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A PSICOPEDAGOGIA FRENTE ÀS DIFICULDADES DE APRENDIZAGEM DOS
ALUNOS DISLEXOS EM SALA DE AULA
Francilda de Sousa
RESUMO
Este trabalho aborda o Processo da aprendizagem do aluno portador de dislexia em sala de aula com o
acompanhamento do psicopedagogo, ressaltando a realidade pedagógica de um aluno dislexo em uma escola
pública. E teve como objetivo geral compreender os limites e as possibilidades de aprendizagem do mesmo bem
como a intervenção psicopedagógica para amenizar as causas desse distúrbio e suas especificidades. Desse
modo, utilizou-se pesquisa bibliográfica onde se priorizou assuntos secundários de autores que já estudaram o
referido tema, bem como estudo de caso com abordagem qualitativa, de natureza aplicada e ação descritiva e
exploratória. Realizada mediante observações da prática pedagógica de uma professora psicopedagoga atuante
na área de recursos pedagógicos há 10 anos, além da entrevista com a mesma em outro momento, utilizando um
questionário estruturado para conhecer a dislexia do ponto de vista desta, Tendo como foco a ação pedagógica da
mesma no sentido de promover a aprendizagem do aluno portador de dislexia, desde a pré-escola à fase juvenil.
Que diante dos resultados obtidos culminou em uma conclusão em que o profissional psicopedagogo tem
fundamental importância para o desenvolvimento da aprendizagem do aluno dislexo.
Palavras – Chave: Psicopedagogia. Dislexia. Aprendizagem.
1 INTRODUÇÃO
Toda e qualquer sociedade que deseja e acredita no seu desenvolvimento não pode
deixar de perceber que é de fundamental importância investir em educação, visto que,
vivemos numa era marcada pelas competições que vislumbram além da qualidade, a
excelência nos vários setores organizacionais. Neste cenário, todas as instituições de ensino,
em particular a escola, são reconhecidas como a instituição que tem a responsabilidade de
investir na formação de cidadãos com habilidade e competência para “fazer acontecer” o
desenvolvimento profissional com responsabilidade social.
No entanto, ao falarmos em educação e ensino de qualidade, devemos analisar
diversos fatores que podem influenciar o andamento do processo de aprendizagem. Umas das
discussões mais polêmicas atualmente em nossa sociedade é a questão da inclusão de alunos
com necessidades específicas nas escolas regulares. Essa inclusão torna-se cada dia mais
difícil visto que muitos desses alunos já frequentam a escola de fato, mas não estão
necessariamente incluídos. Acreditamos que uma inclusão só acontecerá realmente quando os
educadores e acompanhantes desses alunos especiais receberem uma preparação adequada
para trabalhar com essas crianças. É necessário conhecer a especificidade de cada deficiência
para compreender como se deve agir frente a cada aluno.
Com isso, dentre muitos distúrbios que se vivencia inseridos nas escolas atualmente,
escolheu-se para objeto de estudo a dislexia, por ser de complexidade imensurável e de pouco
conhecimento por parte da sociedade. Definida como um distúrbio ou transtorno de
aprendizagem na área da leitura, escrita e soletração, a dislexia é o distúrbio de maior
incidência nas salas de aula. Pesquisas realizadas em vários países mostram que entre 05% e
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17% da população mundial é disléxica. Muitas vezes confundida com déficit de atenção,
problemas psicológicos, ou mesmo preguiça; esse transtorno se caracteriza pela dificuldade
do indivíduo em decodificar símbolos, ler, escrever, soletrar, compreender um texto,
reconhecer fonemas, exercer tarefas relacionadas à coordenação motora; e pelo hábito de
trocar, inverter, omitir ou acrescentar letras/palavras ao escrever.
Para tanto este trabalho tem como objetivo geral compreender os limites e as
possibilidades de aprendizagem do aluno dislexo em sala de aula, bem como a intervenção
psicopedagógica para amenizar as causas desse distúrbio e suas especificidades. Assim, os
objetivos específicos estabelecidos foram: Conhecer e relatar a dislexia em suas
particularidades, Identificar as dificuldades que interferem na aprendizagem do aluno dislexo,
Verificar a ação do professor psicopedagógico como mediador na construção da
aprendizagem do aluno disléxico.
O problema da pesquisa foi: Qual o papel do professor psicopedagógico na
identificação da dislexia em sala de aula? A metodologia utilizada para essa pesquisa foi
pesquisa bibliográfica onde se priorizou assuntos secundários de autores que já estudaram o
referido tema, bem como estudo de caso com abordagem qualitativa, de natureza aplicada e
ação descritiva e exploratória, realizada mediante observações da prática pedagógica de uma
professora psicopedagoga atuante na área de recursos pedagógicos há 10 anos, além da
entrevista com a mesma em outro momento, utilizou-se um questionário semi estruturado para
conhecer a dislexia do ponto de vista desta, Tendo como foco a ação pedagógica da mesma no
sentido de promover a aprendizagem do aluno portador de dislexia, desde a pré-escola à fase
juvenil.
Portanto justifica-se este trabalho que se faz necessário, para entendermos a dimensão
do problema que o aluno dislexo enfrenta frente às dificuldades encontradas desde a sua
inclusão até suas possibilidades de aprendizagem, levando em consideração o despreparo que
muitas instituições de ensino têm em relação às particularidades desses alunos - muitas vezes,
criando e reforçando estigmas, esse comportamento é responsável por uma grande parcela das
causas de evasão escolar. Além disso, muitos casos de suicídio e de violência juvenil têm sido
associados aos portadores dessa síndrome; comportamentos estes muitas vezes relacionados
às alterações emocionais decorrentes das suas dificuldades.
Para efeito de melhor compreensão do tema, abordaremos os tópicos: Entendendo o
que é Psicopedagogia, O que é Dislexia, causas efeitos, diagnósticos entre outros, o papel do
psicopedagogo para diagnosticar tal distúrbio, entre outros. Os dados obtidos mostraram que
professores psicopedagogos estudam sobre dislexia em seus cursos de formação e sabem
como trabalhar com crianças disléxicas. No entanto por diversos motivos não atentam para os
distúrbios apresentados por alguns alunos, em decorrência principalmente do elevado numero
de alunos por salas, e muitas vezes ao diagnosticar o problema, preferem encaminhar para
outro profissional em salas de recursos.
2 ENTENDENDO A PSICOPEDAGOGIA
É a área do conhecimento que estuda como os indivíduos constroem o conhecimento,
ou seja, busca decifrar como ocorre este processo de construção. E ainda a Psicopedagogia é
um campo de atuação em Saúde e Educação que lida com o processo de aprendizagem
humana: “seus padrões normais e patológicos considerando a influência do meio - família,
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escola e sociedade - no seu desenvolvimento, utilizando procedimentos próprios da
Psicopedagogia”. (GONZÁLEZ REY 2005)
A psicopedagogia surgiu da necessidade de atender a crianças com problemas de
aprendizagem como uma forma de reeducação escolar. Hoje os estudos estão muito
desenvolvidos e os trabalhos, que inicialmente confundiam-se com um reforço pedagógico
(sem propiciar os resultados desejados) mostram-se bem distantes desta visão.(IGEA 2005)
A Psicopedagogia busca na psicologia, psicanálise, psicolinguística, neurologia,
psicomotricidade, fonoaudiologia, psiquiatria, entre outros, o conhecimento necessário para
aprender como se dá o processo de aprendizagem nos indivíduos, ao contrário do que muitos
pensam equivocadamente que a psicopedagogia é a fusão da pedagogia com a psicologia, ou
vice-versa. Ela vai além dos conhecimentos específicos de ambas as áreas, como dissemos
anteriormente. Atualmente a psicopedagogia se divide em: Psicopedagogia Clínica e
Psicopedagogia Institucional.
3 O QUE É DISLEXIA?
A dislexia é considerada um transtorno específico de aprendizagem de origem
neurobiológica, caracterizada por dificuldade no reconhecimento preciso e/ou fluente da
palavra, na habilidade de decodificação e em soletração. Essas dificuldades normalmente
resultam de um déficit no componente fonológico da linguagem e são inesperadas em relação
à idade e outras habilidades cognitivas. É importante saber que a dislexia não é uma doença,
senão um distúrbio genético e neurobiológico que independe da preguiça falta de atenção ou
má alfabetização. O que ocorre é uma desordem no caminho das informações, o que inibe o
processo de entendimento das letras e, por sua vez, pode comprometer a escrita. É claro que
os sintomas da dislexia variam de acordo com os diferentes graus do transtorno, mas a pessoa
tem dificuldade para decodificar as letras do alfabeto e tudo o que é relacionado à leitura. O
disléxico não consegue associar o símbolo gráfico e as letras ao som que eles representam.
Ter dislexia não é o fim do mundo, o disléxico não é deficiente. Ele pode ser uma pessoa
saudável e inteligente, porém com dificuldade acima do comum em aprender a ler.
Geralmente, o disléxico possui um QI normal ou até mesmo acima do normal. Para
Mascarenhas (2014)
Dislexia é um transtorno na área da leitura, escrita e soletração, que
pode também ser acompanhado de outras dificuldades, como por
exemplo, na distinção entre esquerda e direita, na percepção de
dimensões (distâncias, espaços, tamanhos e valores), na realização de
operações aritméticas (discalculia) e no funcionamento da memória de
curta duração.
A dislexia pode coexistir ou mesmo confundir-se com características de vários outros
fatores de dificuldade de aprendizagem, tais como o déficit de atenção/hiperatividade,
dispraxia, discalculia, e/ou disgrafia. Contudo a dislexia e as desordens do déficit de atenção e
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hiperatividade não estão correlacionadas com problemas psicológicos. A dislexia é a
dificuldade na aprendizagem e na aquisição da leitura e da escrita. “Foi constatada a partir do
século XIX por vários estudiosos médicos, entre eles, oftalmologistas, que concluíram que a
provável causa para esse distúrbio seja um defeito congênito no cérebro, afetando a memória
visual de palavras e letras” (Pinto, 2010).
3.1 DIAGNÓSTICO E CLASSIFICAÇÃO DA DISLEXIA
A dislexia pode ser classificada de várias formas, dependendo da abordagem
profissional e dos testes usados no seu diagnóstico (testes fonoaudiológicos, pedagógicos,
psicológicos, neurológicos...). Geralmente o diagnóstico é feito por equipe multiprofissional.
Para (ALMEIDA 2009) Algumas das possíveis classificações são:
3.1,1 Dislexia Disfonética:
Dificuldades de percepção auditiva na análise e síntese de fonemas,
dificuldades temporais, e nas percepções da sucessão e da duração
(troca de fonemas e grafemas) por outros similares, dificuldades no
reconhecimento e na leitura de palavras que não têm significado,
alterações na ordem das letras e sílabas, omissões e acréscimos, maior
dificuldade na escrita do que na leitura, substituição de palavras por
sinônimos.
3.1.2 Dislexia Diseidética:
Dificuldade na percepção visual, na percepção gestáltica (percepção
do todo como maior que a soma das partes), na análise e síntese de
fonemas (ler sílaba por sílaba sem conseguir a síntese das palavras,
misturando e fragmentando as palavras, fazendo troca por fonemas
similares, com maior dificuldade para a leitura do que para a escrita).
3.1.3 Dislexia Mista:
É conhecida como a combinação de mais de um tipo de dislexia, que
pode ocorrer com o mesmo individuo. Nesse caso, os disléxicos
apresentam problemas para operar tanto com a rota fonológica quanto
com a lexical. São assim situações mais graves e exigem um esforço
ainda maior para atenuar o comprometimento das vias de acesso ao
léxico.
3.1.4 Dislexia Visual:
Deficiência na percepção visual e na coordenação visomotora (dificuldade no
processamento cognitivo das imagens)
3.1.5 Dislexia Auditiva:
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Deficiência na percepção auditiva, na memória auditiva e fonética (dificuldade no
processamento cognitivo do som das sílabas).
3.1.6 Dislexia adquirida:
As autoras Maria Eugênia Ianhez e Maria Ângela Nico (2002) confirmam que “a
dislexia pode aparecer de repente na vida adulta e que é chamada de “dislexia
adquirida”, ou afasia e que se diferencia da dislexia de desenvolvimento, que é
hereditária e congênita.”
3.2 CAUSAS E EFEITOS DA DISLEXIA.
Para Mascarenhas (2014) ainda há diagnósticos feitos através de causas como:
❖ Primária ou genética: Disfunção do lado esquerdo do cérebro persiste até a idade adulta,
hereditário e atinge leitura, escrita e pronuncia mais comum em meninos.
❖ Secundária ou de desenvolvimento: Pode ser causada por hormônios, má nutrição,
negligência e abusos infantis, diminui com a idade.
❖ Tardia ou por trauma: Causada por lesões a áreas do cérebro responsáveis por
compreensão de linguagem, raro em crianças. Nesta classificação enquadra-se a dislexia
adquirida que, a partir do ano 2012 foi incluída oficialmente nos Descritores da Saúde,
citada em Português, Espanhol e Inglês, recebendo neste idioma a denominação de
Acquired Dyslexia.
Apesar de não haver um consenso dos cientistas sobre as causas da dislexia,
pesquisas recentes apontam fortes evidências neurológicas para a dislexia, parte por causas
genéticas, parte por fatores congênitos (durante o desenvolvimento no útero). Uma das
possíveis causas é a exposição do feto a doses excessivas de testosterona durante a gestação, o
que explicaria a maior incidência da dislexia em pessoas do sexo masculino, pois fetos do
sexo feminino tendem a ser abortados com o excesso de testosterona. Pessoas que possuem
dislexia tem uma área do cérebro mais desenvolvida que pessoas que não possuem esta
síndrome, e por este motivo, geralmente têm mais facilidade em atividades ligadas à solução
de problemas, mecânica, esportes e geralmente são muito criativas.
3.3 DISLEXIA EM SALA DE AULA
A dislexia costuma ser identificada nas salas de aula durante a alfabetização, sendo
comum provocar uma defasagem inicial de aprendizado. Não é uma doença, mas sim uma
formação diferenciada do encéfalo que acarreta problemas na aprendizagem escolar, pela
dificuldade em decodificar os códigos que lhe são enviados durante os estudos.
É importante que pais e professores fiquem atentos aos sinais de dislexia, esses sinais
podem ser detectados quando criança. Pais e professores devem ficar atentos quando esgotam
- se todos os subsídios de aprendizagem, a criança mesmo que estimulada de várias formas
apresenta déficit do conteúdo, isso se inicia com mais frequência nos primeiros anos
escolares, no período da alfabetização, tendendo a se acentuar no decorrer dos anos. Para
Martinelle (2001, p. 114):
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Uma criança que vive em ambiente familiar equilibrado e que
lhe oferece condições mínimas de experimentar e expressar suas
emoções tem chances de lidar com maior segurança e
tranquilidade com seus sentimentos e pode, dessa maneira,
trabalhar com seus sucessos e fracassos de forma mais adequada.
É fundamental que o processo de alfabetização ocorra dentro dos padrões normais, em
que a criança esteja preparada psicologicamente e tenha idade suficiente por volta dos seis
anos de idade. Uma das características mais comuns são as trocas de letras, as crianças
tendem a confundi-las com grande frequência, mas não podemos classificar como indicativo
totalmente confiável, pois muitas crianças tendem a confundi-las principalmente na iniciação
da alfabetização.
Em primeiro lugar o professor precisa conhecer o que é a dislexia e saber como
trabalhar. É comum o professorado ter um conceito errado em relação ao problema
apresentado pelo aluno, considerando-o desatento, relapso, sem vontade de aprender e em
muitos casos denominado preguiçoso. Sendo assim o aluno se sente incapaz, sem motivação e
apresenta casos de rebeldia e agressividade, chegando a ter depressão devido a autoestima
baixa agravando ainda mais o caso quando ocorre a repetência e muitas vezes a evasão
escolar. Não podemos esquecer que esses alunos estão amparados por lei, considerados como
NEE (Necessidades Educacionais Especiais). Na lei de Diretrizes e Bases da educação- LDB
diz:
Art. 5º.
Consideram-se educandos com necessidades educacionais especiais os
que, durante o processo educacional, apresentarem: I - dificuldades
acentuadas de aprendizagem ou limitações no processo de
desenvolvimento que dificultem o acompanhamento das atividades
curriculares, compreendidas em dois grupos:
a) aquelas não vinculadas a uma causa orgânica específicas; b) aquelas
relacionadas a condições, disfunções, limitações ou deficiências; II –
dificuldades de comunicação e sinalização diferenciadas dos demais
alunos, demandando a utilização de linguagens e códigos aplicáveis;
III - altas habilidades/superdotação, grande facilidade de
aprendizagem que os leve a dominar rapidamente conceitos,
procedimentos e atitude.
Portanto a dislexia em sala de aula tem como ponto de partida a compreensão das
quatro habilidades fundamentais da linguagem verbal: a leitura, a escrita, a fala e a escuta.
Destas, a leitura é a habilidade linguística mais difícil e complexa, e a mais diretamente
relacionada com a dificuldade específica de acesso ao código escrito.
4 O PAPEL DO PSICOPEDAGOGO FRENTE A DISLEXIA
Em se tratando do distúrbio denominado dislexia, a intervenção do psicopedagogo
pode ser de forma preventiva, a qual detecta as dificuldades e promove sugestões
metodológicas, orientação vocacional, educacional e ocupacional ou de forma terapêutica.
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Seja em escolas, identificando alunos com dificuldades ou em hospitais, elaborando
diagnósticos das pessoas internadas. Também pode trabalhar em centros comunitários, em
consultórios ou orientando pessoas quanto ao processo de aprendizagem. Além de outras
áreas como treinamento, educação continuada e acompanhamento de pessoas com deficiência,
Em contrapartida, numa linha terapêutica a função é tratar a dificuldade de aprendizagem,
diagnosticando e desenvolvendo técnicas remediativas.
A partir do estudo da origem da dificuldade em aprender, o psicopedagogo desenvolve
atividades que estimulam as funções cognitivas que não estão ativadas no paciente e a questão
afetiva e social. O psicopedagogo contribui para a construção da autonomia e independência,
através da relação com “como eu aprendo” e “como me relaciono com o saber”. Durante as
sessões com o psicopedagogo, os recursos como jogos, livros e computador, tem a finalidade
de descobrir os estilos de aprendizagem do paciente: ritmos, hábitos adquiridos, motivações,
ansiedades, defesas e conflitos em relação ao aprender. O psicopedagogo tem a função de
auxiliar o indivíduo que não aprende a se encontrar nesse processo, além de ajudá-lo a
desenvolver habilidades para isso. (MASCARENHAS 2012)
O tratamento deve estar voltado para a construção do conhecimento, e não para o
produto final. São utilizados diversos recursos pelo psicopedagogo: dramatizações, jogos,
leituras, diálogos, desenhos, projetos e outras maneiras que serão descobertas no decorrer dos
atendimentos. O psicopedagogo tem informação para orientar pais e professores, ser o
mediador de todo o processo e, assim, ir além da junção do conhecimento do psicólogo e
pedagogo.
O que significa Intervenção Psicopedagógica no âmbito escolar? Igea (2005) considera
que a intervenção psicopedagógica inclui: “funções de coordenação e estímulo do conjunto
das atividades orientadoras dos professores, assim como o aprofundamento ou a ampliação
dessas atividades, transformando o trabalho psicopedagógico” dessa forma, há uma ação
numa instância de apoio para a instituição escolar, sendo as áreas de intervenção
psicopedagógica os processos de ensino-aprendizagem, a atenção à diversidade, a prevenção e
desenvolvimento pessoal e a orientação acadêmica e profissional. Na perspectiva de
Rodríguez (2005), a intervenção psicopedagógica é: ‘um processo compartilhado entre os
diversos profissionais – psicopedagogo, tutor e/ou professor de área, família, etc. – numa
relação simétrica, cada um a partir do seu saber, e contextualizado no estabelecimento
escolar”.
Quando existe a dificuldade para articular o “eu” e o “outro”, significa falta de
autonomia para a aprendizagem, nesse caso acontece uma discrepância entre o corpo, o
pensamento e a emoção. Para Mascarenhas (2012) há momentos que requerem uma
intervenção psicopedagógico são eles:
Se você não tem facilidade de interação, tem a sensação de estar
ameaçado quando está em grupo, necessita da intervenção do
psicopedagogo. Quando a pessoa se sente excluída, precisa de uma
equipe estruturada para ajudá-lo com as questões cognitivas, sócias
afetivas e com a autoconfiança.
Portanto o psicopedagogo tem papel fundamental no processo e na ação interativa
junto aos professores e alunos de forma a completar o ciclo de aprendizagem do aluno
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dislexo, contribuindo para que o mesmo possa ter uma relação social digna, ou seja, devem
ser respeitados segundo seu meio social e de seus interesses.
5 RESULTADOS
Considerando as investigações realizadas neste trabalho e a reflexão sobre os
resultados encontrados, buscou se um novo olhar sobre o aluno com dislexia no ambiente
escolar. Como foi relatada anteriormente sobre a metodologia utilizada para a pesquisa, a
observação do campo foi realizada concomitantemente com a entrevista para garantir uma
maior confiabilidade, visto a mesma ser no mesmo espaço. O levantamento dos materiais
obtidos na pesquisa foi analisado para que se tornasse possível a comparação desse material a
fim de verificar se há adequação ou não entre a realidade e as necessidades educativas dos
alunos pesquisados. Com o afinco de maximizar a confiabilidade dos resultados obtidos na
mesma. teve-se, como procedimento, um breve relato de registro das observações, onde foram
feitas as anotações de fatos relevantes ao estudo.
O fazer psicopedagógico surge na medida em que ocorre uma reflexão profunda sobre
a Intervenção Psicopedagógica, seus objetivos, metas e procedimentos. Esta etapa da prática
psicopedagógica institucional representa um momento de grande importância, pois traduz a
intencionalidade do profissional que elaborou uma avaliação e que vai programar ações
corretivas ou preventivas dos possíveis desvios de aprendizagem encontrados. A intervenção
é a etapa final do processo psicopedagógico e, ao mesmo tempo, seu “reinício”, pois seus
resultados podem levar o psicopedagogo e a escola a um novo ponto de partida e de reflexão
sobre o fazer psicopedagógico no contexto educacional. Assim como a avaliação, a
intervenção não representa um fim, em si mesma, mas um conjunto de medidas que vão gerar
novas práticas de prevenção, correção, auto estima e enriquecimento da aprendizagem,
Sem autoestima, dificilmente a criança enfrentará seus aspectos mais desfavoráveis e
as eventuais manifestações externas. Já a criança com autoestima mantém uma estreita relação
com a motivação. A opinião que a criança tem de si mesma, vem ao encontro com o que diz
Coll (1995), “está intimamente relacionado com sua capacidade de aprendizagem seu
rendimento e seu comportamento.” O autoconceito se desenvolve desde muito cedo na relação
da criança com os outros. Para ajudá-la a criar bons sentimentos é importante elogiá-la a
incentivá-la quando procura fazer alguma coisa, fazendo-a perceber que ela é importante, e
que todos lhe querem bem e a respeitam.
Com isso a Psicopedagogia, ao se organizar como área do conhecimento, traz luz a
estas ações e tornam-nas intencionais, planejadas, voltadas para objetivos específicos e que se
relacionam aos problemas escolares e de aprendizagem evidenciados no contexto escolar.
Com a Psicopedagogia, a intervenção psicopedagógica adquire um sentido específico, que é
atuar na correção e prevenção do fracasso escolar e também no enriquecimento tanto do
ensino quanto da aprendizagem.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Diante de todas as informações contidas nesse estudo pode-se concluir que a dislexia
constitui um distúrbio complexo para ser diagnosticado, e que a dificuldade de aprendizagem
pode ocorrer em qualquer ambiente escolar e faixa etária e em relação a diferentes campos do
conhecimento principalmente porque cada sujeito é único, dotado de particularidades que
podem transformar o quadro de caso para caso. Atualmente generalizou-se o termo dislexia,
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qualquer distúrbio de linguagem apresentado pela criança, logo é qualificado como dislexia,
tanto pelos pais como pela escola. O problema não está na criança, mas nos processos
educacionais, sob a responsabilidade familiar, ou nos processos formais de aprendizagem na
incumbência da instituição escolar.
É importante saber que a dislexia não é uma doença, senão um distúrbio genético e
neurobiológico que independe da preguiça falta de atenção ou má alfabetização. O que ocorre
é uma desordem no caminho das informações, o que inibe o processo de entendimento das
letras e, por sua vez, pode comprometer a escrita. É claro que os sintomas da dislexia variam
de acordo com os diferentes graus do transtorno, mas a pessoa tem dificuldade para
decodificar as letras do alfabeto e tudo o que é relacionado à leitura. O disléxico não consegue
associar o símbolo gráfico e as letras ao som que eles representam.
Com isso, ao diagnosticar que a criança apresenta sintomas da dislexia, como
espelhamento das letras e dificuldade na leitura e escrita, a escola deve orientar a família a
procurar ajuda de um profissional para orientá-la. É papel de o educador observar, orientar e
trabalhar o desenvolvimento do ensino e da aprendizagem das crianças que apresentarem esse
diagnóstico e, assim, trabalhar de acordo com o seu caso. Isso decorrerá pela união do apoio
especializado e a escola, que trabalham em consonância, a fim de que a criança se sinta
incluída em seu grupo social e ao mesmo tempo possa evoluir em suas aprendizagens, sem
que precise ser privado desse contato social, uma vez que a criança continua em seu processo
de desenvolvimento e aprendizagem, sem respostas fixas, esta pesquisa tem buscado
caminhos na área da psicopedagogia que auxiliem seu progresso e pretende avançar a partir
da atual realidade, na qual a criança lê, porém seguindo seu ritmo de decodificação. No
entanto para que isso aconteça é necessário que os cursos de formação de professores
psicopedagogos contemplem, nos seus currículos, discussões sobre o tema que subsidiem a
utilização da inclusão do dislexo, pois a ausência de conhecimentos, dessa natureza, dificulta
ao professor a percepção de um diagnóstico desse tipo de distúrbio como meio privilegiado
para o alcance das suas finalidades educacionais.
Na escola a qual foi efetuada a pesquisa sempre se procurou auxiliar durante o
processo de inclusão dos educandos dislexos, Porém, o medo e a falta de informações a
respeito das medidas práticas para facilitar o aprendizado da criança, sem prejudicar os
demais alunos da classe, são barreiras que ainda precisam ser vencidas em seu ambiente
escolar.
A escola, como sendo um ambiente social, deverá ser para todos os envolvidos no
processo educativo, um local promissor de troca e vivência de experiências, contribuindo de
maneira positiva na efetivação de uma aprendizagem significativa e flexível Com isso, os
educadores, enquanto mediadores do conhecimento devem oportunizar o crescimento da
criança de acordo com seu nível de desenvolvimento, oferecendo um ambiente de qualidade
que estimule as interações sociais, um ambiente enriquecedor de imaginação, onde a criança
possa atuar de forma autônoma e ativa, fazendo com que venha a construir o seu
próprio processo de aprendizagem.
Além disso, as brincadeiras e os jogos são indispensáveis para que haja uma
aprendizagem com divertimentos, que proporcione prazer no ato de aprender e que facilite as
práticas pedagógicas em sala de aula. Com relação à escola, os conteúdos escolares são
trabalhados em conjunto com a turma, ou seja, é utilizado o mesmo material didático variando
apenas o grau de dificuldade das disciplinas. Assim percebeu-se a imensa responsabilidade
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do educador para com o educando, ainda mais quando este tem necessidades educacionais
especiais.
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