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Desenvolvimento sustentável e património:




                                       O moinho de água
                                       de
                                       Alçaperna

                                                                    freguesia de

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                                                          Maria do Carmo Carvalho Sequeira
                                                                                     1984



EREDS – Aveiro   18 e 19.Março.2011
A elevada frequência de cursos de água resulta da
existência de valores de pluviosidade bastante eleva-
                                               eleva-
dos nas Serras da Lousã e do Açor (as quais formam
um obstáculo à passagem das massas de ar) assim
como de solos pouco espessos, de vegetação pobre
e da presença de grandes declives.
                           declives.
«O homem não é só um ser social, mas também – e
  essencialmente – um ser cultural; isto é, um ser
  que, pela própria constituição do seu espírito,
  organiza necessariamente todo o seu sistema de
  vida e de relação, o seu apetrechamento material
  para o trabalho e a luta pela sobrevivência, e até
  mesmo grande número de dados naturais e
  funções fisiológicas, segundo regras fixadas de
  forma peculiar dentro do grupo.»
                                         Ernesto Veiga de Oliveira
                              in «Princípios Basilares das Ciências Etnológicas»
                                                   Cadernos de Etnografia, n.º3
“levada” sob a casa da moagem ou “sobrado”
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O moleiro no contexto social e económico

 «O diabo encontrou Nosso Senhor e disse-lhe:
 — Ó meu Divino Mestre, tens que vir ver uma obra que fiz!
 E depois Nosso Senhor foi ter com o diabo:
 — Olha, tu tens que te afastar daqui – disse o diabo – faço uma cruz e tão
 longe é daqui a’qui como daqui a’li!
 Então Ele afastou-se e o diabo ficou com o moleiro:
 — Fica-te moleiro (…) trabalha que eu te ajudarei com o suor do teu rosto,
 mas hás-de trabalhar muito e viver sempre pobre (…) e é verdade; hás-de
 andar de porta em porta a pedir o grão, como quem anda a estender a mão à
 caridade (…) não há nenhum moleiro rico; fica em paz que eu vou-me
 embora.»

                                                         A origem dos moinhos
                                             contada pela Sr.ª Hermínia, mulher do moleiro
——— Percurso ou “volta” do moleiro
Porta de acesso ao “sobrado”
Interior do “sobrado”
Casais de mós
moega e pejadouro ou alavanca   quelho, registo e o cadelo
“Vocês não sabem?! (...) Aquela balança
que está ali no moinho, é a minha
balança da sorte! Se não fosse aquela
balança, eu não tinha sorte nenhuma na
minha vida! (...) Não a vendia por
quinhentos contos! (...)”
“...Quando vinha da minha volta,
encontrei duas serpentes a castiçarem-se
em cima da balança.
Ai! Nossa Senhora! quem me acode?! (...)
Peguei num machado e cortei as duas ao
machado, não as deixei ir embora!!! Se
as deixasse ir embora, ia-se embora
a sorte!!!“
“D'antão p'ra cá, nunca mais me tornou
a faltar o dinheiro!!! “

                             Sr. Armando
                                    moleiro
peneira, pá, picão, vassoira
e pesos
Dada a necessidade de picar as
pedras (mós), com certa
frequência, o picão torna-se
indispensável.
Bastante semelhante a um
martelo, tem um cabo de madeira,
sendo as suas extremidades
pontiagudas.

Do cabo às suas extremidades (bicos),
está aplicado um cordel; este, depois
de rodear os bicos, vai rodear o cabo,
onde é atado. Este artificio, ditado pela
experiência, evita que, ao picar a
pedra, os detritos sejam projetados
para os olhos do seu utilizador.
O cozer do pão




a casa do forno               utensílios: o rodo, a pá e o vassoiro
«Tenho o meu pão amassado
    E o meu velho p’ra morrer”
      Antes o meu velho morra
   Qu’ó meu pão se me perder
 Porque se o meu velho morre
         ‘inda me torno a casar
Mas se o meu pão se m’estraga
      Não o posso aproveitar»


           Cantado pela Sra. Hermínia
                       mulher do moleiro
…o moinho de Alçaperna – ontem e hoje!
1984   2011
1984   2011
1984   2011
1984   2011
1984   2011
Painel II - Desenvolvimento sustentável e património: O moinho de água de Alçaperna - Carmo Sequeira

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Painel II - Desenvolvimento sustentável e património: O moinho de água de Alçaperna - Carmo Sequeira

  • 1. Desenvolvimento sustentável e património: O moinho de água de Alçaperna freguesia de Foz de Arouce Maria do Carmo Carvalho Sequeira 1984 EREDS – Aveiro 18 e 19.Março.2011
  • 2. A elevada frequência de cursos de água resulta da existência de valores de pluviosidade bastante eleva- eleva- dos nas Serras da Lousã e do Açor (as quais formam um obstáculo à passagem das massas de ar) assim como de solos pouco espessos, de vegetação pobre e da presença de grandes declives. declives.
  • 3. «O homem não é só um ser social, mas também – e essencialmente – um ser cultural; isto é, um ser que, pela própria constituição do seu espírito, organiza necessariamente todo o seu sistema de vida e de relação, o seu apetrechamento material para o trabalho e a luta pela sobrevivência, e até mesmo grande número de dados naturais e funções fisiológicas, segundo regras fixadas de forma peculiar dentro do grupo.» Ernesto Veiga de Oliveira in «Princípios Basilares das Ciências Etnológicas» Cadernos de Etnografia, n.º3
  • 4.
  • 5.
  • 6. “levada” sob a casa da moagem ou “sobrado”
  • 7. mecanismo motor: rodízios montados num pequeno túnel sob a casa ou “sobrado” motor:
  • 8. O moleiro no contexto social e económico «O diabo encontrou Nosso Senhor e disse-lhe: — Ó meu Divino Mestre, tens que vir ver uma obra que fiz! E depois Nosso Senhor foi ter com o diabo: — Olha, tu tens que te afastar daqui – disse o diabo – faço uma cruz e tão longe é daqui a’qui como daqui a’li! Então Ele afastou-se e o diabo ficou com o moleiro: — Fica-te moleiro (…) trabalha que eu te ajudarei com o suor do teu rosto, mas hás-de trabalhar muito e viver sempre pobre (…) e é verdade; hás-de andar de porta em porta a pedir o grão, como quem anda a estender a mão à caridade (…) não há nenhum moleiro rico; fica em paz que eu vou-me embora.» A origem dos moinhos contada pela Sr.ª Hermínia, mulher do moleiro
  • 9. ——— Percurso ou “volta” do moleiro
  • 10. Porta de acesso ao “sobrado”
  • 11.
  • 14. moega e pejadouro ou alavanca quelho, registo e o cadelo
  • 15. “Vocês não sabem?! (...) Aquela balança que está ali no moinho, é a minha balança da sorte! Se não fosse aquela balança, eu não tinha sorte nenhuma na minha vida! (...) Não a vendia por quinhentos contos! (...)” “...Quando vinha da minha volta, encontrei duas serpentes a castiçarem-se em cima da balança. Ai! Nossa Senhora! quem me acode?! (...) Peguei num machado e cortei as duas ao machado, não as deixei ir embora!!! Se as deixasse ir embora, ia-se embora a sorte!!!“ “D'antão p'ra cá, nunca mais me tornou a faltar o dinheiro!!! “ Sr. Armando moleiro
  • 16. peneira, pá, picão, vassoira e pesos
  • 17. Dada a necessidade de picar as pedras (mós), com certa frequência, o picão torna-se indispensável. Bastante semelhante a um martelo, tem um cabo de madeira, sendo as suas extremidades pontiagudas. Do cabo às suas extremidades (bicos), está aplicado um cordel; este, depois de rodear os bicos, vai rodear o cabo, onde é atado. Este artificio, ditado pela experiência, evita que, ao picar a pedra, os detritos sejam projetados para os olhos do seu utilizador.
  • 18. O cozer do pão a casa do forno utensílios: o rodo, a pá e o vassoiro
  • 19. «Tenho o meu pão amassado E o meu velho p’ra morrer” Antes o meu velho morra Qu’ó meu pão se me perder Porque se o meu velho morre ‘inda me torno a casar Mas se o meu pão se m’estraga Não o posso aproveitar» Cantado pela Sra. Hermínia mulher do moleiro
  • 20.
  • 21. …o moinho de Alçaperna – ontem e hoje!
  • 22. 1984 2011
  • 23. 1984 2011
  • 24. 1984 2011
  • 25. 1984 2011
  • 26. 1984 2011