fisiológicos.
Ú T E R O
O peso do útero aumenta aproximadamente 20 vezes, de cerca de 60g, antes da
gestação, para cerca de 1 kg no final da gravidez. O útero cresce de tamanho de 5 a 6 vezes e
aumenta sua capacidade de 500 a 1000 vezes. Para atender a demanda metabólica gerada pelo
feto, o suprimento de sangue para o útero aumenta 40 vezes. Podem ser sentidas contrações
uterinas irregulares e indolores durante toda a gravidez.
C O L O U T E R I N O
Entre a vagina e o corpo do útero, existe um canal denominado canal cervical ou colo
uterino. Este canal se torna edemaciado(inchado), há um aumento na circulação local e as
glândulas cervicais se proliferam formando uma rolha de muco (tampão mucoso) o qual será
Gestantes 2005
CENTRO DE FORMAÇÃO, TREINAMENTO E APERFEIÇOAMENTO
15
expelido durante o trabalho de parto quando este canal se dilatar. Além disso, o colo fica mais
macio, mais curto, mais elástico e com maior diâmetro.
V A G I N A
Existe um aumento da vascularização do tecido da vagina tornando-o mais avermelhado
ou mesmo púrpura. Para preparar a parede vaginal para a distensão do parto a mucosa fica mais
espessa e com uma maior musculatura. A secreção vaginal torna-se mais abundante, espessa,
branca e tem um pH mais ácido, ajudando a manter a vagina relativamente livre de bactérias.
M A M A S
São acentuadas as modificações das mamas. Sob ação hormonal, ocorre um
desenvolvimento de tecido glandular, para que seja possível a produção láctea. As mamas
aumentam de tamanho, sensibilidade, firmeza e ficam nodulares. Há um aumento considerável na
vascularização das mamas tornando as veias superficiais mais visíveis. Os mamilos e aréolas ficam
maiores e mais proeminentes. Existe um aumento médio de cerca de 700g para cada mama.
Pelo fim do segundo trimestre, uma pequena quantidade de líquido fino e amarelado
(colostro) é secretado para os ductos. No fim da gestação as glândulas estarão prontas para
produzir leite mas a secreção é inibida pelo auto nível de progesterona na gestação e pela falta de
estimulação.
A B D Ô M E N
A medida que o útero cresce, o contorno do abdome é modificado. No fim da gravidez,
os órgãos abdominais superiores ficam espremidos na parte superior da cavidade abdominal e os
intestinos ficam acima, por trás e dos lados do útero.
S I S T E M A C A R D I O V A S C U L A R
Os ajustes do sistema circulatório adaptam o corpo da mãe às exigências da gravidez e
proporcionam crescimento e desenvolvimento adequados ao feto, garantindo o aporte de
nutrientes e a remoção de escórias de forma eficaz.
O volume sanguíneo aumenta em 1 a 1,5litro para preencher o sistema vascular
grandemente aumentado do útero ajudando a proteger a mãe e o feto do retorno venoso
deficiente das extremidades inferiores.
CENTRO DE FORMAÇÃO, TREINAMENTO E APERFEIÇOAMENTO
16
A L T E R A Ç Õ E S D O F L U X O S A N G U Í N E O
O fluxo sanguíneo uterino aumenta enormemente para atender o feto, alcançando um
fluxo de 20 a 40 vezes maior que antes da gestação.
O fluxo sanguíneo na pele é maior durante a gestação, especialmente nas mãos e pés. As
grávidas sentem-se quentes e encaloradas. O fluxo sanguíneo nas mãos é de 6 a 7 vezes maior
que antes da gravidez com o objetivo de eliminar o calor do corpo dissipando o calor gerado
pelo feto e metabolismo ampliado.
As mucosas nasais também têm um fluxo mais alto ocasionando congestão nasal e
tendência a sangramentos
A capacidade da veias das pernas para armazenar sangue aumenta. Este represamento de
sangue nas pernas e o aumento da pressão venosa, provocada pela pressão do útero pesado
sobre as principais veias abdominais e pélvicas, contribuem para o edema dos pés e pernas e
para o aumento da incidência de varises.
Todas essas alterações contribuem para problemas circulatórios: edema dos pés e
pernas, varizes e hemorróidas
O QUE FAZER
Evitar períodos prolongados de pé ou sentada
Evitar suspender grandes pesos
Usar meias
Não usar roupas apertadas
Fazer exercícios
Deitar do lado esquerdo para que o útero pesado não pressione as grandes veias
que passam por trás dele e não prejudique o fluxo sanguíneo para a placenta.
A P A R E L H O R E S P I R A T Ó R I O
Ajustes respiratórios são feitos na gravidez para responder às necessidades tanto
maternas quanto fetais. A respiração se torna um pouco mais profunda e a frequência
respiratória ligeiramente mais elevada, o diafragma eleva-se e o tórax alarga-se.
Gestantes 2005
CENTRO DE FORMAÇÃO, TREINAMENTO E APERFEIÇOAMENTO
17
S I S T E M A U R I N Á R I O
Há uma elevação do fluxo sanguíneo através dos rins aumentando a taxa de filtração de
aproximadamente 120ml/min para até 170 ml/min. Este aumento da filtração renal associado ao
fato do útero pressionar a bexiga diminuindo a sua capacidade de armazenamento causa o
aumento da frequência urinária
O QUE FAZER
Inclinar-se para frente na hora de urinar
Evitar tomar muito líquido antes de dormir
S I S T E M A G A S T R I N T E S T I N A L
È comum, no início da gravidez a presença de náuseas e vômitos. As gengivas costumam
sangrar com facilidade.
Durante toda a gestação, com predominância no último trimestre, quase sempre a
grávida sente azia que é causada por regurgitações do conteúdo estomacal para o esôfago
devido ao relaxamento do estômago e da mudança de sua posição.
Um relaxamento geral do tônus de todo o trato gastrintestinal é característico do
relaxamento da musculatura lisa na gravidez, predispondo, com frequência, a constipação (prisão
de ventre).
O QUE FAZER
Evitar ganho excessivo de peso
Comer várias refeições pequenas
Comer devagar mastigando completamente
Dormir com a cabeça elevada
Constipação: beber muito líquido e fazer exercícios
CENTRO DE FORMAÇÃO, TREINAMENTO E APERFEIÇOAMENTO
18
S I S T E M A M Ú S C U L O E S Q U E L É T I C O
Como preparação para o parto normal, as cartilagens pélvicas tornam-se amolecidas, as
articulações da bacia têm mais mobilidade e há um relaxamento acentuado dos ligamentos.
O tamanho e o peso aumentados do útero durante a gravidez mudam o centro de
gravidade para a frente, aumentando a lordose como um esforço para equilibrar o corpo. A
instabilidade das articulações pélvicas e a mudança de postura tendem a causar tropeços e
quedas e levam à dor nas costas.
O QUE FAZER
Usar sapatos baixos e confortáveis
Corrigir postura
Evitar atividades que possam levar a quedas e tropeços
A L T E R A Ç Õ E S N A P E L E
As alterações na pele consistem em: fluxo sanguíneo aumentado, aparecimento de
aranhas vasculares, intensificação da cor das áreas pigmentadas e aparecimento de estrias. Os
mamilos e aréolas tornam-se mais escuros, uma linha escura vertical divide o abdome e, às vezes,
aparecem manchas acastanhadas na face como uma máscara ao redor dos olhos e sobre o nariz e
bochechas (chamado de cloasma gravídico).
O QUE FAZER
Não engordar excessivamente
Usar filtro solar diariamente
F A D I G A , C A N S A Ç O E S O N O
No primeiro trimestre, o corpo está se adaptando às novas exigências e a placenta está
se formando, por isso é comum a sensação de cansaço e sono. Por volta do 4º mês, recuperam-
se as energias e no último trimestre, a grávida volta a sentir fadiga e cansaço.
Gestantes 2005
CENTRO DE FORMAÇÃO, TREINAMENTO E APERFEIÇOAMENTO
19
O QUE FAZER
Mime a si mesma – Se é a sua primeira gravidez, desfrute do que talvez seja a sua
última chance durante muito tempo para concentrar-se em você mesma sem se
sentir culpada.
Repousar
Soneca a tarde
Dormir mais
P R E S T E A T E N Ç Ã O À D I E T A , P O I S A
D E F I C I Ê N C I A D E F E R R O , P R O T E Í N A S O U
C A L O R I A S P O D E M A G R A V A R
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20
A S P E C T O S E M O C I O N A I S D A G E S T A Ç Ã O
Muitos motivos podem levar uma pessoa
a querer ter um filho. Ser pai e mãe pode
representar muitas coisas, como ter muitas
alegrias ou tristezas. Confortos e desconfortos,
dúvidas, preocupações, medos e algumas
certezas.
Para quê ter filhos se não podemos contê-
los? Talvez seja uma forma de preencher o tempo. Realizar os sonhos da infância e adolescência.
Prolongar a vida, dando continuidade a existência dos pais. Acertar a relação conjugal. Realizar
através dos filhos o que não conseguimos realizar. Ter através deles o que não conseguimos ter.
Seguir os padrões sociais, livrando-nos das cobranças do tipo: “E aí... Quando vem o bebê?”
Cada gravidez é única, assim como cada fase da vida. As reações de surpresa, decepção,
alegria, tristeza, contentamento, desânimo, expectativa, tensão, bem estar, entre tantas outras,
acompanham o momento do casal, podendo variar a cada dia, semana e mês ou mesmo estarem
presentes simultaneamente.
A transformação física e emocional da mulher leva o homem a entrar em contato com
suas próprias emoções e sentimentos, até então escondidos em seu inconsciente. O futuro pai
passa por um período de transição, no qual afloram emoções profundas, com comportamentos
variados, difíceis de entender.
O estresse decorrente dessas situações pode levar ao afastamento do casal. É necessário
que a mulher compreenda que, para ela, a gravidez chega de forma rápida, com mudanças
concretas e palpáveis. Para o homem, no entanto, vai chegando devagar, à medida que cresce a
barriga da parceira e que ele também pode sentir os movimentos do bebê.
O casal deve estar preparado para que a maternidade e a paternidade sejam conscientes.
Para que possam assumir o papel de pai e mãe é necessário abrir mão da individualidade, aceitar
as limitações impostas pela gestação e criação do filho que ao nascer é totalmente dependente.
Se a gravidez foi ou não desejada e planejada, ela será mais bem vivenciada se for conduzida com
carinho, afeto, contato físico, tolerância e respeito. Se acreditarem no que estão fazendo,
passarão sem dificuldades da relação a dois para a relação de família.
Gestantes 2005
CENTRO DE FORMAÇÃO, TREINAMENTO E APERFEIÇOAMENTO
21
É importante que ambos se conscientizem de que o
período da gravidez é um momento próprio para o
autoconhecimento e passem a trabalhar seus conflitos
individuais e do casal, se necessário com ajuda terapêutica.
Crescer como pessoa junto com a criança que está para
nascer é uma experiência gratificante.
Quando uma criança é concebida, já há na mãe e no
pai uma organização de fantasias e de expectativas ligadas à concepção e ao desenvolvimento da
criança. Isto é verdadeiro tanto para as gestações programadas quanto para as concepções
acidentais.
Se do ponto de vista biológico a gravidez começa com a concepção, do ponto de vista
psicológico há uma história do pai e da mãe, dentro da qual já estão reservados padrões de
relacionamento a serem estabelecidos com a vinda da criança. A história dos pais como criança
se reflete nos desejos e expectativas para o bebê que o casal aguarda, que também sofre
influência da cultura e do grupo familiar.
O relacionamento com os pais assume uma nova importância quando o casal se aproxima
da maternidade/paternidade. Ter uma visão das atitudes e crenças familiares com relação a sexo,
gravidez e parto, assim como explorar qualquer assunto que a deixe inquieta pode ajudar
bastante, principalmente estarem abertos a ouvir e compartilhar as dúvidas.
A gravidez é uma fase de transição, metamorfose, período de iniciação que faz parte do
processo normal do desenvolvimento. Envolve a necessidade de reestruturação e reajustamento
em várias dimensões: verifica-se mudança de identidade e uma nova definição de papéis – a
mulher passa a se olhar e a ser olhada de uma maneira diferente. No caso do primeiro filho a
grávida além de filha e mulher, passa a ser mãe; no caso do segundo ou mais filhos, verifica-se a
mudança de identidade, pois ser mãe de um filho é diferente de ser mãe de dois, três ou mais.
Com a vinda de cada filho toda a composição, organização e intercomunicação familiar se altera.
A complexidade das mudanças provocadas pela vinda do bebê não se restringe apenas às
variáveis psicológicas e bioquímicas: os fatores socioeconômicos também são fundamentais.
Privações reais sejam afetivas, sejam econômicas, aumentam a tensão, intensificam a regressão e
a ambivalência. A preocupação com o futuro aumenta as necessidades da grávida e intensifica sua
frustração, gerando raiva e ressentimento, que a impede de encontrar gratificação na gravidez.
CENTRO DE FORMAÇÃO, TREINAMENTO E APERFEIÇOAMENTO
22
A gravidez pode ser um dos mais felizes períodos na vida de um casal, cheio de mistérios,
de crescimento físico e emocional; embora uma gestante possa diferir de outra em alguns
aspectos, há inúmeras experiências que são comuns a todas e que as unem numa das mais felizes
aventuras, que se chama maternidade.
É importante ressaltar que toda gravidez bem aceita, planejada, oriunda de pais
saudáveis, sempre trará consigo alguns temores. As ansiedades serão mínimas, mas surgirão e
qualquer alteração pode gerar fantasias ligadas à rejeição da gravidez. Para minimizar esses
efeitos os programas de acompanhamento e apoio à gestação são criados e nos grupos é possível
reconhecer as semelhanças nos conflitos vivenciados em cada fase da gravidez. Compartilhar
seus momentos com o companheiro e permitir que o bebê vivencie a troca afetiva entre o casal
pode transformar este período em preparação, tanto emocional como fisicamente, para
enfrentar os desafios do parto e da maternidade.
O vínculo entre pai e filho começa antes do nascimento e pode ser experimentado
durante a gestação, sempre que possível. Vivenciar a gestação é ser companheiro da gestante,
estar ao seu lado na hora do desconforto, reconhecer o seu cansaço, colaborar para seu
descanso, relaxar junto, conversar sobre as transformações que ocorrem com o corpo materno
e sobre o sentimento gerado pelo crescimento de um novo ser dentro de si.
O pai pode reagir à necessidade de maior proteção e cuidado por parte da mulher
assumindo um papel protetor e compartilhando com ela a tarefa de cuidar do bebê, vivenciar
junto com a mulher os temores e as ansiedades referentes ao parto e ao puerpério, compartilhar
com ela as expectativas e fantasias em relação ao bebê e, dessa forma, também elaborar dentro
de si sua relação com a criança.
Gestantes 2005
CENTRO DE FORMAÇÃO, TREINAMENTO E APERFEIÇOAMENTO
23
T R A N S F O R M A Ç Õ E S E M U D A N Ç A S
A percepção da gravidez pode ocorrer bem antes da
confirmação pelo exame clínico e até mesmo antes da data em que
deveria ocorrer a menstruação. Não é raro a mulher captar de modo
inconsciente as transformações bioquímicas e corporais que assinalam
a presença da gravidez e expressar essa percepção através de sonhos
ou “intuições”.
Existem mulheres que só descobrem a gravidez no quarto ou
quinto mês, ou porque têm pouca sintonia com o próprio corpo e
negam a existência das transformações provocadas pela gestação, ou
porque na história ginecológica há episódios de amenorréia prolongada, ou porque sangramentos
eventuais no primeiro trimestre são confundidos com menstruação.
É a partir do momento dessa percepção que se inicia a formação da relação mãe-bebê e
as modificações na rede de intercomunicação familiar. É nesse momento que se instala a vivência
básica da gravidez, que vai se manifestar sob diversas formas durante a gestação e após o parto: a
ambivalência afetiva. Há sempre uma oscilação entre
desejar e não desejar este filho. Não existe uma gravidez
totalmente aceita ou totalmente rejeitada; mesmo quando
há clara predominância de aceitação ou rejeição, o
sentimento oposto jamais está inteiramente ausente. Esse
fenômeno é absolutamente natural e caracteriza todos os
relacionamentos interpessoais significativos.
No primeiro trimestre, o bebê ainda não é
conscientemente sentido, e as manifestações mais comuns
da ambivalência são os sentimentos de dúvida entre estar
ou não grávida, mesmo após a confirmação clínica, que
por sua vez, também tende a evocar uma mistura de
sentimentos de alegria, apreensão, irrealidade e, em
alguns casos franca rejeição. O mais importante é aceitar-se inteiramente, respeitando seu
momento e aprendendo a amar-se para poder amar seu bebê.
Certas perturbações emocionais são inevitáveis e fazem parte do cotidiano de qualquer
grávida. Mas é importante lembrar que ela pode, em vários momentos do dia, dedicar ao bebê
CENTRO DE FORMAÇÃO, TREINAMENTO E APERFEIÇOAMENTO
24
uma atenção dirigida: conversando com ele baixinho, contando das suas atividades e ocupações,
dos preparativos feitos para recebê-lo, cantarolando cantigas de ninar, acariciando-o com ternura
através do seu ventre, dedicando-lhe muito carinho.
Quando a mãe vive momentos de estresse agudo ou alguma outra situação de
perturbação emocional, o bebê percebe essas sensações através de substâncias químicas geradas
pelo estresse causando-lhe desconforto. Em tais momentos as conversas tranquilizadoras que a
mãe pode ter com o seu filho visam restituir a ele a sensação de segurança, otimismo e
esperança, reforçando e reassegurando a permanência do vínculo de vida entre ambos.
As oscilações de humor, tão freqüentes desde o início da gravidez, estão intimamente
relacionadas com as alterações do metabolismo. É comum a mulher passar da tristeza à euforia
sem motivo aparente e parece também que esses estados de humor não estão associados à
atitude para com a gravidez: mulheres que aceitam a
gravidez podem passar por períodos de depressivos e crises
de choro e mulheres que rejeitam a gravidez podem passar
por períodos de grande euforia e bem-estar. Com
freqüência, a pessoa passa por “altos e baixos”, sente-se mais
vulnerável, como se estivesse com “pele fina”. Isso sugere
que as oscilações de humor devem-se ao próprio esforço de
adaptação a uma nova realidade da vida, que envolve novas
tarefas, responsabilidades, aprendizagem e descobertas.
O aumento de sensibilidade está intimamente ligado a
essas oscilações de humor; além de haver, em geral, maior
sensibilidade nas áreas de olfato, paladar e audição, isso se
expressa também na área emocional através do aumento da
irritabilidade e a mulher fica mais irritada e vulnerável a certos estímulos externos que antes não
a afetavam tanto, chora e ri com mais facilidade.
O segundo trimestre pode ser considerado o mais estável do ponto de vista
emocional. O impacto da percepção dos primeiros movimentos fetais é um fenômeno, pois é a
primeira vez que a mulher sente o bebê como uma realidade concreta dentro de si.
Os sentimentos de personificação do bebê se instalam mais fortemente quando a mulher
percebe os movimentos e passa a lhe atribuir certas características pessoais, de acordo com a sua
interpretação. A mãe pode dizer que o bebê é “carinhoso” ou “delicado”, se os movimentos
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percebidos são suaves; ou pode atribuir características agressivas se os movimentos são sentidos
como bruscos e violentos, como se fossem socos ou “patadas”.
As fantasias e as representações mentais que a mulher faz de si mesma e do seu futuro
bebê influencia o tipo de vínculo que ela formará com o filho. Compartilhe com o bebê seus
sentimentos, é durante a gestação que eles poderão iniciar uma relação de amizade que
permitirá que ele se desenvolva com mais saúde e se sinta mais confiante.
A maneira como a mulher sente as alterações no seu corpo está relacionada com as
alterações da sexualidade, com a atitude do homem em relação às modificações corporais da
mulher e com o modo em que ela própria se situa diante da gravidez. Algumas vezes a sensação
de ser fecunda e estar desabrochando como mulher vem acompanhada de sentimentos de
orgulho pelo corpo grávido, sobretudo quando esse novo aspecto da estética feminina é
compartilhado pelo marido.
Em outros casos, a sensação é oposta e as alterações do corpo são vividas como
deformações – a mulher se sente feia, sexualmente incapaz de atrair alguém. Quando essa
vivência é muito intensa, nem mesmo a atitude de admiração do homem pode ser aceita e a
mulher suspeita que existe apenas a intenção de consolá-la.
Na gravidez que transcorre normalmente a atividade sexual pode e deve ser mantida até
o final da gestação. A relação do casal deve ser respeitada e não há nenhum problema com o fato
de se atingir o orgasmo. Pelo contrário, a sensação de bem estar que acompanha uma relação
fundamentada no amor é muito bem vindo. E o casal sempre encontrará alternativas que
superem eventuais desconfortos relacionados a determinadas posições.
Sempre há a preocupação de não voltar à “forma antiga”, de ficar alargada e flácida
depois do parto. Esse temor pode ter um significado simbólico mais profundo: o medo de ficar
modificada como pessoa, pela experiência da maternidade, de não recuperar sua identidade e
transformar-se numa outra pessoa, com mais perdas do que ganhos.
A introversão e a passividade constituem características emocionais das mais peculiares
na gravidez. Em geral, a mulher sente que o ritmo de seu organismo fica mais lento. Tende a ficar
mais retraída; outras, ao contrário, referem aumento de atividade, de energia e disposição. Nesse
período a mulher sente maior necessidade de afetos, cuidados e proteção; precisa receber mais
do que dar e aparentemente as mulheres que mais recebem essa cota extra de afeto são as que
depois mais conseguem dar carinho e amor ao bebê; ao contrário, as que menos recebem
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tandem a apresentar dificuldades em desempenhar o papel de pessoa fundamentalmente
doadora e é comum privarem o bebê em suas necessidade de afeto.
Essa maior necessidade de receber afeto e atenção muitas vezes causa um grande
impacto na relação conjugal: o homem pode sentir-se excessivamente solicitado e exigido a dar
muito de si ao mesmo tempo em que está sendo mais privado de atenção e cuidados; pode ter
medo de ser eternamente “explorado”, ou de “ceder” e fazer com que a mulher fique “mimada”
para sempre.
No terceiro trimestre, o nível de ansiedade tende a elevar-se com a proximidade do
parto e da mudança de rotina da vida após a chegada do bebê. A ansiedade é especialmente
aguda nos dias que antecedem a data prevista e tende a intensificar-se ainda mais quando a data
prevista é ultrapassada. Os sentimentos geralmente são contraditórios; há vontade de ter um
filho e terminar a gravidez; e ao mesmo tempo há vontade de prolongar a gravidez para adiar a
necessidade de fazer as novas adaptações exigidas pela vinda do bebê.
Os temores específicos da maternidade muitas vezes se expressam em sonhos e fantasias
antes e após o parto. Na gravidez é comum sonhar com o parto, com o bebê e com as
alterações do esquema corporal; as expectativas em relação a si própria como mãe e em relação
ao bebê são temas também freqüentemente expressos em sonhos. Tomar nota dos sonhos,
assim que acordar, pode ajuda-la ainda mais a explorar seu mundo interior.
No final da gestação a gestante pode se sentir mais insegura. Diante da realidade da
aproximação do parto e da maternidade, algumas vezes você poderá sentir ansiedade medo ou
mesmo pânico. É muito natural, ter dúvidas sobre sua habilidade de lidar com as dores do parto
ou sua capacidade de ter um bebê perfeito. Reconhecer e exprimir estes receios são uma das
maneiras de superá-los. Quando o bebê estiver pronto para nascer, aceite a separação
naturalmente, por menos que se queira, um dia ele terá que enfrentar o mundo lá de fora. Pense
nisso de forma positiva e não com pesar.
A sua relação com o bebê pode auxiliar vocês dois na hora do parto. Pense e programe
com ele a separação dos corpos e as novas uniões que se darão entre vocês através do contato
íntimo da amamentação. Converse com o bebê, deixe que ele perceba a sua voz, não se iniba
com os comentários. Essas atitudes contribuirão para que a gestação seja vivida como um ato de
amor pleno.
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S E X U A L I D A D E N A G R A V I D E Z
Por mais que a humanidade tenha evoluído
em todos os sentidos, o assunto sexo ainda é
considerado um tabu. Com certeza, uma mulher
que acredita que sexo é sujo e feio vai ter mais
dificuldade de curtir, ter prazer e orgasmo na sua
vida sexual, e um homem que pensa que a mulher
que tem prazer sexual não é direita inibirá sua
companheira e terá com ela uma vida sexual muito
menos prazerosa.
Quando falamos em sexo estamos
querendo dizer alguma coisa além do fato de ser homem ou mulher. Geralmente nos referimos
ao ato sexual, mas a sexualidade envolve também os sentimentos e desejos. Várias das nossas
atitudes podem revelar a sexualidade: um olhar, um roçar de mãos, o jeito de andar e falar, de
disputar uma competição esportiva, de trabalhar. Sendo assim, definimos a sexualidade humana
como sendo um conjunto de fatores bio-psico-sociais que envolvem o comportamento sexual de
um indivíduo.
Temos curiosidade quanto ao nosso corpo e sentimos prazer quando tocamos certas
partes dele, além disso, as fantasias sexuais fazem parte do desenvolvimento da nossa capacidade
de amar e ter prazer sexual.
A atividade sexual na gravidez é muito importante, especialmente para o bom
relacionamento do casal, pois o desejo sexual existe durante os nove meses de desenvolvimento
do bebê.
Embora seja comum que algumas pessoas, quando grávidas, acabem por nutrir algum
mito – que impeça ou dificulte o sexo na gravidez – outras vivenciam a sua sexualidade de uma
maneira intensa. Durante a gravidez, a mulher passa por tanta mudança, sente-se tão diferente
“por dentro”, sujeita a tantos impulsos inesperados e extravagantes que a libido sofre alguns
efeitos. Além disso, à medida que progride, muitas vezes sobrevêm abalos ao autoconceito físico,
um sentimento de estar “deformada”, “ridícula”, talvez até “repulsiva”. Tudo isso, pode afetar a
disposição sexual.
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As dificuldades emocionais que as mulheres podem viver durante a gravidez e no início
da maternidade são, na maior parte dos casos, resultados de uma má identificação com a figura
feminina. Isso não diz respeito à mãe real que ela tem, mas à figura materna que ela tem dentro
de si. Se essa relação com a figura feminina é conflituosa, toda a relação com a sexualidade
também vai ser. Ao contrário, se ela incorporou sentimentos positivos em relação a ser mulher e
mãe, a experiência será cheia de prazer.
O homem vive uma situação semelhante. Quando ele teve uma relação afetuosa com os
próprios pais, suas condições de acolher uma mulher grávida são excelentes. Mas haverá conflito
se, por exemplo, abrigar dentro de si a imagem de uma mãe muito perfeita, muito idealizada,
porque a mulher nunca será igual à mãe dele, nem à mãe que ele acha que ela deveria ser.
Ao contrário do que muitas mulheres receiam,
poucos parceiros acham a mulher menos atraente por
efeito das alterações que o corpo dela sofre na gravidez.
Nota-se que a maioria das mulheres fica mais bonita na
gravidez. Além disso, muitos parceiros sentem aumentar a
ternura pela companheira, o que melhora o clima afetivo.
O que de fato ocorre é que, no primeiro trimestre
da gravidez, talvez exista uma perda de interesse ou
diminuição das atividades sexuais. É comum o
aparecimento de enjôos matinais que acarretam uma certa indisposição na mulher grávida. Esse
fator pode afastá-la temporariamente de manter relações sexuais. O elevado nível de fadiga,
comum no primeiro trimestre da gestação, também pode ser uma das causas da diminuição do
interesse pelo sexo. Um possível temor da perda da referência
corporal também pode resultar em uma freqüência menor da
atividade sexual. Além disso, as alterações hormonais ou os fatores
emocionais ligados à aceitação da gravidez podem diminuir o desejo
sexual de algumas mulheres.
No segundo trimestre, observamos um aumento da
sexualidade de 80% das mulheres grávidas. Além do aumento da
libido, na qual a mulher tem o desejo aumentado, os orgasmos costumam ser mais intensos.
Talvez este fenômeno ocorra em função da mulher não ficar mais preocupada se vai ou não
engravidar. Em outras palavras, desaparece a preocupação com a concepção e a contracepção.
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Os depoimentos de mulheres grávidas também mencionam mais fantasias e sonhos eróticos
nesse período do que em outros do estado não gravídico.
No terceiro trimestre, é comum que ocorra uma queda na freqüência das relações
sexuais. Em parte esse desinteresse pode estar ligado ao maior desconforto físico dessa fase, mas
é provável que fatores psicológicos e hormonais também influam. O peso e o tamanho da barriga
pode tornar o sexo incômodo.
É nesse momento que alguns casais acabam por buscar
posições sexuais alternativas, muitas delas experimentadas pela
primeira vez. A preocupação com o bebê tende aumentar
neste período da gestação, o que pode conduzir a uma
abstenção sexual voluntária. Além disso, algumas mulheres acreditam que ficam menos atraentes
fisicamente, fatos negados por alguns parceiros. Ao contrário, os homens parecem estar mais
preocupados em causar danos ao bebê ou à parceira.
Apesar de culturalmente existir a idéia da diminuição
da freqüência sexual na gravidez, este é o período no qual a
mulher tem necessidade de se sentir querida e amparada.
Neste caso, os sentimentos de intimidade e prazer
transmitidos pela relação sexual podem contribuir para uma
sensação de bem estar. Por outro lado, caso haja a
interrupção das atividades sexuais durante a gravidez, o relacionamento do casal poderá ficar
seriamente prejudicado. O homem tenderá se sentir enciumado ou até mesmo abandonado; a
sensação de exclusão pode ser aumentada quando existe uma menor atividade sexual.
De uma maneira geral, o relacionamento sexual, benéfico para os parceiros, também é
positivo para o feto, que irá receber essa energia de amor e carinho, contribuindo para a sua
segurança e desenvolvimento. Segundo Rodrigues “para manter o bem estar da mãe e do bebê
durante o ato sexual é importante ter cuidados básicos essenciais como uma posição
confortável”. Rodrigues ainda afirma que “se a mãe está feliz e relaxada, provavelmente o bebê
também estará”.
Quanto a posições sexuais, as
laterais, de costas, de quatro ou com a
mulher opor cima, são mais indicadas por
serem mais cômodas. Porém tudo depende
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da
criatividade do casal.
Os diversos exercícios, indicados durante a gravidez, podem levar à mulher a conhecer
melhor o corpo e estar a vontade com ele. Logo, com o aumento da libido, as práticas de
masturbação também tendem a aumentar neste período. Além do mais, nem sempre o parceiro
está à disposição quando surge o desejo sexual.
Durante a gravidez, algumas influências negativas podem ocorrer. Alguns homens, por
insegurança, podem ressentir-se em função da ocasional indisposição física e psicológica da
mulher. Outros podem sentir agravamento dos conflitos ligados à associação da mulher com a
figura materna. E há também fatores de tensão nas responsabilidades (financeiras e outras) que
um filho sempre traz, seja ou não o primeiro. Ao contrário do que muitas mulheres pensam, o
homem se enche de temores durante essa fase. Um dos mais comuns é o de não corresponder à
responsabilidade que pesa sobre ele. Esse medo que ele sente poderá interferir no seu
desempenho sexual. A possibilidade de falar com sua companheira ajuda a dissipar receios como
esse. Por isso, é importante conversar sobre o que o casal imagina que é ser pai e mãe e seus
desejos sexuais, bem como revelar seus medos um ao outro.
O erotismo de alguns homens só pode funcionar em relação a mulheres muito jovens e,
diante da imagem de uma mulher fecunda e mãe que ele vive como imaculada, ele pode sentir-se
desarmado. Pode perceber, desde já, esse futuro filho, presente no corpo de sua mulher, como
um rival e se sentir excluído da relação.
A mulher, por sua vez, pode vivenciar o recuo do homem como uma rejeição dele a seu
filho ou como uma rejeição a ela mesma. É por isso que se observam alguns casais que, durante a
gravidez, não conseguem mais se relacionar, ele não podendo mais cortejá-la em função das
modificações físicas dela que o “bloqueiam”, ela fechando-se na sua gravidez, deixando-se
engordar sem controle, muitas vezes em excesso, como se ela apenas existisse como mulher
grávida e futura mãe.
O homem reagirá de várias formas às modificações do corpo
de sua mulher. Poderá vê-las como erotizantes ou repulsivas, mas o
homem não ficará indiferente. Ele demonstrará reações que
repercutirão sobre a mulher, quer ele se mostre enternecido,
excitado, intimidado ou alterado. O que nesse momento é
renegociado nas relações do casal e na sua sexualidade pode ser
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entendido como um modo de construir juntos um lugar para o filho que está por vir.
Na gravidez, o mito sexual mais freqüente é com relação à possibilidade do pênis
machucar o bebê. Ora, sabemos que o pênis não atravessa o útero através da cérvix ou colo do
útero. A inserção, quando o sexo é vaginal, se dá exclusivamente no canal vaginal, não havendo
possibilidade de o bebê ser atingido. Logo, a relação sexual e o orgasmo são inteiramente
seguros para a mãe e o bebê – salvo contra-indicações apontadas pelo médico como:
rompimento da “bolsa d’água”, hemorragias genitais, diminuição da espessura do útero e história
de abortos prematuros. É importante ressaltar que a maioria dos ginecologistas, atualmente, não
exige abstenção sexual nem mesmo nos três últimos meses.
Finalizando, a atividade sexual não é o único indicador da intimidade emocional, nem na
gravidez, nem fora dela. O prazer erótico envolve outras carícias e não necessariamente a
penetração. A motivação para encontrar novos meios de expressar afeição pode revigorar o
namoro de um casal de futuros pais.
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A T I V I D A D E F Í S I C A N A G R A V I D E Z
Como puderam perceber o corpo sofre inúmeras transformações durante a gravidez e
para melhor adaptar-se a elas e preparar-se melhor para o parto é importante que a mulher
esteja bem preparada fisicamente.
B E N E F Í C I O S D A A T I V I D A D E F Í S I C A
Melhora na circulação sanguínea;
Ampliação do equilíbrio muscular;
Redução do inchaço;
Alívio nos desconfortos intestinais, incluindo a obstipação;
Diminuição das câimbras nas pernas;
Fortalecimento da musculatura abdominal e assoalho pélvico e
Facilidade na recuperação pós-parto.
Muitos desconfortos comuns na gravidez – incluindo a tendência à formação de varizes,
as dores nas costas e as articulações e músculos doloridos – podem ser aliviados com os
exercícios.
Um bom programa de exercícios pode ainda melhorar a postura, que é seriamente
afetada pelo crescimento uterino e reduzir o desconforto associado a essas alterações.
Q U A N D O C O M E Ç A R ?
Após certificar-se junto ao seu médico que não há nenhuma condição restritiva à prática
de exercícios (Risco de parto prematuro; sangramento vaginal ou ruptura de membranas; retardo
no crescimento intra-uterino; suspeita de sofrimento fetal; doença miocárdica ativa; insuficiência
cardíaca congestiva; doença reumática cardíaca; tromboflebite; embolia pulmonar recente;
isoimunização grave), assim que a gestante se sentir confortável (geralmente por volta das 12
semanas), pode iniciar um programa de exercícios, mesmo que tenha sido sempre sedentária.
Este pode ser um ótimo momento para começar!
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Neste caso é indicado começar com exercícios leves e progredir lentamente. Além dos
exercícios específicos propostos, é bastante válida a complementação com atividades aeróbicas
como a caminhada, natação ou bicicleta ergométrica.
Quem já se exercita moderadamente tem boas chances de continuar sua atividade com
pouca variação, só precisando acrescentar os exercícios mais dirigidos ao fortalecimento do
assoalho pélvico, por exemplo, mais específicos para os objetivos da gravidez.
C O M P O N E N T E S D O P R O G R A M A D E E X E R C Í C I O S
♦ AQUECIMENTO – essencial no preparo da musculatura e alongamento
sem casar danos. Deve levar pelo menos 5 minutos
♦ ATIVIDADE AERÓBICA – aumenta a freqüência cardíaca, a capacidade de
receber oxigênio e o tônus muscular.
♦ EXERCÍCIOS DE FORTALECIMENTO MUSCULAR – especialmente para os
ombros, braços, abdômen, costas, pernas e músculos do assoalho
pélvico.
♦ DESAQUECIMENTO – ajuda a respiração e a freqüência cardíaca
retornarem ao normal e impede o acúmulo de sangue nas
extremidades. Deve levar uns 5 minutos.
♦ EXERCÍCIOS DE ALONGAMENTO – a fim de extender a musculatura e
torná-la mais flexível. Devem ser feitos sempre de forma lenta e suave
porque as articulações estão mais soltas. Duração sugerida de pelo
menos 5 minutos.
♦ RELAXAMENTO – podem ajudar tanto durante a gravidez quanto
durante o parto, aliviando a tensão muscular e propiciando conforto,
calma e equilíbrio.
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P O S T U R A
Como dito anteriormente, o peso uterino gera uma tendência de as costas curvarem-se
para trás a fim de compensar o deslocamento do centro de gravidade. Isso força a musculatura
das costas na parte inferior e na pelve, principalmente na época do parto. Portanto, em tudo o
que fizer, fique atenta para sua postura corporal. Evite levantar pesos e use saltos baixos, pois os
saltos altos inclinam o corpo ainda mais para frente.
Fortaleça também a musculatura do abdômen, das costas e das nádegas. Exemplo de
postura adequada:
Além disso, você deve tomar cuidado todas as vezes que for levantar-se do chão ou da
cama, bem como quando tiver que abaixar-se e suspender algum objeto. As figuras seguintes
ilustram a maneira adequada de realizar esses movimentos.
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A S S O A L H O P É L V I C O
Como já visto, a musculatura do assoalho pélvico serve de apoio para os órgãos pélvicos
e abdominais. Durante o parto, eles necessitarão esticar-se a fim de permitir a passagem do
bebê. Quando esses músculos estão tonificados e fortes, eles ajudam a mãe a Ter controle sobre
o parto, além de melhorarem o problema da incontinência urinária que ocorre especialmente no
final da gravidez.
Os exercícios de Kegel são extremamente importantes na tonificação e sustentação
desses músculos e devem ser feitos a qualquer hora, em qualquer lugar e devem ser feitos pelo
resto da vida. Faça de 3 a 5 repetições de cada exercício até atingir diariamente pelo menos 50
repetições dos diversos exercícios.
MOVIMENTO 1: Contraia os músculos do assoalho pélvico puxando-os para cima,
mantendo a contração por 3 a 5 segundos e depois solte-os.
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MOVIMENTO 2: Imagine que você está num elevador e a cada andar que você subir,
eleve um pouco mais o assoalho pélvico; quando alcançar o limite, não solte tudo, desça
gradualmente andar por andar.
MOVIMENTO 3: Contraia os músculos do assoalho pélvico e permaneça por cerca de
20 segundos, renovando a contração se ela se enfraquecer. Faça uma ou duas repetições várias
vezes ao dia.
S I N A I S D E A L E R T A P A R A P A R A R O S
E X E R C Í C I O S
Se alguns dos sintomas seguintes forem percebidos, você deve suspender os exercícios
imediatamente e consultar o seu médico:
♦ Sangramento vaginal
♦ Dor no abdômen ou no peito
♦ Perda de líquido pela vagina
♦ Inchaço repentino nas mãos, faces ou pés
♦ Dor de cabeça forte e persistente
♦ Tonturas ou sensação de luzes piscando
♦ Redução perceptível dos movimentos fetais
♦ Áreas doloridas e avermelhadas nas pernas
♦ Dor forte na área púbica ou nos quadris
♦ Dor ou sensação de ardência ao urinar
♦ Fluido vaginal que provoca irritação
♦ Temperatura acima de 38°C
♦ Náuseas ou vômitos persistentes
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EXEMPLOS DE ALGUNS EXERCÍCIOS
A seguir encontram-se alguns exemplos de exercícios úteis durante o período
gestacional. Existem muitos outros, além de programas específicos para a gestante em alguns
centros de atividade física. O importante mesmo é que você não deixe de praticá-los.
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Gestantes 2005
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A L I M E N T A Ç Ã O N A G R A V I D E Z
Este período, especial para a mulher, é rodeado de muitas dúvidas a respeito da
alimentação. Para a maioria das futuras mamães já está claro que a nutrição do seu bebê (feto) é
diretamente dependente de sua alimentação, mas como então contribuir da melhor forma para o
correto aporte de nutrientes? Do que meu bebê mais precisa? O que eu posso e não posso
comer? Estas e outras dúvidas são comuns, principalmente para as primíparas, porém, são muitos
simples de serem esclarecidas.
As necessidades nutricionais estão aumentadas na gestação, pouco em quantidade de
alimentos (calorias) e em maior proporção em qualidade. Necessidades de proteínas, cálcio,
ferro, ácido fólico, estão aumentadas, porém, os outros macro (carboidratos e lipídeos) e
micronutrientes (outras vitaminas e minerais) também devem estar presentes em quantidades
adequadas e fazendo parte de uma dieta balanceada.
Também são comuns desconfortos gastrointestinais como azia, náuseas e vômitos,
constipação, flatulência, hemorróidas, etc... . Estes desconfortos podem ser minimizados por
meio da alimentação. Algumas complicações metabólicas, como hipertensão, também guardam
profundo envolvimento com a alimentação na minimização e/ou prevenção de complicações.
Todas estas situações especiais e suas relações com a alimentação serão descritas mais adiante.
G A N H O D E P E S O E N E C E S S I D A D E S C A L Ó R I C A S
E D E N U T R I E N T E
Dependendo do estado nutricional e do peso da mulher, no início da gestação, pode-se
determinar a melhor conduta alimentar. A recomendação atual é que, para uma mulher
nutricionalmente saudável e com peso na faixa da normalidade, no primeiro trimestre da
gestação a quantidade ingerida de calorias seja a mesma para a de uma mulher não grávida com a
mesma idade, peso e altura. Ou seja, não são recomendados, nem necessários, aumentos de
calorias no início da gestação. No segundo e terceiro trimestres, recomenda-se um aporte de
300 Kcal diárias a mais. Percebe-se que, conforme dito anteriormente, em quantidade de
calorias necessárias, a diferença entre a alimentação de uma mulher grávida para uma não grávida
é muito pouca.
Em geral, mulheres que iniciam a gestação com peso normal (IMC * entre 20 e 25)
devem ter um aumento de peso entre 09 e 12 quilos até o final da gravidez. Gestantes obesas
podem limitar o ganho no limite inferior do recomendado, ou seja, 09 quilos e, dependendo de
CENTRO DE FORMAÇÃO, TREINAMENTO E APERFEIÇOAMENTO
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avaliação individual, pode-se inclusive recomendar ingestão calórica sem o acréscimo das 300
Kcal, até o final da gravidez. Mas atenção, nunca deve-se pensar em seguir uma dieta
restritiva para perda de peso.
Para mulheres com baixo peso (IMC* < 19) e para adolescentes considera-se normal um
ganho de peso de até 15 quilos e deve ser iniciado o acréscimo calórico de 300 Kcal diários
desde o início da gestação.
O aumento de peso na gravidez é fisiológico e necessário. Compreende o peso do feto,
da placenta, do líquido amniótico, da volemia, das mamas, do tecido adiposo. Espera-se, em
média, um aumento de 1 a 2 quilos no primeiro trimestre de gestação (algumas mulheres
nem sequer ganham peso outras até perdem peso devido aos desconfortos gastrointestinais
normais) e de 350 a 450g por semana até o final da gestação.
Independente do peso inicial da mulher, um aumento de vitaminas, minerais e proteínas
deve ser estabelecido, compondo uma dieta nutricionalmente balanceada e equilibrada. O
aumento na ingestão de proteínas na gestação justifica-se pelo rápido crescimento da criança,
pelo desenvolvimento da placenta, do líquido amniótico, pela hipertrofia do tecido materno e
pelo volume sanguíneo materno aumentado. Se a gestante não ingere carne ou produtos lácteos
(principais fontes protéicas) deve consultar um nutricionista para assegurar a ingestão adequada
de proteínas provenientes de outros alimentos.
Para que a proteína exerça o seu papel, de construtora de tecidos, é necessário que a
gestante esteja ingerindo calorias suficientes pois, se isso não ocorrer, as proteínas são desviadas
de função e o corpo irá usar as proteínas como forma de energia, ao invés de aproveitá-las para a
formação celular. Portanto, lembre-se sempre que, apesar de não ser necessário um aumento
calórico muito considerável na gravidez, apenas 300 calorias (é falsa aquela antiga idéia de
“comer por dois” ), a gestante também não deve comer pouco ou fazer dieta restritiva.
As calorias necessárias devem vir, em sua maioria, de alimentos ricos em carboidratos
complexos, conforme descrito mais adiante no item Pirâmide de Alimentos. Os alimentos
ricos em gordura também devem ser usados para obtenção de energia, em pouca quantidade,
mas os carboidratos é que são os combustíveis perfeitos para o cérebro e sistema nervoso, e são
considerados o combustível para a vida humana.
Em relação às vitaminas é importante saber que todas são essenciais na gestação e a
maioria delas pode ser obtida por meio de uma alimentação balanceada. Porém, uma vitamina
especialmente importante desde antes da gestação é o Ácido Fólico. Esta é uma vitamina do
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complexo B que pode prevenir defeitos no tubo neural no desenvolvimento do bebê. Portanto,
qualquer mulher que pensa em engravidar deveria assegurar a ingestão de pelo menos 400
microgramas diariamente (disponível na maioria dos pães, cereais, grãos integrais, arroz, massas
e verduras).
Os minerais também desempenham papéis importantes no organismo. Dois deles são
fundamentais na gravidez: Cálcio e Ferro. Se eles não forem consumidos na quantidade
adequada, o bebê usará o cálcio dos ossos da mãe e o ferro do sangue mãe, e a mãe não pode
suportar esta situação. É comum a prescrição médica de suplementos de ferro, mesmo tendo a
gestante uma alimentação balanceada e rica neste nutriente, devido a real necessidade deste
mineral. Converse com seu médico. As melhores fontes alimentares de ferro são as carnes
vermelhas, fígado, vegetais de folhas verde-escura, legumes, leguminosas e cereais enriquecidos.
Quanto ao cálcio, importante para a formação dos ossos do bebê, as melhores
fontes são o leite e seus derivados, nas proporções adequadas (Pirâmide
Alimentar). Nos casos de intolerância à lactose, podem ser usados reduzidos em
lactose ou leite de soja. Outras fontes de cálcio são: sardinhas, tofu preparado
com cálcio, vegetais de folhas verde-escura, figo seco, legumes e brócolis.
CENTRO DE FORMAÇÃO, TREINAMENTO E APERFEIÇOAMENTO
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Gorduras e açúcares
restrinja ao mínimo
Leguminosas: 1
Leite, iogurte e queijos:
3 porções
Frutas: 3 a 5 porçõesVerduras: 4 a 5 porções
Grãos, cereais, arroz e
massas: 5 a 9 porções
Carne, peixe, aves,
ovos: 1 a 2 porções
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G U I A A L I M E N T A R D I Á R I O , D E A C O R D O C O M A
P I R Â M I D E D E A L I M E N T O S
Uma alimentação saudável deve basear-se nos princípios da PIRÂMIDE DOS
ALIMENTOS. Esta é uma expressão gráfica das proporções em que os alimentos devem estar
presentes em nossa alimentação diária. Ela é dividida em cinco grupos e os alimentos são
distribuídos entre os grupos de acordo com sua função, nutriente fonte e quantidade diária a ser
ingerida.
Como se vê, os alimentos fontes de carboidratos complexos como os pães, os
cereais, as massas e os grãos são a base da pirâmide e portanto a base de uma alimentação
saudável. Estes são os alimentos conhecidos como energéticos, pois tem a função de fornecer
calorias (energia) para o organismo desenvolver suas atividades metabólicas e ainda, são
alimentos que contêm pouca gordura em sua composição. Nas versões integrais ainda
contribuem fornecendo fibras.
Logo depois encontramos o grupo das frutas e o grupo das verduras, fontes de
vitaminas, minerais e fibras, conhecidos como alimentos reguladores. A função das vitaminas
e minerais é participar da regulação do metabolismo, atuando como coenzimas para as reações
orgânicas e como elementos chaves na formação dos tecidos como ossos, dentes, pele, cabelos,
etc... .
Em menor proporção, aparecem dois grupos de alimentos protéicos ou
construtores: os (1) laticínios e (2) carnes, ovos e leguminosas. Estes alimentos podem ser
consumidos em pequenas quantidades, (em torno de 2 a 3 porções por dia para cada grupo).
Apesar de serem ricos em proteínas (nutriente responsável pela construção de novos tecidos,
pelo crescimento e reparação do desgaste natural dos tecidos) não precisam estar em excesso,
pois o exagero no consumo de proteína pode sobrecarregar as funções hepáticas e renais e,
ainda, estes alimentos contêm muita gordura do tipo saturada, prejudicial para artérias e sistema
cardiovascular. Em uma alimentação saudável deve-se optar pelas versões “magras” destes
alimentos (leite e derivados desnatados, carnes magras, etc... ) e ingerir as porções
recomendadas. Na gravidez pode-se privilegiar o grupo dos laticíneos, aumentando para 3 ou 4
porções diárias, pois estes alimentos também são ricos em cálcio, importante mineral na
formação do bebê.
CENTRO DE FORMAÇÃO, TREINAMENTO E APERFEIÇOAMENTO
44
No topo da pirâmide, estão representadas as gorduras adicionadas como óleo, manteiga,
etc..., e os doces/açúcares. Estes são os considerados energéticos extras e devem estar presentes
em quantidades bem pequenas.
Seguindo as proporções e quantidades da pirâmide e variando sempre a alimentação, o
indivíduo está colaborando para a manutenção da saúde, do peso corpóreo, e prevenindo
complicações e doenças crônicas como diabetes, hipertensão, colesterol elevado, entre outras.
Especificamente na gravidez, a vantagem do uso da pirâmide é que se pode comer de
tudo, sem enjoar da dieta, tornando os hábitos alimentares mais saudáveis, com a garantia do
correto fornecimento dos nutrientes essenciais para a boa saúde materna e formação do bebê.
Com o guia da pirâmide também se consegue uma alimentação com poucos doces e gorduras
garantindo um ganho de peso adequado.
Gestantes 2005
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45
GUIA ALIMENTAR DIÁRIO PARA GESTANTES,
DE ACORDO COM A PIRÂMIDE DE ALIMENTOS
Alimento Nº de porções ao dia Tamanho das porções
1 fatia de pão de forma ou integral
½ pão francês ou de hambúrguer
½ xícara de cereal cozido ou
massa
30 g de cereal integral
Cereais e equivalentes 06 a 11 porções
3 biscoitos ou torradas médias
1 fruta méd89ia
1 fatia média de fruta grande
(melancia, mamão, melão etc)
1 copo de frutas pequenas (uva,
morango etc)
¾ de xícara de suco puro
Frutas 2 a 4 porções
½ xícara de fruta seca ou cozida
1 xícara de vegetal cru
½ xícara de vegetal cozido
Vegetais 3 a 5 porções
¾ xícara de suco de vegetal
1 copo de leite ou iorguteLeite e derivados 3 a 4 porções
50 g de queijo
60 a 90 g de carne cozida, assada
ou grelhada.
2 xícaras de leguminosas
2
/3 a 1 xícara de oleaginosas
2
/3 a 1 xícara de tofu
Carnes e equivalentes 2 a 3 porções
2 ovos
CENTRO DE FORMAÇÃO, TREINAMENTO E APERFEIÇOAMENTO
46
D E S C O N F O R T O S E S I T U A Ç Õ E S M A I S C O M U N S
N A G R A V I D E Z
CONSTIPAÇÃO INTESTINAL
♦ Ingerir bastante líquido. Pelo menos 10 copos de água ao dia, entre as refeições.
♦ Aumentar o consumo de fibras: frutas e verduras (quando possível cruas com
casca/ bagaço), pão integral, arroz integral, aveia, cereais integrais.
♦ Evitar excesso de biscoitos, massas, alimentos açucarados.
♦ Dar preferência aos alimentos laxantes (lista).
♦ Ingerir ameixa preta seca à noite.
♦ Fazer alguma atividade física, orientada, para estimular o peristaltismo intestinal.
NÁUSEAS
♦ Fracionar bastante as refeições. O ideal é, pelo menos, 6 refeições por dia, com
pequenos volumes.
♦ Evitar frituras e alimentos condimentados.
♦ Evitar líquidos durante as refeições.
♦ Logo pela manhã, ingerir alimentos mais secos como cream craker, torradas,
beiju.
AZIA
Fracionar bastante as refeições.
Evitar frituras e alimentos condimentados.
Evitar líquidos durante as refeições.
Comer lentamente, mastigando bem.
Evitar chá mate ou preto, café, bebidas alcoólicas e refrigerantes e fumo.
Evitar deitar logo após as refeições.
Gestantes 2005
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47
A azia costuma ser aliviada após a ingestão de água gelada, ou de ½ xícara de arroz bem cozido
em bastante água, com pouco sal, sem gordura.
Evitar ganho de peso excessivo.
FLATULÊNCIA (GASES)
Evitar excessos de alimentos da lista dos flatulentos (anexa)
Observar quais alimentos provocam gases, pois isto é muito individual. A lista dos alimentos
flatulentos são aqueles mais prováveis de produzirem gases, porém os efeitos são variáveis de
pessoa para pessoa.
Evitar permanecer muito tempo em uma mesma posição.
Evitar ingerir líquidos junto com as refeições.
Evitar alimentar-se conversando e mastigando depressa.
Fazer as refeições em ambientes tranqüilos.
Fazer atividade física orientada.
HEMORRÓIDAS
Prevenir a constipação intestinal.
Ingerir muito líquido. Em torno de 10 copos de água ao dia.
Evitar condimentos fortes como pimenta, mostarda, cominho, ... .
ANEMIA
Ingerir alimentos ricos em ferro, tais como:
Carnes/peixes/frango e vísceras
Vegetais verde escuros
Feijão/lentilha/soja/ervilha/ grão de bico
Semente de abóbora / Passa de uva e ameixa
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48
Consumir 3 porções de frutas por dia, especialmente as frutas ricas em vitamina C como laranja,
limão, tangerina, acerola, mamão, caju, goiaba, manga, ... .
Evitar chá preto, chá mate ou café principalmente junto ou imediatamente após as refeições.
HIPERTENSÃO
Ter orientação individualizada para uma alimentação balanceada.
Evitar carnes salgadas como bacalhau, miúdos, carne seca, ... .
Não usar saleiro à mesa.
Temperar os alimentos com ervas aromáticas, cheiro verde, cebola, alho, azeite e utilizar
o mínimo de sal possível.
Evitar azeitonas, molho shoyu, queijos amarelos, embutidos, enlatados, pois estes
alimentos contém muito sódio em sua composição.
Ingerir bastante líquido.
Evitar excessos de pães e biscoitos salgados.
Aumentar o consumo de frutas e verduras
Controlar periodicamente a pressão arterial e fazer acompanhamento constante com seu
médico.
A V E R S Õ E S A L I M E N T A R E S
Não se preocupar demasiadamente, a não ser que haja aversão a todo um grupo
alimentar;
Se possível, deixar que outra pessoa prepare a comida e ficar longe da cozinha;
Tentar ingerir alimentos frios ou em temperatura ambiente;
Procurar orientação de nutricionista se a aversão alimentar persistir e se muitos
alimentos deixarem de ser consumidos.
Gestantes 2005
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D E S E J O S A L I M E N T A R E S E X C Ê N T R I C O S
Algumas gestantes expressam o desejo de comer coisas estranhas, alimentares ou não.
Embora este comportamento esteja popularmente associado à gestação, estudos têm mostrado
que apenas uma minoria das gestantes de fato o apresentam e sua duração é geralmente curta.
Não existe um padrão com relação a esses desejos, embora sejam mais
freqüentemente relatadas as vontades incontroláveis de consumo de arroz cru, frutas
exóticas ou fora da estação ou alguns produtos não alimentares como terra, gesso,
argila, cinza de cigarro.
As explicações destes comportamentos não são claras embora se sugira que
podem estar associadas a carências por micronutrientes, sem nenhuma comprovação
científica. Se estes desejos forem por substâncias alimentares e não comprometerem a
alimentação da gestante não é necessário desencorajá-los, contudo, se representarem
maus hábitos alimentares podem ser aliviados a partir da dica a seguir:
Aumentar o consumo de frutas e verduras. Recomenda-se que sempre que este desejo
alimentar ocorrer, a gestante deve consumir uma fruta ou verduras cruas ou ainda, frutas secas.
D I C A S I M P O R T A N T E S P A R A U M A A L I M E N T A Ç Ã O
S A U D Á V E L
Mastigue bem os alimentos, coma em ambiente tranqüilo e devagar;
Siga as quantidades recomendadas na dieta ou conforme foi orientado em grupo;
Não pule refeições, o ideal é fazer de 4 a 6 refeições diárias;
Nunca fique em jejum;
Evite líquidos junto com as refeições. O ideal é ½ hora antes ou ½ hora depois da
alimentação;
Beba, em média, 10 a 12 copos de água por dia. Longe do horário das principais
refeições;
As leguminosas (feijões, soja, lentilhas, grão de bico, ervilhas ) fornecem
carboidratos complexos e são as melhores fontes de proteínas vegetais.
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50
Priorize as saladas. É importante que, diariamente, estejam presentes na
alimentação vegetais folhosos (verduras) e legumes, variados e em bastante
quantidade;
Aumente o consumo de frutas. Não coma sempre as mesmas todos os dias.
Com a variação, você estará recebendo todos os nutrientes necessários e ainda
apurando o seu paladar para novos alimentos;
Frutas e verduras/legumes são os alimentos reguladores do organismo.
Prefira carnes magras. Frango ou peixe são excelentes opções, mas a carne
vermelha também não deve ser evitada. Ela é a melhor fonte de ferro para
nosso organismo. Lembre-se que na gravidez as necessidades de ferro estão
aumentadas devido ao aumento da volemia. Escolha os cortes magros e as
preparações assadas, grelhadas ou cozidas. Evite frituras!
Utilize, preferencialmente, leite desnatado e derivados (iogurtes desnatados, queijos
magros, ... ). É importante o consumo de alimentos deste grupo por serem
excelente fonte de cálcio (fundamental na gestação) e conterem proteínas de alto
valor biológico.
O óleo utilizado para cocção dos alimentos deve ser sempre de origem vegetal. São
recomendados os óleos de soja, milho, girassol e canola . Utilizar apenas 2
colheres de sobremesa, por pessoa, no preparo de todos os alimentos
envolvidos na refeição do dia.
Açúcares e doces são carboidratos simples, considerados calorias vazias porque
não fornecem nenhum nutriente para o organismo, apenas calorias. Devem ser
evitados ou ingeridos esporadicamente, em quantidades bem pequenas. Fazem
parte do grupo dos energéticos extras, juntamente com os óleos.
As principais refeições (café da manhã, almoço e jantar) devem ser compostas por,
pelo menos, um alimento de cada grupo (energéticos, reguladores e
construtores), de acordo com as proporções adequadas. Só assim podemos
garantir o balanceamento da alimentação. LEMBRE-SE DA PIRÂMIDE DE
ALIMENTOS.
Aprecie o sabor dos alimentos. Evite utilizar em excesso produtos e molhos que
mascarem o real sabor, como catchup, mostarda, condimentos picantes, etc... .
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Tempere os alimentos com ervas aromáticas como manjerona, sálvia, aipo, orégano,
tomate, salsinha, cebolinha, cebola, alho e outros naturais que preferir.
Use sal moderadamente, quanto menos melhor.
Dê preferência aos alimentos integrais.
Evite a ingestão de bebidas alcoólicas e o cigarro.
Faça exercícios regularmente, com orientação de profissional adequado e após ter
sido liberada pelo seu médico assistente.
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ÍNDICE DE MASSA CORPORAL - IMC
IMC = peso em Kg dividido pelo quadrado da altura (metros) = P/A2
IMC < 19 Baixo peso
IMC entre 19 e 24,99 Peso normal
IMC entre 25 e 29,99 Sobrepeso
IMC > 30
Obesidade
IMC > 40 Obesidade severa
• Para avaliação do peso pré-gravídico.
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FLATULENTOS LAXANTES CONSTIPANTES
alho-porro Abóbora arroz
alho Abobrinha batata
aipo Abacaxi banana prata
amêndoa Aspargos batata barôa
abacate ameixa preta biscoito salgado
batata-doce Aveia cenoura cozida
brócolis Abacate caju (suco)
cebola Amendoim cará
Couve-de-bruxelas arroz integral farinha de trigo
couve Brócoli farinha de mandioca
couve-flor Beterraba goiaba (suco)
coalhada Cebola limão (suco)
ervilha Couve maisena
fava Coalhada maça sem casca
feijão Centeio macarrão
feijão verde Caqui mandioca
grão-de-bico couve-flor quijo ricota
gérmen de trigo Chocolate pão branco
iogurte creme de leite polvilho
jaca doces com alto teor de acúcar pêra sem casca
jaboticaba Ervilha torradas
Leite e derivados Feijão
lentilha farelos de cereais
maçã Geléias
melão laranja com bagaço
melancia Leite
milho Lentilha
nabo Mamão
nozes Tangerina
ovo Manga
pepino Morango
rabanete milho-verde cozido
repolho Mel
soja Melado
uva passas Melão
Verduras folhosas Melancia
óleo vegetal
Quiabo
Pepino
Rabanete
Repolho
Vagem
trigo integral
Tomate
Iogurte
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D E S E N V O L V I M E N T O F E T A L
O período de gestação pode ser dividido em meses ou semanas. O desenvolvimento
fetal descrito abaixo refere-se a idade calculada a partir da data da fertilização. A data do último
período menstrual é um dado estimativo para estabelecer o tempo de gestação. Para determinar
a idade real ou idade de fertilização é preciso deduzir duas semanas do tempo de gestação
porque o desenvolvimento não começa antes de duas semanas após o último período menstrual.
A data do nascimento é calculada cerca de 266 dias (38 semanas) após a data estimada da
fertilização, ou 280 dias (40 semanas) depois do início do último período menstrual.
As determinações de peso e comprimento são medidas médias e referem-se ao final do
período descrito.
1ª semana
Ocorre a fecundação com formação do zigoto e início da implantação no final da semana.
“Por enquanto eu sou uma bolinha de células.”
2ª semana
Implantação completa do zigoto, estabelecimento da circulação placentária primitiva. “
Eu já estou coladinho no seu útero e você nem sabe que eu existo.”
3ª semana
Formação do tubo neural (futuro sistema nervoso). Ausência da menstruação. “Mamãe,
eu existo e já tenho 2 a 3 mm de comprimento”
4ª semana
Brotamentos dos membros superiores tornam-se reconhecíveis como pequenas
saliências, primórdios dos ouvidos internos são também nitidamente visíveis. Batimento do
coração primitivo.
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5ª semana
Rápido desenvolvimento do encéfalo, a cabeça é muito
maior que o corpo. O coração passa a ter 4 câmaras. O embrião
já faz seus primeiros movimentos espontâneos.
6ª semana
Mãos em forma de pás, regiões dos cotovelos e punho
tornam-se identificáveis. “Tenho uma cabeça grande arqueada
sobre o meu peito, já tenho 12 mm.”
7ª semana
Início da formação das pálpebras, o intestino penetra na porção proximal do cordão
umbilical. “Os meus dedinhos começam a aparecer, tenho 14 mm”
8ª semana
As pernas e os braços estão bem delimitados, os dedos
alongaram-se, a cabeça é mais arredondada e ereta, apesar de
ser ainda desproporcionalmente grande, constituindo quase
metade do embrião. A região do pescoço está estabelecida, e
as pálpebras estão mais evidentes. Embora existam diferenças
sexuais no aspecto da genitália externa, elas ainda não estão
suficientemente distintas para permitirem identificação precisa
do sexo. “ Sou um pinguinho de gente (29 mm), mas já pareço
humano, meus olhos estão abertos porque minhas pálpebras
ainda não fecham, sou menino ou menina?”
CENTRO DE FORMAÇÃO, TREINAMENTO E APERFEIÇOAMENTO
56
9ª semana
As pálpebras já estão fechadas, cabeça arredondada, crescimento acelerado do corpo, a
face é ampla, os olhos bem separados e as orelhas apresentam uma implantação baixa. “Já sou
um feto! Peso 8 gramas e tenho 5 cm”
10 a 12 semanas
Início do desenvolvimento das unhas das mãos, a
genitália tem caracteres femininos e masculinos mas ainda não
está totalmente constituída, os braços já quase alcançaram seus
comprimentos definitivos, a face já tem perfil humano. Pode-se
detectar o batimento cardíaco por meio eletrônico. Os pulmões
adquiriram uma forma definitiva. A urina começa a se formar e é
excretada no líquido amniótico. Peso: 45g, comp.: 87 mm. “ Já
sou capaz de fazer xixi, como é gostoso dar cambalhotas nesta
bolsa de água, minha mãe ainda não sente minhas travessuras”.
13 a 16 semanas
O crescimento é muito rápido durante este período, o sexo torna-se identificável, os
membros inferiores aumentam em comprimento, a ossificação do esqueleto progride
rapidamente, aparecem pêlos no couro cabeludo. Começa a formação de sangue no baço.
Começa a coletar-se mecônio nos intestinos. Peso: 200 g, comp.: 14 cm.
17 a 20 semanas
O crescimento torna-se mais lento durante este período, os membros inferiores
alcançam suas proporções relativas finais, a pele está recoberta com um material oleoso,
semelhante a queijo, conhecido como verniz caseoso. Este verniz protege a pele delicada do feto
contra abrasões e rachaduras. O corpo está coberto por finos pêlos, chamados lanugo. O feto
suga ativamente e deglute líquido amniótico. O coração fetal torna-se audível com o
estetoscópio. O pâncreas secreta insulina. Peso: 460g, comp.: 19 cm. “Mamãe, você já sente os
meus pulinhos, não é gostoso?”
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21 a 24 semanas
Há um ganho substancial de peso durante este período.
Embora ainda seja um pouco magro, o corpo do feto é mais
proporcional. A pele é enrugada e de cor rosa-avermelhada, olhos
ainda fechados. O feto deglute grandes quantidades de líquido
amniótico. Movimentos respiratórios bem desenvolvidos, começa
a produção de surfactante nos pulmões . Peso: 800g, comp.: 34
cm.
25 a 28 semanas
A pele é rosada, enrugada e coberta com a vernix
caseosa. Os olhos reabriram-se, as sobrancelhas estão
presentes, ele já pode piscar os olhos. O feto pode
sobreviver se nascido prematuramente porque os pulmões
são capazes de respirar. Os intestinos contêm mecônio(tipo
de fezes). Reflexo de sucção fraco mas bem desenvolvido.
Peso: 1.100g, comp.: 37 cm.
29 a 32 semanas
Começa a desaparecer a lanugem, especialmente da face.
Começa deposição acelerada de gordura subcutânea. O feto reage a
estímulos auditivos. A partir da 32ª semana, o espaço disponível já está
todo ocupado e na maioria das vezes a cabeça se encontra em direção a
pelvis. O bebê já fica com os olhos abertos quando está acordado e já
consegue distinguir a luz. Peso: 1600 g, comp.: 42,5 cm.
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33 a 36 semanas
Pele lisa e rosada, , orelhas bem firmes, a sucção e a deglutição tornam-se coordenadas.
Quantidade moderada de cabelo sedoso na cabeça. Reflexo de sucção e preensão estão fortes.
Peso: 2600 g, comp.: 47 cm.
37 a 40 semanas
Pele lisa de coloração branca
ou rósea-azulada, corpo roliço,
quantidade moderada a grande de
cabelos. Os ossos do crânio estão
firmes e reunidos nas linhas de sutura.
A função dos rins está muito
adequada, mas eles continuarão a
desenvolver-se após o nascimento.
Desenvolvimento pulmonar suficiente
para permitir uma boa função ao
nascer. Peso: 2950-3200g, comp.: 48-49 cm. “ Já estou pronto para conhecer a mamãe e o
papai.”
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S U B S T Â N C I A S P R E J U D I C I A I S A O F E T O
Para que algum agente se torne teratogênico (provoque lesões ao feto em
desenvolvimento), é necessária a interação de uma série de condições, como:
A potência das substâncias teratogênicas: A talidominda, por exemplo, tem um
potencial teratogênico alto, pois um em cada cinco bebês apresentam anomalias.
A suscetibilidade do feto ao teratógeno: Nem todo feto exposto a uma droga
teratogênica é afetado por ela.
O momento de exposição à substância teratogênica até o final do primeiro
trimestre: O período de maior risco de malformações situa-se entre a implantação do ovo no
útero, por volta de 6 a 8 dias, até o final do primeiro trimestre.
O tempo de exposição: A maioria dos efeitos teratogênicos guarda relação com a dose
do agente. Por exemplo, uma breve exposição aos raios X durante uma radiografia de rotina
dificilmente causará algum dano. Já uma seqüência de radioterapia seria capaz de causar.
O estado nutricional da gestante: O bebê resistirá melhor a teratógenos se
apresentar um bom estado nutricional (através de você, é claro)
D R O G A S
Deve-se evitar qualquer tipo de medicamento na gravidez. Alguns antibióticos, como as
tetraciclinas, por exemplo, causam descoloração dos dentes e inibição do crescimento ósseo.
Alguns calmantes, como o diazepan (valium), causam lábio e palato fendidos. A morfina pode
levar à síndrome de abstinência intrauterina, aumento da atividade fetal, convulsão e morte. A
heroína causa depressão respiratória ao nascimento e a cocaína reduz o fluxo de sangue para e
feto, retardando o seu crescimento.
F U M O
O fumo pode causar retardo no crescimento intra-uterino, sangramento vaginal, aborto
espontâneo, implantação placentária anormal e deslocamento prematuro de placenta.
Os bebês de mães fumantes tem duplicada a probabilidade de morrer em decorrência da
síndrome da morte súbita.
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60
Á L C O O L
O álcool entra na corrente circulatória fetal na mesma concentração que na corrente
sanguínea materna. O consumo pesado de álcool (5 a 6 drinques de destilados ou 5 a 6 copos de
vinho ou cerveja por dia) durante toda a gravidez pode resultar em múltiplas deformidades e
retardo no desenvolvimento físico e mental do bebê.
C A F E Í N A
A cafeína, encontrada no café, no chá, nas colas e outros refrigerantes atravessa a
placenta e entra na circulação fetal. As pesquisas em seres humanos, até agora, não mostram
efeitos adversos em decorrência do uso moderado (até 3 xícaras de café ou dia ou seu
equivalente em outras bebidas cafeinadas). Porém, deve-se reduzir o seu consumo. Essas bebidas
causam saciedade sem ser nutritivas prejudicando o seu apetite por alimentos de maior valor
nutritivo, além disso, pode interferir com a absorção do ferro.
S A U N A S E B A N H O S Q U E N T E S D E I M E R S Ã O
Deve-se evitar banhos prolongados de imersão em água muito quente, capazes de
elevarem a temperatura do corpo além de 38,9°C, pois a hipertermia pode ser perigosa ao feto,
principalmente nos primeiros meses, podendo causar-lhe anomalias no sistema nervoso central.
O banho de imersão em água quente leva pelo menos 10 minutos para elevar a temperatura da
mulher. As pesquisas mostram que as mulheres saem do banho antes do corpo atingir os 38,9°C
por sentirem-se incomodadas.
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A C O M P A N H A M E N T O P R É - N A T A L
Após a confirmação da gravidez, é indispensável o acompanhamento pré-natal durante
todo o período gestacional, A assistência pré-natal tem como objetivo a promoção do bem-estar
da mãe e do bebê e prevenção e diagnóstico precoce dos desvios da normalidade, conduzindo a
um tratamento imediato a fim de evitar complicações associadas a gravidez e parto.
C O N S U L T A S
As consultas de pré-natal iniciam-se tão logo seja confirmada a gravidez. O intervalo das
consultas será de 4 semanas. Após a 36º semana, a gestante deverá ser acompanhada a cada 15
dias, e após a 38º semana, a cada 7 dias.
A 1º CONSULTA
Na primeira consulta será feita uma avaliação minuciosa da saúde da gestante. Para
tanto, será colhida uma história clínica detalhada e será realizado um exame físico geral e
obstétrico.
1- História clínica:
Identificação
Dados sociais (grau de instrução, profissão, situação conjugal, etc...)
Antecedentes familiares (pesquisa de algumas doenças como hipertensão, diabetes,
doenças congênitas, etc...)
Antecedentes pessoais (história pessoal de hipertensão arterial, cardiopatias, diabetes,
viroses, cirurgias anteriores, etc...)
Antecedentes ginecológicos (ciclos menstruais, uso de métodos contraceptivos, doenças
sexualmente transmissíves, cirurgias ginecológicas, último preventivo, etc...)
Antecedentes obstétricos (número de gestações e partos, abortamentos, intervalo entre as
gestações, etc...)
Gestação atual (data da ultima menstruação, data provável do parto, data da percepção
dos primeiros movimentos fetais, etc...)
CENTRO DE FORMAÇÃO, TREINAMENTO E APERFEIÇOAMENTO
62
2- Exame Físico:
Geral:
Peso e estatura;
Determinação da freqüência cardíaca
Medida da pressão arterial;
Inspeção da pele e das mucosas;
Palpação da tireóide;
Ausculta cardiopulmonar;
Pesquisa de edema (face, tronco, membros)
Gineco-obstétrico:
Exame das mamas;
Medida da altura uterina;
Ausculta dos batimentos cardiofetais;
Inspeção dos genitais externos;
Exame especular (inspeção do conteúdo vaginal e colo uterino, coleta de material para
exame colpocitológico)
Toque vagina.
Exames laboratoriais:
Grupo sangüíneo e fator Rh;
Sorologia para sífilis (VDRL);
Urina;
Hemoglobina;
Glicemia de jejum;
Teste anti-HIV;
Titulagem para toxoplasmose;
Anticorpos para rubéola;
Sorologia para hepatite B.
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63
CONSULTAS SUBSEQÜENTES
Em todas as consultas será verificado rotineiramente, o peso, a pressão arterial, as
mamas, a medida da altura uterina, pesquisa de edema e ausculta dos batimentos cardiofetais. Os
exames laboratoriais serão interpretados e outros serão solicitados, se necessário.
P R O C E D I M E N T O S E C O N D U T A S
CÁLCULO DA IDADE GESTACIONAL
Cronologicamente, a idade gestacional é calculada pela divisão por sete (duração da
semana lunar) do somatório dos dias decorridos desde a data do primeiro dia da última
menstruação até a data atual. O resultado obtido expressa a idade gestacional em semanas.
Quando a data da última menstruação (DUM) não é conhecida, há métodos de relação
da idade gestacional com o crescimento uterino, identificado através da altura uterina.
Quando houver dúvidas quanto ao cálculo da idade gestacional, pode-se realizar um
exame de ultra-sonografia obstétrica. Este exame, quando realizado nas primeiras 10 semanas,
permite o estabelecimento da idade gestacional com mínima margem de erro.
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Relação entre dias, semanas lunares e meses lunares, contados a partir do primeiro dia do último
período menstrual
Trimestres Dias Semanas lunares Meses lunares (+ dias)
28 4 1
42 6 1+14
56 8 2
70 10 2+14
1º Trimestre
84 12 3
98 14 3+14
112 16 4
126 18 4+14
140 20 5
154 22 5+14
168 24 6
2º trimestre
182 26 6+14
196 28 7
210 30 7+14
224 32 8
238 34 8+14
252 36 9
266 38 9+14
3º Trimestre
280 40 10
(Adaptado de Tedesco, 1990)
CÁLCULO DA DATA PROVÁVEL DO PARTO
Calcula-se a data provável do parto levando-se em consideração a duração média da
gestação normal (280 dias ou 40 semanas a partir da DUM), mediante a utilização de um
calendário.
Outra forma de cálculo é somar sete dias ao primeiro dia da última menstruação e
adicionar 9 meses ao mês em que ocorreu a última menstruação.
Gestantes 2005
CENTRO DE FORMAÇÃO, TREINAMENTO E APERFEIÇOAMENTO
65
MEDIDA DA ALTURA UTERINA
A medida da altura uterina é um método clínico utilizado para avaliar o crescimento
intra-uterino.
A altura uterina é relacionada com o número de semanas de gestação, e tem como
objetivo identificar o crescimento normal do feto e detectar seus desvios.
Como padrão de referência, utiliza-se um gráfico com 2 linhas desenhadas,
considerando-se como parâmetro de normalidade para o crescimento uterino se a altura uterina
estiver dentro da curva delimitada pelos percentis 10 (linha inferior) e 90 (linha superior); maior
que o esperado, se acima, e menor se abaixo destes limites.
A medida é feita em centímetros com uma fita métrica flexível, do púbis ao fundo do
útero, determinado por palpação, com a grávida deitada de costas.
AUSCULTA DOS BATIMENTOS CARDIOFETAIS (BCF)
A cada consulta serão avaliadas presença, ritmo, freqüência e a normalidade dos
batimentos cardiofetais.
Os batimentos cardíacos fetais podem ser auscultados através de um estetoscópio fetal
entre 16 e 19 semanas de gestação. A freqüência, dentro dos limites de normalidade, pode
variar entre 120 a 160 batimentos por minuto.
CENTRO DE FORMAÇÃO, TREINAMENTO E APERFEIÇOAMENTO
66
V E R I F I C A Ç Ã O D A P R E S S Ã O A R T E R I A L
A hipertensão arterial (pressão alta) pode colocar em risco a vida da mãe e do bebê. A
verificação da pressão arterial é uma rotina realizada a cada consulta.
A pressão arterial deve permanecer abaixo de 140x90 mmHg. Acima ou igual a esse
valor é considerado hipertensão arterial exigindo tratamento e cuidados.
VERIFICAÇÃO DA PRESENÇA DE EDEMA (INCHAÇO)
A cada consulta é feita uma avaliação para pesquisa de edema (inchaço) nos membros
inferiores (pernas e tornozelos), na região sacra, na face e membros superiores.
O edema generalizado (face, tronco e membros), ou que já pode ser percebido ao
acordar é patológico e pode sugerir a presença de pré-eclâmpsia. Em situações como essa o
acompanhamento médico é fundamental.
O edema limitado aos membros inferiores, com hipertensão ou aumento súbito de peso
merece cuidados e acompanhamento médico.
MEDIDA DO PESO
Nas consultas de pré-natal, o aumento de peso durante toda a gestação é avaliado. O
aumento de peso excessivo ou insuficiente não é desejável.
Gestantes 2005
CENTRO DE FORMAÇÃO, TREINAMENTO E APERFEIÇOAMENTO
67
A média de ganho de peso durante toda a gravidez é de aproximadamente 12,5 Kg. Os
eventos fisiológicos normais são responsáveis por aproximadamente 9 kg considerando o peso
do bebê, da placenta, do líquido amniótico, do útero, das mamas, do aumento do volume de
sangue e líquidos.
O ganho de peso por semana é de aproximadamente 320g de 8 a 20 semanas de
gestação e de 450g da 20ª semana até o parto. O aumento de mais de 500g em uma semana é
considerado aumento súbito de peso devendo ser investigado.
Em 1990, uma comissão da National Academy of Science recomendou ganhos ponderais
de 12,5 a 18 Kg para mulheres abaixo do peso ideal, 11,5 a 16 Kg para mulheres de peso normal,
e 7 a 11,5 Kg para mulheres acima do peso.
ULTRA-SONOGRAFIA
A ultra-sonografia é um exame que utiliza ondas sonoras de alta freqüência geradas
através de um transdutor. Esse exame fornece informações vitais sobre o estado do feto e não
oferece riscos para o bebê.
A ultra-sonografia costuma ser realizada na 9ª, 20ª e 36ª semanas de gestação.
O exame realizado no primeiro trimestre pode ser feito por via abdominal ou vaginal.
Nesse estágio é possível localizar o saco gestacional, identificar o embrião e número de fetos,
CENTRO DE FORMAÇÃO, TREINAMENTO E APERFEIÇOAMENTO
68
fazer a medida do comprimento cabeça-nádega, identificar a atividade cardíaca e idade
gestacional, e avaliar o útero e os anexos.
Imagem de ultra-som - 8 semanas
No segundo e terceiro trimestres é feito o estudo da anatomia do bebê, do volume de
líquido amniótico, do movimento cardíaco, da localização da placenta e apresentação (posição)
do bebê.
2º trimestre
Gestantes 2005
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69
E X A M E S E S P E C I A I S N Ã O R O T I N E I R O S
DOSAGEM DE ALFAFETOPROTEÍNA
A alfafetoproteína é uma substância produzida pelo feto e encontrada no sangue
materno. A dosagem anormal dessa substância pode identificar anomalias do tubo neural e
também algumas anomalias genéticas. È realizada entre a 16ª e 18ª semanas. Por ser um exame
de triagem, o resultado anormal sugere uma exploração técnica mais aprofundada.
AMNIOCENTESE
Amniocentese é um exame invasivo que só deve ser realizado com uma indicação válida.
Este exame consiste na introdução de uma agulha através do abdome até a cavidade amniótica,
guiado pelo ultra-som, a fim de aspirar líquido para exame.
O líquido amniótico é constituído de células e substâncias químicas que propiciam
informações sobre a constituição genética fetal (permitindo o diagnóstico pré-natal de doenças
genéticas), a condição atual do bebê e o grau de maturidade do feto. Deve ser realizado entre a
16ª e 18ª semanas de gestação ou no último trimestre, quando se desejar avaliar a maturidade
pulmonar.
Os principais riscos da aminiocentese incluem traumatismo materno ou fetal, infecção e
abortamento ou trabalho de parto prematuro.
BIÓPSIA DE VILO CORIAL
Este exame é realizado entre a 8ª e 12ª semana de gestação e permite diagnosticar
doenças genéticas do feto em fase muito precoce da gestação, quando comparada com a
amniocentese.
Uma agulha é inserida no abdome, sob visualização do ultra-som, até a placenta, de onde
são retiradas células de origem fetal nas vilosidades coriônicas. Ao serem analisadas, tem-se um
retrato completo da constituição genética do bebê.
CENTRO DE FORMAÇÃO, TREINAMENTO E APERFEIÇOAMENTO
70
S I N A I S D E A D V E R T Ê N C I A D U R A N T E A G E S T A Ç Ã O
Alguns sinais e sintomas precedem complicações e exigem avaliação e/ou
acompanhamento imediato. O conhecimento desses sinais é importante para que a assistência
seja providenciada tão logo as alterações sejam percebidas, a fim de preservar ou reestabelecer o
bem-estar materno-fetal.
Diminuição acentuada e brusca ou cessação da movimentação do bebê;
O registro diário de movimentos do bebê é um teste simples de avaliação das condições
de vitalidade fetal.
Existem diversas maneiras de fazer esse registro. A gestante pode estar em repouso ou
exercendo atividade leve, em qualquer período do dia.
Valores maiores que 6 movimentos/hora indicam que o bebê está em boas condições.
Valores menores que 10 movimentos em 12 horas representam sofrimento fetal.
Perda de sangue ou líquido pela vagina;
Inchaço nos pés, mãos e face que inicia pela manhã;
Febre alta que não cede;
Fortes dores de cabeça;
Fortes dores na barriga, seguida de endurecimento;
Dificuldade ou dor ao urinar;
Vômitos muito freqüentes;
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  • 1. Programa de Acompanhamento e Apoio à Gestação R E A L I Z A Ç Ã O CÂMARA DOS DEPUTADOS DEPARTAMENTO MÉDICO COORDENAÇÃO DE ENFERMAGEM E L A B O R A Ç Ã O : Ana Luísa Hora Alves Nutricionista Idenise Vieira Cavalcante Carvalho Enfermeira Juliana Resende Monteiro Enfermeira Juliana Werneck de Souza Enfermeira Luíza Helena Costa de Jesus Psicóloga Maria do Socorro Mendes Côrtes Pediatra
  • 2.
  • 3. CENTRO DE FORMAÇÃO, TREINAMENTO E APERFEIÇOAMENTO SUMÁRIO APRESENTAÇÃO..................................................................................................................5 ANATOMIA E FISIOLOGIA DA GESTAÇÃO......................................................................7 ALTERAÇÕES FÍSICAS DURANTE A GESTAÇÃO ......................................................... 14 PRESTE ATENÇÃO À DIETA, POIS A DEFICIÊNCIA DE FERRO, PROTEÍNAS OU CALORIAS PODEM AGRAVAR......................................................................................... 19 ASPECTOS EMOCIONAIS DA GESTAÇÃO .................................................................... 20 SEXUALIDADE NA GRAVIDEZ........................................................................................ 27 ATIVIDADE FÍSICA NA GRAVIDEZ................................................................................. 32 ALIMENTAÇÃO NA GRAVIDEZ....................................................................................... 39 DESENVOLVIMENTO FETAL ........................................................................................... 54 SUBSTÂNCIAS PREJUDICIAIS AO FETO........................................................................ 59 ACOMPANHAMENTO PRÉ-NATAL ................................................................................ 61 VERIFICAÇÃO DA PRESSÃO ARTERIAL......................................................................... 66 ENXOVAL........................................................................................................................... 71 O PARTO ............................................................................................................................ 79 PARTO VAGINAL .............................................................................................................. 83 O PARTO CIRÚRGICO .................................................................................................... 101 PARTO VAGINAL APÓS CESÁREA ............................................................................... 105 ALEITAMENTO MATERNO ............................................................................................ 107
  • 4. CENTRO DE FORMAÇÃO, TREINAMENTO E APERFEIÇOAMENTO O ATO DE AMAMENTAR................................................................................................ 113 ASPECTOS EMOCIONAIS DA AMAMENTAÇÃO......................................................... 130 ALIMENTAÇÃO NA AMAMENTAÇÃO.......................................................................... 134 PUERPÉRIO – ASPECTOS FÍSICOS................................................................................ 138 ASPECTOS EMOCIONAIS DO PARTO E PUERPÉRIO................................................. 141 RECÉM-NASCIDO............................................................................................................ 149 CUIDADOS COM O BEBÊ............................................................................................... 154 O BANHO......................................................................................................................... 155 MÉTODOS CONTRACEPTIVOS..................................................................................... 158 NA VOLTA AO TRABALHO: CRECHE OU BABÁ? ....................................................... 174 ALIMENTAÇÃO NO PRIMEIRO ANO DE VIDA............................................................ 181 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .................................................................................. 188
  • 5. Gestantes 2005 CENTRO DE FORMAÇÃO, TREINAMENTO E APERFEIÇOAMENTO A P R E S E N T A Ç Ã O O Programa de Acompanhamento e Apoio à Gestação – PAAG, é uma iniciativa do Departamento Médico da Câmara dos Deputados, desenvolvido pela Coordenação de Enfermagem deste Departamento, que tem por objetivo assegurar assistência interdisciplinar à gestante no acompanhamento pré-natal, visando à promoção da saúde do “casal grávido” e do concepto através de intervenções educativas e preventivas. Pretende-se, com esta publicação, facilitar e ampliar os conhecimentos dos futuros pais e familiares tornando-os mais seguros e confiantes para que possam vivenciar a gravidez e a chegada do bebê de forma harmônica. Aborda-se neste compêndio a estrutura anátomo – fisiológica da gestação, as alterações físicas e psíquicas pelas quais passa a gestante, as diversas etapas do desenvolvimento fetal, as fases do parto e puerpério, a importância do acompanhamento pré-natal para um parto seguro, os aspectos físicos e emocionais que envolvem o ato de amamentar, os diversos métodos contraceptivos, os cuidados que devem ser dispensados ao recém-nascido desde o parto até o primeiro ano de vida e ainda orientações relativas às necessidades nutricionais da gestante.
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  • 7. Gestantes 2005 CENTRO DE FORMAÇÃO, TREINAMENTO E APERFEIÇOAMENTO 7 A N A T O M I A E F I S I O L O G I A D A G E S T A Ç Ã O É muito importante conhecer a anatomia (estrutura, forma e localização dos órgãos) e a fisiologia (seu funcionamento) para compreender como acontece a gestação e as alterações dela decorrentes. Os órgãos reprodutivos femininos são classificados como externos e internos. Ó R G Ã O S E X T E R N O S Monte de Vênus (ou monte pubiano): “almofada” de gordura, coberta de pêlos, situada sobre a sínfise púbica, que funciona como proteção durante as relações sexuais. Grandes lábios: pregas de tecido adiposo (gordura), cobertas com pele, que se estendem para baixo e para trás a partir do monte pubiano. Em crianças e em mulheres nulíparas (que nunca tiveram filhos) os grandes lábios estão em justaposição encobrindo as estruturas adjacentes, e em mulheres que já tiveram filhos, eles podem ser mais abertos.
  • 8. CENTRO DE FORMAÇÃO, TREINAMENTO E APERFEIÇOAMENTO 8 Pequenos lábios: pequenas pregas de pele, de coloração avermelhada e aparência mucosa. Situam-se entre os grandes lábios, não contém pêlos, contém grande número de vasos sangüíneos e nervos, o que lhe conferem grande sensibilidade. Clitóris: pequeno órgão cilíndrico, localizado na porção superior da vulva, na região em que os pequenos lábios se unem anteriormente. Composto por tecido erétil, rico em vasos e nervos, extremamente sensível, similar ao pênis. Também se observa glande, prepúcio e freio, cuja aparência pode confundir com o orifício uretral. Vestíbulo: área em forma de amêndoa, observada quando se afastam os pequenos lábios. Orifício uretral (meato urinário): embora não faça parte dos órgãos genitais femininos, é descrito conjuntamente por sua localização anatômica. Situa-se na linha média do vestíbulo, entre o clitóris e o orifício vaginal. Orifício vaginal (ou intróito vaginal): situa-se na porção inferior do vestíbulo, varia consideravelmente em tamanho e forma. Coberto total ou parcialmente pelo hímen. Hímen: tecido membranoso que varia muito em espessura e tamanho nas diferentes mulheres. Vagina: canal músculo-membranoso que liga os órgãos reprodutores externos e internos tem a função de receber o pênis durante o ato sexual, alem de servir de canal para o parto e escoar o fluxo menstrual.
  • 9. Gestantes 2005 CENTRO DE FORMAÇÃO, TREINAMENTO E APERFEIÇOAMENTO 9 O DIAFRAGMA PÉLVICO E A REGIÃO PERINEAL É a área situada entre as coxas que se estende desde a região púbica até o cóccix. É constituído de vários pares de músculos que fazem a sustentação dos órgãos pélvicos e abdominais e tem importante papel na constrição da vagina, reto e ânus.
  • 10. CENTRO DE FORMAÇÃO, TREINAMENTO E APERFEIÇOAMENTO 10 Ó R G Ã O S I N T E R N O S Útero: órgão em forma de pêra invertida, situado na cavidade pélvica entre a bexiga e o reto, cuja extremidade inferior (cérvix ou colo) se projeta para dentro da vagina e cuja porção superior se une com uma tuba (trompa) de cada lado. É onde o bebê se desenvolve na gravidez e através do qual a menstruação ocorre. Seu tamanho é bastante variável, mas tem cerca de 7,5 cm de comprimento e cerca de 60g de peso. É composto de três camadas. A serosa é a mais externa, também denominada perimétrio. A intermediária, denominada miométrio, é composta de tecido muscular, pelo qual se espalham vasos sangüíneos, linfáticos e nervos e forma a maior parte do útero. A disposição de suas fibras musculares é única. Elas correm em direção longitudinal, circular e espiral, se intercruzando em todas as direções e formando uma verdadeira rede, que permitem sua tamanha distensão na gravidez; e a força necessária para as impulsionar o bebê no momento do parto e conter o sangramento dos vasos em seguida, através de seus movimentos de contração. A camada interna, mucosa, é denominada endométrio. É uma membrana rósea, aveludada, altamente vascularizada, que contém numerosas glândulas, e sofre constantes alterações
  • 11. Gestantes 2005 CENTRO DE FORMAÇÃO, TREINAMENTO E APERFEIÇOAMENTO 11 cíclicas durante o período reprodutor (ciclo menstrual). É a camada que se desprende no processo da menstruação. Ovários: são as glândulas sexuais (gônadas) da mulher. São dois órgãos pequenos, ovais, achatados, localizados um de cada lado do útero. Têm duas funções vitais: (1) produzem, amadurecem e expulsam os óvulos e (2) elaboram dois hormônios esteróides, o estrogênio e a progesterona, que exercem influência importante na preparação do endométrio para a implantação do óvulo fertilizado e que também têm ação sobre muitos outros sistemas, incluindo ossos, músculos, sangue e processos metabólicos. Tubas uterinas (trompas de Falópio): são dois delgados canais musculares, que se dirigem, um de cada lado, dos cornos da cavidade uterina para os ovários e proporcionam o trajeto através do qual os óvulos alcançam o útero. É em seu interior que ocorre a fecundação.
  • 12. CENTRO DE FORMAÇÃO, TREINAMENTO E APERFEIÇOAMENTO 12 A P L A C E N T A E A S M E M B R A N A S F E T A I S Embrião com 5 semanas; saco e líquido amniótico, placenta em formação As membranas fetais incluem o córion (mais externa) e o âmnio (mais interna). O âmnio envolve o embrião completamente em um saco membranoso, que recai sobre o cordão umbilical, formando sua cobertura externa. O líquido amniótico circunda o embrião e conforme este se desenvolve, aumenta também a quantidade de líquido e a cavidade amniótica. O volume, ao final da gravidez, é de cerca de 850ml. É formado por cerca de 98% de água e 2% de sólidos orgânicos e inorgânicos e foi determinado que ele é completamente substituído cerca de uma vez a cada 3 horas. Suas funções são várias como facilitar a locomoção do feto no interior do útero; proteção contra lesões através de um “amortecimento” das pressões e manutenção da temperatura uniforme. O feto começa a engolir o líquido em torno do quarto mês de desenvolvimento, o que indica que pode ser importante para o metabolismo fetal. Além disso, agindo como uma pressão aquosa, quando forçado para baixo nas contrações uterinas do trabalho de parto, pode ser importante na dilatação do colo. Como o líquido contém células que se originam com o feto, sua análise dá informações importantes relacionadas à saúde e maturação fetais.
  • 13. Gestantes 2005 CENTRO DE FORMAÇÃO, TREINAMENTO E APERFEIÇOAMENTO 13 Placenta: órgão vital para o feto, serve como pulmão, trato intestinal, rins e glândulas endócrinas, produzindo hormônios que servirão ao feto e necessários para a manutenção da gravidez. Suas atividades incluem o transporte de oxigênio e de metabólitos da mãe para o feto, a eliminação de produtos degradados pelo feto para a circulação materna, e a produção de hormônios proteicos e esteróides. Ao final da gestação, a placenta pesa de um sexto a um sétimo do peso da criança; é uma massa achatada, regularmente redonda, com cerca de 15 a 20cm de diâmetro, que se descola, normalmente, junto com as membranas fetais, quase imediatamente após o nascimento da criança. Cordão umbilical: o sangue do feto flui através das duas artérias umbilicais para a placenta, onde deixa seus produtos degradados, e a veia conduz sangue oxigenado e sustento alimentar da placenta para o feto. O cordão umbilical se desenvolve com o feto. No termo, mede cerca de 55cm de comprimento, podendo variar de 30 a 100cm. Tem uma aparência branco-leitosa, é umido e meio espiralado.
  • 14. CENTRO DE FORMAÇÃO, TREINAMENTO E APERFEIÇOAMENTO 14 A L T E R A Ç Õ E S F Í S I C A S D U R A N T E A G E S T A Ç Ã O H O R M Ô N I O S A placenta sintetiza grande quantidade de hormônios, entre eles estão a progesterona e estrogênios o quais são encontrados na circulação fetal e materna. Antes que a placenta esteja formada, o ovário produz progesterona até que ela seja capaz de produzi-la. Estes hormônios participam de muitas alterações fisiológicas na gravidez. Como: PROGESTERONA A progesterona produz um efeito calmante sobre as contrações uterinas, assim com a diminuição da contratilidade do músculo, o embrião pode implantar-se e desenvolver-se protegendo-se contra a expulsão gerada pela contração uterina. Este hormômio também produz um efeito relaxante sobre o músculo liso em várias outras partes do corpo durante a gravidez e é também responsável, junto com o estrogênio, pelo crescimento das mamas e deposição de gordura corporal. ESTROGÊNIOS A placenta produz o estrogênio que é responsável pelo crescimento uterino e junto com a progesterona participa de outros fenômenos fisiológicos. Ú T E R O O peso do útero aumenta aproximadamente 20 vezes, de cerca de 60g, antes da gestação, para cerca de 1 kg no final da gravidez. O útero cresce de tamanho de 5 a 6 vezes e aumenta sua capacidade de 500 a 1000 vezes. Para atender a demanda metabólica gerada pelo feto, o suprimento de sangue para o útero aumenta 40 vezes. Podem ser sentidas contrações uterinas irregulares e indolores durante toda a gravidez. C O L O U T E R I N O Entre a vagina e o corpo do útero, existe um canal denominado canal cervical ou colo uterino. Este canal se torna edemaciado(inchado), há um aumento na circulação local e as glândulas cervicais se proliferam formando uma rolha de muco (tampão mucoso) o qual será
  • 15. Gestantes 2005 CENTRO DE FORMAÇÃO, TREINAMENTO E APERFEIÇOAMENTO 15 expelido durante o trabalho de parto quando este canal se dilatar. Além disso, o colo fica mais macio, mais curto, mais elástico e com maior diâmetro. V A G I N A Existe um aumento da vascularização do tecido da vagina tornando-o mais avermelhado ou mesmo púrpura. Para preparar a parede vaginal para a distensão do parto a mucosa fica mais espessa e com uma maior musculatura. A secreção vaginal torna-se mais abundante, espessa, branca e tem um pH mais ácido, ajudando a manter a vagina relativamente livre de bactérias. M A M A S São acentuadas as modificações das mamas. Sob ação hormonal, ocorre um desenvolvimento de tecido glandular, para que seja possível a produção láctea. As mamas aumentam de tamanho, sensibilidade, firmeza e ficam nodulares. Há um aumento considerável na vascularização das mamas tornando as veias superficiais mais visíveis. Os mamilos e aréolas ficam maiores e mais proeminentes. Existe um aumento médio de cerca de 700g para cada mama. Pelo fim do segundo trimestre, uma pequena quantidade de líquido fino e amarelado (colostro) é secretado para os ductos. No fim da gestação as glândulas estarão prontas para produzir leite mas a secreção é inibida pelo auto nível de progesterona na gestação e pela falta de estimulação. A B D Ô M E N A medida que o útero cresce, o contorno do abdome é modificado. No fim da gravidez, os órgãos abdominais superiores ficam espremidos na parte superior da cavidade abdominal e os intestinos ficam acima, por trás e dos lados do útero. S I S T E M A C A R D I O V A S C U L A R Os ajustes do sistema circulatório adaptam o corpo da mãe às exigências da gravidez e proporcionam crescimento e desenvolvimento adequados ao feto, garantindo o aporte de nutrientes e a remoção de escórias de forma eficaz. O volume sanguíneo aumenta em 1 a 1,5litro para preencher o sistema vascular grandemente aumentado do útero ajudando a proteger a mãe e o feto do retorno venoso deficiente das extremidades inferiores.
  • 16. CENTRO DE FORMAÇÃO, TREINAMENTO E APERFEIÇOAMENTO 16 A L T E R A Ç Õ E S D O F L U X O S A N G U Í N E O O fluxo sanguíneo uterino aumenta enormemente para atender o feto, alcançando um fluxo de 20 a 40 vezes maior que antes da gestação. O fluxo sanguíneo na pele é maior durante a gestação, especialmente nas mãos e pés. As grávidas sentem-se quentes e encaloradas. O fluxo sanguíneo nas mãos é de 6 a 7 vezes maior que antes da gravidez com o objetivo de eliminar o calor do corpo dissipando o calor gerado pelo feto e metabolismo ampliado. As mucosas nasais também têm um fluxo mais alto ocasionando congestão nasal e tendência a sangramentos A capacidade da veias das pernas para armazenar sangue aumenta. Este represamento de sangue nas pernas e o aumento da pressão venosa, provocada pela pressão do útero pesado sobre as principais veias abdominais e pélvicas, contribuem para o edema dos pés e pernas e para o aumento da incidência de varises. Todas essas alterações contribuem para problemas circulatórios: edema dos pés e pernas, varizes e hemorróidas O QUE FAZER Evitar períodos prolongados de pé ou sentada Evitar suspender grandes pesos Usar meias Não usar roupas apertadas Fazer exercícios Deitar do lado esquerdo para que o útero pesado não pressione as grandes veias que passam por trás dele e não prejudique o fluxo sanguíneo para a placenta. A P A R E L H O R E S P I R A T Ó R I O Ajustes respiratórios são feitos na gravidez para responder às necessidades tanto maternas quanto fetais. A respiração se torna um pouco mais profunda e a frequência respiratória ligeiramente mais elevada, o diafragma eleva-se e o tórax alarga-se.
  • 17. Gestantes 2005 CENTRO DE FORMAÇÃO, TREINAMENTO E APERFEIÇOAMENTO 17 S I S T E M A U R I N Á R I O Há uma elevação do fluxo sanguíneo através dos rins aumentando a taxa de filtração de aproximadamente 120ml/min para até 170 ml/min. Este aumento da filtração renal associado ao fato do útero pressionar a bexiga diminuindo a sua capacidade de armazenamento causa o aumento da frequência urinária O QUE FAZER Inclinar-se para frente na hora de urinar Evitar tomar muito líquido antes de dormir S I S T E M A G A S T R I N T E S T I N A L È comum, no início da gravidez a presença de náuseas e vômitos. As gengivas costumam sangrar com facilidade. Durante toda a gestação, com predominância no último trimestre, quase sempre a grávida sente azia que é causada por regurgitações do conteúdo estomacal para o esôfago devido ao relaxamento do estômago e da mudança de sua posição. Um relaxamento geral do tônus de todo o trato gastrintestinal é característico do relaxamento da musculatura lisa na gravidez, predispondo, com frequência, a constipação (prisão de ventre). O QUE FAZER Evitar ganho excessivo de peso Comer várias refeições pequenas Comer devagar mastigando completamente Dormir com a cabeça elevada Constipação: beber muito líquido e fazer exercícios
  • 18. CENTRO DE FORMAÇÃO, TREINAMENTO E APERFEIÇOAMENTO 18 S I S T E M A M Ú S C U L O E S Q U E L É T I C O Como preparação para o parto normal, as cartilagens pélvicas tornam-se amolecidas, as articulações da bacia têm mais mobilidade e há um relaxamento acentuado dos ligamentos. O tamanho e o peso aumentados do útero durante a gravidez mudam o centro de gravidade para a frente, aumentando a lordose como um esforço para equilibrar o corpo. A instabilidade das articulações pélvicas e a mudança de postura tendem a causar tropeços e quedas e levam à dor nas costas. O QUE FAZER Usar sapatos baixos e confortáveis Corrigir postura Evitar atividades que possam levar a quedas e tropeços A L T E R A Ç Õ E S N A P E L E As alterações na pele consistem em: fluxo sanguíneo aumentado, aparecimento de aranhas vasculares, intensificação da cor das áreas pigmentadas e aparecimento de estrias. Os mamilos e aréolas tornam-se mais escuros, uma linha escura vertical divide o abdome e, às vezes, aparecem manchas acastanhadas na face como uma máscara ao redor dos olhos e sobre o nariz e bochechas (chamado de cloasma gravídico). O QUE FAZER Não engordar excessivamente Usar filtro solar diariamente F A D I G A , C A N S A Ç O E S O N O No primeiro trimestre, o corpo está se adaptando às novas exigências e a placenta está se formando, por isso é comum a sensação de cansaço e sono. Por volta do 4º mês, recuperam- se as energias e no último trimestre, a grávida volta a sentir fadiga e cansaço.
  • 19. Gestantes 2005 CENTRO DE FORMAÇÃO, TREINAMENTO E APERFEIÇOAMENTO 19 O QUE FAZER Mime a si mesma – Se é a sua primeira gravidez, desfrute do que talvez seja a sua última chance durante muito tempo para concentrar-se em você mesma sem se sentir culpada. Repousar Soneca a tarde Dormir mais P R E S T E A T E N Ç Ã O À D I E T A , P O I S A D E F I C I Ê N C I A D E F E R R O , P R O T E Í N A S O U C A L O R I A S P O D E M A G R A V A R
  • 20. CENTRO DE FORMAÇÃO, TREINAMENTO E APERFEIÇOAMENTO 20 A S P E C T O S E M O C I O N A I S D A G E S T A Ç Ã O Muitos motivos podem levar uma pessoa a querer ter um filho. Ser pai e mãe pode representar muitas coisas, como ter muitas alegrias ou tristezas. Confortos e desconfortos, dúvidas, preocupações, medos e algumas certezas. Para quê ter filhos se não podemos contê- los? Talvez seja uma forma de preencher o tempo. Realizar os sonhos da infância e adolescência. Prolongar a vida, dando continuidade a existência dos pais. Acertar a relação conjugal. Realizar através dos filhos o que não conseguimos realizar. Ter através deles o que não conseguimos ter. Seguir os padrões sociais, livrando-nos das cobranças do tipo: “E aí... Quando vem o bebê?” Cada gravidez é única, assim como cada fase da vida. As reações de surpresa, decepção, alegria, tristeza, contentamento, desânimo, expectativa, tensão, bem estar, entre tantas outras, acompanham o momento do casal, podendo variar a cada dia, semana e mês ou mesmo estarem presentes simultaneamente. A transformação física e emocional da mulher leva o homem a entrar em contato com suas próprias emoções e sentimentos, até então escondidos em seu inconsciente. O futuro pai passa por um período de transição, no qual afloram emoções profundas, com comportamentos variados, difíceis de entender. O estresse decorrente dessas situações pode levar ao afastamento do casal. É necessário que a mulher compreenda que, para ela, a gravidez chega de forma rápida, com mudanças concretas e palpáveis. Para o homem, no entanto, vai chegando devagar, à medida que cresce a barriga da parceira e que ele também pode sentir os movimentos do bebê. O casal deve estar preparado para que a maternidade e a paternidade sejam conscientes. Para que possam assumir o papel de pai e mãe é necessário abrir mão da individualidade, aceitar as limitações impostas pela gestação e criação do filho que ao nascer é totalmente dependente. Se a gravidez foi ou não desejada e planejada, ela será mais bem vivenciada se for conduzida com carinho, afeto, contato físico, tolerância e respeito. Se acreditarem no que estão fazendo, passarão sem dificuldades da relação a dois para a relação de família.
  • 21. Gestantes 2005 CENTRO DE FORMAÇÃO, TREINAMENTO E APERFEIÇOAMENTO 21 É importante que ambos se conscientizem de que o período da gravidez é um momento próprio para o autoconhecimento e passem a trabalhar seus conflitos individuais e do casal, se necessário com ajuda terapêutica. Crescer como pessoa junto com a criança que está para nascer é uma experiência gratificante. Quando uma criança é concebida, já há na mãe e no pai uma organização de fantasias e de expectativas ligadas à concepção e ao desenvolvimento da criança. Isto é verdadeiro tanto para as gestações programadas quanto para as concepções acidentais. Se do ponto de vista biológico a gravidez começa com a concepção, do ponto de vista psicológico há uma história do pai e da mãe, dentro da qual já estão reservados padrões de relacionamento a serem estabelecidos com a vinda da criança. A história dos pais como criança se reflete nos desejos e expectativas para o bebê que o casal aguarda, que também sofre influência da cultura e do grupo familiar. O relacionamento com os pais assume uma nova importância quando o casal se aproxima da maternidade/paternidade. Ter uma visão das atitudes e crenças familiares com relação a sexo, gravidez e parto, assim como explorar qualquer assunto que a deixe inquieta pode ajudar bastante, principalmente estarem abertos a ouvir e compartilhar as dúvidas. A gravidez é uma fase de transição, metamorfose, período de iniciação que faz parte do processo normal do desenvolvimento. Envolve a necessidade de reestruturação e reajustamento em várias dimensões: verifica-se mudança de identidade e uma nova definição de papéis – a mulher passa a se olhar e a ser olhada de uma maneira diferente. No caso do primeiro filho a grávida além de filha e mulher, passa a ser mãe; no caso do segundo ou mais filhos, verifica-se a mudança de identidade, pois ser mãe de um filho é diferente de ser mãe de dois, três ou mais. Com a vinda de cada filho toda a composição, organização e intercomunicação familiar se altera. A complexidade das mudanças provocadas pela vinda do bebê não se restringe apenas às variáveis psicológicas e bioquímicas: os fatores socioeconômicos também são fundamentais. Privações reais sejam afetivas, sejam econômicas, aumentam a tensão, intensificam a regressão e a ambivalência. A preocupação com o futuro aumenta as necessidades da grávida e intensifica sua frustração, gerando raiva e ressentimento, que a impede de encontrar gratificação na gravidez.
  • 22. CENTRO DE FORMAÇÃO, TREINAMENTO E APERFEIÇOAMENTO 22 A gravidez pode ser um dos mais felizes períodos na vida de um casal, cheio de mistérios, de crescimento físico e emocional; embora uma gestante possa diferir de outra em alguns aspectos, há inúmeras experiências que são comuns a todas e que as unem numa das mais felizes aventuras, que se chama maternidade. É importante ressaltar que toda gravidez bem aceita, planejada, oriunda de pais saudáveis, sempre trará consigo alguns temores. As ansiedades serão mínimas, mas surgirão e qualquer alteração pode gerar fantasias ligadas à rejeição da gravidez. Para minimizar esses efeitos os programas de acompanhamento e apoio à gestação são criados e nos grupos é possível reconhecer as semelhanças nos conflitos vivenciados em cada fase da gravidez. Compartilhar seus momentos com o companheiro e permitir que o bebê vivencie a troca afetiva entre o casal pode transformar este período em preparação, tanto emocional como fisicamente, para enfrentar os desafios do parto e da maternidade. O vínculo entre pai e filho começa antes do nascimento e pode ser experimentado durante a gestação, sempre que possível. Vivenciar a gestação é ser companheiro da gestante, estar ao seu lado na hora do desconforto, reconhecer o seu cansaço, colaborar para seu descanso, relaxar junto, conversar sobre as transformações que ocorrem com o corpo materno e sobre o sentimento gerado pelo crescimento de um novo ser dentro de si. O pai pode reagir à necessidade de maior proteção e cuidado por parte da mulher assumindo um papel protetor e compartilhando com ela a tarefa de cuidar do bebê, vivenciar junto com a mulher os temores e as ansiedades referentes ao parto e ao puerpério, compartilhar com ela as expectativas e fantasias em relação ao bebê e, dessa forma, também elaborar dentro de si sua relação com a criança.
  • 23. Gestantes 2005 CENTRO DE FORMAÇÃO, TREINAMENTO E APERFEIÇOAMENTO 23 T R A N S F O R M A Ç Õ E S E M U D A N Ç A S A percepção da gravidez pode ocorrer bem antes da confirmação pelo exame clínico e até mesmo antes da data em que deveria ocorrer a menstruação. Não é raro a mulher captar de modo inconsciente as transformações bioquímicas e corporais que assinalam a presença da gravidez e expressar essa percepção através de sonhos ou “intuições”. Existem mulheres que só descobrem a gravidez no quarto ou quinto mês, ou porque têm pouca sintonia com o próprio corpo e negam a existência das transformações provocadas pela gestação, ou porque na história ginecológica há episódios de amenorréia prolongada, ou porque sangramentos eventuais no primeiro trimestre são confundidos com menstruação. É a partir do momento dessa percepção que se inicia a formação da relação mãe-bebê e as modificações na rede de intercomunicação familiar. É nesse momento que se instala a vivência básica da gravidez, que vai se manifestar sob diversas formas durante a gestação e após o parto: a ambivalência afetiva. Há sempre uma oscilação entre desejar e não desejar este filho. Não existe uma gravidez totalmente aceita ou totalmente rejeitada; mesmo quando há clara predominância de aceitação ou rejeição, o sentimento oposto jamais está inteiramente ausente. Esse fenômeno é absolutamente natural e caracteriza todos os relacionamentos interpessoais significativos. No primeiro trimestre, o bebê ainda não é conscientemente sentido, e as manifestações mais comuns da ambivalência são os sentimentos de dúvida entre estar ou não grávida, mesmo após a confirmação clínica, que por sua vez, também tende a evocar uma mistura de sentimentos de alegria, apreensão, irrealidade e, em alguns casos franca rejeição. O mais importante é aceitar-se inteiramente, respeitando seu momento e aprendendo a amar-se para poder amar seu bebê. Certas perturbações emocionais são inevitáveis e fazem parte do cotidiano de qualquer grávida. Mas é importante lembrar que ela pode, em vários momentos do dia, dedicar ao bebê
  • 24. CENTRO DE FORMAÇÃO, TREINAMENTO E APERFEIÇOAMENTO 24 uma atenção dirigida: conversando com ele baixinho, contando das suas atividades e ocupações, dos preparativos feitos para recebê-lo, cantarolando cantigas de ninar, acariciando-o com ternura através do seu ventre, dedicando-lhe muito carinho. Quando a mãe vive momentos de estresse agudo ou alguma outra situação de perturbação emocional, o bebê percebe essas sensações através de substâncias químicas geradas pelo estresse causando-lhe desconforto. Em tais momentos as conversas tranquilizadoras que a mãe pode ter com o seu filho visam restituir a ele a sensação de segurança, otimismo e esperança, reforçando e reassegurando a permanência do vínculo de vida entre ambos. As oscilações de humor, tão freqüentes desde o início da gravidez, estão intimamente relacionadas com as alterações do metabolismo. É comum a mulher passar da tristeza à euforia sem motivo aparente e parece também que esses estados de humor não estão associados à atitude para com a gravidez: mulheres que aceitam a gravidez podem passar por períodos de depressivos e crises de choro e mulheres que rejeitam a gravidez podem passar por períodos de grande euforia e bem-estar. Com freqüência, a pessoa passa por “altos e baixos”, sente-se mais vulnerável, como se estivesse com “pele fina”. Isso sugere que as oscilações de humor devem-se ao próprio esforço de adaptação a uma nova realidade da vida, que envolve novas tarefas, responsabilidades, aprendizagem e descobertas. O aumento de sensibilidade está intimamente ligado a essas oscilações de humor; além de haver, em geral, maior sensibilidade nas áreas de olfato, paladar e audição, isso se expressa também na área emocional através do aumento da irritabilidade e a mulher fica mais irritada e vulnerável a certos estímulos externos que antes não a afetavam tanto, chora e ri com mais facilidade. O segundo trimestre pode ser considerado o mais estável do ponto de vista emocional. O impacto da percepção dos primeiros movimentos fetais é um fenômeno, pois é a primeira vez que a mulher sente o bebê como uma realidade concreta dentro de si. Os sentimentos de personificação do bebê se instalam mais fortemente quando a mulher percebe os movimentos e passa a lhe atribuir certas características pessoais, de acordo com a sua interpretação. A mãe pode dizer que o bebê é “carinhoso” ou “delicado”, se os movimentos
  • 25. Gestantes 2005 CENTRO DE FORMAÇÃO, TREINAMENTO E APERFEIÇOAMENTO 25 percebidos são suaves; ou pode atribuir características agressivas se os movimentos são sentidos como bruscos e violentos, como se fossem socos ou “patadas”. As fantasias e as representações mentais que a mulher faz de si mesma e do seu futuro bebê influencia o tipo de vínculo que ela formará com o filho. Compartilhe com o bebê seus sentimentos, é durante a gestação que eles poderão iniciar uma relação de amizade que permitirá que ele se desenvolva com mais saúde e se sinta mais confiante. A maneira como a mulher sente as alterações no seu corpo está relacionada com as alterações da sexualidade, com a atitude do homem em relação às modificações corporais da mulher e com o modo em que ela própria se situa diante da gravidez. Algumas vezes a sensação de ser fecunda e estar desabrochando como mulher vem acompanhada de sentimentos de orgulho pelo corpo grávido, sobretudo quando esse novo aspecto da estética feminina é compartilhado pelo marido. Em outros casos, a sensação é oposta e as alterações do corpo são vividas como deformações – a mulher se sente feia, sexualmente incapaz de atrair alguém. Quando essa vivência é muito intensa, nem mesmo a atitude de admiração do homem pode ser aceita e a mulher suspeita que existe apenas a intenção de consolá-la. Na gravidez que transcorre normalmente a atividade sexual pode e deve ser mantida até o final da gestação. A relação do casal deve ser respeitada e não há nenhum problema com o fato de se atingir o orgasmo. Pelo contrário, a sensação de bem estar que acompanha uma relação fundamentada no amor é muito bem vindo. E o casal sempre encontrará alternativas que superem eventuais desconfortos relacionados a determinadas posições. Sempre há a preocupação de não voltar à “forma antiga”, de ficar alargada e flácida depois do parto. Esse temor pode ter um significado simbólico mais profundo: o medo de ficar modificada como pessoa, pela experiência da maternidade, de não recuperar sua identidade e transformar-se numa outra pessoa, com mais perdas do que ganhos. A introversão e a passividade constituem características emocionais das mais peculiares na gravidez. Em geral, a mulher sente que o ritmo de seu organismo fica mais lento. Tende a ficar mais retraída; outras, ao contrário, referem aumento de atividade, de energia e disposição. Nesse período a mulher sente maior necessidade de afetos, cuidados e proteção; precisa receber mais do que dar e aparentemente as mulheres que mais recebem essa cota extra de afeto são as que depois mais conseguem dar carinho e amor ao bebê; ao contrário, as que menos recebem
  • 26. CENTRO DE FORMAÇÃO, TREINAMENTO E APERFEIÇOAMENTO 26 tandem a apresentar dificuldades em desempenhar o papel de pessoa fundamentalmente doadora e é comum privarem o bebê em suas necessidade de afeto. Essa maior necessidade de receber afeto e atenção muitas vezes causa um grande impacto na relação conjugal: o homem pode sentir-se excessivamente solicitado e exigido a dar muito de si ao mesmo tempo em que está sendo mais privado de atenção e cuidados; pode ter medo de ser eternamente “explorado”, ou de “ceder” e fazer com que a mulher fique “mimada” para sempre. No terceiro trimestre, o nível de ansiedade tende a elevar-se com a proximidade do parto e da mudança de rotina da vida após a chegada do bebê. A ansiedade é especialmente aguda nos dias que antecedem a data prevista e tende a intensificar-se ainda mais quando a data prevista é ultrapassada. Os sentimentos geralmente são contraditórios; há vontade de ter um filho e terminar a gravidez; e ao mesmo tempo há vontade de prolongar a gravidez para adiar a necessidade de fazer as novas adaptações exigidas pela vinda do bebê. Os temores específicos da maternidade muitas vezes se expressam em sonhos e fantasias antes e após o parto. Na gravidez é comum sonhar com o parto, com o bebê e com as alterações do esquema corporal; as expectativas em relação a si própria como mãe e em relação ao bebê são temas também freqüentemente expressos em sonhos. Tomar nota dos sonhos, assim que acordar, pode ajuda-la ainda mais a explorar seu mundo interior. No final da gestação a gestante pode se sentir mais insegura. Diante da realidade da aproximação do parto e da maternidade, algumas vezes você poderá sentir ansiedade medo ou mesmo pânico. É muito natural, ter dúvidas sobre sua habilidade de lidar com as dores do parto ou sua capacidade de ter um bebê perfeito. Reconhecer e exprimir estes receios são uma das maneiras de superá-los. Quando o bebê estiver pronto para nascer, aceite a separação naturalmente, por menos que se queira, um dia ele terá que enfrentar o mundo lá de fora. Pense nisso de forma positiva e não com pesar. A sua relação com o bebê pode auxiliar vocês dois na hora do parto. Pense e programe com ele a separação dos corpos e as novas uniões que se darão entre vocês através do contato íntimo da amamentação. Converse com o bebê, deixe que ele perceba a sua voz, não se iniba com os comentários. Essas atitudes contribuirão para que a gestação seja vivida como um ato de amor pleno.
  • 27. Gestantes 2005 CENTRO DE FORMAÇÃO, TREINAMENTO E APERFEIÇOAMENTO 27 S E X U A L I D A D E N A G R A V I D E Z Por mais que a humanidade tenha evoluído em todos os sentidos, o assunto sexo ainda é considerado um tabu. Com certeza, uma mulher que acredita que sexo é sujo e feio vai ter mais dificuldade de curtir, ter prazer e orgasmo na sua vida sexual, e um homem que pensa que a mulher que tem prazer sexual não é direita inibirá sua companheira e terá com ela uma vida sexual muito menos prazerosa. Quando falamos em sexo estamos querendo dizer alguma coisa além do fato de ser homem ou mulher. Geralmente nos referimos ao ato sexual, mas a sexualidade envolve também os sentimentos e desejos. Várias das nossas atitudes podem revelar a sexualidade: um olhar, um roçar de mãos, o jeito de andar e falar, de disputar uma competição esportiva, de trabalhar. Sendo assim, definimos a sexualidade humana como sendo um conjunto de fatores bio-psico-sociais que envolvem o comportamento sexual de um indivíduo. Temos curiosidade quanto ao nosso corpo e sentimos prazer quando tocamos certas partes dele, além disso, as fantasias sexuais fazem parte do desenvolvimento da nossa capacidade de amar e ter prazer sexual. A atividade sexual na gravidez é muito importante, especialmente para o bom relacionamento do casal, pois o desejo sexual existe durante os nove meses de desenvolvimento do bebê. Embora seja comum que algumas pessoas, quando grávidas, acabem por nutrir algum mito – que impeça ou dificulte o sexo na gravidez – outras vivenciam a sua sexualidade de uma maneira intensa. Durante a gravidez, a mulher passa por tanta mudança, sente-se tão diferente “por dentro”, sujeita a tantos impulsos inesperados e extravagantes que a libido sofre alguns efeitos. Além disso, à medida que progride, muitas vezes sobrevêm abalos ao autoconceito físico, um sentimento de estar “deformada”, “ridícula”, talvez até “repulsiva”. Tudo isso, pode afetar a disposição sexual.
  • 28. CENTRO DE FORMAÇÃO, TREINAMENTO E APERFEIÇOAMENTO 28 As dificuldades emocionais que as mulheres podem viver durante a gravidez e no início da maternidade são, na maior parte dos casos, resultados de uma má identificação com a figura feminina. Isso não diz respeito à mãe real que ela tem, mas à figura materna que ela tem dentro de si. Se essa relação com a figura feminina é conflituosa, toda a relação com a sexualidade também vai ser. Ao contrário, se ela incorporou sentimentos positivos em relação a ser mulher e mãe, a experiência será cheia de prazer. O homem vive uma situação semelhante. Quando ele teve uma relação afetuosa com os próprios pais, suas condições de acolher uma mulher grávida são excelentes. Mas haverá conflito se, por exemplo, abrigar dentro de si a imagem de uma mãe muito perfeita, muito idealizada, porque a mulher nunca será igual à mãe dele, nem à mãe que ele acha que ela deveria ser. Ao contrário do que muitas mulheres receiam, poucos parceiros acham a mulher menos atraente por efeito das alterações que o corpo dela sofre na gravidez. Nota-se que a maioria das mulheres fica mais bonita na gravidez. Além disso, muitos parceiros sentem aumentar a ternura pela companheira, o que melhora o clima afetivo. O que de fato ocorre é que, no primeiro trimestre da gravidez, talvez exista uma perda de interesse ou diminuição das atividades sexuais. É comum o aparecimento de enjôos matinais que acarretam uma certa indisposição na mulher grávida. Esse fator pode afastá-la temporariamente de manter relações sexuais. O elevado nível de fadiga, comum no primeiro trimestre da gestação, também pode ser uma das causas da diminuição do interesse pelo sexo. Um possível temor da perda da referência corporal também pode resultar em uma freqüência menor da atividade sexual. Além disso, as alterações hormonais ou os fatores emocionais ligados à aceitação da gravidez podem diminuir o desejo sexual de algumas mulheres. No segundo trimestre, observamos um aumento da sexualidade de 80% das mulheres grávidas. Além do aumento da libido, na qual a mulher tem o desejo aumentado, os orgasmos costumam ser mais intensos. Talvez este fenômeno ocorra em função da mulher não ficar mais preocupada se vai ou não engravidar. Em outras palavras, desaparece a preocupação com a concepção e a contracepção.
  • 29. Gestantes 2005 CENTRO DE FORMAÇÃO, TREINAMENTO E APERFEIÇOAMENTO 29 Os depoimentos de mulheres grávidas também mencionam mais fantasias e sonhos eróticos nesse período do que em outros do estado não gravídico. No terceiro trimestre, é comum que ocorra uma queda na freqüência das relações sexuais. Em parte esse desinteresse pode estar ligado ao maior desconforto físico dessa fase, mas é provável que fatores psicológicos e hormonais também influam. O peso e o tamanho da barriga pode tornar o sexo incômodo. É nesse momento que alguns casais acabam por buscar posições sexuais alternativas, muitas delas experimentadas pela primeira vez. A preocupação com o bebê tende aumentar neste período da gestação, o que pode conduzir a uma abstenção sexual voluntária. Além disso, algumas mulheres acreditam que ficam menos atraentes fisicamente, fatos negados por alguns parceiros. Ao contrário, os homens parecem estar mais preocupados em causar danos ao bebê ou à parceira. Apesar de culturalmente existir a idéia da diminuição da freqüência sexual na gravidez, este é o período no qual a mulher tem necessidade de se sentir querida e amparada. Neste caso, os sentimentos de intimidade e prazer transmitidos pela relação sexual podem contribuir para uma sensação de bem estar. Por outro lado, caso haja a interrupção das atividades sexuais durante a gravidez, o relacionamento do casal poderá ficar seriamente prejudicado. O homem tenderá se sentir enciumado ou até mesmo abandonado; a sensação de exclusão pode ser aumentada quando existe uma menor atividade sexual. De uma maneira geral, o relacionamento sexual, benéfico para os parceiros, também é positivo para o feto, que irá receber essa energia de amor e carinho, contribuindo para a sua segurança e desenvolvimento. Segundo Rodrigues “para manter o bem estar da mãe e do bebê durante o ato sexual é importante ter cuidados básicos essenciais como uma posição confortável”. Rodrigues ainda afirma que “se a mãe está feliz e relaxada, provavelmente o bebê também estará”. Quanto a posições sexuais, as laterais, de costas, de quatro ou com a mulher opor cima, são mais indicadas por serem mais cômodas. Porém tudo depende
  • 30. CENTRO DE FORMAÇÃO, TREINAMENTO E APERFEIÇOAMENTO 30 da criatividade do casal. Os diversos exercícios, indicados durante a gravidez, podem levar à mulher a conhecer melhor o corpo e estar a vontade com ele. Logo, com o aumento da libido, as práticas de masturbação também tendem a aumentar neste período. Além do mais, nem sempre o parceiro está à disposição quando surge o desejo sexual. Durante a gravidez, algumas influências negativas podem ocorrer. Alguns homens, por insegurança, podem ressentir-se em função da ocasional indisposição física e psicológica da mulher. Outros podem sentir agravamento dos conflitos ligados à associação da mulher com a figura materna. E há também fatores de tensão nas responsabilidades (financeiras e outras) que um filho sempre traz, seja ou não o primeiro. Ao contrário do que muitas mulheres pensam, o homem se enche de temores durante essa fase. Um dos mais comuns é o de não corresponder à responsabilidade que pesa sobre ele. Esse medo que ele sente poderá interferir no seu desempenho sexual. A possibilidade de falar com sua companheira ajuda a dissipar receios como esse. Por isso, é importante conversar sobre o que o casal imagina que é ser pai e mãe e seus desejos sexuais, bem como revelar seus medos um ao outro. O erotismo de alguns homens só pode funcionar em relação a mulheres muito jovens e, diante da imagem de uma mulher fecunda e mãe que ele vive como imaculada, ele pode sentir-se desarmado. Pode perceber, desde já, esse futuro filho, presente no corpo de sua mulher, como um rival e se sentir excluído da relação. A mulher, por sua vez, pode vivenciar o recuo do homem como uma rejeição dele a seu filho ou como uma rejeição a ela mesma. É por isso que se observam alguns casais que, durante a gravidez, não conseguem mais se relacionar, ele não podendo mais cortejá-la em função das modificações físicas dela que o “bloqueiam”, ela fechando-se na sua gravidez, deixando-se engordar sem controle, muitas vezes em excesso, como se ela apenas existisse como mulher grávida e futura mãe. O homem reagirá de várias formas às modificações do corpo de sua mulher. Poderá vê-las como erotizantes ou repulsivas, mas o homem não ficará indiferente. Ele demonstrará reações que repercutirão sobre a mulher, quer ele se mostre enternecido, excitado, intimidado ou alterado. O que nesse momento é renegociado nas relações do casal e na sua sexualidade pode ser
  • 31. Gestantes 2005 CENTRO DE FORMAÇÃO, TREINAMENTO E APERFEIÇOAMENTO 31 entendido como um modo de construir juntos um lugar para o filho que está por vir. Na gravidez, o mito sexual mais freqüente é com relação à possibilidade do pênis machucar o bebê. Ora, sabemos que o pênis não atravessa o útero através da cérvix ou colo do útero. A inserção, quando o sexo é vaginal, se dá exclusivamente no canal vaginal, não havendo possibilidade de o bebê ser atingido. Logo, a relação sexual e o orgasmo são inteiramente seguros para a mãe e o bebê – salvo contra-indicações apontadas pelo médico como: rompimento da “bolsa d’água”, hemorragias genitais, diminuição da espessura do útero e história de abortos prematuros. É importante ressaltar que a maioria dos ginecologistas, atualmente, não exige abstenção sexual nem mesmo nos três últimos meses. Finalizando, a atividade sexual não é o único indicador da intimidade emocional, nem na gravidez, nem fora dela. O prazer erótico envolve outras carícias e não necessariamente a penetração. A motivação para encontrar novos meios de expressar afeição pode revigorar o namoro de um casal de futuros pais.
  • 32. CENTRO DE FORMAÇÃO, TREINAMENTO E APERFEIÇOAMENTO 32 A T I V I D A D E F Í S I C A N A G R A V I D E Z Como puderam perceber o corpo sofre inúmeras transformações durante a gravidez e para melhor adaptar-se a elas e preparar-se melhor para o parto é importante que a mulher esteja bem preparada fisicamente. B E N E F Í C I O S D A A T I V I D A D E F Í S I C A Melhora na circulação sanguínea; Ampliação do equilíbrio muscular; Redução do inchaço; Alívio nos desconfortos intestinais, incluindo a obstipação; Diminuição das câimbras nas pernas; Fortalecimento da musculatura abdominal e assoalho pélvico e Facilidade na recuperação pós-parto. Muitos desconfortos comuns na gravidez – incluindo a tendência à formação de varizes, as dores nas costas e as articulações e músculos doloridos – podem ser aliviados com os exercícios. Um bom programa de exercícios pode ainda melhorar a postura, que é seriamente afetada pelo crescimento uterino e reduzir o desconforto associado a essas alterações. Q U A N D O C O M E Ç A R ? Após certificar-se junto ao seu médico que não há nenhuma condição restritiva à prática de exercícios (Risco de parto prematuro; sangramento vaginal ou ruptura de membranas; retardo no crescimento intra-uterino; suspeita de sofrimento fetal; doença miocárdica ativa; insuficiência cardíaca congestiva; doença reumática cardíaca; tromboflebite; embolia pulmonar recente; isoimunização grave), assim que a gestante se sentir confortável (geralmente por volta das 12 semanas), pode iniciar um programa de exercícios, mesmo que tenha sido sempre sedentária. Este pode ser um ótimo momento para começar!
  • 33. Gestantes 2005 CENTRO DE FORMAÇÃO, TREINAMENTO E APERFEIÇOAMENTO 33 Neste caso é indicado começar com exercícios leves e progredir lentamente. Além dos exercícios específicos propostos, é bastante válida a complementação com atividades aeróbicas como a caminhada, natação ou bicicleta ergométrica. Quem já se exercita moderadamente tem boas chances de continuar sua atividade com pouca variação, só precisando acrescentar os exercícios mais dirigidos ao fortalecimento do assoalho pélvico, por exemplo, mais específicos para os objetivos da gravidez. C O M P O N E N T E S D O P R O G R A M A D E E X E R C Í C I O S ♦ AQUECIMENTO – essencial no preparo da musculatura e alongamento sem casar danos. Deve levar pelo menos 5 minutos ♦ ATIVIDADE AERÓBICA – aumenta a freqüência cardíaca, a capacidade de receber oxigênio e o tônus muscular. ♦ EXERCÍCIOS DE FORTALECIMENTO MUSCULAR – especialmente para os ombros, braços, abdômen, costas, pernas e músculos do assoalho pélvico. ♦ DESAQUECIMENTO – ajuda a respiração e a freqüência cardíaca retornarem ao normal e impede o acúmulo de sangue nas extremidades. Deve levar uns 5 minutos. ♦ EXERCÍCIOS DE ALONGAMENTO – a fim de extender a musculatura e torná-la mais flexível. Devem ser feitos sempre de forma lenta e suave porque as articulações estão mais soltas. Duração sugerida de pelo menos 5 minutos. ♦ RELAXAMENTO – podem ajudar tanto durante a gravidez quanto durante o parto, aliviando a tensão muscular e propiciando conforto, calma e equilíbrio.
  • 34. CENTRO DE FORMAÇÃO, TREINAMENTO E APERFEIÇOAMENTO 34 P O S T U R A Como dito anteriormente, o peso uterino gera uma tendência de as costas curvarem-se para trás a fim de compensar o deslocamento do centro de gravidade. Isso força a musculatura das costas na parte inferior e na pelve, principalmente na época do parto. Portanto, em tudo o que fizer, fique atenta para sua postura corporal. Evite levantar pesos e use saltos baixos, pois os saltos altos inclinam o corpo ainda mais para frente. Fortaleça também a musculatura do abdômen, das costas e das nádegas. Exemplo de postura adequada: Além disso, você deve tomar cuidado todas as vezes que for levantar-se do chão ou da cama, bem como quando tiver que abaixar-se e suspender algum objeto. As figuras seguintes ilustram a maneira adequada de realizar esses movimentos.
  • 35. Gestantes 2005 CENTRO DE FORMAÇÃO, TREINAMENTO E APERFEIÇOAMENTO 35 A S S O A L H O P É L V I C O Como já visto, a musculatura do assoalho pélvico serve de apoio para os órgãos pélvicos e abdominais. Durante o parto, eles necessitarão esticar-se a fim de permitir a passagem do bebê. Quando esses músculos estão tonificados e fortes, eles ajudam a mãe a Ter controle sobre o parto, além de melhorarem o problema da incontinência urinária que ocorre especialmente no final da gravidez. Os exercícios de Kegel são extremamente importantes na tonificação e sustentação desses músculos e devem ser feitos a qualquer hora, em qualquer lugar e devem ser feitos pelo resto da vida. Faça de 3 a 5 repetições de cada exercício até atingir diariamente pelo menos 50 repetições dos diversos exercícios. MOVIMENTO 1: Contraia os músculos do assoalho pélvico puxando-os para cima, mantendo a contração por 3 a 5 segundos e depois solte-os.
  • 36. CENTRO DE FORMAÇÃO, TREINAMENTO E APERFEIÇOAMENTO 36 MOVIMENTO 2: Imagine que você está num elevador e a cada andar que você subir, eleve um pouco mais o assoalho pélvico; quando alcançar o limite, não solte tudo, desça gradualmente andar por andar. MOVIMENTO 3: Contraia os músculos do assoalho pélvico e permaneça por cerca de 20 segundos, renovando a contração se ela se enfraquecer. Faça uma ou duas repetições várias vezes ao dia. S I N A I S D E A L E R T A P A R A P A R A R O S E X E R C Í C I O S Se alguns dos sintomas seguintes forem percebidos, você deve suspender os exercícios imediatamente e consultar o seu médico: ♦ Sangramento vaginal ♦ Dor no abdômen ou no peito ♦ Perda de líquido pela vagina ♦ Inchaço repentino nas mãos, faces ou pés ♦ Dor de cabeça forte e persistente ♦ Tonturas ou sensação de luzes piscando ♦ Redução perceptível dos movimentos fetais ♦ Áreas doloridas e avermelhadas nas pernas ♦ Dor forte na área púbica ou nos quadris ♦ Dor ou sensação de ardência ao urinar ♦ Fluido vaginal que provoca irritação ♦ Temperatura acima de 38°C ♦ Náuseas ou vômitos persistentes
  • 37. Gestantes 2005 CENTRO DE FORMAÇÃO, TREINAMENTO E APERFEIÇOAMENTO 37 EXEMPLOS DE ALGUNS EXERCÍCIOS A seguir encontram-se alguns exemplos de exercícios úteis durante o período gestacional. Existem muitos outros, além de programas específicos para a gestante em alguns centros de atividade física. O importante mesmo é que você não deixe de praticá-los.
  • 38. CENTRO DE FORMAÇÃO, TREINAMENTO E APERFEIÇOAMENTO 38
  • 39. Gestantes 2005 CENTRO DE FORMAÇÃO, TREINAMENTO E APERFEIÇOAMENTO 39 A L I M E N T A Ç Ã O N A G R A V I D E Z Este período, especial para a mulher, é rodeado de muitas dúvidas a respeito da alimentação. Para a maioria das futuras mamães já está claro que a nutrição do seu bebê (feto) é diretamente dependente de sua alimentação, mas como então contribuir da melhor forma para o correto aporte de nutrientes? Do que meu bebê mais precisa? O que eu posso e não posso comer? Estas e outras dúvidas são comuns, principalmente para as primíparas, porém, são muitos simples de serem esclarecidas. As necessidades nutricionais estão aumentadas na gestação, pouco em quantidade de alimentos (calorias) e em maior proporção em qualidade. Necessidades de proteínas, cálcio, ferro, ácido fólico, estão aumentadas, porém, os outros macro (carboidratos e lipídeos) e micronutrientes (outras vitaminas e minerais) também devem estar presentes em quantidades adequadas e fazendo parte de uma dieta balanceada. Também são comuns desconfortos gastrointestinais como azia, náuseas e vômitos, constipação, flatulência, hemorróidas, etc... . Estes desconfortos podem ser minimizados por meio da alimentação. Algumas complicações metabólicas, como hipertensão, também guardam profundo envolvimento com a alimentação na minimização e/ou prevenção de complicações. Todas estas situações especiais e suas relações com a alimentação serão descritas mais adiante. G A N H O D E P E S O E N E C E S S I D A D E S C A L Ó R I C A S E D E N U T R I E N T E Dependendo do estado nutricional e do peso da mulher, no início da gestação, pode-se determinar a melhor conduta alimentar. A recomendação atual é que, para uma mulher nutricionalmente saudável e com peso na faixa da normalidade, no primeiro trimestre da gestação a quantidade ingerida de calorias seja a mesma para a de uma mulher não grávida com a mesma idade, peso e altura. Ou seja, não são recomendados, nem necessários, aumentos de calorias no início da gestação. No segundo e terceiro trimestres, recomenda-se um aporte de 300 Kcal diárias a mais. Percebe-se que, conforme dito anteriormente, em quantidade de calorias necessárias, a diferença entre a alimentação de uma mulher grávida para uma não grávida é muito pouca. Em geral, mulheres que iniciam a gestação com peso normal (IMC * entre 20 e 25) devem ter um aumento de peso entre 09 e 12 quilos até o final da gravidez. Gestantes obesas podem limitar o ganho no limite inferior do recomendado, ou seja, 09 quilos e, dependendo de
  • 40. CENTRO DE FORMAÇÃO, TREINAMENTO E APERFEIÇOAMENTO 40 avaliação individual, pode-se inclusive recomendar ingestão calórica sem o acréscimo das 300 Kcal, até o final da gravidez. Mas atenção, nunca deve-se pensar em seguir uma dieta restritiva para perda de peso. Para mulheres com baixo peso (IMC* < 19) e para adolescentes considera-se normal um ganho de peso de até 15 quilos e deve ser iniciado o acréscimo calórico de 300 Kcal diários desde o início da gestação. O aumento de peso na gravidez é fisiológico e necessário. Compreende o peso do feto, da placenta, do líquido amniótico, da volemia, das mamas, do tecido adiposo. Espera-se, em média, um aumento de 1 a 2 quilos no primeiro trimestre de gestação (algumas mulheres nem sequer ganham peso outras até perdem peso devido aos desconfortos gastrointestinais normais) e de 350 a 450g por semana até o final da gestação. Independente do peso inicial da mulher, um aumento de vitaminas, minerais e proteínas deve ser estabelecido, compondo uma dieta nutricionalmente balanceada e equilibrada. O aumento na ingestão de proteínas na gestação justifica-se pelo rápido crescimento da criança, pelo desenvolvimento da placenta, do líquido amniótico, pela hipertrofia do tecido materno e pelo volume sanguíneo materno aumentado. Se a gestante não ingere carne ou produtos lácteos (principais fontes protéicas) deve consultar um nutricionista para assegurar a ingestão adequada de proteínas provenientes de outros alimentos. Para que a proteína exerça o seu papel, de construtora de tecidos, é necessário que a gestante esteja ingerindo calorias suficientes pois, se isso não ocorrer, as proteínas são desviadas de função e o corpo irá usar as proteínas como forma de energia, ao invés de aproveitá-las para a formação celular. Portanto, lembre-se sempre que, apesar de não ser necessário um aumento calórico muito considerável na gravidez, apenas 300 calorias (é falsa aquela antiga idéia de “comer por dois” ), a gestante também não deve comer pouco ou fazer dieta restritiva. As calorias necessárias devem vir, em sua maioria, de alimentos ricos em carboidratos complexos, conforme descrito mais adiante no item Pirâmide de Alimentos. Os alimentos ricos em gordura também devem ser usados para obtenção de energia, em pouca quantidade, mas os carboidratos é que são os combustíveis perfeitos para o cérebro e sistema nervoso, e são considerados o combustível para a vida humana. Em relação às vitaminas é importante saber que todas são essenciais na gestação e a maioria delas pode ser obtida por meio de uma alimentação balanceada. Porém, uma vitamina especialmente importante desde antes da gestação é o Ácido Fólico. Esta é uma vitamina do
  • 41. Gestantes 2005 CENTRO DE FORMAÇÃO, TREINAMENTO E APERFEIÇOAMENTO 41 complexo B que pode prevenir defeitos no tubo neural no desenvolvimento do bebê. Portanto, qualquer mulher que pensa em engravidar deveria assegurar a ingestão de pelo menos 400 microgramas diariamente (disponível na maioria dos pães, cereais, grãos integrais, arroz, massas e verduras). Os minerais também desempenham papéis importantes no organismo. Dois deles são fundamentais na gravidez: Cálcio e Ferro. Se eles não forem consumidos na quantidade adequada, o bebê usará o cálcio dos ossos da mãe e o ferro do sangue mãe, e a mãe não pode suportar esta situação. É comum a prescrição médica de suplementos de ferro, mesmo tendo a gestante uma alimentação balanceada e rica neste nutriente, devido a real necessidade deste mineral. Converse com seu médico. As melhores fontes alimentares de ferro são as carnes vermelhas, fígado, vegetais de folhas verde-escura, legumes, leguminosas e cereais enriquecidos. Quanto ao cálcio, importante para a formação dos ossos do bebê, as melhores fontes são o leite e seus derivados, nas proporções adequadas (Pirâmide Alimentar). Nos casos de intolerância à lactose, podem ser usados reduzidos em lactose ou leite de soja. Outras fontes de cálcio são: sardinhas, tofu preparado com cálcio, vegetais de folhas verde-escura, figo seco, legumes e brócolis.
  • 42. CENTRO DE FORMAÇÃO, TREINAMENTO E APERFEIÇOAMENTO 42 Gorduras e açúcares restrinja ao mínimo Leguminosas: 1 Leite, iogurte e queijos: 3 porções Frutas: 3 a 5 porçõesVerduras: 4 a 5 porções Grãos, cereais, arroz e massas: 5 a 9 porções Carne, peixe, aves, ovos: 1 a 2 porções
  • 43. Gestantes 2005 CENTRO DE FORMAÇÃO, TREINAMENTO E APERFEIÇOAMENTO 43 G U I A A L I M E N T A R D I Á R I O , D E A C O R D O C O M A P I R Â M I D E D E A L I M E N T O S Uma alimentação saudável deve basear-se nos princípios da PIRÂMIDE DOS ALIMENTOS. Esta é uma expressão gráfica das proporções em que os alimentos devem estar presentes em nossa alimentação diária. Ela é dividida em cinco grupos e os alimentos são distribuídos entre os grupos de acordo com sua função, nutriente fonte e quantidade diária a ser ingerida. Como se vê, os alimentos fontes de carboidratos complexos como os pães, os cereais, as massas e os grãos são a base da pirâmide e portanto a base de uma alimentação saudável. Estes são os alimentos conhecidos como energéticos, pois tem a função de fornecer calorias (energia) para o organismo desenvolver suas atividades metabólicas e ainda, são alimentos que contêm pouca gordura em sua composição. Nas versões integrais ainda contribuem fornecendo fibras. Logo depois encontramos o grupo das frutas e o grupo das verduras, fontes de vitaminas, minerais e fibras, conhecidos como alimentos reguladores. A função das vitaminas e minerais é participar da regulação do metabolismo, atuando como coenzimas para as reações orgânicas e como elementos chaves na formação dos tecidos como ossos, dentes, pele, cabelos, etc... . Em menor proporção, aparecem dois grupos de alimentos protéicos ou construtores: os (1) laticínios e (2) carnes, ovos e leguminosas. Estes alimentos podem ser consumidos em pequenas quantidades, (em torno de 2 a 3 porções por dia para cada grupo). Apesar de serem ricos em proteínas (nutriente responsável pela construção de novos tecidos, pelo crescimento e reparação do desgaste natural dos tecidos) não precisam estar em excesso, pois o exagero no consumo de proteína pode sobrecarregar as funções hepáticas e renais e, ainda, estes alimentos contêm muita gordura do tipo saturada, prejudicial para artérias e sistema cardiovascular. Em uma alimentação saudável deve-se optar pelas versões “magras” destes alimentos (leite e derivados desnatados, carnes magras, etc... ) e ingerir as porções recomendadas. Na gravidez pode-se privilegiar o grupo dos laticíneos, aumentando para 3 ou 4 porções diárias, pois estes alimentos também são ricos em cálcio, importante mineral na formação do bebê.
  • 44. CENTRO DE FORMAÇÃO, TREINAMENTO E APERFEIÇOAMENTO 44 No topo da pirâmide, estão representadas as gorduras adicionadas como óleo, manteiga, etc..., e os doces/açúcares. Estes são os considerados energéticos extras e devem estar presentes em quantidades bem pequenas. Seguindo as proporções e quantidades da pirâmide e variando sempre a alimentação, o indivíduo está colaborando para a manutenção da saúde, do peso corpóreo, e prevenindo complicações e doenças crônicas como diabetes, hipertensão, colesterol elevado, entre outras. Especificamente na gravidez, a vantagem do uso da pirâmide é que se pode comer de tudo, sem enjoar da dieta, tornando os hábitos alimentares mais saudáveis, com a garantia do correto fornecimento dos nutrientes essenciais para a boa saúde materna e formação do bebê. Com o guia da pirâmide também se consegue uma alimentação com poucos doces e gorduras garantindo um ganho de peso adequado.
  • 45. Gestantes 2005 CENTRO DE FORMAÇÃO, TREINAMENTO E APERFEIÇOAMENTO 45 GUIA ALIMENTAR DIÁRIO PARA GESTANTES, DE ACORDO COM A PIRÂMIDE DE ALIMENTOS Alimento Nº de porções ao dia Tamanho das porções 1 fatia de pão de forma ou integral ½ pão francês ou de hambúrguer ½ xícara de cereal cozido ou massa 30 g de cereal integral Cereais e equivalentes 06 a 11 porções 3 biscoitos ou torradas médias 1 fruta méd89ia 1 fatia média de fruta grande (melancia, mamão, melão etc) 1 copo de frutas pequenas (uva, morango etc) ¾ de xícara de suco puro Frutas 2 a 4 porções ½ xícara de fruta seca ou cozida 1 xícara de vegetal cru ½ xícara de vegetal cozido Vegetais 3 a 5 porções ¾ xícara de suco de vegetal 1 copo de leite ou iorguteLeite e derivados 3 a 4 porções 50 g de queijo 60 a 90 g de carne cozida, assada ou grelhada. 2 xícaras de leguminosas 2 /3 a 1 xícara de oleaginosas 2 /3 a 1 xícara de tofu Carnes e equivalentes 2 a 3 porções 2 ovos
  • 46. CENTRO DE FORMAÇÃO, TREINAMENTO E APERFEIÇOAMENTO 46 D E S C O N F O R T O S E S I T U A Ç Õ E S M A I S C O M U N S N A G R A V I D E Z CONSTIPAÇÃO INTESTINAL ♦ Ingerir bastante líquido. Pelo menos 10 copos de água ao dia, entre as refeições. ♦ Aumentar o consumo de fibras: frutas e verduras (quando possível cruas com casca/ bagaço), pão integral, arroz integral, aveia, cereais integrais. ♦ Evitar excesso de biscoitos, massas, alimentos açucarados. ♦ Dar preferência aos alimentos laxantes (lista). ♦ Ingerir ameixa preta seca à noite. ♦ Fazer alguma atividade física, orientada, para estimular o peristaltismo intestinal. NÁUSEAS ♦ Fracionar bastante as refeições. O ideal é, pelo menos, 6 refeições por dia, com pequenos volumes. ♦ Evitar frituras e alimentos condimentados. ♦ Evitar líquidos durante as refeições. ♦ Logo pela manhã, ingerir alimentos mais secos como cream craker, torradas, beiju. AZIA Fracionar bastante as refeições. Evitar frituras e alimentos condimentados. Evitar líquidos durante as refeições. Comer lentamente, mastigando bem. Evitar chá mate ou preto, café, bebidas alcoólicas e refrigerantes e fumo. Evitar deitar logo após as refeições.
  • 47. Gestantes 2005 CENTRO DE FORMAÇÃO, TREINAMENTO E APERFEIÇOAMENTO 47 A azia costuma ser aliviada após a ingestão de água gelada, ou de ½ xícara de arroz bem cozido em bastante água, com pouco sal, sem gordura. Evitar ganho de peso excessivo. FLATULÊNCIA (GASES) Evitar excessos de alimentos da lista dos flatulentos (anexa) Observar quais alimentos provocam gases, pois isto é muito individual. A lista dos alimentos flatulentos são aqueles mais prováveis de produzirem gases, porém os efeitos são variáveis de pessoa para pessoa. Evitar permanecer muito tempo em uma mesma posição. Evitar ingerir líquidos junto com as refeições. Evitar alimentar-se conversando e mastigando depressa. Fazer as refeições em ambientes tranqüilos. Fazer atividade física orientada. HEMORRÓIDAS Prevenir a constipação intestinal. Ingerir muito líquido. Em torno de 10 copos de água ao dia. Evitar condimentos fortes como pimenta, mostarda, cominho, ... . ANEMIA Ingerir alimentos ricos em ferro, tais como: Carnes/peixes/frango e vísceras Vegetais verde escuros Feijão/lentilha/soja/ervilha/ grão de bico Semente de abóbora / Passa de uva e ameixa
  • 48. CENTRO DE FORMAÇÃO, TREINAMENTO E APERFEIÇOAMENTO 48 Consumir 3 porções de frutas por dia, especialmente as frutas ricas em vitamina C como laranja, limão, tangerina, acerola, mamão, caju, goiaba, manga, ... . Evitar chá preto, chá mate ou café principalmente junto ou imediatamente após as refeições. HIPERTENSÃO Ter orientação individualizada para uma alimentação balanceada. Evitar carnes salgadas como bacalhau, miúdos, carne seca, ... . Não usar saleiro à mesa. Temperar os alimentos com ervas aromáticas, cheiro verde, cebola, alho, azeite e utilizar o mínimo de sal possível. Evitar azeitonas, molho shoyu, queijos amarelos, embutidos, enlatados, pois estes alimentos contém muito sódio em sua composição. Ingerir bastante líquido. Evitar excessos de pães e biscoitos salgados. Aumentar o consumo de frutas e verduras Controlar periodicamente a pressão arterial e fazer acompanhamento constante com seu médico. A V E R S Õ E S A L I M E N T A R E S Não se preocupar demasiadamente, a não ser que haja aversão a todo um grupo alimentar; Se possível, deixar que outra pessoa prepare a comida e ficar longe da cozinha; Tentar ingerir alimentos frios ou em temperatura ambiente; Procurar orientação de nutricionista se a aversão alimentar persistir e se muitos alimentos deixarem de ser consumidos.
  • 49. Gestantes 2005 CENTRO DE FORMAÇÃO, TREINAMENTO E APERFEIÇOAMENTO 49 D E S E J O S A L I M E N T A R E S E X C Ê N T R I C O S Algumas gestantes expressam o desejo de comer coisas estranhas, alimentares ou não. Embora este comportamento esteja popularmente associado à gestação, estudos têm mostrado que apenas uma minoria das gestantes de fato o apresentam e sua duração é geralmente curta. Não existe um padrão com relação a esses desejos, embora sejam mais freqüentemente relatadas as vontades incontroláveis de consumo de arroz cru, frutas exóticas ou fora da estação ou alguns produtos não alimentares como terra, gesso, argila, cinza de cigarro. As explicações destes comportamentos não são claras embora se sugira que podem estar associadas a carências por micronutrientes, sem nenhuma comprovação científica. Se estes desejos forem por substâncias alimentares e não comprometerem a alimentação da gestante não é necessário desencorajá-los, contudo, se representarem maus hábitos alimentares podem ser aliviados a partir da dica a seguir: Aumentar o consumo de frutas e verduras. Recomenda-se que sempre que este desejo alimentar ocorrer, a gestante deve consumir uma fruta ou verduras cruas ou ainda, frutas secas. D I C A S I M P O R T A N T E S P A R A U M A A L I M E N T A Ç Ã O S A U D Á V E L Mastigue bem os alimentos, coma em ambiente tranqüilo e devagar; Siga as quantidades recomendadas na dieta ou conforme foi orientado em grupo; Não pule refeições, o ideal é fazer de 4 a 6 refeições diárias; Nunca fique em jejum; Evite líquidos junto com as refeições. O ideal é ½ hora antes ou ½ hora depois da alimentação; Beba, em média, 10 a 12 copos de água por dia. Longe do horário das principais refeições; As leguminosas (feijões, soja, lentilhas, grão de bico, ervilhas ) fornecem carboidratos complexos e são as melhores fontes de proteínas vegetais.
  • 50. CENTRO DE FORMAÇÃO, TREINAMENTO E APERFEIÇOAMENTO 50 Priorize as saladas. É importante que, diariamente, estejam presentes na alimentação vegetais folhosos (verduras) e legumes, variados e em bastante quantidade; Aumente o consumo de frutas. Não coma sempre as mesmas todos os dias. Com a variação, você estará recebendo todos os nutrientes necessários e ainda apurando o seu paladar para novos alimentos; Frutas e verduras/legumes são os alimentos reguladores do organismo. Prefira carnes magras. Frango ou peixe são excelentes opções, mas a carne vermelha também não deve ser evitada. Ela é a melhor fonte de ferro para nosso organismo. Lembre-se que na gravidez as necessidades de ferro estão aumentadas devido ao aumento da volemia. Escolha os cortes magros e as preparações assadas, grelhadas ou cozidas. Evite frituras! Utilize, preferencialmente, leite desnatado e derivados (iogurtes desnatados, queijos magros, ... ). É importante o consumo de alimentos deste grupo por serem excelente fonte de cálcio (fundamental na gestação) e conterem proteínas de alto valor biológico. O óleo utilizado para cocção dos alimentos deve ser sempre de origem vegetal. São recomendados os óleos de soja, milho, girassol e canola . Utilizar apenas 2 colheres de sobremesa, por pessoa, no preparo de todos os alimentos envolvidos na refeição do dia. Açúcares e doces são carboidratos simples, considerados calorias vazias porque não fornecem nenhum nutriente para o organismo, apenas calorias. Devem ser evitados ou ingeridos esporadicamente, em quantidades bem pequenas. Fazem parte do grupo dos energéticos extras, juntamente com os óleos. As principais refeições (café da manhã, almoço e jantar) devem ser compostas por, pelo menos, um alimento de cada grupo (energéticos, reguladores e construtores), de acordo com as proporções adequadas. Só assim podemos garantir o balanceamento da alimentação. LEMBRE-SE DA PIRÂMIDE DE ALIMENTOS. Aprecie o sabor dos alimentos. Evite utilizar em excesso produtos e molhos que mascarem o real sabor, como catchup, mostarda, condimentos picantes, etc... .
  • 51. Gestantes 2005 CENTRO DE FORMAÇÃO, TREINAMENTO E APERFEIÇOAMENTO 51 Tempere os alimentos com ervas aromáticas como manjerona, sálvia, aipo, orégano, tomate, salsinha, cebolinha, cebola, alho e outros naturais que preferir. Use sal moderadamente, quanto menos melhor. Dê preferência aos alimentos integrais. Evite a ingestão de bebidas alcoólicas e o cigarro. Faça exercícios regularmente, com orientação de profissional adequado e após ter sido liberada pelo seu médico assistente.
  • 52. CENTRO DE FORMAÇÃO, TREINAMENTO E APERFEIÇOAMENTO 52 ÍNDICE DE MASSA CORPORAL - IMC IMC = peso em Kg dividido pelo quadrado da altura (metros) = P/A2 IMC < 19 Baixo peso IMC entre 19 e 24,99 Peso normal IMC entre 25 e 29,99 Sobrepeso IMC > 30 Obesidade IMC > 40 Obesidade severa • Para avaliação do peso pré-gravídico.
  • 53. Gestantes 2005 CENTRO DE FORMAÇÃO, TREINAMENTO E APERFEIÇOAMENTO 53 FLATULENTOS LAXANTES CONSTIPANTES alho-porro Abóbora arroz alho Abobrinha batata aipo Abacaxi banana prata amêndoa Aspargos batata barôa abacate ameixa preta biscoito salgado batata-doce Aveia cenoura cozida brócolis Abacate caju (suco) cebola Amendoim cará Couve-de-bruxelas arroz integral farinha de trigo couve Brócoli farinha de mandioca couve-flor Beterraba goiaba (suco) coalhada Cebola limão (suco) ervilha Couve maisena fava Coalhada maça sem casca feijão Centeio macarrão feijão verde Caqui mandioca grão-de-bico couve-flor quijo ricota gérmen de trigo Chocolate pão branco iogurte creme de leite polvilho jaca doces com alto teor de acúcar pêra sem casca jaboticaba Ervilha torradas Leite e derivados Feijão lentilha farelos de cereais maçã Geléias melão laranja com bagaço melancia Leite milho Lentilha nabo Mamão nozes Tangerina ovo Manga pepino Morango rabanete milho-verde cozido repolho Mel soja Melado uva passas Melão Verduras folhosas Melancia óleo vegetal Quiabo Pepino Rabanete Repolho Vagem trigo integral Tomate Iogurte
  • 54. CENTRO DE FORMAÇÃO, TREINAMENTO E APERFEIÇOAMENTO 54 D E S E N V O L V I M E N T O F E T A L O período de gestação pode ser dividido em meses ou semanas. O desenvolvimento fetal descrito abaixo refere-se a idade calculada a partir da data da fertilização. A data do último período menstrual é um dado estimativo para estabelecer o tempo de gestação. Para determinar a idade real ou idade de fertilização é preciso deduzir duas semanas do tempo de gestação porque o desenvolvimento não começa antes de duas semanas após o último período menstrual. A data do nascimento é calculada cerca de 266 dias (38 semanas) após a data estimada da fertilização, ou 280 dias (40 semanas) depois do início do último período menstrual. As determinações de peso e comprimento são medidas médias e referem-se ao final do período descrito. 1ª semana Ocorre a fecundação com formação do zigoto e início da implantação no final da semana. “Por enquanto eu sou uma bolinha de células.” 2ª semana Implantação completa do zigoto, estabelecimento da circulação placentária primitiva. “ Eu já estou coladinho no seu útero e você nem sabe que eu existo.” 3ª semana Formação do tubo neural (futuro sistema nervoso). Ausência da menstruação. “Mamãe, eu existo e já tenho 2 a 3 mm de comprimento” 4ª semana Brotamentos dos membros superiores tornam-se reconhecíveis como pequenas saliências, primórdios dos ouvidos internos são também nitidamente visíveis. Batimento do coração primitivo.
  • 55. Gestantes 2005 CENTRO DE FORMAÇÃO, TREINAMENTO E APERFEIÇOAMENTO 55 5ª semana Rápido desenvolvimento do encéfalo, a cabeça é muito maior que o corpo. O coração passa a ter 4 câmaras. O embrião já faz seus primeiros movimentos espontâneos. 6ª semana Mãos em forma de pás, regiões dos cotovelos e punho tornam-se identificáveis. “Tenho uma cabeça grande arqueada sobre o meu peito, já tenho 12 mm.” 7ª semana Início da formação das pálpebras, o intestino penetra na porção proximal do cordão umbilical. “Os meus dedinhos começam a aparecer, tenho 14 mm” 8ª semana As pernas e os braços estão bem delimitados, os dedos alongaram-se, a cabeça é mais arredondada e ereta, apesar de ser ainda desproporcionalmente grande, constituindo quase metade do embrião. A região do pescoço está estabelecida, e as pálpebras estão mais evidentes. Embora existam diferenças sexuais no aspecto da genitália externa, elas ainda não estão suficientemente distintas para permitirem identificação precisa do sexo. “ Sou um pinguinho de gente (29 mm), mas já pareço humano, meus olhos estão abertos porque minhas pálpebras ainda não fecham, sou menino ou menina?”
  • 56. CENTRO DE FORMAÇÃO, TREINAMENTO E APERFEIÇOAMENTO 56 9ª semana As pálpebras já estão fechadas, cabeça arredondada, crescimento acelerado do corpo, a face é ampla, os olhos bem separados e as orelhas apresentam uma implantação baixa. “Já sou um feto! Peso 8 gramas e tenho 5 cm” 10 a 12 semanas Início do desenvolvimento das unhas das mãos, a genitália tem caracteres femininos e masculinos mas ainda não está totalmente constituída, os braços já quase alcançaram seus comprimentos definitivos, a face já tem perfil humano. Pode-se detectar o batimento cardíaco por meio eletrônico. Os pulmões adquiriram uma forma definitiva. A urina começa a se formar e é excretada no líquido amniótico. Peso: 45g, comp.: 87 mm. “ Já sou capaz de fazer xixi, como é gostoso dar cambalhotas nesta bolsa de água, minha mãe ainda não sente minhas travessuras”. 13 a 16 semanas O crescimento é muito rápido durante este período, o sexo torna-se identificável, os membros inferiores aumentam em comprimento, a ossificação do esqueleto progride rapidamente, aparecem pêlos no couro cabeludo. Começa a formação de sangue no baço. Começa a coletar-se mecônio nos intestinos. Peso: 200 g, comp.: 14 cm. 17 a 20 semanas O crescimento torna-se mais lento durante este período, os membros inferiores alcançam suas proporções relativas finais, a pele está recoberta com um material oleoso, semelhante a queijo, conhecido como verniz caseoso. Este verniz protege a pele delicada do feto contra abrasões e rachaduras. O corpo está coberto por finos pêlos, chamados lanugo. O feto suga ativamente e deglute líquido amniótico. O coração fetal torna-se audível com o estetoscópio. O pâncreas secreta insulina. Peso: 460g, comp.: 19 cm. “Mamãe, você já sente os meus pulinhos, não é gostoso?”
  • 57. Gestantes 2005 CENTRO DE FORMAÇÃO, TREINAMENTO E APERFEIÇOAMENTO 57 21 a 24 semanas Há um ganho substancial de peso durante este período. Embora ainda seja um pouco magro, o corpo do feto é mais proporcional. A pele é enrugada e de cor rosa-avermelhada, olhos ainda fechados. O feto deglute grandes quantidades de líquido amniótico. Movimentos respiratórios bem desenvolvidos, começa a produção de surfactante nos pulmões . Peso: 800g, comp.: 34 cm. 25 a 28 semanas A pele é rosada, enrugada e coberta com a vernix caseosa. Os olhos reabriram-se, as sobrancelhas estão presentes, ele já pode piscar os olhos. O feto pode sobreviver se nascido prematuramente porque os pulmões são capazes de respirar. Os intestinos contêm mecônio(tipo de fezes). Reflexo de sucção fraco mas bem desenvolvido. Peso: 1.100g, comp.: 37 cm. 29 a 32 semanas Começa a desaparecer a lanugem, especialmente da face. Começa deposição acelerada de gordura subcutânea. O feto reage a estímulos auditivos. A partir da 32ª semana, o espaço disponível já está todo ocupado e na maioria das vezes a cabeça se encontra em direção a pelvis. O bebê já fica com os olhos abertos quando está acordado e já consegue distinguir a luz. Peso: 1600 g, comp.: 42,5 cm.
  • 58. CENTRO DE FORMAÇÃO, TREINAMENTO E APERFEIÇOAMENTO 58 33 a 36 semanas Pele lisa e rosada, , orelhas bem firmes, a sucção e a deglutição tornam-se coordenadas. Quantidade moderada de cabelo sedoso na cabeça. Reflexo de sucção e preensão estão fortes. Peso: 2600 g, comp.: 47 cm. 37 a 40 semanas Pele lisa de coloração branca ou rósea-azulada, corpo roliço, quantidade moderada a grande de cabelos. Os ossos do crânio estão firmes e reunidos nas linhas de sutura. A função dos rins está muito adequada, mas eles continuarão a desenvolver-se após o nascimento. Desenvolvimento pulmonar suficiente para permitir uma boa função ao nascer. Peso: 2950-3200g, comp.: 48-49 cm. “ Já estou pronto para conhecer a mamãe e o papai.”
  • 59. Gestantes 2005 CENTRO DE FORMAÇÃO, TREINAMENTO E APERFEIÇOAMENTO 59 S U B S T Â N C I A S P R E J U D I C I A I S A O F E T O Para que algum agente se torne teratogênico (provoque lesões ao feto em desenvolvimento), é necessária a interação de uma série de condições, como: A potência das substâncias teratogênicas: A talidominda, por exemplo, tem um potencial teratogênico alto, pois um em cada cinco bebês apresentam anomalias. A suscetibilidade do feto ao teratógeno: Nem todo feto exposto a uma droga teratogênica é afetado por ela. O momento de exposição à substância teratogênica até o final do primeiro trimestre: O período de maior risco de malformações situa-se entre a implantação do ovo no útero, por volta de 6 a 8 dias, até o final do primeiro trimestre. O tempo de exposição: A maioria dos efeitos teratogênicos guarda relação com a dose do agente. Por exemplo, uma breve exposição aos raios X durante uma radiografia de rotina dificilmente causará algum dano. Já uma seqüência de radioterapia seria capaz de causar. O estado nutricional da gestante: O bebê resistirá melhor a teratógenos se apresentar um bom estado nutricional (através de você, é claro) D R O G A S Deve-se evitar qualquer tipo de medicamento na gravidez. Alguns antibióticos, como as tetraciclinas, por exemplo, causam descoloração dos dentes e inibição do crescimento ósseo. Alguns calmantes, como o diazepan (valium), causam lábio e palato fendidos. A morfina pode levar à síndrome de abstinência intrauterina, aumento da atividade fetal, convulsão e morte. A heroína causa depressão respiratória ao nascimento e a cocaína reduz o fluxo de sangue para e feto, retardando o seu crescimento. F U M O O fumo pode causar retardo no crescimento intra-uterino, sangramento vaginal, aborto espontâneo, implantação placentária anormal e deslocamento prematuro de placenta. Os bebês de mães fumantes tem duplicada a probabilidade de morrer em decorrência da síndrome da morte súbita.
  • 60. CENTRO DE FORMAÇÃO, TREINAMENTO E APERFEIÇOAMENTO 60 Á L C O O L O álcool entra na corrente circulatória fetal na mesma concentração que na corrente sanguínea materna. O consumo pesado de álcool (5 a 6 drinques de destilados ou 5 a 6 copos de vinho ou cerveja por dia) durante toda a gravidez pode resultar em múltiplas deformidades e retardo no desenvolvimento físico e mental do bebê. C A F E Í N A A cafeína, encontrada no café, no chá, nas colas e outros refrigerantes atravessa a placenta e entra na circulação fetal. As pesquisas em seres humanos, até agora, não mostram efeitos adversos em decorrência do uso moderado (até 3 xícaras de café ou dia ou seu equivalente em outras bebidas cafeinadas). Porém, deve-se reduzir o seu consumo. Essas bebidas causam saciedade sem ser nutritivas prejudicando o seu apetite por alimentos de maior valor nutritivo, além disso, pode interferir com a absorção do ferro. S A U N A S E B A N H O S Q U E N T E S D E I M E R S Ã O Deve-se evitar banhos prolongados de imersão em água muito quente, capazes de elevarem a temperatura do corpo além de 38,9°C, pois a hipertermia pode ser perigosa ao feto, principalmente nos primeiros meses, podendo causar-lhe anomalias no sistema nervoso central. O banho de imersão em água quente leva pelo menos 10 minutos para elevar a temperatura da mulher. As pesquisas mostram que as mulheres saem do banho antes do corpo atingir os 38,9°C por sentirem-se incomodadas.
  • 61. Gestantes 2005 CENTRO DE FORMAÇÃO, TREINAMENTO E APERFEIÇOAMENTO 61 A C O M P A N H A M E N T O P R É - N A T A L Após a confirmação da gravidez, é indispensável o acompanhamento pré-natal durante todo o período gestacional, A assistência pré-natal tem como objetivo a promoção do bem-estar da mãe e do bebê e prevenção e diagnóstico precoce dos desvios da normalidade, conduzindo a um tratamento imediato a fim de evitar complicações associadas a gravidez e parto. C O N S U L T A S As consultas de pré-natal iniciam-se tão logo seja confirmada a gravidez. O intervalo das consultas será de 4 semanas. Após a 36º semana, a gestante deverá ser acompanhada a cada 15 dias, e após a 38º semana, a cada 7 dias. A 1º CONSULTA Na primeira consulta será feita uma avaliação minuciosa da saúde da gestante. Para tanto, será colhida uma história clínica detalhada e será realizado um exame físico geral e obstétrico. 1- História clínica: Identificação Dados sociais (grau de instrução, profissão, situação conjugal, etc...) Antecedentes familiares (pesquisa de algumas doenças como hipertensão, diabetes, doenças congênitas, etc...) Antecedentes pessoais (história pessoal de hipertensão arterial, cardiopatias, diabetes, viroses, cirurgias anteriores, etc...) Antecedentes ginecológicos (ciclos menstruais, uso de métodos contraceptivos, doenças sexualmente transmissíves, cirurgias ginecológicas, último preventivo, etc...) Antecedentes obstétricos (número de gestações e partos, abortamentos, intervalo entre as gestações, etc...) Gestação atual (data da ultima menstruação, data provável do parto, data da percepção dos primeiros movimentos fetais, etc...)
  • 62. CENTRO DE FORMAÇÃO, TREINAMENTO E APERFEIÇOAMENTO 62 2- Exame Físico: Geral: Peso e estatura; Determinação da freqüência cardíaca Medida da pressão arterial; Inspeção da pele e das mucosas; Palpação da tireóide; Ausculta cardiopulmonar; Pesquisa de edema (face, tronco, membros) Gineco-obstétrico: Exame das mamas; Medida da altura uterina; Ausculta dos batimentos cardiofetais; Inspeção dos genitais externos; Exame especular (inspeção do conteúdo vaginal e colo uterino, coleta de material para exame colpocitológico) Toque vagina. Exames laboratoriais: Grupo sangüíneo e fator Rh; Sorologia para sífilis (VDRL); Urina; Hemoglobina; Glicemia de jejum; Teste anti-HIV; Titulagem para toxoplasmose; Anticorpos para rubéola; Sorologia para hepatite B.
  • 63. Gestantes 2005 CENTRO DE FORMAÇÃO, TREINAMENTO E APERFEIÇOAMENTO 63 CONSULTAS SUBSEQÜENTES Em todas as consultas será verificado rotineiramente, o peso, a pressão arterial, as mamas, a medida da altura uterina, pesquisa de edema e ausculta dos batimentos cardiofetais. Os exames laboratoriais serão interpretados e outros serão solicitados, se necessário. P R O C E D I M E N T O S E C O N D U T A S CÁLCULO DA IDADE GESTACIONAL Cronologicamente, a idade gestacional é calculada pela divisão por sete (duração da semana lunar) do somatório dos dias decorridos desde a data do primeiro dia da última menstruação até a data atual. O resultado obtido expressa a idade gestacional em semanas. Quando a data da última menstruação (DUM) não é conhecida, há métodos de relação da idade gestacional com o crescimento uterino, identificado através da altura uterina. Quando houver dúvidas quanto ao cálculo da idade gestacional, pode-se realizar um exame de ultra-sonografia obstétrica. Este exame, quando realizado nas primeiras 10 semanas, permite o estabelecimento da idade gestacional com mínima margem de erro.
  • 64. CENTRO DE FORMAÇÃO, TREINAMENTO E APERFEIÇOAMENTO 64 Relação entre dias, semanas lunares e meses lunares, contados a partir do primeiro dia do último período menstrual Trimestres Dias Semanas lunares Meses lunares (+ dias) 28 4 1 42 6 1+14 56 8 2 70 10 2+14 1º Trimestre 84 12 3 98 14 3+14 112 16 4 126 18 4+14 140 20 5 154 22 5+14 168 24 6 2º trimestre 182 26 6+14 196 28 7 210 30 7+14 224 32 8 238 34 8+14 252 36 9 266 38 9+14 3º Trimestre 280 40 10 (Adaptado de Tedesco, 1990) CÁLCULO DA DATA PROVÁVEL DO PARTO Calcula-se a data provável do parto levando-se em consideração a duração média da gestação normal (280 dias ou 40 semanas a partir da DUM), mediante a utilização de um calendário. Outra forma de cálculo é somar sete dias ao primeiro dia da última menstruação e adicionar 9 meses ao mês em que ocorreu a última menstruação.
  • 65. Gestantes 2005 CENTRO DE FORMAÇÃO, TREINAMENTO E APERFEIÇOAMENTO 65 MEDIDA DA ALTURA UTERINA A medida da altura uterina é um método clínico utilizado para avaliar o crescimento intra-uterino. A altura uterina é relacionada com o número de semanas de gestação, e tem como objetivo identificar o crescimento normal do feto e detectar seus desvios. Como padrão de referência, utiliza-se um gráfico com 2 linhas desenhadas, considerando-se como parâmetro de normalidade para o crescimento uterino se a altura uterina estiver dentro da curva delimitada pelos percentis 10 (linha inferior) e 90 (linha superior); maior que o esperado, se acima, e menor se abaixo destes limites. A medida é feita em centímetros com uma fita métrica flexível, do púbis ao fundo do útero, determinado por palpação, com a grávida deitada de costas. AUSCULTA DOS BATIMENTOS CARDIOFETAIS (BCF) A cada consulta serão avaliadas presença, ritmo, freqüência e a normalidade dos batimentos cardiofetais. Os batimentos cardíacos fetais podem ser auscultados através de um estetoscópio fetal entre 16 e 19 semanas de gestação. A freqüência, dentro dos limites de normalidade, pode variar entre 120 a 160 batimentos por minuto.
  • 66. CENTRO DE FORMAÇÃO, TREINAMENTO E APERFEIÇOAMENTO 66 V E R I F I C A Ç Ã O D A P R E S S Ã O A R T E R I A L A hipertensão arterial (pressão alta) pode colocar em risco a vida da mãe e do bebê. A verificação da pressão arterial é uma rotina realizada a cada consulta. A pressão arterial deve permanecer abaixo de 140x90 mmHg. Acima ou igual a esse valor é considerado hipertensão arterial exigindo tratamento e cuidados. VERIFICAÇÃO DA PRESENÇA DE EDEMA (INCHAÇO) A cada consulta é feita uma avaliação para pesquisa de edema (inchaço) nos membros inferiores (pernas e tornozelos), na região sacra, na face e membros superiores. O edema generalizado (face, tronco e membros), ou que já pode ser percebido ao acordar é patológico e pode sugerir a presença de pré-eclâmpsia. Em situações como essa o acompanhamento médico é fundamental. O edema limitado aos membros inferiores, com hipertensão ou aumento súbito de peso merece cuidados e acompanhamento médico. MEDIDA DO PESO Nas consultas de pré-natal, o aumento de peso durante toda a gestação é avaliado. O aumento de peso excessivo ou insuficiente não é desejável.
  • 67. Gestantes 2005 CENTRO DE FORMAÇÃO, TREINAMENTO E APERFEIÇOAMENTO 67 A média de ganho de peso durante toda a gravidez é de aproximadamente 12,5 Kg. Os eventos fisiológicos normais são responsáveis por aproximadamente 9 kg considerando o peso do bebê, da placenta, do líquido amniótico, do útero, das mamas, do aumento do volume de sangue e líquidos. O ganho de peso por semana é de aproximadamente 320g de 8 a 20 semanas de gestação e de 450g da 20ª semana até o parto. O aumento de mais de 500g em uma semana é considerado aumento súbito de peso devendo ser investigado. Em 1990, uma comissão da National Academy of Science recomendou ganhos ponderais de 12,5 a 18 Kg para mulheres abaixo do peso ideal, 11,5 a 16 Kg para mulheres de peso normal, e 7 a 11,5 Kg para mulheres acima do peso. ULTRA-SONOGRAFIA A ultra-sonografia é um exame que utiliza ondas sonoras de alta freqüência geradas através de um transdutor. Esse exame fornece informações vitais sobre o estado do feto e não oferece riscos para o bebê. A ultra-sonografia costuma ser realizada na 9ª, 20ª e 36ª semanas de gestação. O exame realizado no primeiro trimestre pode ser feito por via abdominal ou vaginal. Nesse estágio é possível localizar o saco gestacional, identificar o embrião e número de fetos,
  • 68. CENTRO DE FORMAÇÃO, TREINAMENTO E APERFEIÇOAMENTO 68 fazer a medida do comprimento cabeça-nádega, identificar a atividade cardíaca e idade gestacional, e avaliar o útero e os anexos. Imagem de ultra-som - 8 semanas No segundo e terceiro trimestres é feito o estudo da anatomia do bebê, do volume de líquido amniótico, do movimento cardíaco, da localização da placenta e apresentação (posição) do bebê. 2º trimestre
  • 69. Gestantes 2005 CENTRO DE FORMAÇÃO, TREINAMENTO E APERFEIÇOAMENTO 69 E X A M E S E S P E C I A I S N Ã O R O T I N E I R O S DOSAGEM DE ALFAFETOPROTEÍNA A alfafetoproteína é uma substância produzida pelo feto e encontrada no sangue materno. A dosagem anormal dessa substância pode identificar anomalias do tubo neural e também algumas anomalias genéticas. È realizada entre a 16ª e 18ª semanas. Por ser um exame de triagem, o resultado anormal sugere uma exploração técnica mais aprofundada. AMNIOCENTESE Amniocentese é um exame invasivo que só deve ser realizado com uma indicação válida. Este exame consiste na introdução de uma agulha através do abdome até a cavidade amniótica, guiado pelo ultra-som, a fim de aspirar líquido para exame. O líquido amniótico é constituído de células e substâncias químicas que propiciam informações sobre a constituição genética fetal (permitindo o diagnóstico pré-natal de doenças genéticas), a condição atual do bebê e o grau de maturidade do feto. Deve ser realizado entre a 16ª e 18ª semanas de gestação ou no último trimestre, quando se desejar avaliar a maturidade pulmonar. Os principais riscos da aminiocentese incluem traumatismo materno ou fetal, infecção e abortamento ou trabalho de parto prematuro. BIÓPSIA DE VILO CORIAL Este exame é realizado entre a 8ª e 12ª semana de gestação e permite diagnosticar doenças genéticas do feto em fase muito precoce da gestação, quando comparada com a amniocentese. Uma agulha é inserida no abdome, sob visualização do ultra-som, até a placenta, de onde são retiradas células de origem fetal nas vilosidades coriônicas. Ao serem analisadas, tem-se um retrato completo da constituição genética do bebê.
  • 70. CENTRO DE FORMAÇÃO, TREINAMENTO E APERFEIÇOAMENTO 70 S I N A I S D E A D V E R T Ê N C I A D U R A N T E A G E S T A Ç Ã O Alguns sinais e sintomas precedem complicações e exigem avaliação e/ou acompanhamento imediato. O conhecimento desses sinais é importante para que a assistência seja providenciada tão logo as alterações sejam percebidas, a fim de preservar ou reestabelecer o bem-estar materno-fetal. Diminuição acentuada e brusca ou cessação da movimentação do bebê; O registro diário de movimentos do bebê é um teste simples de avaliação das condições de vitalidade fetal. Existem diversas maneiras de fazer esse registro. A gestante pode estar em repouso ou exercendo atividade leve, em qualquer período do dia. Valores maiores que 6 movimentos/hora indicam que o bebê está em boas condições. Valores menores que 10 movimentos em 12 horas representam sofrimento fetal. Perda de sangue ou líquido pela vagina; Inchaço nos pés, mãos e face que inicia pela manhã; Febre alta que não cede; Fortes dores de cabeça; Fortes dores na barriga, seguida de endurecimento; Dificuldade ou dor ao urinar; Vômitos muito freqüentes;