Severino Viana Colou, presidente da associação de policiais militares, foi preso e encontrado morto em uma cela da Polícia do Exército em 1969. Laudos médicos alegaram suicídio, porém presos políticos denunciaram tortura. Documentos mostram que sua morte fez parte de padrão de encobrimento de mortes sob tortura no local.
3. Nascido em Caruaru (PE), em 1930. Severino Viana Colou, ex-presidente
da Associação de Cabos e Sargentos da PM do Estado da Guanabara, foi
preso e morreu em uma cela da 1ª Cia. da Polícia do Exército (Vila Militar)
no Rio de Janeiro. De acordo com o IPM 1.478, realizado pelo quartelgeneral da 1ª Divisão de Infantaria, ele estava preso e foi encontrado
morto por volta das 11h35min de 24 de maio de 1969, enforcado com a
própria calça, presa em uma das barras da cela.
CASO SEVERINO VIANA COLOU
4. Ofício assinado pelo Tenente Coronel Ary Pereira
de Carvalho informa que Severino Viana Colou
“encontra-se preso incomunicável na 1ª Cia. PEx
– Vila Militar”. O ofício é datado de 23 de maio
de 1969, um dia antes da morte de Severino nas
dependências da PE.
CASO SEVERINO VIANA COLOU
Ofício comunicando a prisão de Severino Colou
5. Assinaram o laudo pericial do local de morte os legistas Euler Moreira de
Moraes e Erivaldo Lima dos Santos. De acordo com o boletim de março
de 1974 da Anistia Internacional e o livro Oposição no Brasil, Hoje, de
Marcos Freire, é falsa a versão oficial de que Severino teria se suicidado
ao se enforcar em sua cela. Em declarações prestadas à época, em
auditorias militares, os presos políticos Antônio Pereira Mattos, Ângelo
Pezzuti da Silva e Afonso Celso Lana Leite denunciaram as torturas
sofridas por Severino na Vila Militar.
CASO SEVERINO VIANA COLOU
6. O laudo pericial do local de
morte foi assinado pelos
sargentos Euler Moreira de
Moraes e Erivaldo Lima dos
Santos.
CASO SEVERINO VIANA COLOU
Laudo pericial de local de morte
7. CONCLUSÃO
“(…) efetuou rodopios da esquerda para a direita
até que com essa ação as duas pernas da calça
enrolaram-se, passando a constituir um tirante
único. Com a continuação dos movimentos, a
pressão produzida passou a agir diretamente
sobre o pescoço, causando o desfalecimento.”
CASO SEVERINO VIANA COLOU
Laudo pericial de local de morte
8. O corpo de Severino Viana Colou somente deu entrada no IML/RJ em 2
de junho, vindo do Hospital Central do Exército, onde foi feita a necropsia
que confirmou a versão de falso suicídio forjada na 1ª Cia. de Polícia do
Exército. No laudo da necropsia consta o nome dos médicos Rubens
Pedro Macuco Janini e Hargreaves de Figueiredo Rocha. O atestado de
óbito teve como declarante José Severino Teixeira e informa que Severino
foi enterrado como indigente no Cemitério da Cacuia, na Ilha do
Governador, na cidade do Rio de Janeiro (RJ).
CASO SEVERINO VIANA COLOU
10. “Em ambas as pernas, na altura da canela apresentava
ferida contusa e escoriações generalizadas pelo tronco.
Nas nádegas apresentava hematomas de formato
irregular.”
CASO SEVERINO VIANA COLOU
Laudo pericial de local de morte
14. “Segundo entrevista realizada pelo jornalista Elio Gaspari com o tenente-coronel Luiz
Helvécio da Silveira Leite, oficial do CIE, sobre a morte de Chael Charles Schreier
ocorrida em 21 de novembro de 1969, na 1ª Companhia da PE, era procedimento
rotineiro naquele lugar encobrir mortes sob tortura: ‘Fechava-se o caixão,
proclamava-se o suicídio e sepultava-se o morto. O método já dera certo duas vezes,
naquele mesmo quartel. Em maio, com Severino Viana Colon [sic], e, em setembro,
com Roberto Cieto [sic]’.”
Retirado do livro Dossiê Ditadura: Mortos e Desaparecidos Políticos no Brasil (1964-1985), p. 137 e 138
CASO SEVERINO VIANA COLOU