A vulnerabilidade é uma variável fundamental para a análise de risco pois, a partir da sua interação com o evento perigoso, permite a definição das consequências ou danos causados pelos desastres. Este trabalho apresenta o mapeamento e quantificação da vulnerabilidade no contexto da análise de riscos associados a escorregamentos e inundações em 11 municípios do Estado de São Paulo. A partir de uma abordagem regional da paisagem, foram definidas unidades territoriais homogêneas às quais foram associados atributos físicos e socioeconômicos, fazendo-se do uso de recursos de geoprocessamento, sensoriamento remoto e análise espacial em Sistemas de Informação Geográfica. Unidades urbanas do tipo residencial, comercial e de serviço que perfazem 290 km2 de área foram definidas como o elemento exposto e analisadas quanto a vulnerabilidade. Os indicadores incluíram aspectos físicos (ordenamento urbano), obtidos por interpretação de imagens, socioeconômicos e de infraestrutura (saneamento, renda e instrução), obtidos a partir de dados censitários. Os resultados mostraram um predomínio de áreas de baixa e média vulnerabilidade nos núcleos urbanos centrais e de áreas de alta e muito alta vulnerabilidade dispersas nas regiões mais periféricas, perfazendo, respectivamente, 73% e 27% em área das unidades analisadas. O estudo proposto permite comparações com outros indicadores de vulnerabilidade, assim como análises regionais inter e intra municipais das condições de vulnerabilidade e risco. Além disso, possibilita a identificação das áreas mais deficientes quanto a infraestrutura urbana e mais suscetíveis quanto as características socioeconômicas, para onde devem ser direcionados esforços e investimentos em ações interventivas e mitigadoras das condições de mais alta vulnerabilidade.
1. Contribuições metodológicas ao estudo da
vulnerabilidade no contexto da análise de
risco de eventos geodinâmicos
Cláudio José Ferreira
Denise Rossini Penteado
ENCONTRO INTERNACIONAL DE VULNERABILIDADES
E RISCOS SOCIOAMBIENTAIS
Rio Claro, 11 de dezembro de 2014
2. Contribuição 1
Definir o contexto
e conceitos!
Definir o contexto
e conceitos!
De qual vulnerabilidade
estamos tratando? E
para quê?
De qual vulnerabilidade
estamos tratando? E
para quê?
ISO 31.000 ONU 2004
Gerenciamento de risco
3. Componentes da Análise de Risco
ISDR-ONU1
Perigo Vulnerabilidade Exposição
POLÍTICA NACIONAL2
Ameaça Vulnerabilidade Dano, Prejuízo
ISO-31.000 Fatores de risco Controle Consequências
IPCC Eventos Climáticos Vulnerabilidade Exposição
Cartografia Geotécnica Suscetibilidade
Geografia
Vulnerabilidade
Ambiental/
Fragilidade
1
Características e circunstâncias de uma
comunidade, sistema ou bem que a fazem
suscetível ao efeitos de um perigo.
2
Condição intrínseca ao corpo ou sistema
receptor que, em interação com a magnitude do
evento caracteriza os efeitos adversos.
Processos Elemento em Risco
Intrínseca vs Relativa
4. Contribuição 2
TerritórioTerritórioQual a unidade de análise?Qual a unidade de análise?
Analítica ou
paramétrica: pixel
Sintética
administrativa
Sintética territorial
EMPLASA
UBC - Substrato
UHCT – uso e cobertura
UTB - Unidade Territorial
∩
10. Exemplos de Classificação do Padrão de Ocupação
Densidade de Ocupação
Estágio de Ocupação
Ordenamento Urbano
Padrão de Assentamento
Padrão da Edificação
11. Sistema de Classificação do Substrato
Geológico-Geomorfológico-Pedológico
Morfoestruturas Morfoesculturas Localização Geográfica UBC
Coberturas
Sedimentares-Pleistoceno
e Holoceno
Planícies Fluviais;
Planícies Litorâneas;
Depósitos coluvionares
e de tálus
1 Paraná, 2 Paraíba do Sul,
Ribeira, 3 Tietê etc
Ubc1,2,
etc
Bacias Sedimentares do
Mioceno e Paleógeno
Planaltos;
serras/escarpas;
morros isolados
1 Planalto de São Paulo, 2
Depressão Médio Paraíba
etc
Bacia Vulcano- Sedimentar
do Paraná - Depressão
Periférica
1 Depressão Moji-Guaçu, 2
Depressão Médio Tietê etc
Bacia Vulcano- Sedimentar
do Paraná - Planalto
Ocidental Paulista
1 Planalto Centro Ocidental,
2 Planalto em Patamares
Estruturais de Ribeirão Preto,
3 Planalto Residual de
Marília etc
Cinturão Orogênico do
Atlântico
1 Planalto da Mantiqueira, 2
Planalto da Bocaina etc
Corpos D'Água
13. Contribuição 3
Multiescalar/
Multi-resoluções
Multiescalar/
Multi-resoluções
Quais escalas/resoluções
espaciais de análise?
Quais escalas/resoluções
espaciais de análise?
“Entendida como processo, a análise da escala
demanda metodologias que enfatizem relações
e transformações multiescalares, e não apenas
uma só escala. Reconhece-se o escalonamento
de processos sociais; as escalas geográficas não
são dadas, nem fixas e exibem profunda
imbricação mútua.”
“Entendida como processo, a análise da escala
demanda metodologias que enfatizem relações
e transformações multiescalares, e não apenas
uma só escala. Reconhece-se o escalonamento
de processos sociais; as escalas geográficas não
são dadas, nem fixas e exibem profunda
imbricação mútua.”
Fonte: Macrozoneamento Ecológico-Econômico da Amazônia Legal
14. Contribuição 3
Abordagem numérica –
variação contínua de
indicadores e índices
Abordagem numérica –
variação contínua de
indicadores e índices
Como comparar diferentes
regiões ou caracterizar a
evolução temporal?
Como comparar diferentes
regiões ou caracterizar a
evolução temporal?
●Flexibilidade na escolha do número e métodos dos intervalos de classe;
●Possibilidade de utilizar diferentes intervalos de dados para diferentes áreas de
interesse (por ex., municípios, sub-bacias)
15. Atributos selecionados para cálculo da vulnerabilidade
ATRIBUTO DESCRIÇÃO FORMA DE OBTENÇÃO
(OU) Ordenamento
Urbano
Expressa o padrão ou qualidade da ocupação
Sensoriamento remoto
e ponderação numérica
(AA) Índice
Abastecimento de
Água
Expressa as condições de abastecimento de água.
Vazamentos e rompimentos de tubulações ocasionam
infiltrações que agravam as situações de risco.
Fonte: Censo 2010.
Cálculo de média zonal
raster para vetor UTB
(CE) Índice Coleta
de Esgoto
Ausência ou inadequação do sistema pode acarretar o
lançamento de águas servidas que agravam as condições
de estabilidade do terreno.
Fonte: Censo 2010.
Cálculo de média zonal
raster para vetor UTB
(CL) Índice Coleta
de Lixo
Expressa as condições da coleta e disposição do lixo.
Acúmulo de lixo e entulho em propriedades favorecem a
absorção de grande quantidade de água que agravam as
condições de instabilidade do terreno.
Fonte: Censo 2010.
Cálculo de média zonal
raster para vetor UTB
(IN) Índice
Alfabetização
Expressa o número de pessoas não alfabetizadas em
relação ao total de pessoas (alfabetizadas e não
alfabetizadas). Maior índice de pessoas não alfabetizadas
pode determinar menor capacidade de enfrentamento de
uma situação de risco.
Fonte: Censo 2010.
Cálculo de média zonal
raster para vetor UTB
(RE) Índice Renda
Expressa a renda média da população. Condições
econômicas precárias pode levar à ocupação inadequada
de locais impróprios, aumentando a exposição da
população.
Fonte: Censo 2010.
Cálculo de média zonal
raster para vetor UTB
16. Tratamento dos dados censitários
Descrição das variáveis IBGE
Polígonos Setores Censitários
Expressa as características da área quanto aos aspectos de
infraestrutura sanitária e da população residente
17. Índices de infraestrutura sanitária
Inadequação da infraestrutura sanitária aumenta o nível de
exposição de bens e propriedades aos perigos
ATRIBUTO CLASSE DE ATRIBUTO NOTA
1) COLETA DE ESGOTO
(CE)
a) Rede Geral (IE1_RGE) 0,125
b) Fossa Séptica (IE1_FS) 0,375
c) Fossa Rudimentar (IE1_FR) 0,625
d) Inadequado (IE1_INAD) 0,875
3) DESTINAÇÃO DO LIXO
(DL)
a) Coletado (IE3_LC) 0,165
b) Queimado (IE3_LQ) 0,495
c) Inadequado (IE3_INAD) 0,825
2) ABASTECIMENTO
DE ÁGUA (AA)
a) Rede Geral (IE2_RGA) 0,165
b) Poço ou Nascente (IE2_PN) 0,495
c) Outra Forma (IE2_OF) 0,825
18. Índices de população residente
Condições econômicas precárias pode levar à ocupação
inadequada de locais impróprios, aumentando a exposição
com menor capacidade de enfrentamento de uma situação
de risco
5) INSTRUÇÃO
(IN)
a) Alfabetizado (SE4_A)
b/ab) Não Alfabetizado (SE4_NA)
ATRIBUTO CLASSE DE ATRIBUTO NOTA
4) RENDA
(RE)
a) 0 – 02 Salário Mín. (SE5_D) 02
b) 02 – 05 Salário Mín. (SE5_C) 05
c) 05 – 10 Salário Mín. (SE5_B) 10
d) > 10 Salário Mín. (SE5_A) 20
19. Cálculo da médias ponderadas de cada atributo para
cada setor censitário
Setores censitários
DL=0,165*n casas(coletado)+0,495*n casas(queimado)+0,825 *n
casas(inadequado)
20. Espacialização dos atributos obtidos dos setores
censitários
Associar os valores médios ponderados de cada atributo
(CE_ESG, AA_AGUA, CL_LIXO, RE_RENDA, IN_A_NA) aos centróides
dos polígonos dos setores censitários do IBGE, dando origem à
pontos amostrais;
Gerar o modelo de superfície interpolada (método vizinho
mais próximo ou geoestatístico) com base nos valores de cada
atributos = representação espacial contínua dos atributos.
22. Cálculo da vulnerabilidade
Atributo normalizado = ((Vn-Vmin)/(Vmax-Vmin)) [1],
V = (((AA + CE + CL + OU)/4) + (IN + RE)/2)) / 2 [2],
Capacidade de Suporte Criticidade
23. Classes de Vulnerabilidade
Utilização do
método Quebras
Naturais de Jenks
para definição dos
limites das classes
de P1 a P4
P2 – Baixa
P2 – Média
P3 – Alta
P4 – Muito Alta
28. Comparação dos valores médios do índice de
vulnerabilidade dos municípios do Litoral Norte
NOME_MUNIC vul_mdmean
UBATUBA 0.025651
SÃO SEBASTIÃO 0.024237
CARAGUATATUBA 0.023648
ILHABELA 0.012651
29. Muito Obrigado!
Claudio José Ferreira - cferreira@igeologico.sp.gov.br
Denise Rossini Penteado – denise@igeologico.sp.gov.br
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