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FACULDADE ASSOCIADA BRASIL
CURSO DE PEDAGOGIA
PEDAGOGIA
CIRLEI APARECIDA DOS SANTOS
SOLANGE ROCHA SOUZA
ESCOLA E FAMÍLIA - PARCERIA NECESSÁRIA
SÃO PAULO
2015
CIRLEI APARECIDA DOS SANTOS
SOLANGE ROCHA SOUZA
ESCOLA E FAMÍLIA - PARCERIA NECESSÁRIA
Trabalho de conclusão de curso,
apresentado a Faculdade Associada Brasil,
como parte das exigências para a obtenção
do título de Pedagogia.
Professor Orientador: Marcos Rinaldi Tonelli
São Paulo
2015
FICHA CATALOGRÁFICA
Santos, Cirlei Aparecida
Souza, Solange Rocha
Escola e família - Parceria Necessária/ Cirlei Aparecida dos
Santos e Solange Rocha Souza. - São Paulo, 2015.
69 p.
Orientador: Marcos Rinaldi Tonelli
Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação) – Faculdade
Associada Brasil. Departamento de Educação. Curso de Pedagogia. 2015.
Inclui referências e anexos.
1. Família 2. Escola 3. Criança 4. Parceria 5. Sucesso. I
Santos, Cirlei Aparecida Souza, Solange Rocha. II Faculdade Associada
Brasil, Curso de Pedagogia.
1. Título
CDD 370.15
TERMO DE APROVAÇÃO
CIRLEI APARECIDA DOS SANTOS
SOLANGE ROCHA SOUZA
O presente trabalho de conclusão, intitulado Escola e família - Parceria
Necessária, pelas alunas Cirlei Aparecida dos Santos e Solange Rocha Souza,
como requisito para obtenção do certificado pra o curso de Graduação em
Pedagogia, à Banca Examinadora composta pelos membros abaixo assinados e,
sendo julgado adequado para o cumprimento do requisito legal previsto no
Regulamento do TCC/MONOGRAFIA da Faculdade Associada Brasil foi aprovado
obtendo a nota ______ (_____________).
São Paulo SP, ______/______/______.
_________________________________________
Professor Orientador: MARCOS RINALDI TONELLI
Dedicatória
Dedicamos aos nossos queridos pais, que nos
ensinaram a valorizar a educação como único meio de
alcançarmos um futuro digno e próspero à minha vida.
Agradecimentos
Agradecemos a Deus por ter nos dado força e
coragem para chegarmos até aqui e aos nossos pais, irmãos e
professores pelo apoio, paciência e dedicação.
Amamos vocês!
Epígrafe
“Não se pode educar eficientemente se os pais e
professores se desconhecem, se a educação escolar estiver
isolada da educação familiar”.
(Suenens)
RESUMO
Este trabalho tem como finalidade meditar sobre a extraordinária afinidade entre
família e escola, lançando os apoios dessa parceria na vida escolar do aluno. É
primeiramente é definido o conceito de educação e a contribuição da legislação no
que se refere aos deveres dos pais e no sentido de fazer com que os pais tenham
um espaço dentro da escola para agirem ativamente de modo a contribuir para quê
a vida escolar do filho seja vitoriosa. O fluxo histórico do conceito de família no
transcorrer dos períodos e as diferentes organismos familiares que ocorrem na
atualidade, enfatizando que a criança e os seus pais ou responsáveis, trazem
consigo uma união familiar de amor e é com eles que se aprendem os primeiros
valores, emoções e perspectivas de vida. Nesse sentido, a subjetividade da criança
é formada nas afinidades que vivem com o grupo familiar e com as pessoas mais
próximas desde o início da vida, através dos exemplos auferidos, os quais irão ter
reflexos no âmbito escolar. Também são abordados os indicativos referentes ao
desenvolvimento e a aprendizagem da criança e a função da escola em oportunizar
e colaborar para que a presença familiar nas atividades pertinentes ao contexto
escolar seja ativa e facilitadora na trajetória educacional da criança, sendo que em
virtude das imputações cotidianas ou mesmo por não ter uma visão positiva do
mundo escolar, muitas pais deixam de ser partícipes da vida escolar do filho. Assim,
a falta deste apoio pode se transformar num barreira no próprio desenvolvimento da
aprendizagem da criança. Daí a grande necessidade de fazer estas meditações que
permitam ao professor ferramentas para que o mesmo procure uma conscientização
maior dos pais na vida escolar do filho. Para avaliação desse trabalho foi
desenvolvido e o projeto “Maleta de Leitura” na Escola Estadual Messias Freire no
intuito de ajudar os pais a se aproximarem das atividades escolares dos filhos.
.
Palavras-chave: Educação Família, Escola e Participação.
ABSTRACT
This paper aims to reflect on the extraordinary affinity between family and school,
throwing the support of this partnership in the student's school career. It is first
defined the concept of education and the contribution of legislation in regard to the
duties of parents and in order to make parents have a space within the school to
actively act in order to contribute to what the school life of the child be victorious. The
historical flow of the family concept in the course of periods and different family
organisms occurring today, emphasizing that the child and their parents or guardians,
bring along a family union of love and it's with them you learn the first values,
emotions and life prospects. In this sense, the child's subjectivity is formed in
affinities living with the family group and the closest since the beginning of life,
through the earned examples, which will be reflected in schools. They are also
addressed indicative for the development and the child's learning and school function
in create opportunities and contribute to the familiar presence in activities related to
the school context is active and facilitator in the educational history of the child, and
because of the daily charges or even for not having a positive view of the school
world, many parents cease to be participants in the school's child life. Thus, the lack
of this support can become a barrier in the child's learning development itself. Hence
the great need to do these meditations that allow the teacher tools for it to look for a
greater awareness of parents in school life of the child. To evaluate this work was
carried out and the project "Reading Suitcase" in the State School Messiah Freire in
order to help parents approach the school activities of the children.
Keywords: Family Education, School and Participation.
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO....................................................................................................................9
1. O QUE É EDUCAÇÃO? ...................................................................................................10
1.1 A legislação brasileira e os deveres dos pais na educação dos filhos.......................11
1.2 Gestão Democrática..........................................................................................................13
1. FAMÍLIA E CRIANÇA - HISTÓRIA..................................................................................15
2.1 O que é família...................................................................................................................18
2.2 A importânciada família no desenvolvimento das crianças .........................................20
3. FAMÍLIA, ESCOLA E SUAS OBRIGAÇÕES..................................................................27
3.1 Família e escola, uma parceria de sucesso...................................................................28
3.2 A participação dos pais.....................................................................................................33
3.3 Pais e professores em conflito.........................................................................................35
CONSIDERAÇÕES FINAIS.....................................................................................................42
REFERÊNCIAS........................................................................................................................46
ANEXO - “MALETA DE LEITURA.........................................................................................48
ANEXO I – PROJETO “MALETA DE LEITURA”...................................................................50
9
1. INTRODUÇÃO
Procurar saber sobre a influência da família no desempenho escolar do
aluno é uma constância na vida dos educadores, principalmente os professores, que
tem por objetivo diminuir o fracasso escolar entre os alunos ou ajustar a um ensino e
aprendizado completo e eficaz a todos os alunos em período escolar. Ao ouvir
questionamentos de educadores sobre a importância da família ou não para o
desenvolvimento da criança no contexto escolar, essa pesquisa procurou analisar os
aspectos que podem influenciar na aprendizagem, buscando sempre propiciar
condições cada vez melhores para que a aprendizagem aconteça.
Entender a relação e a influência familiar no desenvolvimento escolar
ajudar o professor compreender as atitudes e dificuldades do aluno no seu cotidiano
escolar?
Esta pesquisa fundamenta-se em leis que determinam a
atuação dos pais na educação do filho e em pesquisa bibliografia especializada,
onde que descreve como que historicamente a família vem sendo modificada, como
a criança é vista dentro da família no passar dos tempos, escreve um relato sobre a
“Maleta de Leitura” um projeto desenvolvido junto com professores, alunos e pais na
Sala de Leitura da E. E. Professor Messias Freire que tem alguns relatos dos pais a
respeito do mesmo.
No primeiro capítulo define o que é educação, conceito
fundamental para relacionar a importância da participação da família na vida escolar
das crianças e escreve sobre como a legislação favorece a participação dos pais na
vida escolar do filho.
No segundo capítulo, expõe sobre a forma com que a família
se modificou num conciso histórico da idade média até a atualidade e a forma como
a criança é instituída dentro da família no decorrer dos tempos.
No terceiro capítulo, aborda a afinidade existente entre família e a esfera
escolar da criança. E finalizando, dedica-se a refletir como o professor pode
colaborar com a aproximação da família e o mundo escolar de seu filho.
10
1. O QUE É EDUCAÇÃO?
Muitos autores classificam como educação formal a que é transferida
pelas escolas e tem objetivos específicos e claros, segundo Carlos Rodrigues
Brandão esta está “sujeita a pedagogia”. Já a educação não formal promovida de
forma menos hierárquica, transferida pelas famílias e a sociedade onde vivemos é
tão importante quanto à educação formal, que tem além de promover ensinamentos
específicos, levar em conta às diferenças geradas pela educação não formal,
respeitando a singularidade de cada indivíduo, pois a mesma compreende o
aprendizado e as experiências individuais.
A educação acontece em diversos contextos da sociedade, segundo
Carlos Rodrigues Brandão.
Ninguém escapa da educação. Em casa, na rua, na igreja ou na
escola, de um modo ou de muitos todos nós envolvemos pedaços da
vida com ela: para aprender, para ensinar, para aprender-e-ensinar.
Para saber, para fazer, para ser ou para conviver, todos os dias
misturaram. (BRANDÃO, 1981, p.16)
O pensamento de Brandão é ratificado na Lei de Diretrizes e Bases da
Educação Nacional de 1996
Art. 1º. A educação abrange os processos formativos que se
desenvolvem na vida familiar, na convivência humana, no trabalho,
nas instituições de ensino e pesquisa, nos movimentos sociais e
organizações da sociedade civil e nas manifestações culturais.
Segundo Jacques Dolors, a educação de um indivíduo está estruturada
desde o princípio da sua vida sobre quatro pilares: Aprender a conhecer, aprender a
fazer, aprender a conviver juntos e aprender a ser. No entanto a educação formal
dedica-se exclusivamente em aprender a conhecer e aprender a fazer, sendo que
deveria estruturar-se nos quatro pilares, mesmo porque um completa o outro como
segue:
Aprender a conhecer indica a vontade de conhecimento, que liberta
da falta de saber; aprender a fazer leva a coragem de fazer, de
correr riscos, até errar tentando acertar; aprender a conviver traz o
desafio da convivência que apresenta o respeito a todos e o
exercício de fraternidade, da cooperação, da resolução de conflitos
11
como caminho do entendimento; e, aprender a ser, que, talvez, seja
o mais importante por esclarecer a função do cidadão e o objetivo de
viver (DELORS, 1996, P.89).
Para Paulo Freire “ensinar não é transferir conhecimento, mas criar as
possibilidades para a sua própria produção ou construção” (FREIRE, 1999), para ele
deve se respeitar os saberes do aluno, aquilo que ele trás de fora da escola, por
exemplo, temas como: ambiente, política, ética, violência e família.
[...] a educação sozinha não transforma a sociedade, sem ela
tampouco a sociedade muda. Se opção é progressista, se não se
está a favor da vida e não da morte, da equidade e não da injustiça,
do direito e não do arbítrio, da convivência com o diferente e não de
sua negação, não se tem outro caminho se não viver a opção que se
escolheu. Encarná-la, diminuindo, assim, a distância entre o que se
diz e o que se faz [...] (FREIRE, 1999, p.18)
Educação não acontece somente no âmbito formal, acontece a todo o
momento dentro e fora da escola, em sociedade. A escola sozinha não educa ela é
incapaz de substituir a família que é à base da educação não formal e age na
formação do caráter, dos valores e das responsabilidades.
A educação extrapola o ensino profissional e atua no indivíduo como um
todo respeitando sua autonomia, tornando-o um cidadão completo capaz de se
perceber fazendo parte de um sistema onde existem pessoas de diferentes classes
sociais, culturas, raças, gêneros sexual, especiais etc., e que precisa atuar em grupo
em todas as esferas de sua vida.
A educação pode ser entendida como o desenvolvimento pleno do
individuo porque abrange seu intelecto, seu físico e sua moral.
1.1 A legislação brasileira e os deveres dos pais na educação dos
filhos
Na Constituição Federal: Art. 205 a educação é direito de todos e dever
do Estado e da família, é promovida e incentivada com a colaboração da sociedade,
visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da
cidadania e sua qualificação para o trabalho.
12
No artigo 2º da lei que estabelece as diretrizes e bases da educação
nacional fica determinado que a educação seja dever da família e do estado, o artigo
6° especifica que os pais ficam obrigados a matricular os filhos menores, seja na
rede pública ou privada.
Segundo o artigo 4º do ECA – Estatuto da criança e do adolescente é
dever da família, da comunidade, da sociedade em geral e do poder público
assegurar à educação da criança e do adolescente.
É inegável que estas leis não estabelecem declaradamente que os pais
devam participar efetivamente da educação escolar. Embora esteja claro que é
obrigação dos pais promoverem a educação do filho e matriculá-lo na escola,
inclusive o artigo 190 do Estatuto da criança e do adolescente, explicita a obrigação
dos pais, não só de matricular o filho ou pupilo, mas também em acompanhar sua
frequência e aproveitamento escolar, correndo o risco de perder a tutela ou a
guarda, caso não cumpra a lei. O acompanhamento por parte dos pais na vida
escolar do filho em âmbito nacional é muito deficiente, são muito poucos os pais que
participam da vida estudantil do filho de forma mais atuante a fim de atendê-lo nos
aspectos mais profundos e isso vem a prejudicar o andamento dos estudos de
muitos deles.
Para Nelson Dacio Tomazi, “O ponto de partida é a família [...] é o espaço
onde aprendemos a obedecer a regras de convivência, a lidar com a diferença e a
diversidade” (TOMAZI, 2010, p. 20), outros estudiosos também demonstram um
interesse na participação ativa dos pais na vida escolar do filho.
Uma das principais ações políticas nesse sentido está nas leis,
principalmente na constituição federal de 1988 (art.206, inciso VI) e reiterada na a
LDB - Lei de Diretrizes Bases que apresenta as seguintes determinações:
 Art. 14 - Os sistemas de ensino definirão as normas da gestão
democrática do ensino público na educação básica, de acordo
com; as suas peculiaridades [...].
 Art. 32 O ensino fundamental obrigatório, com duração de 9
(nove) anos, gratuito na escola pública, iniciando-se aos 6 (seis)
anos de idade, terá por objetivo a formação básica do cidadão.
Sendo assim, devido à imposição da lei a necessidade de matricular os filhos em
uma escola é uma realidade das famílias brasileira. Portanto para estarem de acordo
com a lei todas as crianças em idade escolar, de todas as famílias devem estar
13
devidamente matriculadas em escolas de ensino regular. Por sua vez o governo
deve criar condições para garantir que mesmas tenham acesso a uma educação
plena.
1.2 Gestão Democrática
Para cumprir essas determinações é introduzida nas escolas brasileiras a
Gestão Democrática, seu princípio fundamental é a participação da comunidade
escolar na tomada de decisões dos assuntos escolares administrativos, pedagógicos
ou sociais, a preparação de espaços para quê a população possa usufruir de
atividades artísticas, lazer, cursos profissionalizantes, palestras, comemorações, e
outras em espaços ou horários ociosos ou mesmo quando são convidados a
participar em diversas ocasiões como apresentações de trabalhos dos filhos, ter
acesso a dependências como: bibliotecas, salas de leitura, salas de informática e
outros projetos.
A gestão democrática é possibilitada através do Conselho escolar, do
Conselho de classe, da Associação de Pais e Mestres e do Grêmio estudantil,
organismos que funcionam dentro da escola, a comunidade atua fazendo parte da
diretoria ou de projetos promovidos por esses órgãos e consequentemente
aproximam os pais das questões escolares.
Mas para Maria da Glória a Gestão Democrática Escolar no Brasil é
limitada, pois não dá espaço para que outros órgãos sociais atuem dentro delas,
restringi a entrada dos pais na escola.
[...] a tradição brasileira, a tendência dominante na área da educação
é restringir o universo de atores a serem envolvidos no processo
educacional a um só segmento da comunidade educativa: o da
comunidade escolar, composta pelos dirigentes, professores, alunos
e funcionários das escolas. Quando se fala em abertura das escolas
para a comunidade, os pais são os atores por excelência a serem
lembrados. (GOHN, 2004, p.195)
“Uma gestão democrática realmente participativa tem a atuação ativa de
todas as instâncias colegiadas, numa cultura de participação de todos”, (LIBÂNEO,
2004), sempre refletindo e agindo e voltando a refletir sobre a realidade. Pensando
sobre o papel da escola na expectativa de universalização, intensificando segmentos
14
para que pais e filhos exerçam a cidadania, onde as decisões sejam tomadas com o
compromisso coletivo, com e para o coletivo.
“Escola democrática dá condições para o aluno compreender a realidade,
não fazendo parte somente de produção cultural, mas também dos avanços sociais”.
(CANDAU, 2002)
A escola deve unir-se a comunidade para resolver problemas analisando
a situação de forma real, identificando as necessidades prioritárias e propondo
resolução dos problemas em curto, médio e longo prazo, promovendo desta forma,
ações educativas com o compromisso de formar cidadãos.
As famílias, em concordância com a escola e vice-versa, são peças
fundamentais para o desenvolvimento da criança e consequentemente são pilares
indispensáveis na atuação escolar. Entretanto, para conhecer a família é necessário
que a escola abra a suas portas e que garanta sua permanência.
Nesse sentido, “as reflexões avançam hoje, para assimilação de
qualidades que influenciam as desiguais práticas de cidadania pelo mundo a fora”
(BERTRAND, 1999). A tática para a constituição de uma sociedade democrática não
é única.
Assim, a escola deve sempre envolver as famílias dos alunos em
atividades escolares. Não só para falar dos problemas que envolvem famílias
atualmente, mas para ouvi-las e tentar engajá-las em algum movimento realizado
pela escola como projetos e festas etc.
Portanto, não basta à lei ficar no papel, ela tem que ser cumprida na sua
íntegra para que haja verdadeiramente uma participação ativa dos pais, pois
somente assim eles poderão atuar na educação dos filhos efetivamente.
Para chegar a essa organização atual a sociedade mundial e não
somente a brasileira passou por todo um processo que iremos analisar nos próximos
capítulos.
15
1. FAMÍLIA E CRIANÇA - HISTÓRIA
A compreensão da relação entre o aprendizado do aluno e as relações
com sua família necessitam incialmente de um conciso histórico de como era a
família, sobretudo na partir do século XII, fundamentada principalmente no livro
História Social da Criança e da Família de Philippe Ariés.
Segundo o Ariés a criança no inicio dos tempos era vista de forma
diferente do que vemos hoje, para ele infância teve significados distintos, ele afirma
que a infância tomou diferentes conotações dentro das fantasias humanas em todos
os aspectos sociais, culturais, políticos e econômicos, sendo moldado de acordo
com o período histórico.
No século XII a infância praticamente não existia, não havia espaço para
esse sentimento nessa época, não havia amor ou afeto entre pais e filhos e nem se
percebia esse tipo de sentimento dentre as famílias e assim permaneceu durante
muitos séculos.
[...] A duração da infância era reduzida a seu período mais frágil,
enquanto o filhote do homem ainda não conseguia bastar-se; a
criança então, mal adquiria algum desembaraço físico, era logo
misturada aos adultos, e partilhava de seus trabalhos e jogos. De
criancinha pequena, ela se transformava imediatamente em homem
jovem, sem passar pelas etapas da juventude [...] (ARIÉS, 1981- p.3)
A criança durante muitos séculos foram discriminadas, marginalizadas e
exploradas, sendo assim muito sofridas.
No século XIII, idade média, a criança existia, mas não tratada como uma
criança, quando mudava a arcada dentária mais ou menos aos sete anos era
considerada “adulta” e começava a fazer parte das tarefas domésticas.
Quando uma criança morria nesse período, era esquecida rapidamente e
trocada por outra em muito pouco tempo, sobreviver era extremamente difícil.
A mortalidade infantil era muito alta, e considerada normal, devido à falta
de cuidados e de infanticídio, onde geralmente, os pais se livravam da criança, na
intenção de conseguir um espécime melhor mais saudável e mais forte que
correspondesse às expectativas e utilidades que ela tinha nesse tempo perante a
sociedade.
16
A vida da criança era então considerada com a mesma ambiguidade
com que hoje se considera a do feto, com a diferença de que o
infanticídio era abafado no silêncio, enquanto o aborto é reivindicado
em voz alta - mas esta é toda a diferença entre uma civilização do
segredo e uma civilização da exibição. Chegaria um tempo, no
século XVII, em que a sage-femme, a parteira, essa feiticeira branca
recuperada pelos Poderes públicos, teria a missão de proteger a
criança, e em que os pais, melhor informados pelos reformadores,
tornados mais sensíveis à morte, se tornariam mais vigilantes e
desejariam conservar seus filhos a qualquer preço. História Social da
Criança e da Família (ARIÉS, 1981, p.10)
Muitas crianças eram entregues para outras famílias para serem
educadas, sendo devolvidas para a família original por volta dos sete anos, se
sobrevivesse até essa idade, pois estaria apta para começar a fazer os serviços
domésticos.
No século XVI surge à primeira festa da prática cristã e a primeira
comunhão, além de se tornar a primeira festa da família, ajudou a registrar a vida da
criança na história e, sobretudo determinar postura de comportamento, evitando a
postura perversa e imoral.
Dessa forma foram surgindo medidas para salvar as crianças. As
condições de higiene foram melhoradas e a preocupação com a saúde fez com que
os pais não aceitassem mais perdê-las com naturalidade.
Na Idade Média, não existiam festas religiosas da infância além das
grandes festas sazonais, geralmente mais pagãs do que cristãs. (...)
A primeira comunhão iria tornar-se progressivamente a grande festa
religiosa da infância, e continuaria a sê-lo até hoje, mesmo nos
lugares em que a prática cristã não é mais observada com
regularidade. (ARIÉS, 1981, p.153)
No século XIV surge a criança mística devido ao grande movimento da
religiosidade cristã. A criança agora era associada à imagem do menino Jesus e a
virgem Maria. Essa associação causa ternura nos adultos e um novo ícone se forma,
aumentando o número de crianças santas com suas mães.
Essa representação da criança mística aos poucos transforma as
relações familiares. A mudança cultural e as transformações sociais, politicas e
econômicas que a sociedade sofre, apontaram para uma mudança no interior da
família e das relações entre pais e filhos. A criança passa então a ser educada pela
própria família despertando um sentimento novo por ela. O autor caracteriza esse
17
momento como o surgimento da infância que é construído por dois momentos
chamado por ele de paparicação e apego.
Já no século XVII para o XVIII e com o surgimento mais tarde da escola,
foi se proporcionando conhecimentos técnicos e discursivos e se diferenciando pela
postura sociocultural, e se dividindo em uma escola para as elites e outra para o
povo. Nesse momento tudo que se refere à criança e a família se torna um assunto
sério e digno de atenção, a família agora se organiza em torno da criança e lhe dá
uma importância específica e assim ela sai de seu anonimato tornando impossível
perder ou substituir ela.
[...] a partir do século XVIII, a escola única foi substituída por um
sistema de ensino duplo em que cada ramo correspondia não a uma
idade, mas a uma condição social: o liceu ou o colégio para os
burgueses (o secundário) e a escola para o povo (o primário). O
secundário é um ensino longo. O primário durante muito tempo foi
um ensino curto, e, tanto na Inglaterra como na França, foram
necessárias as revoluções sociais originais das últimas grandes
guerras para prolongá-lo. Talvez uma das causas dessa
especialização social resida justamente nos requisitos técnicos do
ensino longo, do momento em que ele se impôs definitivamente aos
costumes; não era mais possível tolerar a coexistência de alunos que
não estavam desde o início decidido a ir até o fim, a aceitar todas as
regras do jogo, pois as regras de uma coletividade fechada, escola
ou comunidade religiosa, exige o mesmo abandono total que o jogo.
Do momento que o ciclo longo foi estabelecido, não houve mais lugar
para aqueles que, por sua condição, pela profissão dos pais ou pela
fortuna não podiam segui-lo nem se propor a segui-lo até o fim.
(ARIÉS, 1981, p.192)
Lendo e refletindo sobre essa obra de Philippe Ariés podemos concluir
que essa especificidade da criança surgiu a partir das mudanças sociais e culturais
no decorrer dos séculos, e com a chegada da igreja, fazendo com que o adulto
tivesse um olhar diferenciado para ela enxergando suas necessidades e
dependência. Deixando claro que a criança não é só a roupa que veste e as
brincadeiras que brinca, ela é uma pessoa em processo, uma história a ser
construída, uma responsabilidade do adulto. É notório que o entendimento de
criança e infância não foi sempre o mesmo no transcorrer do tempo e da história, o
caminho foi longo até chegar ao que somos hoje, onde a criança é vista com um ser
protegido, o percurso foi cheio de transformações conforme o pensamento da
sociedade de cada período descrito.
18
2.1 O que é família
A presente pesquisa tem como objetivo analisar a relação família e escola,
portanto não pode deixar de conceituar o que é família, uma instituição que se
modificou muito nas últimas décadas e a sua importância em relação aos estudos da
criança e tem o dever ver essa transformação com muita atenção.
Família é “Grupo social caracterizado pela residência comum, pela
cooperação econômica e pela reprodução. A família é constituída pelos pais e pelos
filhos”. Entende-se, também, como entidade familiar a comunidade formada por
qualquer dos pais e seus descendentes. Para Oliveira essa definição é muito
sucinta mesmo porque nos dias de hoje existem diversos modelos de famílias e
considera que uma família é composta ao menos por um adulto, uma criança ou um
adolescente.
[...] O termo permite, atualmente, a inclusão de modelos variados de
família, para além daquele tradicionalmente conhecido. Os modelos
familiares não mais se restringem à família nuclear que compreendia
a esposa, o marido e seus filhos biológicos (TURNER & WEST,
1998). Atualmente há uma diversidade de famílias no que diz
respeito à multiplicidade cultural, orientação sexual e
composições. (OLIVEIRA 2010, p. 101)
Com esse argumento fica evidente um fato que ocorre dentro das nossas
escolas, aonde nossas crianças possuem modelos diversificados e muito diferentes
de famílias, o que nos obriga a dar atenção especial a esses novos modelos de
família que não tem uma regra, porém não é por serem diferentes que são
desestruturadas, pensar assim seria um grande preconceito, principalmente nas
escolas onde a diversidades é frequente. Selton defende a família como sendo
responsável pela herança não só do patrimônio, mas também a cultural.
A família pode também ser considerada como responsável pela
transmissão de um patrimônio econômico e cultural (Bourdieu, 1998,
1999). É nela que a identidade social do indivíduo é forjada. De
origem privilegiada ou não, a família transmite para seus
descendentes um nome, uma cultura, um estilo de vida moral, ético e
religioso. Não obstante, mais do que os volumes de cada um desses
recursos, cada família é responsável por uma maneira singular de
vivenciar esse patrimônio (Lahire, 1997, 1998). Assim, é necessário
observar as maneiras de usar a cultura e de relacionar-se com ela,
ou seja, as oportunidades de um trabalho pedagógico de transmissão
19
cultural, moral e ético de cada ambiente familiar. (SELTON, 2002,
p.5)
Sendo assim os laços que unem as famílias nem sempre são sanguíneos.
O afeto também sofreu grandes transformações no mundo em que a união conjugal
pode ser diversa. Em nossas escolas vemos diferentes formações familiares e
instituindo regras e conceitos próprios.
Nesse sentido, os diferentes tipos de família que têm sido descritos
com maior frequência pelos pesquisadores da área são: família
homossexual ou casais homossexuais; família extensa; famílias
multigeracionais; família reconstituída ou recasada; família de mãe
ou pai solteiro; casais que coabitam/vivem juntos; viver com alguém.
(OLIVEIRA, 2010, p. 101)
Recentemente no Brasil foi aprovada uma lei, que mudará a relação de
filhos de pais separados, trata-se da guarda compartilhada onde a responsabilidade
de cuidar do filho será dividida entre os pais que terão as mesmas responsabilidades
pelos cuidados dos filhos, inclusive a criança terá o seu tempo de convivência divida
de forma igualitária entre o pai e a mãe, ou seja, pode morar na casa dos dois, a não
ser que um deles abra mão desse direito. No entanto, são normais as famílias
chefiadas e mantidas por mulheres, sejam elas mães, avós ou até mesmo irmãs,
famílias com filhos adotivos ou com uma constituição diversa. Dessa forma a escola
como instituição deve atender a necessidade de respeitar a individualidades e
particularidades dos diferentes núcleos familiares.
Família é uma instituição que evolui conforme as conjunturas
socioculturais. Não é um agente social passivo. Sua história recente
revela um poder de adaptação e uma constante resistência em face
das mudanças em cada período. Tem uma profunda capacidade de
interagir com as circunstâncias e conjunturas sociais contribuindo
fartamente para definir novos conteúdos e sentidos culturais
(Saraceno, 1988). Se nos séculos XIX e XX foi comum falar sobre a
crise da família, na década de 1990 surgiu à concepção da família
contemporânea forte e resistente. Novos modelos de convivência
familiar apontam para uma nova configuração entre seus membros.
(SELTON, 2002, p.5)
Atualmente o que vemos nas escolas são crianças com referência de
cuidado, carinho e proteção em contínuas mudanças, ora sob a responsabilidade
dos avós, ora sob a responsabilidade de tios, padrinhos e, depois voltam ao convívio
20
dos pais, das mães ou até mesmo dos dois. Situação que pode levar a uma falta de
referência que leva a uma maior necessidade de atenção, regras e afeto que esses
alunos evidenciam através de seus atos. As mudanças normas e estruturas se
colidem nessa constante mudança de ambiente.
É nesta família que a criança que será ou são nossa aluna tem os
primeiros aprendizados sobre ser cidadão, sobre justiça, sobre afeto, enfim a família
é à base da educação. Com essa família que a escola terá que relacionar-se,
aproximar-se e com essa família que a escola terá que criar parcerias para que essa
criança cresça e tenha uma educação satisfatória em todos os aspectos.
2.2 A importânciada família no desenvolvimento das crianças
A grande maioria das pessoas sabe da importância da família nos
cuidados básicos que se deve ter com a criança, alimentação, higiene, carinho,
amor, assistência, entre outros cuidados que os filhos necessitam para própria
permanência da vida humana.
A família é apontada como elemento-chave não apenas para a
"sobrevivência" dos indivíduos, mas também para a proteção e a
socialização de seus componentes, transmissão do capital cultural,
do capital econômico e da propriedade do grupo, bem como das
relações de gênero e de solidariedade entre gerações. (CARVALHO;
ALMEIDA, 2003, p. 1)
Para promover a preservação da vida da criança no decorrer dos tempos,
no Brasil foram criados organismos para garantir que esses direitos fossem
respeitados no artigo 227 da Constituição Federal do Brasil de 1988 e o Estatuto da
Criança e do Adolescente, no Capítulo III, Seção I no artigo 10, que determina que:
Toda criança ou adolescente tem direito a ser criado e educado no
seio da sua família e, excepcionalmente, em família substituta,
assegurada a convivência familiar e comunitária, em ambiente livre
da presença de pessoas dependentes de substâncias entorpecentes.
Infelizmente mesmo com as leis e as diversas formas de divulgação das
mesmas ouvir notícias de criança em situações degradantes, sofrendo descasos e
violência de todos os tipos, principalmente pelos responsáveis das mesmas é uma
constância em nosso cotidiano.
21
Mesmo com diversos programas de divulgação de informações que
colaboram com o bem estar da criança, com os projetos das Políticas Públicas,
desenvolvidos por diferentes organizações governamentais ou não, a incidência de
casos de violência contra a criança, é visível em todas as classes sócias, em todos
os ambientes e nas diferentes formações familiar.
No entanto não são somente as necessidades básicas como alimentação,
ou a falta dela, que a criança precisa para desenvolver. Ou mesmo que irá
determinar que tipo de adultos, essa criança se transformará.
Todas as funções no desenvolvimento da criança aparecem duas
vezes: primeiro, no nível social, e, depois, no nível individual;
primeiro, entre pessoas (interpsicológica), e, depois, no interior da
criança (intrapsicológica) [...]. A transformação de um processo
interpessoal num processo intrapessoal é o resultado de uma longa
série de eventos ocorridos ao longo do desenvolvimento.
(VYGOTSKY, 2000, p. 75)
Sendo assim, temos que entender que durante a infância, é muito
importante que os pais ou responsáveis, conjecturem na complexidade da infância,
pois conforme tratam a criança hoje às consequências futuras podem vir a ser de
forma comprometedora muitas vezes negativa.
São inumeráveis os fatores ligados à formação e desenvolvimento da
criança e da sociedade que esta mesma criança vive e se forma. Não esquecendo
de que a sociedade evolui conforme o desenvolvimento das pessoas que a compõe.
Fatos sejam eles positivos ou negativos acontecidos na infância e na
sociedade onde a criança irá viver e formar influencia na vida adulta, ou seja, a
criança levará características e comportamentos para a vida adulta de fatos
acontecidos na infância.
[...] o comportamento das crianças no ambiente escolar e em casa é,
na verdade, uma reação às atitudes de seus pais. Foi constatado que
a maioria dos problemas de comportamento, como ausência de
atenção e agressividade, é um reflexo da conduta dos pais. Uma
criança, por exemplo, que não consegue, em sala de aula ficar
parada em momento nenhum, mostrando-se sempre nervosa,
brigona, agressiva com os colegas, sempre mal arrumada, cadernos
rasgados, pode ser que uma das causas para tudo isso seja um
relação conflituosa com a família ou a relação, também conflituosa,
entre os pais, os quais brigam o tempo todo na frente dos filhos e
acabam descontando na criança, com desprezo ou indiferença, com
agressões físicas ou verbais. Este fenômeno, tão comum, leva a
criança a pedir ajuda, demonstrando isso de várias maneiras,
22
inclusive chamando a atenção para si, no ambiente escolar. (WEIL,
1984, p.47)
Dentro desse contexto os pais devem ir muito além de apenas oferecer
bens matérias e alimentação para seus filhos, eles devem oferecer um ambiente
respeito e atitudes éticas no dia-a-dia da criança.
Segundo Fhilippe Ariés, a criança observa os adultos que a cercam,
principalmente os pais ou responsáveis. Portanto as famílias, indiferente da sua
formação, devem sim, preocupar-se com suas atitudes e ações, para evitar
problemas futuros para a criança.
A família é um grupo primário e natural de nossa sociedade, no quais
o ser humano vive e consegue se desenvolver. Na interação familiar,
que é previa e social (porém determinada pelo ambiente), configura-
se bem precocemente a personalidade, determinando-se aí as
características sociais, éticas, morais e cívicas dos integrantes da
comunidade adulta. Por isso, muitos fenômenos sociais podem ser
compreendidos analisando as características da família. Muitas das
reações individuais que determinam modelos de relacionamentos
também podem ser esclarecidos e explicados, de acordo com a
configuração familiar do sujeito e da sociedade da qual faz parte.
(KNOBEL, 1992, p.19)
Sendo assim, o que determina o futuro de uma pessoa não é unicamente
a inteligência, pois o primeiro aluno da sala nem sempre será um adulto vencedor,
pode ser condicionado a viver de uma determinada maneira e não conseguir evoluir
fora desse ambiente. Portanto ter sucesso na vida é resultado de um conjunto de
fatores sociais e de características da personalidade individual de cada indivíduo.
A criança já muito pequena é capaz de entender fatos e também é capaz
“de ir construindo o mundo de segurança e bem-estar em que irá firmar-se sua vida
futura e sabe que só poderá fazê-lo através dos adultos que a rodeiam”. (KNOBEL,
1996, p.77).
No futuro se os pais não prestarem atenção na criação dos seus filhos,
não compreenderem os sentimentos que os cercam tratá-los com termos
depreciativos, desapressando a habilidade da criança em entender os sentimentos
que o cercam, podem estar contribuindo para que no futuro seus filhos tenham
conflitos que podem resultar em doenças psiquiátricas e ou até mesmo transtornos
de conduta.
23
Porém, isso não significa que os pais e ou responsáveis, profissionais da
educação, e demais profissionais que atuam com criança tem que atender a todos
seus desejos, para evitar traumas futuros, mesmo porque antigamente éramos
reprimidos por tudo e sem possibilidade de questionamento. Foi durante o século XX
que ocorreram as mudanças fundamentais nas relações humanas que levaram os
pais a melhorarem o relacionamento de pais e filhos.
Com isso, sem dúvida, muita coisa melhorou para as crianças e,
claro, para nós adultos também. O relacionamento entre pais e filhos
ganhou mais autenticidade, menos autoritarismo. O poder absoluto
dos pais sobre os filhos foi substituído por uma relação mais
democrática. E o entendimento cresceu... Todos ficaram felizes...
Será? Será que as coisas aconteceram assim de forma tão
harmoniosa, com todos? (ZAGURY, 2002, p.14)
O questionamento de Zagury é bastante pertinente, pois existem muitas
distorções em relação ao novo modelo de relacionamento familiar, muitos pais não
se deram bem ao tentar colocar em prática uma nova forma de educar,
principalmente por muitos não saberem ao certo a hora de dizer sim ou não para os
filhos. Gerando uma aflição nos filhos, que inseguros e sem limites preestabelecido,
dizer não filho parece ter virado crime, um ato de autoritarismo uma forma antiga de
educar.
Apesar de tudo, nem sempre ao desenvolvimento da criança foi
totalmente pacífica chegando assustar. Muitos papais e mamães ficam em sérias
dificuldades ao tentarem colocar em prática aquelas ideias tão lindas que tinham em
mente ao iniciarem o longo e delicado caminho da formação das novas gerações:
"comigo vai ser tudo diferente; não vou ser igual aos meus pais em nada..."
(ZAGURY, 2002, p.14).
Existem muitos livros sobre o que se deve e não se deve fazer, no
entanto poucos indicam uma direção aos pais. Muitos pais, no entanto tem boas
intenções e procuram constituir um relacionamento com os filhos, diferentes do que
teve com seus próprios pais, para fugir da forma como foi educado. Porém se não
for estabelecido limite ficará quase impossível que a criança respeite seus
semelhantes. “Ninguém pode respeitar seus semelhantes se não aprender quais são
os seus limites”. (ZAGURY, 2002, p.17)
24
O diálogo e a estabilidade são imprescindíveis para que a criança
aprenda com os adultos próximos. A partir do momento que se criou uma noção do
que é infância sabemos que uma criança é construída historicamente e socialmente
durante a infância, “não podemos continuar a olhar para as crianças como aqueles
que não são sujeitos de direitos. Precisamos aprender com a criança, olhar seus
gestos, ouvir suas falas, compreender suas interações, ver suas produções”.
(KRAMER, 2003, p. 81)
Portanto, caracterização de infância muda de acordo o tempo, a
sociedade e a história em que a criança está inserida. Em uma sociedade capitalista,
em se visa o lucro cada vez maior, pagando menos ao funcionário, surgem cada vez
mais classes sociais, onde os dominantes são aqueles que possuem maior capital,
gerando uma sociedade desigual, onde a criança tem que desempenhar seu papel
de diferentes formas.
“Nesse contexto, pensadores confiam e acusam o fim da infância em
alguns locais, o próprio cenário de pobreza em que muitas estão inseridas, as
imagens que reproduzem o trabalho infantil, evidencia o fim da infância”. (KRAMER,
2000, p.18)
Atualmente o acesso às diversas mídias e a internet é comum, e está
substituindo brincadeiras uma característica marcante da infância. Sendo assim,
para Kramer a criança está sendo expulsa da infância e empurrada para a vida
adulta.
[...] Desocupando seu lugar, os adultos ora tratam a criança como
companheira em situações nas quais ela não tem a menor condição
de sê-lo, ora não assumem o papel de adultos em situações nas
quais as crianças precisam aprender condutas, práticas e valores
que só irão adquirir se forem iniciadas pelo adulto. As crianças são
negligenciadas e vão ficando também perdidas e confusas. Muitos
adultos parecem indiferentes e não mais as iniciam. A indiferença
ocupa o lugar das diferenças [...] (KRAMER, 2000, p.19)
As transformações na sociedade capitalista levou o ser a não ser tão
importante quanto o ter, diante disso, a mulher que durante muitos séculos ficava em
casa quase que exclusivamente para cuidar dos filhos e educá-los, passou a
trabalhar fora o que gerou a ausência de ambos (pai e mãe) e para compensar essa
ausência muitos deles passaram a presentear os filhos com tecnologias ou não
25
impor limites aos filhos. Mas as crianças só irão aprender valores se a iniciativa partir
dos adultos.
[...] O discurso da criança como sujeito de direito e da infância como
construção social é deturpado: nas classes médias, esse discurso
reforça a ideia de que a vontade da criança deve ser atendida a
qualquer custo, especialmente para consumir; nas classes populares,
crianças assumem responsabilidades muito além do que podem. Em
ambas, as crianças são expostas à mídia, à violência e à exploração
[...] (KRAMER, 2000, p.18)
No entanto se a não crianças for entendida como dentro das suas
precisões, ou seja, brincar e aprender, com adultos ao lado os acompanhando,
“um dos maiores problemas da atualidade é que tanto os pais como os
professores podem perder a autoridade” (KRAMER, 2000). Autoridade não é
autoritarismo, tem que voltar o diálogo entre adulto e criança em que o sentido
moral, ético, social, solidário e afetivo, volte a ser tratados com respeito e equilíbrio.
Na atual sociedade vemos muitos adultos, pais e professores, desistirem
dos seus reais papéis em nome dos direitos da criança. Eles usam esse conceito
para não colocarem regras, não expressarem seu ponto de vista, não tomar atitudes
frente a alguns posicionamentos da criança e também do adolescente. Sendo assim,
os pais perderam a senso de se posicionar agindo ora aprovando ora reprovando o
que deixa a criança e o jovem sem punições após um ato contravenções, o que
piora quando os mesmo se encontram sem respostas para muitas das suas
perguntas, sem base e sem poder confiar em um adulto para relatar fatos da sua
vida cotidiana.
Desocupando seu lugar, os adultos ora tratam a criança como
companheira em situações nas quais ela não tem a menor condição
de sê-lo, ora não assumem o papel de adultos em situações nas
quais as crianças precisam aprender condutas, práticas e valores
que só irão adquirir se forem iniciadas pelo adulto. As crianças são
negligenciadas e vão ficando também perdidas e confusas. Muitos
adultos parecem indiferentes e não mais as iniciam. A indiferença
ocupa o lugar das diferenças (KRAMER, 2000, p.19)
Lembrando que uma multidão de pais, enquanto pessoas adultas agem
de forma ambígua e sem autoridade, porque enquanto criança e jovem, não tiveram
respostas para seus questionamentos. E por muitas vezes terem ao seu redor uma
sociedade que não garantia respeito aos seus direitos e uma desigualdade e
26
injustiça sociais, o que dificulta a tarefa de educar a crianças, viabilizando para o
futuro, adultos solidários, que respeite as diferenças e que lute pelas desigualdades.
Sem autoridade (SENNETT, 2001) e corroídos no seu caráter (Idem,
1999), os adultos têm encontrado soluções para lidar com identidade,
diversidade e para delinear padrões de autoridade, resinificando seu
papel, na esfera social coletiva? Ou identidade, diversidade e
autoridade estão em risco, agravando a desumanização, se é
possível usar essa expressão diante da barbárie que o século XX
logrou nos deixar como herança? (KRAMER, 2000, p.19)
O próximo capítulo analisa a importância da família na vida escolar da
criança, e o como professor é o elo principal para fazer essa aproximação.
27
3. FAMÍLIA, ESCOLA E SUAS OBRIGAÇÕES.
Este capítulo desenvolve o quão importante é a família no
acompanhamento de desenvolvimento escolar da criança e como os professores
pedem colaboração nesta relação. Como já foi visto formação das famílias mudam
no contexto histórico e hoje não é somente a composição de pai, mãe e filhos que
formam uma família nuclear.
Notar a valorização referente à participação da família na escola é fato
primordial para o desenvolvimento escolar das crianças de forma favorável ao
sucesso.
Como já foi visto, existe uma variedade de composição familiar, a
sociedade possui um conceito de família ideal, porém essa ideia do imaginário da
escola e dá sociedade, de fato, não é a realidade de muitas delas. Porém não
podemos responsabilizar esses novos modelos familiares, tão somente, pelo
fracasso escolar. A participação da família é um dos meios para a criança alcançar o
sucesso ou não no aprendizado. Precisamos aprofundar os estudos em ralação as
famílias sem prejuízos morais, sem limitar, demonstrando que através de atitudes
abertas favoreceremos o desenvolvimento educacional.
Uma das grandes queixas dos professores é realizar atividades com
interação das famílias das crianças nas séries iniciais, isso ocorre tanto a distancia
(ajuda em casa), como presencial (necessita deda presença dos pais na escola),
pois é visível a pouca participação das famílias.
Essa precária participação, é resultado das composições familiares que
temos atualmente. A cada ano está ficando mais complicado dialogar com as
famílias, pois elas se modificam constantemente.
[...] Atualmente está reduzida a um ou dois filhos, em sua maioria,
onde os laços que os mantém unidos estão cada vez mais frágeis
possíveis de ser desfeitos em prol dos interesses individuais de cada
membro do casal contemporâneo. (ARIÉS, 1981, p.271)
Mas se, os pais demonstrarem interesse em um rendimento escolar
adequado dos seus filhos, estando presente e ajudando no processo de aquisição
de conhecimento, a escola poderá evoluir com um novo significado.
28
3.1 Família e escola, uma parceria de sucesso.
É imprescindível frisar que ao referir aos ”pais” a presente pesquisa
menciona todos aqueles considerados responsáveis pela criança, podendo ser os
pais biológicos ou adotivos, e mesmo, aqueles que encontramos na nova formação
familiar da contemporaneidade.
As escolas como instituições educacionais necessitam estarem abertas
as novas formações familiares, caso contrário à relação escola família jamais se
estabelecerá.
E necessário que haja uma relação pautada no respeito, no não
preconceito e na união, para que estudantes e futuros cidadãos sejam seguidos de
perto e guiados na sua formação. A união dessas duas instituições tão importantes
(escola e família), não deve ser estabelecida no formato do autoritarismo, em que
somente a escola ou somente a família está certa e onde ambas as instituições
estão fechadas para o diálogo.
É verdade que com o passar dos tempos, historicamente a relação entre
a escola e a família sofre modificações e atualmente muitos pais estão deixando
para a escola toda a responsabilidade da educação dos filhos como sugere Zagury.
Há um grupo de pais que, depois de matricular os filhos parece
considerar sua missão terminada e daí em diante entrega à escola
toda e qualquer problemática relacionada à educação (quer se trate
de conteúdo, quer se esteja falando de formação ética ou cidadania).
De uma maneira geral, esses são pais ausentes, que não
comparecem a reuniões quando convidados ou que, quando
chamamos para entrevistas ou reflexões conjuntos, nunca podem ir.
(ZAGURY, 2002, p.196)
Antigamente o poder das escolas era quase supremo, fato este, que
gerava uma desigualdade desproporcional para os alunos por causa da educação
“bancária” em que os professores detinham o saber e os alunos se tornavam
depósito de conhecimento, os pais eram os primeiros a dar razão para qualquer ato
vindo dos professores e de toda a escola sem argumentar.
“A inserção da mulher no mercado de trabalho mudou a forma dos pais se
relacionarem com os filhos que tiveram sua educação transferida a terceiros, o quê
motivou danos à autoridade do adulto perante as, crianças” (KRAMER 2000). A
relação escola família ficou abalada. A escola por não ter estrutura para cumprir com
29
uma obrigação que era dos pais passou a culpar a família pelo fracasso, pelas
frustrações e indisciplina dos alunos. Os pais por sua vez passaram a cobrar maior
responsabilidade das escolas e culpá-las, junto com os professores e diretores todos
os problemas que acontecia em relação a seus filhos.
Sendo assim a perca de confiança entre escola e família vem abalando
ainda mais as estruturas de ensino, a confiança que um dia já existiu precisa ser
refeita, pois apesar de terem objetivos comuns à escola e as famílias não se
entendem.
Os motivos que levam a essa relação são diversos e diferentes uns dos
outros, podemos dizer que a família não concorda com nada que a escola
demonstre em relação a seus filhos, porque desconfia de tudo e de todos na escola,
essa mesma família geralmente é ausente, e delega a escola integralmente a
responsabilidade de educar seus filhos.
Para Zagury, por outro lado à escola esta sobrecarregada com tantas
atribuições e funções seus professores trabalham em diversas escolas diferentes,
com regras diferentes, comunidades diferentes, muitas vezes vem de uma formação
precária, que deixa muito a desejar em diversas áreas do conhecimento,
aumentando ainda mais a desconfiança dos pais, hoje mais letrados, em relação aos
ensinamentos que a escola oferece.
Por que essa confiança se perdeu? Por vários motivos. Um deles é o
fato de que muitos pais têm hoje conhecimentos que os tornam
capazes de perceber falhas ocasionalmente cometidas pelas
escolas. Mas esse seria o lado positivo, se não houvessem muitos
conceitos mal compreendidos. Daí que, por vezes, as reclamações
tornam-se infundadas. Reclamar é um direito. Resta saber, do quê e
de que forma fazê-lo para não comprometer a confiança que nossos
filhos depositam em seus mestres. Talvez seja muito mais perniciosa
para uma criança a desconfiança em seus orientadores, do que o
fato de esse sentimento ter ou não fundamento. (ZAGURY, 2002,
p.16)
Existem muitos fatos que podem anular a relação entre a escola e a
família, porém não iremos entrar nesse contexto, mesmo porque nossa proposta não
é aprofundar em relação às causas, mas sim analisar a importância dessa união
para as nossas crianças e como enfrentar sem preconceito dos dois lados e os
problemas que possam emperrar essa relação. Como cita Martins, o pediatra
escritor que teve inciativa de escrever sobre a terceirização da criança. “Não culpo,
30
em absoluto, as mães ou as famílias pelo que está acontecendo: apenas alerto pra
um problema que está me angustiando como pediatra, avô e ser humano”
(MARTINS, 2012). Acrescentando apenas, que também não os educadores não são
culpados.
Educar é mostrar o que pode e o que não se pode fazer. Para determinar
o que se pode ou não fazer, a discussão é fundamentada sobre quais conceitos
culturais, psicológicos e familiares estão sendo colocados em uma sociedade em
que segundo o pediatra José Martins Filho, a criança está cada vez mais
terceirizada.
[...] As crianças “mimadas”, quase sempre são aquelas que vivem
com muitas pessoas a sua volta – babá, mamãe, vovó, vovô, papai,
mas nenhuma delas define um parâmetro educacional. Umas temem
perder para os outros a simpatia da criança. E o que no começo é
uma alegria, com muita festa, com o tempo transforma-se em gritaria,
insônia, falta de apetite etc., resultado da falta de critérios que
determinem o que pode e o que não pode [...] (MARTINS, 2012, p.
79)
Já vimos que o papel da mulher na sociedade mudou a partir do momento
em que ela teve que trabalhar para ajudar no sustento da casa. Hoje a mulher é
também chefe de família e por mais que ela queira, para poder manter a
subsistência dos descendentes e dela própria, é obrigada a ficar longe de seus filhos
que quando pertencentes à classe média são sobrecarregados de atividades ligadas
à educação, mas quando pertencentes à classe baixa ou desfavorecida são muitos
os que não têm sequer a creche ou a escola para passar seus dias, portanto
acabam por ficarem em extremo desamparo, até mesmo nas ruas, sem o mínimo de
orientação, abandonadas a própria sorte.
Portanto ocorre que “[...] Terceirização da educação, conferida às
escolas” (Martins, 2012, p.92), mas segundo ele as escolas não querem essa
responsabilidade e também não estão preparadas, professoras que deixam seus
filhos em creches ou escolas nas mãos de terceiros para poder educar os filhos dos
outros, mas reclamam e afirmam que seu dever é ensinar a ler e escrever,
alfabetizar, educar é dever da família.
A nova sociedade não se pode dizer mais “patriarcal ou matriarcal”, pois
os papéis não estão mais definidos. Segundo o psicanalista e professor Raymundo
de Lima, é culpa da sociedade capitalista que vivemos hoje, quando afirma que: “A
31
sociedade capitalista corroeu, por um lado, a autoridade do pai e por outro lado,
sequestrou a mãe para o trabalho, impedindo-a de dar o necessário colo ao filho”.
(MARTINS, 2012, p.95)
Para Szymanski, esta visão da sociedade pode elucidar os fatores da
complicada relação família-escola, porém não podemos jogar toda a
responsabilidade da educação da criança para a escola que tem por deveres
específicos de áreas de saber, o que é fundamental para instruir as novas gerações.
Nota-se frequentemente uma confusão quanto a quem cabe a
educação das crianças e quais aspectos são específicos de cada
instituição. Algumas professoras queixam-se de que as famílias
delegam a elas toda a educação dos filhos e, com razão, sentem-se
sobrecarregadas e mesmo incapazes de realizar tal tarefa. Algumas
vezes, as famílias sentem-se desautorizadas pela professora, que
toma para si tarefas que são da competência da família. Isso me faz
lembrar um dito antigo que rezava: "Costume da casa vai à praça".
(SZYMANKI, 2010, p. 223)
Mas os ensinamentos escolares devem ser ministrados com muita
responsabilidade, respeito e confiança, pelos professores. O carinho maternal, o
acolhimento e o acompanhamento, que devem ser dado pela família, independente
de sua formação, classe social, com mais o menos tempo para exercer esse papel
que é fundamental para garantir uma boa qualidade de educação da criança.
É certo que, “nunca haverá uma educação satisfatória para nossas
crianças sem que haja uma estreita cooperação entre os professores e pais”.
(CHARMEUX, 2000, p.114).
Sendo assim, pais e professores são partes integrantes do sistema
educativo, e desta forma não podem ser divergentes, contraditórios ou então
trabalharem sozinhos. Nesse sentido, os pais precisam interagir com a escola e com
os professores ajudando seus filhos na elaboração de suas aprendizagens, não
fazendo a função dos professores sendo meros repetidores das tarefas escolares,
mas sim contribuindo para que a educação escolar possa ter continuação no
ambiente familiar. A escola precisa ser uma instituição responsável pelo ensino das
ciências, atentando-se para o fato de que a composição da subjetividade da criança
se faça tanto com influência da família quanto na interação com a escola.
Portanto, pais e escola não podem ter uma relação de concorrência, um
uma instituição não pode depender da outra, ou seja, o professor não pode substituir
32
os pais, preenchendo o seu função e em compensação os pais não devem assumir
o que é de encargo da escola, mas ajudar os filhos a dar continuidade na
aprendizagem da escola o acompanhando, o orientando, o ajudando a se organizar,
mesmo porque a função a família é sem dúvida fundamental e insubstituível e
independente da escola.
Para Szymanski, “as famílias tem o dever dar acolher os filhos: um clima
constante, provedor, afetuoso”. Superar as dificuldades, ser um exemplo para o filho
nesse quesito, para poder orientar os filhos em relação a vivências que terão fora de
casa, não usar a violência e sim o diálogo como forma de educação.
É verdade que grande parte das famílias é impossibilitada de fazer isso
devido a questões particulares, sociais e econômicas, pois a pobreza principalmente
traz muitas dificuldades para que os pais tenham a estabilidade indispensável para
apoiar os filhos.
Acreditamos que equipes multidisciplinares possam colaborar para a
construção de um conhecimento. A intermediação da comunidade,
com a participação de seus representantes, também abre
perspectivas de uma parceria, na qual a troca de saberes substitua a
imposição e o respeito mútuo possa fazer emergir novos modelos
educativos, abertos a continua mudança. (SZYMANKI, 2010, p. 224)
No entanto, é compreensível que os pais especialmente das classes
desfavorecidas, encontram dificuldades para procurar esses serviços, até mesmo
por causa de seu baixo de nível de escolaridade e instrução.
O ponto de partida é o reconhecimento mútuo. O conhecimento das
escolas a respeito das famílias é, muitas vezes, baseado em
preconceitos (MELLO, 1995, p. 52). O mais frequente é o da "família
desestruturada” a grande responsável pelos fracassos em Língua
Portuguesa, Matemática, Geografia etc.. Outros preconceitos muito
frequentes são o da "carência cultural", o do desinteresse das
famílias. O preconceito se limita numa interpretação fechada do outro
e seu mundo e define atitudes, sentimentos e ações que guardam a
mesma característica de rigidez. (SZYMANKI, 2010, p. 221)
Porém, alunos vindos de famílias socialmente favorecidas, também
podem apresentar problemas, mesmo porque muitas vezes os pais delegam suas
responsabilidades e para compensar os enchem de presentes e bens matérias.
Nesse sentido, as escolas precisam modificar essa visão em relação aos
alunos, vindos de famílias desestruturadas, em vez de puramente classifica-los de
33
maneira preconceituosa, a mesma deve buscar encontros que visem novas
perspectivas e soluções.
3.2 A participação dos pais
Como já foi visto a participação da família é importantíssima e
intransferível no que se refere aos estudos dos filhos, de forma a complementar o
trabalho dos educadores. Um esforço em conjunto em que a participação dos pais é
essencial.
Porém, os pais começam a participar no processo de aprendizado dos
filhos, muito antes da criança adentrar na escola. O ambiente em que convive
seguramente influenciará diretamente no aprendizado da criança, no que se refere à
leitura, por exemplo, quanto mais a criança observa os familiares lendo, mais
interessada na leitura fica mais ela quer aprender a ler, principalmente quando esses
momentos são transformados em momento de prazer e circunstância de sua vida
cotidiana, se ao contrário a leitura incomodar a família, infelizmente criança que
tiverem essa visão da leitura provavelmente terão dificuldade maiores para aprender
e entender a grande contribuição da leitura para suas vidas.
[...] Dois fatores são aqui preponderantes: o meio no qual a criança
evolui, com os conteúdos de impregnação que ela recebe, e a rede
de relações positivas e negativas que tecem sua vida afetiva. Em
particular, a maneira através da qual a “coisa escrita” é recebida em
casa determina em grande parte o modo pelo qual a criança vai
recebê-la (CHARMEUX, 2000, p.115)
No entanto, é dever da escola ensinar as crianças a ler e escrever,
adicionando os conhecimentos de trazem de casa com a leitura. A ajuda
fundamental que os pais podem dar para a criança é a abundância de materiais
escritos e variedade de conjunturas em que ele evidencia a criança a emprego da
escrita. Na medida em que os filhos assistem seus pais fazerem uso da escrita em
diversas atividades como: receitas culinárias, bula de remédios, validade de
produtos diversos, instruções de como se usa variados produtos, em especial os
eletrodomésticos e eletrônicos. Hoje com o uso do celular da internet, essa
demonstração pode ir muito além, como por exemplo, ensinar a criança o quão
34
importante é a leitura para entender os e-mails, os jogos, as pesquisas e tudo o que
se refere a essa modalidade leitura.
Assim sendo, momentos normais na vida de qualquer pessoa, pode se
utilizado para demonstrar as crianças grande variedade da funcionalidade da escrita
e da leitura e despertar a curiosidade da criança em querer aprender a ler e a
escrever.
Mas “... Não é somente a quantidade de escrito que é importante aqui, é a
maneira da qual falamos dele, [...] de relação afetiva com o escrito... Há tempos os
especialistas insistem na necessidade de ler livros às crianças bem cedo”
(CHARMEUX, 2000). Os momentos de leitura devem estar relacionados ao prazer.
Ao contarmos diversas histórias elas podem igualmente proporcionar ocasiões de
conversa, troca de confidências, conclusões alternativos, Os momentos de leitura
devem estar relacionados ao prazer. Ao contarmos diversas histórias elas podem
igualmente proporcionar ocasiões de conversa, troca de confidências, conclusões
alternativos, levando a criança ter o desejo de ela mesma se dar este deleite,
instruir-se a ler, é um porta conveniente para que a criança desde cedo perceba a
funcionalidade social da escrita.
Confrontar um filme com livro que o originou é um dos principais
exercícios a ser feito pelos pais para ajudarem os filhos a se interessar pela leitura.
Essa demonstração leva as crianças a perceberem como a história pode ser
reescrita com adaptações e outros pontos de vista, levando-as futuramente a não ter
ou ao terá menos dificuldades em reescrever histórias ou demonstrar as diferenças
entre as diversas versões.
Permitir a crianças expressar muito cedo esse prazer propicia um
conhecimento cultural incomparável, ter lembranças que associem
prazer e cultura na mais tenra idade significa uma possibilidade
maior de sucesso escolar. (CHARMEUX, 2000, p.119)
São diversas as oportunidades em que as famílias poderão demonstrar
momentos de prazer relacionados à leitura como visitar bibliotecas, livrarias,
lançamentos, feira de livros etc.
O conhecimento e a boa relação com os livros causam até mesmo a sua
preservação do quando empregado em comum com outros especialmente, como o
35
livro dá prazer às crianças é muito provável que eles não o estragarão, por saber da
sua necessidade.
A ajuda que os pais podem oferecer aos filhos que já frequentam a
escola é interessar-se pelos filhos, mas isso não quer dizer que devem vigiá-lo,
mesmo porque vigiar está muito próximo a desconfiar e ameaças.
Para ter uma boa relação com a escola, com o conhecimento e o que os
professores ensinam em sala de aulas, os pais podem apoiar os filhos em suas
tarefas escolares, instruindo, dando pistas, conversando e ficar atentos aos avanços
e retrocessos.
Na verdade, a criança tem necessidade de que a acalmem, de que
demonstrem que ela apresenta os meios de fazer o que lhe é proposto, de que lhe
provem que ela fez bem o que o professor pediu para ela fazer, não de que lhe
dificultem a vida já bastante complicada.
Com os pais acompanhando diariamente os cadernos, ouvindo os filhos e
se aproximam da escola, a parceria com ela tem mais chance de dar certo.
Ir aos eventos, participar das festas e exposições das escolas é muito
interessante, e ajuda no sucesso das crianças, são momentos em que as duas
partes escola família trabalham juntas, buscando soluções necessárias para que o
caminho do sucesso escolar das crianças seja pacífico e enriquecedor.
Faz sentido, é necessário que a escola em parceria com a família
demonstre a importância da aprendizagem dos conhecimentos do mundo para as
crianças, assim sendo, mesmo os pais que por situações adversas não puderam
estudar na idade certa, tenham conhecimento da importância que os estudos podem
fazer aos filhos, para poder interromper um círculo vicioso, que afasta nossas
crianças da escola e dificultando o fim do analfabetismo no nosso país.
3.3 Pais e professores em conflito
Até aqui foi visto que é dever dos pais participar ativamente na educação
dos filhos, a escola por sua vez deve envolver as famílias nas atividades escolares
no sentido de induzi-la a esse fim, no entanto a mesma tem uma função mais
relacionada à de sociabilizar o aprendizado dos alunos as suas devidas famílias,
dentro desse contexto o acompanhamento das atividades escolares em seu
36
cotidiano parece não ter tanta importância para a escola, porém é fundamental para
o desenvolvimento das crianças, assim sendo, fica faltando algo que, sobretudo
incentive os pais a participarem no cotidiano escolar dos filhos. Para chegar a esse
fim é fundamental a intermediação dos professores. Em seu livro “Avaliar – respeitar
primeiro educar depois”, Jussara Hoffmann afirma que os professores criticam
negativamente os pais a respeito da sua participação na educação dos filhos.
Há algum tempo ouvi de professores, em seminários acerca da
interferência dos pais nas escolas: “Por vezes, não temos nenhum
poder de decisão, os pais têm toda a preferência!” “Muitos pais
criticam os professores não sabem nem mesmo educar os filhos!”
“Não temos apoio da direção quando eles reclamam do que se faz”.
(HOFFMANN, 2012, p.41)
Segundo a autora na visão dos especialistas e da mídia a qualidade de
ensino melhora com a participação dos pais, no entanto é necessário que se faça
um resgate sobre a função do professor. “O professor é o profissional da
aprendizagem, figura crucial dos processos formativos que implicam formação de
caráter, da personalidade das pessoas. Ninguém se torna profissional sem passar
por muitos professores”... (HOFFMANN, 2012). Uma veracidade, tal afirmação é um
quesito incontestável. Muitos pais, no entanto não participam ativamente educação
dos filhos deixando essa função exclusivamente aos professores, como já foi visto
este fato é confirmado através de pesquisas de campo, relatos dos alunos,
observações dos professores e da própria escola. Esta situação é uma das
geradoras de conflitos nas escolas, para que ela seja extinta existe a necessidade
que os professores e pais saibam quais as suas missões enquanto responsáveis por
essa educação. Existem vários estudos que mostram que a função do professor é
pedagógica e essa não pode ser designadas aos pais, portanto aos professores
cabe à responsabilidade de saber que o dever dos pais não é pedagógico.
Hoffmann ressalta em seu livro que o professor precisa acompanhar de
perto a evolução dos alunos para que eles sejam alfabetizados, um dos grandes
problemas da atualidade é que muitos adultos apesar de terem sido escolarizados
não dominam a leitura e chegam à faculdade sem conseguir entender o que leem.
Para a autora grande parte dessa dificuldade vem da falta de um bom
acompanhamento por parte dos professores, mas a alfabetização “é um problema
de todos que se dizem professores” (HOFFMANN, 2012), segundo ela para chegar a
37
esse objetivo, os professores devem acompanhar o aluno de perto e servir como
exemplo, a autora é bastante enfática nesse momento e faz diversos
questionamentos.
[...] Sentar ao lado deles, observá-los lendo e escrevendo, conversar
sobre o texto que leram. Se solicitarmos leituras de livros, essas
devem ocorrer primeiro em sala de aula, com livro nas mãos... Onde
foi parar a leitura oral em classe? E a discussão das leituras em
grupo sob a mediação do professor? Quem disse que isso não pode
mais ocorrer em sala de aula? Como um jovem de 17 anos aprende
a ler e “contra ler” vários textos, de um dia para o outro, a pesquisar
em uma biblioteca onde nunca entrou? (HOFFMANN, 2012, p.128)
Desta forma é evidente a crítica da autora aos professores que vem
atuando de maneira destorcida ao longo do tempo. Refletindo sobre todos os
argumentos utilizados por ela fica claro que é dever dos professores adentrar o
mundo dos alunos para a efetivação do aprendizado, a empatia dessa forma passa
a ser ingrediente indispensável para que haja essa relação e o educador dever ser
por excelência leitor.
Critica também abordada por Cátia Toledo Mendonça no livro “leitura o
mundo além das palavras”, quando ela se refere à atuação a importância e atuação
do professor na formação de leitores, segundo ela o professor tem papel primordial
nesse aspecto, porém para facilitar a formação de leitores sugere leituras fáceis, ou
seja, o aluno passa anos na escola lendo livros da Literatura Infantil.
Ao se tentar “despertar o gosto pela leitura”, são apresentados aos
alunos textos facilitados, que não exigem do leitor grande esforço.
Esses textos, que são adequados para as séries iniciais, se mantidos
ao longo das séries, além de não desenvolver novas habilidades
leitoras, também não apresentam desafios ao leitor que, cansado da
mesmice, tende a desinteressar-se pela leitura. Ao traçar etapas de
um processo, o professor deve considerar variedade de gêneros, de
tipos textuais, mas também deve considerar, dentro de cada um, as
dificuldades crescentes. Além disso, a incursão por novas
experiências estéticas permite que o leitor conheça novas formas de
dizer, conheça o texto rico em imagens e perceba as formas como a
literatura elabora a linguagem. Nesse sentido, a leitura literária se
torna fundamental. (MENDONÇA, 2010, p. 145)
Para Lojolo, o professor tem que ser acima de tudo leitor, para
consequentemente levar os alunos a serem bons leitores.
38
A discussão sobre leitura, principalmente sobre leitura numa
sociedade que pretende democratizar-se, começa dizendo que os
profissionais mais diretamente responsáveis pela iniciação na leitura
devem ser bons leitores. Um professor precisa ler muito,
precisaenvolver-se com o que lê. (LAJOLO, 2002)
Tais considerações também são constatadas por profissionais da
educação. Trabalhando em escolas é possível observar que quando são indicadas
leituras aos alunos, logo os mesmos exigem nota e que os livros sejam “fáceis”.
Quando tem leitura livre na sala de leitura a grande maioria vai à sessão de livros
destinada aos alunos menores para escolherem os livros os que vão ler,
independente do ciclo que pertencem muitas vezes os próprios professores levam
livros nesse estilo para a sala de aula demonstrando que ao longo da sua vida como
estudante a leitura não foi bem conduzida no sentido de torná-los leitores.
Contradizendo recomendações de estimular o prazer pela leitura que deve ser
desenvolvido através da apresentação de leituras que também instiguem os alunos
a pensarem.
A leitura precisa ser um espaço mais amplamente aberto a todos os
aspectos culturais do povo, e ir além do ensinar a ler e a fazer as
quatro operações. Precisa investir em bons livros, considerando que
a cultura de um povo se fortalece muito pelo prazer da leitura; e a
escola representa a única oportunidade de ler que muitas crianças
têm. É necessário propiciar nas salas de aula e na biblioteca a
dinamização da cultura viva, diversificada e criativa, que represente o
conjunto de formas de pensar, agir e sentir do povo brasileiro.
(BRAGA, 1985, p.17)
Por outro lado, Hoffmann analisa através de suas vivências que o Brasil
não é um país de leitores, segundo ela tal contestação foi feita através de várias
viagens feitas pelo mundo. Lamenta pelos brasileiros não darem a devida atenção
aos filhos em relação à formação de leitores, missão segundo ela que não é fácil,
mesmo porque ela como leitora assídua deveria ter tido filhos com o mesmo
compromisso, porém não conseguiu, o quê admira em uma amiga que fez dos filhos
exímios leitores deixando livros espalhados pela casa. Ela nos adverte que nunca é
tarde para começar, mesmo porque revendo suas atitudes e a dos seus filhos que
não gostavam de ler seguiu os conselhos da amiga e hoje está conseguindo fazer
de suas netas leitoras. O fato se estende aos próprios filhos que não cultivavam o
39
hábito até então, mas devido ao incentivo das pequenas leitoras da família
passaram a se dedicar.
A autora termina sua reflexão fazendo a seguinte observação:
Minhas netas serão leitoras para sempre? Até essa idade, livros de
todos os tamanhos e formas são alguns dos seus brinquedos
preferidos. Se não forem para sempre, a magia de hoje, com certeza,
terá muita força amanhã. A paixão pelos livros dos avós, dos pais e
educadores é essencial. É preciso nascer entre livros e leitores para
ser gostar de ler. (HOFFMANN, 2012, p.136)
Paulo Freire em seu livro “O Ato de ler”, conta que seus pais o “mais o
ajudaram do que desajudaram no gosto pela leitura”. Sendo assim, os pais podem
promover o gosto pela leitura, mas também podem através de seus e dizeres
prejudicar os próprios filhos, mesmo sendo eles próprios leitores, fato este ocorrido
com Jussara Hoffmann que apesar de ser grande leitora, acabou por não conseguir
como a própria lamenta tornar seus filhos leitores.
Mas, é importante dizer, a “leitura” do meu mundo, que me foi
semprefundamental, não fez de mim um menino antecipado em
homem, um racionalista de calças curtas. A curiosidade do menino
não iriadistorcer-se pelo simples fato de ser exercida, no que fui mais
ajudadodo que desajudado por meus pais. E foi com eles,
precisamente, emcerto momento dessa rica experiência de
compreensão do meu mundo imediato, sem que tal compreensão
tivesse significado má querença são que ele tinha de
encantadoramente misterioso, que eu comecei a ser introduzido na
leitura da palavra. (FREIRE, 2001, p. 15)
Nessa necessidade da parceria da família ler com os filhos, Sandroni e
Machado, citam:
Numa casa onde os pais gostam de ler, mesmo que não disponha de
uma boa biblioteca, a criança cresce valorizando naturalmente
aqueles objetos cheios de sinais que conseguem prender a atenção
das pessoas por tanto tempo. A criança percebe, desde muito cedo,
que o livro é uma coisa boa, que dá prazer. Os pais que não têm,
eles próprios, o hábito de ler deveriam pensar na importância de
tentar mudar de comportamento, tanto em benefício dos seus filhos
quanto de si mesmos. (SANDRONI e MACHADO, 1998, p. 12)
Com esses argumentos fica explícito que pais e professores jogam a
culpa para o outro em relação ao desenvolvimento escolar das crianças. No entanto
40
ambos têm funções bem definidas e distintas nesse processo para chegarem ao
mesmo objetivo. Os professores com já foi visto tem a função pedagógica de levar
aos alunos o gosto pela leitura prazerosa e ir evoluindo de acordo com a faixa etária
dos mesmos, enquanto que os pais tem o dever de estimular os filhos pelo gosto da
leitura a partir do nascimento. Em ambos os caso é fundamental, por exemplo, ler
próximo e também para a criança participar das leituras das mesmas quando essa já
sabe ler ou contar histórias a partir das figuras dos livros, enfim estar sempre
sugestionando livros espalhados por todos os cantos como bem descreve Hoffmann.
O livro de Jussara foi apresentado na Escola Estatual Professor Messias
no ano 2013 em uma sugestão de leitura da Secretaria de Educação do Estado de
São Paulo, ao ler muitos professores da escola firam surpreendidos com a leveza e
sinceridade com que a autora descreve sua análise, e todos se sentiram desafiados
a pensar de como poderiam ajudar os pais a se aproximarem das atividades
escolares dos filhos. O que era como sair de uma zona de conforto e ao invés de
ficarem culpando os pais, afinal muitos não tiveram a oportunidade de serem
estimulados a participar da vida estudantil dos filhos, mesmo porque muitos ou
foram conduzido erroneamente durante sua vida escolar ou sequer tiveram a
oportunidade de estudar. Mesmo porque Perrenoud afirma que é dever de o
professor envolver e informar os pais sobre a vida escolares dos filhos, esta missão
não é fácil, pois não bastam reuniões para informar notas e comportamento dos
alunos, estás também devem ser envolvidas em assuntos que elevam o
desenvolvimento do aluno.
Nos dias de hoje, o dever de informar e envolver os pais nas escolas
faz parte das atribuições de um professor e requer competência para
isso, é obrigação da escola informar os pais em relação à educação
de seus filhos. Mas fazer essa mediação não é fácil, os ministros
defendem o direito à diferença e a tolerância, mas eles não vivem em
aglomerados, apartamentos populares, não tem contato com outras
culturas e outros modos de vida. (PERRENOUD, 200, p. 82)
Pensando nisso, como contribuição para essa pesquisa segue em anexo
um projeto desenvolvido na sala de leitura da Escola Estadual Professor Messias
Freire, a “Maleta de Leitura” que teve como objetivo criar situações em que os pais
41
passam a se interessar a compartilhar da leitura com os filhos podendo assim
efetivamente participar mais ativamente da vida escolar das crianças.
42
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Este estudo baseou-se em pesquisa bibliográfica de peritos no assunto
abordado, leis específicas e a prática em sala de aulas, ou seja, a importância da
família no contexto escolar de seus filhos. Este trabalho de conclusão de curso
almejou cooperar para assistir professores, pais e demais profissionais da educação
a procurarem portas e meditações que permitam uma melhor relação entre estas
duas partes educacionais, tão respeitáveis na vida das crianças.
Participação familiar é uma necessidade na atualidade e é um sonho de
todos que estão dentro do contexto escolar. Quando tivemos vontade de fazer
Pedagogia, logo após termos ido trabalhar na sala de leitura, logo vimos à
necessidade de saber trabalhar com as famílias, pois sempre consideramos e
valorizamos a relação familiar e acreditamos que parte do que está acontecendo
pode ser resolvido com a participação efetiva desta na escola, fato este constatado
nesta pesquisa, através da leitura de diversos acadêmicos que defendem a teoria,
no entanto podemos ver que apesar de muito abordada, ainda não percebemos um
empenho maior das autoridades para resolver questão.
Nesse trabalho pudemos verificar que em nosso país existem várias leis
que avalizam o direito e o dever dos pais na educação de seus filhos e que
infelizmente toda esta legislação não é para que todas as crianças tenham seus
direitos garantidos e preservados, a própria Gestão Democrática que é obrigatória
nas escolas ainda está praticamente no papel, à mesma no Brasil está muito longe
de ser uma realidade, pois a comunidade encontra diversos entraves que retardam
sua participação ativa dentro das escolas, isso se dá principalmente pela falta de
vontade dos gestores e também pela falta de informação dos pais. É possível
afirmar que embora haja uma maior veiculação de subsídios, num mundo tão
globalizado e tecnológico, é muito necessário que se lute no sentido de defender a
família para podermos garantir que os direitos das crianças sejam preservados.
Relembrando fatos na História da qual por meio de pesquisa foi
admissível lembrar que esta instituição não foi e nem é sempre a mesma em sua
formação e função social. Sendo que, a família e as semelhanças constituídas entre
as pessoas que fazem parte da mesma, nem sempre foram fundamentadas no
amor, no afeto e nos vínculos sanguíneos. Muitas vezes, as relações vivenciadas
fundamentavam no poder que conduzia esta conformidade, ou seja, sistema
43
matriarcal ou patriarcal, ou mesmo em circunstâncias de pactos e interesses
financeiros, em que seus filhos muitas vezes eram negociados como verdadeiros
produtos. Assim, evolucionando de acordo com o período histórico e do local em que
habitava geograficamente, ou seja, em que este grupo estava inserido, e até das
condições socioeconômicas a qual a mesma pertencia, era determinada à forma na
qual a família se ajeitava. Não sendo, portanto, uma só forma de organismo, a
constituição chamada de nuclear, formada por pai, mãe e filhos. E ao lado da
família, a criança igualmente nem sempre foi vista da mesma maneira que a
concebemos hoje. Nem sempre foi dado a criança a atenção e os cuidados que a
mesma necessitava para uma boa formação e desenvolvimento. É certo que,
conforme os estudos do autor Ariès (1981), em sua obra titulada: “História Social da
Criança e da Família”, a criança primeiramente era vista como um adulto em
miniatura e não lhe era dado nenhum tratamento especial, causa que acarretava
certo desapego dos pais em relação aos seus filhos e levava a um aumento da
mortalidade infantil. Apesar disso, a despeito das famílias e da própria criança
proporcionar diferenças em sua composição e valor, pudemos ressaltar que mesmo
nos dias de hoje, onde as concepções familiares são tão desiguais daquelas
analisadas nos primórdios da história da humanidade, durante esse estudo, uma
ocorrência ficou clara - o amor e os laços afetuosos ligam com mais intensidade,
mais que o próprio laço sanguíneo e a herança genética em muitos casos. No
passado, em virtude do desconhecimento das características específicas que as
crianças exibiam no seu desenvolvimento, até pela falta de estudos científicos e da
própria realidade existida no coletivo em que as crianças estavam inseridas, muitas
vezes a adesão se dava por amor desenvolvido no cotidiano com crianças que
saiam de suas famílias de origem para conviverem outros grupos sociais na forma
de principiante. Já no presente, as formas das novas composições familiares
procuram dar as crianças um lar e uma nova família, seja qual for à concepção
vigente. Mesmo porque em nosso país já têm a existência de uniões homo afetivos
que adotam crianças com finalidade de cultivar uma família rodeada de amor e
carinho independente dos laços sanguíneos e genéticos. É aceitável garantir que
apesar de haver uma maior veiculação de subsídios, num mundo tão globalizado e
tecnológico, seja necessário haver uma modificação no olhar da própria sociedade
diante das novas concepções familiares dos dias de hoje, sem discriminações e
preconceitos. É certo afirmar que a família e a escola não podem trabalhar
44
discordando e sim solidariamente, e nem uma é mais que a outra, ambas são de
suma importância para as necessidades educacionais das crianças, uma completa a
outra dentro, dessa forma uma não pode substituir a outra.
Existe um conflito entre pais e professores, onde um joga a
responsabilidade para o outro sobre o desempenho escolar das crianças.
Os pais têm dificuldades para acompanhar os filhos em suas atividades
escolares, mesmo porque grande parte não teve a oportunidade de ter passado por
uma escola que realmente valoriza ao aprendizado e não possuem o hábito da
leitura que é fundamental para esse entrosamento. Muitos professores também não
cultivam esse hábito, porém é obrigação dos mesmos promover o aprendizado.
Contudo o professor pode fazer essa mediação tornando os pais participativos a
partir do momento em que se propõe a desenvolver atividades prazerosas que
necessitem da do auxílio dos pais.
Essa pesquisa nos possibilitou por em prática o projeto “Maleta de
Leitura” que ratificou que é possível os professores aproximarem os pais das
atividades escolares dos filhos sem constrangê-los. Quando tratados com respeito e
carinho os mesmos sabem reconhecer a importância da sua participação nas
atividades escolares dos filhos, no entanto o professor deve evitar enviar trabalhos
obrigatórios aos mesmos e depois ficar reclamando sem repensar as suas atitudes.
Através desse projeto podemos comprovar as afirmações da Jussara Hoffmann.
Esperamos que este trabalho possa ter continuidade, pois apartir dele o tema na
escola gerou muitas discussões.
Outra forma que viabiliza essa aproximação por parte dos pais e pode ser
desenvolvida pelos professores é a demonstração dos trabalhos realizados pelas
crianças em reunião de pais.
Concluímos que é muito importante a participação da família na vida
escolar das crianças, a família como foi descrito no decorrer desse trabalho existe
muito antes da educação adentrar as escolas, por isso o meio que cerca uma
criança influenciará e muito no seu futuro e seu sucesso escolar.
Com a proposta deste trabalho determinadas meditações puderam ser
feitas na busca incessante de se localizar opções que colaborem para a parceria
entre a escola e família. Nesse sentido, ao invés de incidir verdadeiras guerras entre
professores e pais, onde cada um joga ao outro a culpa de um fracasso escolar, por
desarmonias na forma de atuar, atitude esta que só prejudicam o desenvolvimento
45
das crianças, vamos procurar o entrosamento, a veneração mútua e o
comprometimento no qual a criança seja a maior beneficiária. E, que as escolas,
principalmente as públicas olhem para os direitos dos pais e alunos
democraticamente procurando melhorar sempre, buscando qualificar seus
profissionais para que as novas gerações possam usufruir o direito da plena
educação.
46
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Janeiro, 1891.
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Centro.
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em: 23/01/2015.
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20/12/2014
KNOBEL, M. Orientação Familiar. Papirus Editora: Campinas, 1996.
KRAMER, S. A infância e sua singularidade. In: BRASIL, Ministério da Educação.
Ensino fundamental de nove anos: orientações para a inclusão da criança de
seis anos de idade. Brasília: FNDE, Estação Gráfica, 2006, p. 13-23.
KRAMER, S.; ROCHA, E. A. C. (Orgs.). Educação Infantil: enfoques em diálogo.
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LAJOLO, Marisa, Do mundo da leitura para a leitura do mundo. Ática: São Paulo
2002.
47
Lei nº 13.058, de 22 de dezembro de 2014. Altera os arts. 1.583, 1.584, 1.58 e
1.634 da Lei no
10.406, de 10 de janeiro de 2002, Código Civil. Disponível em:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2011-2014/2014/Lei/L13058.htm Acessado
em: 15/01/2015
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no mundo contemporâneo. 3. ed., Editora Papyrus: Campinas, 2007.
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Disponível em:
http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0103166X2010000100012&script=sci_arttext&
gt. Acessado em: 05/11/2014.
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Especiais
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Chittoni Ramos. Porto Alegre: Editoras Artes Médicas Sul, 2000.
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48
ANEXO
“Maleta de Leitura”
A partir das considerações de Hoffmann e Pirrenoud, em reunião com os
professores surgiu a seguinte questão: como exigir dos pais leitura, se muitos não
são leitores? Indo mais ao fundo dessa questão notamos que a autora afirma que é
possível aproximar os pais das atividades escolares dos filhos através da leitura.
Diante desta constatação nasceu um desejo enorme de ajudar os pais, porém sem
exigências, imposições ou críticas a se aproximarem dos filhos nessa questão.
Começamos timidamente a sugerir que os alunos levassem livros para os
pais lerem, tivemos algumas poucas respostas boas, no entanto muitos alunos se
negavam a levar, reclamavam que os pais não gostavam de ler e até mesmo muitos
dos que aceitaram o desafio voltaram decepcionados com a reação dos pais. Ainda
assim não desistimos, observamos que precisávamos fazer algo mais dirigido que
chamasse a atenção dos pais, assim surgiu o projeto “Maleta de Leitura” depois de
longa pesquisa na internet.
A “Maleta de leitura” é um projeto muito aplicado em escolas,
especialmente nas particulares, com o intuito de adaptá-lo as nossas necessidades
e as dos alunos, a partir de exemplos criamos um projeto coerente com a Escola
Estadual. Professor Messias Freire, que, no básico segue os demais projetos
pesquisados, como por exemplo, a escolha de títulos e gêneros literários, porém
escolhemos uma leitura dirigida aos pais (livro de poesias), o gênero foi escolhido
propositalmente para quê os pais não deixassem ler ao menos uma página. O
grande diferencial foi termos colocado um questionário que deveria ser respondido
pelos pais e filhos e no final tinha uma pergunta direcionada diretamente aos pais
solicitando depoimentos sobre nossa iniciativa. Fizemos também uma
recomendação em uma carta pedindo gentilmente um livro infantil com o filho e ao
menos uma poesia, além de responderem a pergunta direcionada a eles.
O projeto foi direcionado aos 1º ao 3º anos do Ciclo I de toda a escola, no
entanto escolhemos a turma da Professora Sônia Regina do 3º ano para era
acompanhado o desenvolvimento na Sala de Leitura, a essa professora foi
reservada dez maletas que deveriam ser revezadas entre os alunos durante quatro
semanas e todo o processo deveria ser feito na sala de leitura, onde as professores
49
responsáveis pela a Sala de Leitura preparam aulas bastante diferenciadas com o
objetivo de incentivar a leitura. Os alunos ao retornarem o material após uma
semana relatavam oralmente suas experiências com a “Maleta de Leitura” e todos
os outros participavam das atividades os questionando diretamente, o que ocasional
uma vontade ainda maior aos demais de levar a maleta recheada de livros para
casa, os demais professores ficaram livres para desenvolverem o projeto na sala de
aulas.
O resultado foi surpreendente, apesar de nem todos os pais mandarem
seus relatos, os que retornaram demonstraram que gostaram muito do projeto.
Mesmo assim sentimos um desânimo, mas não desistimos. Depois foi criado um
livreto com todo o desenvolvimento do projeto que vai em anexo e foi proposta uma
conversa com os pais durante a reunião de pais, aonde o mesmo seria apresentado
aos pais que por acaso não tivessem tido contado com o projeto. Mesmo antes de
começarmos muitos pais agradeceram-nos pela iniciativa, deixando visível o
entusiasmo com a novidade e cada qual pode expor os motivos pelos quais não
escreveram o relato, quando apresentado o resultado do trabalho que fizemos em
conjunto (feito com a efetiva participação dos pais, alunos e professores), todos
ficaram maravilhados com a capacidade de criação e compressão dos filhos. Todos
foram unânimes em ressaltar que a escola tinha que continuar com o projeto.
A “Maleta de Leitura”, só confirmou o que Hoffmann afirma, se os pais
não são acostumados a ler os filhos podem sim motivá-los e quem sabe torná-los
leitores. Por sua vez os professores podem intermediar essa transformação na
atitude dos pais, tanto no hábito de leitura, quanto no acompanhamento geral das
atividades escolares.
50
ANEXO I
PROJETO
MALETA
DE
LEITURA
51
52
53
54
55
56
57
58
59
60
61
62
Figura 1 – Maleta de Leitura XXII
63
64
65
66
67
68
69
70

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Tcc - Escola e Família - Parceria Necessária

  • 1. FACULDADE ASSOCIADA BRASIL CURSO DE PEDAGOGIA PEDAGOGIA CIRLEI APARECIDA DOS SANTOS SOLANGE ROCHA SOUZA ESCOLA E FAMÍLIA - PARCERIA NECESSÁRIA SÃO PAULO 2015
  • 2. CIRLEI APARECIDA DOS SANTOS SOLANGE ROCHA SOUZA ESCOLA E FAMÍLIA - PARCERIA NECESSÁRIA Trabalho de conclusão de curso, apresentado a Faculdade Associada Brasil, como parte das exigências para a obtenção do título de Pedagogia. Professor Orientador: Marcos Rinaldi Tonelli São Paulo 2015
  • 3. FICHA CATALOGRÁFICA Santos, Cirlei Aparecida Souza, Solange Rocha Escola e família - Parceria Necessária/ Cirlei Aparecida dos Santos e Solange Rocha Souza. - São Paulo, 2015. 69 p. Orientador: Marcos Rinaldi Tonelli Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação) – Faculdade Associada Brasil. Departamento de Educação. Curso de Pedagogia. 2015. Inclui referências e anexos. 1. Família 2. Escola 3. Criança 4. Parceria 5. Sucesso. I Santos, Cirlei Aparecida Souza, Solange Rocha. II Faculdade Associada Brasil, Curso de Pedagogia. 1. Título CDD 370.15
  • 4. TERMO DE APROVAÇÃO CIRLEI APARECIDA DOS SANTOS SOLANGE ROCHA SOUZA O presente trabalho de conclusão, intitulado Escola e família - Parceria Necessária, pelas alunas Cirlei Aparecida dos Santos e Solange Rocha Souza, como requisito para obtenção do certificado pra o curso de Graduação em Pedagogia, à Banca Examinadora composta pelos membros abaixo assinados e, sendo julgado adequado para o cumprimento do requisito legal previsto no Regulamento do TCC/MONOGRAFIA da Faculdade Associada Brasil foi aprovado obtendo a nota ______ (_____________). São Paulo SP, ______/______/______. _________________________________________ Professor Orientador: MARCOS RINALDI TONELLI
  • 5. Dedicatória Dedicamos aos nossos queridos pais, que nos ensinaram a valorizar a educação como único meio de alcançarmos um futuro digno e próspero à minha vida.
  • 6. Agradecimentos Agradecemos a Deus por ter nos dado força e coragem para chegarmos até aqui e aos nossos pais, irmãos e professores pelo apoio, paciência e dedicação. Amamos vocês!
  • 7. Epígrafe “Não se pode educar eficientemente se os pais e professores se desconhecem, se a educação escolar estiver isolada da educação familiar”. (Suenens)
  • 8. RESUMO Este trabalho tem como finalidade meditar sobre a extraordinária afinidade entre família e escola, lançando os apoios dessa parceria na vida escolar do aluno. É primeiramente é definido o conceito de educação e a contribuição da legislação no que se refere aos deveres dos pais e no sentido de fazer com que os pais tenham um espaço dentro da escola para agirem ativamente de modo a contribuir para quê a vida escolar do filho seja vitoriosa. O fluxo histórico do conceito de família no transcorrer dos períodos e as diferentes organismos familiares que ocorrem na atualidade, enfatizando que a criança e os seus pais ou responsáveis, trazem consigo uma união familiar de amor e é com eles que se aprendem os primeiros valores, emoções e perspectivas de vida. Nesse sentido, a subjetividade da criança é formada nas afinidades que vivem com o grupo familiar e com as pessoas mais próximas desde o início da vida, através dos exemplos auferidos, os quais irão ter reflexos no âmbito escolar. Também são abordados os indicativos referentes ao desenvolvimento e a aprendizagem da criança e a função da escola em oportunizar e colaborar para que a presença familiar nas atividades pertinentes ao contexto escolar seja ativa e facilitadora na trajetória educacional da criança, sendo que em virtude das imputações cotidianas ou mesmo por não ter uma visão positiva do mundo escolar, muitas pais deixam de ser partícipes da vida escolar do filho. Assim, a falta deste apoio pode se transformar num barreira no próprio desenvolvimento da aprendizagem da criança. Daí a grande necessidade de fazer estas meditações que permitam ao professor ferramentas para que o mesmo procure uma conscientização maior dos pais na vida escolar do filho. Para avaliação desse trabalho foi desenvolvido e o projeto “Maleta de Leitura” na Escola Estadual Messias Freire no intuito de ajudar os pais a se aproximarem das atividades escolares dos filhos. . Palavras-chave: Educação Família, Escola e Participação.
  • 9. ABSTRACT This paper aims to reflect on the extraordinary affinity between family and school, throwing the support of this partnership in the student's school career. It is first defined the concept of education and the contribution of legislation in regard to the duties of parents and in order to make parents have a space within the school to actively act in order to contribute to what the school life of the child be victorious. The historical flow of the family concept in the course of periods and different family organisms occurring today, emphasizing that the child and their parents or guardians, bring along a family union of love and it's with them you learn the first values, emotions and life prospects. In this sense, the child's subjectivity is formed in affinities living with the family group and the closest since the beginning of life, through the earned examples, which will be reflected in schools. They are also addressed indicative for the development and the child's learning and school function in create opportunities and contribute to the familiar presence in activities related to the school context is active and facilitator in the educational history of the child, and because of the daily charges or even for not having a positive view of the school world, many parents cease to be participants in the school's child life. Thus, the lack of this support can become a barrier in the child's learning development itself. Hence the great need to do these meditations that allow the teacher tools for it to look for a greater awareness of parents in school life of the child. To evaluate this work was carried out and the project "Reading Suitcase" in the State School Messiah Freire in order to help parents approach the school activities of the children. Keywords: Family Education, School and Participation.
  • 10. SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO....................................................................................................................9 1. O QUE É EDUCAÇÃO? ...................................................................................................10 1.1 A legislação brasileira e os deveres dos pais na educação dos filhos.......................11 1.2 Gestão Democrática..........................................................................................................13 1. FAMÍLIA E CRIANÇA - HISTÓRIA..................................................................................15 2.1 O que é família...................................................................................................................18 2.2 A importânciada família no desenvolvimento das crianças .........................................20 3. FAMÍLIA, ESCOLA E SUAS OBRIGAÇÕES..................................................................27 3.1 Família e escola, uma parceria de sucesso...................................................................28 3.2 A participação dos pais.....................................................................................................33 3.3 Pais e professores em conflito.........................................................................................35 CONSIDERAÇÕES FINAIS.....................................................................................................42 REFERÊNCIAS........................................................................................................................46 ANEXO - “MALETA DE LEITURA.........................................................................................48 ANEXO I – PROJETO “MALETA DE LEITURA”...................................................................50
  • 11. 9 1. INTRODUÇÃO Procurar saber sobre a influência da família no desempenho escolar do aluno é uma constância na vida dos educadores, principalmente os professores, que tem por objetivo diminuir o fracasso escolar entre os alunos ou ajustar a um ensino e aprendizado completo e eficaz a todos os alunos em período escolar. Ao ouvir questionamentos de educadores sobre a importância da família ou não para o desenvolvimento da criança no contexto escolar, essa pesquisa procurou analisar os aspectos que podem influenciar na aprendizagem, buscando sempre propiciar condições cada vez melhores para que a aprendizagem aconteça. Entender a relação e a influência familiar no desenvolvimento escolar ajudar o professor compreender as atitudes e dificuldades do aluno no seu cotidiano escolar? Esta pesquisa fundamenta-se em leis que determinam a atuação dos pais na educação do filho e em pesquisa bibliografia especializada, onde que descreve como que historicamente a família vem sendo modificada, como a criança é vista dentro da família no passar dos tempos, escreve um relato sobre a “Maleta de Leitura” um projeto desenvolvido junto com professores, alunos e pais na Sala de Leitura da E. E. Professor Messias Freire que tem alguns relatos dos pais a respeito do mesmo. No primeiro capítulo define o que é educação, conceito fundamental para relacionar a importância da participação da família na vida escolar das crianças e escreve sobre como a legislação favorece a participação dos pais na vida escolar do filho. No segundo capítulo, expõe sobre a forma com que a família se modificou num conciso histórico da idade média até a atualidade e a forma como a criança é instituída dentro da família no decorrer dos tempos. No terceiro capítulo, aborda a afinidade existente entre família e a esfera escolar da criança. E finalizando, dedica-se a refletir como o professor pode colaborar com a aproximação da família e o mundo escolar de seu filho.
  • 12. 10 1. O QUE É EDUCAÇÃO? Muitos autores classificam como educação formal a que é transferida pelas escolas e tem objetivos específicos e claros, segundo Carlos Rodrigues Brandão esta está “sujeita a pedagogia”. Já a educação não formal promovida de forma menos hierárquica, transferida pelas famílias e a sociedade onde vivemos é tão importante quanto à educação formal, que tem além de promover ensinamentos específicos, levar em conta às diferenças geradas pela educação não formal, respeitando a singularidade de cada indivíduo, pois a mesma compreende o aprendizado e as experiências individuais. A educação acontece em diversos contextos da sociedade, segundo Carlos Rodrigues Brandão. Ninguém escapa da educação. Em casa, na rua, na igreja ou na escola, de um modo ou de muitos todos nós envolvemos pedaços da vida com ela: para aprender, para ensinar, para aprender-e-ensinar. Para saber, para fazer, para ser ou para conviver, todos os dias misturaram. (BRANDÃO, 1981, p.16) O pensamento de Brandão é ratificado na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional de 1996 Art. 1º. A educação abrange os processos formativos que se desenvolvem na vida familiar, na convivência humana, no trabalho, nas instituições de ensino e pesquisa, nos movimentos sociais e organizações da sociedade civil e nas manifestações culturais. Segundo Jacques Dolors, a educação de um indivíduo está estruturada desde o princípio da sua vida sobre quatro pilares: Aprender a conhecer, aprender a fazer, aprender a conviver juntos e aprender a ser. No entanto a educação formal dedica-se exclusivamente em aprender a conhecer e aprender a fazer, sendo que deveria estruturar-se nos quatro pilares, mesmo porque um completa o outro como segue: Aprender a conhecer indica a vontade de conhecimento, que liberta da falta de saber; aprender a fazer leva a coragem de fazer, de correr riscos, até errar tentando acertar; aprender a conviver traz o desafio da convivência que apresenta o respeito a todos e o exercício de fraternidade, da cooperação, da resolução de conflitos
  • 13. 11 como caminho do entendimento; e, aprender a ser, que, talvez, seja o mais importante por esclarecer a função do cidadão e o objetivo de viver (DELORS, 1996, P.89). Para Paulo Freire “ensinar não é transferir conhecimento, mas criar as possibilidades para a sua própria produção ou construção” (FREIRE, 1999), para ele deve se respeitar os saberes do aluno, aquilo que ele trás de fora da escola, por exemplo, temas como: ambiente, política, ética, violência e família. [...] a educação sozinha não transforma a sociedade, sem ela tampouco a sociedade muda. Se opção é progressista, se não se está a favor da vida e não da morte, da equidade e não da injustiça, do direito e não do arbítrio, da convivência com o diferente e não de sua negação, não se tem outro caminho se não viver a opção que se escolheu. Encarná-la, diminuindo, assim, a distância entre o que se diz e o que se faz [...] (FREIRE, 1999, p.18) Educação não acontece somente no âmbito formal, acontece a todo o momento dentro e fora da escola, em sociedade. A escola sozinha não educa ela é incapaz de substituir a família que é à base da educação não formal e age na formação do caráter, dos valores e das responsabilidades. A educação extrapola o ensino profissional e atua no indivíduo como um todo respeitando sua autonomia, tornando-o um cidadão completo capaz de se perceber fazendo parte de um sistema onde existem pessoas de diferentes classes sociais, culturas, raças, gêneros sexual, especiais etc., e que precisa atuar em grupo em todas as esferas de sua vida. A educação pode ser entendida como o desenvolvimento pleno do individuo porque abrange seu intelecto, seu físico e sua moral. 1.1 A legislação brasileira e os deveres dos pais na educação dos filhos Na Constituição Federal: Art. 205 a educação é direito de todos e dever do Estado e da família, é promovida e incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho.
  • 14. 12 No artigo 2º da lei que estabelece as diretrizes e bases da educação nacional fica determinado que a educação seja dever da família e do estado, o artigo 6° especifica que os pais ficam obrigados a matricular os filhos menores, seja na rede pública ou privada. Segundo o artigo 4º do ECA – Estatuto da criança e do adolescente é dever da família, da comunidade, da sociedade em geral e do poder público assegurar à educação da criança e do adolescente. É inegável que estas leis não estabelecem declaradamente que os pais devam participar efetivamente da educação escolar. Embora esteja claro que é obrigação dos pais promoverem a educação do filho e matriculá-lo na escola, inclusive o artigo 190 do Estatuto da criança e do adolescente, explicita a obrigação dos pais, não só de matricular o filho ou pupilo, mas também em acompanhar sua frequência e aproveitamento escolar, correndo o risco de perder a tutela ou a guarda, caso não cumpra a lei. O acompanhamento por parte dos pais na vida escolar do filho em âmbito nacional é muito deficiente, são muito poucos os pais que participam da vida estudantil do filho de forma mais atuante a fim de atendê-lo nos aspectos mais profundos e isso vem a prejudicar o andamento dos estudos de muitos deles. Para Nelson Dacio Tomazi, “O ponto de partida é a família [...] é o espaço onde aprendemos a obedecer a regras de convivência, a lidar com a diferença e a diversidade” (TOMAZI, 2010, p. 20), outros estudiosos também demonstram um interesse na participação ativa dos pais na vida escolar do filho. Uma das principais ações políticas nesse sentido está nas leis, principalmente na constituição federal de 1988 (art.206, inciso VI) e reiterada na a LDB - Lei de Diretrizes Bases que apresenta as seguintes determinações:  Art. 14 - Os sistemas de ensino definirão as normas da gestão democrática do ensino público na educação básica, de acordo com; as suas peculiaridades [...].  Art. 32 O ensino fundamental obrigatório, com duração de 9 (nove) anos, gratuito na escola pública, iniciando-se aos 6 (seis) anos de idade, terá por objetivo a formação básica do cidadão. Sendo assim, devido à imposição da lei a necessidade de matricular os filhos em uma escola é uma realidade das famílias brasileira. Portanto para estarem de acordo com a lei todas as crianças em idade escolar, de todas as famílias devem estar
  • 15. 13 devidamente matriculadas em escolas de ensino regular. Por sua vez o governo deve criar condições para garantir que mesmas tenham acesso a uma educação plena. 1.2 Gestão Democrática Para cumprir essas determinações é introduzida nas escolas brasileiras a Gestão Democrática, seu princípio fundamental é a participação da comunidade escolar na tomada de decisões dos assuntos escolares administrativos, pedagógicos ou sociais, a preparação de espaços para quê a população possa usufruir de atividades artísticas, lazer, cursos profissionalizantes, palestras, comemorações, e outras em espaços ou horários ociosos ou mesmo quando são convidados a participar em diversas ocasiões como apresentações de trabalhos dos filhos, ter acesso a dependências como: bibliotecas, salas de leitura, salas de informática e outros projetos. A gestão democrática é possibilitada através do Conselho escolar, do Conselho de classe, da Associação de Pais e Mestres e do Grêmio estudantil, organismos que funcionam dentro da escola, a comunidade atua fazendo parte da diretoria ou de projetos promovidos por esses órgãos e consequentemente aproximam os pais das questões escolares. Mas para Maria da Glória a Gestão Democrática Escolar no Brasil é limitada, pois não dá espaço para que outros órgãos sociais atuem dentro delas, restringi a entrada dos pais na escola. [...] a tradição brasileira, a tendência dominante na área da educação é restringir o universo de atores a serem envolvidos no processo educacional a um só segmento da comunidade educativa: o da comunidade escolar, composta pelos dirigentes, professores, alunos e funcionários das escolas. Quando se fala em abertura das escolas para a comunidade, os pais são os atores por excelência a serem lembrados. (GOHN, 2004, p.195) “Uma gestão democrática realmente participativa tem a atuação ativa de todas as instâncias colegiadas, numa cultura de participação de todos”, (LIBÂNEO, 2004), sempre refletindo e agindo e voltando a refletir sobre a realidade. Pensando sobre o papel da escola na expectativa de universalização, intensificando segmentos
  • 16. 14 para que pais e filhos exerçam a cidadania, onde as decisões sejam tomadas com o compromisso coletivo, com e para o coletivo. “Escola democrática dá condições para o aluno compreender a realidade, não fazendo parte somente de produção cultural, mas também dos avanços sociais”. (CANDAU, 2002) A escola deve unir-se a comunidade para resolver problemas analisando a situação de forma real, identificando as necessidades prioritárias e propondo resolução dos problemas em curto, médio e longo prazo, promovendo desta forma, ações educativas com o compromisso de formar cidadãos. As famílias, em concordância com a escola e vice-versa, são peças fundamentais para o desenvolvimento da criança e consequentemente são pilares indispensáveis na atuação escolar. Entretanto, para conhecer a família é necessário que a escola abra a suas portas e que garanta sua permanência. Nesse sentido, “as reflexões avançam hoje, para assimilação de qualidades que influenciam as desiguais práticas de cidadania pelo mundo a fora” (BERTRAND, 1999). A tática para a constituição de uma sociedade democrática não é única. Assim, a escola deve sempre envolver as famílias dos alunos em atividades escolares. Não só para falar dos problemas que envolvem famílias atualmente, mas para ouvi-las e tentar engajá-las em algum movimento realizado pela escola como projetos e festas etc. Portanto, não basta à lei ficar no papel, ela tem que ser cumprida na sua íntegra para que haja verdadeiramente uma participação ativa dos pais, pois somente assim eles poderão atuar na educação dos filhos efetivamente. Para chegar a essa organização atual a sociedade mundial e não somente a brasileira passou por todo um processo que iremos analisar nos próximos capítulos.
  • 17. 15 1. FAMÍLIA E CRIANÇA - HISTÓRIA A compreensão da relação entre o aprendizado do aluno e as relações com sua família necessitam incialmente de um conciso histórico de como era a família, sobretudo na partir do século XII, fundamentada principalmente no livro História Social da Criança e da Família de Philippe Ariés. Segundo o Ariés a criança no inicio dos tempos era vista de forma diferente do que vemos hoje, para ele infância teve significados distintos, ele afirma que a infância tomou diferentes conotações dentro das fantasias humanas em todos os aspectos sociais, culturais, políticos e econômicos, sendo moldado de acordo com o período histórico. No século XII a infância praticamente não existia, não havia espaço para esse sentimento nessa época, não havia amor ou afeto entre pais e filhos e nem se percebia esse tipo de sentimento dentre as famílias e assim permaneceu durante muitos séculos. [...] A duração da infância era reduzida a seu período mais frágil, enquanto o filhote do homem ainda não conseguia bastar-se; a criança então, mal adquiria algum desembaraço físico, era logo misturada aos adultos, e partilhava de seus trabalhos e jogos. De criancinha pequena, ela se transformava imediatamente em homem jovem, sem passar pelas etapas da juventude [...] (ARIÉS, 1981- p.3) A criança durante muitos séculos foram discriminadas, marginalizadas e exploradas, sendo assim muito sofridas. No século XIII, idade média, a criança existia, mas não tratada como uma criança, quando mudava a arcada dentária mais ou menos aos sete anos era considerada “adulta” e começava a fazer parte das tarefas domésticas. Quando uma criança morria nesse período, era esquecida rapidamente e trocada por outra em muito pouco tempo, sobreviver era extremamente difícil. A mortalidade infantil era muito alta, e considerada normal, devido à falta de cuidados e de infanticídio, onde geralmente, os pais se livravam da criança, na intenção de conseguir um espécime melhor mais saudável e mais forte que correspondesse às expectativas e utilidades que ela tinha nesse tempo perante a sociedade.
  • 18. 16 A vida da criança era então considerada com a mesma ambiguidade com que hoje se considera a do feto, com a diferença de que o infanticídio era abafado no silêncio, enquanto o aborto é reivindicado em voz alta - mas esta é toda a diferença entre uma civilização do segredo e uma civilização da exibição. Chegaria um tempo, no século XVII, em que a sage-femme, a parteira, essa feiticeira branca recuperada pelos Poderes públicos, teria a missão de proteger a criança, e em que os pais, melhor informados pelos reformadores, tornados mais sensíveis à morte, se tornariam mais vigilantes e desejariam conservar seus filhos a qualquer preço. História Social da Criança e da Família (ARIÉS, 1981, p.10) Muitas crianças eram entregues para outras famílias para serem educadas, sendo devolvidas para a família original por volta dos sete anos, se sobrevivesse até essa idade, pois estaria apta para começar a fazer os serviços domésticos. No século XVI surge à primeira festa da prática cristã e a primeira comunhão, além de se tornar a primeira festa da família, ajudou a registrar a vida da criança na história e, sobretudo determinar postura de comportamento, evitando a postura perversa e imoral. Dessa forma foram surgindo medidas para salvar as crianças. As condições de higiene foram melhoradas e a preocupação com a saúde fez com que os pais não aceitassem mais perdê-las com naturalidade. Na Idade Média, não existiam festas religiosas da infância além das grandes festas sazonais, geralmente mais pagãs do que cristãs. (...) A primeira comunhão iria tornar-se progressivamente a grande festa religiosa da infância, e continuaria a sê-lo até hoje, mesmo nos lugares em que a prática cristã não é mais observada com regularidade. (ARIÉS, 1981, p.153) No século XIV surge a criança mística devido ao grande movimento da religiosidade cristã. A criança agora era associada à imagem do menino Jesus e a virgem Maria. Essa associação causa ternura nos adultos e um novo ícone se forma, aumentando o número de crianças santas com suas mães. Essa representação da criança mística aos poucos transforma as relações familiares. A mudança cultural e as transformações sociais, politicas e econômicas que a sociedade sofre, apontaram para uma mudança no interior da família e das relações entre pais e filhos. A criança passa então a ser educada pela própria família despertando um sentimento novo por ela. O autor caracteriza esse
  • 19. 17 momento como o surgimento da infância que é construído por dois momentos chamado por ele de paparicação e apego. Já no século XVII para o XVIII e com o surgimento mais tarde da escola, foi se proporcionando conhecimentos técnicos e discursivos e se diferenciando pela postura sociocultural, e se dividindo em uma escola para as elites e outra para o povo. Nesse momento tudo que se refere à criança e a família se torna um assunto sério e digno de atenção, a família agora se organiza em torno da criança e lhe dá uma importância específica e assim ela sai de seu anonimato tornando impossível perder ou substituir ela. [...] a partir do século XVIII, a escola única foi substituída por um sistema de ensino duplo em que cada ramo correspondia não a uma idade, mas a uma condição social: o liceu ou o colégio para os burgueses (o secundário) e a escola para o povo (o primário). O secundário é um ensino longo. O primário durante muito tempo foi um ensino curto, e, tanto na Inglaterra como na França, foram necessárias as revoluções sociais originais das últimas grandes guerras para prolongá-lo. Talvez uma das causas dessa especialização social resida justamente nos requisitos técnicos do ensino longo, do momento em que ele se impôs definitivamente aos costumes; não era mais possível tolerar a coexistência de alunos que não estavam desde o início decidido a ir até o fim, a aceitar todas as regras do jogo, pois as regras de uma coletividade fechada, escola ou comunidade religiosa, exige o mesmo abandono total que o jogo. Do momento que o ciclo longo foi estabelecido, não houve mais lugar para aqueles que, por sua condição, pela profissão dos pais ou pela fortuna não podiam segui-lo nem se propor a segui-lo até o fim. (ARIÉS, 1981, p.192) Lendo e refletindo sobre essa obra de Philippe Ariés podemos concluir que essa especificidade da criança surgiu a partir das mudanças sociais e culturais no decorrer dos séculos, e com a chegada da igreja, fazendo com que o adulto tivesse um olhar diferenciado para ela enxergando suas necessidades e dependência. Deixando claro que a criança não é só a roupa que veste e as brincadeiras que brinca, ela é uma pessoa em processo, uma história a ser construída, uma responsabilidade do adulto. É notório que o entendimento de criança e infância não foi sempre o mesmo no transcorrer do tempo e da história, o caminho foi longo até chegar ao que somos hoje, onde a criança é vista com um ser protegido, o percurso foi cheio de transformações conforme o pensamento da sociedade de cada período descrito.
  • 20. 18 2.1 O que é família A presente pesquisa tem como objetivo analisar a relação família e escola, portanto não pode deixar de conceituar o que é família, uma instituição que se modificou muito nas últimas décadas e a sua importância em relação aos estudos da criança e tem o dever ver essa transformação com muita atenção. Família é “Grupo social caracterizado pela residência comum, pela cooperação econômica e pela reprodução. A família é constituída pelos pais e pelos filhos”. Entende-se, também, como entidade familiar a comunidade formada por qualquer dos pais e seus descendentes. Para Oliveira essa definição é muito sucinta mesmo porque nos dias de hoje existem diversos modelos de famílias e considera que uma família é composta ao menos por um adulto, uma criança ou um adolescente. [...] O termo permite, atualmente, a inclusão de modelos variados de família, para além daquele tradicionalmente conhecido. Os modelos familiares não mais se restringem à família nuclear que compreendia a esposa, o marido e seus filhos biológicos (TURNER & WEST, 1998). Atualmente há uma diversidade de famílias no que diz respeito à multiplicidade cultural, orientação sexual e composições. (OLIVEIRA 2010, p. 101) Com esse argumento fica evidente um fato que ocorre dentro das nossas escolas, aonde nossas crianças possuem modelos diversificados e muito diferentes de famílias, o que nos obriga a dar atenção especial a esses novos modelos de família que não tem uma regra, porém não é por serem diferentes que são desestruturadas, pensar assim seria um grande preconceito, principalmente nas escolas onde a diversidades é frequente. Selton defende a família como sendo responsável pela herança não só do patrimônio, mas também a cultural. A família pode também ser considerada como responsável pela transmissão de um patrimônio econômico e cultural (Bourdieu, 1998, 1999). É nela que a identidade social do indivíduo é forjada. De origem privilegiada ou não, a família transmite para seus descendentes um nome, uma cultura, um estilo de vida moral, ético e religioso. Não obstante, mais do que os volumes de cada um desses recursos, cada família é responsável por uma maneira singular de vivenciar esse patrimônio (Lahire, 1997, 1998). Assim, é necessário observar as maneiras de usar a cultura e de relacionar-se com ela, ou seja, as oportunidades de um trabalho pedagógico de transmissão
  • 21. 19 cultural, moral e ético de cada ambiente familiar. (SELTON, 2002, p.5) Sendo assim os laços que unem as famílias nem sempre são sanguíneos. O afeto também sofreu grandes transformações no mundo em que a união conjugal pode ser diversa. Em nossas escolas vemos diferentes formações familiares e instituindo regras e conceitos próprios. Nesse sentido, os diferentes tipos de família que têm sido descritos com maior frequência pelos pesquisadores da área são: família homossexual ou casais homossexuais; família extensa; famílias multigeracionais; família reconstituída ou recasada; família de mãe ou pai solteiro; casais que coabitam/vivem juntos; viver com alguém. (OLIVEIRA, 2010, p. 101) Recentemente no Brasil foi aprovada uma lei, que mudará a relação de filhos de pais separados, trata-se da guarda compartilhada onde a responsabilidade de cuidar do filho será dividida entre os pais que terão as mesmas responsabilidades pelos cuidados dos filhos, inclusive a criança terá o seu tempo de convivência divida de forma igualitária entre o pai e a mãe, ou seja, pode morar na casa dos dois, a não ser que um deles abra mão desse direito. No entanto, são normais as famílias chefiadas e mantidas por mulheres, sejam elas mães, avós ou até mesmo irmãs, famílias com filhos adotivos ou com uma constituição diversa. Dessa forma a escola como instituição deve atender a necessidade de respeitar a individualidades e particularidades dos diferentes núcleos familiares. Família é uma instituição que evolui conforme as conjunturas socioculturais. Não é um agente social passivo. Sua história recente revela um poder de adaptação e uma constante resistência em face das mudanças em cada período. Tem uma profunda capacidade de interagir com as circunstâncias e conjunturas sociais contribuindo fartamente para definir novos conteúdos e sentidos culturais (Saraceno, 1988). Se nos séculos XIX e XX foi comum falar sobre a crise da família, na década de 1990 surgiu à concepção da família contemporânea forte e resistente. Novos modelos de convivência familiar apontam para uma nova configuração entre seus membros. (SELTON, 2002, p.5) Atualmente o que vemos nas escolas são crianças com referência de cuidado, carinho e proteção em contínuas mudanças, ora sob a responsabilidade dos avós, ora sob a responsabilidade de tios, padrinhos e, depois voltam ao convívio
  • 22. 20 dos pais, das mães ou até mesmo dos dois. Situação que pode levar a uma falta de referência que leva a uma maior necessidade de atenção, regras e afeto que esses alunos evidenciam através de seus atos. As mudanças normas e estruturas se colidem nessa constante mudança de ambiente. É nesta família que a criança que será ou são nossa aluna tem os primeiros aprendizados sobre ser cidadão, sobre justiça, sobre afeto, enfim a família é à base da educação. Com essa família que a escola terá que relacionar-se, aproximar-se e com essa família que a escola terá que criar parcerias para que essa criança cresça e tenha uma educação satisfatória em todos os aspectos. 2.2 A importânciada família no desenvolvimento das crianças A grande maioria das pessoas sabe da importância da família nos cuidados básicos que se deve ter com a criança, alimentação, higiene, carinho, amor, assistência, entre outros cuidados que os filhos necessitam para própria permanência da vida humana. A família é apontada como elemento-chave não apenas para a "sobrevivência" dos indivíduos, mas também para a proteção e a socialização de seus componentes, transmissão do capital cultural, do capital econômico e da propriedade do grupo, bem como das relações de gênero e de solidariedade entre gerações. (CARVALHO; ALMEIDA, 2003, p. 1) Para promover a preservação da vida da criança no decorrer dos tempos, no Brasil foram criados organismos para garantir que esses direitos fossem respeitados no artigo 227 da Constituição Federal do Brasil de 1988 e o Estatuto da Criança e do Adolescente, no Capítulo III, Seção I no artigo 10, que determina que: Toda criança ou adolescente tem direito a ser criado e educado no seio da sua família e, excepcionalmente, em família substituta, assegurada a convivência familiar e comunitária, em ambiente livre da presença de pessoas dependentes de substâncias entorpecentes. Infelizmente mesmo com as leis e as diversas formas de divulgação das mesmas ouvir notícias de criança em situações degradantes, sofrendo descasos e violência de todos os tipos, principalmente pelos responsáveis das mesmas é uma constância em nosso cotidiano.
  • 23. 21 Mesmo com diversos programas de divulgação de informações que colaboram com o bem estar da criança, com os projetos das Políticas Públicas, desenvolvidos por diferentes organizações governamentais ou não, a incidência de casos de violência contra a criança, é visível em todas as classes sócias, em todos os ambientes e nas diferentes formações familiar. No entanto não são somente as necessidades básicas como alimentação, ou a falta dela, que a criança precisa para desenvolver. Ou mesmo que irá determinar que tipo de adultos, essa criança se transformará. Todas as funções no desenvolvimento da criança aparecem duas vezes: primeiro, no nível social, e, depois, no nível individual; primeiro, entre pessoas (interpsicológica), e, depois, no interior da criança (intrapsicológica) [...]. A transformação de um processo interpessoal num processo intrapessoal é o resultado de uma longa série de eventos ocorridos ao longo do desenvolvimento. (VYGOTSKY, 2000, p. 75) Sendo assim, temos que entender que durante a infância, é muito importante que os pais ou responsáveis, conjecturem na complexidade da infância, pois conforme tratam a criança hoje às consequências futuras podem vir a ser de forma comprometedora muitas vezes negativa. São inumeráveis os fatores ligados à formação e desenvolvimento da criança e da sociedade que esta mesma criança vive e se forma. Não esquecendo de que a sociedade evolui conforme o desenvolvimento das pessoas que a compõe. Fatos sejam eles positivos ou negativos acontecidos na infância e na sociedade onde a criança irá viver e formar influencia na vida adulta, ou seja, a criança levará características e comportamentos para a vida adulta de fatos acontecidos na infância. [...] o comportamento das crianças no ambiente escolar e em casa é, na verdade, uma reação às atitudes de seus pais. Foi constatado que a maioria dos problemas de comportamento, como ausência de atenção e agressividade, é um reflexo da conduta dos pais. Uma criança, por exemplo, que não consegue, em sala de aula ficar parada em momento nenhum, mostrando-se sempre nervosa, brigona, agressiva com os colegas, sempre mal arrumada, cadernos rasgados, pode ser que uma das causas para tudo isso seja um relação conflituosa com a família ou a relação, também conflituosa, entre os pais, os quais brigam o tempo todo na frente dos filhos e acabam descontando na criança, com desprezo ou indiferença, com agressões físicas ou verbais. Este fenômeno, tão comum, leva a criança a pedir ajuda, demonstrando isso de várias maneiras,
  • 24. 22 inclusive chamando a atenção para si, no ambiente escolar. (WEIL, 1984, p.47) Dentro desse contexto os pais devem ir muito além de apenas oferecer bens matérias e alimentação para seus filhos, eles devem oferecer um ambiente respeito e atitudes éticas no dia-a-dia da criança. Segundo Fhilippe Ariés, a criança observa os adultos que a cercam, principalmente os pais ou responsáveis. Portanto as famílias, indiferente da sua formação, devem sim, preocupar-se com suas atitudes e ações, para evitar problemas futuros para a criança. A família é um grupo primário e natural de nossa sociedade, no quais o ser humano vive e consegue se desenvolver. Na interação familiar, que é previa e social (porém determinada pelo ambiente), configura- se bem precocemente a personalidade, determinando-se aí as características sociais, éticas, morais e cívicas dos integrantes da comunidade adulta. Por isso, muitos fenômenos sociais podem ser compreendidos analisando as características da família. Muitas das reações individuais que determinam modelos de relacionamentos também podem ser esclarecidos e explicados, de acordo com a configuração familiar do sujeito e da sociedade da qual faz parte. (KNOBEL, 1992, p.19) Sendo assim, o que determina o futuro de uma pessoa não é unicamente a inteligência, pois o primeiro aluno da sala nem sempre será um adulto vencedor, pode ser condicionado a viver de uma determinada maneira e não conseguir evoluir fora desse ambiente. Portanto ter sucesso na vida é resultado de um conjunto de fatores sociais e de características da personalidade individual de cada indivíduo. A criança já muito pequena é capaz de entender fatos e também é capaz “de ir construindo o mundo de segurança e bem-estar em que irá firmar-se sua vida futura e sabe que só poderá fazê-lo através dos adultos que a rodeiam”. (KNOBEL, 1996, p.77). No futuro se os pais não prestarem atenção na criação dos seus filhos, não compreenderem os sentimentos que os cercam tratá-los com termos depreciativos, desapressando a habilidade da criança em entender os sentimentos que o cercam, podem estar contribuindo para que no futuro seus filhos tenham conflitos que podem resultar em doenças psiquiátricas e ou até mesmo transtornos de conduta.
  • 25. 23 Porém, isso não significa que os pais e ou responsáveis, profissionais da educação, e demais profissionais que atuam com criança tem que atender a todos seus desejos, para evitar traumas futuros, mesmo porque antigamente éramos reprimidos por tudo e sem possibilidade de questionamento. Foi durante o século XX que ocorreram as mudanças fundamentais nas relações humanas que levaram os pais a melhorarem o relacionamento de pais e filhos. Com isso, sem dúvida, muita coisa melhorou para as crianças e, claro, para nós adultos também. O relacionamento entre pais e filhos ganhou mais autenticidade, menos autoritarismo. O poder absoluto dos pais sobre os filhos foi substituído por uma relação mais democrática. E o entendimento cresceu... Todos ficaram felizes... Será? Será que as coisas aconteceram assim de forma tão harmoniosa, com todos? (ZAGURY, 2002, p.14) O questionamento de Zagury é bastante pertinente, pois existem muitas distorções em relação ao novo modelo de relacionamento familiar, muitos pais não se deram bem ao tentar colocar em prática uma nova forma de educar, principalmente por muitos não saberem ao certo a hora de dizer sim ou não para os filhos. Gerando uma aflição nos filhos, que inseguros e sem limites preestabelecido, dizer não filho parece ter virado crime, um ato de autoritarismo uma forma antiga de educar. Apesar de tudo, nem sempre ao desenvolvimento da criança foi totalmente pacífica chegando assustar. Muitos papais e mamães ficam em sérias dificuldades ao tentarem colocar em prática aquelas ideias tão lindas que tinham em mente ao iniciarem o longo e delicado caminho da formação das novas gerações: "comigo vai ser tudo diferente; não vou ser igual aos meus pais em nada..." (ZAGURY, 2002, p.14). Existem muitos livros sobre o que se deve e não se deve fazer, no entanto poucos indicam uma direção aos pais. Muitos pais, no entanto tem boas intenções e procuram constituir um relacionamento com os filhos, diferentes do que teve com seus próprios pais, para fugir da forma como foi educado. Porém se não for estabelecido limite ficará quase impossível que a criança respeite seus semelhantes. “Ninguém pode respeitar seus semelhantes se não aprender quais são os seus limites”. (ZAGURY, 2002, p.17)
  • 26. 24 O diálogo e a estabilidade são imprescindíveis para que a criança aprenda com os adultos próximos. A partir do momento que se criou uma noção do que é infância sabemos que uma criança é construída historicamente e socialmente durante a infância, “não podemos continuar a olhar para as crianças como aqueles que não são sujeitos de direitos. Precisamos aprender com a criança, olhar seus gestos, ouvir suas falas, compreender suas interações, ver suas produções”. (KRAMER, 2003, p. 81) Portanto, caracterização de infância muda de acordo o tempo, a sociedade e a história em que a criança está inserida. Em uma sociedade capitalista, em se visa o lucro cada vez maior, pagando menos ao funcionário, surgem cada vez mais classes sociais, onde os dominantes são aqueles que possuem maior capital, gerando uma sociedade desigual, onde a criança tem que desempenhar seu papel de diferentes formas. “Nesse contexto, pensadores confiam e acusam o fim da infância em alguns locais, o próprio cenário de pobreza em que muitas estão inseridas, as imagens que reproduzem o trabalho infantil, evidencia o fim da infância”. (KRAMER, 2000, p.18) Atualmente o acesso às diversas mídias e a internet é comum, e está substituindo brincadeiras uma característica marcante da infância. Sendo assim, para Kramer a criança está sendo expulsa da infância e empurrada para a vida adulta. [...] Desocupando seu lugar, os adultos ora tratam a criança como companheira em situações nas quais ela não tem a menor condição de sê-lo, ora não assumem o papel de adultos em situações nas quais as crianças precisam aprender condutas, práticas e valores que só irão adquirir se forem iniciadas pelo adulto. As crianças são negligenciadas e vão ficando também perdidas e confusas. Muitos adultos parecem indiferentes e não mais as iniciam. A indiferença ocupa o lugar das diferenças [...] (KRAMER, 2000, p.19) As transformações na sociedade capitalista levou o ser a não ser tão importante quanto o ter, diante disso, a mulher que durante muitos séculos ficava em casa quase que exclusivamente para cuidar dos filhos e educá-los, passou a trabalhar fora o que gerou a ausência de ambos (pai e mãe) e para compensar essa ausência muitos deles passaram a presentear os filhos com tecnologias ou não
  • 27. 25 impor limites aos filhos. Mas as crianças só irão aprender valores se a iniciativa partir dos adultos. [...] O discurso da criança como sujeito de direito e da infância como construção social é deturpado: nas classes médias, esse discurso reforça a ideia de que a vontade da criança deve ser atendida a qualquer custo, especialmente para consumir; nas classes populares, crianças assumem responsabilidades muito além do que podem. Em ambas, as crianças são expostas à mídia, à violência e à exploração [...] (KRAMER, 2000, p.18) No entanto se a não crianças for entendida como dentro das suas precisões, ou seja, brincar e aprender, com adultos ao lado os acompanhando, “um dos maiores problemas da atualidade é que tanto os pais como os professores podem perder a autoridade” (KRAMER, 2000). Autoridade não é autoritarismo, tem que voltar o diálogo entre adulto e criança em que o sentido moral, ético, social, solidário e afetivo, volte a ser tratados com respeito e equilíbrio. Na atual sociedade vemos muitos adultos, pais e professores, desistirem dos seus reais papéis em nome dos direitos da criança. Eles usam esse conceito para não colocarem regras, não expressarem seu ponto de vista, não tomar atitudes frente a alguns posicionamentos da criança e também do adolescente. Sendo assim, os pais perderam a senso de se posicionar agindo ora aprovando ora reprovando o que deixa a criança e o jovem sem punições após um ato contravenções, o que piora quando os mesmo se encontram sem respostas para muitas das suas perguntas, sem base e sem poder confiar em um adulto para relatar fatos da sua vida cotidiana. Desocupando seu lugar, os adultos ora tratam a criança como companheira em situações nas quais ela não tem a menor condição de sê-lo, ora não assumem o papel de adultos em situações nas quais as crianças precisam aprender condutas, práticas e valores que só irão adquirir se forem iniciadas pelo adulto. As crianças são negligenciadas e vão ficando também perdidas e confusas. Muitos adultos parecem indiferentes e não mais as iniciam. A indiferença ocupa o lugar das diferenças (KRAMER, 2000, p.19) Lembrando que uma multidão de pais, enquanto pessoas adultas agem de forma ambígua e sem autoridade, porque enquanto criança e jovem, não tiveram respostas para seus questionamentos. E por muitas vezes terem ao seu redor uma sociedade que não garantia respeito aos seus direitos e uma desigualdade e
  • 28. 26 injustiça sociais, o que dificulta a tarefa de educar a crianças, viabilizando para o futuro, adultos solidários, que respeite as diferenças e que lute pelas desigualdades. Sem autoridade (SENNETT, 2001) e corroídos no seu caráter (Idem, 1999), os adultos têm encontrado soluções para lidar com identidade, diversidade e para delinear padrões de autoridade, resinificando seu papel, na esfera social coletiva? Ou identidade, diversidade e autoridade estão em risco, agravando a desumanização, se é possível usar essa expressão diante da barbárie que o século XX logrou nos deixar como herança? (KRAMER, 2000, p.19) O próximo capítulo analisa a importância da família na vida escolar da criança, e o como professor é o elo principal para fazer essa aproximação.
  • 29. 27 3. FAMÍLIA, ESCOLA E SUAS OBRIGAÇÕES. Este capítulo desenvolve o quão importante é a família no acompanhamento de desenvolvimento escolar da criança e como os professores pedem colaboração nesta relação. Como já foi visto formação das famílias mudam no contexto histórico e hoje não é somente a composição de pai, mãe e filhos que formam uma família nuclear. Notar a valorização referente à participação da família na escola é fato primordial para o desenvolvimento escolar das crianças de forma favorável ao sucesso. Como já foi visto, existe uma variedade de composição familiar, a sociedade possui um conceito de família ideal, porém essa ideia do imaginário da escola e dá sociedade, de fato, não é a realidade de muitas delas. Porém não podemos responsabilizar esses novos modelos familiares, tão somente, pelo fracasso escolar. A participação da família é um dos meios para a criança alcançar o sucesso ou não no aprendizado. Precisamos aprofundar os estudos em ralação as famílias sem prejuízos morais, sem limitar, demonstrando que através de atitudes abertas favoreceremos o desenvolvimento educacional. Uma das grandes queixas dos professores é realizar atividades com interação das famílias das crianças nas séries iniciais, isso ocorre tanto a distancia (ajuda em casa), como presencial (necessita deda presença dos pais na escola), pois é visível a pouca participação das famílias. Essa precária participação, é resultado das composições familiares que temos atualmente. A cada ano está ficando mais complicado dialogar com as famílias, pois elas se modificam constantemente. [...] Atualmente está reduzida a um ou dois filhos, em sua maioria, onde os laços que os mantém unidos estão cada vez mais frágeis possíveis de ser desfeitos em prol dos interesses individuais de cada membro do casal contemporâneo. (ARIÉS, 1981, p.271) Mas se, os pais demonstrarem interesse em um rendimento escolar adequado dos seus filhos, estando presente e ajudando no processo de aquisição de conhecimento, a escola poderá evoluir com um novo significado.
  • 30. 28 3.1 Família e escola, uma parceria de sucesso. É imprescindível frisar que ao referir aos ”pais” a presente pesquisa menciona todos aqueles considerados responsáveis pela criança, podendo ser os pais biológicos ou adotivos, e mesmo, aqueles que encontramos na nova formação familiar da contemporaneidade. As escolas como instituições educacionais necessitam estarem abertas as novas formações familiares, caso contrário à relação escola família jamais se estabelecerá. E necessário que haja uma relação pautada no respeito, no não preconceito e na união, para que estudantes e futuros cidadãos sejam seguidos de perto e guiados na sua formação. A união dessas duas instituições tão importantes (escola e família), não deve ser estabelecida no formato do autoritarismo, em que somente a escola ou somente a família está certa e onde ambas as instituições estão fechadas para o diálogo. É verdade que com o passar dos tempos, historicamente a relação entre a escola e a família sofre modificações e atualmente muitos pais estão deixando para a escola toda a responsabilidade da educação dos filhos como sugere Zagury. Há um grupo de pais que, depois de matricular os filhos parece considerar sua missão terminada e daí em diante entrega à escola toda e qualquer problemática relacionada à educação (quer se trate de conteúdo, quer se esteja falando de formação ética ou cidadania). De uma maneira geral, esses são pais ausentes, que não comparecem a reuniões quando convidados ou que, quando chamamos para entrevistas ou reflexões conjuntos, nunca podem ir. (ZAGURY, 2002, p.196) Antigamente o poder das escolas era quase supremo, fato este, que gerava uma desigualdade desproporcional para os alunos por causa da educação “bancária” em que os professores detinham o saber e os alunos se tornavam depósito de conhecimento, os pais eram os primeiros a dar razão para qualquer ato vindo dos professores e de toda a escola sem argumentar. “A inserção da mulher no mercado de trabalho mudou a forma dos pais se relacionarem com os filhos que tiveram sua educação transferida a terceiros, o quê motivou danos à autoridade do adulto perante as, crianças” (KRAMER 2000). A relação escola família ficou abalada. A escola por não ter estrutura para cumprir com
  • 31. 29 uma obrigação que era dos pais passou a culpar a família pelo fracasso, pelas frustrações e indisciplina dos alunos. Os pais por sua vez passaram a cobrar maior responsabilidade das escolas e culpá-las, junto com os professores e diretores todos os problemas que acontecia em relação a seus filhos. Sendo assim a perca de confiança entre escola e família vem abalando ainda mais as estruturas de ensino, a confiança que um dia já existiu precisa ser refeita, pois apesar de terem objetivos comuns à escola e as famílias não se entendem. Os motivos que levam a essa relação são diversos e diferentes uns dos outros, podemos dizer que a família não concorda com nada que a escola demonstre em relação a seus filhos, porque desconfia de tudo e de todos na escola, essa mesma família geralmente é ausente, e delega a escola integralmente a responsabilidade de educar seus filhos. Para Zagury, por outro lado à escola esta sobrecarregada com tantas atribuições e funções seus professores trabalham em diversas escolas diferentes, com regras diferentes, comunidades diferentes, muitas vezes vem de uma formação precária, que deixa muito a desejar em diversas áreas do conhecimento, aumentando ainda mais a desconfiança dos pais, hoje mais letrados, em relação aos ensinamentos que a escola oferece. Por que essa confiança se perdeu? Por vários motivos. Um deles é o fato de que muitos pais têm hoje conhecimentos que os tornam capazes de perceber falhas ocasionalmente cometidas pelas escolas. Mas esse seria o lado positivo, se não houvessem muitos conceitos mal compreendidos. Daí que, por vezes, as reclamações tornam-se infundadas. Reclamar é um direito. Resta saber, do quê e de que forma fazê-lo para não comprometer a confiança que nossos filhos depositam em seus mestres. Talvez seja muito mais perniciosa para uma criança a desconfiança em seus orientadores, do que o fato de esse sentimento ter ou não fundamento. (ZAGURY, 2002, p.16) Existem muitos fatos que podem anular a relação entre a escola e a família, porém não iremos entrar nesse contexto, mesmo porque nossa proposta não é aprofundar em relação às causas, mas sim analisar a importância dessa união para as nossas crianças e como enfrentar sem preconceito dos dois lados e os problemas que possam emperrar essa relação. Como cita Martins, o pediatra escritor que teve inciativa de escrever sobre a terceirização da criança. “Não culpo,
  • 32. 30 em absoluto, as mães ou as famílias pelo que está acontecendo: apenas alerto pra um problema que está me angustiando como pediatra, avô e ser humano” (MARTINS, 2012). Acrescentando apenas, que também não os educadores não são culpados. Educar é mostrar o que pode e o que não se pode fazer. Para determinar o que se pode ou não fazer, a discussão é fundamentada sobre quais conceitos culturais, psicológicos e familiares estão sendo colocados em uma sociedade em que segundo o pediatra José Martins Filho, a criança está cada vez mais terceirizada. [...] As crianças “mimadas”, quase sempre são aquelas que vivem com muitas pessoas a sua volta – babá, mamãe, vovó, vovô, papai, mas nenhuma delas define um parâmetro educacional. Umas temem perder para os outros a simpatia da criança. E o que no começo é uma alegria, com muita festa, com o tempo transforma-se em gritaria, insônia, falta de apetite etc., resultado da falta de critérios que determinem o que pode e o que não pode [...] (MARTINS, 2012, p. 79) Já vimos que o papel da mulher na sociedade mudou a partir do momento em que ela teve que trabalhar para ajudar no sustento da casa. Hoje a mulher é também chefe de família e por mais que ela queira, para poder manter a subsistência dos descendentes e dela própria, é obrigada a ficar longe de seus filhos que quando pertencentes à classe média são sobrecarregados de atividades ligadas à educação, mas quando pertencentes à classe baixa ou desfavorecida são muitos os que não têm sequer a creche ou a escola para passar seus dias, portanto acabam por ficarem em extremo desamparo, até mesmo nas ruas, sem o mínimo de orientação, abandonadas a própria sorte. Portanto ocorre que “[...] Terceirização da educação, conferida às escolas” (Martins, 2012, p.92), mas segundo ele as escolas não querem essa responsabilidade e também não estão preparadas, professoras que deixam seus filhos em creches ou escolas nas mãos de terceiros para poder educar os filhos dos outros, mas reclamam e afirmam que seu dever é ensinar a ler e escrever, alfabetizar, educar é dever da família. A nova sociedade não se pode dizer mais “patriarcal ou matriarcal”, pois os papéis não estão mais definidos. Segundo o psicanalista e professor Raymundo de Lima, é culpa da sociedade capitalista que vivemos hoje, quando afirma que: “A
  • 33. 31 sociedade capitalista corroeu, por um lado, a autoridade do pai e por outro lado, sequestrou a mãe para o trabalho, impedindo-a de dar o necessário colo ao filho”. (MARTINS, 2012, p.95) Para Szymanski, esta visão da sociedade pode elucidar os fatores da complicada relação família-escola, porém não podemos jogar toda a responsabilidade da educação da criança para a escola que tem por deveres específicos de áreas de saber, o que é fundamental para instruir as novas gerações. Nota-se frequentemente uma confusão quanto a quem cabe a educação das crianças e quais aspectos são específicos de cada instituição. Algumas professoras queixam-se de que as famílias delegam a elas toda a educação dos filhos e, com razão, sentem-se sobrecarregadas e mesmo incapazes de realizar tal tarefa. Algumas vezes, as famílias sentem-se desautorizadas pela professora, que toma para si tarefas que são da competência da família. Isso me faz lembrar um dito antigo que rezava: "Costume da casa vai à praça". (SZYMANKI, 2010, p. 223) Mas os ensinamentos escolares devem ser ministrados com muita responsabilidade, respeito e confiança, pelos professores. O carinho maternal, o acolhimento e o acompanhamento, que devem ser dado pela família, independente de sua formação, classe social, com mais o menos tempo para exercer esse papel que é fundamental para garantir uma boa qualidade de educação da criança. É certo que, “nunca haverá uma educação satisfatória para nossas crianças sem que haja uma estreita cooperação entre os professores e pais”. (CHARMEUX, 2000, p.114). Sendo assim, pais e professores são partes integrantes do sistema educativo, e desta forma não podem ser divergentes, contraditórios ou então trabalharem sozinhos. Nesse sentido, os pais precisam interagir com a escola e com os professores ajudando seus filhos na elaboração de suas aprendizagens, não fazendo a função dos professores sendo meros repetidores das tarefas escolares, mas sim contribuindo para que a educação escolar possa ter continuação no ambiente familiar. A escola precisa ser uma instituição responsável pelo ensino das ciências, atentando-se para o fato de que a composição da subjetividade da criança se faça tanto com influência da família quanto na interação com a escola. Portanto, pais e escola não podem ter uma relação de concorrência, um uma instituição não pode depender da outra, ou seja, o professor não pode substituir
  • 34. 32 os pais, preenchendo o seu função e em compensação os pais não devem assumir o que é de encargo da escola, mas ajudar os filhos a dar continuidade na aprendizagem da escola o acompanhando, o orientando, o ajudando a se organizar, mesmo porque a função a família é sem dúvida fundamental e insubstituível e independente da escola. Para Szymanski, “as famílias tem o dever dar acolher os filhos: um clima constante, provedor, afetuoso”. Superar as dificuldades, ser um exemplo para o filho nesse quesito, para poder orientar os filhos em relação a vivências que terão fora de casa, não usar a violência e sim o diálogo como forma de educação. É verdade que grande parte das famílias é impossibilitada de fazer isso devido a questões particulares, sociais e econômicas, pois a pobreza principalmente traz muitas dificuldades para que os pais tenham a estabilidade indispensável para apoiar os filhos. Acreditamos que equipes multidisciplinares possam colaborar para a construção de um conhecimento. A intermediação da comunidade, com a participação de seus representantes, também abre perspectivas de uma parceria, na qual a troca de saberes substitua a imposição e o respeito mútuo possa fazer emergir novos modelos educativos, abertos a continua mudança. (SZYMANKI, 2010, p. 224) No entanto, é compreensível que os pais especialmente das classes desfavorecidas, encontram dificuldades para procurar esses serviços, até mesmo por causa de seu baixo de nível de escolaridade e instrução. O ponto de partida é o reconhecimento mútuo. O conhecimento das escolas a respeito das famílias é, muitas vezes, baseado em preconceitos (MELLO, 1995, p. 52). O mais frequente é o da "família desestruturada” a grande responsável pelos fracassos em Língua Portuguesa, Matemática, Geografia etc.. Outros preconceitos muito frequentes são o da "carência cultural", o do desinteresse das famílias. O preconceito se limita numa interpretação fechada do outro e seu mundo e define atitudes, sentimentos e ações que guardam a mesma característica de rigidez. (SZYMANKI, 2010, p. 221) Porém, alunos vindos de famílias socialmente favorecidas, também podem apresentar problemas, mesmo porque muitas vezes os pais delegam suas responsabilidades e para compensar os enchem de presentes e bens matérias. Nesse sentido, as escolas precisam modificar essa visão em relação aos alunos, vindos de famílias desestruturadas, em vez de puramente classifica-los de
  • 35. 33 maneira preconceituosa, a mesma deve buscar encontros que visem novas perspectivas e soluções. 3.2 A participação dos pais Como já foi visto a participação da família é importantíssima e intransferível no que se refere aos estudos dos filhos, de forma a complementar o trabalho dos educadores. Um esforço em conjunto em que a participação dos pais é essencial. Porém, os pais começam a participar no processo de aprendizado dos filhos, muito antes da criança adentrar na escola. O ambiente em que convive seguramente influenciará diretamente no aprendizado da criança, no que se refere à leitura, por exemplo, quanto mais a criança observa os familiares lendo, mais interessada na leitura fica mais ela quer aprender a ler, principalmente quando esses momentos são transformados em momento de prazer e circunstância de sua vida cotidiana, se ao contrário a leitura incomodar a família, infelizmente criança que tiverem essa visão da leitura provavelmente terão dificuldade maiores para aprender e entender a grande contribuição da leitura para suas vidas. [...] Dois fatores são aqui preponderantes: o meio no qual a criança evolui, com os conteúdos de impregnação que ela recebe, e a rede de relações positivas e negativas que tecem sua vida afetiva. Em particular, a maneira através da qual a “coisa escrita” é recebida em casa determina em grande parte o modo pelo qual a criança vai recebê-la (CHARMEUX, 2000, p.115) No entanto, é dever da escola ensinar as crianças a ler e escrever, adicionando os conhecimentos de trazem de casa com a leitura. A ajuda fundamental que os pais podem dar para a criança é a abundância de materiais escritos e variedade de conjunturas em que ele evidencia a criança a emprego da escrita. Na medida em que os filhos assistem seus pais fazerem uso da escrita em diversas atividades como: receitas culinárias, bula de remédios, validade de produtos diversos, instruções de como se usa variados produtos, em especial os eletrodomésticos e eletrônicos. Hoje com o uso do celular da internet, essa demonstração pode ir muito além, como por exemplo, ensinar a criança o quão
  • 36. 34 importante é a leitura para entender os e-mails, os jogos, as pesquisas e tudo o que se refere a essa modalidade leitura. Assim sendo, momentos normais na vida de qualquer pessoa, pode se utilizado para demonstrar as crianças grande variedade da funcionalidade da escrita e da leitura e despertar a curiosidade da criança em querer aprender a ler e a escrever. Mas “... Não é somente a quantidade de escrito que é importante aqui, é a maneira da qual falamos dele, [...] de relação afetiva com o escrito... Há tempos os especialistas insistem na necessidade de ler livros às crianças bem cedo” (CHARMEUX, 2000). Os momentos de leitura devem estar relacionados ao prazer. Ao contarmos diversas histórias elas podem igualmente proporcionar ocasiões de conversa, troca de confidências, conclusões alternativos, Os momentos de leitura devem estar relacionados ao prazer. Ao contarmos diversas histórias elas podem igualmente proporcionar ocasiões de conversa, troca de confidências, conclusões alternativos, levando a criança ter o desejo de ela mesma se dar este deleite, instruir-se a ler, é um porta conveniente para que a criança desde cedo perceba a funcionalidade social da escrita. Confrontar um filme com livro que o originou é um dos principais exercícios a ser feito pelos pais para ajudarem os filhos a se interessar pela leitura. Essa demonstração leva as crianças a perceberem como a história pode ser reescrita com adaptações e outros pontos de vista, levando-as futuramente a não ter ou ao terá menos dificuldades em reescrever histórias ou demonstrar as diferenças entre as diversas versões. Permitir a crianças expressar muito cedo esse prazer propicia um conhecimento cultural incomparável, ter lembranças que associem prazer e cultura na mais tenra idade significa uma possibilidade maior de sucesso escolar. (CHARMEUX, 2000, p.119) São diversas as oportunidades em que as famílias poderão demonstrar momentos de prazer relacionados à leitura como visitar bibliotecas, livrarias, lançamentos, feira de livros etc. O conhecimento e a boa relação com os livros causam até mesmo a sua preservação do quando empregado em comum com outros especialmente, como o
  • 37. 35 livro dá prazer às crianças é muito provável que eles não o estragarão, por saber da sua necessidade. A ajuda que os pais podem oferecer aos filhos que já frequentam a escola é interessar-se pelos filhos, mas isso não quer dizer que devem vigiá-lo, mesmo porque vigiar está muito próximo a desconfiar e ameaças. Para ter uma boa relação com a escola, com o conhecimento e o que os professores ensinam em sala de aulas, os pais podem apoiar os filhos em suas tarefas escolares, instruindo, dando pistas, conversando e ficar atentos aos avanços e retrocessos. Na verdade, a criança tem necessidade de que a acalmem, de que demonstrem que ela apresenta os meios de fazer o que lhe é proposto, de que lhe provem que ela fez bem o que o professor pediu para ela fazer, não de que lhe dificultem a vida já bastante complicada. Com os pais acompanhando diariamente os cadernos, ouvindo os filhos e se aproximam da escola, a parceria com ela tem mais chance de dar certo. Ir aos eventos, participar das festas e exposições das escolas é muito interessante, e ajuda no sucesso das crianças, são momentos em que as duas partes escola família trabalham juntas, buscando soluções necessárias para que o caminho do sucesso escolar das crianças seja pacífico e enriquecedor. Faz sentido, é necessário que a escola em parceria com a família demonstre a importância da aprendizagem dos conhecimentos do mundo para as crianças, assim sendo, mesmo os pais que por situações adversas não puderam estudar na idade certa, tenham conhecimento da importância que os estudos podem fazer aos filhos, para poder interromper um círculo vicioso, que afasta nossas crianças da escola e dificultando o fim do analfabetismo no nosso país. 3.3 Pais e professores em conflito Até aqui foi visto que é dever dos pais participar ativamente na educação dos filhos, a escola por sua vez deve envolver as famílias nas atividades escolares no sentido de induzi-la a esse fim, no entanto a mesma tem uma função mais relacionada à de sociabilizar o aprendizado dos alunos as suas devidas famílias, dentro desse contexto o acompanhamento das atividades escolares em seu
  • 38. 36 cotidiano parece não ter tanta importância para a escola, porém é fundamental para o desenvolvimento das crianças, assim sendo, fica faltando algo que, sobretudo incentive os pais a participarem no cotidiano escolar dos filhos. Para chegar a esse fim é fundamental a intermediação dos professores. Em seu livro “Avaliar – respeitar primeiro educar depois”, Jussara Hoffmann afirma que os professores criticam negativamente os pais a respeito da sua participação na educação dos filhos. Há algum tempo ouvi de professores, em seminários acerca da interferência dos pais nas escolas: “Por vezes, não temos nenhum poder de decisão, os pais têm toda a preferência!” “Muitos pais criticam os professores não sabem nem mesmo educar os filhos!” “Não temos apoio da direção quando eles reclamam do que se faz”. (HOFFMANN, 2012, p.41) Segundo a autora na visão dos especialistas e da mídia a qualidade de ensino melhora com a participação dos pais, no entanto é necessário que se faça um resgate sobre a função do professor. “O professor é o profissional da aprendizagem, figura crucial dos processos formativos que implicam formação de caráter, da personalidade das pessoas. Ninguém se torna profissional sem passar por muitos professores”... (HOFFMANN, 2012). Uma veracidade, tal afirmação é um quesito incontestável. Muitos pais, no entanto não participam ativamente educação dos filhos deixando essa função exclusivamente aos professores, como já foi visto este fato é confirmado através de pesquisas de campo, relatos dos alunos, observações dos professores e da própria escola. Esta situação é uma das geradoras de conflitos nas escolas, para que ela seja extinta existe a necessidade que os professores e pais saibam quais as suas missões enquanto responsáveis por essa educação. Existem vários estudos que mostram que a função do professor é pedagógica e essa não pode ser designadas aos pais, portanto aos professores cabe à responsabilidade de saber que o dever dos pais não é pedagógico. Hoffmann ressalta em seu livro que o professor precisa acompanhar de perto a evolução dos alunos para que eles sejam alfabetizados, um dos grandes problemas da atualidade é que muitos adultos apesar de terem sido escolarizados não dominam a leitura e chegam à faculdade sem conseguir entender o que leem. Para a autora grande parte dessa dificuldade vem da falta de um bom acompanhamento por parte dos professores, mas a alfabetização “é um problema de todos que se dizem professores” (HOFFMANN, 2012), segundo ela para chegar a
  • 39. 37 esse objetivo, os professores devem acompanhar o aluno de perto e servir como exemplo, a autora é bastante enfática nesse momento e faz diversos questionamentos. [...] Sentar ao lado deles, observá-los lendo e escrevendo, conversar sobre o texto que leram. Se solicitarmos leituras de livros, essas devem ocorrer primeiro em sala de aula, com livro nas mãos... Onde foi parar a leitura oral em classe? E a discussão das leituras em grupo sob a mediação do professor? Quem disse que isso não pode mais ocorrer em sala de aula? Como um jovem de 17 anos aprende a ler e “contra ler” vários textos, de um dia para o outro, a pesquisar em uma biblioteca onde nunca entrou? (HOFFMANN, 2012, p.128) Desta forma é evidente a crítica da autora aos professores que vem atuando de maneira destorcida ao longo do tempo. Refletindo sobre todos os argumentos utilizados por ela fica claro que é dever dos professores adentrar o mundo dos alunos para a efetivação do aprendizado, a empatia dessa forma passa a ser ingrediente indispensável para que haja essa relação e o educador dever ser por excelência leitor. Critica também abordada por Cátia Toledo Mendonça no livro “leitura o mundo além das palavras”, quando ela se refere à atuação a importância e atuação do professor na formação de leitores, segundo ela o professor tem papel primordial nesse aspecto, porém para facilitar a formação de leitores sugere leituras fáceis, ou seja, o aluno passa anos na escola lendo livros da Literatura Infantil. Ao se tentar “despertar o gosto pela leitura”, são apresentados aos alunos textos facilitados, que não exigem do leitor grande esforço. Esses textos, que são adequados para as séries iniciais, se mantidos ao longo das séries, além de não desenvolver novas habilidades leitoras, também não apresentam desafios ao leitor que, cansado da mesmice, tende a desinteressar-se pela leitura. Ao traçar etapas de um processo, o professor deve considerar variedade de gêneros, de tipos textuais, mas também deve considerar, dentro de cada um, as dificuldades crescentes. Além disso, a incursão por novas experiências estéticas permite que o leitor conheça novas formas de dizer, conheça o texto rico em imagens e perceba as formas como a literatura elabora a linguagem. Nesse sentido, a leitura literária se torna fundamental. (MENDONÇA, 2010, p. 145) Para Lojolo, o professor tem que ser acima de tudo leitor, para consequentemente levar os alunos a serem bons leitores.
  • 40. 38 A discussão sobre leitura, principalmente sobre leitura numa sociedade que pretende democratizar-se, começa dizendo que os profissionais mais diretamente responsáveis pela iniciação na leitura devem ser bons leitores. Um professor precisa ler muito, precisaenvolver-se com o que lê. (LAJOLO, 2002) Tais considerações também são constatadas por profissionais da educação. Trabalhando em escolas é possível observar que quando são indicadas leituras aos alunos, logo os mesmos exigem nota e que os livros sejam “fáceis”. Quando tem leitura livre na sala de leitura a grande maioria vai à sessão de livros destinada aos alunos menores para escolherem os livros os que vão ler, independente do ciclo que pertencem muitas vezes os próprios professores levam livros nesse estilo para a sala de aula demonstrando que ao longo da sua vida como estudante a leitura não foi bem conduzida no sentido de torná-los leitores. Contradizendo recomendações de estimular o prazer pela leitura que deve ser desenvolvido através da apresentação de leituras que também instiguem os alunos a pensarem. A leitura precisa ser um espaço mais amplamente aberto a todos os aspectos culturais do povo, e ir além do ensinar a ler e a fazer as quatro operações. Precisa investir em bons livros, considerando que a cultura de um povo se fortalece muito pelo prazer da leitura; e a escola representa a única oportunidade de ler que muitas crianças têm. É necessário propiciar nas salas de aula e na biblioteca a dinamização da cultura viva, diversificada e criativa, que represente o conjunto de formas de pensar, agir e sentir do povo brasileiro. (BRAGA, 1985, p.17) Por outro lado, Hoffmann analisa através de suas vivências que o Brasil não é um país de leitores, segundo ela tal contestação foi feita através de várias viagens feitas pelo mundo. Lamenta pelos brasileiros não darem a devida atenção aos filhos em relação à formação de leitores, missão segundo ela que não é fácil, mesmo porque ela como leitora assídua deveria ter tido filhos com o mesmo compromisso, porém não conseguiu, o quê admira em uma amiga que fez dos filhos exímios leitores deixando livros espalhados pela casa. Ela nos adverte que nunca é tarde para começar, mesmo porque revendo suas atitudes e a dos seus filhos que não gostavam de ler seguiu os conselhos da amiga e hoje está conseguindo fazer de suas netas leitoras. O fato se estende aos próprios filhos que não cultivavam o
  • 41. 39 hábito até então, mas devido ao incentivo das pequenas leitoras da família passaram a se dedicar. A autora termina sua reflexão fazendo a seguinte observação: Minhas netas serão leitoras para sempre? Até essa idade, livros de todos os tamanhos e formas são alguns dos seus brinquedos preferidos. Se não forem para sempre, a magia de hoje, com certeza, terá muita força amanhã. A paixão pelos livros dos avós, dos pais e educadores é essencial. É preciso nascer entre livros e leitores para ser gostar de ler. (HOFFMANN, 2012, p.136) Paulo Freire em seu livro “O Ato de ler”, conta que seus pais o “mais o ajudaram do que desajudaram no gosto pela leitura”. Sendo assim, os pais podem promover o gosto pela leitura, mas também podem através de seus e dizeres prejudicar os próprios filhos, mesmo sendo eles próprios leitores, fato este ocorrido com Jussara Hoffmann que apesar de ser grande leitora, acabou por não conseguir como a própria lamenta tornar seus filhos leitores. Mas, é importante dizer, a “leitura” do meu mundo, que me foi semprefundamental, não fez de mim um menino antecipado em homem, um racionalista de calças curtas. A curiosidade do menino não iriadistorcer-se pelo simples fato de ser exercida, no que fui mais ajudadodo que desajudado por meus pais. E foi com eles, precisamente, emcerto momento dessa rica experiência de compreensão do meu mundo imediato, sem que tal compreensão tivesse significado má querença são que ele tinha de encantadoramente misterioso, que eu comecei a ser introduzido na leitura da palavra. (FREIRE, 2001, p. 15) Nessa necessidade da parceria da família ler com os filhos, Sandroni e Machado, citam: Numa casa onde os pais gostam de ler, mesmo que não disponha de uma boa biblioteca, a criança cresce valorizando naturalmente aqueles objetos cheios de sinais que conseguem prender a atenção das pessoas por tanto tempo. A criança percebe, desde muito cedo, que o livro é uma coisa boa, que dá prazer. Os pais que não têm, eles próprios, o hábito de ler deveriam pensar na importância de tentar mudar de comportamento, tanto em benefício dos seus filhos quanto de si mesmos. (SANDRONI e MACHADO, 1998, p. 12) Com esses argumentos fica explícito que pais e professores jogam a culpa para o outro em relação ao desenvolvimento escolar das crianças. No entanto
  • 42. 40 ambos têm funções bem definidas e distintas nesse processo para chegarem ao mesmo objetivo. Os professores com já foi visto tem a função pedagógica de levar aos alunos o gosto pela leitura prazerosa e ir evoluindo de acordo com a faixa etária dos mesmos, enquanto que os pais tem o dever de estimular os filhos pelo gosto da leitura a partir do nascimento. Em ambos os caso é fundamental, por exemplo, ler próximo e também para a criança participar das leituras das mesmas quando essa já sabe ler ou contar histórias a partir das figuras dos livros, enfim estar sempre sugestionando livros espalhados por todos os cantos como bem descreve Hoffmann. O livro de Jussara foi apresentado na Escola Estatual Professor Messias no ano 2013 em uma sugestão de leitura da Secretaria de Educação do Estado de São Paulo, ao ler muitos professores da escola firam surpreendidos com a leveza e sinceridade com que a autora descreve sua análise, e todos se sentiram desafiados a pensar de como poderiam ajudar os pais a se aproximarem das atividades escolares dos filhos. O que era como sair de uma zona de conforto e ao invés de ficarem culpando os pais, afinal muitos não tiveram a oportunidade de serem estimulados a participar da vida estudantil dos filhos, mesmo porque muitos ou foram conduzido erroneamente durante sua vida escolar ou sequer tiveram a oportunidade de estudar. Mesmo porque Perrenoud afirma que é dever de o professor envolver e informar os pais sobre a vida escolares dos filhos, esta missão não é fácil, pois não bastam reuniões para informar notas e comportamento dos alunos, estás também devem ser envolvidas em assuntos que elevam o desenvolvimento do aluno. Nos dias de hoje, o dever de informar e envolver os pais nas escolas faz parte das atribuições de um professor e requer competência para isso, é obrigação da escola informar os pais em relação à educação de seus filhos. Mas fazer essa mediação não é fácil, os ministros defendem o direito à diferença e a tolerância, mas eles não vivem em aglomerados, apartamentos populares, não tem contato com outras culturas e outros modos de vida. (PERRENOUD, 200, p. 82) Pensando nisso, como contribuição para essa pesquisa segue em anexo um projeto desenvolvido na sala de leitura da Escola Estadual Professor Messias Freire, a “Maleta de Leitura” que teve como objetivo criar situações em que os pais
  • 43. 41 passam a se interessar a compartilhar da leitura com os filhos podendo assim efetivamente participar mais ativamente da vida escolar das crianças.
  • 44. 42 CONSIDERAÇÕES FINAIS Este estudo baseou-se em pesquisa bibliográfica de peritos no assunto abordado, leis específicas e a prática em sala de aulas, ou seja, a importância da família no contexto escolar de seus filhos. Este trabalho de conclusão de curso almejou cooperar para assistir professores, pais e demais profissionais da educação a procurarem portas e meditações que permitam uma melhor relação entre estas duas partes educacionais, tão respeitáveis na vida das crianças. Participação familiar é uma necessidade na atualidade e é um sonho de todos que estão dentro do contexto escolar. Quando tivemos vontade de fazer Pedagogia, logo após termos ido trabalhar na sala de leitura, logo vimos à necessidade de saber trabalhar com as famílias, pois sempre consideramos e valorizamos a relação familiar e acreditamos que parte do que está acontecendo pode ser resolvido com a participação efetiva desta na escola, fato este constatado nesta pesquisa, através da leitura de diversos acadêmicos que defendem a teoria, no entanto podemos ver que apesar de muito abordada, ainda não percebemos um empenho maior das autoridades para resolver questão. Nesse trabalho pudemos verificar que em nosso país existem várias leis que avalizam o direito e o dever dos pais na educação de seus filhos e que infelizmente toda esta legislação não é para que todas as crianças tenham seus direitos garantidos e preservados, a própria Gestão Democrática que é obrigatória nas escolas ainda está praticamente no papel, à mesma no Brasil está muito longe de ser uma realidade, pois a comunidade encontra diversos entraves que retardam sua participação ativa dentro das escolas, isso se dá principalmente pela falta de vontade dos gestores e também pela falta de informação dos pais. É possível afirmar que embora haja uma maior veiculação de subsídios, num mundo tão globalizado e tecnológico, é muito necessário que se lute no sentido de defender a família para podermos garantir que os direitos das crianças sejam preservados. Relembrando fatos na História da qual por meio de pesquisa foi admissível lembrar que esta instituição não foi e nem é sempre a mesma em sua formação e função social. Sendo que, a família e as semelhanças constituídas entre as pessoas que fazem parte da mesma, nem sempre foram fundamentadas no amor, no afeto e nos vínculos sanguíneos. Muitas vezes, as relações vivenciadas fundamentavam no poder que conduzia esta conformidade, ou seja, sistema
  • 45. 43 matriarcal ou patriarcal, ou mesmo em circunstâncias de pactos e interesses financeiros, em que seus filhos muitas vezes eram negociados como verdadeiros produtos. Assim, evolucionando de acordo com o período histórico e do local em que habitava geograficamente, ou seja, em que este grupo estava inserido, e até das condições socioeconômicas a qual a mesma pertencia, era determinada à forma na qual a família se ajeitava. Não sendo, portanto, uma só forma de organismo, a constituição chamada de nuclear, formada por pai, mãe e filhos. E ao lado da família, a criança igualmente nem sempre foi vista da mesma maneira que a concebemos hoje. Nem sempre foi dado a criança a atenção e os cuidados que a mesma necessitava para uma boa formação e desenvolvimento. É certo que, conforme os estudos do autor Ariès (1981), em sua obra titulada: “História Social da Criança e da Família”, a criança primeiramente era vista como um adulto em miniatura e não lhe era dado nenhum tratamento especial, causa que acarretava certo desapego dos pais em relação aos seus filhos e levava a um aumento da mortalidade infantil. Apesar disso, a despeito das famílias e da própria criança proporcionar diferenças em sua composição e valor, pudemos ressaltar que mesmo nos dias de hoje, onde as concepções familiares são tão desiguais daquelas analisadas nos primórdios da história da humanidade, durante esse estudo, uma ocorrência ficou clara - o amor e os laços afetuosos ligam com mais intensidade, mais que o próprio laço sanguíneo e a herança genética em muitos casos. No passado, em virtude do desconhecimento das características específicas que as crianças exibiam no seu desenvolvimento, até pela falta de estudos científicos e da própria realidade existida no coletivo em que as crianças estavam inseridas, muitas vezes a adesão se dava por amor desenvolvido no cotidiano com crianças que saiam de suas famílias de origem para conviverem outros grupos sociais na forma de principiante. Já no presente, as formas das novas composições familiares procuram dar as crianças um lar e uma nova família, seja qual for à concepção vigente. Mesmo porque em nosso país já têm a existência de uniões homo afetivos que adotam crianças com finalidade de cultivar uma família rodeada de amor e carinho independente dos laços sanguíneos e genéticos. É aceitável garantir que apesar de haver uma maior veiculação de subsídios, num mundo tão globalizado e tecnológico, seja necessário haver uma modificação no olhar da própria sociedade diante das novas concepções familiares dos dias de hoje, sem discriminações e preconceitos. É certo afirmar que a família e a escola não podem trabalhar
  • 46. 44 discordando e sim solidariamente, e nem uma é mais que a outra, ambas são de suma importância para as necessidades educacionais das crianças, uma completa a outra dentro, dessa forma uma não pode substituir a outra. Existe um conflito entre pais e professores, onde um joga a responsabilidade para o outro sobre o desempenho escolar das crianças. Os pais têm dificuldades para acompanhar os filhos em suas atividades escolares, mesmo porque grande parte não teve a oportunidade de ter passado por uma escola que realmente valoriza ao aprendizado e não possuem o hábito da leitura que é fundamental para esse entrosamento. Muitos professores também não cultivam esse hábito, porém é obrigação dos mesmos promover o aprendizado. Contudo o professor pode fazer essa mediação tornando os pais participativos a partir do momento em que se propõe a desenvolver atividades prazerosas que necessitem da do auxílio dos pais. Essa pesquisa nos possibilitou por em prática o projeto “Maleta de Leitura” que ratificou que é possível os professores aproximarem os pais das atividades escolares dos filhos sem constrangê-los. Quando tratados com respeito e carinho os mesmos sabem reconhecer a importância da sua participação nas atividades escolares dos filhos, no entanto o professor deve evitar enviar trabalhos obrigatórios aos mesmos e depois ficar reclamando sem repensar as suas atitudes. Através desse projeto podemos comprovar as afirmações da Jussara Hoffmann. Esperamos que este trabalho possa ter continuidade, pois apartir dele o tema na escola gerou muitas discussões. Outra forma que viabiliza essa aproximação por parte dos pais e pode ser desenvolvida pelos professores é a demonstração dos trabalhos realizados pelas crianças em reunião de pais. Concluímos que é muito importante a participação da família na vida escolar das crianças, a família como foi descrito no decorrer desse trabalho existe muito antes da educação adentrar as escolas, por isso o meio que cerca uma criança influenciará e muito no seu futuro e seu sucesso escolar. Com a proposta deste trabalho determinadas meditações puderam ser feitas na busca incessante de se localizar opções que colaborem para a parceria entre a escola e família. Nesse sentido, ao invés de incidir verdadeiras guerras entre professores e pais, onde cada um joga ao outro a culpa de um fracasso escolar, por desarmonias na forma de atuar, atitude esta que só prejudicam o desenvolvimento
  • 47. 45 das crianças, vamos procurar o entrosamento, a veneração mútua e o comprometimento no qual a criança seja a maior beneficiária. E, que as escolas, principalmente as públicas olhem para os direitos dos pais e alunos democraticamente procurando melhorar sempre, buscando qualificar seus profissionais para que as novas gerações possam usufruir o direito da plena educação.
  • 48. 46 REFERÊNCIAS ARIÈS, P. História Social da Criança e da Família. 2. ed., Editora LTC: Rio de Janeiro, 1891. BRASIL. Constituição: República Federativa do Brasil. Brasília: Senado Federal, Centro. BRASIL. Lei Federal Nº8069, de 13 de julho de 1990. ECA – Estatuto da Criança e do Adolescente. CARVALHO, I. M.; ALMEIDA, P. H. Família e proteção social. São Paulo em Perspectiva, 1702/2003 http://www.scielo.br/pdf/spp/v17n2/a12v17n2.pdf Acessado em: 23/01/2015. CHARMEUX, E. E o papel dos pais em tudo isso. In: Aprender a ler: vencendo o fracasso. 2. ed., Bloch Editora, 1988., Rio de Janeiro, DELORS, J. (Coord.). Os quatro pilares da educação. In: Educação: um tesouro a descobrir. Cortezo: São Paulo 2012, p. 89-102. A vida com a educação. Com uma ou com várias: educação? Educações. FREIRE, P.A importância do ato de ler. Editora Cortez: São Paulo, 2001. FREIRE, P. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa. 11. ed., Paz e Terra, 1999. Rio de Janeiro. GOHN, M. G. Os conselhos municipais e a gestão urbana. Disponível em:http://bibliotecavirtual.clacso.org.ar/ar/libros/urbano/gohn.pdf Acessado em: 20/12/2014 KNOBEL, M. Orientação Familiar. Papirus Editora: Campinas, 1996. KRAMER, S. A infância e sua singularidade. In: BRASIL, Ministério da Educação. Ensino fundamental de nove anos: orientações para a inclusão da criança de seis anos de idade. Brasília: FNDE, Estação Gráfica, 2006, p. 13-23. KRAMER, S.; ROCHA, E. A. C. (Orgs.). Educação Infantil: enfoques em diálogo. Papirus: Campinas, 2011. p. 385-395. LAJOLO, Marisa, Do mundo da leitura para a leitura do mundo. Ática: São Paulo 2002.
  • 49. 47 Lei nº 13.058, de 22 de dezembro de 2014. Altera os arts. 1.583, 1.584, 1.58 e 1.634 da Lei no 10.406, de 10 de janeiro de 2002, Código Civil. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2011-2014/2014/Lei/L13058.htm Acessado em: 15/01/2015 MARTINS, J. F. A criança terceirizada: Os descaminhos das relações familiares no mundo contemporâneo. 3. ed., Editora Papyrus: Campinas, 2007. MENDONÇA, C. T., Ler é atribuir sentido. In: Leitura: o mundo além das palavras. Instituto RPC: Curitiba, 2010. NASCENTE, A. Dicionário da Língua Portuguesa da Academia Brasileira de Letras, Bloch Editora: Rio de Janeiro, 1988. OLIVEIRA, C. B. E. ARAÚJO, C. M. M. A relação família-escola: intersecções e desafios. Estudos de Psicologia, Campinas. v. 27, nº 38, Jan./Mar. 2010. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0103166X2010000100012&script=sci_arttext& gt. Acessado em: 05/11/2014. Orientações para a inclusão de crianças de seis anos de idade. MEC: Brasília, 2000. PIRES, K.M. Os seus, os meus, os nossos. IN: A&E Atividades e Experiências – Especiais PERRENOUD, Philippe. Dez novas competências para ensinar / trad. Patrícia Chittoni Ramos. Porto Alegre: Editoras Artes Médicas Sul, 2000. PRADO, D. O Que é Família. Ed. Brasiliense: São Paulo, 1988. PRIORE, M. D. História das crianças no Brasil. 4. ed., Editora Contexto: São Paulo, 2004. RODRIGUES, C. B. O Que é Educação. Editora Brasiliense: São Paulo, 1981. SANDRONI, L. C.; MACHADO, L. R.A criança e o livro: guia prático de estímulo à leitura. 4. ed., Ática: São Paulo, 1998. SOUZA, V. A. Gestão Educacional. Disponível em: http://www.portaleducacao.com.br/pedagogia/artigos/2366/a-gestao-educacional-e- a-ldb#ixzz3MU1ZhuL2 Acessado em: 15/12/2014. VYGOTSKI, L. S. A formação social da mente: o desenvolvimento dos processos psicológicos superiores. Martins Fontes: São Paulo, 2000. ZAGURY, T. O Adolescente por ele mesmo. Record: Rio de Janeiro:,1996.
  • 50. 48 ANEXO “Maleta de Leitura” A partir das considerações de Hoffmann e Pirrenoud, em reunião com os professores surgiu a seguinte questão: como exigir dos pais leitura, se muitos não são leitores? Indo mais ao fundo dessa questão notamos que a autora afirma que é possível aproximar os pais das atividades escolares dos filhos através da leitura. Diante desta constatação nasceu um desejo enorme de ajudar os pais, porém sem exigências, imposições ou críticas a se aproximarem dos filhos nessa questão. Começamos timidamente a sugerir que os alunos levassem livros para os pais lerem, tivemos algumas poucas respostas boas, no entanto muitos alunos se negavam a levar, reclamavam que os pais não gostavam de ler e até mesmo muitos dos que aceitaram o desafio voltaram decepcionados com a reação dos pais. Ainda assim não desistimos, observamos que precisávamos fazer algo mais dirigido que chamasse a atenção dos pais, assim surgiu o projeto “Maleta de Leitura” depois de longa pesquisa na internet. A “Maleta de leitura” é um projeto muito aplicado em escolas, especialmente nas particulares, com o intuito de adaptá-lo as nossas necessidades e as dos alunos, a partir de exemplos criamos um projeto coerente com a Escola Estadual. Professor Messias Freire, que, no básico segue os demais projetos pesquisados, como por exemplo, a escolha de títulos e gêneros literários, porém escolhemos uma leitura dirigida aos pais (livro de poesias), o gênero foi escolhido propositalmente para quê os pais não deixassem ler ao menos uma página. O grande diferencial foi termos colocado um questionário que deveria ser respondido pelos pais e filhos e no final tinha uma pergunta direcionada diretamente aos pais solicitando depoimentos sobre nossa iniciativa. Fizemos também uma recomendação em uma carta pedindo gentilmente um livro infantil com o filho e ao menos uma poesia, além de responderem a pergunta direcionada a eles. O projeto foi direcionado aos 1º ao 3º anos do Ciclo I de toda a escola, no entanto escolhemos a turma da Professora Sônia Regina do 3º ano para era acompanhado o desenvolvimento na Sala de Leitura, a essa professora foi reservada dez maletas que deveriam ser revezadas entre os alunos durante quatro semanas e todo o processo deveria ser feito na sala de leitura, onde as professores
  • 51. 49 responsáveis pela a Sala de Leitura preparam aulas bastante diferenciadas com o objetivo de incentivar a leitura. Os alunos ao retornarem o material após uma semana relatavam oralmente suas experiências com a “Maleta de Leitura” e todos os outros participavam das atividades os questionando diretamente, o que ocasional uma vontade ainda maior aos demais de levar a maleta recheada de livros para casa, os demais professores ficaram livres para desenvolverem o projeto na sala de aulas. O resultado foi surpreendente, apesar de nem todos os pais mandarem seus relatos, os que retornaram demonstraram que gostaram muito do projeto. Mesmo assim sentimos um desânimo, mas não desistimos. Depois foi criado um livreto com todo o desenvolvimento do projeto que vai em anexo e foi proposta uma conversa com os pais durante a reunião de pais, aonde o mesmo seria apresentado aos pais que por acaso não tivessem tido contado com o projeto. Mesmo antes de começarmos muitos pais agradeceram-nos pela iniciativa, deixando visível o entusiasmo com a novidade e cada qual pode expor os motivos pelos quais não escreveram o relato, quando apresentado o resultado do trabalho que fizemos em conjunto (feito com a efetiva participação dos pais, alunos e professores), todos ficaram maravilhados com a capacidade de criação e compressão dos filhos. Todos foram unânimes em ressaltar que a escola tinha que continuar com o projeto. A “Maleta de Leitura”, só confirmou o que Hoffmann afirma, se os pais não são acostumados a ler os filhos podem sim motivá-los e quem sabe torná-los leitores. Por sua vez os professores podem intermediar essa transformação na atitude dos pais, tanto no hábito de leitura, quanto no acompanhamento geral das atividades escolares.
  • 53. 51
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  • 64. 62 Figura 1 – Maleta de Leitura XXII
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