Identificado o provável causador da soja louca 2 globo rural soja
1. 09/09/2015 Identificado o provável causador da soja louca 2 Globo Rural | Soja
http://revistagloborural.globo.com/Noticias/Agricultura/Soja/noticia/2015/06/identificadoopossivelcausadordasojalouca2.html 2/9
saiba mais
Novas pragas ameaçam soja e
outras culturas
IMAmt identifica pela primeira vez
no Brasil praga originária dos EUA
Agricultura precisa discutir uso
racional da água o quanto antes,
defende pesquisador
Tweet 21 100 | | TAMANHO
DO
TEXTO
A+ A
Tweet 21 100 | Tweet 21
100 | | TAMANHO
DO
TEXTO
A+ A
Share
Doença provoca perdas de produtividade interrompendo o ciclo de desenvolvimento da planta
POR RAPHAEL SALOMÃO, DE FLORIANÓPOLIS (SC)*
Pesquisadores da Empresa Brasileira de Pesquisa
Agropecuária (Embrapa) e da Empresa de Pesquisa
Agropecuária de Minas
Gerais (Epamig)
anunciaram terem
descoberto o provável
causador do que tem sido
conhecido como “Soja
Louca 2”. Depois de
pelo menos quatro anos
de estudos, concluiuse
que está associada à
ocorrência do
nematoide
Aphelencoides sp.,
invisível a olho nu, mas
com um alto poderio
destrutivo.
A doença impede a
formação das vagens e
a finalização do ciclo
produtivo. “O
Aphelencoides se
instala no ponto onde a
planta vai formar o
ramo onde ficará a
vagem”, explica a
pesquisadora de
Epamig, Luciany
Favoreto, especialista
nesse tipo de
nematoide, já
identificado também em culturas como arroz, crisântemo, amendoim e feijão (caso registrado na Costa Rica).
Além de muito pequeno, tem alta capacidade reprodutiva. Em condições consideradas ideais,
criadas em laboratório, um deles pode chegar a 250 em 30 dias. Além disso, alimentase
basicamente de fungos e tem alta capacidade de sobrevivência. Se não encontra alimento, reduz o
seu metabolismo. “Há relatos desse nematoide sobrevivendo até dez, onze anos dentro de uma
semente”, alerta Luciany.
Atacada, a planta permanece com sua massa verde. “Não produz vagem e esse verde fica mais
intenso. As folhas ficam deformadas e enrugadas”, acrescenta o pesquisador da Embrapa Soja,
Maurício Meyer, que apresentou o trabalho durante o 7º Congresso Brasileiro de Soja, em
Florianópolis (SC). Talhões inteiros podem ficar improdutivos. Quando isso não acontece, a
massa verde aumenta o nível de impurezas na soja, causando perda financeira ao produtor.
Para chegarem ao provável causador, inicialmente, os pesquidores descartaram a possibilidade de
ácaro ou vírus. Só em 2012 foi considerada a possibilidade de um nematoide atacando a parte
aérea da planta, o que, de certa forma, surpreendeu os pesquisadores, já que a maior parte dos
testes para nematoides são feitos para solo raízes das plantas. Identificado, o Aphelencoides foi
isolado e colocado em plantas sadias, sendo constatada sua influência na manifestação da soja
louca 2.
“Uma lição que essa pesquisa deixa é atentar para parte aérea da planta”, diz Meyer. “Não quer dizer que esse tipo de análise, no caso de
nematoides, vá ficar mais frequente. Isso vai depender do aparecimento dos sintomas”, acrescenta. Segundo o pesquisador, a maior incidência foi
detectada no Maranhão, Pará, Tocantins e norte de Mato Grosso.
Manejo
Encontrar a relação do nematoide com a soja louca 2 é só “a ponta do iceberg”, afirmam os pesquisadores. Identificado o gênero, o trabalho agora
é investigar a espécie de Aphelencoide que efetivamente ataca a lavoura de soja. Atualmente, são catalogadas 180 espécies. As etapas seguintes da
pesquisa visam também estabelecer mecanismos de controle da praga ou até mesmo encontrar algum princípio ativo que possa ser usado.
Maurício Meyer acredita que o manejo da área deve ser a primeira linha de atuação. Segundo ele, há indícios de que o gradeamento da área, em que
a terra é revolvida e a cobertura vegetal é integrada ao solo, mas não há nada conclusivo. “No entanto tem que ter cuidado com isso porque troca um
benefício de sustentabilidade do plantio direto por uma ação mais imediatista”, diz. “E pode até combater o aphelencoide, mas, por outro lado,
revolver o solo ajuda a espalhar outros nematoides. Tem que estudar muito ainda”, acrescenta Luciany.
Outra linha deve ser a identificação e controle de plantas daninhas que podem servir de hospedeiras ou ajudar a criar ambiente favorável ao
aparecimento do nematoide. “Já se sabe o agente e o que ele pode causar na soja, mas ainda é cedo para identificar as consequências no sistema
produtivo como um todo”, explica Meyer.
4,1 milCurtir Compartilhar
4,1 milCurtirCompartilhar 4,1 milCurtir Compartilhar
Um dos sintomas é a deformação foliar, com afilamento e engrossamento das nervuras (Foto:
Divulgação/Epamig)