2. Literatura Barroca
Para falar das contradições do mundo exterior e do
mundo interior, o escritor barroco usa e abusa do jogo
de palavras, das antíteses, das hipérboles, das frases
tortuosas, dos paradoxos. Utiliza palavras raras,
inspira-se no latim para criar novos termos, explora a
riqueza das imagens. Mas, às vezes, abusa tanto das
metáforas que os textos se tornam incompreensíveis.
Às vezes, procura mostrar tanta habilidade poética que
seus textos não passam de exibicionismo artístico.
3. Morbidez Carpe Diem
X
Acentuação do sentido Consciência de que a vida é
trágico da vida e da efêmera (passageira) e por
condição de pecador do isso deve aproveitá-la.
homem.
4. Estilo Barroco
Cultismo Conceptismo
A linguagem preciosa
Quando o
e rebuscada do
rebuscamento se dá na
Barroco, que abusa
expressão do
das metáforas, das
raciocínio, com o abuso
antíteses e
do jogo de idéias e
paradoxos, recebe o
sutilezas de
nome de cultismo.
argumentação, recebe o
Um dos grandes nome de conceptismo
poetas cultistas foi o (do espanhol
espanhol Luís de concepto, que significa
Gôngora. Luís de Gôngora "conceito, ideia")..
5. Barroco no Brasil
O Barroco Brasileiro
teve início em 1601,
tendo como marco
inicial a obra , Quanto à forma é pura imitação de “Os
Lusíadas” (com versos inteiros tirados de
“Prosopopéia” Camões).
Quanto ao assunto, narra as peripécias de
de Bento Teixeira. um naufrágio em que se encontrou Jorge
de Albuquerque Coelho e aproveita a
oportunidade para fazer descrições da terra
pernambucana.
0 seu grande mérito é todo histórico: foi o
primeiro trabalho aqui feito com intuitos
puramente literários.
6. No Brasil, o período foi Brasil - Colônia
marcado pela nova política
de colonização, e
estabeleceram-se engenhos
de cana-de-açúcar na Bahia.
Salvador, como capital do
Brasil, transformou-se em
um núcleo populacional
importante, e como
consequência, um centro
cultural que, mesmo
timidamente, fez surgir
grandes figuras, como
Gregório de Matos.
7. O Boca do Inferno
Poeta barroco brasileiro, nasceu em
Salvador/BA, em 20/12/1623 e morreu em
Recife/PE em 1696.
Mulherengo, boêmio, irreverente,
iconoclasta e possuidor de um legendário
entusiasmo pelas mulatas, pôs muita Amado e odiado, é
autoridade civil e religiosa em má conhecido por muitos como
situação, ridicularizando-as de forma "Boca do Inferno", em
impiedosa. função de suas poesias
Sua obra poética apresenta duas vertentes: satíricas, muitas vezes
trabalhando o chulo em
uma satírica (pela qual é mais conhecido)
violentos ataques pessoais.
que, não raro, apresenta aspectos eróticos
e pornográficos; outra lírica, de fundo
religioso e moral.
8. Buscando a Cristo A vós correndo vou, braços sagrados,
Nessa cruz sacrossanta descobertos,
Que, para receber-me, estais abertos,
E, por não castigar-me, estais cravados.
A vós, divinos olhos, eclipsados
De tanto sangue e lágrimas abertos,
Pois, para perdoar-me, estais despertos,
E, por não condenar-me, estais fechados.
A vós, pregados pés, por não deixar-me,
A vós, sangue vertido, para ungir-me,
A vós, cabeça baixa p„ra chamar-me.
A vós, lado patente, quero unir-me,
A vós, cravos preciosos, quero atar-me,
Para ficar unido, atado e firme.
9. A JESUS CRISTO NOSSO SENHOR
Pequei, Senhor; mas não porque hei pecado,
da vossa alta clemência me despido;
porque, quanto mais tenho delinqüido,
vos tenho a perdoar mais empenhado.
Se basta a vos irar tanto pecado,
a abrandar-vos sobeja um só gemido:
que a mesma culpa, que vos há ofendido
vos tem para o perdão lisonjeado.
Se uma ovelha perdida, e já cobrada
glória tal e prazer tão repentino
vos deu, como afirmais na sacra história,
eu sou Senhor, a ovelha desgarrada,
cobrai-a; e não queirais, pastor divino,
perder na vossa ovelha, a vossa glória.
10. Triste Bahia
Triste Bahia! Ó quão dessemelhante
Estás e estou do nosso antigo estado!
Pobre te vejo a ti, tu a mi empenhado,
Rica te vi eu já, tu a mi abundante.
A ti trocou-te a máquina mercante,
Que em tua larga barra tem entrado,
A mim foi-me trocando, e tem trocado,
Tanto negócio e tanto negociante.
Deste em dar tanto açúcar excelente
Pelas drogas inúteis, que abelhuda
Simples aceitas do sagaz Brichote.
Oh! se quisera Deus que de repente
Um dia amanhecerás tão sisuda
Que fora de algodão o teu capacete!
Gregório criticava também a “cidade
da Bahia”, como neste soneto.
11. Oh triste Bahia Triste, oh, quão dessemelhante
ê, ô, galo canta
Triste Bahia, oh, quão dessemelhante… O galo cantou, camará
Estás e estou do nosso antigo estado ê, cocorocô, ê cocorocô, camará
Pobre te vejo a ti, tu a mim empenhado ê, vamo-nos embora, ê vamo-nos embora camará
Rico te vejo eu, já tu a mim abundante ê, pelo mundo afora, ê pelo mundo afora camará
ê, triste Bahia, ê, triste Bahia, camará
Bandeira branca enfiada em pau forte…
Triste Bahia, oh, quão dessemelhante
A ti tocou-te a máquina mercante Afoxé leî, leî, leô…
Quem tua larga barra tem entrado Bandeira branca, bandeira branca enfiada em pau
A mim vem me trocando e tem trocado forte…
Tanto negócio e tanto negociante O vapor da cachoeira não navega mais no mar…
Triste Recôncavo, oh, quão dessemelhante
Triste, oh, quão dessemelhante, triste Maria pegue o mato é hora…
Pastinha já foi à África Arriba a saia e vamo-nos embora…
Pastinha já foi à África Pé dentro, pé fora, quem tiver pé pequeno vai
Pra mostrar capoeira do Brasil embora…
Eu já vivo tão cansado
De viver aqui na Terra Oh, virgem mãe puríssima…
Bandeira branca enfiada em pau forte…
Minha mãe, eu vou pra lua
Trago no peito a estrela do norte
Eu mais a minha mulher
Bandeira branca enfiada em pau forte…
Vamos fazer um ranchinho
Bandeira…
Tudo feito de sapê, minha mãe eu vou pra lua
E seja o que Deus quiser
12. “Que me quer o Brasil,
que me persegue?
Com seu ódio a canalha,
que consegue?
Neste poema que aqui honram os mofinos
Gregório refere-
se a apatia dos e mofam dos liberais.
brasileiros
frente à Que os Brasileiros são bestas,
exploração
portuguesa
e estarão a trabalhar
(cobrança de toda a vida por manter
impostos)
maganos de Portugal.”
13. os "grandes conselheiros" não
são mais que os políticos
A cada canto um grande conselheiro
Que nos quer governar cabana e vinha; A figura do
Não sabem governar sua cozinha "grande
A sua obra tinha E podem governar o mundo inteiro. conselheiro" é
um cunho bastante a figura do
satírico e moderno Em cada porta um bem freqüente olheiro hipócrita que
para a época. Que a vida do vizinho e da vizinha aponta os
Neste poema pecados dos
Pesquisa, escuta, espreita e esquadrinha
critica os outros, sem
governantes da
Para o levar à praça e ao terreiro.
olhar aos seus.
"cidade da Bahia" Em resumo, é
de sua época. Muitos mulatos desavergonhados, aquele que
Trazidos sob os pés os homens nobres, aconselha mas
Esta crítica é Posta nas palmas toda a picardia, não segue os
atemporal e seus preceitos.
universal. Estupendas usuras nos mercados,
Todos os que não furtam muito pobres:
E eis aqui a cidade da Bahia.
14. Filmografia Indicada
Informações Técnicas
Título Original: Gregório de Matos
País de Origem: Brasil
Gênero: Drama
Tempo de Duração: 70 minutos
Ano de Lançamento: 2002
Site Oficial:
Estúdio/Distrib.: Riofilmes
Direção: Ana Carolina
http://www.youtube.com/watch?v=VQ05lOBv3wg&feature=player_embedded
15. Assista
"Que falta nesta cidade? Verdade.
Que mais por sua desonra? Honra.
Falta mais que se lhe ponha? Vergonha.
O demo a viver se exponha
Por mais que a fama a exalta
Numa cidade onde falta
Verdade, honra e vergonha."
http://www.youtube.com/watch?v=VQ05lOBv3wg&feature=player_embedded
16. Pe. Antonio Vieira
Conviveu com
reis, índios, escravos, padres
e senhores numa época
marcada pela intolerância
religiosa e pela violência.
Condenado pelos tribunais
da Santa Inquisição, que
tanto combatia, o Padre
Vieira amargou dois anos
numa masmorra em
Coimbra. Vieira deixou sermões
memoráveis, nada
digeríveis, desancando os vícios da
gente local com sua linguagem
prodigiosa e indignada.
17. Sermão do Sto Antonio aos Peixes
«A primeira cousa que me desedifica,
peixes, de vós, é que vos comeis uns aos
outros. Grande escândalo é este, mas a
circunstância o faz ainda maior.[...]
Os homens com suas más e
perversas cobiças, vêm a ser
como os peixes que se comem
uns aos outros.
Tão alheia cousa é, não só da razão,
mas da mesma natureza, que, sendo
todos criados no mesmo elemento, todos
cidadãos da mesma pátria, e todos
finalmente irmãos, vivais de vos
comer![...] »
“Já que não me querem ouvir os
homens, ouçam-me os peixes ...”
http://www.youtube.com/watch?v=sXMQlaUPJfw&feature=related
18. Assista no youtube
“Grandes Livros” é um projeto multi-
plataforma de divulgação da literatura
portuguesa que envolve uma série de 12
documentários, com 50 minutos cada
Leia mais em:
http://ebooksgratis.com.br/filmes-e-
documentarios/documentario-navegacoes-sophia-de-mello-
breyner-andresen-serie-grandes-livros-%e2%80%93-episodio-
xii/#ixzz1livSVJNL
19. Filmografia Indicada
Informações Técnicas
Título no Brasil: Palavra e Utopia
Título Original: Palavra e Utopia / Word and Utopia
País de Origem: Portugal / França / Brasil / Espanha
Gênero: Drama
Tempo de Duração: 133 minutos
Ano de Lançamento: 2000
Site Oficial:
Estúdio/Distrib.: Mais Filmes
Direção: Manoel de Oliveira
Elenco
Lima Duarte .... Padre António Vieira (Idoso)
Luís Miguel Cintra .... Padre António Vieira (Meia
Idade)
Ricardo Trepa .... Padre António Vieira (Jovem)
http://www.youtube.com/watch?v=kek
Nm30spHk&feature=channel_page
20. Fontes
• CEREJA ,WILLIAM ROBERTO THEREZA A.C. MAPanorama da Literatura Portuguesa
• google/images
• gradus.parnassum.org
• geocities.com/jerusalem_1000/gregorio.html
• virtualbooks.terra.com.br/literatura_brasileira
• www.allaboutarts.com.br
• http://www.novomilenio.inf.br/
• http://www.jornaldepoesia.jor.br/grego.html
Pesquisa e organização
Profa. Cláudia Heloísa Cunha Andria
Contato: clauheloisa@yahoo.com.br